"Não sei o que é uma casa. É um abrigo? Ou um guarda-chuva quando chove? A enchi com garrafas, almofadas, madeiras, panos e enfeites Parece que não quero abandona-la nunca. Então é uma jaula. Que aprisiona qualquer um que vier a ela Inclusive um pássaro como você, sujo de neve Mas o que contamos um ao outro É tão leve que não pode ser retido no interior."
"O cinema utiliza sua vida, e não o contrário." Melhor frase. Quando você tenta se aperfeiçoar em qualquer coisa, uma arte pro exemplo, aquela coisa toma muito tempo da sua vida. E o que você constrói dentro dessa arte leva sua personalidade junto.
Que saudade de viajar. A imagens das fazendas filmadas de dentro do carro em movimento me deu uma nostalgia de viajar de carro olhando pro nada. Mas confesso que a parte que eles se filmaram almoçando com uma criança italiana correndo e brincando com uma bexiga ao redor, foi tão aleatória que eu fiquei assistindo com a maior cara de merda, pensando "o que que eu tô assistindo aqui minha gente?".
Adorei o que o diretor fez com o presságio de que "no dia em que a floresta adentrar o castelo seu castelo será seu fim". O diretor fez com que o exercito inglês ateasse fogo na floresta, e o vento carregou as fagulhas de madeira em brasa pra dentro do castelo. Fora que visualmente a neblina com a fumaça deixou a fotografia da batalha sensacional. Gosto desse tema da imoralidade do assassinato por fins de ambição, porém acho "Crime e Castigo" do Dostoievski uma obra muito mais densa e atual do que "Macbeth" do Shakespeare, apesar de ser menos poética. Toda a parte sobrenatural de Macbeth deixa a estória muito intrigante. As bruxas preveem que ele se tornará Lord de Cawdor, e em seguida Rei, e que seu amigo Banquo não será Rei, porém será uma melhor pessoa que o Rei e será pai de muitos reis. Então Macbeth pensa, se meu destino é ser rei, me tornarei sem precisar fazer nenhuma ação, pois meu destino virá de encontro a mim. Então do nada é nomeado Lord de Cawdor (e o Macbeth então todo o presságio era verdadeiro, serei rei), e na mesma ocasião Malcolm é nomeado príncipe (Ou seja, o Malcolm será o próximo rei), e quando volta para os pensamentos do Macbeth ele interpreta que o Malcolm é uma pedra que ele tem que remover do caminho, dessa forma mostrando que a ambição dele superou qualquer moralidade que ainda havia nele, e ele iria tomar ação para ser rei e não somente confiar no destino. Dae em diante é só crime e tragédia. Engraçado que novamente, no fim, o Macbeth tinha a oportunidade de matar o Macduff em batalha, mas ao saber que o Macduff tinha sido parido arrancado do ventre da mãe, e o algoz do Macbeth, no presságio, seria alguém que foi arrancado do ventre, o Macbeth escolhe morrer. Achei muito maneira essa adaptação. O Macbeth escolheu fazer tudo que havia sido previsto, não deixou nada acontecer naturalmente para ter certeza se era mesmo seu destino. Muito intrigante.
Adorei a cena que ele recupera a sanidade ao ouvir a voz da filha mais nova, que ele havia expulsado e deserdado, e era única filha que não tinha traído e/ou roubado ele. Aquele breve momento em que nem tudo na vida é mentira, tragédia ou violência. No geral, o filme é bem confuso. Melhor adaptação do Rei Lear continua sendo Ran do Akira Kurosawa.
Não é atoa que a Athena, deusa da justiça, e a Nêmeses, deusa da vingança, apesar de terem origens completamente distintas, tem o mesmo rosto e são tão facilmente confundidas.
O Iago é a personificação do "filhadaput@". Que vontade que dá de socar ele. Todo mundo tem um Iago na vida, se não tem, é porque ainda não descobriu quem é o Iago da sua vida. E o Othello acredita em qualquer coisa. Ele deve clicar em todos aqueles banners de "você é o visitante número 1.000.000, clique e ganha uma promoção". O interessante dessa estória é a motivação do Iago, ou a falta de objetivo nas ações dele tornam ele uma criatura intrigante. Mas eu socaria ele mesmo assim.
A verdade é pura e libertadora, mas o problema é que todo mundo é muito facilmente manipulado para não conseguir distinguir a verdade de um falsa verdade. A ironia desse filme é maravilhosa.
O protagonista está em conflito com o prefeito que quer despeja-lo da casa para poder construir algo no terreno. O prefeito, muito influente e nada ético, vai usar qualquer meio possível para tirar a casa do Kolia. O Kolia, que é o protagonista, é muito cabeça quente, para que a qualquer momento ele vai explodir e fazer alguma besteira. Então o filme gera essa expectativa, se o prefeito vai exceder a lei e acabar sendo punido por isso, ou se o Kolia vai perder a cabeça e fazer uma loucura e pagar pelas consequências. O filho do Kolia com a primeira esposa falecida, odeia a madrasta. A nova esposa do Kolia acaba tendo um caso com o advogado que está defendendo os direitos do Kolia, e que é seu melhor amigo também. Então começam as surpresas. O prefeito excede a lei sequestrando o advogado do Kolia e o ameaçando de morte, mas mesmo assim sai impune. O Kolia descobre sobre a traição, e perde a cabeça, porém acaba perdoando o amigo e a esposa. O protagonista sendo ateu, por acaso, encontra um padre e tem uma conversa. E na conversa é explicado o mito do Leviatã, que é o maior monstro marinho da Bíblia e ninguém pode fazer nada contra ele pelo tamanho e o poder da criatura. Então os pescadores apenas rezam para não encontra-lo, e caso o encontrem, rezam para que o Leviatã não tenha vontade de atacar, pois simplesmente não poderiam fazer nada. Criando uma relação com o sistema burocrático corrupto legislativo, judiciário e executivo do estado. O direito de ninguém é grande o suficiente para fazer a verdade prevalecer quando um grupo de pessoas corruptas inseridas dentro do sistema do estado resolver que você não tem direitos. Somos formigas perante o Leviatã. Então quando o filho do Kolia descobre que ele perdoou a madrasta, eles tem um briga, e a madrasta de tanta vergonha e culpa se suicida, se atirando de um penhasco. Porém todos se recordam do Kolia a ameaçando de morte, e ninguém viu ele perdoando ela, logo ele vai preso, sem confessar o crime e pega 20 anos. Sua casa é demolida. O prefeito constrói o que tanto queria, uma igreja, e o padre encerra a missa dizendo que "a verdade é como a voz de Deus, libertadora e purificadora". Não sei aonde.
Eu adorei o que o Kubrick fez com o conceito de roteiro de "descer pela toca do coelho e cair numa estória surrealista", porém sem que o protagonista tenha saído da realidade do nosso mundo, apenas entrou no mundo da fantasia reprimida pela sociedade, e e fez com que o mundo secreto das fantasias das pessoas tocasse no mundo real.
No começo do filme, ele tem total confiança na fidelidade da esposa e ele também pare ser bastante fiel. Só que quando a esposa revela para ele que já se imaginou, diversas vezes, largando tudo por um desejo sexual, ele fica bastante abalado e vai em busca de tentar trair a mulher. É interessante como que a esposa sentiu atração por outro homem, reprimiu a atração, mas não conseguia tirar isso da cabeça e acabou fantasiando mentalmente diversas vezes, enquanto o protagonista não sente atração, ou desejo sexual, mas coloca em ação a intenção de trair a mulher por vingança. Quem estaria mais errado? Quem tenta trair e não consegue (mesmo sem sentir o desejo), ou quem sente o desejo de trair e largar tudo, só que reprimi. Difícil de julgar. No final do filme tem o diálogo entre o casal de que agora que eles compreenderam os desejos reprimidos um do outro, eles estão despertos (de olhos abertos), o que me deixou confuso, imaginei que a mensagem do Kubrick seria que as fantasias vivessem seguras apenas dentro da cabeça de quem as tem, e não é algo para se dividir que tudo iria dar certo no relacionamento. Pensei que o filme ia acabar em divórcio e tapa na cara. Interessante, também, é que o desejo reprimido que a esposa dele tem pelo marinheiro é o mesmo que a Marion (a que o pai morreu e ele teve que ir visitar) tem por ele. (Até o marido da Marion é idêntico a ele!)(Até imaginei aqui, se ela não matou o pai com algum tipo de veneno, como um último recurso para entrar em contato com o protagonista uma última vez, porque ela não parece estar de luto, e resolve se declarar o seu desejo reprimido pelo protagonista, e diz que em breve terá que se mudar com o marido. Fora que ela fala que o pai dela jantou a comida que ela ajudou a preparar e foi dormir e morreu dormindo. Mas acho que sou eu sendo paranoico.)
A primeira parte desse filme me deixou muito confuso. O filme apresente o protagonista Barry, um jovem adulto que é ingênuo, puro, impetuoso e é, inicialmente, uma boa pessoa. Então a vida começa bater nele. E é muito intrigante porque, normalmente, o roteirista costuma criar uma "conclusão" de cada desventura para pontuar uma superação, ou possível evolução de alguma característica do protagonista. Aqui, isso não acontece. As desventuras vão acontecendo, e a gente só vai acompanhando o Barry se lascando, e não se imagina onde isso vai parar. Ele se apaixona pela prima, e logo descobre que ela se oferece para todo mundo. Ele resolve disputar num duelo de vida ou morte, a mão da prima, e o duelo não passa de uma farsa armada pela família, para ele achar que matou um militar e ter que fugir da região, e não incomodar o casamento da prima com o militar que vai gerar muito dinheiro para a família da prima. Então ele é assaltado, perde tudo, e tem que se alistar no exercito para não morrer de fome. No exército, ele resolve desertar quando vê o amigo ser baleado numa guerra sem sentido e que iria acabar mantando ele em breve. Então ele é pego pelo exercito inimigo, e é obrigado a servir como soldado inimigo para não sofrer as punições por deserção. E essa parte é maravilhosa. O cinismo do Kubrick em colocar o protagonista sendo um bom soldado em ambos os exércitos, mostra como a maioria dos soldados não estão na guerra por ideologia alguma. E nesse tempo todo, eu não reparei nenhuma evolução no personagem, o que me deixava intrigado. Então chega a parte que ele vai na missão de espionar o Chevalier e acaba se aliando ao Chevalier contra o grupo que enviou ele para se infiltrar. Nessa parte ele passa a ser um ajudante nos golpes que o Chevalier aplica na alta sociedade que joga no casino do Chevalier. E de agora em diante que vai começar a ser possível notar um pouco de mudança no personagem. Mas antes é preciso falar sobre as cenas dos jogos no cassino. Ficou visualmente muito interessante as cenas serem a noite, dentro de uma mansão do século XIX, com iluminação apenas a luz de velas, e com os aristocratas com os rostos muito pálidos de maquiagem. Essa fotografia é muito bonita, principalmente pelo expressionismo das expressões dos aristocratas, podres de ricos, mas sempre com uma expressão de ódio ou desprezo por tudo. Vivendo vidas vazias. Então vem a cena que é bastante comentada nesse filme. A cena da Lady Lyndon "conhecendo" o Barry. Uma cena sem nenhum dialogo, que leva dois estranhos a perceber o desejo um do outro, e termina num beijo. Apesar de ser muito maneira, dá pra entender essa escolha do Kubrick. Ele não podia construir uma paixão, ou um romance, usando palavras vindas da boca do Barry, porque isso ia deixar o personagem muito confuso de se entender, ou iria entregar a construção do personagem para um golpista dissimulado talvez desvirtuando o protagonista muito mais do que o Kubrick desejava nesta parte da estória. Conforme o filme passa a gente percebe que o Barry se casou por dinheiro, mas não de cara. A Lady Lyndon é pouco interessante, e a mulher não sorri uma vez no filme todo. É uma casca vazia. Um retrato da esposa aristocrata. O filho dele, enteado do Barry Lyndon, que vai ser o ponto a se prestar atenção da estória. Da mesma forma que todas as desventuras, mentiras, roubos e golpes que o Barry presenciou na vida nele moldaram ele para o que ele acabou se tornando, a humilhação que ele faz o enteado passar vai moldar o enteado para o desfecho da tragédia. Apesar de ser uma mensagem pesarosa essa que o Kubrick passa no fim do filme: no momento que num duelo de armas o Barry resolve poupar a vida do enteado, que acabou de errar o tiro contra o padrasto, para encerrar o duelo e o conflito de uma vez por todas. O enteado aproveita e se diz não estar satisfeito e pede novas armas para poder atirar mais uma vez, dessa vez acertando o Barry na perna. O Barry plantou esse ódio, da mesma forma que todas as desventuras plantaram o cinismo e indiferença dele por todo mundo.
O broche com o símbolo da paz e no capacete escrito "nascido para matar". A dualidade que torna nós, humanos, em criaturas interessantíssimas. A gente almeja se manter em segurança então nos armamos até os dentes para protege-la. Estamos em busca de paz mas prontos para nos vingarmos de quem tentar rouba-la. Todas as revoluções em prol da paz foram feitas por meios de violência. A gente é estranho demais.
Acho muito marcante a cena que o sargento vê o soldado Joker e pergunta: -Você tem escrito no capacete "Born to Kill" e tem um broche do símbolo da paz. O que isso quer dizer, soldado? -Eu não sei, senhor. (Cara, é muito bom esse momento.) O soldado Joker, na entrevista, respondendo o porque tinha ido para o Vietnam: Eu queria conhecer a joia exótica asiática que é o Vietnam, e também quero ser o primeiro cara do bairro a ter um assassinato confirmado. Todo a primeira parte do filme, sobre o treinamento militar, é muito bom também. A destruição do individualismo e da personalidade de cada soldado que está em treinamento, para torna-los em soldados idênticos que agem apenas em grupo, sem personalidade é bastante assustadora. O Gomer Pyle não aguenta a pressão de ser tão diferente e atrasado do resto do batalhão, e fora toda humilhação que ele passa, que leva ao desfecho desgraçado dele. As cenas de situação de guerra total são bastante perturbadoras. O soldado no helicóptero atirando em mulheres e crianças pois são alvos mais fáceis. Os soldados no acampamento brincando com o corpo morto de um soldado vietnamita. É tudo horrendo, mas verdadeiro. Em uma guerra de invasão de cidade habitada, tem que se matar a maioria dos civis, pois se não, no meio deles tem soldados que podem se armar e flanquear. É um ótimo filme para mostrar que guerras e conflitos armados não deveriam existir. Acho o Kubrick um dos melhores diretores de todos os tempos, e acho que talvez este seja o melhor filme dele. Pelo menos, é o melhor tema.
"Vocês não podem brigar aqui! Aqui é a sala de guerra." Porque que tem uma bíblia em miniatura que nem dá pra ver as letras, e 3 meias calças no kit de sobrevivência dos soldados? São 3 ou 4 filmes que o Kubrick bate na mesma tecla de que estamos armados até os dentes e somos animais facilmente perdemos a racionalidade em momentos difíceis, mas nesse filme é o que leva isso a maior escala de todas, a da guerra nuclear.
"Capitão Madrake: Se nós nos aproveitarmos desse erro, e atacarmos com tudo podemos destruir a URSS e perder no máximo 20 milhões de vidas civis ao invés de perdermos 150 milhões. Presidente: Eu não quero ser lembrado como o Presidente mais sanguinário de todos os tempos! Capitão: Você deveria se importar menos com como será lembrado nos livros de história!" As piadas absurdas são as melhores. O presidente tentando evitar um holocausto nuclear, e o capitão querendo aproveitar pra ganhar a guerra. O presidente americano ligando para o presidente russo que está bêbado também é maravilhoso. "Você nunca me liga para conversas amigáveis." E a introdução do filme é muito irônica também, mostrando que os EUA tem milhares de aviões, cada um com pelo menos 2 bombas nucleares que são 16x mais poderosas que todas as bombas somadas usadas na segunda guerra nuclear, apenas para se defender de eventuais problemas.
"Quem me dera, é melhor poder concentrar tudo em: uma noite, um homem e uma arma. Machuca demais ter que ferir todo mundo em todas as direções, e ser ferido pela explosão do ódio acumulado, dia após dia, por cada pessoa. Não se pode fazer nada. Mas maldições escapam da sua boca toda vez que se tenta por em palavras os sentimentos, e nem um ser vivo consegue compreender o que foi dito ou o que se quis dizer." Que monólogo maravilhoso sobre uma situação de conflito de guerra e ao mesmo tempo de conflito de interações sociais. Adorei a cena em que os soldados se escondem em um arbusto, a moça chega próximo, e eles saltam e a agarram quase como seria se fosse uma onça caçando. Esse lado animal expresso visualmente ficou muito bacana. E eles matando os soldados inimigos que estavam indefesos. Matam eles brutalmente por estarem apavorados de qualquer possível resposta violenta. Os coitados nem tem chance de fazer nada, só morrem. O medo junto com a capacidade de violência armada criam situações de extrema injustiça e violência que duram segundos, e então todos mundo está morto. A ideia de que o medo e o desejo cegam as pessoas e removem toda a capacidade de serem racionais ou mesmo humanos apenas. E a cena que o soldado Sidney mata a moça indefesa em fuga, por simples pavor do que ela poderia dizer é muito intrigante: A moça cai morta e bate com a face no chão, ao mesmo tempo o Sidney cai também também e bate com a face no chão. Ambos perderam alguma coisa: a moça perdeu a vida, e o Sidney parece ter perdido completamente qualquer senso de realidade.
Eu adoro a interpretação de que no momento em que o cruzado sente a morte próxima, ele se ajoelha para rezar, tentar ter uma resposta de Deus, só que não recebe nenhuma. Momentos depois, a morte chega para buscar ele, e ele estando nesse estado de dúvida da existência e nas razões de Deus, ele se vê responsável pela própria vida, e isso dá a ele a força para barganhar sua vida com a Morte, num desafio de xadrez. A Vida, para ele, passa ser mais importante do que o plano de Deus. Então ele usa esse tempo de vida que a Morte dá a ele, para tentar encontrar provas da existência e dos plano de Deus. E ele só encontra mais dúvidas e nenhuma resposta, porém, encontra um sentimento de profunda felicidade e paz quando se confraterniza com o grupo de artistas, e dividem morangos e leite e ele esquece, por um momento, dessa busca, e vive um momento de conexão. Um pouco paradoxal sentir Deus quando se desiste da procura, e também como uma pessoa engrandece quando se torna responsável pelo próprio destino e não deixa seu destino a mercê de um plano divino, e a vida se torna uma obrigação, pois vai acabar a qualquer momento. Muito bom o filme, mas engraçado essa visão do Bergman de que o mais afortunado dos personagens e mais próximo de Deus, são os artistas. Imagino que ele quis dizer que isso era devido a personalidade do personagem, já que não são todos os artistas que tem a visão da Virgem Maria, porém engraçado ele escolher bem um artista, ele, um cineasta. Malandrinho esse Bergman.
Visualmente ficou muito deslumbrante essa técnica de filmar algumas cenas parecendo que se está dentro de um teatro, e na transição de cenas você ver a cena sendo desmontada e remontada para o próximo ambiente, PORÉM, em alguns momento ficou confuso demais. E a cena da Anna andando nos bastidores do teatro, provavelmente para dar a ideia da "transição" que ela estava vivendo, mas ficou muito estranho, muito desconexo. Tem uma cena desse filme que ficou muito boa. O momento que a Kitty chega na casa do Levin e o feitor da casa está com febre precisando de enfermagem, e as pessoas (mesmo os plebeus) estão se recusando a ajudar ele pois a mulher dele "não é russa" (é de descendência indiana e por isso tem a pele escura). O Levin já vai se desculpando para a Kitty por trazer esse tipo de problema para vida dela, e ela não pensa 2 vezes, vai servir de enfermeira para o feitor e ir ajudar a mulher dele a lavar ele com panos gelados para abaixar a febre. Ela enxerga eles como humanos, da mesma forma como o Levin gosta de trabalhar na fazenda junto com os coletores de grãos, mesmo ambos sendo da aristocracia russa. É de um humanismo assustador esse trecho. Ainda mais pela história ser sobre o egoísmo da Anna pondo sua satisfação amorosa à frente da integridade da família.
É sempre assustador pensar que a vida de todos os soldados ficam totalmente nas mãos dos seus superiores. E esses oficiais de maior patente fazem escolhas que vão resultar na morte de tanta gente por simples caprichos. Guerra é um absurdo completo.
Muito bacana a dinâmica da interação com o mundo online nesse filme. As pessoas que tem algum contato com o mundo online passam a ficar menos presentes fisicamente, e vão se distanciando até se tornarem uma mancha negra numa parede. E, em momentos aleatórios, algum personagem que ainda está vivo (não foi preso pelo mundo online), ouve o pedido de ajuda de algum desses personagens que desapareceu. E o pedido sempre vem de alguma tipo de tecnologia, tv, telefone, etc. A temática continua muito atual. Vivo com a cara enfiada no meu celular.
Aquela inversão de gênero (sexual) no paradigma de personagens de filmes de ação padrão "massavéio". -Todos os diálogos entre homens são falando sobre mulher ou brigando; -Nenhum homem resolve problema algum sem muita ajuda; -A protagonista resolve quase tudo sozinha; Divertida a ideia do roteiro de inverter o gênero dos personagens naqueles filmes de ação bem anos 90. Só que igual os filmes "B" de ação dos anos 90, esse filme tbm é um horror.
O filme constrói muito bem a tensão de se ter testemunhado um assassinato e não poder pedir ajuda por ter a sensação de que tem um assassino a espreita ameaçando sua família. Você sente o desespero do protagonista se afogando nessa situação tensa.
Só foi meio forçado o embate final do protagonista contra o serial killer. Uma cena de luta muito desnecessária, e que foge da construção do personagem do protagonista de ser um trabalhador comum descostumado com violência.
Adorei a ideia desse filme: Um roteiro simples de um filme de ação sobre vingança bem naquele estilo brucutu dos anos 80. Só que é um desconstrução dessa fórmula. O protagonista passa longe de ser um brucutu preparado pra violência. As mortes não são limpas e plásticas e isentas de peso moral ou empatia. Cada morte é um banho de sangue. Cada ferimento não se regenera como nos filmes da década de 80, que é só colocar um band-aid que tá novo em folha. E cada assassinato não passa o sentimento de justiça. É uma ótima experiencia para quem, como eu, adorava os filmes de ação antigos.
Você começa a assistir esse filme todo contente e satisfeito com a vida. Lá pra metade do filme eu já tava meio encolhido. No fim, eu já estava em negação pensando: "Porquê tanta maldade?" xD
"A violência se espalhou mais rápido que o vírus" A situação que esse filme constrói é muito interessante. Um vazamento de uma arma química que deixa as pessoas afetadas extremamente violentas. Para conter a situação, o exército faz um bloqueio na cidade e uma área de quarentena usando violência. Então as pessoas que não estão infectadas são violentadas pelas infectadas e hostilizadas pelo exército, só lhe restando usar mais violência para tentar sobreviver.
Tempo de Viagem
4.1 23"Não sei o que é uma casa.
É um abrigo?
Ou um guarda-chuva quando chove?
A enchi com garrafas, almofadas, madeiras, panos e enfeites
Parece que não quero abandona-la nunca.
Então é uma jaula.
Que aprisiona qualquer um que vier a ela
Inclusive um pássaro como você, sujo de neve
Mas o que contamos um ao outro
É tão leve que não pode ser retido no interior."
"O cinema utiliza sua vida, e não o contrário."
Melhor frase.
Quando você tenta se aperfeiçoar em qualquer coisa, uma arte pro exemplo, aquela coisa toma muito tempo da sua vida. E o que você constrói dentro dessa arte leva sua personalidade junto.
Que saudade de viajar. A imagens das fazendas filmadas de dentro do carro em movimento me deu uma nostalgia de viajar de carro olhando pro nada.
Mas confesso que a parte que eles se filmaram almoçando com uma criança italiana correndo e brincando com uma bexiga ao redor, foi tão aleatória que eu fiquei assistindo com a maior cara de merda, pensando "o que que eu tô assistindo aqui minha gente?".
Macbeth: Ambição e Guerra
3.5 383 Assista AgoraQue fotografia sensacional. Gostei da adaptação principalmente porque roteirizar pro cinema os poemas do Shakespeare são um trabalho imenso.
Adorei o que o diretor fez com o presságio de que "no dia em que a floresta adentrar o castelo seu castelo será seu fim". O diretor fez com que o exercito inglês ateasse fogo na floresta, e o vento carregou as fagulhas de madeira em brasa pra dentro do castelo. Fora que visualmente a neblina com a fumaça deixou a fotografia da batalha sensacional.
Gosto desse tema da imoralidade do assassinato por fins de ambição, porém acho "Crime e Castigo" do Dostoievski uma obra muito mais densa e atual do que "Macbeth" do Shakespeare, apesar de ser menos poética.
Toda a parte sobrenatural de Macbeth deixa a estória muito intrigante. As bruxas preveem que ele se tornará Lord de Cawdor, e em seguida Rei, e que seu amigo Banquo não será Rei, porém será uma melhor pessoa que o Rei e será pai de muitos reis. Então Macbeth pensa, se meu destino é ser rei, me tornarei sem precisar fazer nenhuma ação, pois meu destino virá de encontro a mim. Então do nada é nomeado Lord de Cawdor (e o Macbeth então todo o presságio era verdadeiro, serei rei), e na mesma ocasião Malcolm é nomeado príncipe (Ou seja, o Malcolm será o próximo rei), e quando volta para os pensamentos do Macbeth ele interpreta que o Malcolm é uma pedra que ele tem que remover do caminho, dessa forma mostrando que a ambição dele superou qualquer moralidade que ainda havia nele, e ele iria tomar ação para ser rei e não somente confiar no destino. Dae em diante é só crime e tragédia.
Engraçado que novamente, no fim, o Macbeth tinha a oportunidade de matar o Macduff em batalha, mas ao saber que o Macduff tinha sido parido arrancado do ventre da mãe, e o algoz do Macbeth, no presságio, seria alguém que foi arrancado do ventre, o Macbeth escolhe morrer. Achei muito maneira essa adaptação. O Macbeth escolheu fazer tudo que havia sido previsto, não deixou nada acontecer naturalmente para ter certeza se era mesmo seu destino. Muito intrigante.
King Lear
2.8 7Adorei a cena que ele recupera a sanidade ao ouvir a voz da filha mais nova, que ele havia expulsado e deserdado, e era única filha que não tinha traído e/ou roubado ele. Aquele breve momento em que nem tudo na vida é mentira, tragédia ou violência.
No geral, o filme é bem confuso. Melhor adaptação do Rei Lear continua sendo Ran do Akira Kurosawa.
O Mercador de Veneza
3.6 125 Assista AgoraNão é atoa que a Athena, deusa da justiça, e a Nêmeses, deusa da vingança, apesar de terem origens completamente distintas, tem o mesmo rosto e são tão facilmente confundidas.
Othello
3.6 41 Assista AgoraO Iago é a personificação do "filhadaput@". Que vontade que dá de socar ele.
Todo mundo tem um Iago na vida, se não tem, é porque ainda não descobriu quem é o Iago da sua vida. E o Othello acredita em qualquer coisa. Ele deve clicar em todos aqueles banners de "você é o visitante número 1.000.000, clique e ganha uma promoção".
O interessante dessa estória é a motivação do Iago, ou a falta de objetivo nas ações dele tornam ele uma criatura intrigante. Mas eu socaria ele mesmo assim.
Leviatã
3.8 299A verdade é pura e libertadora, mas o problema é que todo mundo é muito facilmente manipulado para não conseguir distinguir a verdade de um falsa verdade.
A ironia desse filme é maravilhosa.
O protagonista está em conflito com o prefeito que quer despeja-lo da casa para poder construir algo no terreno. O prefeito, muito influente e nada ético, vai usar qualquer meio possível para tirar a casa do Kolia. O Kolia, que é o protagonista, é muito cabeça quente, para que a qualquer momento ele vai explodir e fazer alguma besteira. Então o filme gera essa expectativa, se o prefeito vai exceder a lei e acabar sendo punido por isso, ou se o Kolia vai perder a cabeça e fazer uma loucura e pagar pelas consequências.
O filho do Kolia com a primeira esposa falecida, odeia a madrasta. A nova esposa do Kolia acaba tendo um caso com o advogado que está defendendo os direitos do Kolia, e que é seu melhor amigo também.
Então começam as surpresas. O prefeito excede a lei sequestrando o advogado do Kolia e o ameaçando de morte, mas mesmo assim sai impune. O Kolia descobre sobre a traição, e perde a cabeça, porém acaba perdoando o amigo e a esposa. O protagonista sendo ateu, por acaso, encontra um padre e tem uma conversa. E na conversa é explicado o mito do Leviatã, que é o maior monstro marinho da Bíblia e ninguém pode fazer nada contra ele pelo tamanho e o poder da criatura. Então os pescadores apenas rezam para não encontra-lo, e caso o encontrem, rezam para que o Leviatã não tenha vontade de atacar, pois simplesmente não poderiam fazer nada. Criando uma relação com o sistema burocrático corrupto legislativo, judiciário e executivo do estado. O direito de ninguém é grande o suficiente para fazer a verdade prevalecer quando um grupo de pessoas corruptas inseridas dentro do sistema do estado resolver que você não tem direitos. Somos formigas perante o Leviatã.
Então quando o filho do Kolia descobre que ele perdoou a madrasta, eles tem um briga, e a madrasta de tanta vergonha e culpa se suicida, se atirando de um penhasco. Porém todos se recordam do Kolia a ameaçando de morte, e ninguém viu ele perdoando ela, logo ele vai preso, sem confessar o crime e pega 20 anos. Sua casa é demolida. O prefeito constrói o que tanto queria, uma igreja, e o padre encerra a missa dizendo que "a verdade é como a voz de Deus, libertadora e purificadora". Não sei aonde.
De Olhos Bem Fechados
3.9 1,5K Assista AgoraEu adorei o que o Kubrick fez com o conceito de roteiro de "descer pela toca do coelho e cair numa estória surrealista", porém sem que o protagonista tenha saído da realidade do nosso mundo, apenas entrou no mundo da fantasia reprimida pela sociedade, e e fez com que o mundo secreto das fantasias das pessoas tocasse no mundo real.
No começo do filme, ele tem total confiança na fidelidade da esposa e ele também pare ser bastante fiel. Só que quando a esposa revela para ele que já se imaginou, diversas vezes, largando tudo por um desejo sexual, ele fica bastante abalado e vai em busca de tentar trair a mulher. É interessante como que a esposa sentiu atração por outro homem, reprimiu a atração, mas não conseguia tirar isso da cabeça e acabou fantasiando mentalmente diversas vezes, enquanto o protagonista não sente atração, ou desejo sexual, mas coloca em ação a intenção de trair a mulher por vingança. Quem estaria mais errado? Quem tenta trair e não consegue (mesmo sem sentir o desejo), ou quem sente o desejo de trair e largar tudo, só que reprimi. Difícil de julgar.
No final do filme tem o diálogo entre o casal de que agora que eles compreenderam os desejos reprimidos um do outro, eles estão despertos (de olhos abertos), o que me deixou confuso, imaginei que a mensagem do Kubrick seria que as fantasias vivessem seguras apenas dentro da cabeça de quem as tem, e não é algo para se dividir que tudo iria dar certo no relacionamento. Pensei que o filme ia acabar em divórcio e tapa na cara.
Interessante, também, é que o desejo reprimido que a esposa dele tem pelo marinheiro é o mesmo que a Marion (a que o pai morreu e ele teve que ir visitar) tem por ele. (Até o marido da Marion é idêntico a ele!)(Até imaginei aqui, se ela não matou o pai com algum tipo de veneno, como um último recurso para entrar em contato com o protagonista uma última vez, porque ela não parece estar de luto, e resolve se declarar o seu desejo reprimido pelo protagonista, e diz que em breve terá que se mudar com o marido. Fora que ela fala que o pai dela jantou a comida que ela ajudou a preparar e foi dormir e morreu dormindo. Mas acho que sou eu sendo paranoico.)
Barry Lyndon
4.2 400 Assista AgoraA fotografia desse filme é impressionante, e o trabalho que deve ter dado filmar o filme inteiro sem luz artificial me deixa ainda mais impressionado.
A primeira parte desse filme me deixou muito confuso. O filme apresente o protagonista Barry, um jovem adulto que é ingênuo, puro, impetuoso e é, inicialmente, uma boa pessoa. Então a vida começa bater nele. E é muito intrigante porque, normalmente, o roteirista costuma criar uma "conclusão" de cada desventura para pontuar uma superação, ou possível evolução de alguma característica do protagonista. Aqui, isso não acontece. As desventuras vão acontecendo, e a gente só vai acompanhando o Barry se lascando, e não se imagina onde isso vai parar. Ele se apaixona pela prima, e logo descobre que ela se oferece para todo mundo. Ele resolve disputar num duelo de vida ou morte, a mão da prima, e o duelo não passa de uma farsa armada pela família, para ele achar que matou um militar e ter que fugir da região, e não incomodar o casamento da prima com o militar que vai gerar muito dinheiro para a família da prima. Então ele é assaltado, perde tudo, e tem que se alistar no exercito para não morrer de fome. No exército, ele resolve desertar quando vê o amigo ser baleado numa guerra sem sentido e que iria acabar mantando ele em breve. Então ele é pego pelo exercito inimigo, e é obrigado a servir como soldado inimigo para não sofrer as punições por deserção. E essa parte é maravilhosa. O cinismo do Kubrick em colocar o protagonista sendo um bom soldado em ambos os exércitos, mostra como a maioria dos soldados não estão na guerra por ideologia alguma. E nesse tempo todo, eu não reparei nenhuma evolução no personagem, o que me deixava intrigado. Então chega a parte que ele vai na missão de espionar o Chevalier e acaba se aliando ao Chevalier contra o grupo que enviou ele para se infiltrar. Nessa parte ele passa a ser um ajudante nos golpes que o Chevalier aplica na alta sociedade que joga no casino do Chevalier. E de agora em diante que vai começar a ser possível notar um pouco de mudança no personagem.
Mas antes é preciso falar sobre as cenas dos jogos no cassino. Ficou visualmente muito interessante as cenas serem a noite, dentro de uma mansão do século XIX, com iluminação apenas a luz de velas, e com os aristocratas com os rostos muito pálidos de maquiagem. Essa fotografia é muito bonita, principalmente pelo expressionismo das expressões dos aristocratas, podres de ricos, mas sempre com uma expressão de ódio ou desprezo por tudo. Vivendo vidas vazias.
Então vem a cena que é bastante comentada nesse filme. A cena da Lady Lyndon "conhecendo" o Barry. Uma cena sem nenhum dialogo, que leva dois estranhos a perceber o desejo um do outro, e termina num beijo. Apesar de ser muito maneira, dá pra entender essa escolha do Kubrick. Ele não podia construir uma paixão, ou um romance, usando palavras vindas da boca do Barry, porque isso ia deixar o personagem muito confuso de se entender, ou iria entregar a construção do personagem para um golpista dissimulado talvez desvirtuando o protagonista muito mais do que o Kubrick desejava nesta parte da estória. Conforme o filme passa a gente percebe que o Barry se casou por dinheiro, mas não de cara.
A Lady Lyndon é pouco interessante, e a mulher não sorri uma vez no filme todo. É uma casca vazia. Um retrato da esposa aristocrata. O filho dele, enteado do Barry Lyndon, que vai ser o ponto a se prestar atenção da estória. Da mesma forma que todas as desventuras, mentiras, roubos e golpes que o Barry presenciou na vida nele moldaram ele para o que ele acabou se tornando, a humilhação que ele faz o enteado passar vai moldar o enteado para o desfecho da tragédia.
Apesar de ser uma mensagem pesarosa essa que o Kubrick passa no fim do filme: no momento que num duelo de armas o Barry resolve poupar a vida do enteado, que acabou de errar o tiro contra o padrasto, para encerrar o duelo e o conflito de uma vez por todas. O enteado aproveita e se diz não estar satisfeito e pede novas armas para poder atirar mais uma vez, dessa vez acertando o Barry na perna. O Barry plantou esse ódio, da mesma forma que todas as desventuras plantaram o cinismo e indiferença dele por todo mundo.
Nascido Para Matar
4.3 1,1K Assista AgoraO broche com o símbolo da paz e no capacete escrito "nascido para matar". A dualidade que torna nós, humanos, em criaturas interessantíssimas.
A gente almeja se manter em segurança então nos armamos até os dentes para protege-la. Estamos em busca de paz mas prontos para nos vingarmos de quem tentar rouba-la. Todas as revoluções em prol da paz foram feitas por meios de violência. A gente é estranho demais.
Acho muito marcante a cena que o sargento vê o soldado Joker e pergunta: -Você tem escrito no capacete "Born to Kill" e tem um broche do símbolo da paz. O que isso quer dizer, soldado? -Eu não sei, senhor. (Cara, é muito bom esse momento.) O soldado Joker, na entrevista, respondendo o porque tinha ido para o Vietnam: Eu queria conhecer a joia exótica asiática que é o Vietnam, e também quero ser o primeiro cara do bairro a ter um assassinato confirmado.
Todo a primeira parte do filme, sobre o treinamento militar, é muito bom também. A destruição do individualismo e da personalidade de cada soldado que está em treinamento, para torna-los em soldados idênticos que agem apenas em grupo, sem personalidade é bastante assustadora. O Gomer Pyle não aguenta a pressão de ser tão diferente e atrasado do resto do batalhão, e fora toda humilhação que ele passa, que leva ao desfecho desgraçado dele.
As cenas de situação de guerra total são bastante perturbadoras. O soldado no helicóptero atirando em mulheres e crianças pois são alvos mais fáceis. Os soldados no acampamento brincando com o corpo morto de um soldado vietnamita. É tudo horrendo, mas verdadeiro. Em uma guerra de invasão de cidade habitada, tem que se matar a maioria dos civis, pois se não, no meio deles tem soldados que podem se armar e flanquear.
É um ótimo filme para mostrar que guerras e conflitos armados não deveriam existir. Acho o Kubrick um dos melhores diretores de todos os tempos, e acho que talvez este seja o melhor filme dele. Pelo menos, é o melhor tema.
Dr. Fantástico
4.2 665 Assista Agora"Vocês não podem brigar aqui! Aqui é a sala de guerra."
Porque que tem uma bíblia em miniatura que nem dá pra ver as letras, e 3 meias calças no kit de sobrevivência dos soldados?
São 3 ou 4 filmes que o Kubrick bate na mesma tecla de que estamos armados até os dentes e somos animais facilmente perdemos a racionalidade em momentos difíceis, mas nesse filme é o que leva isso a maior escala de todas, a da guerra nuclear.
"Capitão Madrake: Se nós nos aproveitarmos desse erro, e atacarmos com tudo podemos destruir a URSS e perder no máximo 20 milhões de vidas civis ao invés de perdermos 150 milhões. Presidente: Eu não quero ser lembrado como o Presidente mais sanguinário de todos os tempos! Capitão: Você deveria se importar menos com como será lembrado nos livros de história!" As piadas absurdas são as melhores. O presidente tentando evitar um holocausto nuclear, e o capitão querendo aproveitar pra ganhar a guerra. O presidente americano ligando para o presidente russo que está bêbado também é maravilhoso. "Você nunca me liga para conversas amigáveis." E a introdução do filme é muito irônica também, mostrando que os EUA tem milhares de aviões, cada um com pelo menos 2 bombas nucleares que são 16x mais poderosas que todas as bombas somadas usadas na segunda guerra nuclear, apenas para se defender de eventuais problemas.
Medo e Desejo
2.9 93 Assista Agora"Quem me dera, é melhor poder concentrar tudo em: uma noite, um homem e uma arma. Machuca demais ter que ferir todo mundo em todas as direções, e ser ferido pela explosão do ódio acumulado, dia após dia, por cada pessoa. Não se pode fazer nada. Mas maldições escapam da sua boca toda vez que se tenta por em palavras os sentimentos, e nem um ser vivo consegue compreender o que foi dito ou o que se quis dizer."
Que monólogo maravilhoso sobre uma situação de conflito de guerra e ao mesmo tempo de conflito de interações sociais.
Adorei a cena em que os soldados se escondem em um arbusto, a moça chega próximo, e eles saltam e a agarram quase como seria se fosse uma onça caçando. Esse lado animal expresso visualmente ficou muito bacana. E eles matando os soldados inimigos que estavam indefesos. Matam eles brutalmente por estarem apavorados de qualquer possível resposta violenta. Os coitados nem tem chance de fazer nada, só morrem. O medo junto com a capacidade de violência armada criam situações de extrema injustiça e violência que duram segundos, e então todos mundo está morto.
A ideia de que o medo e o desejo cegam as pessoas e removem toda a capacidade de serem racionais ou mesmo humanos apenas.
E a cena que o soldado Sidney mata a moça indefesa em fuga, por simples pavor do que ela poderia dizer é muito intrigante: A moça cai morta e bate com a face no chão, ao mesmo tempo o Sidney cai também também e bate com a face no chão. Ambos perderam alguma coisa: a moça perdeu a vida, e o Sidney parece ter perdido completamente qualquer senso de realidade.
O Sétimo Selo
4.4 1,0KEu adoro a interpretação de que no momento em que o cruzado sente a morte próxima, ele se ajoelha para rezar, tentar ter uma resposta de Deus, só que não recebe nenhuma. Momentos depois, a morte chega para buscar ele, e ele estando nesse estado de dúvida da existência e nas razões de Deus, ele se vê responsável pela própria vida, e isso dá a ele a força para barganhar sua vida com a Morte, num desafio de xadrez. A Vida, para ele, passa ser mais importante do que o plano de Deus. Então ele usa esse tempo de vida que a Morte dá a ele, para tentar encontrar provas da existência e dos plano de Deus. E ele só encontra mais dúvidas e nenhuma resposta, porém, encontra um sentimento de profunda felicidade e paz quando se confraterniza com o grupo de artistas, e dividem morangos e leite e ele esquece, por um momento, dessa busca, e vive um momento de conexão.
Um pouco paradoxal sentir Deus quando se desiste da procura, e também como uma pessoa engrandece quando se torna responsável pelo próprio destino e não deixa seu destino a mercê de um plano divino, e a vida se torna uma obrigação, pois vai acabar a qualquer momento.
Muito bom o filme, mas engraçado essa visão do Bergman de que o mais afortunado dos personagens e mais próximo de Deus, são os artistas. Imagino que ele quis dizer que isso era devido a personalidade do personagem, já que não são todos os artistas que tem a visão da Virgem Maria, porém engraçado ele escolher bem um artista, ele, um cineasta. Malandrinho esse Bergman.
Anna Karenina
3.7 1,2K Assista AgoraVisualmente ficou muito deslumbrante essa técnica de filmar algumas cenas parecendo que se está dentro de um teatro, e na transição de cenas você ver a cena sendo desmontada e remontada para o próximo ambiente, PORÉM, em alguns momento ficou confuso demais. E a cena da Anna andando nos bastidores do teatro, provavelmente para dar a ideia da "transição" que ela estava vivendo, mas ficou muito estranho, muito desconexo.
Tem uma cena desse filme que ficou muito boa. O momento que a Kitty chega na casa do Levin e o feitor da casa está com febre precisando de enfermagem, e as pessoas (mesmo os plebeus) estão se recusando a ajudar ele pois a mulher dele "não é russa" (é de descendência indiana e por isso tem a pele escura). O Levin já vai se desculpando para a Kitty por trazer esse tipo de problema para vida dela, e ela não pensa 2 vezes, vai servir de enfermeira para o feitor e ir ajudar a mulher dele a lavar ele com panos gelados para abaixar a febre. Ela enxerga eles como humanos, da mesma forma como o Levin gosta de trabalhar na fazenda junto com os coletores de grãos, mesmo ambos sendo da aristocracia russa. É de um humanismo assustador esse trecho. Ainda mais pela história ser sobre o egoísmo da Anna pondo sua satisfação amorosa à frente da integridade da família.
Glória Feita de Sangue
4.4 448 Assista AgoraÉ sempre assustador pensar que a vida de todos os soldados ficam totalmente nas mãos dos seus superiores. E esses oficiais de maior patente fazem escolhas que vão resultar na morte de tanta gente por simples caprichos. Guerra é um absurdo completo.
Kairo
3.4 165Muito bacana a dinâmica da interação com o mundo online nesse filme.
As pessoas que tem algum contato com o mundo online passam a ficar menos presentes fisicamente, e vão se distanciando até se tornarem uma mancha negra numa parede. E, em momentos aleatórios, algum personagem que ainda está vivo (não foi preso pelo mundo online), ouve o pedido de ajuda de algum desses personagens que desapareceu. E o pedido sempre vem de alguma tipo de tecnologia, tv, telefone, etc.
A temática continua muito atual. Vivo com a cara enfiada no meu celular.
Monster Hunter
2.4 408 Assista AgoraMano, eu tenho que parar de gastar meu tempo com esses filmes nada haver.
Uma Sombra na Nuvem
2.5 145 Assista AgoraAquela inversão de gênero (sexual) no paradigma de personagens de filmes de ação padrão "massavéio".
-Todos os diálogos entre homens são falando sobre mulher ou brigando;
-Nenhum homem resolve problema algum sem muita ajuda;
-A protagonista resolve quase tudo sozinha;
Divertida a ideia do roteiro de inverter o gênero dos personagens naqueles filmes de ação bem anos 90. Só que igual os filmes "B" de ação dos anos 90, esse filme tbm é um horror.
A Testemunha
3.5 101 Assista AgoraO filme constrói muito bem a tensão de se ter testemunhado um assassinato e não poder pedir ajuda por ter a sensação de que tem um assassino a espreita ameaçando sua família. Você sente o desespero do protagonista se afogando nessa situação tensa.
Só foi meio forçado o embate final do protagonista contra o serial killer. Uma cena de luta muito desnecessária, e que foge da construção do personagem do protagonista de ser um trabalhador comum descostumado com violência.
Keanu - Cadê Meu Gato?!
3.1 70Esse gatinho tinha que fazer mais filmes.
Roubou todas as cenas kkkk
Memória de um Assassino
4.0 81 Assista AgoraO cara tomando urina foi sacanagem! kkkk
Adoro esse humor inesperado sul coreano, bem no meio de uma cena super tensa.
Ruína Azul
3.5 130Adorei a ideia desse filme: Um roteiro simples de um filme de ação sobre vingança bem naquele estilo brucutu dos anos 80. Só que é um desconstrução dessa fórmula. O protagonista passa longe de ser um brucutu preparado pra violência. As mortes não são limpas e plásticas e isentas de peso moral ou empatia. Cada morte é um banho de sangue. Cada ferimento não se regenera como nos filmes da década de 80, que é só colocar um band-aid que tá novo em folha. E cada assassinato não passa o sentimento de justiça. É uma ótima experiencia para quem, como eu, adorava os filmes de ação antigos.
Mártires
3.9 1,6KVocê começa a assistir esse filme todo contente e satisfeito com a vida.
Lá pra metade do filme eu já tava meio encolhido.
No fim, eu já estava em negação pensando: "Porquê tanta maldade?"
xD
Nós
3.8 2,3K Assista AgoraUma fantasia de terror divertida.
Pensei que esse gênero tivesse morrido com o fim de twilight zone.
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O Exército do Extermínio
3.4 71"A violência se espalhou mais rápido que o vírus"
A situação que esse filme constrói é muito interessante. Um vazamento de uma arma química que deixa as pessoas afetadas extremamente violentas. Para conter a situação, o exército faz um bloqueio na cidade e uma área de quarentena usando violência. Então as pessoas que não estão infectadas são violentadas pelas infectadas e hostilizadas pelo exército, só lhe restando usar mais violência para tentar sobreviver.