Com muito menos material a ser trabalho do que o tempo propõe, "Cecil Hotel" precisa demais dar tempo para maluco falar bobagem, enquanto o filme apresenta esses "detetives virtuais" como autoridades em algum assunto. Não é a primeira série documental que apresenta, sem muito julgamento de valor, os malefícios que esses grupos de pessoas reunidas virtualmente para supostamente desvendar o caso acabam trazendo pra pessoas inocentes. Na hora me veio a mente o "Don't f**k with Cats" da mesma Netflix, que não contente em se basear em experiências de membros destes grupos, ainda tenta a sacada de colocar a culpa em nós, espectadores, pelo comportamento do assassino daquele caso.
E aqui, essa necessidade em esticar a duração do filme com os tais detetives é o principal dano de Cecil Hotel. Chega a ser desrespeitoso com a própria vítima do caso o tanto que os diretores deixam anônimos desinformados especularem sobre sua vivência e sua realidade. A real mesmo é que o filme não faz ideia de que caminho seguir, busca, em momentos específicos, expandir seu caso para o Hotel como personagem de tudo isso, um lugar que supostamente seria um inferno onde coisas ruins acontecem, um recinto onde assassinos, estupradores e todo tipo de gente buscaria abrigo. Só que minutos depois já esquece esta abordagem e volta para uma narrativa mais formal de investigação de casos, com entrevistas com os envolvidos e especialistas. Logo depois, ignora toda a autoridade destas pessoas para dar voz aos conspiracionistas que o filme insiste em transformar em peças chaves na história. O episódio 3 é basicamente isto.
Não há mea culpa no final que tire o dano que essa sequência com youtubers e investigadores de facebook trazem a "Cecil Hotel". E para terminar mais insignificante do que já se propõe, ainda finaliza renegando qualquer proposta autoral pra se aproximar de uma campanha publicitária pró cuidado com doenças mentais. Parece um programa televisivo de domingo a tarde que precisa enrolar 5 horas pra revelar o final que todo mundo já deduz.
"Dont F**k With Cats" é mais um dos documentários criminais que costumam chamar bastante atenção do público e despertar aquele interesse quase sádico de saber mais sobre crimes absurdos que desafiam nossa crença na humanidade. Da mesma Netflix que produziu Making a Murderer, Evil Genius, The Keepers entre outros, as duas primeiras partes do documentário seguem o mesmo padrão deste outros exemplos: Pouco a pouco vão acrescentando detalhes ao crime, levantando perguntas, entrevistando personagens do caso e aguçando nossa curiosidade.
O problema está na terceira e última parte. Aqui, o autor tenta fazer de seu documentário algo a mais, traz uma das ideias mais boçais que poderia sair da cabeça de alguém como tentativa de reflexão. Após apresentar o misterioso Manny no começo do episódio, Mark Lewis guarda essa surpresa como carta na manga para os últimos 10 minutos. Quando chega o momento, o arquétipo do Mastermind de Luka é montado. O filme mitifica o assassino; à lá final de "Glass", vemos como, teoricamente, Luka era uma cabeça incrível que acertou em cada movimento e realizou tudo o que queria ao final, foram todos massa de manobra para o seu plano. Pra finalizar, com muita breguice, Lewis termina seu filme dando a entender que nós, espectadores, teríamos influência em alimentar Luka por termos visto o filme. Isso mesmo, o autor do filme e sua produtora, que criaram a obra, tentam nos culpar de alguma responsabilidade pelos absurdos ocorridos.
Do mesmo modo que "Prenda-me se for Capaz" e Instinto Selvagem" não possuem nenhuma culpa por Luka ter feito o que fez, ninguém mais tem o mínimo de culpa além dele próprio. Só há um único e específico modo de se contar uma história dessa corretamente: Tratando Luka como um completo imbecil narcisista que não merece nada mais do que a cadeia. Qualquer outro tipo de tratamento, errou.
É meio impressionante como um autor pode ser tão cego quanto a relevância de sua obra, perder-se em meio ao processo de criação, articular seu tema com posicionamentos burros e entregar algo que não sabe o que quer dizer, o que defende e como defende.
Um filme que implodiu em si próprio. Don't f**k with Murder. Mais lembranças a Jun Lin.
De olho em quem achava um absurdo puxarem a alavanca e levarem um chaveiro do negro, mas comemorou quando ela fez isso com o dono do museu... Charlie Brooker é foda.
Cena do Crime: Mistério e Morte no Hotel Cecil
3.4 260Com muito menos material a ser trabalho do que o tempo propõe, "Cecil Hotel" precisa demais dar tempo para maluco falar bobagem, enquanto o filme apresenta esses "detetives virtuais" como autoridades em algum assunto. Não é a primeira série documental que apresenta, sem muito julgamento de valor, os malefícios que esses grupos de pessoas reunidas virtualmente para supostamente desvendar o caso acabam trazendo pra pessoas inocentes. Na hora me veio a mente o "Don't f**k with Cats" da mesma Netflix, que não contente em se basear em experiências de membros destes grupos, ainda tenta a sacada de colocar a culpa em nós, espectadores, pelo comportamento do assassino daquele caso.
E aqui, essa necessidade em esticar a duração do filme com os tais detetives é o principal dano de Cecil Hotel. Chega a ser desrespeitoso com a própria vítima do caso o tanto que os diretores deixam anônimos desinformados especularem sobre sua vivência e sua realidade. A real mesmo é que o filme não faz ideia de que caminho seguir, busca, em momentos específicos, expandir seu caso para o Hotel como personagem de tudo isso, um lugar que supostamente seria um inferno onde coisas ruins acontecem, um recinto onde assassinos, estupradores e todo tipo de gente buscaria abrigo. Só que minutos depois já esquece esta abordagem e volta para uma narrativa mais formal de investigação de casos, com entrevistas com os envolvidos e especialistas. Logo depois, ignora toda a autoridade destas pessoas para dar voz aos conspiracionistas que o filme insiste em transformar em peças chaves na história. O episódio 3 é basicamente isto.
Não há mea culpa no final que tire o dano que essa sequência com youtubers e investigadores de facebook trazem a "Cecil Hotel". E para terminar mais insignificante do que já se propõe, ainda finaliza renegando qualquer proposta autoral pra se aproximar de uma campanha publicitária pró cuidado com doenças mentais. Parece um programa televisivo de domingo a tarde que precisa enrolar 5 horas pra revelar o final que todo mundo já deduz.
Don't F**k With Cats: Uma Caçada Online
4.2 326"Dont F**k With Cats" é mais um dos documentários criminais que costumam chamar bastante atenção do público e despertar aquele interesse quase sádico de saber mais sobre crimes absurdos que desafiam nossa crença na humanidade. Da mesma Netflix que produziu Making a Murderer, Evil Genius, The Keepers entre outros, as duas primeiras partes do documentário seguem o mesmo padrão deste outros exemplos: Pouco a pouco vão acrescentando detalhes ao crime, levantando perguntas, entrevistando personagens do caso e aguçando nossa curiosidade.
O problema está na terceira e última parte. Aqui, o autor tenta fazer de seu documentário algo a mais, traz uma das ideias mais boçais que poderia sair da cabeça de alguém como tentativa de reflexão. Após apresentar o misterioso Manny no começo do episódio, Mark Lewis guarda essa surpresa como carta na manga para os últimos 10 minutos. Quando chega o momento, o arquétipo do Mastermind de Luka é montado. O filme mitifica o assassino; à lá final de "Glass", vemos como, teoricamente, Luka era uma cabeça incrível que acertou em cada movimento e realizou tudo o que queria ao final, foram todos massa de manobra para o seu plano. Pra finalizar, com muita breguice, Lewis termina seu filme dando a entender que nós, espectadores, teríamos influência em alimentar Luka por termos visto o filme. Isso mesmo, o autor do filme e sua produtora, que criaram a obra, tentam nos culpar de alguma responsabilidade pelos absurdos ocorridos.
Do mesmo modo que "Prenda-me se for Capaz" e Instinto Selvagem" não possuem nenhuma culpa por Luka ter feito o que fez, ninguém mais tem o mínimo de culpa além dele próprio. Só há um único e específico modo de se contar uma história dessa corretamente: Tratando Luka como um completo imbecil narcisista que não merece nada mais do que a cadeia. Qualquer outro tipo de tratamento, errou.
É meio impressionante como um autor pode ser tão cego quanto a relevância de sua obra, perder-se em meio ao processo de criação, articular seu tema com posicionamentos burros e entregar algo que não sabe o que quer dizer, o que defende e como defende.
Um filme que implodiu em si próprio.
Don't f**k with Murder.
Mais lembranças a Jun Lin.
Black Mirror (4ª Temporada)
3.8 1,3K Assista AgoraDe olho em quem achava um absurdo puxarem a alavanca e levarem um chaveiro do negro, mas comemorou quando ela fez isso com o dono do museu... Charlie Brooker é foda.