Um homem que grita é um dos filmes em que Mahamat-Saleh Haroun explora a situação política conturbada de seu país, o Chade, cuja história recente está atravessada por uma guerra civil, por meio do microcosmo das relações pessoais. Aqui, é entre Adam e seu filho Abdel que se desenrola uma trama sutil, narrada com uma beleza cuidadosa, lenta, paciente, em meio ao sentido de aceleração e de perda de controle sobre a vida que a guerra faz pairar sobre todos.
Um dos elementos cruciais do filme é a água. Aliás, sobre esse tema, uma informação extra-fílmica importante: o Chade é um dos países africanos que não possui saída para o mar. No filme, Adam é um ex-campeão de natação que está encarregado da piscina de um hotel (cuja direção é chinesa, evidenciando a importância das relações com a China na África contemporânea). O destino que está reservado a ele e a Abdel na narrativa entrelaça a materialidade da piscina como espaço de encenação, o simbolismo da piscina como um oásis em meio ao deserto da guerra civil, assim como a bela metáfora do rio, que é tempo, que é passagem, que é fim.
Que lindo é o cachorro do Godard e que lindos são os planos que o filme dedica a ele.
No DVD, há uma entrevista que começa com Godard dizendo o que significa SMS: "Save My Soul". Ele conclui: "As pessoas enviam SMSs como se enviava SOSs." Eis porque todo adeus é também uma busca.
O texto de Fanon e as imagens de que o filme se apropria me pareceram mais fortes do que a montagem em que Göran Olsson os entrelaça. Seja como for, vale muito a pena ver.
A sequência mais forte foi, para mim, em torno daquela a quem Spivak se refere, em sua apresentação ou prefácio ao filme, como a "black Venus". Uma imagem aterradora, de uma monstruosa beleza, ouso dizer, uma vez que revela a persistência da vida ali onde sua negação alcançara uma de suas formas mais hediondas.
Filme pra ver e rever. Há uma beleza nele que é difícil de encontrar em outras animações. De certa forma, é uma história de formação, à maneira do Bildungsroman e das coming-of-age stories que abundam na literatura e no cinema. Poucas vezes, aliás, uma imagem tão nítida e exata do amadurecimento da personalidade foi elaborada:
Em Ida, a narrativa envolve, ao mesmo tempo, um itinerário de deslocamento geográfico e múltiplos itinerários de deslocamento subjetivo. - Leia mais: http://www.incinerrante.com/textos/viagem-interior-ida-pawel-pawlikowski
Minha crítica de The Babadook, na Revista ] Janela [, pode ser lida em http://janela.art.br/criticas/the-babadook-de-jennifer-kent
The Babadook é um filme de fantasma, mas se você quiser saber por que TODO filme é um filme de fantasmas, não deixe de ler a entrevista de Jacques Derrida para a Cahiers du Cinéma, que traduzi e comentei no incinerrante: http://www.incinerrante.com/textos/jacques-derrida-e-os-fantasmas-do-cinema
“Trata-se de inverter o jogo”, eis o contrato de Eduardo Coutinho, 7 de outubro. Assista o filme e leia o texto de Fábio Monteiro no incinerrante: http://www.incinerrante.com/textos/eduardo-coutinho-7-de-outubro-o-narrador-e-sua-figura
O cinema é muitas vezes entendido como fuga da realidade. Mas para onde fugimos quando vemos um filme? http://www.incinerrante.com/textos/pequena-salvacao-mesmo-se-nada-der-certo
Ela não "começa a cantar em bares, até ser descoberta por um produtor de discos". Há um elemento de acaso importante para a narrativa, que a sinopse errada ignora completamente.
Minha crítica, publicada inicialmente no jornal O Popular, de Goiânia, está disponível para leitura em http://www.incinerrante.com/textos/instinto-materno-drama-familiar-e-politico
Para quem ainda não viu, minha crítica de O Lobo de Wall Street: http://www.incinerrante.com/textos/o-lobo-de-wall-street-as-figuras-do-excesso-e-a-tragedia-sem-fim
A prática do cinema do excesso, a que Martin Scorsese se dedica em O Lobo de Wall Street, confere ao filme riqueza estética e complexidade ética singulares, que comentam a tragédia sem fim em que nos encontramos.
Revisitando o filme, falando da metáfora da água, a partir do poema de Francis Ponge que é comentado a certa altura: http://www.incinerrante.com/textos/a-agua-como-metafora-azul-e-a-cor-mais-quente-politicas-da-identidade-poeticas-da-existencia
Outros textos que escrevi sobre a obra-prima de Kechiche:
"Pacific: a memória do aparelho e as ruínas do espetáculo", minha crítica do grande filme de Marcelo Pedroso no incinerrante: http://www.incinerrante.com/textos/pacific-a-memoria-do-aparelho-e-as-ruinas-do-espetaculo
Minha crítica/análise desse grande filme de Tarantino está em: http://incinerrante.com/bastardos-inglorios-o-cinema-e-a-reescrita-da-historia-como-jogo-e-como-festa/
Minha crítica: "Um olhar do paraíso: o espetáculo, o melodrama e a imaginação surrealista" - http://incinerrante.com/um-olhar-do-paraiso-o-espetaculo-o-melodrama-e-a-imaginacao-surrealista/
Um Homem Que Grita
3.7 19Um homem que grita é um dos filmes em que Mahamat-Saleh Haroun explora a situação política conturbada de seu país, o Chade, cuja história recente está atravessada por uma guerra civil, por meio do microcosmo das relações pessoais. Aqui, é entre Adam e seu filho Abdel que se desenrola uma trama sutil, narrada com uma beleza cuidadosa, lenta, paciente, em meio ao sentido de aceleração e de perda de controle sobre a vida que a guerra faz pairar sobre todos.
Um dos elementos cruciais do filme é a água. Aliás, sobre esse tema, uma informação extra-fílmica importante: o Chade é um dos países africanos que não possui saída para o mar. No filme, Adam é um ex-campeão de natação que está encarregado da piscina de um hotel (cuja direção é chinesa, evidenciando a importância das relações com a China na África contemporânea). O destino que está reservado a ele e a Abdel na narrativa entrelaça a materialidade da piscina como espaço de encenação, o simbolismo da piscina como um oásis em meio ao deserto da guerra civil, assim como a bela metáfora do rio, que é tempo, que é passagem, que é fim.
Adeus à Linguagem
3.5 118 Assista AgoraQue lindo é o cachorro do Godard e que lindos são os planos que o filme dedica a ele.
No DVD, há uma entrevista que começa com Godard dizendo o que significa SMS: "Save My Soul". Ele conclui: "As pessoas enviam SMSs como se enviava SOSs." Eis porque todo adeus é também uma busca.
Sobre a Violência
4.6 11O texto de Fanon e as imagens de que o filme se apropria me pareceram mais fortes do que a montagem em que Göran Olsson os entrelaça. Seja como for, vale muito a pena ver.
A sequência mais forte foi, para mim, em torno daquela a quem Spivak se refere, em sua apresentação ou prefácio ao filme, como a "black Venus". Uma imagem aterradora, de uma monstruosa beleza, ouso dizer, uma vez que revela a persistência da vida ali onde sua negação alcançara uma de suas formas mais hediondas.
Divertida Mente
4.3 3,2K Assista AgoraFilme pra ver e rever. Há uma beleza nele que é difícil de encontrar em outras animações. De certa forma, é uma história de formação, à maneira do Bildungsroman e das coming-of-age stories que abundam na literatura e no cinema. Poucas vezes, aliás, uma imagem tão nítida e exata do amadurecimento da personalidade foi elaborada:
a mistura de alegria e tristeza nas mesmas memórias
Ida
3.7 439Em Ida, a narrativa envolve, ao mesmo tempo, um itinerário de deslocamento geográfico e múltiplos itinerários de deslocamento subjetivo. - Leia mais: http://www.incinerrante.com/textos/viagem-interior-ida-pawel-pawlikowski
E Agora? Lembra-me
3.9 12 Assista AgoraLeia a crítica de Fábio Monteiro no incinerrante: http://www.incinerrante.com/textos/e-agora-lembra-me-joaquim-pinto-eu-falarei-de-mim-a-voces
O Babadook
3.5 2,0KMinha crítica de The Babadook, na Revista ] Janela [, pode ser lida em http://janela.art.br/criticas/the-babadook-de-jennifer-kent
The Babadook é um filme de fantasma, mas se você quiser saber por que TODO filme é um filme de fantasmas, não deixe de ler a entrevista de Jacques Derrida para a Cahiers du Cinéma, que traduzi e comentei no incinerrante: http://www.incinerrante.com/textos/jacques-derrida-e-os-fantasmas-do-cinema
Eduardo Coutinho - 7 de Outubro
4.2 17“Trata-se de inverter o jogo”, eis o contrato de Eduardo Coutinho, 7 de outubro. Assista o filme e leia o texto de Fábio Monteiro no incinerrante: http://www.incinerrante.com/textos/eduardo-coutinho-7-de-outubro-o-narrador-e-sua-figura
Mesmo se Nada der Certo
4.0 1,9K Assista AgoraO cinema é muitas vezes entendido como fuga da realidade. Mas para onde fugimos quando vemos um filme? http://www.incinerrante.com/textos/pequena-salvacao-mesmo-se-nada-der-certo
Mesmo se Nada der Certo
4.0 1,9K Assista AgoraA sinopse está errada.
Ela não "começa a cantar em bares, até ser descoberta por um produtor de discos". Há um elemento de acaso importante para a narrativa, que a sinopse errada ignora completamente.
Cortinas Fechadas
3.7 19Minha crítica: http://janela.art.br/criticas/cortinas-fechadas/
Isto Não É um Filme
3.9 54 Assista AgoraMinha crítica: "A imaginação do mundo", em http://www.incinerrante.com/textos/isto-nao-e-um-filme
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho
4.1 3,2K Assista AgoraMinha crítica: http://www.incinerrante.com/textos/eu-nao-quero-voltar-sozinho-e-hoje-eu-quero-voltar-sozinho-de-daniel-ribeiro
O Hobbit: A Desolação de Smaug
4.0 2,5K Assista AgoraUm comentário sobre o estilo visual de O Hobbit: http://www.incinerrante.com/textos/ilusionismo-e-excesso-em-o-hobbit
Instinto Materno
3.8 70 Assista AgoraMinha crítica, publicada inicialmente no jornal O Popular, de Goiânia, está disponível para leitura em http://www.incinerrante.com/textos/instinto-materno-drama-familiar-e-politico
O Lobo de Wall Street
4.1 3,4K Assista AgoraPara quem ainda não viu, minha crítica de O Lobo de Wall Street: http://www.incinerrante.com/textos/o-lobo-de-wall-street-as-figuras-do-excesso-e-a-tragedia-sem-fim
O Lobo de Wall Street
4.1 3,4K Assista AgoraA prática do cinema do excesso, a que Martin Scorsese se dedica em O Lobo de Wall Street, confere ao filme riqueza estética e complexidade ética singulares, que comentam a tragédia sem fim em que nos encontramos.
Leia mais: http://www.incinerrante.com/textos/o-lobo-de-wall-street-as-figuras-do-excesso-e-a-tragedia-sem-fim
Azul é a Cor Mais Quente
3.7 4,3K Assista AgoraRevisitando o filme, falando da metáfora da água, a partir do poema de Francis Ponge que é comentado a certa altura: http://www.incinerrante.com/textos/a-agua-como-metafora-azul-e-a-cor-mais-quente-politicas-da-identidade-poeticas-da-existencia
Outros textos que escrevi sobre a obra-prima de Kechiche:
*Crítica: http://www.incinerrante.com/textos/critica-de-azul-e-a-cor-mais-quente-no-jornal-a-redacao
*Sobre heteronormatividade: http://www.incinerrante.com/textos/heteronormatividade-e-representacao-em-azul-e-a-cor-mais-quente
*Fragmentos analíticos: http://www.incinerrante.com/textos/azul-e-a-cor-mais-quente
Pacific
3.4 23 Assista Agora"Pacific: a memória do aparelho e as ruínas do espetáculo", minha crítica do grande filme de Marcelo Pedroso no incinerrante: http://www.incinerrante.com/textos/pacific-a-memoria-do-aparelho-e-as-ruinas-do-espetaculo
Cópia Fiel
3.9 451 Assista AgoraCópia infiel: http://www.incinerrante.com/textos/copia-infiel
Histórias de Direitos Humanos
3.9 4Assistam todos os curtas de Histórias de Direitos Humanos em: http://www.incinerrante.com/historias-de-direitos-humanos
Azul é a Cor Mais Quente
3.7 4,3K Assista AgoraMinha crítica, no jornal A Redação: http://aredacao.com.br/cultura/38624/critica-de-cinema-azul-e-a-cor-mais-quente
E dois textos complementares, que podem também ser lidos isoladamente, em torno do belo filme de Abdellatif Kechiche:
1) Sobre heteronormatividade e representação: http://incinerrante.com/heteronormatividade-e-representacao-em-azul-e-a-cor-mais-quente/
2) Fragmentos para uma análise: http://incinerrante.com/azul-e-a-cor-mais-quente/
Bastardos Inglórios
4.4 4,9K Assista AgoraMinha crítica/análise desse grande filme de Tarantino está em: http://incinerrante.com/bastardos-inglorios-o-cinema-e-a-reescrita-da-historia-como-jogo-e-como-festa/
Um Olhar do Paraíso
3.7 2,7K Assista AgoraMinha crítica: "Um olhar do paraíso: o espetáculo, o melodrama e a imaginação surrealista" - http://incinerrante.com/um-olhar-do-paraiso-o-espetaculo-o-melodrama-e-a-imaginacao-surrealista/