Ismael Nóbrega

Um filme de estremecer nossa visão ocidental de casamento, valores familiares e tradição. O lado mórbido da tradição milenar chinesa para o casamento. Plagiando aquelas resenhas das revistas de vídeo: um retrato da condição feminina numa sociedade humilhante e dominadora. Um "must" de requinte visual e sensações sonoras. Trocando em miúdos: um excelente título.

Quando vi "Summer of 42" pela primeira vez, acabava de voltar de uma festa universitária em meados dos anos 90 e parei diante do nosso aparelho de tevê coletiva que existia na Casa de Estudantes onde morei por três anos. Aquele som inebriante das ondas quebrando nas areias da ilha de Herman que sucedia a melodia de Michel Legrand me dava um ótimo pressentimento de que um inesquecível filme acabava de começar. Para quem sofre da Síndrome da Nostalgia, esse é o seu "filme-metade". Para qualquer homem sóbrio que passou por uma conturbada adolescência rodeada de pressões, Verão de 42 é um reconhecimento de uma fase marcante de nossas vidas. A bela Jennifer O'Neil é a personificação de nossas musas da puberdade. É a vizinha, a professora, a colega de turma mais velha. Não há jovem que não se identifique com Herman e seus trejeitos atrapalhados de menino romântico e idealista. O amor acima do simples sexo! O casamento perfeito dos arranjos de Michel Legrand com as cenas do filme servia de analgésico para a sensação de desconforto em assistir um filme durante a madrugada sentado em uma velha poltrona de madeira. Verão de 42 faz buscar em todo homem de verdade sua sensibilidade. É da natureza humana fantasiar, e neste filme todos somos um pouco de Herman Raucher. Recomendo.

Paul Hackett é um daqueles caras tão azarados que sequer deviam sair de casa. O filme é uma homenagem à má sorte e ao inusitado. Hilariante pelo seu humor negro e traz a minha mente um pensamento: Paul. Não se mexa. O azar te espreita! Recomendo!