A quantidade de gerações exploradas em um tempo curto de filme comprometeu gravemente o desenvolvimento de todos os conflitos do filme, principalmente a ligação com o final. A ligação entre as gerações pela tragédia que acomete cada membro da família é uma ideia interessante que se mantém até o terceiro na linha de sucessão, mas mal executada pela falta de motivação nas últimas gerações. Ademais, o próprio Circo, que deveria ter sido mais explorado como personagem poderoso e onipresente, é esquecido de lado, dando-se preferência aos bastidores. Nem mesmo o excelente personagem bem interpretado por Jesuíta Barbosa, uma espécie de clown shakesperiano imortal e sobrenatural (único ponto positivo que consigo destacar da obra), consegue salvar o filme. Finalmente, encerra-se de maneira tosca e sem razão de ser. A importância dada às personagens que protagonizam a cena final e sua caracterização e atuação são uma das maiores vergonhas que já senti numa sessão de cinema. Lutei bastante para não sair nos últimos minutos.
“Me Chame Pelo Seu Nome” é, sobretudo, um filme sobre amadurecimento e autoconhecimento que recebe muito mérito por evocar emoção sem recorrer ao artifício do explícito, visto que o sexo não é o principal meio de transformação e sim a relação de Elio com o ambiente e sua família, tendo Oliver como grande catalisador. Nesse ponto, é muito semelhante esteticamente com outro filme símbolo da descoberta sexual: “Rosas Selvagens” (1994), talvez uma das maiores referências que pude perceber. Texto completo no link: https://briefencounters.weebly.com/home/me-chame-pelo-seu-nome-pedagogia-da-libertacao
Acho o filme tão bom quanto "Ladrões de Bicicleta", que junto com "A Culpa dos Pais" forma uma interessante trilogia sobre a infância no contexto social representado, indagando tanto o presente miserável delas como também a desesperança no futuro,
como é bem dito por uma delas em "Vítimas da Tormenta" quando estão na casa da cartomante, a qual se esquiva em ler o futuro delas. "-As crianças não têm futuro?".
Me chama muito a atenção as excelentes atuações infantis dos filmes neorrealistas, cujos personagens são obrigados a enfrentar a vida dura antes do tempo e há um visível amadurecimento dos diálogos entre crianças, o que não soaria natural em outros contextos. Nesse ponto, comparo "Vítimas da Tormenta" com "Alemanha, Ano Zero" destacando as expressivas atuações tanto de Giuseppe e Pasquale no primeiro e Edmund no último.
Tive muita ligação emocional com o filme, pois passei boa parte da minha infância frequentando vaquejadas com meu pai. A construção da atmosfera do tradicional evento nordestino é muito bem trabalhada, tanto com os cenários como com a direção de atores (o personagem Zé arrancou muitas gargalhadas na exibição). Destaco também a trilha sonora, com a participação das clássicas de Mastruz com Leite e a linda canção "Astronauta" de Os Nonatos. Como dizia Rossellini, o diretor possui dois talentos principais: contar a história por meios não dialógicos e escolher bem um recorte da realidade para o filme. Mascaro se sai muito bem nesses dois pontos, utilizando belíssimas imagens para nos inserir na mentalidade e nos conflitos de "Yremar" e escolhendo uma temática muito comum no sertão nordestino de hoje - devido, por exemplo, à crescente indústria da moda no interior de Pernambuco. No entanto, penso que os lados "ruins" do mundo da vaquejada poderiam ter sido melhor representados, como a prostituição e as drogas. Outro ponto pouco explorado no filme foi a relação do machismo do interior nordestino com o universo da moda, que no longa ficou restrito apenas às piadas descontraídas entre os amigos de caminhão, mas que na realidade seria alvo de um preconceito muito mais forte.
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O Grande Circo Místico
2.2 139A quantidade de gerações exploradas em um tempo curto de filme comprometeu gravemente o desenvolvimento de todos os conflitos do filme, principalmente a ligação com o final. A ligação entre as gerações pela tragédia que acomete cada membro da família é uma ideia interessante que se mantém até o terceiro na linha de sucessão, mas mal executada pela falta de motivação nas últimas gerações.
Ademais, o próprio Circo, que deveria ter sido mais explorado como personagem poderoso e onipresente, é esquecido de lado, dando-se preferência aos bastidores. Nem mesmo o excelente personagem bem interpretado por Jesuíta Barbosa, uma espécie de clown shakesperiano imortal e sobrenatural (único ponto positivo que consigo destacar da obra), consegue salvar o filme.
Finalmente, encerra-se de maneira tosca e sem razão de ser. A importância dada às personagens que protagonizam a cena final e sua caracterização e atuação são uma das maiores vergonhas que já senti numa sessão de cinema. Lutei bastante para não sair nos últimos minutos.
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista Agora“Me Chame Pelo Seu Nome” é, sobretudo, um filme sobre amadurecimento e autoconhecimento que recebe muito mérito por evocar emoção sem recorrer ao artifício do explícito, visto que o sexo não é o principal meio de transformação e sim a relação de Elio com o ambiente e sua família, tendo Oliver como grande catalisador. Nesse ponto, é muito semelhante esteticamente com outro filme símbolo da descoberta sexual: “Rosas Selvagens” (1994), talvez uma das maiores referências que pude perceber.
Texto completo no link: https://briefencounters.weebly.com/home/me-chame-pelo-seu-nome-pedagogia-da-libertacao
Vítimas da Tormenta
4.4 47Acho o filme tão bom quanto "Ladrões de Bicicleta", que junto com "A Culpa dos Pais" forma uma interessante trilogia sobre a infância no contexto social representado, indagando tanto o presente miserável delas como também a desesperança no futuro,
como é bem dito por uma delas em "Vítimas da Tormenta" quando estão na casa da cartomante, a qual se esquiva em ler o futuro delas.
"-As crianças não têm futuro?".
Me chama muito a atenção as excelentes atuações infantis dos filmes neorrealistas, cujos personagens são obrigados a enfrentar a vida dura antes do tempo e há um visível amadurecimento dos diálogos entre crianças, o que não soaria natural em outros contextos. Nesse ponto, comparo "Vítimas da Tormenta" com "Alemanha, Ano Zero" destacando as expressivas atuações tanto de Giuseppe e Pasquale no primeiro e Edmund no último.
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Boi Neon
3.6 461Tive muita ligação emocional com o filme, pois passei boa parte da minha infância frequentando vaquejadas com meu pai. A construção da atmosfera do tradicional evento nordestino é muito bem trabalhada, tanto com os cenários como com a direção de atores (o personagem Zé arrancou muitas gargalhadas na exibição). Destaco também a trilha sonora, com a participação das clássicas de Mastruz com Leite e a linda canção "Astronauta" de Os Nonatos.
Como dizia Rossellini, o diretor possui dois talentos principais: contar a história por meios não dialógicos e escolher bem um recorte da realidade para o filme. Mascaro se sai muito bem nesses dois pontos, utilizando belíssimas imagens para nos inserir na mentalidade e nos conflitos de "Yremar" e escolhendo uma temática muito comum no sertão nordestino de hoje - devido, por exemplo, à crescente indústria da moda no interior de Pernambuco.
No entanto, penso que os lados "ruins" do mundo da vaquejada poderiam ter sido melhor representados, como a prostituição e as drogas. Outro ponto pouco explorado no filme foi a relação do machismo do interior nordestino com o universo da moda, que no longa ficou restrito apenas às piadas descontraídas entre os amigos de caminhão, mas que na realidade seria alvo de um preconceito muito mais forte.