A reprodução da desigualdade de maneira cínica, é o único e verdadeiro terror alucinante. "Corra!" é um filme de horror racial. E talvez seja o primeiro. No cinema anterior, talvez o racismo não tenha sido visto como doença de uma estrutura política e econômica. Lotado de conotações simbólicas e mesmo gnósticas, o filme põe o rapaz negro como um estrangeiro em um mundo que quer submetê-lo ao esquecimento de si mesmo, para ser melhor controlado por uma elite que, supostamente, quer libertá-lo daquele racismo. O pavor de não pertencer! O filme é um soco, que denuncia principalmente o cinismo, e a capacidade da elite em perpetuar o poder, fingindo que a naturalidade lhe faz parte, e que tudo não passa de algumas diferenças físicas, sexuais e culturais. Filme necessário! E atenção, pode parecer um filme bobo. Mas se és bobo, és bobo, e assim fica melhor.
Me retorci na cadeira do cinema, com algumas risadas nervosas. Imaginei um caminhão despencando sobre minha certeza, sobre minha atualidade. O que somos, se não somos somente o que está dentro de nós? Quanto de afeto nos sobra, depois da realidade? Mais um grande filme da Muylaert. Nossa François Ozon.
Almodóvar já me fez torcer o nariz. Incomodou-me o histrionismo e até as cores vibrantes, repetidamente gastas. Dessa vez, fez um filme triste, onde as mágoas e as dores vão, lentamente aparecendo. A tragédia grega não está ali por enfeite, nem Chavela Vargas, uma cantante mexicana esquecida. Um drama pontualmente feminino, lotado de incompreensões e inconstâncias, como a vida.
Eu tive vergonha de mim, dos atores, diretores, equipe de filmagem e produção. Lotado de clichês, com um texto besta e atuações bizonhamente caricatas, o filme é horroroso. Me lembrei até de quando fui assistir Pearl Harbor no cinema. Porchat é a versão quase hétero do gritão Paulo Gustavo. Duvivier é tendencioso, e talvez tenha vindo daí a tentativa de ser "non sense". Foi horrível, horrível.
Anticolonialista (no sentido mais detonado pelo neoliberalismo do termo). Sem dúvida, um filme brilhantemente marginal, mas pelo prisma das elites, demonstrando uma autoconsciência incrível de classe perniciosa. Sempre o sangue, o dinheiro, o sangue, a política (Foucault?) nos corpos. Em suma, um filme que merece ser (re)descoberto, seja pela sua relevância estilística, seja por uma atualidade dos temas evocados, pelas metáforas que expõe e as formas de concepção que propõe.
"(...) Queria ter uma boca que cuspisse granada, um membro que ejaculasse Napalm, um cú que cagasse bombas."
Obra prima que amassa as tentativas bobas de criticar a Igreja. Com quadros estasiantes e por vezes assustadoramente lindos, a estética de Greenaway é caminho primordial de sua profunda mensagem. Quando tudo vira um palco e o movimento é tão lindo e colorido, a história quase que ganha cheiro, textura. Uma aula de arte.
Que grande poder de fazer os diálogos serem de verdade. A antipatia pelo protagonista, em contraste com a encantadora capacidade dos personagens serem delicadamente humanos. Sutileza argentina até o último respiro. A galeria, a rotina, as Leicajs... foda.
Analítico e confortante. Antônimos perdidos que nos aparecem de forma graciosa, simples. O progresso como dúvida, o regresso como caminho. Tudo é possibilidade nessa encenação humana, de comparações e bálsamo. Um certo alívio, de ainda poder agir. Uma certa aflição de talvez não poder desejar. O anarco-primitivismo vasculhado de maneira certeira e bonita.
Achei um baita filme. No início, me incomodei um pouco com a atuação da Regina Casé. Ainda acho que esse filme ganharia muito, se a atriz fosse desconhecida, anônima, sem a carga "Esquenta" da atriz. Mas, pode ser uma visão boba.
Gaspar Noé é primoroso, imprescindível. Principalmente ao deixar claro que a crítica da arte é grosseira, brutamontes e indelicada. Creio até, que a arte de Noé carrega essa incumbência demonstrativa. Love é repleto de vitalidade, medo e beleza. Cortes velozes que mostram o mesmo fato sob diferentes perspectivas e um apartamento em Paris, a la Nouvele Vague. Sentir o amor e não saber exatamente o que ele é. A dúvida, a certeza do inevitável erro a que o prazer nos expõe. "...amor é quando você não quer sair..."
Quero ver de novo, e tenho medo. Medo do que vou enxergar, do que vou pensar e sentir. Como na infância com os pesadelos, esse filme maltrata a alma, mexe com as veias e nos devolve a capacidade de praticar arte.
Vingadores: Ultimato
4.3 2,6K Assista AgoraLixo Nerd. Piadas patéticas e tecnologia que emociona. Fenômeno que evidencia a crise cultural da humanidade.
Dumbo
3.4 611 Assista Agoraééé....
Nós
3.8 2,3K Assista AgoraUm marco, outra vez. Trilha a ser escutada e considerada. Coisa fina!
Clímax
3.6 1,1K Assista AgoraNoé sendo Noé, ou seja, genial. Coisa fina!
Border
3.6 219 Assista AgoraEspetacular! Divino!
Caixa de Pássaros
3.4 2,3K Assista AgoraAchei uma bela bosta.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraA reprodução da desigualdade de maneira cínica, é o único e verdadeiro terror alucinante. "Corra!" é um filme de horror racial. E talvez seja o primeiro.
No cinema anterior, talvez o racismo não tenha sido visto como doença de uma estrutura política e econômica. Lotado de conotações simbólicas e mesmo gnósticas, o filme põe o rapaz negro como um estrangeiro em um mundo que quer submetê-lo ao esquecimento de si mesmo, para ser melhor controlado por uma elite que, supostamente, quer libertá-lo daquele racismo. O pavor de não pertencer! O filme é um soco, que denuncia principalmente o cinismo, e a capacidade da elite em perpetuar o poder, fingindo que a naturalidade lhe faz parte, e que tudo não passa de algumas diferenças físicas, sexuais e culturais. Filme necessário! E atenção, pode parecer um filme bobo. Mas se és bobo, és bobo, e assim fica melhor.
Mãe Só Há Uma
3.5 407 Assista AgoraMe retorci na cadeira do cinema, com algumas risadas nervosas. Imaginei um caminhão despencando sobre minha certeza, sobre minha atualidade. O que somos, se não somos somente o que está dentro de nós?
Quanto de afeto nos sobra, depois da realidade?
Mais um grande filme da Muylaert. Nossa François Ozon.
Julieta
3.8 529 Assista AgoraAlmodóvar já me fez torcer o nariz. Incomodou-me o histrionismo e até as cores vibrantes, repetidamente gastas. Dessa vez, fez um filme triste, onde as mágoas e as dores vão, lentamente aparecendo. A tragédia grega não está ali por enfeite, nem Chavela Vargas, uma cantante mexicana esquecida. Um drama pontualmente feminino, lotado de incompreensões e inconstâncias, como a vida.
Porta dos Fundos - Contrato Vitalício
2.0 352 Assista AgoraEu tive vergonha de mim, dos atores, diretores, equipe de filmagem e produção. Lotado de clichês, com um texto besta e atuações bizonhamente caricatas, o filme é horroroso. Me lembrei até de quando fui assistir Pearl Harbor no cinema. Porchat é a versão quase hétero do gritão Paulo Gustavo. Duvivier é tendencioso, e talvez tenha vindo daí a tentativa de ser "non sense". Foi horrível, horrível.
Crônica de um Industrial
3.6 8Anticolonialista (no sentido mais detonado pelo neoliberalismo do termo). Sem dúvida, um filme brilhantemente marginal, mas pelo prisma das elites, demonstrando uma autoconsciência incrível de classe perniciosa.
Sempre o sangue, o dinheiro, o sangue, a política (Foucault?) nos corpos. Em suma, um filme que merece ser (re)descoberto, seja pela sua relevância estilística, seja por uma atualidade dos temas evocados, pelas metáforas que expõe e as formas de concepção que propõe.
"(...) Queria ter uma boca que cuspisse granada, um membro que ejaculasse Napalm, um cú que cagasse bombas."
Praia do Futuro
3.4 935 Assista AgoraCapitão Nascimento também dá o cu.
Ken Park
3.1 372Não só a juventude, e sim a humanidade. O desvio, a curva, o lugar onde somos monstros. Um filme cru, amassado pela realidade.
O Bebê Santo de Macon
4.0 18 Assista AgoraObra prima que amassa as tentativas bobas de criticar a Igreja. Com quadros estasiantes e por vezes assustadoramente lindos, a estética de Greenaway é caminho primordial de sua profunda mensagem. Quando tudo vira um palco e o movimento é tão lindo e colorido, a história quase que ganha cheiro, textura. Uma aula de arte.
O Abraço Partido
3.6 28Que grande poder de fazer os diálogos serem de verdade. A antipatia pelo protagonista, em contraste com a encantadora capacidade dos personagens serem delicadamente humanos. Sutileza argentina até o último respiro. A galeria, a rotina, as Leicajs... foda.
A Sorte Está Lançada
3.7 10Elogiar o cinema argentino é o clichê que mais gosto de praticar. Atuações brilhantes, de uma simplicidade que encanta.
Turista Espacial
4.3 236Analítico e confortante. Antônimos perdidos que nos aparecem de forma graciosa, simples. O progresso como dúvida, o regresso como caminho. Tudo é possibilidade nessa encenação humana, de comparações e bálsamo. Um certo alívio, de ainda poder agir. Uma certa aflição de talvez não poder desejar. O anarco-primitivismo vasculhado de maneira certeira e bonita.
Depois de Lúcia
3.8 1,1KÉ... o silêncio maltrata. Flagelo psicológico até os créditos finais. Arte até a última gota.
Que Horas Ela Volta?
4.3 3,0K Assista AgoraAchei um baita filme. No início, me incomodei um pouco com a atuação da Regina Casé. Ainda acho que esse filme ganharia muito, se a atriz fosse desconhecida, anônima, sem a carga "Esquenta" da atriz. Mas, pode ser uma visão boba.
Love
3.5 883 Assista AgoraGaspar Noé é primoroso, imprescindível. Principalmente ao deixar claro que a crítica da arte é grosseira, brutamontes e indelicada. Creio até, que a arte de Noé carrega essa incumbência demonstrativa.
Love é repleto de vitalidade, medo e beleza. Cortes velozes que mostram o mesmo fato sob diferentes perspectivas e um apartamento em Paris, a la Nouvele Vague. Sentir o amor e não saber exatamente o que ele é. A dúvida, a certeza do inevitável erro a que o prazer nos expõe.
"...amor é quando você não quer sair..."
O Homem Irracional
3.5 553 Assista AgoraFazer acontecer é desafiador e sedutor.
Depois de Lúcia
3.8 1,1KO silêncio maltrata.
O Fantasma
3.1 115Quero ver de novo, e tenho medo. Medo do que vou enxergar, do que vou pensar e sentir. Como na infância com os pesadelos, esse filme maltrata a alma, mexe com as veias e nos devolve a capacidade de praticar arte.
Corações Livres
3.8 26Nó na garganta, dor de cabeça e pânico.