Eu escrevi um poema para uma mulher que sobe em um ônibus em Nova York. Ela é empregada doméstica. Carrega dois sacos de compras. Se o ônibus para de repente, ela ri. Se o ônibus para lentamente, ela ri. Eu pensei... Se você não conhece os traços negros, pode achar que ela está rindo. Mas ela não estava rindo. Ela estava simplesmente esticando os lábios e fazendo um som "HA-HA" Eu entendi. É um truque de sobrevivência. Agora, deixe-me escrever sobre isso para homenagear esta mulher que nos ajuda a sobreviver.
"Setenta anos neste mundo, e a criança para quem trabalho me chama de "menina". Eu digo: "Sim, senhora" (HAHA), por causa do trabalho. Sou muito orgulhosa para ceder e pobre demais para resistir. Então dou risada até a barriga doer Quando penso em mim mesma. Meu povo me faz rolar de tanto rir. Ri tanto que quase morri. As histórias que contam parecem mentiras. Eles cultivam a fruta, mas comem a casca. Eu rio... até começar a chorar, Quando penso em mim mesma."
"Eu quero apenas lidar com os negros e a liberação dos negros. Meu pecado é pegar em malditas armas. E eu sou mãe, com meu bebê em uma mão e uma arma na outra... eu estou aqui, malditos, para pegar o que é meu."
Discurso sensacional, mostrando a força da mulher negra.
Faz algumas horas que assisti, desde então não consigo me concentrar em nada. Fiquei absolutamente dispersa, reflexiva. Assisti sem saber do que se tratava, sem sinopse, sem recomendação, eu simplesmente dei play e me entreguei a narração da história. E que história! ... uma história não só de um homem, mas sobre a humanidade. Eu tenho uma extrema curiosidade no que diz respeito a violência, porque ela expressa toda a nossa animalidade, ferocidade, é incontida, cruel, inesgotável e pertencente a nós todos. É impossível ficar apática diante dessas fotografias que mostram tantas pessoas sofrendo, perdidas, desesperadas, pessoas que são fruto dessa violência, do show de horrores que o mundo pode ser. Os olhares... o que mais incomoda nessas fotos, são os olhares. Pra mim, a mensagem principal que o documentário deixa é a de que a morte e a vida se misturam. Uma loja que vende caixões ao lado de sapatos, frutas, brinquedos. Dois amigos que conversam em meio a desgraça, como se estivessem em paz e sob uma arvore . Um pai que joga o filho em uma pilha de mortos, consegue se virar e continuar conversando sobre qualquer outra coisa banal. Um fotografo que depois de ver as piores mazelas do mundo e ser profundamente tocado por elas, consegue fotografar coisas belas e ser um dos fundadores de uma coisa tão linda como o instituto terra. Existem coisas terríveis, mas a humanidade não está totalmente perdida, porque pertencemos a natureza e se ela pode se renovar, também podemos. A vida sempre continua...
O filme me causou enjoo e nojo puro em muitas cenas. O enredo mistura drama com humor, com o bizarro e sujo. Isso causa uma estranheza tamanha, q eu sinceramente não sabia se queria continuar o filme ou não, se eu estava gostando ou não. Aos que me lerem antes de ver o filme, peço que não o parem antes do final, pois, depois tudo faz sentido.
É extremamente curioso como o asco é utilizado como uma crítica ao próprio asco que a sociedade inventa para reprimir tantas coisas em nós. E como o nosso medo em parecer estranho, faz com que sejamos estranhos a nós mesmos. Não vivemos em plenitude, nao tomamos atitudes consideradas culturalmente inadequadas, mesmo que as mesmas nos façam felizes. A genialidade do filme está em fazer o ridículo soar tão sincero, é fazer vida correr nas veias, até dos que pareciam mortos e dos que queriam estar mortos. Acho que nunca uma baba, um peido, uma ereção, a merda e o lixo tiveram sentidos tão profundos em um filme.
O filme por inteiro é tocante, revoltante, visceral, triste, é dor pura. Mas, talvez um de seus elementos mais lindos é mostrar o empobrecimento em polarizar a nossa ótica de mundo. Era gente comum que cometia o mal e o bem, com farda ou sem farda, assim mesmo, tudo misturado.
E tem cena mais linda pra demonstrar isso do que um capitão nazista ajudando um judeu? Em um dos momentos de maior fragilidade do Szpilman, a pessoa que ele mais temeria ver, o salvou.
É um filme impressionante, te deixa em estado de alerta, tensão, com sentimento de extrema empatia pelos prisioneiros e querendo que tudo aquilo acabe logo. Inquietante.
Minha única razão para não dar 5 estrelas, é por conta dessa mania péssima de querer enfiar romance em tudo. As cenas da namorada do Tarek, são totalmente desnecessárias, aleatórias, sem harmonia com o enredo principal do filme e com uma atuação fraquíssima da atriz que caiu de paraquedas na trama e não soube se misturar.
"...a nossa realidade por enquanto é feita de aço e sonhos."
Sem palavras, é um documentário que deixa aquele imenso vazio quando termina. É triste, ninguém merece viver nessas condições. É a grande prova que o nosso sistema carcerário nunca funcionou, não reeduca ninguém, é um imenso território onde o estado é livre para violar direitos básicos. E quem se importa? Fingir não ver é tão mais fácil, justificar essas práticas abusivas e violentas se tornou tão natural e tão bem aceita nos mais variados discursos que temos atualmente. O que me deixa extremamente triste, é saber que mesmo após a barbárie do massacre do Carandiru e mesmo vendo esse documentário mais de 10 anos após a sua realização, tudo continua tão igual... tão desumanamente igual.
Elas eram uma pessoa só? Eram duas pessoas diferentes que fundiram-se, engoliram-se uma a outra? Acho essas especulações e provocações mais ricas do que tentar cravar um final como uma verdade absoluta. É um filme lindo, reflexivo e inquietante.
O céu de Suely é um filme tão simples, tão simples... e simplicidade é um troço difícil de mexer quando se trata de arte. É um grito que tem que ser dado de modo sutil, revelando a própria vida nas pequenas banalidades do cotidiano, na naturalidade dos personagens e da linguagem.
Em várias cenas eu esperava um desenrolar clichê, mas fui surpreendida com a "não surpresa" do filme, porque, afinal, o João não comprou todas as rifas e ela não voltou naquela moto.
Quanto mais eu vou refletindo sobre esse filme, mais eu vou gostando dele.
QUE FILME GENIAL. HAHAHAHAHA Acabei de ver e tô sem palavras, só consigo rir. Que filme delicioso. Em todas as histórias há uma brincadeira com o exagero, os personagens são levados e estendidos ao extremo de si mesmos e da barbárie. E como isso pode ser engraçado se estamos diante de situações de desgraças cotidianas que não NÃO são lá muito incomuns? Eu senti uma extrema empatia pelos personagens, principalmente pelo engenheiro Simon. #Bombita A grande pegada do filme é conseguir transformar a tragédia em riso. Usar e abusar dos excessos sem torna-los ridículos, pelo contrário... soam até naturais e compreensíveis. A grande pergunta é: Foi um crime passional?
Sabendo que o filme se tratava de pedofilia, olhei com extrema desconfiança para Lucas, um homem de meia idade que trabalha em uma creche local e tem uma excelente relação com as crianças, discreto e dito como solitário, é um homem divorciado que gosta de caçar, beber com os amigos e o contato maior com o filho é boicotado pela mãe. Dado os estereótipos que temos, surpreenderia alguém se ele fosse um pedófilo? É um perfil que se encaixa nos nossos preconceitos.
O melhor amigo de Lucas tem uma filha chamada Klara, uma menina imaginativa que aparece sempre perdida e deslocada em meio aos conflitos familiares em que vive. Através de seu irmão, ela é prematuramente exposta a pornografia. Nesse ambiente caótico há apenas uma pessoa estável e que lhe dá segurança: Lucas. Ele aparece como uma espécie de herói para as crianças e para a menina, isso é passado de uma maneira tão genuína que as minhas desconfianças e preconceitos foram dissipados. Na cena em que Klara beija Lucas e lhe presenteia com um coração, foi impossível não vê ali um complexo de Édipo. A garota "transferiu" a função paterna para Lucas e apaixonada tenta conquistar o amor do pai, mas após ser rejeitada, Klara o odeia e confessa a diretora da creche que detesta Lucas, pois ele é idiota, feio e têm um pênis. Com uma nítida relação com a cena de exposição sexual, a criança fantasia e diz ter visto o pênis dele duro como um bastão. Como a maioria das pessoas fariam, Grethe não deixa isso passar despercebido e no dia seguinte tenta investigar o assunto. Mas ela fez isso da forma mais errada possível, chamou um amigo para questionar Klara e ambos conduziram e induziram a garota a dar respostas que corroborassem com o suposto abuso. Lucas não tem o menor espaço para se defender das acusações, pois ele sequer sabe o que a garota contou. Ele já é considerado culpado, pois no senso comum "criança não mente". A mãe de Klara faz com que ela acredite que foi realmente abusada, pois mesmo confessando a mentira, é induzida a crer que está confusa e de que aquilo de fato aconteceu. Essa indução para confirmar o abuso sexual também acontece com outras crianças e todas passam a contar a mesma história de que foram violentadas. Uma hipótese que levantei durante o filme e que vi também em outros comentários, é de que Klara foi realmente abusada. A cena do choro de seu irmão me pareceu de culpa, quer seja porque ele a violentava ou porque ele estava arrependido de ter lhe mostrado pornografia. O mundo de Lucas vira um caos, e mesmo sendo inocentado pela polícia ele sofre a fúria de toda a cidade. O filme se passa em uma constante e intensa tensão, encerra mostrando que a desconfiança e as sequelas de uma ingênua fantasia de uma criança, irão atormentar Lucas para sempre.
Durante todo o filme podemos perceber críticas bastante sutis sobre a invisibilidade na sociedade moderna, o consumo excessivo de medicamentos, questionamentos sobre a loucura, a nossa necessidade constante de acelerar e desacelerar a mente, e de estar no controle ao perder-se em descontrole.
A atuação da Deborah Secco é impecável, no semblante de sua personagem Judite podemos perceber quando ela vaga entre o estar entregue e permitindo-se vivenciar a sua paixão intensa por João, junto com o deparar-se com a realidade e com a morte.
Toda a cena e animação do diário de Judite é simplesmente linda e muito bem feita, mas quando ela está morrendo não gostei da atuação do João e isso enfraqueceu o drama da cena, pois teve um contraste muito grande entre as experiências dos atores.
Apesar de achar o filme leve e gostoso de assistir, a história também é clichê, carregada de frases feitas e bastante previsível. É um drama curtinho e dava para ter explorado mais a fundo os sentimentos dos protagonistas, os fazendo ter uma descoberta maior do outro e de si mesmo. Senti falta de um mergulho nos personagens e não só no romance.
"Minha cidade sonora de ventos e entrada do mar, coberta pelos gigantes edifícios, labirinto de paredes, salas, muros, quartos, saguões, banheiros, antenas e vozes. Risos que duram um segundo e se apagam como se não valessem nada. Como se não tivesse sentido rir numa cidade tão grande, cidade que me escolheu para viver. É impossível saber em quantas velocidades diferentes ela se move. Ferreira Gullar já dizia, há muitas velocidades em um só dia, e o dia não tem um único centro feito um caroço ou um sol. Desordenadamente gira, porque diferente desse sistema solar, a esse sistema não se sustém o sol e sim os corpos."
“A noite o tempo não passa, antes se dilui. A vida não escorre, nem se gasta. A noite todos os fatos são pardos e a natureza fecha os olhos coloridos, guarda-se os bichos entre as pernas, põe as aves dentro dos frutos e imobiliza todas as águas Assim muitas noites parecem uma só. Em uma noite há muitas noites, mas de um modo diferente de como há dia nos dias Como se o tempo ficasse parado junto com a escuridão e o cisco debaixo dos moveis e nos cantos da casa. A noite nos faz crer que o tempo é um troço auditivo, num instante alguém pode ter impressão que o universo morreu, quando de fato a manhã está prestes a jorrar.”
Acabei de ver Baixio das Bestas e estou com asco tão intenso, que ainda não consegui desfazer minha cara de nojo. O que é de mais sujo e vulgar sempre causa espanto, horror, mas é intrigante saber que são coisas feitas por gente comum: por playboys, por um velho simples, por caminhoneiros, por trabalhadores braçais, por putas, por nós. Não é realidade distante ou paralela, é que naturalizamos tanto a barbárie que é preciso vê-la no cinema, apresentada sem maquiagem para conseguir nos impressionar. Nós nos impactamos com algo “distante”, gastamos algumas horas nos debruçando nesse roteiro tão baixo. Mas tudo isso está ao nosso redor, está em nós mesmos... deveríamos viver espantados com os horrores desses nossos mundos reais. Freud diz que temos uma tendência a ruindade e que somos cruéis, outrora já achei essa visão pessimista, mas saber que o filme é um retrato de histórias que inegavelmente acontecem e que não são atípicas, me faz compreender o que tem mais de vil na nossa humanidade e até concordar com ele. O filme inteiro é um estupro.
What Happened, Miss Simone?
4.4 401 Assista Agora"Eu não sou não violenta!"
Maya Angelou and Still I Rise
4.7 15Eu escrevi um poema para uma mulher que sobe em um ônibus em Nova York.
Ela é empregada doméstica. Carrega dois sacos de compras.
Se o ônibus para de repente, ela ri.
Se o ônibus para lentamente, ela ri.
Eu pensei...
Se você não conhece os traços negros, pode achar que ela está rindo.
Mas ela não estava rindo.
Ela estava simplesmente esticando os lábios e fazendo um som "HA-HA"
Eu entendi. É um truque de sobrevivência.
Agora, deixe-me escrever sobre isso para homenagear esta mulher que nos ajuda a sobreviver.
"Setenta anos neste mundo, e a criança para quem trabalho me chama de "menina".
Eu digo: "Sim, senhora" (HAHA), por causa do trabalho.
Sou muito orgulhosa para ceder e pobre demais para resistir.
Então dou risada até a barriga doer
Quando penso em mim mesma.
Meu povo me faz rolar de tanto rir.
Ri tanto que quase morri.
As histórias que contam parecem mentiras.
Eles cultivam a fruta, mas comem a casca.
Eu rio... até começar a chorar,
Quando penso em mim mesma."
Maya Angelou
Os Panteras Negras: Vanguarda da Revolução
4.4 28"Eu quero apenas lidar com os negros e a liberação dos negros. Meu pecado é pegar em malditas armas.
E eu sou mãe, com meu bebê em uma mão e uma arma na outra... eu estou aqui, malditos, para pegar o que é meu."
Discurso sensacional, mostrando a força da mulher negra.
Documentário lindo
O Sal da Terra
4.6 449 Assista AgoraFaz algumas horas que assisti, desde então não consigo me concentrar em nada. Fiquei absolutamente dispersa, reflexiva. Assisti sem saber do que se tratava, sem sinopse, sem recomendação, eu simplesmente dei play e me entreguei a narração da história. E que história! ... uma história não só de um homem, mas sobre a humanidade.
Eu tenho uma extrema curiosidade no que diz respeito a violência, porque ela expressa toda a nossa animalidade, ferocidade, é incontida, cruel, inesgotável e pertencente a nós todos. É impossível ficar apática diante dessas fotografias que mostram tantas pessoas sofrendo, perdidas, desesperadas, pessoas que são fruto dessa violência, do show de horrores que o mundo pode ser. Os olhares... o que mais incomoda nessas fotos, são os olhares.
Pra mim, a mensagem principal que o documentário deixa é a de que a morte e a vida se misturam.
Uma loja que vende caixões ao lado de sapatos, frutas, brinquedos.
Dois amigos que conversam em meio a desgraça, como se estivessem em paz e sob uma arvore .
Um pai que joga o filho em uma pilha de mortos, consegue se virar e continuar conversando sobre qualquer outra coisa banal.
Um fotografo que depois de ver as piores mazelas do mundo e ser profundamente tocado por elas, consegue fotografar coisas belas e ser um dos fundadores de uma coisa tão linda como o instituto terra.
Existem coisas terríveis, mas a humanidade não está totalmente perdida, porque pertencemos a natureza e se ela pode se renovar, também podemos.
A vida sempre continua...
O Substituto
4.4 1,7K Assista AgoraEsse filme é poesia pura.
Lindo e triste
Um Cadáver para Sobreviver
3.5 936 Assista AgoraO filme me causou enjoo e nojo puro em muitas cenas.
O enredo mistura drama com humor, com o bizarro e sujo. Isso causa uma estranheza tamanha, q eu sinceramente não sabia se queria continuar o filme ou não, se eu estava gostando ou não. Aos que me lerem antes de ver o filme, peço que não o parem antes do final, pois, depois tudo faz sentido.
É extremamente curioso como o asco é utilizado como uma crítica ao próprio asco que a sociedade inventa para reprimir tantas coisas em nós. E como o nosso medo em parecer estranho, faz com que sejamos estranhos a nós mesmos. Não vivemos em plenitude, nao tomamos atitudes consideradas culturalmente inadequadas, mesmo que as mesmas nos façam felizes.
A genialidade do filme está em fazer o ridículo soar tão sincero, é fazer vida correr nas veias, até dos que pareciam mortos e dos que queriam estar mortos.
Acho que nunca uma baba, um peido, uma ereção, a merda e o lixo tiveram sentidos tão profundos em um filme.
Adorei ♥
O Pianista
4.4 1,8K Assista AgoraO filme por inteiro é tocante, revoltante, visceral, triste, é dor pura. Mas, talvez um de seus elementos mais lindos é mostrar o empobrecimento em polarizar a nossa ótica de mundo. Era gente comum que cometia o mal e o bem, com farda ou sem farda, assim mesmo, tudo misturado.
E tem cena mais linda pra demonstrar isso do que um capitão nazista ajudando um judeu? Em um dos momentos de maior fragilidade do Szpilman, a pessoa que ele mais temeria ver, o salvou.
- Porque essa porra de casaco?
- Estou com frio.
A Corporação
4.2 136Aquela vontade de revolução e mudança, seguida daquelas sensações de impotência, injustiça e tristeza.
A Experiência
3.8 221É um filme impressionante, te deixa em estado de alerta, tensão, com sentimento de extrema empatia pelos prisioneiros e querendo que tudo aquilo acabe logo. Inquietante.
Minha única razão para não dar 5 estrelas, é por conta dessa mania péssima de querer enfiar romance em tudo. As cenas da namorada do Tarek, são totalmente desnecessárias, aleatórias, sem harmonia com o enredo principal do filme e com uma atuação fraquíssima da atriz que caiu de paraquedas na trama e não soube se misturar.
Patch Adams: O Amor É Contagioso
4.1 1,2K Assista AgoraApaixonante e Inspirador ❤️
O Prisioneiro da Grade de Ferro
4.2 89"...a nossa realidade por enquanto é feita de aço e sonhos."
Sem palavras, é um documentário que deixa aquele imenso vazio quando termina. É triste, ninguém merece viver nessas condições. É a grande prova que o nosso sistema carcerário nunca funcionou, não reeduca ninguém, é um imenso território onde o estado é livre para violar direitos básicos. E quem se importa? Fingir não ver é tão mais fácil, justificar essas práticas abusivas e violentas se tornou tão natural e tão bem aceita nos mais variados discursos que temos atualmente.
O que me deixa extremamente triste, é saber que mesmo após a barbárie do massacre do Carandiru e mesmo vendo esse documentário mais de 10 anos após a sua realização, tudo continua tão igual... tão desumanamente igual.
Quando Duas Mulheres Pecam
4.4 1,1K Assista AgoraElas eram uma pessoa só?
Eram duas pessoas diferentes que fundiram-se, engoliram-se uma a outra?
Acho essas especulações e provocações mais ricas do que tentar cravar um final como uma verdade absoluta.
É um filme lindo, reflexivo e inquietante.
O Céu de Suely
3.9 464 Assista AgoraO céu de Suely é um filme tão simples, tão simples... e simplicidade é um troço difícil de mexer quando se trata de arte. É um grito que tem que ser dado de modo sutil, revelando a própria vida nas pequenas banalidades do cotidiano, na naturalidade dos personagens e da linguagem.
Em várias cenas eu esperava um desenrolar clichê, mas fui surpreendida com a "não surpresa" do filme, porque, afinal, o João não comprou todas as rifas e ela não voltou naquela moto.
Quanto mais eu vou refletindo sobre esse filme, mais eu vou gostando dele.
Ônibus 174
3.9 297"Esses meninos estão famintos de existência social, famintos de reconhecimento."
Luiz Eduardo Soares
Relatos Selvagens
4.4 2,9K Assista AgoraQUE FILME GENIAL. HAHAHAHAHA
Acabei de ver e tô sem palavras, só consigo rir. Que filme delicioso.
Em todas as histórias há uma brincadeira com o exagero, os personagens são levados e estendidos ao extremo de si mesmos e da barbárie. E como isso pode ser engraçado se estamos diante de situações de desgraças cotidianas que não NÃO são lá muito incomuns?
Eu senti uma extrema empatia pelos personagens, principalmente pelo engenheiro Simon. #Bombita
A grande pegada do filme é conseguir transformar a tragédia em riso.
Usar e abusar dos excessos sem torna-los ridículos, pelo contrário... soam até naturais e compreensíveis.
A grande pergunta é: Foi um crime passional?
A Caça
4.2 2,0K Assista AgoraSabendo que o filme se tratava de pedofilia, olhei com extrema desconfiança para Lucas, um homem de meia idade que trabalha em uma creche local e tem uma excelente relação com as crianças, discreto e dito como solitário, é um homem divorciado que gosta de caçar, beber com os amigos e o contato maior com o filho é boicotado pela mãe. Dado os estereótipos que temos, surpreenderia alguém se ele fosse um pedófilo? É um perfil que se encaixa nos nossos preconceitos.
O melhor amigo de Lucas tem uma filha chamada Klara, uma menina imaginativa que aparece sempre perdida e deslocada em meio aos conflitos familiares em que vive. Através de seu irmão, ela é prematuramente exposta a pornografia. Nesse ambiente caótico há apenas uma pessoa estável e que lhe dá segurança: Lucas. Ele aparece como uma espécie de herói para as crianças e para a menina, isso é passado de uma maneira tão genuína que as minhas desconfianças e preconceitos foram dissipados.
Na cena em que Klara beija Lucas e lhe presenteia com um coração, foi impossível não vê ali um complexo de Édipo. A garota "transferiu" a função paterna para Lucas e apaixonada tenta conquistar o amor do pai, mas após ser rejeitada, Klara o odeia e confessa a diretora da creche que detesta Lucas, pois ele é idiota, feio e têm um pênis. Com uma nítida relação com a cena de exposição sexual, a criança fantasia e diz ter visto o pênis dele duro como um bastão. Como a maioria das pessoas fariam, Grethe não deixa isso passar despercebido e no dia seguinte tenta investigar o assunto. Mas ela fez isso da forma mais errada possível, chamou um amigo para questionar Klara e ambos conduziram e induziram a garota a dar respostas que corroborassem com o suposto abuso.
Lucas não tem o menor espaço para se defender das acusações, pois ele sequer sabe o que a garota contou. Ele já é considerado culpado, pois no senso comum "criança não mente".
A mãe de Klara faz com que ela acredite que foi realmente abusada, pois mesmo confessando a mentira, é induzida a crer que está confusa e de que aquilo de fato aconteceu. Essa indução para confirmar o abuso sexual também acontece com outras crianças e todas passam a contar a mesma história de que foram violentadas.
Uma hipótese que levantei durante o filme e que vi também em outros comentários, é de que Klara foi realmente abusada. A cena do choro de seu irmão me pareceu de culpa, quer seja porque ele a violentava ou porque ele estava arrependido de ter lhe mostrado pornografia.
O mundo de Lucas vira um caos, e mesmo sendo inocentado pela polícia ele sofre a fúria de toda a cidade. O filme se passa em uma constante e intensa tensão, encerra mostrando que a desconfiança e as sequelas de uma ingênua fantasia de uma criança, irão atormentar Lucas para sempre.
Boa Sorte
3.6 438Durante todo o filme podemos perceber críticas bastante sutis sobre a invisibilidade na sociedade moderna, o consumo excessivo de medicamentos, questionamentos sobre a loucura, a nossa necessidade constante de acelerar e desacelerar a mente, e de estar no controle ao perder-se em descontrole.
A atuação da Deborah Secco é impecável, no semblante de sua personagem Judite podemos perceber quando ela vaga entre o estar entregue e permitindo-se vivenciar a sua paixão intensa por João, junto com o deparar-se com a realidade e com a morte.
Toda a cena e animação do diário de Judite é simplesmente linda e muito bem feita, mas quando ela está morrendo não gostei da atuação do João e isso enfraqueceu o drama da cena, pois teve um contraste muito grande entre as experiências dos atores.
Apesar de achar o filme leve e gostoso de assistir, a história também é clichê, carregada de frases feitas e bastante previsível. É um drama curtinho e dava para ter explorado mais a fundo os sentimentos dos protagonistas, os fazendo ter uma descoberta maior do outro e de si mesmo. Senti falta de um mergulho nos personagens e não só no romance.
Esse Amor Que Nos Consome
3.5 30"Minha cidade sonora de ventos e entrada do mar, coberta pelos gigantes edifícios, labirinto de paredes, salas, muros, quartos, saguões, banheiros, antenas e vozes.
Risos que duram um segundo e se apagam como se não valessem nada. Como se não tivesse sentido rir numa cidade tão grande, cidade que me escolheu para viver. É impossível saber em quantas velocidades diferentes ela se move.
Ferreira Gullar já dizia, há muitas velocidades em um só dia, e o dia não tem um único centro feito um caroço ou um sol. Desordenadamente gira, porque diferente desse sistema solar, a esse sistema não se sustém o sol e sim os corpos."
Esse Amor Que Nos Consome
3.5 30“A noite o tempo não passa, antes se dilui. A vida não escorre, nem se gasta.
A noite todos os fatos são pardos e a natureza fecha os olhos coloridos, guarda-se os bichos entre as pernas, põe as aves dentro dos frutos e imobiliza todas as águas
Assim muitas noites parecem uma só.
Em uma noite há muitas noites, mas de um modo diferente de como há dia nos dias
Como se o tempo ficasse parado junto com a escuridão e o cisco debaixo dos moveis e nos cantos da casa.
A noite nos faz crer que o tempo é um troço auditivo, num instante alguém pode ter impressão que o universo morreu, quando de fato a manhã está prestes a jorrar.”
Baixio das Bestas
3.5 397 Assista AgoraAcabei de ver Baixio das Bestas e estou com asco tão intenso, que ainda não consegui desfazer minha cara de nojo.
O que é de mais sujo e vulgar sempre causa espanto, horror, mas é intrigante saber que são coisas feitas por gente comum: por playboys, por um velho simples, por caminhoneiros, por trabalhadores braçais, por putas, por nós.
Não é realidade distante ou paralela, é que naturalizamos tanto a barbárie que é preciso vê-la no cinema, apresentada sem maquiagem para conseguir nos impressionar. Nós nos impactamos com algo “distante”, gastamos algumas horas nos debruçando nesse roteiro tão baixo. Mas tudo isso está ao nosso redor, está em nós mesmos... deveríamos viver espantados com os horrores desses nossos mundos reais.
Freud diz que temos uma tendência a ruindade e que somos cruéis, outrora já achei essa visão pessimista, mas saber que o filme é um retrato de histórias que inegavelmente acontecem e que não são atípicas, me faz compreender o que tem mais de vil na nossa humanidade e até concordar com ele.
O filme inteiro é um estupro.