O elemento em comum recorrente nas cenas, é o vazio. Corredores vazios, salas vazias, vidas vazias. É nítido o esforço do protagonista em recorrer a outros subterfúgios para não lidar com o próprio vazio, com suas raízes, preenchidas pela dor, a dor da perda, a violência nua e crua que vai se desmembrando perante todo o contexto que se apresenta. Quando se depara como professor substituto em uma instituição onde a juventude se encontra absurdamente perdida, os adultos enfrentando suas próprias batalhas, lidando com a sujeira em seus próprios umbigos, vão levando a criação desses jovens de maneira irresponsável. É um longa que faz remeter assim na figura do professor o “mito de sisifo” onde personagem, sisifo, empurra a pedra, homem condenado, dia após dia, elaborando o mesmo trabalho, carregando todo esse fardo nos ombros, um trabalho sem fim, sem resultados , sem perspectivas, preso pelas limitações do sistema, pela inacessibilidade e insensibilidade do humano. Nas imagens os semblantes emitem cansaço e fadiga advindos dessa sobrecarga de rolarem essa pedra, assim como sisifo, sozinhos. Solidão, melancolia e enfrentamento da dor são temáticas constantemente corriqueiras. O homem mediante um mundo desconexo e sem vida, vida dificilmente que vale a pena ser vivida sob o olhar das cenas que perpassam a tela. Eis a revolta, surge uma necessidade de um novo olhar a sua volta e ressignificar todo o seu passado, suas marcas, como uma maneira de seguir no presente. “Todos precisamos de alguma coisa para lidar com a complexidade da realidade”. O que afeta , o que se pode fazer emergir em meio ao caos, a luz, sempre há vida. Apesar dos pesares, que pesaram, é possível continuar? A palavra é revolta. Essa revolta interna que emerge, vêm cheia de vida, revolta essa para continuar a lutar pelo mundo que almeja, para reconstruir tudo aquilo que se perdeu, reiterar laços que um dia foram desfeitos, abrir velhas gavetas e organizar a bagunça. Essa obra é monumental, como espectadora absorvi tamanha experiência, transcende a tela, as palavras e a memória.
Remete as origens da mentalidade nazista... filme forte, atmosfera bizarra e preconceitos enraizados que nos fazem questionar sobre a pureza e inocência.
Que maravilha... cheio de peculiaridades que são apresentadas conforme a narração se segue, um momento que me marcou (além de outros tantos) é quando Mary a jovem universitária, escreve uma tese sobre o caso de Max e acaba conseguindo um aparente sucesso que se desmorona conforme recebe a desaprovação do próprio Max que se vê furioso com tal trabalho. Gera uma reflexão interessante, Mary se debruça em estudos sobre a deficiência e depois relata "e a esperança que um dia consigamos curá-la" não é uma doença sendo assim qual a necessidade de Mary em enfatizar a cura? Certo que há tratamento devido as dificuldades que alguns indivíduos com síndrome de Asperger enfrentam porém é possível levar uma existência sem recorrer a estigmas e imposições o que ultrapassa o postulado em sociedade, aquela fina linha que difere, o que é normal e o que não é. Apesar da distância, diferenças e similaridades, o vínculo que ambos estabeleceram através de cartas é muito próximo da mais singela pureza e beleza. "One way" todos temos o nosso caminho, importante questionar e identificar aquilo que o cerca, o de Max tinha fendas, cascas de bananas e bitucas de cigarro kk e em uma das tantas causalidades do universo encontrou Mary que o auxíliou em uma compreensão mais ampla sobre seu mundo e vice-versa, mesmo que tenha chegado a conclusão de que nós humanos somos realmente cheios de imperfeições e que não escolhemos nossos defeitos mas como ele faz parte de nós podemos conviver com eles.
E assim, me adentrei num abismo... kkkkkk O filme nos é apresentado pelo narrador, com a seguinte premissa: "Realidade... ela nos prende a um ciclo monótono e mortal. Toma conta de nossos sonhos e desejos com inúmeros obstáculos que se ligam entre si, com cruel ironia. Tentamos nos esconder dessas inescapáveis verdades com mentiras, como o cinema; usá-las como um escudo para fugir. Um abrigo para nos proteger das dificuldades incessantes jogadas em nossos caminhos. Certos filmes podem tentar absorver nossa energia negativa, em uma esperança de que talvez eles possam manter nossas mais obscuras emoções sob controle. Mas, infelizmente, somente a luz trêmula consegue pacificar nossos demônios por tanto tempo. E será impossível ignorar a realidade humana, muito mais terrível do que qualquer filme possa ter tentado retratar."
Traz uma questão dolorosa, a violência contra às mulheres. Me gerou uma mistura de sentimentos, sobretudo incômodo e tristeza. O título faz jus ao filme e a toda uma geração de mulheres que levam uma vida invisível perante uma estrutura que reproduz isso. E ao mesmo tempo, penso que a vida é também sobre recordar... apesar da ruptura na relação das duas irmãs, ainda notamos que suas histórias se cruzam sobremaneira, o que elas levam e mantêm de suas vivências enquanto ainda juntas, acaba moldando suas existências, a meu ver muito rica. É um filme também sobre amor, esperança e sonhos mas com a dura faceta na realidade. Enfim, gostei do filme e aliás o cinema nacional sempre me surpreende.
São notórios os diálogos como de costume... possuem uma simplicidade e profundidade brilhantes! Resgata essa espécie de busca (amor, felicidade) tão comum a todos nós e ao mesmo tempo tão custosa. A personagem principal se desloca constantemente em suas lembranças a tempos aureos de sua juventude e pureza, mostrando o quão bela, momentânea e marcante esta possa ser. Se torna evidente o processo de mudança e amadurecimento em cenas posteriores, as cicatrizes deixadas na personagem, o muro criado por ela para encobertar sua dor e de certa maneira a quebra do passado nostalgico a uma visão mais otimista sobre seu futuro, entretanto como dizia Shakespeare "Mas não murchará nunca o teu verão eterno, nem perderá jamais os encantos ingentes" em paralelo com o enredo do filme, creio que em nossa existência venhamos a recordar de experiências que são peças-chave onde reavermos de preservar até o nosso declinar.
O Substituto
4.4 1,7K Assista AgoraO elemento em comum recorrente nas cenas, é o vazio. Corredores vazios, salas vazias, vidas vazias. É nítido o esforço do protagonista em recorrer a outros subterfúgios para não lidar com o próprio vazio, com suas raízes, preenchidas pela dor, a dor da perda, a violência nua e crua que vai se desmembrando perante todo o contexto que se apresenta. Quando se depara como professor substituto em uma instituição onde a juventude se encontra absurdamente perdida, os adultos enfrentando suas próprias batalhas, lidando com a sujeira em seus próprios umbigos, vão levando a criação desses jovens de maneira irresponsável. É um longa que faz remeter assim na figura do professor o “mito de sisifo” onde personagem, sisifo, empurra a pedra, homem condenado, dia após dia, elaborando o mesmo trabalho, carregando todo esse fardo nos ombros, um trabalho sem fim, sem resultados , sem perspectivas, preso pelas limitações do sistema, pela inacessibilidade e insensibilidade do humano.
Nas imagens os semblantes emitem cansaço e fadiga advindos dessa sobrecarga de rolarem essa pedra, assim como sisifo, sozinhos. Solidão, melancolia e enfrentamento da dor são temáticas constantemente corriqueiras. O homem mediante um mundo desconexo e sem vida, vida dificilmente que vale a pena ser vivida sob o olhar das cenas que perpassam a tela. Eis a revolta, surge uma necessidade de um novo olhar a sua volta e ressignificar todo o seu passado, suas marcas, como uma maneira de seguir no presente. “Todos precisamos de alguma coisa para lidar com a complexidade da realidade”. O que afeta , o que se pode fazer emergir em meio ao caos, a luz, sempre há vida. Apesar dos pesares, que pesaram, é possível continuar? A palavra é revolta. Essa revolta interna que emerge, vêm cheia de vida, revolta essa para continuar a lutar pelo mundo que almeja, para reconstruir tudo aquilo que se perdeu, reiterar laços que um dia foram desfeitos, abrir velhas gavetas e organizar a bagunça. Essa obra é monumental, como espectadora absorvi tamanha experiência, transcende a tela, as palavras e a memória.
A Fita Branca
4.0 756 Assista AgoraRemete as origens da mentalidade nazista... filme forte, atmosfera bizarra e preconceitos enraizados que nos fazem questionar sobre a pureza e inocência.
Mary e Max: Uma Amizade Diferente
4.5 2,4KQue maravilha... cheio de peculiaridades que são apresentadas conforme a narração se segue, um momento que me marcou (além de outros tantos) é quando Mary a jovem universitária, escreve uma tese sobre o caso de Max e acaba conseguindo um aparente sucesso que se desmorona conforme recebe a desaprovação do próprio Max que se vê furioso com tal trabalho. Gera uma reflexão interessante, Mary se debruça em estudos sobre a deficiência e depois relata "e a esperança que um dia consigamos curá-la" não é uma doença sendo assim qual a necessidade de Mary em enfatizar a cura? Certo que há tratamento devido as dificuldades que alguns indivíduos com síndrome de Asperger enfrentam porém é possível levar uma existência sem recorrer a estigmas e imposições o que ultrapassa o postulado em sociedade, aquela fina linha que difere, o que é normal e o que não é.
Apesar da distância, diferenças e similaridades, o vínculo que ambos estabeleceram através de cartas é muito próximo da mais singela pureza e beleza.
"One way" todos temos o nosso caminho, importante questionar e identificar aquilo que o cerca, o de Max tinha fendas, cascas de bananas e bitucas de cigarro kk e em uma das tantas causalidades do universo encontrou Mary que o auxíliou em uma compreensão mais ampla sobre seu mundo e vice-versa, mesmo que tenha chegado a conclusão de que nós humanos somos realmente cheios de imperfeições e que não escolhemos nossos defeitos mas como ele faz parte de nós podemos conviver com eles.
Subconscious Cruelty
3.0 243E assim, me adentrei num abismo... kkkkkk
O filme nos é apresentado pelo narrador, com a seguinte premissa: "Realidade... ela nos prende a um ciclo monótono e mortal. Toma conta de nossos sonhos e desejos com inúmeros obstáculos que se ligam entre si, com cruel ironia. Tentamos nos esconder dessas inescapáveis verdades com mentiras, como o cinema; usá-las como um escudo para fugir. Um abrigo para nos proteger das dificuldades incessantes jogadas em nossos caminhos. Certos filmes podem tentar absorver nossa energia negativa, em uma esperança de que talvez eles possam manter nossas mais obscuras emoções sob controle. Mas, infelizmente, somente a luz trêmula consegue pacificar nossos demônios por tanto tempo. E será impossível ignorar a realidade humana, muito mais terrível do que qualquer filme possa ter tentado retratar."
Mártires
3.9 1,6KMartyrs evoca questões pertubadoras a nós, de uma maneira extremamente brutal, filme memorável, pesado.
A Vida Invisível
4.3 642Traz uma questão dolorosa, a violência contra às mulheres. Me gerou uma mistura de sentimentos, sobretudo incômodo e tristeza.
O título faz jus ao filme e a toda uma geração de mulheres que levam uma vida invisível perante uma estrutura que reproduz isso.
E ao mesmo tempo, penso que a vida é também sobre recordar... apesar da ruptura na relação das duas irmãs, ainda notamos que suas histórias se cruzam sobremaneira, o que elas levam e mantêm de suas vivências enquanto ainda juntas, acaba moldando suas existências, a meu ver muito rica. É um filme também sobre amor, esperança e sonhos mas com a dura faceta na realidade.
Enfim, gostei do filme e aliás o cinema nacional sempre me surpreende.
Nós
3.8 2,3KMais um filmão do Jordan Peele. Dilacerante e brutal!!
Juventude
4.2 82 Assista AgoraSão notórios os diálogos como de costume... possuem uma simplicidade e profundidade brilhantes! Resgata essa espécie de busca (amor, felicidade) tão comum a todos nós e ao mesmo tempo tão custosa. A personagem principal se desloca constantemente em suas lembranças a tempos aureos de sua juventude e pureza, mostrando o quão bela, momentânea e marcante esta possa ser. Se torna evidente o processo de mudança e amadurecimento em cenas posteriores, as cicatrizes deixadas na personagem, o muro criado por ela para encobertar sua dor e de certa maneira a quebra do passado nostalgico a uma visão mais otimista sobre seu futuro, entretanto como dizia Shakespeare "Mas não murchará nunca o teu verão eterno, nem perderá jamais os encantos ingentes" em paralelo com o enredo do filme, creio que em nossa existência venhamos a recordar de experiências que são peças-chave onde reavermos de preservar até o nosso declinar.