A questão é o amor. Já em seu primeiro comunicado aos cardeais, João Paulo III dita os caminhos de seu pontificado e, também, os da série como um todo. A apatia e a idolatria. A raiva e a paixão. O abuso, a pedofilia, a devoção, o sacrifício, a tirania, o medo, o peso, a leveza... Entre excessos e negações, deve-se buscar o caminho do meio.
Partindo disso, a série nos mostrará o amor em suas formas desviantes e exemplares. A submissão de Sofia ao marido corrupto: mal. A compaixão de Esther aos maltratados pela natureza: bom. O rancor de Assente por ter sido preterido: amor em seu aspecto negativo. O desprendimento de Gutierrez ao amar e deixar partir: sadio. A obsessão da esposa do médico com o filho doente: paralisante; sua transformação final com a chegada de uma nova criança: redenção maternal. O fanatismo por Lenny Belardo: danoso. A piedade de Pio XIII aos seus devotos: edificante. A culpa mortificante de Brannox pela perda do amor fraternal: depressora; o desligamento com uma realidade que não lhe era própria: libertadora. E por aí vai.
O problema, contudo, é que "O novo papa" não soube construir de maneira orgânica tudo isso que nos apresentou. Os personagens foram severamente alterados em relação à primeira temporada, de modo que até mesmo suas atuações ficaram comprometidas. As mulheres foram pessimamente retratadas: se anteriormente havia uma sutil (ou intelectual) sensualidade no ar, aqui descambamos para uma exploração sexual vulgar de seus corpos. Enquanto Pio XIII havia sido abordado em profundidade, João Paulo III parece um coadjuvante em sua própria história. As freiras são imbecis, ainda mais pela solução dada para seus dilemas.
Enfim... em quase nove horas de série, eles não conseguiram desenvolver a história, destruíram os personagens e, quanto aos diálogos, em dois ou três momentos alcançou a mesma qualidade de "O jovem papa" - o resto atingiu o ridículo completo ou se mostrou uma mera sombra, um simulacro da temporada anterior. Considerando o nível de produção e os realizadores envolvidos, não tenho dúvidas de que esta série é a pior que já assisti, infelizmente.
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O Novo Papa
4.1 22A questão é o amor. Já em seu primeiro comunicado aos cardeais, João Paulo III dita os caminhos de seu pontificado e, também, os da série como um todo. A apatia e a idolatria. A raiva e a paixão. O abuso, a pedofilia, a devoção, o sacrifício, a tirania, o medo, o peso, a leveza... Entre excessos e negações, deve-se buscar o caminho do meio.
Partindo disso, a série nos mostrará o amor em suas formas desviantes e exemplares. A submissão de Sofia ao marido corrupto: mal. A compaixão de Esther aos maltratados pela natureza: bom. O rancor de Assente por ter sido preterido: amor em seu aspecto negativo. O desprendimento de Gutierrez ao amar e deixar partir: sadio. A obsessão da esposa do médico com o filho doente: paralisante; sua transformação final com a chegada de uma nova criança: redenção maternal. O fanatismo por Lenny Belardo: danoso. A piedade de Pio XIII aos seus devotos: edificante. A culpa mortificante de Brannox pela perda do amor fraternal: depressora; o desligamento com uma realidade que não lhe era própria: libertadora. E por aí vai.
O problema, contudo, é que "O novo papa" não soube construir de maneira orgânica tudo isso que nos apresentou. Os personagens foram severamente alterados em relação à primeira temporada, de modo que até mesmo suas atuações ficaram comprometidas. As mulheres foram pessimamente retratadas: se anteriormente havia uma sutil (ou intelectual) sensualidade no ar, aqui descambamos para uma exploração sexual vulgar de seus corpos. Enquanto Pio XIII havia sido abordado em profundidade, João Paulo III parece um coadjuvante em sua própria história. As freiras são imbecis, ainda mais pela solução dada para seus dilemas.
Enfim... em quase nove horas de série, eles não conseguiram desenvolver a história, destruíram os personagens e, quanto aos diálogos, em dois ou três momentos alcançou a mesma qualidade de "O jovem papa" - o resto atingiu o ridículo completo ou se mostrou uma mera sombra, um simulacro da temporada anterior. Considerando o nível de produção e os realizadores envolvidos, não tenho dúvidas de que esta série é a pior que já assisti, infelizmente.