Lawanda

Fiquei surpresa ao encontrar aqui tantas críticas negativas do filme. Achei de muita delicadeza! Vejo o comportamento do menino como uma forma (natural e própria) de lidar com os conflitos de dividir o espaço (físico e social) com o outro que agora, ao seu ver, recebe mais investimento que ele. Mais interessante ainda foi o modo bastante criativo de lidar com esses conflitos: através do contato com objetos-pessoas de sua história, sem as quais nada daquilo seria possível ou com as quais visitava-se as possibilidades do futuro. Muito interessante!

Entendo que, às vezes, simplesmente não gostamos de determinadas coisas, mas temos que ter cuidado ao avaliar ou rotular. Sou meio suspeita para falar de Luiz Fernando, mas eis porque gosto tanto dele: é comum, atualmente, a preferência pelo que está fácil, mastigado, óbvio e superficial. Quase ninguém anseia pela busca da essência, do conhecimento e do que não está explícito. Perdeu-se a ingenuidade e simplicidade no moderno e rápido. Tudo o que Luiz Fernando faz não está mastigado! Ele quer que vc entenda, perceba e saboreie. Meu Pedacinho de Chão é boa pela atuação dos atores (nem todos, é claro), pela essência do teatro envolvida, pelo rico e trabalhoso cenário e vestimentas, pela trilha sonora escolhida cuidadosamente, pelas filmagens, efeitos e ângulos que só o Luiz sabe dirigir, entre muitas outras qualidades. As novelas da atualidade são baseadas em audiência: escolhem qualquer ator, a música que provavelmente fará sucesso (talvez uma dançante), a história que causará mais polêmicas para que as pessoas comentem etc..

Dá pra sentir a tristeza que ele guarda até hoje pela falta da esposa...