Concorre a Melhor Filme Estrangeiro, mas merece menção porque é mais complexo e desafiador que os aspirantes ao prêmio principal. Na minha inóspita opinião, é claro.
Marina é uma mulher trans. Quando seu parceiro morre, a personagem se vê diante da cegueira da raiva e preconceito da família dele. Marina luta por seu direito de sofrer - com a mesma energia ininterrupta que luta para ser aceita pela sociedade.
A atriz Daniela Vega é cativante na escalada dramática de uma personagem que vive a pior semana de sua vida. Em alguns momentos extremamente vulnerável com as ameaças e provocações da família do parceiro. Em outros, resistente e segura, porém sem exageros caricatos. Aqui não tem jornada do herói.
É aí que está o grande mérito de UMA MULHER FANTÁSTICA: o filme não opta pelo caminho simplório do melodrama. É simples e direto: menos é mais. O resultado é o retrato de uma vida que pode ser difícil ou injusta, mas também (como vemos nessas cenas iniciais) maravilhosa. A vida real.
Vale informar que o diretor e roteirista - Sebastián Lelio e Gonzalo Maza – trouxeram as experiências da própria Daniela Vega como uma mulher trans e moldaram a trama em torno delas.
Uma obra sobre autoafirmação e um estudo complexo sobre as nuances de identidade. Tal profundidade, muitas vezes, é substituída por um espetáculo surrealista, usado para aliviar a angustia de ver a personagem principal cada vez mais sozinha e desprotegida.
Em suma, um filme necessário para nossa sociedade que insiste em eleger os “diferentes” e empurrá-los as margens a espera que se contentem com um status invisível e de segunda classe.
Muito me agrada o intercâmbio de gêneros no cinema. Aqui, no caso, um mix de contos de fada com os antigos filmes de monstro. Praticamente um A Bela e a Fera contemporâneo.
A criatura de Guilherme Del Toro é uma referência direta ao Monstro da Lagoa Negra, clássico de 1954. Pra um cinéfilo de plantão, muitas outras referências vão saltar aos olhos.
Uma obra feita de cores vivas e sombras profundas onde elementos fantásticos são contrastados com virtudes políticas de maneira primorosa. Ao final, ficou uma sensação acachapante: uma obra completa.
Os contornos da história são bem conhecidos. Tudo sucede quando a Alemanha está prestes a invadir a Grã-Bretanha durante a Segunda Guerra Mundial. No meio do turbilhão, Winston Churchill (Gary Oldman) toma posse do cargo de Primeiro Ministro com intuito de impedir que a terra da rainha seja invadida e deflorada pelo exército de Hitler.
O filme é parado, quase estático, retratando uma guerra que o espectador nunca vê de fato. Tudo acontece nos bastidores. O roteiro é um problema sério porque foca em Churchill a exaustão. Com isso, deixa personagens promissores em segundo plano. As atuações de Kristin Scott Thomas, como a irônica esposa de Churchill, e Lily James, como a escrivã do Primeiro Ministro, são exemplos claros de tal displicência.
Algumas cenas usadas como alívio cômico ajudam a tirar o peso e o tédio da reconstrução do período, mas falta carisma e viradas mais satisfatórias. Em muitos momentos, me senti em uma interminável aula de história.
Mas o que realmente vale o ingresso é o trabalho magistral de Gary Oldman como Winston Churchill. Oldman, auxiliado por uma maquiagem com grandes chances de levar a estatueta, abraça o papel com um prazer quase palpável. O ator está claramente se divertindo.
Além dar vida ao lado mais dramático do personagem, a atuação de Oldman se destaca também pelos momentos mais silenciosos: uma respirada mais profunda, um gole no uísque, um fungada no charuto. Isso somado ao sarcasmo e intensidade do personagem devem dar a estatueta ao ator.
Seu grande mérito é manter o espectador com os olhos pregados na tela sem o uso de plot twists. A narrativa é direta e reta, algo raro em uma Hollywood cada vez mais pasteurizada. O roteiro é muito, muito bom. Merecida a indicação a estatueta. E só.
De resto, é a velha história da garota que cresce e precisa enfrentar as mandíbulas do mundo. Nada de novo. Aquela temática ~mamãe quero ser indie~ que, a mim, não engana. É o Boyhood da vez.
Esperei anos pela continuação do ótimo A MALDIÇÃO DE CHUCKY e o resultado foi desastroso, horrível, péssimo, pífio. Poderia ficar aqui citando adjetivos até o fim da vida. Mas não vou perder mais tempo além dos 90 minutos que o filme me tirou.
Mais um terror vazio, sem nada a acrescentar. Daqueles que entram para o hall de filmes do gênero que contam com o mesmo personagem principal: a estupidez humana.
Os personagens não tem desenvolvimento. Estão ali para morrer e pronto. Alguns deles, como o paciente com múltiplas personalidades e o Dr. Foley, tem até potencial. Mas pecam quando, diante do terror, tomam atitudes esdruxulas e inverossímeis até mesmo para um filme do gênero.
Se fosse apenas esse o problema, estaria tudo certo. Mas neste novo capítulo da franquia, conseguiram a proeza de acabar com um personagem tão singular quanto o Chucky. Algo que eu julgava impossível na mão de seu criador, Don Mancini.
O que me deixa mais puto é que o filme anterior tinha levado a franquia a bons rumos. Agora nem as piadas irônicas e escrachadas funcionam mais no boca do boneco. Nica perdeu a graça e o carisma, tornando-se uma personagem extremamente fraca, vulnerável e suscetível a mudanças de opinião. Algo, digamos, fora de contexto para uma ~scream queen~.
Outra coisa: cadê o suspense? Nos outros capítulos era algo usado como artigo primoroso. Pouco a pouco o boneco ia entrando em cena, até que, quando menos se esperava, boom. O terror era irreversível.
Em O CULTO DE CHUCKY a trama enche linguiça por 1h, entregando tudo sempre de bandeja. Chucky, muitas vezes, só está lá para fazer micagens sem sentido. As cenas que melhor funcionam com ele só as chupadas (na cara dura) dos filmes anteriores. What a shame, Don Mancini. Esqueceu que o senso de humor peculiar é 50% do personagem? Ele (o senso de humor) até aparece, mas de maneira exagerada e posta em diálogos horríveis.
Quando finalmente o roteiro começa a explicar o que é o tal CULTO, tive um fio de esperança. Mas a maneira preguiçosa e desleixada que juntaram o quebra-cabeça é para judiar de qualquer inteligência com mais de dois neurônios. Eu vi a resolução do clímax pensando: “Chucky, o que fizeram com você?”. Se não pensaram em resolver o conflito principal de uma maneira minimamente plausível, imagina o resto. O roteiro é nível filme de criança.
A única coisa que salva é o gore e os antigos personagens que voltam (mesmo de maneira apagada). Muito pouco para uma obra que, pelo menos pra mim, já foi a melhor franquia de horror de todos os tempos. Mas os tempos mudam. E os verdadeiros clássicos saem de moda, sim. Para que tá feio, Don Mancini. Reinventa tudo numa série de TV.
nunca tinha visto um filme venezuelano. uma experiência muito diferente do que estamos acostumados. as relações de hierarquia, classe social e sexualidade são abordadas de maneira fria, quase documental.
tudo é sugerido de maneira extramente sutil, colocando o espectador na mesma situação dos personagens. tornando sua descoberta ainda mais fascinante. viva o cinema que se reinventa e não repete velhos clichês.
Achei um final digno. Merecido depois de quase 20 anos de espera. Claro que os efeitos CGI são bizarros, mas dá pra relevar. O lance de focar na paranoia do Reggie também foi compreensível, a julgar pela idade avançada de todo o elenco. O Tall Man foi usado de maneira inteligente.
[spoiler][/spoiler] Gostei muito do lance da demência. Assim como no final do primeiro filme, fica a dúvida se aquilo é real ou fantasia de criança. Aqui, o roteiro inverte, trazendo Reggie pra situação de ~vitima~.
Claro que esperava mais, mas sei que a franquia nunca foi das mais investidas. Será eterna e nossos corações.
Acabei de ver “Goodnigth Mommy” e tenho que assumir que o filme é bem acima de média. Mas também não acho que seja essa obra prima que tem sido chamada até de novo “Iluminado” (!!!), “neo-clássico” (da onde surgiu este termo?) e blá blá blá. O conjunto da obra é incrível realmente, mas acho que clássico é um termo que se conquista com o tempo. Quem sabe daqui umas décadas. Mas volto a dizer, o filme é do caralho. E merece a atenção que tem tido, afinal, estamos no gênero mais desgastado de todos atualmente, o terror.
É fato que o trailer que pipocou nas redes e viralizou é extremamente bem montado, mas não se engane, o filme ainda trará surpresas e tem muita novidade em 1 hora e 40 minutos de duração. A ausência de trilha sonora e a lentidão proposital preparam para um final sádico e eletrizante que vai pegar de jeito os fãs do gênero. A lentidão, aliás, possibilita uma experiência visual mais apurada, em que a beleza daquela casa deserta, do milharal e dos eucaliptos contrastam com a desconfiança dos gêmeos com a mãe a cada cena. Aí é que o terror psicológico começa a se instalar e, pouco a pouco, “Goodnigth Mommy” vai chegando ao seu clímax memorável.
O roteiro é engenhoso e, pelo menos comigo, conseguiu manter o mistério até os minutos finais, quando é revelado de fato. Quando o filme acabou, pensei: “nossa eu deveria ter percebido isso”. E essa é beleza do cinema: surpreender. “Goodnigth Mommy” é filme dentro de vários filmes, que tem ritmo e se transforma sem pressa, num experiência visual absurda e complexa sobre a convivência humana. Nessa atual safra de filmes do gênero, uma obra feita para assistir agradecendo de joelhos.
Você lê o título e o ano em que esse filme foi feito e já pensa automaticamente ser mais um do amontoado de filmes slasher’s que vieram na onda Sexta-Feira 13 no começo dos anos 80.
Aquele do assassino indestrutível, dos gritos, do sangue e cabeças rolando a película inteira. Está certo. Mas só pelo fato desse ser um filme de horror produzido e dirigido por Amy Holden (uma mulher!), já merece no mínimo ser discutido, diferente de suas continuações (com exceção da parte 2 que é bem trash-engraçada) que são péssimas.
É difícil ver uma mulher produzindo, quanto mais dirigindo um filme do gênero. Aqui temos os dois exemplos.
O roteiro é assinado por Rita Mae Brown outra mulher, uma escritora de histórias de mistérios com uma tendência feminista, seus romances geralmente tem lesbianismo e muito fetishe. Picante, né?
Um slasher feito com um toque feminino, pois já saiba de bate-pronto que não tenta a nenhum instante ser bonitinho. Pelo contrário.
Slumber Party Massacre é um filme divertido, se você encará-lo como tal, se levar em conta a época em que foi feito e para qual público.
É uma película que se leva a sério até assustando algumas vezes quando foge do “susto-fácil” e nas fortes investidas da trilha sonora juntamente com o barulho da furadeira do assassino na carne dos pobres jovens, por outro lado é aquele tipo completamente previsível e que se você procurar falhas vai encontrar certamente.
Valeu ver uma mulher a frente de um trabalho tão sangrento, apesar de ficar aquela impressão que faltou um pouco mais de suspense, tudo é jogado na cara do espectador sem dó, o mesmo feijão com arroz de sempre, porém inferior aos mestres Jason, Leatherface e Michael Myers. Mas vale a diversão, afinal o filme tem todos os ingredientes de anos 80 e dos slasher’s movies.
Ainda vejo esse filme com um certo charme. Feminino? Por que não...
Ah, o humor do cinema do anos 90... a década que começou com comédias pouco (ou nada) engraçadas como “Edward Mãos de Tesoura” e “Uma Linda Mulher” - filmes feitos com o único intuito de lucrar, que vieram no embalo dos anos 80, mas não chegando nem perto de filmes do final da década anterior como “Os Fantasmas de divertem”.
O que foi feito para tentar inovar (e não deu certo), ou as histórias românticas colegiais que se eternizaram no anos 80 (e voltaram nos 90) chegram a um certo limite. Então começam a aparecer produções interessantes, como “Quanto mais idiota melhor” e sua divertidíssima continuação “Quanto mais idiota melhor 2”.
Em 1993 também vimos coisas boas como “ A Família Buscapé”, uma autêntica gozação ao "american way of life". O que falar então do surgimento de Jim Carrey? Em 1994, com “O Máscara” , o personagem Stanley Ipkiss e seu cachorro Milo viraram até desenho depois do sucesso do filme. E é bom lembrar que, antes mesmo do “Máscara”, e no mesmo ano de 1994, Jim Carrey fez o excelente “Ace Ventura – Detetive de Animais “ (Ace Venture, pet detective, EUA, 1994), uma das melhores comédias da década que ganhou uma continuação, também esplêndida.
Outro ator cômico que se consagraria na metade da década de 90, não muito longe dali, no ano de 1995, foi o hoje rei-do-blockbuster Adam Sandler. Com “Billy Madison- Um herdeiro bobalhão” –diga-se de passagem horrível o título nacional- o modelo paspalhão estava de volta, agora ao extremo. O próprio Sandler participou do filme "Cônicos e Cômicos" e “Os Cabeça de Vento” (Airheads,EUA, 1994), primores da década.
Mas, vamos ao Peste. Um alemão nazista querendo caçar um latino que, se sobreviver 24 horas, vai ganhar US$ 50 mil. E o mesmo latino deve os mesmos US$ 50 mil à máfia escocesa (!!!). Parece um enredo que pode dar liga, ainda mais dado o gênero de comédias escatológicas da segunda metade dos anos 90?
Acho que sim, mas não é o que acontece, o filme é apelativo demais.
A ideia mal aproveitada em "O Peste" era o fim de uma era. No final dos anos 90 vierem filmes modernosos e metidos a diferentes como “Quem vai ficar com Mary?” um filminho até que divertido sobre as relações humanas, onde não vejo nada de inovador, é apenas engraçadinho, o mesmo digo de “Shakespeare Apaixonado” (Shakespeare in Love,1998) que incrivelmente ganhou o Oscar de melhor filme (!!!).
Taí um filme que sempre adiei para ver, todo mundo buzinava na minha orelha dizendo que era do caralho, insano e um dos melhores filmes de serial-killers da história.
Verdade, “Psicopata Americano” é um filmaço. Adaptado de um romance de Bret Easton Ellis, “American Psycho”, narra a vida de Patrick Bateman, um filhinho de papai que frequenta os melhores restaurantes de NY, usa as roupas mais caras, tem mais cremes hidratantes que a Monique Evans e tem como principal hobby, junto com seus amiguinhos, ver quem tem o mais estilizado cartão de visitas (!!!).
Apesar de ter tudo, Bateman, sente-se vazio e encontra a solução dos seus problemas matando. Ele assassina suas vítimas ouvindo Phill Collins entre outras músicas dignas de um Yuppie e o engraçado é ver tantos artigos de luxo (mostrados a exaustão no começo do filme) dividirem espaço com facas, serras elétricas, entre outros artigos de Filmes-B.
Muito original a ideia dessa obra que mistura humor, cinismo, sangue e muita criatividade na melhor atuação da carreira do até então futuro Batman - Christian Bale.
Sem esquecer da crítica visível a alta e vazia sociedade norteamericana (e porque não mundial) mostrando que dinheiro não compra amor, gratidão entre outros tantos sentimentos.
“Eu Matei Lúcio Flávio” é um filme histórico, obrigatório para qualquer cinéfilo de plantão. Obrigatório porque é um dos filmes mais imorais, violentos e sádicos já feito nesse Brasilzão doido. E mais: tem Jece Valadão no papel principal. O que transforma qualquer filme, num GRANDE FILME.
E esse é, sem sombra de dúvida, um grande filme, daqueles que realmente surpreendem o espectador. O roteiro tem suas falhas, sim. Mas nada que ofusca o brilhantismo da obra. E que obra!
Dirigido por Antonio Calmon (hoje roteirista de novelas chinfrins da Rede Bobo) o filme narra de maneira romanceada a história real do policial Mariel Maryscötte de Mattos. Uma figura que não saia das páginas policiais no Rio de Janeiro da década de 70, integrante do famoso Esquadrão da Morte da polícia carioca.
Com uma mensagem extremamente ultra-direitista, o lema “bandido bom é bandido morto” aqui é levado a sério e vai além disso. Porém, não se engane e não assista ao filme com um “certo preconceito”, faça o contrário, assista-o analisado friamente à época em que foi produzido. E ainda, tendo em vista que esse é, de fato, um bom policial nacional. Lembre-se que atualmente surgem coisas como exemplo o bisonho “Segurança Nacional” que a crítica definiu como “o maior desastre do cinema nacional dos últimos tempos.”
"Eu Matei Lúcio Flávio" também foi produzido por Jece Valadão, que era amigo pessoal de Mariel, o que além do talento, ajudou a tornar a sua atuação um primor. Confesso que conheço pouco da trajetória de Jece, mas o que venho descobrindo para fazer esse artigo já é mais do que suficiente para me tornar seu fã de carterinha.
Sem mais delongas, estamos diante de uma obra pró-Estado, facista e imoral. Com música brega, muito sexo, sangue e violência. O que, por incrível que pareça, dá certo e empolga. E, para quem quer saber mais sobre a época e Mariel, recomendo o livro: “Barra Pesada” do jornalista Octavio Ribeiro que faz uma releitura da criminalidade no Brasil - passando pela época do nosso querido Mariel. Vale a pena.
Esse é o adjetivo para descrever o belga Jean-Claude Van Damme numa atuação nunca antes vista, vivendo ele mesmo. Isso mesmo. A história mostra a decadência do ator refletida no seu cansaço, forma física e em sérios problemas como a perda da guarda da sua filha.
Portador de uma fotografia cinzenta, muitas vezes incolor, ”JVCD” é um drama forte e com personalidade do começo ao fim. Já imaginou Van Damme num filme assim? Nem eu.
O resultado dessa “loucura” é sublime e se você não gostar, vai pelo menos ver uma obra completamente diferente de todas que o mestre do filmes de pancada já encarnou e só por isso “JVCD” já vale a exibição.
Quem diria que o astro de filmes como “Timecop” (“Guardião do Tempo” no Brasil) e “Grande Dragão Branco”, obras essas com grande aceitação popular e exibidas exatas 4300.857 vezes na TV aberta estrelaria uma película tão próxima da realidade como essa.
Se você é daqueles fãs xiitas de filmes de vampiros e ainda não viu "Sede de Sangue”, então faça qualquer loucura para encontrar essa jóia rara que merece um destaque especial.
Li algumas críticas por aí e vi que meus amigos analistas cinematográficos em sua grande maioria, classificaram essa obra como multi-gênero. Pois bem, vou totalmente na contramão, porque além de “Sede de Sangue” ser um filme único, na minha visão, criou um gênero único também.
Os takes do diretor sul-coreano Park Chon-wook (diretor do comentado “Oldboy”) são esplendidos, a câmera também é um personagem da trama, só falta conversar com os personagens, os seus movimentos é que dão velocidade, conversando simetricamente com os diálogos e ações.
Esse estilo é a marca de Park, mas diferente de “Oldboy” e suas outras obras, aqui o diretor brinca com o fantástico de maneira vezes lúdica, vezes doentia. Algo que ele realmente nunca havia feito, e eu gostei muito.
Cenas fortes são uma constante nos filmes do diretor sul-coreano, por isso, para quem gosta, “Sede de Vingança” é um prato cheio com direito a entrada e sobremesa.
O vampirismo é tratado de maneira carnal e erótica, impossível não sentir um clima perturbador desde que a fita começa a rolar. Os sugadores de sangue são mostrados de um jeito que eu nunca tinha visto antes. Um filme realmente surpreendente.
Você sabe o que é metalinguagem? É o ato de usar uma linguagem para falar dela mesma ou, no caso de um filme, seria uma película que discute o próprio cinema ou sua própria criação.
“Cantando na Chuva” faz uma experiência memorável que mostra, de maneira muito divertida, a transição do cinema mudo para o falado. “Cinema Paradiso” leva à tela um jeito belo e poético de falar sobre todo o encantamento que o cinema traz às pessoas. “A Sombra do Vampiro” é um filme dentro do filme no qual, após não conseguir os diretos de “Drácula”, de Bram Stoker, o diretor decide mudar o nome do protagonista e local onde se passa a história para ir em frente com seu projeto.
Porém, o melhor e mais claro exemplo de metalinguagem no cinema é sem dúvida “Adaptação".
É muito difícil escrever sobre um filme tão complexo como esse, cheio de sutilezas e armadilhas conceituais. O que posso dizer que é um filme que deve ser tratado como experiência.
Imagine a cena: um criado daqueles bem clichê de filmes B dos anos 50, que canta ópera e mata quem se colocar no caminho do patrão (que, no caso, é um cientista maluco) e uma múmia serial-killer. Agora imagine tudo isso rodeado de seios, bundas e todos os elementos pornochanchadísticos...
Imaginou?
Agora, visualize isso tudo se passando no Rio de Janeiro da década de 50. Melhorou?
Então é isso (e mais um pouco) o que se passa em “O Segredo da Múmia” (Idem, Bra, 1982), esse clássico do cinema –sem noção- nacional que foi esquecido e nunca lançado em DVD, sobrando cópias apenas para garimpeiros de podreiras de plantão, o que é uma pena e um verdadeiro desperdício cultural. Ivan Cardoso criou esse universo mágico citado acima em 1982, com o seu “Segredo da Múmia”, consolidando-se assim como inventor e mestre do “terrir”.
Para quem não sabe o “terrir” é um sub-gênero que surgiu nos anos 80 (oh, época boa!!!) como nada menos que uma bela desculpa para dar risada e ultrapassar o limite do nonsense, tudo com muita mulher gostosa, defeitos especiais e falhas escabrosas no roteiro. Tem coisa mais linda?
Seguindo essa linha “O Segredo da Múmia” é uma obra cheia de momentos unânimes, irreverentes e divertidíssimos. Afinal, uma múmia no Brasil não pode ser menos que isso.
Uma Mulher Fantástica
4.1 422 Assista AgoraConcorre a Melhor Filme Estrangeiro, mas merece menção porque é mais complexo e desafiador que os aspirantes ao prêmio principal. Na minha inóspita opinião, é claro.
Marina é uma mulher trans. Quando seu parceiro morre, a personagem se vê diante da cegueira da raiva e preconceito da família dele. Marina luta por seu direito de sofrer - com a mesma energia ininterrupta que luta para ser aceita pela sociedade.
A atriz Daniela Vega é cativante na escalada dramática de uma personagem que vive a pior semana de sua vida. Em alguns momentos extremamente vulnerável com as ameaças e provocações da família do parceiro. Em outros, resistente e segura, porém sem exageros caricatos. Aqui não tem jornada do herói.
É aí que está o grande mérito de UMA MULHER FANTÁSTICA: o filme não opta pelo caminho simplório do melodrama. É simples e direto: menos é mais. O resultado é o retrato de uma vida que pode ser difícil ou injusta, mas também (como vemos nessas cenas iniciais) maravilhosa. A vida real.
Vale informar que o diretor e roteirista - Sebastián Lelio e Gonzalo Maza – trouxeram as experiências da própria Daniela Vega como uma mulher trans e moldaram a trama em torno delas.
Uma obra sobre autoafirmação e um estudo complexo sobre as nuances de identidade. Tal profundidade, muitas vezes, é substituída por um espetáculo surrealista, usado para aliviar a angustia de ver a personagem principal cada vez mais sozinha e desprotegida.
Em suma, um filme necessário para nossa sociedade que insiste em eleger os “diferentes” e empurrá-los as margens a espera que se contentem com um status invisível e de segunda classe.
A Forma da Água
3.9 2,7KMuito me agrada o intercâmbio de gêneros no cinema. Aqui, no caso, um mix de contos de fada com os antigos filmes de monstro. Praticamente um A Bela e a Fera contemporâneo.
A criatura de Guilherme Del Toro é uma referência direta ao Monstro da Lagoa Negra, clássico de 1954. Pra um cinéfilo de plantão, muitas outras referências vão saltar aos olhos.
Uma obra feita de cores vivas e sombras profundas onde elementos fantásticos são contrastados com virtudes políticas de maneira primorosa. Ao final, ficou uma sensação acachapante: uma obra completa.
O Destino de Uma Nação
3.7 722 Assista AgoraOs contornos da história são bem conhecidos. Tudo sucede quando a Alemanha está prestes a invadir a Grã-Bretanha durante a Segunda Guerra Mundial. No meio do turbilhão, Winston Churchill (Gary Oldman) toma posse do cargo de Primeiro Ministro com intuito de impedir que a terra da rainha seja invadida e deflorada pelo exército de Hitler.
O filme é parado, quase estático, retratando uma guerra que o espectador nunca vê de fato. Tudo acontece nos bastidores. O roteiro é um problema sério porque foca em Churchill a exaustão. Com isso, deixa personagens promissores em segundo plano. As atuações de Kristin Scott Thomas, como a irônica esposa de Churchill, e Lily James, como a escrivã do Primeiro Ministro, são exemplos claros de tal displicência.
Algumas cenas usadas como alívio cômico ajudam a tirar o peso e o tédio da reconstrução do período, mas falta carisma e viradas mais satisfatórias. Em muitos momentos, me senti em uma interminável aula de história.
Mas o que realmente vale o ingresso é o trabalho magistral de Gary Oldman como Winston Churchill. Oldman, auxiliado por uma maquiagem com grandes chances de levar a estatueta, abraça o papel com um prazer quase palpável. O ator está claramente se divertindo.
Além dar vida ao lado mais dramático do personagem, a atuação de Oldman se destaca também pelos momentos mais silenciosos: uma respirada mais profunda, um gole no uísque, um fungada no charuto. Isso somado ao sarcasmo e intensidade do personagem devem dar a estatueta ao ator.
Lady Bird: A Hora de Voar
3.8 2,1K Assista AgoraSeu grande mérito é manter o espectador com os olhos pregados na tela sem o uso de plot twists. A narrativa é direta e reta, algo raro em uma Hollywood cada vez mais pasteurizada. O roteiro é muito, muito bom. Merecida a indicação a estatueta. E só.
De resto, é a velha história da garota que cresce e precisa enfrentar as mandíbulas do mundo. Nada de novo. Aquela temática ~mamãe quero ser indie~ que, a mim, não engana. É o Boyhood da vez.
Amores Canibais
2.4 393 Assista AgoraKeanu Reeves aka Pablo Escobar
Amores Canibais
2.4 393 Assista Agoramais um exemplo de que no cinema atual vale mais o trailer do que o filme.
O Culto de Chucky
2.3 611 Assista AgoraEsperei anos pela continuação do ótimo A MALDIÇÃO DE CHUCKY e o resultado foi desastroso, horrível, péssimo, pífio. Poderia ficar aqui citando adjetivos até o fim da vida. Mas não vou perder mais tempo além dos 90 minutos que o filme me tirou.
Mais um terror vazio, sem nada a acrescentar. Daqueles que entram para o hall de filmes do gênero que contam com o mesmo personagem principal: a estupidez humana.
Os personagens não tem desenvolvimento. Estão ali para morrer e pronto. Alguns deles, como o paciente com múltiplas personalidades e o Dr. Foley, tem até potencial. Mas pecam quando, diante do terror, tomam atitudes esdruxulas e inverossímeis até mesmo para um filme do gênero.
Se fosse apenas esse o problema, estaria tudo certo. Mas neste novo capítulo da franquia, conseguiram a proeza de acabar com um personagem tão singular quanto o Chucky. Algo que eu julgava impossível na mão de seu criador, Don Mancini.
O que me deixa mais puto é que o filme anterior tinha levado a franquia a bons rumos. Agora nem as piadas irônicas e escrachadas funcionam mais no boca do boneco. Nica perdeu a graça e o carisma, tornando-se uma personagem extremamente fraca, vulnerável e suscetível a mudanças de opinião. Algo, digamos, fora de contexto para uma ~scream queen~.
Outra coisa: cadê o suspense? Nos outros capítulos era algo usado como artigo primoroso. Pouco a pouco o boneco ia entrando em cena, até que, quando menos se esperava, boom. O terror era irreversível.
Em O CULTO DE CHUCKY a trama enche linguiça por 1h, entregando tudo sempre de bandeja. Chucky, muitas vezes, só está lá para fazer micagens sem sentido. As cenas que melhor funcionam com ele só as chupadas (na cara dura) dos filmes anteriores. What a shame, Don Mancini. Esqueceu que o senso de humor peculiar é 50% do personagem? Ele (o senso de humor) até aparece, mas de maneira exagerada e posta em diálogos horríveis.
Quando finalmente o roteiro começa a explicar o que é o tal CULTO, tive um fio de esperança. Mas a maneira preguiçosa e desleixada que juntaram o quebra-cabeça é para judiar de qualquer inteligência com mais de dois neurônios. Eu vi a resolução do clímax pensando: “Chucky, o que fizeram com você?”. Se não pensaram em resolver o conflito principal de uma maneira minimamente plausível, imagina o resto. O roteiro é nível filme de criança.
A única coisa que salva é o gore e os antigos personagens que voltam (mesmo de maneira apagada). Muito pouco para uma obra que, pelo menos pra mim, já foi a melhor franquia de horror de todos os tempos. Mas os tempos mudam. E os verdadeiros clássicos saem de moda, sim. Para que tá feio, Don Mancini. Reinventa tudo numa série de TV.
De Longe Te Observo
3.4 86nunca tinha visto um filme venezuelano. uma experiência muito diferente do que estamos acostumados. as relações de hierarquia, classe social e sexualidade são abordadas de maneira fria, quase documental.
tudo é sugerido de maneira extramente sutil, colocando o espectador na mesma situação dos personagens. tornando sua descoberta ainda mais fascinante. viva o cinema que se reinventa e não repete velhos clichês.
vale muito a experiência.
Fantasma: Devastador
2.7 51Achei um final digno. Merecido depois de quase 20 anos de espera. Claro que os efeitos CGI são bizarros, mas dá pra relevar. O lance de focar na paranoia do Reggie também foi compreensível, a julgar pela idade avançada de todo o elenco. O Tall Man foi usado de maneira inteligente.
[spoiler][/spoiler]
Gostei muito do lance da demência. Assim como no final do primeiro filme, fica a dúvida se aquilo é real ou fantasia de criança. Aqui, o roteiro inverte, trazendo Reggie pra situação de ~vitima~.
Claro que esperava mais, mas sei que a franquia nunca foi das mais investidas.
Será eterna e nossos corações.
Boa Noite, Mamãe
3.5 1,5K Assista AgoraAcabei de ver “Goodnigth Mommy” e tenho que assumir que o filme é bem acima de média. Mas também não acho que seja essa obra prima que tem sido chamada até de novo “Iluminado” (!!!), “neo-clássico” (da onde surgiu este termo?) e blá blá blá. O conjunto da obra é incrível realmente, mas acho que clássico é um termo que se conquista com o tempo. Quem sabe daqui umas décadas. Mas volto a dizer, o filme é do caralho. E merece a atenção que tem tido, afinal, estamos no gênero mais desgastado de todos atualmente, o terror.
É fato que o trailer que pipocou nas redes e viralizou é extremamente bem montado, mas não se engane, o filme ainda trará surpresas e tem muita novidade em 1 hora e 40 minutos de duração. A ausência de trilha sonora e a lentidão proposital preparam para um final sádico e eletrizante que vai pegar de jeito os fãs do gênero. A lentidão, aliás, possibilita uma experiência visual mais apurada, em que a beleza daquela casa deserta, do milharal e dos eucaliptos contrastam com a desconfiança dos gêmeos com a mãe a cada cena. Aí é que o terror psicológico começa a se instalar e, pouco a pouco, “Goodnigth Mommy” vai chegando ao seu clímax memorável.
O roteiro é engenhoso e, pelo menos comigo, conseguiu manter o mistério até os minutos finais, quando é revelado de fato. Quando o filme acabou, pensei: “nossa eu deveria ter percebido isso”. E essa é beleza do cinema: surpreender. “Goodnigth Mommy” é filme dentro de vários filmes, que tem ritmo e se transforma sem pressa, num experiência visual absurda e complexa sobre a convivência humana. Nessa atual safra de filmes do gênero, uma obra feita para assistir agradecendo de joelhos.
Raça das Trevas
3.1 83Clive Barker é você? Tem certeza!?
Brinquedo Assassino 3
2.9 400 Assista Agora"SAYONARA SUCKERS"
O Aprendiz
3.7 219 Assista AgoraA cena da marcha na cozinha é simplesmente magistral.
O Lixo e a Fúria
4.2 31Impactante, forte, intenso.
Nada que o Sex Pistols não tenha sido. E mais.
O melhor ducumentário sobre bandas que meus olhos já avistaram.
Imperdível pra quem é fã da banda e pra que ama cinema.
Sociedade dos Poetas Mortos
4.3 2,3K Assista AgoraMuito bom. Só podia economizar no dramalhão.
O Massacre
3.0 137 Assista AgoraVocê lê o título e o ano em que esse filme foi feito e já pensa automaticamente ser mais um do amontoado de filmes slasher’s que vieram na onda Sexta-Feira 13 no começo dos anos 80.
Aquele do assassino indestrutível, dos gritos, do sangue e cabeças rolando a película inteira. Está certo. Mas só pelo fato desse ser um filme de horror produzido e dirigido por Amy Holden (uma mulher!), já merece no mínimo ser discutido, diferente de suas continuações (com exceção da parte 2 que é bem trash-engraçada) que são péssimas.
É difícil ver uma mulher produzindo, quanto mais dirigindo um filme do gênero. Aqui temos os dois exemplos.
O roteiro é assinado por Rita Mae Brown outra mulher, uma escritora de histórias de mistérios com uma tendência feminista, seus romances geralmente tem lesbianismo e muito fetishe. Picante, né?
Um slasher feito com um toque feminino, pois já saiba de bate-pronto que não tenta a nenhum instante ser bonitinho. Pelo contrário.
Slumber Party Massacre é um filme divertido, se você encará-lo como tal, se levar em conta a época em que foi feito e para qual público.
É uma película que se leva a sério até assustando algumas vezes quando foge do “susto-fácil” e nas fortes investidas da trilha sonora juntamente com o barulho da furadeira do assassino na carne dos pobres jovens, por outro lado é aquele tipo completamente previsível e que se você procurar falhas vai encontrar certamente.
Valeu ver uma mulher a frente de um trabalho tão sangrento, apesar de ficar aquela impressão que faltou um pouco mais de suspense, tudo é jogado na cara do espectador sem dó, o mesmo feijão com arroz de sempre, porém inferior aos mestres Jason, Leatherface e Michael Myers. Mas vale a diversão, afinal o filme tem todos os ingredientes de anos 80 e dos slasher’s movies.
Ainda vejo esse filme com um certo charme. Feminino? Por que não...
Fahrenheit 451
4.2 418Não tem aquele brilho de Jules & Jim, mas é muito acima da média.
O Peste
2.5 292 Assista AgoraAh, o humor do cinema do anos 90... a década que começou com comédias pouco (ou nada) engraçadas como “Edward Mãos de Tesoura” e “Uma Linda Mulher” - filmes feitos com o único intuito de lucrar, que vieram no embalo dos anos 80, mas não chegando nem perto de filmes do final da década anterior como “Os Fantasmas de divertem”.
O que foi feito para tentar inovar (e não deu certo), ou as histórias românticas colegiais que se eternizaram no anos 80 (e voltaram nos 90) chegram a um certo limite. Então começam a aparecer produções interessantes, como “Quanto mais idiota melhor” e sua divertidíssima continuação “Quanto mais idiota melhor 2”.
Em 1993 também vimos coisas boas como “ A Família Buscapé”, uma autêntica gozação ao "american way of life". O que falar então do surgimento de Jim Carrey? Em 1994, com “O Máscara” , o personagem Stanley Ipkiss e seu cachorro Milo viraram até desenho depois do sucesso do filme. E é bom lembrar que, antes mesmo do “Máscara”, e no mesmo ano de 1994, Jim Carrey fez o excelente “Ace Ventura – Detetive de Animais “ (Ace Venture, pet detective, EUA, 1994), uma das melhores comédias da década que ganhou uma continuação, também esplêndida.
Outro ator cômico que se consagraria na metade da década de 90, não muito longe dali, no ano de 1995, foi o hoje rei-do-blockbuster Adam Sandler. Com “Billy Madison- Um herdeiro bobalhão” –diga-se de passagem horrível o título nacional- o modelo paspalhão estava de volta, agora ao extremo. O próprio Sandler participou do filme "Cônicos e Cômicos" e “Os Cabeça de Vento” (Airheads,EUA, 1994), primores da década.
Mas, vamos ao Peste.
Um alemão nazista querendo caçar um latino que, se sobreviver 24 horas, vai ganhar US$ 50 mil. E o mesmo latino deve os mesmos US$ 50 mil à máfia escocesa (!!!). Parece um enredo que pode dar liga, ainda mais dado o gênero de comédias escatológicas da segunda metade dos anos 90?
Acho que sim, mas não é o que acontece, o filme é apelativo demais.
A ideia mal aproveitada em "O Peste" era o fim de uma era. No final dos anos 90 vierem filmes modernosos e metidos a diferentes como “Quem vai ficar com Mary?” um filminho até que divertido sobre as relações humanas, onde não vejo nada de inovador, é apenas engraçadinho, o mesmo digo de “Shakespeare Apaixonado” (Shakespeare in Love,1998) que incrivelmente ganhou o Oscar de melhor filme (!!!).
Dá pra rir, mas pouco. E é só!
Boa sorte.
Psicopata Americano
3.7 1,9K Assista AgoraTaí um filme que sempre adiei para ver, todo mundo buzinava na minha orelha dizendo que era do caralho, insano e um dos melhores filmes de serial-killers da história.
Verdade, “Psicopata Americano” é um filmaço. Adaptado de um romance de Bret Easton Ellis, “American Psycho”, narra a vida de Patrick Bateman, um filhinho de papai que frequenta os melhores restaurantes de NY, usa as roupas mais caras, tem mais cremes hidratantes que a Monique Evans e tem como principal hobby, junto com seus amiguinhos, ver quem tem o mais estilizado cartão de visitas (!!!).
Apesar de ter tudo, Bateman, sente-se vazio e encontra a solução dos seus problemas matando. Ele assassina suas vítimas ouvindo Phill Collins entre outras músicas dignas de um Yuppie e o engraçado é ver tantos artigos de luxo (mostrados a exaustão no começo do filme) dividirem espaço com facas, serras elétricas, entre outros artigos de Filmes-B.
Muito original a ideia dessa obra que mistura humor, cinismo, sangue e muita criatividade na melhor atuação da carreira do até então futuro Batman - Christian Bale.
Sem esquecer da crítica visível a alta e vazia sociedade norteamericana (e porque não mundial) mostrando que dinheiro não compra amor, gratidão entre outros tantos sentimentos.
Eu Matei Lúcio Flávio
3.2 29“Eu Matei Lúcio Flávio” é um filme histórico, obrigatório para qualquer cinéfilo de plantão. Obrigatório porque é um dos filmes mais imorais, violentos e sádicos já feito nesse Brasilzão doido. E mais: tem Jece Valadão no papel principal. O que transforma qualquer filme, num GRANDE FILME.
E esse é, sem sombra de dúvida, um grande filme, daqueles que realmente surpreendem o espectador. O roteiro tem suas falhas, sim. Mas nada que ofusca o brilhantismo da obra. E que obra!
Dirigido por Antonio Calmon (hoje roteirista de novelas chinfrins da Rede Bobo) o filme narra de maneira romanceada a história real do policial Mariel Maryscötte de Mattos. Uma figura que não saia das páginas policiais no Rio de Janeiro da década de 70, integrante do famoso Esquadrão da Morte da polícia carioca.
Com uma mensagem extremamente ultra-direitista, o lema “bandido bom é bandido morto” aqui é levado a sério e vai além disso. Porém, não se engane e não assista ao filme com um “certo preconceito”, faça o contrário, assista-o analisado friamente à época em que foi produzido. E ainda, tendo em vista que esse é, de fato, um bom policial nacional. Lembre-se que atualmente surgem coisas como exemplo o bisonho “Segurança Nacional” que a crítica definiu como “o maior desastre do cinema nacional dos últimos tempos.”
"Eu Matei Lúcio Flávio" também foi produzido por Jece Valadão, que era amigo pessoal de Mariel, o que além do talento, ajudou a tornar a sua atuação um primor. Confesso que conheço pouco da trajetória de Jece, mas o que venho descobrindo para fazer esse artigo já é mais do que suficiente para me tornar seu fã de carterinha.
Sem mais delongas, estamos diante de uma obra pró-Estado, facista e imoral. Com música brega, muito sexo, sangue e violência. O que, por incrível que pareça, dá certo e empolga. E, para quem quer saber mais sobre a época e Mariel, recomendo o livro: “Barra Pesada” do jornalista Octavio Ribeiro que faz uma releitura da criminalidade no Brasil - passando pela época do nosso querido Mariel. Vale a pena.
JCVD: A Maior Luta de Sua Vida
3.4 193Surpreendente!
Esse é o adjetivo para descrever o belga Jean-Claude Van Damme numa atuação nunca antes vista, vivendo ele mesmo. Isso mesmo. A história mostra a decadência do ator refletida no seu cansaço, forma física e em sérios problemas como a perda da guarda da sua filha.
Portador de uma fotografia cinzenta, muitas vezes incolor, ”JVCD” é um drama forte e com personalidade do começo ao fim. Já imaginou Van Damme num filme assim? Nem eu.
O resultado dessa “loucura” é sublime e se você não gostar, vai pelo menos ver uma obra completamente diferente de todas que o mestre do filmes de pancada já encarnou e só por isso “JVCD” já vale a exibição.
Quem diria que o astro de filmes como “Timecop” (“Guardião do Tempo” no Brasil) e “Grande Dragão Branco”, obras essas com grande aceitação popular e exibidas exatas 4300.857 vezes na TV aberta estrelaria uma película tão próxima da realidade como essa.
Em uma frase: um filme inimaginável!
Sede de Sangue
3.7 338Se você é daqueles fãs xiitas de filmes de vampiros e ainda não viu "Sede de
Sangue”, então faça qualquer loucura para encontrar essa jóia rara que merece um destaque especial.
Li algumas críticas por aí e vi que meus amigos analistas cinematográficos em sua grande maioria, classificaram essa obra como multi-gênero. Pois bem, vou totalmente na contramão, porque além de “Sede de Sangue” ser um filme único, na minha visão, criou um gênero único também.
Os takes do diretor sul-coreano Park Chon-wook (diretor do comentado “Oldboy”) são esplendidos, a câmera também é um personagem da trama, só falta conversar com os personagens, os seus movimentos é que dão velocidade, conversando simetricamente com os diálogos e ações.
Esse estilo é a marca de Park, mas diferente de “Oldboy” e suas outras obras, aqui o diretor brinca com o fantástico de maneira vezes lúdica, vezes doentia. Algo que ele realmente nunca havia feito, e eu gostei muito.
Cenas fortes são uma constante nos filmes do diretor sul-coreano, por isso, para quem gosta, “Sede de Vingança” é um prato cheio com direito a entrada e sobremesa.
O vampirismo é tratado de maneira carnal e erótica, impossível não sentir um clima perturbador desde que a fita começa a rolar. Os sugadores de sangue são mostrados de um jeito que eu nunca tinha visto antes. Um filme realmente surpreendente.
E fica a dúvida: Crepúsculo pra que, né?
Adaptação.
3.9 707 Assista AgoraVocê sabe o que é metalinguagem? É o ato de usar uma linguagem para falar dela mesma ou, no caso de um filme, seria uma película que discute o próprio cinema ou sua própria criação.
“Cantando na Chuva” faz uma experiência memorável que mostra, de maneira muito divertida, a transição do cinema mudo para o falado. “Cinema Paradiso” leva à tela um jeito belo e poético de falar sobre todo o encantamento que o cinema traz às pessoas. “A Sombra do Vampiro” é um filme dentro do filme no qual, após não conseguir os diretos de “Drácula”, de Bram Stoker, o diretor decide mudar o nome do protagonista e local onde se passa a história para ir em frente com seu projeto.
Porém, o melhor e mais claro exemplo de metalinguagem no cinema é sem dúvida “Adaptação".
É muito difícil escrever sobre um filme tão complexo como esse, cheio de sutilezas e armadilhas conceituais. O que posso dizer que é um filme que deve ser tratado como experiência.
Muito válida por sinal!
O Segredo da Múmia
3.4 26Imagine a cena: um criado daqueles bem clichê de filmes B dos anos 50, que canta ópera e mata quem se colocar no caminho do patrão (que, no caso, é um cientista maluco) e uma múmia serial-killer. Agora imagine tudo isso rodeado de seios, bundas e todos os elementos pornochanchadísticos...
Imaginou?
Agora, visualize isso tudo se passando no Rio de Janeiro da década de 50. Melhorou?
Então é isso (e mais um pouco) o que se passa em “O Segredo da Múmia” (Idem, Bra, 1982), esse clássico do cinema –sem noção- nacional que foi esquecido e nunca lançado em DVD, sobrando cópias apenas para garimpeiros de podreiras de plantão, o que é uma pena e um verdadeiro desperdício cultural.
Ivan Cardoso criou esse universo mágico citado acima em 1982, com o seu “Segredo da Múmia”, consolidando-se assim como inventor e mestre do “terrir”.
Para quem não sabe o “terrir” é um sub-gênero que surgiu nos anos 80 (oh, época boa!!!) como nada menos que uma bela desculpa para dar risada e ultrapassar o limite do nonsense, tudo com muita mulher gostosa, defeitos especiais e falhas escabrosas no roteiro. Tem coisa mais linda?
Seguindo essa linha “O Segredo da Múmia” é uma obra cheia de momentos unânimes, irreverentes e divertidíssimos. Afinal, uma múmia no Brasil não pode ser menos que isso.