Maitê Alegretti

Tão difícil quando em sua despedida, o amor em seu primeiro tempo também apresenta-se letal, pela sua argúcia ao fisgar sua presa de modo sutil e eficaz, munido sempre de uma força invisível e elástica que atinge qualquer desprevenido ou desesperado.
É assim que Roda gigante se abre, uma mulher perto de atingir a marca da meia idade, rasteja para sustentar-se no presente, e concomitantemente mantém o passado intacto como fardo trágico, somando-se com as frustrações pelo talento desperdiçado.
Giny, Kate Winslet, logo se entrega aos braços de um salva-vidas, Justin Timberlake, que ironicamente teria o papel de salva-la de um casamento infeliz, com um homem não atraente, violento e alcoólatra.
O envolvimento não demora, ela anseia por sair daquela vida, ingressar no seu sonho de ser atriz, de viver outra vida, de acreditar como o marido diz, nas bobagens que o rádio diz. (Talvez uma referência à era do rádio)
A trama situada nos anos 50 em Long Island, nos traz uma atmosfera veranil, de uma fotografia deslumbrante, narrada pelo salva-vidas, apreciador de Shakespeare, que espreita durante seu trabalho, qualquer sinal de uma possível história que talvez ele pudesse escrever. O escritor que busca uma história e torna-se ao mesmo personagem dela, abre-se o ato inicial.
Além da praia, o parque de diversões localizado na cidade também enquadra o cenário principal, com mais destaque, na realidade. Esposa e marido trabalham ali e moram em um pretenso apartamento dentro mesmo do local.
Atentando-se para a moradia, cheia de janelas, portas de vidros, a luz que irradia pelos cômodos compõem com Giny um dos destaques do filme, e suas variações.
A paleta de cores tenta ao menos atenuar a difícil lição que a protagonista teima em não entender: seu tempo passou, suas ilusões jamais tomaram forma.
Azul, azul esverdeado, azul piscina, laranja e amarelo.
Enquanto isso, a Roda gigante do parque os observa pontuando a duração da trama, e também a fortuna destas ( a roda da fortuna = do destino), como fiume rovinosi para Machiavelli (em o Príncipe), a fortuna pode causar danos irreparáveis pelo seu poder de mudança, de tranformação.
Giny almeja mais do que ela poderia ter, a vida feliz com o charmoso estudante é insólita, ao ponto que este apaixona-se pela filha do marido dela.
Ora, ainda pensando em Machiavelli só é feliz aquele que age de acordo com as circunstâncias, ela nega a descoberta do interesse do salva-vidas, e age cegamente, como quem pula para morrer.
Seu destino é ser infeliz.
E ao final ela o percebe.
Encerra-se o ato.

Atuação do Pacino é ótima mas em diversas vezes eu quis tirá-lo desse filme pensando "um ator desse não merece esse tipo de filme"
A atriz que faz "par" com ele tem uma atuação fraquíssima, ainda não sei direito se gostei ou não

Eu só simplesmente amo o Al Pacino