Mandy Mazza

Lamento que a nota deste filme não me pareça justa diante da grandiosidade de um enredo que explora tão bem a misoginia, a exploração do trabalho sexual e o fanatismo religioso, alguns dos elementos que fundam a nossa sociedade moderna e que nem sempre ganham muita atenção. O controle masculino, orientado ou não pela supostas palavras divinas - que trazem o mito fundador de Eva, a mulher rebelde que, por rebeldia, desgraça o mundo; como que orientando à passividade e servidão - ganha dimensões tão fortes que a ideia da morte torna-se libertação em mais de um momento. No entanto, não é o único caminho: há, sutilmente, uma outra proposta libertadora. A ideia de que toda mulher que vem antes de nós oferece os ombros para que a próxima possa subir.

Longe de ser um enredo entusiasmante aos meus olhos. No entanto, vale as estrelas pela fotografia lindíssima e os enquadramentos ultra perfeccionistas. Visualmente, uma poesia.