Tenho percebido uma tendência da indústria em lançar alguns atores coreanos no papel de policial corrupto e canastrão em filmes de ação com um ritmo acelerado, se bem feito ok, agora quando não é...
Zero paciência para o ator Lee Sun Gyun nesse tipo de papel, a pura repetição da sua atuação em ''Jo Pil-Ho: O Despertar da Ira'', um filme bem ruim. Além de não convencer, é irritante e dá muita preguiça, o que não significa que o mesmo seja um péssimo ator, acompanho o trabalho dele em filmes do cineasta Hong Sang-soo e é completamente diferente, pois FUNCIONA. Não recomendo, tem filmes de ação coreano bem melhores que esse.
Consigo enxergar a crítica a sociedade coreana no que diz respeito a valorização dos bens materiais em detrimento de vidas humanas, mas o filme é incapaz de entregar uma trama envolvente, principalmente pela péssima, forçada e irritante atuação do seu protagonista interpretado por Sung-min Lee. Não tive condições de segurar as reviradas de olho assistindo um personagem que parecia passar cada minuto em tela parecendo que estava com prisão de ventre.
Edgar G. Ulmer, realizador austríaco, traçou seus primeiros passos ao lado de grandes nomes como F.W. Murnau e também Fritz Lang. Assim como o mesmo, fez parte da leva de diretores que migraram aos Estados Unidos e passaram a conduzir suas produções audiovisuais na América. Ulmer foi relegado a condição de diretor de filmes ''B'', ou seja, produções de, geralmente, baixo orçamento e realizadas por uma unidade secundária de um grande estúdio, para exibição em sessões duplas. O filme que será analisado nesta resenha é um exemplo concreto e expressivo dessa forma de produção.
Curva do Destino (Detour), noir de 1945, é uma produção obviamente barata, as gigantescas falhas técnicas do filme são explícitas, como, por exemplo, as cenas onde os personagens se encontram dentro de um carro, claramente com imagens sendo projetadas ao fundo para passar uma noção de movimento, assim como a predominância de cenas cobertas por uma espécie de nevoeiro denso e constante, também demonstrando que foram rodadas em estúdio. Não é surpresa, considerando que foi filmado em aproximadamente duas semanas e à custa de recursos parcos.
É importante salientar que a história é contada através de um flashback, recurso amplamente utilizado no gênero e usualmente utilizado como uma forma de expressar o fatalismo constante.
Os atores principais, Tom Neal (Al Roberts) e Ann Savage (Vera) não convencem. O primeiro apresentando uma interpretação bastante morna do pianista Al e a intérprete da femme fatale Vera, entrega uma atuação por demais exagerada que, por algum tempo, me pareceu caricata, quase cômica, tirando uma parcela do peso que a obra fílmica deveria apresentar. Apesar disso, no que a técnica falha, o roteiro salva de forma brilhante.
No plot, o pianista Al trabalha em uma boate e é perdidamente apaixonado por sua colega de trabalho, a cantora Sue Harvey. Ela, em busca de fama, vai a Hollywood, tentar se tornar uma estrela. Apesar de desolado, o nosso protagonista decide ir ao seu encontro após um tempo, para que assim pudessem se casar. Sem dinheiro, Al pega caronas para economizar o máximo possível. Foi inevitável aqui não lembrar da obra do escritor Jack Kerouac em seu livro ''On the Road'', onde os personagens viajam pelos Estados Unidos através de caronas, estilo beatnik.
Em uma desses caronas, ele conhece Charles Haskell, um homem aparentemente bem-apessoado e em boas condições financeiras, o mesmo apresentava um feio arranhão em uma das mãos, o qual explica que fora causado por uma mulher (ponto importante para o enredo). Durante uma tempestade, dopado pela grande quantidade de remédio que ingeria, Haskell dormia profundamente enquanto Al conduzia o veículo. Até o momento tudo corria tranquilamente, mas como estamos tratando de um noir, não permaneceria dessa forma. Ao abrir a porta do carro, o protagonista se vê enredado pelo destino, uma vez que a ação fez o homem adormecido cair do carro e bater a cabeça em uma pedra, vindo a óbito.
Desesperado e acreditando piamente que a polícia nunca o ouviria, Al decide trocar de identidade com o homem morto, tomando seu nome e história. Já aqui temos dois elementos clássicos do estilo noir, primeiro: o protagonista que, devido a circunstâncias extraordinárias, acaba cometendo atos criminosos ou se envolvendo numa teia que o sufoca a cada minuto em tela; segundo: a noção do ''duplo'', as identidades em tela que se confundem o tempo inteiro.
Acreditando ter escapado a prisão certa, Al dá carona a uma mulher misteriosa, de poucas palavras. Infelizmente, para o seu azar, aquela figura intrigante era Vera, a mesma mulher que havia arranhado a mão de Haskell. Ela o ameaça, pois sabe de sua farsa. Ainda mais sufocado pelo destino, ele acata as ordens da exigente femme fatale, esperando que de alguma forma ainda fosse possível escapar da enrascada em que metera.
Vera demonstra ser difícil, não medindo esforços para atingir seus desejos. Sua cobiça cresce exponencialmente ao ser confrontada com uma notícia em um jornal qualquer. Acontece que o pai de Haskell, um milionário, estava muito doente e procurando o seu filho. Aqui ela vê uma oportunidade de enriquecer rapidamente, exigindo que Al se passe pelo filho do homem rico afim de receber uma gorda herança.
Ciente do absurdo, o protagonista (já em um pequeno apartamento alugado em nome do Sr. e Sra. Haskell) nega a participação na empreitada, desafiando abertamente Vera que, alcoolizada, cita novamente que o tem em mãos e pode facilmente ir até a polícia. Eles discutem, Vera corre para o quarto e se tranca com um telefone ameaçando o entregar. Desesperado, Al puxa o fio tentando o romper e impedir a ligação, ignorando o fato de que o mesmo havia se enrolado no pescoço da mulher que morre estrangulada.
Al Roberts agora é um homem acabado, com dois assassinatos nas costas. Sua identidade roubada havia sido manchada, uma vez que ele havia se registrado no hotel sob o nome Haskell. Sem saída, ele caminha desolado, um homem comum que teve sua vida bagunçada e destruída pelas circunstâncias da vida.
Registro um fato curioso sobre o filme, o final foi diretamente influenciado pela censura da época. O Código Hays que vigorou entre os anos 30 até final da década de 60 impedia que diversas cenas fossem mostradas em produções audiovisuais. No caso, o final onde o protagonista se safasse era impraticável. Então, Ulmer decidiu por encaixar filmar a última cena onde uma viatura leva Al.
Mas será que de fato os policiais aparecem para levá-lo afim de que o mesmo pagasse pelos seus crimes ou era apenas mais uma carona?
Sempre (ou quase) é positivo quando encontro um filme que tem tanto cuidado na construção de cada um de seus planos, cada frame é um deleite para os olhos. E falar o que da fotografia? Melancólica para um caralho. A trilha sonora encaixa perfeitamente, nunca é intrusiva, simplesmente dá o tom necessário.
E, mesmo com a trilha, é silencioso. Os diálogos entram quando são necessários, acrescentam na história como um todo. Me parece o tipo de obra que é mais sensorial que qualquer outra coisa.
Até o momento é o melhor filme de 2017 que assisti. Nunca imaginei que a representação de luto mais real e dolorida que eu veria no audiovisual seria uma cena longa e sem cortes de uma mulher comendo uma torta.
Poderia ser um filme bom se o red herring não fosse tão óbvio assim, fomentar a dúvida de que a protagonista poderia sim estar maluca e não deixar a madrasta ser tão malvada o tempo inteiro teria enriquecido e muito na narrativa, infelizmente não aconteceu. Conheço um filme nesse estilo que é anos luz melhor executado, mas estragaria a experiência de quem assistir contar qual é, melhor que encontrem por acaso e assistam de boa
É tão mais fácil chamar um documentário de parcial e ''doutrinador sobre veganismo'' do que repensar nossos hábitos alimentares e em como eles afetam a vida de forma geral, não é mesmo?
Uma grata surpresa para esse ano de 2017. Soube do filme através de um trailer no cinema e logo me interessei pela temática meio estranha, um terror com racismo e bizarrices. Minha expectativa se pagou e ao contrário de uma crítica que enalteceu o plot twist, acho que o trunfo dessa obra nada tem a ver com ser imprevisível ou não.
''Corra!'' é sobre causar incômodo em seu público, um sentimento de estranheza que está sempre ao redor, em cada cena. Por mais ingênua que uma conversa possa parecer, algo no modo que é falada incomoda e muito, a tensão é palpável. Inteligente os paralelos com o racismo, o tema está presente no filme inteiro, mas não é panfletário nem descarado, agradeço que não seja recheado com frases de efeito.
Muito interessante a direção do Jordan Peele, ainda mais surpreendente por se tratar de seu primeiro trabalho como diretor. Destaco também a atuação de Daniel Kaluuya, fantástica. Vale anotar esses dois nomes no caderninho para acompanhar.
Hm, tive sérios problemas com esse filme. Sei que as produções de Bollywood geralmente são sim bem exageradas, mas aqui essa característica não funciona, parece que o tom do filme se perde em um mar de exageros e atuações ruins. Gostei tanto do Aamir Khan em 3 Idiots que esperava que ele tentasse atuar pelo menos de forma decente, o que não aconteceu.
As quase três horas de duração parecem tentar apenas te fazer chorar, coisa que nem é feita de forma disfarçada, é totalmente descarada mesmo. Não gosto desse tipo de coisa, tive exatamente o mesmo problema com o filme Lion - Uma Jornada Para Casa. Claro que não posso negar que a mensagem sobre dislexia e sistema educacional robotizador é importante, infelizmente foi mal executada.
Assisti Moonlight numa maratona pré-Oscar para fazer minhas apostas nas estatuetas (e conferir coisas boas que talvez tivessem passado em branco), sentei para ver sem saber absolutamente nada sobre o que ele tratava, o que realmente me atraiu foi o pôster maravilhoso. E que experiência tive. James Laxton apresentou uma direção de fotografia maravilhosa, as cores dão vida aos personagens de uma forma fantástica, além de que me peguei procurando os elementos azuis mais vezes do que posso contar.
O ator do primeiro ato consegue passar um sofrimento mudo tão expressivo que você sente a dor junto com ele, não são necessárias palavras ou diálogos muito longos, um olhar vazio, sofrido, basta. Mahershala Ali mereceu sua estatueta apesar do pouco tempo em tela, que cena cheia de significados e sensível foi o ''batismo'' do Little, me levou as lágrimas.
Comento também de três coisas que gostei bastante no segundo ato, primeiro: a pequena homenagem a Os Incompreendidos do Truffaut , segundo: a leve quebra da quarta parede (acontece no terceiro ato também, com o Kevin adulto) quando Chiron olha direto na câmera, como se estivesse olhando em seus olhos, sabendo que você está vendo e julgando de fora, por último: o trabalho de câmera em todos os segmentos, que trabalho inacreditável do Barry Jenkins, amo a forma como ele acompanha os personagens por trás num travelling, destaco as cenas que se passam nos carros também, tecnicamente muito bonitas.
Rimas visuais e de roteiro em relação aos três atos fecham tudo magistralmente. A praia, onipresente; a touca e os dentes dourados Juan/Chiron do terceiro ato; rosto mergulhado no gelo na fase adolescente e adulta, enfim.
Para aqueles que idiotamente afirmam que essa obra prima ganhou o prêmio apenas por tratar de homossexualidade e marginalização, cresçam. Moonlight é perfeito como uma história, assim como no uso da linguagem cinematográfica. Cinema não é apenas entretenimento, é uma expressão de arte.
Sendo bem honesta mesmo, confesso que estava com uma expectativa quase zero com esse filme. É um remake de uma obra que já é impecável em todos os aspectos e de um diretor que adoro e respeito muito. Mas até que não fui infeliz em assistir esse filme aqui, é uma refilmagem decente do original do Masaki Kobayashi, mas não consegue de jeito nenhum ficar no mesmo nível.
A fotografia é espetacular, tem um bom ritmo (menos lento que o de 62), mas peca e muito na atuação do Ebizo Ichikawa, ao contrário do grande Tatsuya Nakadai em Seppuku, neste filme ele tem uma atuação extremamente exagerada (total overacting) e isso me tirou um pouco do clima. Tirando isso e uma maquiagem que achei bem ruinzinha, é um filme até que bom.
Recomendo que também assistam o original que é uma obra prima do cinema.
Minha classificação fica em três estrelas de cinco (bom filme), o original por sua vez tem cinco de cinco estrelas (filmão da porra).
Sou vegetariana há uns cinco anos e fui vegana por quase dois, revendo esse doc minha consciência ficou pesada, vou tentar voltar ao veganismo gradualmente, tirar tudo de uma vez não funcionou comigo e só me deixou um tanto doente, erro meu em não ter feito a transição de forma mais séria e cuidadosa. Acho muito interessante a forma como o diretor expõe o tema e evidencia o quanto as pessoas tendem a ignorar totalmente os fatos, jogando a culpa em outras questões que não são a raiz do problema, quase como uma forma de defesa para evitar a culpa.
Péssimo. Não parece o Billy Wilder de ''Some Like It Hot'' e ''One, Two, Three'', comédias excelentes por sinal. Esse filme não me arrancou sequer um risinho meia boca e me desculpem, mas ver a Marilyn fazendo papel de uma completa imbecil ingênua não me soa nem um pouco bonito e legal.
Adoro tudo sobre esse filme, tem diálogos tão sensacionais quanto qualquer outra obra do Tarantino e as atuações meio exageradas das garotas encaixaram muito bem pro tom que ele queria passar. As cenas de perseguição são incríveis e a trilha sonora excelente também. Me lembrou bastante o ''Faster, Pussycat! Kill!Kill!'' que recomendo fortemente.
Me decepcionei. Visualmente o filme é impecável, lindo demais de se ver, o trabalho de stop motion foi muito bem feito. Só que o tom ocidental demais em uma obra de visual oriental me incomodou bastante, logo de começo fiquei com um pé atrás pela dublagem na língua inglesa, mas não é só isso, o roteiro é bem fraquinho. Vale a pena somente pela beleza da animação.
A direção de Glauber Rocha é de encher os olhos, ele me parece diferente de todos os diretores brasileiros que conheço. Até quando o desenvolvimento do filme não me agrada muito (como foi com este, achei confuso), a forma com que é filmado me deixa impressionada de tanta qualidade. Coloco ''Terra em Transe'' na minha lista de filmes que preciso rever para, talvez, digerir melhor a obra.
Incrível como Sergio Leone tem esse talento impressionante de fazer com que um filme longo passe tão rapidamente. Que atuações de James Coburn e Rod Steiger! Conseguimos empatizar com seus personagens logo de cara e torcer pelo seu sucesso, me pergunto o motivo desse filme ser subestimado como é, de verdade.
''Sei o que estou dizendo quando falo da revolução. Gente que lê livros procuram os que não sabem ler, gente pobre, e dizem ''tem que haver mudanças'', e a gente pobre faz as mudanças. Ai, os que leem livros se sentam em grandes mesas lustrosas e falam, falam, comem e comem. Mas o que acontece com os pobres? Eles estão mortos!''
Sinceramente? Não entendo como este filme está com uma média tão alta. A história passava e passava e não me parecia um trabalho do Bergman. Onde estão seus temas tão explorados de existencialismo? A solidão, a morte, a angústia e o tempo?! Se estão presentes, somente de forma fraca e mal explorada. Nem a fotografia que geralmente adoro me agradou, muito menos os diálogos. Foi uma angústia completa (e não do modo bom, como algumas histórias do diretor me fizeram sentir) terminar de assistir. Para mim, obra mais fraca do Ingmar.
Nem sei o que dizer desse filme, nem do meu estado depois de assistir. Me levou as lágrimas e não sei que lágrimas são essas, se são de confusão, desespero, angústia ou sei lá o que. Repetitivo dizer, mas que fotografia inacreditável, me impressiono com ela a cada filme assistido do Bergman.
Um Dia Difícil
3.6 184Tenho percebido uma tendência da indústria em lançar alguns atores coreanos no papel de policial corrupto e canastrão em filmes de ação com um ritmo acelerado, se bem feito ok, agora quando não é...
Zero paciência para o ator Lee Sun Gyun nesse tipo de papel, a pura repetição da sua atuação em ''Jo Pil-Ho: O Despertar da Ira'', um filme bem ruim. Além de não convencer, é irritante e dá muita preguiça, o que não significa que o mesmo seja um péssimo ator, acompanho o trabalho dele em filmes do cineasta Hong Sang-soo e é completamente diferente, pois FUNCIONA. Não recomendo, tem filmes de ação coreano bem melhores que esse.
A Testemunha
3.5 101 Assista AgoraConsigo enxergar a crítica a sociedade coreana no que diz respeito a valorização dos bens materiais em detrimento de vidas humanas, mas o filme é incapaz de entregar uma trama envolvente, principalmente pela péssima, forçada e irritante atuação do seu protagonista interpretado por Sung-min Lee. Não tive condições de segurar as reviradas de olho assistindo um personagem que parecia passar cada minuto em tela parecendo que estava com prisão de ventre.
A Curva do Destino
3.8 49 Assista AgoraEdgar G. Ulmer, realizador austríaco, traçou seus primeiros passos ao lado de grandes nomes como F.W. Murnau e também Fritz Lang. Assim como o mesmo, fez parte da leva de diretores que migraram aos Estados Unidos e passaram a conduzir suas produções audiovisuais na América. Ulmer foi relegado a condição de diretor de filmes ''B'', ou seja, produções de, geralmente, baixo orçamento e realizadas por uma unidade secundária de um grande estúdio, para exibição em sessões duplas. O filme que será analisado nesta resenha é um exemplo concreto e expressivo dessa forma de produção.
Curva do Destino (Detour), noir de 1945, é uma produção obviamente barata, as gigantescas falhas técnicas do filme são explícitas, como, por exemplo, as cenas onde os personagens se encontram dentro de um carro, claramente com imagens sendo projetadas ao fundo para passar uma noção de movimento, assim como a predominância de cenas cobertas por uma espécie de nevoeiro denso e constante, também demonstrando que foram rodadas em estúdio. Não é surpresa, considerando que foi filmado em aproximadamente duas semanas e à custa de recursos parcos.
É importante salientar que a história é contada através de um flashback, recurso amplamente utilizado no gênero e usualmente utilizado como uma forma de expressar o fatalismo constante.
Os atores principais, Tom Neal (Al Roberts) e Ann Savage (Vera) não convencem. O primeiro apresentando uma interpretação bastante morna do pianista Al e a intérprete da femme fatale Vera, entrega uma atuação por demais exagerada que, por algum tempo, me pareceu caricata, quase cômica, tirando uma parcela do peso que a obra fílmica deveria apresentar. Apesar disso, no que a técnica falha, o roteiro salva de forma brilhante.
No plot, o pianista Al trabalha em uma boate e é perdidamente apaixonado por sua colega de trabalho, a cantora Sue Harvey. Ela, em busca de fama, vai a Hollywood, tentar se tornar uma estrela. Apesar de desolado, o nosso protagonista decide ir ao seu encontro após um tempo, para que assim pudessem se casar. Sem dinheiro, Al pega caronas para economizar o máximo possível. Foi inevitável aqui não lembrar da obra do escritor Jack Kerouac em seu livro ''On the Road'', onde os personagens viajam pelos Estados Unidos através de caronas, estilo beatnik.
Em uma desses caronas, ele conhece Charles Haskell, um homem aparentemente bem-apessoado e em boas condições financeiras, o mesmo apresentava um feio arranhão em uma das mãos, o qual explica que fora causado por uma mulher (ponto importante para o enredo). Durante uma tempestade, dopado pela grande quantidade de remédio que ingeria, Haskell dormia profundamente enquanto Al conduzia o veículo. Até o momento tudo corria tranquilamente, mas como estamos tratando de um noir, não permaneceria dessa forma. Ao abrir a porta do carro, o protagonista se vê enredado pelo destino, uma vez que a ação fez o homem adormecido cair do carro e bater a cabeça em uma pedra, vindo a óbito.
Desesperado e acreditando piamente que a polícia nunca o ouviria, Al decide trocar de identidade com o homem morto, tomando seu nome e história. Já aqui temos dois elementos clássicos do estilo noir, primeiro: o protagonista que, devido a circunstâncias extraordinárias, acaba cometendo atos criminosos ou se envolvendo numa teia que o sufoca a cada minuto em tela; segundo: a noção do ''duplo'', as identidades em tela que se confundem o tempo inteiro.
Acreditando ter escapado a prisão certa, Al dá carona a uma mulher misteriosa, de poucas palavras. Infelizmente, para o seu azar, aquela figura intrigante era Vera, a mesma mulher que havia arranhado a mão de Haskell. Ela o ameaça, pois sabe de sua farsa. Ainda mais sufocado pelo destino, ele acata as ordens da exigente femme fatale, esperando que de alguma forma ainda fosse possível escapar da enrascada em que metera.
Vera demonstra ser difícil, não medindo esforços para atingir seus desejos. Sua cobiça cresce exponencialmente ao ser confrontada com uma notícia em um jornal qualquer. Acontece que o pai de Haskell, um milionário, estava muito doente e procurando o seu filho. Aqui ela vê uma oportunidade de enriquecer rapidamente, exigindo que Al se passe pelo filho do homem rico afim de receber uma gorda herança.
Ciente do absurdo, o protagonista (já em um pequeno apartamento alugado em nome do Sr. e Sra. Haskell) nega a participação na empreitada, desafiando abertamente Vera que, alcoolizada, cita novamente que o tem em mãos e pode facilmente ir até a polícia. Eles discutem, Vera corre para o quarto e se tranca com um telefone ameaçando o entregar. Desesperado, Al puxa o fio tentando o romper e impedir a ligação, ignorando o fato de que o mesmo havia se enrolado no pescoço da mulher que morre estrangulada.
Al Roberts agora é um homem acabado, com dois assassinatos nas costas. Sua identidade roubada havia sido manchada, uma vez que ele havia se registrado no hotel sob o nome Haskell. Sem saída, ele caminha desolado, um homem comum que teve sua vida bagunçada e destruída pelas circunstâncias da vida.
Registro um fato curioso sobre o filme, o final foi diretamente influenciado pela censura da época. O Código Hays que vigorou entre os anos 30 até final da década de 60 impedia que diversas cenas fossem mostradas em produções audiovisuais. No caso, o final onde o protagonista se safasse era impraticável. Então, Ulmer decidiu por encaixar filmar a última cena onde uma viatura leva Al.
Mas será que de fato os policiais aparecem para levá-lo afim de que o mesmo pagasse pelos seus crimes ou era apenas mais uma carona?
Sombras da Vida
3.8 1,3K Assista AgoraSempre (ou quase) é positivo quando encontro um filme que tem tanto cuidado na construção de cada um de seus planos, cada frame é um deleite para os olhos. E falar o que da fotografia? Melancólica para um caralho. A trilha sonora encaixa perfeitamente, nunca é intrusiva, simplesmente dá o tom necessário.
E, mesmo com a trilha, é silencioso. Os diálogos entram quando são necessários, acrescentam na história como um todo. Me parece o tipo de obra que é mais sensorial que qualquer outra coisa.
Até o momento é o melhor filme de 2017 que assisti. Nunca imaginei que a representação de luto mais real e dolorida que eu veria no audiovisual seria uma cena longa e sem cortes de uma mulher comendo uma torta.
O Mistério das Duas Irmãs
3.5 1,5K Assista AgoraPoderia ser um filme bom se o red herring não fosse tão óbvio assim, fomentar a dúvida de que a protagonista poderia sim estar maluca e não deixar a madrasta ser tão malvada o tempo inteiro teria enriquecido e muito na narrativa, infelizmente não aconteceu. Conheço um filme nesse estilo que é anos luz melhor executado, mas estragaria a experiência de quem assistir contar qual é, melhor que encontrem por acaso e assistam de boa
Escolhas Alimentares
4.1 27 Assista AgoraÉ tão mais fácil chamar um documentário de parcial e ''doutrinador sobre veganismo'' do que repensar nossos hábitos alimentares e em como eles afetam a vida de forma geral, não é mesmo?
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraUma grata surpresa para esse ano de 2017. Soube do filme através de um trailer no cinema e logo me interessei pela temática meio estranha, um terror com racismo e bizarrices. Minha expectativa se pagou e ao contrário de uma crítica que enalteceu o plot twist, acho que o trunfo dessa obra nada tem a ver com ser imprevisível ou não.
''Corra!'' é sobre causar incômodo em seu público, um sentimento de estranheza que está sempre ao redor, em cada cena. Por mais ingênua que uma conversa possa parecer, algo no modo que é falada incomoda e muito, a tensão é palpável. Inteligente os paralelos com o racismo, o tema está presente no filme inteiro, mas não é panfletário nem descarado, agradeço que não seja recheado com frases de efeito.
Muito interessante a direção do Jordan Peele, ainda mais surpreendente por se tratar de seu primeiro trabalho como diretor. Destaco também a atuação de Daniel Kaluuya, fantástica. Vale anotar esses dois nomes no caderninho para acompanhar.
Como Estrelas na Terra
4.4 794Hm, tive sérios problemas com esse filme. Sei que as produções de Bollywood geralmente são sim bem exageradas, mas aqui essa característica não funciona, parece que o tom do filme se perde em um mar de exageros e atuações ruins. Gostei tanto do Aamir Khan em 3 Idiots que esperava que ele tentasse atuar pelo menos de forma decente, o que não aconteceu.
As quase três horas de duração parecem tentar apenas te fazer chorar, coisa que nem é feita de forma disfarçada, é totalmente descarada mesmo. Não gosto desse tipo de coisa, tive exatamente o mesmo problema com o filme Lion - Uma Jornada Para Casa. Claro que não posso negar que a mensagem sobre dislexia e sistema educacional robotizador é importante, infelizmente foi mal executada.
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraAssisti Moonlight numa maratona pré-Oscar para fazer minhas apostas nas estatuetas (e conferir coisas boas que talvez tivessem passado em branco), sentei para ver sem saber absolutamente nada sobre o que ele tratava, o que realmente me atraiu foi o pôster maravilhoso. E que experiência tive. James Laxton apresentou uma direção de fotografia maravilhosa, as cores dão vida aos personagens de uma forma fantástica, além de que me peguei procurando os elementos azuis mais vezes do que posso contar.
O ator do primeiro ato consegue passar um sofrimento mudo tão expressivo que você sente a dor junto com ele, não são necessárias palavras ou diálogos muito longos, um olhar vazio, sofrido, basta. Mahershala Ali mereceu sua estatueta apesar do pouco tempo em tela, que cena cheia de significados e sensível foi o ''batismo'' do Little, me levou as lágrimas.
Comento também de três coisas que gostei bastante no segundo ato, primeiro: a pequena homenagem a Os Incompreendidos do Truffaut , segundo: a leve quebra da quarta parede (acontece no terceiro ato também, com o Kevin adulto) quando Chiron olha direto na câmera, como se estivesse olhando em seus olhos, sabendo que você está vendo e julgando de fora, por último: o trabalho de câmera em todos os segmentos, que trabalho inacreditável do Barry Jenkins, amo a forma como ele acompanha os personagens por trás num travelling, destaco as cenas que se passam nos carros também, tecnicamente muito bonitas.
Rimas visuais e de roteiro em relação aos três atos fecham tudo magistralmente. A praia, onipresente; a touca e os dentes dourados Juan/Chiron do terceiro ato; rosto mergulhado no gelo na fase adolescente e adulta, enfim.
Para aqueles que idiotamente afirmam que essa obra prima ganhou o prêmio apenas por tratar de homossexualidade e marginalização, cresçam. Moonlight é perfeito como uma história, assim como no uso da linguagem cinematográfica. Cinema não é apenas entretenimento, é uma expressão de arte.
Hara-Kiri: Morte de um Samurai
4.1 64Sendo bem honesta mesmo, confesso que estava com uma expectativa quase zero com esse filme. É um remake de uma obra que já é impecável em todos os aspectos e de um diretor que adoro e respeito muito. Mas até que não fui infeliz em assistir esse filme aqui, é uma refilmagem decente do original do Masaki Kobayashi, mas não consegue de jeito nenhum ficar no mesmo nível.
A fotografia é espetacular, tem um bom ritmo (menos lento que o de 62), mas peca e muito na atuação do Ebizo Ichikawa, ao contrário do grande Tatsuya Nakadai em Seppuku, neste filme ele tem uma atuação extremamente exagerada (total overacting) e isso me tirou um pouco do clima. Tirando isso e uma maquiagem que achei bem ruinzinha, é um filme até que bom.
Recomendo que também assistam o original que é uma obra prima do cinema.
Minha classificação fica em três estrelas de cinco (bom filme), o original por sua vez tem cinco de cinco estrelas (filmão da porra).
A Conspiração da Vaca: O Segredo da Sustentabilidade
4.4 212 Assista AgoraSou vegetariana há uns cinco anos e fui vegana por quase dois, revendo esse doc minha consciência ficou pesada, vou tentar voltar ao veganismo gradualmente, tirar tudo de uma vez não funcionou comigo e só me deixou um tanto doente, erro meu em não ter feito a transição de forma mais séria e cuidadosa. Acho muito interessante a forma como o diretor expõe o tema e evidencia o quanto as pessoas tendem a ignorar totalmente os fatos, jogando a culpa em outras questões que não são a raiz do problema, quase como uma forma de defesa para evitar a culpa.
Longo Caminho Rumo ao Norte
3.9 9Boa animação, mas nada de extraordinário. Roteiro é bem redondinho, o que me incomoda um pouco, e tem um visual interessante.
Tekkonkinkreet
4.3 86Nem só estética faz uma boa animação, essa aqui é a prova viva disso.
O Pecado Mora ao Lado
3.7 422 Assista AgoraPéssimo. Não parece o Billy Wilder de ''Some Like It Hot'' e ''One, Two, Three'', comédias excelentes por sinal. Esse filme não me arrancou sequer um risinho meia boca e me desculpem, mas ver a Marilyn fazendo papel de uma completa imbecil ingênua não me soa nem um pouco bonito e legal.
À Prova de Morte
3.9 2,0K Assista AgoraAdoro tudo sobre esse filme, tem diálogos tão sensacionais quanto qualquer outra obra do Tarantino e as atuações meio exageradas das garotas encaixaram muito bem pro tom que ele queria passar. As cenas de perseguição são incríveis e a trilha sonora excelente também. Me lembrou bastante o ''Faster, Pussycat! Kill!Kill!'' que recomendo fortemente.
Dançando no Escuro
4.4 2,3K Assista AgoraEspero muitas coisas de um musical, menos isso que foi entregue. Lars Von Trier é um cara excêntrico, sem dúvidas.
Kubo e as Cordas Mágicas
4.2 635 Assista AgoraMe decepcionei. Visualmente o filme é impecável, lindo demais de se ver, o trabalho de stop motion foi muito bem feito. Só que o tom ocidental demais em uma obra de visual oriental me incomodou bastante, logo de começo fiquei com um pé atrás pela dublagem na língua inglesa, mas não é só isso, o roteiro é bem fraquinho. Vale a pena somente pela beleza da animação.
Cenas de um Casamento
4.4 232A cena em que a Marianne lê o diário e desnuda sua alma para o Johan e ele acaba dormindo me entristeceu de uma forma que não sei como explicar.
O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro
4.1 133 Assista Agora“Deus fez o mundo e o diabo o arame farpado”.
Terra em Transe
4.1 286 Assista AgoraA direção de Glauber Rocha é de encher os olhos, ele me parece diferente de todos os diretores brasileiros que conheço. Até quando o desenvolvimento do filme não me agrada muito (como foi com este, achei confuso), a forma com que é filmado me deixa impressionada de tanta qualidade. Coloco ''Terra em Transe'' na minha lista de filmes que preciso rever para, talvez, digerir melhor a obra.
Quando Explode a Vingança
4.1 133 Assista AgoraIncrível como Sergio Leone tem esse talento impressionante de fazer com que um filme longo passe tão rapidamente. Que atuações de James Coburn e Rod Steiger! Conseguimos empatizar com seus personagens logo de cara e torcer pelo seu sucesso, me pergunto o motivo desse filme ser subestimado como é, de verdade.
''Sei o que estou dizendo quando falo da revolução. Gente que lê livros procuram os que não sabem ler, gente pobre, e dizem ''tem que haver mudanças'', e a gente pobre faz as mudanças. Ai, os que leem livros se sentam em grandes mesas lustrosas e falam, falam, comem e comem. Mas o que acontece com os pobres? Eles estão mortos!''
Fanny e Alexander
4.3 215Sinceramente? Não entendo como este filme está com uma média tão alta. A história passava e passava e não me parecia um trabalho do Bergman. Onde estão seus temas tão explorados de existencialismo? A solidão, a morte, a angústia e o tempo?! Se estão presentes, somente de forma fraca e mal explorada. Nem a fotografia que geralmente adoro me agradou, muito menos os diálogos. Foi uma angústia completa (e não do modo bom, como algumas histórias do diretor me fizeram sentir) terminar de assistir. Para mim, obra mais fraca do Ingmar.
Quando Duas Mulheres Pecam
4.4 1,1K Assista AgoraNem sei o que dizer desse filme, nem do meu estado depois de assistir. Me levou as lágrimas e não sei que lágrimas são essas, se são de confusão, desespero, angústia ou sei lá o que. Repetitivo dizer, mas que fotografia inacreditável, me impressiono com ela a cada filme assistido do Bergman.
O Silêncio
4.1 110O silêncio, nesse filme, me soa como um grito de desespero.