Nesse filme, já podemos ver estéticas semióticas que David Fincher refina em Clube da Luta. Juntamente com esse mesmo outro filme, Fincher mostra o detrimento e a podridão da espécie humana de formas não-convencionais. Sem contar a genialidade das atuações e direções de fotografia, queria ressaltar o trabalho de iluminação, sendo até mais que a trilha sonora, o grande responsável pelo suspense dado ao filme. Mais especificamente, queria falar sobre a cor vermelha, que ao decorrer do filme inteiro dá dicas de que o que há de vir na tela nos próximos segundos é sangue/morte (
pegue como exemplo, cenas como a do corredor da casa de John, na qual temos um carpete e portas vermelhas, ou a cena de alguma vítima dos sete pecados capitais, como por exemplo, a da luxúria, em que antes de entrarmos no quatro onde o assassinato fora cometido, passamos por corredores do bordel em que a luz vermelha toma conta; em vários momentos do filme, ou até mesmo no uniforme de John quando ele está indo levar os detetives ao local dos corpos, em que ele está totalmente de vermelho, indicando que algo de ruim está para acontecer com algum dos indivíduos do carro; são essas dicas visuais que as vezes inicialmente contrariam os prognósticos dos detetives, mas que se mostram certeiras com o decorrer da cena
), dando assim mais um ponto ao filme: o trabalho estético. Niilistas, Clube da Luta e Se7en embora tenham ambos em suas particulares a figura de um messias, que luta por uma causa maior, enojado da sociedade, megalomaníaco, eles são bem diferentes em suas mensagens; as cenas finais desse filme demonstram que ninguém é santo, até mesmo a própria pessoa que mostra "o caminho": "We see a deadly sin on every street corner, in every home, and we tolerate it. We tolerate it because it's common". E por fim, "What is in the box?". Essa pergunta é mesmo razoável? Podia ser qualquer coisa lá dentro, David não viu, o filme não nos mostra, qualquer coisa. Eu acredito que mais do que o objeto que realmente está dentro dele, o que essa caixa mais retrata é o próprio pecado, o pecado que move a cena final, o pecado que move o filme todo, o pecado que move a sociedade, e eu isso é mais importante do que realmente está dentro da caixa.
Obs.: só uma frase genial e triste --> "The first thing they teach women at rape preventions is never cry for "help". Always yell "fire." Nobody answers to help. You yell fire and they come running."
aquela cena da Shosanna fugindo, com a porta e a janela à vista é incrível
).
Para mim fica a pergunta: os inimigos dos nazistas são mais ou menos nazistas matando os mesmos por vingança de uma forma similar e tão cruel quanto? (eu sei que não teria outro modo de fazê-los parar sem mais mortes, mas para mim fica a pergunta.)
O filme que origina uma nova estética para os filmes de terror, que atualmente está altamente saturada. Uma parte muito importante na criação do suspense e do medo nos filmes de terror é a forma como eles são filmados (enquadramentos, contrastes de luz, movimentos de câmera); utilizar-se então dessa estética demanda não somente muita técnica, como também bastante tempo de pensamento. Filmes como O Iluminado, que atualmente podem passar longe de assustar alguém, criam um clima de atenção muito por seus longos takes seguindo uma motoca, com viradas ágeis e obtusas, giros e posições desconfortantes que incitam um alarme a cada novo elemento posto na tela. E é isso que sinto falta nesses filmes de terror. A Bruxa de Blair se maravilha tanto com essa estética que acaba se esquecendo de dar a sensação mais importante num filme de terror: medo/susto. As tomadas são muito repetitivas, prolongadas e sem mistério nenhum. Os giros da câmera que embora sejam explicados pela ideia da metalinguagem de um filme caseiro se perde muitas vezes, deixando o espectador tonto, mas que assustado. Seguir a câmera com seus solavancos só não foi pior pois a maior parte do tempo que isso acontece, grande parte da tela está escura. Há uma ressalva aos elementos sonoros do filme, que foram muito bem posicionados principalmente nas telas escuras. Já narrativamente, embora o filme tenha uma grande ideia, desde a pegada metalinguística, e o mistério que juntamente com a estética ajudaria a criar se perde muito rapidamente no decorrer do filme, na qual vemos uma introdução desnecessária para o suspense
e desenrolar da trama e um desenvolvimento puxado, em que a lógica dos protagonistas ao portar uma câmera é totalmente perdida (os caras estão totalmente perdidos e atordoados, mas mesmo assim gastam esforços, energias e nervos para filmarem tudo mesmo depois de discussões). Enfim, uma grande ideia do diretor, mas uma grande dor de cabeça para os espectadores.
A simplicidade presente tanto no curta e no filme dão a vida a história, dando o tom de naturalidade quanto ao dilema dos garotos, que ao mesmo tempo comove e nos imerge mais no enredo. A estética usada no filme, embora simples, espanta, como a cena do pesadelo de Leonardo (que além de uma bela cena composta, tendo uma bela trilha para acompanhar os devaneios). O filme faz algo que Azul é a Cor Mais Quente não faz, se atentar ao processo de descoberta (nesse caso por parte de Gabriel), e conquista, coisa que o AÉACMQ preza mais pelas sensações da protagonista (o que de todo não é ruim, mas que acredito não ser o mais interessante). Concordo com alguns outros usuários que em algumas cenas, a atuação das personagens parecia meio insípida, mas só levemente, e em poucas cenas. O final da história de Giu me incomoda um pouco, mas achei até que legal a ideia de esperar alguém de fora de seu meio dar as caras para o seu mundo fechado, e que vai modificar todas as estruturas (classe). Já o final de Léo é muito meigo e impressionante; quanto ao ator que interpreta ele, se algum outro ator não convenceu na narrativa em algum instante, esse é o cara que leva o filme para algo realmente tocante.
Obs.: Queria mais músicas brasileiras na trilha sonora... u.u
Como um documentário da situação da época o filme é muito bom (imagino que as coisas tenham sido assim, mesmo não tendo vivido nessa época), no entanto, com o toque despretensioso que o diretor dá, todos os fatos fluem de forma mais natural e cativante, sendo o que faz o filme funcionar: vê-lo sem imaginar que você está vendo o filme. Agora para quem espera um filme com uma narrativa um tanto mais reflexiva/especulativa do papel do jovem, sua transformação e futuro (como Clube dos Cinco faz perfeitamente) não deve se agradar muito com o filme.
Obs.: legal ver atores hoje famosos em seus primeiros filmes --> Ben Affleck, Mila Jovovich e Matthew McConaughey.
Só a montagem da narrativa já prepara para a intensidade do filme, metaforicamente, essa disposição dos acontecimentos remete a vida/pensamentos, confusa, complexa e emaranhada como ela é. Muito superior em termos simbólicos que Babel (que viria alguns anos depois), esse filme trás alguns elementos sensacionalistas e melodramáticos que embora sature um pouco, passa longe de estragar a obra, dando até mesmo um tom de proximidade com a postura do homem quanto à vida, cheio de suas crenças e ditames. Mais importante que o questionamento da morte e tempo de vida é perceber que "life goes on".
A forte crítica à situação do país não foi leviana, tanto que o filme foi até censurado 3 dias após sua estreia pelo governo. A forma como todas as ações são tratadas passam longe do típico melodrama nacional (
muito demarcado como o "seco" do final, um momento você está aqui, outro não. E é isso, sem enrolações
). A visão sobre os jovens, que são simplesmente jogados à sua sorte, sem muita expectativa de vida em contrapartida ao questionamento, desagrado dos mais velhos cria com mais intensidade essa dura realidade em que nenhum lado tem culpa, mas que se moldam para sobreviver. Um dos personagens mais interessantes na trama é o velho, metaforizando um indivíduo impotente que se vira da forma como pode, que não consegue visualizar os problemas reais, clamando por um passado de ouro. Assim como ele, todas as personagens culpam algo como escapatória de suas realidades, mas nunca com caminhos para solução.
O filme surpreende com o trabalho estético do filme, mas também com o roteiro, que estando muito superior ao de Moonrise Kingdom mostra a capacidade de trabalhar forma e conteúdo, coisa antes muito criticada em Wes Anderson. A genialidade de cada um dos atores, todos eles muito diferentes entre si só incorpora um maior imersão e espanto com o trabalho de cada cena. É óbvio que podemos ver todas as marcas do diretor no decorrer de todo filme, como os quadros centralizados, os travellings com os movimentos das personagens. O filme inteiro é impecável artisticamente, e não há o que se discordar sobre a beleza dele, mas toda essa mesma beleza as vezes não te faz se emocionar com por exemplo as tiradas que o filme traz, e eu acho que muito por isso que as vezes cada uma das tiradas é repetida uma série de vezes para você captar. No entanto, isso está longe de tirar o prazer de ver esse filme. Digo de antemão que independente das premiações vindouras, esse filme com certeza será por muito tempo lembrado pelo seu cuidado composicional e artístico.
/Não acredito que o comentário tenha spoilers, mas talvez ele incomode levemente o prosseguimento do filme para quem não viu.../
O filme é trabalhado de uma forma não tão convencional para os filmes de terror atuais, mas mesmo assim consegue criar a mesma tensão que a desses outros filmes (confesso que não fico tão assustado quando os filmes de terror mostram a "entidade", o "monstro", pois te tira o mistério da forma, da sua imaginação; e nesse filme, isso é mostrado logo no começo, tirando um pouco do suspense, no entanto, isso passa longe de tirar o suspense presente no filme). A construção da loucura, com as imagens de flashbacks incorpora muito ao filme, criando cada vez mais suspense com as mudanças da idade dos personagens. Ressalto aqui também o trabalho de cores do filme, que categorizei em principalmente duas com significados importantes, que vão denotando o pensamento das personagens no decorrer do filme: vermelho e verde. Isso é bem visível quando eles estão retornam à casa para solucionar o mistério do espelho. O garoto está de verde (razão, ciência) e a garota de vermelho (sobrenatural, místico). E é esse mesmo o debate que ocorre até o momento derradeiro que as forças sobrenaturais vão se mostrando; é a partir daí então que o filme vai dando elementos vermelhos ao garoto que fazem com que ele comece a acreditar nesse sobrenatural, como a maçã que ele come ou o sangue que começa a escorrer dele. É legal também o fato do pai no passado também começar com uma camisa verde que vai sendo tomada de sangue dos dedos e da mulher. É por esse cuidado estético (raro em filmes de terror atuais), roteiro bem dinâmico e diferente, além de atuações em que as personagens estão longe de parecerem vítimas burras, seja no começo com o intuito da estadia na casa, quanto ao sobrenatural que os vai impedindo que eles saiam da casa posteriormente que o filme se enriquece, sendo assim uma boa pegada para tanto amantes de terror, mas também de cinema em geral.
Nem é preciso dizer que a atuação Guillaume Gallienne só faz o filme ficar ao mesmo tempo mais convincente e engraçada, mas também dando toda a voz ao filme. O filme inteiro é trabalhado com cenas visuais (tanto do cenário, quanto as ações) que criam um reflexo dos sentimento dele. Duas cenas visuais finais são extremamente importantes para a conclusão da personalidade do personagem:
a revelação da plateia e a substituição da atriz que vive a mãe, pois nelas podemos ver que ele consegue superar o medo (por isso a aproximação com o público) e também entender o que realmente é, por conta própria, tendo assim então o afastamento da mãe
. A comédia presente no filme serve tanto para nos divertir quanto para amenizar o duro processo de aceitação e entendimento do próprio ser.
As atuações das personagens é horrível e o roteiro em si é bem previsível, mas o confinamento físico é o próprio reflexo de tensão de personalidade (confinamento psicológico) que é o que se salva no filme. Os diálogos finais se sobressaem sobre o resto do filme,
com o 'take' final de lançar o louco para uma sociedade
(que não conseguimos imaginar como é, mas que independente de como seja, será uma dificuldade maior do que a de sobreviver no "cubo"). O filme tem poucas cenas tensa (câmara silenciosa), o que me deixou meio cabisbaixo de quase não criar suspense algum em mim. Além disso, volto a dizer que pela fraca atuação você acaba não torcendo por ninguém sair vivo, em última instância para o louco.
Embora tenha uma pincelada caricatural dos personagens, além do clichê da união de forças entre o cérebro e a força, o filme cria a sensação que é esperado que crie; e de uma forma realmente bem engraçada. É perceptível o quão comercial o filme é (pegue o fato do final pressupondo uma continuação), mas que nesse caso não compromete nem um pouco o filme. Destaque para as atuações fortes presentes no filme.
A ideia do filme é boa, mas foi muito mal desenvolvida. Imaginei o filme inteiro, o "Vou para o oeste", como o sonho americano só que transposto para a religião, ou seja, uma ilusão salvadora. Gostei da ironia de Alcatraz. Repito a dizer que o cunho de salvação nesse mundo distópico foi muito fracamente trabalhado, o que compromete o filme em geral. Porém, a fotografia e a trilha sonora são muito boas. Gosto das cores no filme.
Seven: Os Sete Crimes Capitais
4.3 2,7K Assista AgoraNesse filme, já podemos ver estéticas semióticas que David Fincher refina em Clube da Luta. Juntamente com esse mesmo outro filme, Fincher mostra o detrimento e a podridão da espécie humana de formas não-convencionais. Sem contar a genialidade das atuações e direções de fotografia, queria ressaltar o trabalho de iluminação, sendo até mais que a trilha sonora, o grande responsável pelo suspense dado ao filme. Mais especificamente, queria falar sobre a cor vermelha, que ao decorrer do filme inteiro dá dicas de que o que há de vir na tela nos próximos segundos é sangue/morte (
pegue como exemplo, cenas como a do corredor da casa de John, na qual temos um carpete e portas vermelhas, ou a cena de alguma vítima dos sete pecados capitais, como por exemplo, a da luxúria, em que antes de entrarmos no quatro onde o assassinato fora cometido, passamos por corredores do bordel em que a luz vermelha toma conta; em vários momentos do filme, ou até mesmo no uniforme de John quando ele está indo levar os detetives ao local dos corpos, em que ele está totalmente de vermelho, indicando que algo de ruim está para acontecer com algum dos indivíduos do carro; são essas dicas visuais que as vezes inicialmente contrariam os prognósticos dos detetives, mas que se mostram certeiras com o decorrer da cena
Obs.: só uma frase genial e triste --> "The first thing they teach women at rape preventions is never cry for "help". Always yell "fire." Nobody answers to help. You yell fire and they come running."
Bastardos Inglórios
4.4 4,9K Assista Agora"- I don't speak italian
- Like I said, third best"
Acho que isso resume o filme como um todo: sátira, personagens e diálogos fortes (como não rir como Waltz?) e uma ótima dinâmica de câmera (
aquela cena da Shosanna fugindo, com a porta e a janela à vista é incrível
Para mim fica a pergunta: os inimigos dos nazistas são mais ou menos nazistas matando os mesmos por vingança de uma forma similar e tão cruel quanto? (eu sei que não teria outro modo de fazê-los parar sem mais mortes, mas para mim fica a pergunta.)
A Bruxa de Blair
3.1 1,6KO filme que origina uma nova estética para os filmes de terror, que atualmente está altamente saturada. Uma parte muito importante na criação do suspense e do medo nos filmes de terror é a forma como eles são filmados (enquadramentos, contrastes de luz, movimentos de câmera); utilizar-se então dessa estética demanda não somente muita técnica, como também bastante tempo de pensamento.
Filmes como O Iluminado, que atualmente podem passar longe de assustar alguém, criam um clima de atenção muito por seus longos takes seguindo uma motoca, com viradas ágeis e obtusas, giros e posições desconfortantes que incitam um alarme a cada novo elemento posto na tela. E é isso que sinto falta nesses filmes de terror. A Bruxa de Blair se maravilha tanto com essa estética que acaba se esquecendo de dar a sensação mais importante num filme de terror: medo/susto. As tomadas são muito repetitivas, prolongadas e sem mistério nenhum. Os giros da câmera que embora sejam explicados pela ideia da metalinguagem de um filme caseiro se perde muitas vezes, deixando o espectador tonto, mas que assustado. Seguir a câmera com seus solavancos só não foi pior pois a maior parte do tempo que isso acontece, grande parte da tela está escura. Há uma ressalva aos elementos sonoros do filme, que foram muito bem posicionados principalmente nas telas escuras.
Já narrativamente, embora o filme tenha uma grande ideia, desde a pegada metalinguística, e o mistério que juntamente com a estética ajudaria a criar se perde muito rapidamente no decorrer do filme, na qual vemos uma introdução desnecessária para o suspense
(com exceção da parte das sete crianças)
Enfim, uma grande ideia do diretor, mas uma grande dor de cabeça para os espectadores.
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho
4.1 3,2K Assista AgoraA simplicidade presente tanto no curta e no filme dão a vida a história, dando o tom de naturalidade quanto ao dilema dos garotos, que ao mesmo tempo comove e nos imerge mais no enredo. A estética usada no filme, embora simples, espanta, como a cena do pesadelo de Leonardo (que além de uma bela cena composta, tendo uma bela trilha para acompanhar os devaneios). O filme faz algo que Azul é a Cor Mais Quente não faz, se atentar ao processo de descoberta (nesse caso por parte de Gabriel), e conquista, coisa que o AÉACMQ preza mais pelas sensações da protagonista (o que de todo não é ruim, mas que acredito não ser o mais interessante). Concordo com alguns outros usuários que em algumas cenas, a atuação das personagens parecia meio insípida, mas só levemente, e em poucas cenas. O final da história de Giu me incomoda um pouco, mas achei até que legal a ideia de esperar alguém de fora de seu meio dar as caras para o seu mundo fechado, e que vai modificar todas as estruturas (classe). Já o final de Léo é muito meigo e impressionante; quanto ao ator que interpreta ele, se algum outro ator não convenceu na narrativa em algum instante, esse é o cara que leva o filme para algo realmente tocante.
Obs.: Queria mais músicas brasileiras na trilha sonora... u.u
Jovens, Loucos e Rebeldes
3.7 447 Assista AgoraComo um documentário da situação da época o filme é muito bom (imagino que as coisas tenham sido assim, mesmo não tendo vivido nessa época), no entanto, com o toque despretensioso que o diretor dá, todos os fatos fluem de forma mais natural e cativante, sendo o que faz o filme funcionar: vê-lo sem imaginar que você está vendo o filme. Agora para quem espera um filme com uma narrativa um tanto mais reflexiva/especulativa do papel do jovem, sua transformação e futuro (como Clube dos Cinco faz perfeitamente) não deve se agradar muito com o filme.
Obs.: legal ver atores hoje famosos em seus primeiros filmes --> Ben Affleck, Mila Jovovich e Matthew McConaughey.
21 Gramas
4.0 888 Assista AgoraSó a montagem da narrativa já prepara para a intensidade do filme, metaforicamente, essa disposição dos acontecimentos remete a vida/pensamentos, confusa, complexa e emaranhada como ela é. Muito superior em termos simbólicos que Babel (que viria alguns anos depois), esse filme trás alguns elementos sensacionalistas e melodramáticos que embora sature um pouco, passa longe de estragar a obra, dando até mesmo um tom de proximidade com a postura do homem quanto à vida, cheio de suas crenças e ditames. Mais importante que o questionamento da morte e tempo de vida é perceber que "life goes on".
Os Esquecidos
4.3 110A forte crítica à situação do país não foi leviana, tanto que o filme foi até censurado 3 dias após sua estreia pelo governo. A forma como todas as ações são tratadas passam longe do típico melodrama nacional (
muito demarcado como o "seco" do final, um momento você está aqui, outro não. E é isso, sem enrolações
"Eles precisam matar todos antes de nascer."
O Grande Hotel Budapeste
4.2 3,0KO filme surpreende com o trabalho estético do filme, mas também com o roteiro, que estando muito superior ao de Moonrise Kingdom mostra a capacidade de trabalhar forma e conteúdo, coisa antes muito criticada em Wes Anderson. A genialidade de cada um dos atores, todos eles muito diferentes entre si só incorpora um maior imersão e espanto com o trabalho de cada cena. É óbvio que podemos ver todas as marcas do diretor no decorrer de todo filme, como os quadros centralizados, os travellings com os movimentos das personagens. O filme inteiro é impecável artisticamente, e não há o que se discordar sobre a beleza dele, mas toda essa mesma beleza as vezes não te faz se emocionar com por exemplo as tiradas que o filme traz, e eu acho que muito por isso que as vezes cada uma das tiradas é repetida uma série de vezes para você captar. No entanto, isso está longe de tirar o prazer de ver esse filme. Digo de antemão que independente das premiações vindouras, esse filme com certeza será por muito tempo lembrado pelo seu cuidado composicional e artístico.
O Espelho
2.9 932 Assista Agora/Não acredito que o comentário tenha spoilers, mas talvez ele incomode levemente o prosseguimento do filme para quem não viu.../
O filme é trabalhado de uma forma não tão convencional para os filmes de terror atuais, mas mesmo assim consegue criar a mesma tensão que a desses outros filmes (confesso que não fico tão assustado quando os filmes de terror mostram a "entidade", o "monstro", pois te tira o mistério da forma, da sua imaginação; e nesse filme, isso é mostrado logo no começo, tirando um pouco do suspense, no entanto, isso passa longe de tirar o suspense presente no filme). A construção da loucura, com as imagens de flashbacks incorpora muito ao filme, criando cada vez mais suspense com as mudanças da idade dos personagens. Ressalto aqui também o trabalho de cores do filme, que categorizei em principalmente duas com significados importantes, que vão denotando o pensamento das personagens no decorrer do filme: vermelho e verde. Isso é bem visível quando eles estão retornam à casa para solucionar o mistério do espelho. O garoto está de verde (razão, ciência) e a garota de vermelho (sobrenatural, místico). E é esse mesmo o debate que ocorre até o momento derradeiro que as forças sobrenaturais vão se mostrando; é a partir daí então que o filme vai dando elementos vermelhos ao garoto que fazem com que ele comece a acreditar nesse sobrenatural, como a maçã que ele come ou o sangue que começa a escorrer dele. É legal também o fato do pai no passado também começar com uma camisa verde que vai sendo tomada de sangue dos dedos e da mulher. É por esse cuidado estético (raro em filmes de terror atuais), roteiro bem dinâmico e diferente, além de atuações em que as personagens estão longe de parecerem vítimas burras, seja no começo com o intuito da estadia na casa, quanto ao sobrenatural que os vai impedindo que eles saiam da casa posteriormente que o filme se enriquece, sendo assim uma boa pegada para tanto amantes de terror, mas também de cinema em geral.
Eu, Mamãe e os Meninos
3.7 162 Assista AgoraNem é preciso dizer que a atuação Guillaume Gallienne só faz o filme ficar ao mesmo tempo mais convincente e engraçada, mas também dando toda a voz ao filme. O filme inteiro é trabalhado com cenas visuais (tanto do cenário, quanto as ações) que criam um reflexo dos sentimento dele. Duas cenas visuais finais são extremamente importantes para a conclusão da personalidade do personagem:
a revelação da plateia e a substituição da atriz que vive a mãe, pois nelas podemos ver que ele consegue superar o medo (por isso a aproximação com o público) e também entender o que realmente é, por conta própria, tendo assim então o afastamento da mãe
Cubo
3.3 879 Assista AgoraAs atuações das personagens é horrível e o roteiro em si é bem previsível, mas o confinamento físico é o próprio reflexo de tensão de personalidade (confinamento psicológico) que é o que se salva no filme. Os diálogos finais se sobressaem sobre o resto do filme,
com o 'take' final de lançar o louco para uma sociedade
Anjos da Lei
3.6 1,4K Assista AgoraEmbora tenha uma pincelada caricatural dos personagens, além do clichê da união de forças entre o cérebro e a força, o filme cria a sensação que é esperado que crie; e de uma forma realmente bem engraçada. É perceptível o quão comercial o filme é (pegue o fato do final pressupondo uma continuação), mas que nesse caso não compromete nem um pouco o filme. Destaque para as atuações fortes presentes no filme.
O Livro de Eli
3.6 2,0K Assista AgoraA ideia do filme é boa, mas foi muito mal desenvolvida. Imaginei o filme inteiro, o "Vou para o oeste", como o sonho americano só que transposto para a religião, ou seja, uma ilusão salvadora. Gostei da ironia de Alcatraz. Repito a dizer que o cunho de salvação nesse mundo distópico foi muito fracamente trabalhado, o que compromete o filme em geral. Porém, a fotografia e a trilha sonora são muito boas. Gosto das cores no filme.
/Parentêsis/ Que final de merda foi aquele?