Com exceção da fotografia e a historinha da cobra que são legais e fora os clichês característicos desse cinema de gênero, também não gostei da moral da história no final:
No fim, o motivo da ruína (econômica e de saúde) daquela família só podia ser os pretos, que jogaram uma maldição eterna. E para esses pretos conseguirem realizar tal façanha, precisou o quilombo inteiro morrer (frisa-se que precisava ser assim), um monte de gente sofrer, sangue ser derramado, só pras branca ter o castigo delas. Continuamos sempre sendo os monstros, as mandingueiras necromantes e nossa ira no fundo é resultado de maledicência. Além do que, num geral, soou filme de homem branco pra militar.
Filminho uó. Para além da fotografia e da monotonia (não achei tão parado):
- Relação tóxica e doentia entre os protagonistas. Jogos psicológicos, falta de sinceridade, lambeção pra macho hétero e imaturo. O afeto não é pra ser assim, por mais intenso que seja, parem de naturalizar esse tipo de relação. Depois as gay fica sofrendo atrás de boy escroto e não sabe o porquê. Chora mais mona, tá pouco. - É muito lindo ser homossexual masculina, rica, branca, na Europa e falando três idiomas. - O plot twist não salvou. No filme o bofe tem cara de quase 40 anos e o outro nem saiu do ensino médio, melhor o pai arranjar um coleguinha da mesma idade do que pegar um sem noção que vai desaparecer e ligar do outro lado do oceano pra falar que tá casado. - A Marisa, a tal namoradinha, só pagou de otária o filme inteiro.
Já vi o filme há tempos e venho aqui como um apelo: parem! O cinema gay (porque isso não é LGBT nem na puta que pariu) precisa sair do lugar comum.
Crítica que escrevi para o Papelão Povera (edição 25), 03/12/2019, no Festival de Cinema Primeiro Plano e Mercocidades:
A protagonista (interpretada por Marcélia Cartaxo, conhecida por seus papéis em A Hora da Estrela e Madame Satã) serviu um acervo de looks bafo. Certo caricaturismo para manter o humor do filme. Uma nostálgica viva da belle epoque, a tentativa de influência da cultura francesa em terras brasileiras e como hoje esses estrangeirismos ganham um aspecto demodé (ainda bem) mas não perdem sua singularidade. Pacarrete é controversa, no começo é motivo de risada, ao longo do filme nos vemos em sua incompreensão e sofrimento. Talvez por ser uma personagem ambígua tenha cativado tanto, além de um corpo resistente às convenções na terceira idade, gera um misto de reflexo e solidarização. Alguns espectadores acharam um pouco longo, de fato: embora o tempo de encontrar seus demônios por vezes seja longo, todo mundo já sabia o final, o que na lógica narrativa ela merecia: um belíssimo número solo. Apesar de um jeitinho Globo Filmes de se contar história, muitos também se emocionaram e confessaram choro durante a sessão.
Crítica que escrevi para o Papelão Povera (edição 02), dia 05/08/2018, no Festival de Cinema Primeiro Plano e Mercocidades:
Descobrir pela primeira vez registros duvidosamente reais, traços de intimidade espontânea. Atores que sairiam de um 90s movie. O comportamento desinibido dos personagens - e sem muita autoironia - garantiram o riso na sessão. Os pontos altos são as telas azuis: falhas de programação tensionam a curiosidade. A voz da narradora serve de âncora ao manter o suspense. Poucas coisas são tão atrativas como contar histórias sobre linhagens desconhecidas de famílias burguesas, ainda mais quando atreladas a um passado colonial. No fim, o mistério mal resolvido é sempre mais interessante.
Não achei tão caótico assim. O roteiro do filme, embora não as cenas não se "conectem", possui uma linearidade palpável. E eu gostei da forma como parte da alta sociedade londrina foi retratada.
O filme é bom. O terror psicológico e o foco nas relações humanas (que em certas partes do filme chegam a ser de fatos perturbadoras) foi um ponto positivo. Você via a incerteza e o desespero na cara da mãe. Não gostei da forma como apresentaram "o monstro"... achei que ele apareceu de forma meio tosca e que seria melhor caso não trabalhassem com a imagem: quando o espectador não vê, o medo do desconhecido age, e nós, por não termos ciência do que está "do outro lado da tela" acabamos ficando mais instigados e amedrontados. Gostei do final pelo fato que não caiu em nenhum dos dois extremos: não terminou tudo lindo e nem tudo fodido.
Esse filme é ótimo. Divine e John Waters deixando sua maravilhosa marca imunda no cinema. Uma espalhafatosa alegoria do grotesco. O final desse filme é lindo. Dá vontade de levantar de onde estiver e bater palma.
Dos filmes que eu vi do Dolan, foi o mais diferente. E isso não desmerece a obra - pelo contrário. Queria poder dizer mil coisas, mas acho que não consigo expressar em palavras o que esse filme me fez sentir.
Caramba. É meio difícil descrever minha surpresa com esse filme. Nem sei direito o que falar. A tensão e a incerteza foi muito bem explicitada em vários momentos do filme. Aquele receio, aquela insegurança, nossa. Ao mesmo tempo tem uma fotografia muito bonita e um elenco - teria outra forma de dizer senão - natural (?). É um filme bem palpável, porque lida com sentimentos tão universais numa situação tão particular (que as vezes nos vemos presos). Aquela oscilação, ironicamente, em cima do corriqueiro que chega a dar nervoso. Sofri junto e sorri junto. Um filme, que para mim, foi uma surpresa - principalmente no final hahahah
Gostei bastante do paralelo que faz ao abordar a temática da cidade com a temática humana virtual. As metáforas - um tanto quanto existencialistas - me interessaram. E aquele tipo de finalzinho que de vez em quando não faz mal a ninguém (pelo contrário!) Só manifesto minha represália pelo tom por vezes muito crítico (preso um pouco ao senso comum) ao lidar com a tecnologia.
Dolan, mais uma vez, não me decepcionou. Pelo contrário: explorou e ao mesmo tempo nos fez questionar - como sempre faz muito bem - o psicológico dos personagens, mas desta vez num tom de suspense. A tensão e a dúvida que foram sendo estabelecidas durante o desenvolvimento do filme conseguiram se construir muito bem e prender o espectador até o final. Violento, forte, angustiante.
Sem Raiz
2.9 2Vi em Tiradentes. Um dos bons longas que por lá passou.
Hopper Stories
2.9 1Alguém achou a legenda? Plis!
Barbara
3.1 6Se alguém achou a legenda por favor me informe onde!
Doe: Sem Passado
2.9 8 Assista AgoraAlguém achou a legenda em português? Se sim, passa aqui <3
Violet
3.5 3Alguém achou legenda em português?
Xale
3.2 2Pra quê fazer pesquisa genealógica e de arquivo se o bom mesmo é aproveitar uma boa putaria do bom viver? Melhor "Eu" não poderia encontrar.
O Nó do Diabo
3.0 46 Assista AgoraCom exceção da fotografia e a historinha da cobra que são legais e fora os clichês característicos desse cinema de gênero, também não gostei da moral da história no final:
No fim, o motivo da ruína (econômica e de saúde) daquela família só podia ser os pretos, que jogaram uma maldição eterna. E para esses pretos conseguirem realizar tal façanha, precisou o quilombo inteiro morrer (frisa-se que precisava ser assim), um monte de gente sofrer, sangue ser derramado, só pras branca ter o castigo delas. Continuamos sempre sendo os monstros, as mandingueiras necromantes e nossa ira no fundo é resultado de maledicência. Além do que, num geral, soou filme de homem branco pra militar.
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista AgoraFilminho uó. Para além da fotografia e da monotonia (não achei tão parado):
- Relação tóxica e doentia entre os protagonistas. Jogos psicológicos, falta de sinceridade, lambeção pra macho hétero e imaturo. O afeto não é pra ser assim, por mais intenso que seja, parem de naturalizar esse tipo de relação. Depois as gay fica sofrendo atrás de boy escroto e não sabe o porquê. Chora mais mona, tá pouco.
- É muito lindo ser homossexual masculina, rica, branca, na Europa e falando três idiomas.
- O plot twist não salvou. No filme o bofe tem cara de quase 40 anos e o outro nem saiu do ensino médio, melhor o pai arranjar um coleguinha da mesma idade do que pegar um sem noção que vai desaparecer e ligar do outro lado do oceano pra falar que tá casado.
- A Marisa, a tal namoradinha, só pagou de otária o filme inteiro.
Já vi o filme há tempos e venho aqui como um apelo: parem! O cinema gay (porque isso não é LGBT nem na puta que pariu) precisa sair do lugar comum.
Pacarrete
4.1 106 Assista AgoraCrítica que escrevi para o Papelão Povera (edição 25), 03/12/2019, no Festival de Cinema Primeiro Plano e Mercocidades:
A protagonista (interpretada por Marcélia Cartaxo, conhecida por seus papéis em A Hora da Estrela e Madame Satã) serviu um acervo de looks bafo.
Certo caricaturismo para manter o humor do filme. Uma nostálgica viva da belle epoque, a tentativa de influência da cultura francesa em terras brasileiras e como hoje esses estrangeirismos ganham um aspecto demodé (ainda bem) mas não perdem sua singularidade.
Pacarrete é controversa, no começo é motivo de risada, ao longo do filme nos vemos em sua incompreensão e sofrimento. Talvez por ser uma personagem ambígua tenha cativado tanto, além de um corpo resistente às convenções na terceira idade, gera um misto de reflexo e solidarização.
Alguns espectadores acharam um pouco longo, de fato: embora o tempo de encontrar seus demônios por vezes seja longo, todo mundo já sabia o final, o que na lógica narrativa ela merecia: um belíssimo número solo.
Apesar de um jeitinho Globo Filmes de se contar história, muitos também se emocionaram e confessaram choro durante a sessão.
Os Jovens Baumann
2.5 27Crítica que escrevi para o Papelão Povera (edição 02), dia 05/08/2018, no Festival de Cinema Primeiro Plano e Mercocidades:
Descobrir pela primeira vez registros duvidosamente reais, traços de intimidade espontânea. Atores que sairiam de um 90s movie. O comportamento desinibido dos personagens - e sem muita autoironia - garantiram o riso na sessão.
Os pontos altos são as telas azuis: falhas de programação tensionam a curiosidade. A voz da narradora serve de âncora ao manter o suspense.
Poucas coisas são tão atrativas como contar histórias sobre linhagens desconhecidas de famílias burguesas, ainda mais quando atreladas a um passado colonial. No fim, o mistério mal resolvido é sempre mais interessante.
Viagem ao Mundo da Alucinação
3.5 44Se o roteiro foi feito pelo Nicholson baseado em suas próprias viagens, imagina a caralhada de bad trip que ele teve! Pe-sa-do, porém maneiro.
Sexo, Escândalos e Celebridades
3.1 6Não achei tão caótico assim. O roteiro do filme, embora não as cenas não se "conectem", possui uma linearidade palpável. E eu gostei da forma como parte da alta sociedade londrina foi retratada.
Velvet Goldmine
3.9 333 Assista AgoraDá vontade de chorar quando você tá vendo o filme e dá vontade de chorar porque ele acabou.
O Babadook
3.5 2,0KO filme é bom. O terror psicológico e o foco nas relações humanas (que em certas partes do filme chegam a ser de fatos perturbadoras) foi um ponto positivo. Você via a incerteza e o desespero na cara da mãe. Não gostei da forma como apresentaram "o monstro"... achei que ele apareceu de forma meio tosca e que seria melhor caso não trabalhassem com a imagem: quando o espectador não vê, o medo do desconhecido age, e nós, por não termos ciência do que está "do outro lado da tela" acabamos ficando mais instigados e amedrontados. Gostei do final pelo fato que não caiu em nenhum dos dois extremos: não terminou tudo lindo e nem tudo fodido.
Problemas Femininos
4.0 100Esse filme é ótimo. Divine e John Waters deixando sua maravilhosa marca imunda no cinema. Uma espalhafatosa alegoria do grotesco. O final desse filme é lindo. Dá vontade de levantar de onde estiver e bater palma.
Laurence Anyways
4.1 553 Assista AgoraDos filmes que eu vi do Dolan, foi o mais diferente. E isso não desmerece a obra - pelo contrário. Queria poder dizer mil coisas, mas acho que não consigo expressar em palavras o que esse filme me fez sentir.
Aos Berros - Movimento Punk em Juíz de Fora
3.7 8https://www.youtube.com/watch?v=JR0b08ViF1c
Not Angels But Angels
3.5 3É bom, mas poderia ter sido bem melhor. Já vi documentários do gênero que abordaram o tema de forma melhor e mais instigante.
Cronicamente Inviável
4.0 140Vejo os comentários sobre esse filme e percebo que quanto mais as pessoas acham que entendem, elas entendem menos ainda. Ótimo filme.
"Cinema bom não é aquele que te dá resposta, é aquele que te faz perguntas"
Fama Para Todos
3.7 15Um bom filme com uma boa mensagem que daria uma boa Sessão da Tarde :)
Plano B
3.5 135Caramba. É meio difícil descrever minha surpresa com esse filme. Nem sei direito o que falar. A tensão e a incerteza foi muito bem explicitada em vários momentos do filme. Aquele receio, aquela insegurança, nossa. Ao mesmo tempo tem uma fotografia muito bonita e um elenco - teria outra forma de dizer senão - natural (?). É um filme bem palpável, porque lida com sentimentos tão universais numa situação tão particular (que as vezes nos vemos presos). Aquela oscilação, ironicamente, em cima do corriqueiro que chega a dar nervoso. Sofri junto e sorri junto. Um filme, que para mim, foi uma surpresa - principalmente no final hahahah
Medianeras: Buenos Aires na Era do Amor Virtual
4.3 2,3K Assista AgoraGostei bastante do paralelo que faz ao abordar a temática da cidade com a temática humana virtual. As metáforas - um tanto quanto existencialistas - me interessaram. E aquele tipo de finalzinho que de vez em quando não faz mal a ninguém (pelo contrário!)
Só manifesto minha represália pelo tom por vezes muito crítico (preso um pouco ao senso comum) ao lidar com a tecnologia.
Cada Um Com Seu Cinema
3.8 160Muito boa a ideia. Me encantei por curtas de diretores que não conhecia.
Tom na Fazenda
3.7 368 Assista AgoraDolan, mais uma vez, não me decepcionou. Pelo contrário: explorou e ao mesmo tempo nos fez questionar - como sempre faz muito bem - o psicológico dos personagens, mas desta vez num tom de suspense. A tensão e a dúvida que foram sendo estabelecidas durante o desenvolvimento do filme conseguiram se construir muito bem e prender o espectador até o final. Violento, forte, angustiante.