Um festival (trocadilho, por favor) de referências, autorreferências, influências (outro trocadilho, por favor) e simbologias pra todos os gostos, desde as mais óbvias às mais tortuosas. Não deixa de ser uma obra interessante, mas não vejo como o tipo de filme para agradar a todos os gostos.
Fica ali num terreno enevoado entre os desconfortos humanos de um Aronofsky, as viagens meio lisérgicas de um cinema com tintas Jodorowskyanas e um cenário que remete imediatamente a uma vibe de Wicker Man só que num setting nórdico-pagão.
Embora a construção dos personagens seja um tanto irregular, gerando uma certa inconsistência entre as questões de motivação e construção de personalidade, é na direção, na direção de arte, na cinematografia cuidadosa e na fotografia precisa (e belíssima) que o filme brilha.
Desnecessário entrar na miríade de detalhes pra quem não viu, bastando dizer que é um filme impactante (com o mérito de fazer isso sem precisar exagerar demais nem forçar em nada a mão), e de certa forma uma inversão de um grande clichê de gênero que torna seu terror ainda mais peculiar: quando o filme começa com choro e termina com gargalhadas, e isso parece até mais aterrorizante que o contrário.
Deixando de lado a babação de ovo emocionada das pocpocs por causa de um beijo gay, vamos à realidade: é um filme que promete muito mais que cumpre. Tem uma premissa muito boa, mas uma execução genérica e um desenvolvimento de personagens extremamente irregular. Traço que se faz sentir mais justamente onde seria mais necessário: na protagonista. Charlize Theron trabalha no automático, repete caras e bocas que já usou tanto em diversas "personagens fodonas" em sua carreira, que acaba esvaziando uma personagem que deveria ser (tanto escrita quanto atuada) de forma infinitamente mais complexa pra render tudo que a história original merecia.
Tirando o fanatismo irracional e a torcida-só-pela-torcida da lacrolândia, sobrou apenas um filme de ação com boas cenas, mas que não traz nada de novo na forma, e não apresenta bem o que tem de novo no conteúdo. Uma pena, tinha potencial pra ser melhor.
A tentativa de fazer um filme de vingança/espionagem com referências a Nikita, Atômica e outros do gênero "agente secreta durona e chutadora de bundas" não passou de um veículo pra tentar convencer que a Blake Lively pode fazer um papel desassociado da imagem Gossip Girls.
O problema é que além de um roteiro um tanto previsível, a construção de personagens é péssima, a começar pela protagonista-clichê que tem um arco de transformação muito pouco convincente. De forma geral, o roteiro também tem péssimas escolhas, tornando o filme incapaz de convencer. Embora na parte técnica seja eficientemente realizado, com boas cenas de luta, ação e perseguição, a falta de uma trama que gere mais interesse enfraquece demais o filme.
• Um cara que cria uma onça (ou um tigre, ou uma pantera, o filme é tão baixo orçamento que não mostra o bicho direito em NENHUMA cena) em um apartamento e não tem um fornecedor de carne e precisa ir ao supermercado comprar quilos e mais quilos de carne não tem a menor noção do que está fazendo... assim como o roteirista desse filme.
• Tiras novaiorquinos em depressão porque cometeram um erro grave em vez de se aposentar, tirar férias ou fazer terapia, vão ser tiras em Porto Rico.
• Convenientemente um único edifício simples em Porto Rico abriga um tesouro incalculável em obras de arte num apartamento, um policial fodão aposentado em outro, um maluco que cria uma onça em outro, um ex-agente da NSA que tem um apê recheado de armas em outro, um médico que tem todos os remédios e apetrechos necessários pras necessidades dos personagens em outro, e parece que tá tudo bem pro roteirista...
• O vilão psicopata malvadão mata facilmente e sem pensar duas vezes até mesmo seus capangas, mas deixa os policiais vivos até o fim, mesmo tendo trocentas chances de matá-los.
• O vilão psicopata malvadão que mata até capangas sem pensar duas vezes, assim como seus capangas, dá um monte de tiro nos policiais quando está de longe, mas quando chega perto, só os rende e fica empurrando eles pra cima e pra baixo no prédio.
• O policial aposentado com sérios problemas renais, e o pé quase na cova a ponto da filha querer interná-lo, quando veste um colete à prova de balas que estava no armário consegue não só levantar mas sair dando porrada em todo mundo.
• O vilão psicopata malvadão tem capangas que aparecem e desaparecem sem absolutamente nenhuma explicação, dependendo da necessidade do momento do roteiro.
• O roteirista acha o público tão idiota, mas tão idiota que não bastou dar uma pista gigante da utilidade futura da onça lá no início do filme. Teve depois que botar um BONECO com a roupa toda rasgada lá no terceiro ato pra lembrar da questão.
• Mel Gibson parece que teve seu cachê pago em cachaça pra fazer esse filme.
Se você olhar separadamente, nada nesse filme é espetacular. Mas tudo junto, somado, amarrado por um dos roteiros mais redondos que já vi, é impressionante como a sinergia acontece.
Podia ter sido tão melhor... Não sei se foi a babação de ovo que tem sido feita em cima desse filme, mas ficou bem abaixo do que eu esperava. O que não deixa de ser uma pena, porque o filme até tem alguns elementos inovadores e dignos de crédito, e uma excelente premissa. Poderia realmente ser bem melhor do que foi, tinha potencial pra isso.
Só que o desenvolvimento do roteiro e principalmente de alguns personagens peca por uma irregularidade incômoda. A trama também é irregular e embora simples, tem aspectos mal explicados no primeiro e segundo atos que necessitam de uma explicação apressada e meio mambembe no terceiro ato. E falando em terceiro ato, outro problema é a irregularidade com que o filme começa com uma carga de suspense, passa pelo terror, flerta com o gore e acaba praticamente como uma comédia. E no meio disso tudo, vários momentos onde se estupra a suspensão de descrença (tipo ferimentos horríveis que a protagonista ignora completamente 5 minutos depois que acontecem) por pura preguiça dos roteiristas criarem situações menos absurdas, deixando a trama fluir melhor por si só.
Um filme descompromissado e honestinho...melhor que muitos terrores pretensamente sérios que tem saído por aí e flopado um atrás do outro. Em alguns momentos lembra muito o ritmo e a pegada dos filmes dos anos 80. Tem personagens adolescentes críveis, boas atuações no geral e uma produção até caprichada dentro das circunstâncias, considerando-se que é um filme de orçamento relativamente baixo. Pobre, porém bem limpinho. Se for assistido sem muita expectativa dá até pra surpreender.
Tinha uma pequena chance de sucesso com a proposta de humor negro, misturar crianças na trama pra forçar uma situação-limite no humor e tal... mas acaba ficando pelo caminho por conta de:
- O personagem do Alexander England idiotizado ao extremo, pra forçar (de maneira artificial) um super-heroísmo (desnecessário) da personagem da Lupita, visto que ela em perspectiva já pareceria um ser humano mais digno que ele sem esse exagero de imbecilidade. Ficou parecendo pura pagação de pedágio praquelas agendas onipresentes (e chatíssimas de tão forçadas) no cinema atual; - A falta completa de química entre o "par romântico"; - O exagero na desagradabilidade e no caricatural do personagem do Josh Gad (porra, piada de vômito, repetida, em um filme de zumbi que já é naturalmente gosmento? Pra que, né?; - a "background story" da personagem da Lupita, que se combinada com a música que toca nos créditos faz tudo ficar mais aterrorizante que qualquer coisa que tenha acontecido no filme.
No fim, se não tivessem errado várias vezes no tom, teria saído um filme até divertido... mas faiô.
Quase deu. Um road movie pós apocalíptico, uma mistura de Walking Dead (sem zumbis) com Warriors - Os Selvagens da Noite e algumas pitadas de The Purge e Mad Max, que tem vários elementos certinhos, um roteiro até coerente com a história e a premissa, mas que no geral, deixa a desejar.
Talvez seja a falta de empatia pelo casal de protagonistas, que começa o filme fazendo cara de broa um pro outro (e que só resolvem seus problemas pessoais lá pro fim do segundo ato, tarde demais). Talvez seja a produção meio pobrinha, que não conseguiu criar uma atmosfera capaz de transmitir a ameaça desse mundo pós-apocalíptico. Coisa que até um seriado como Walking Dead muitas vezes consegue fazer melhor. Ou talvez seja o fato de ter se inspirado em uma gama tão grande de produções que tem coisas tão melhores, que acaba se saindo pior em qualquer comparação. Mesmo que não seja tão ruim assim. Mas bom, bom, também não é.
Não sei se foi a direção de quinta categoria, as péssimas atuações, o roteiro mambembe, os diálogos paupérrimos, as cenas de luta risíveis ou se foi simplesmente o Mickey Rourke (usando uma maquiagem ridícula e uma manicure que ultrapassa todos os níveis de inexatidão histórica) não conseguindo sequer pronunciar corretamente o nome "Caligula"...
Só sei que alguma dentre essas coisas me motivou a vir aqui dizer pra fugirem desse filme com todas as fibras de suas almas, porque é uma bosta e das grandes.
Mais uma vez o cinema espanhol fazendo um agrado ao respeitável público. Um filme divertido, leve, e bastante imaginativo, um tapa e tanto na rotina das comédias rotineiras.
Parece que os roteiristas tiveram mais medo de usar seus poderes que o "iGaroto" protagonista do filme. Ele até tinha motivos para isso. Eles não. Daí que o filme não peca pela qualidade da produção, nem pelo elenco, nada do tipo. Tem uma premissa interessante e com um pouco de suspensão de descrença, dá pra levar na boa a questão dos poderes adquiridos. O problema é como a trama se desenrola, criando situações de confronto quando não absurdas, muito pouco verossímeis e no limite do ridículo. E isso ocorreria mesmo que não se tratasse de um filme com poderes ficcionais e efeitos especiais envolvidos.
Infelizmente, uma história interessante, mas que tinha potencial para ser muito melhor.
Imagine uma história estilo Walking Dead acontecendo num cenário que remete ao primeiro Mad Max. Martin Freeman protagoniza com a competência que lhe é esperada, num filme de apocalipse zumbi muito bem ambientado e coerente com a paisagem e com temas mais específicos da cultura australiana.
Conta muitos pontos para uma identificação a mais com o filme você passar o tempo todo aflito com um bebê fofinho e indefeso tendo que ser protegido o tempo todo, e uma garota aborígene passando um perrengue danado em meio ao caos, tentando encontrar sua família. De maneira discreta, o que começa como um simples "filme de zumbi" acaba tendo, além da crítica sobre a degradação do tecido social de sempre, todo um subtexto que fala a respeito de amor entre pais e filhos, de reflexão sobre a relação entre a cultura aborígene e a dos colonizadores na Austrália, sobre sacrifício, redenção, e amizade.
Tinha material pra ser beeeeem melhor. Mas sabe quando rola aquela covardia no roteiro? Quando em vez de ir adiante nos fatos, preferem deixar tudo tão subentendido que você que assiste não consegue mais se importar com o que acontece? A ponto de não ter ficado decidido nem se era um thriller sobrenatural de influência indígena ou um suspense policial em ambiente inóspito? Uma pena, o filme tem uma direção caprichada, uma fotografia correta e uma atmosfera interessante. Faltou foi roteiro e trama mesmo.
Um filme de ação visualmente competente, digno da tradição dos bons "filmes brucutu" dos anos 80 e 90. O Thor não decepciona como herdeiro de uma tradição arnoldschwarzeneggeriana (sempre quis usar esse termo, finalmente consegui) com reflexos stallonísticos aqui e ali. O cenário indiano do filme é um acerto, ajuda a compor um pano de fundo de guerra urbana não tão óbvio e ilustrar o ambiente de caos, confusão e barata-voa necessário para a história.
O fato de ser de um gênero do qual não se exige grande profundidade ajuda a disfarçar certos momentos em que o roteiro e detalhes da trama, mesmo sendo para um filme de ação, poderiam ser um pouco mais bem cuidados. A direção é segura, e impõe um ritmo de urgência e uma aceleração que acabam ajudando também a distrair de eventuais inconsistências. No final acaba sendo aquele tipo de filme que tem muito potencial pra agradar quem gosta do estilo tiro-porrada-e-bomba, e com uma história suficiente pra prender quem não é fã hardcore também.
Tinha tudo pra ser melhor. Se tivessem investido mais na parte do gore, do humor negro e da trasheira e menos no besteirol adolescente, poderia ter sido um daqueles filminhos despretensiosos que acabam virando um cult. Mas preferiram o caminho mais preguiçoso, deu no que deu.
Tinha tudo pra ser aquele tipo de filme "pobre porém limpinho", mas por conta de um roteiro ordinário, metido a besta (que mira muito, mas muito acima de onde consegue alcançar) acabou desperdiçando uma chance e tanto.
Sam Elliott é um ator de muito carisma, e teria sido a escolha perfeita, aliás, FOI a escolha perfeita, porque de todo o filme ele é a parte mais acertada. Se a história não chegasse num ponto de abandonar o espírito de besteirol claro (e simpático) para abraçar um melodrama de quinta categoria, o filme poderia contar com a simpatia automática gerada pelo véio bigodudo pra angariar até um certo grau de cult following.
Mas não é o que acontece. Infelizmente, o Sam sozinho não consegue salvar a situação. Eu só posso dizer que terminei o filme com uma cara parecida com a do pé grande.
Se é certo que cinema não é apenas um filme se comunicando conosco numa via de mão única, mas uma verdadeira conversa entre as referências de cada um de nós com a obra que está sendo exibida ali, pode-se dizer que esse é o tipo de filme que será um filme diferente para cada um que vê. No final serão muitos e muitos Capitães Fantásticos. Uma obra que não é um típico "filme-cabeça", mas sim uma produção hollywoodiana, perfeitamente comercial como tantas outras, mas que ainda assim permite essa riqueza de interpretação, por si só já merece um pouco de crédito a mais.
Também merece crédito o fato de que pouco abaixo da superfície da trama, pode-se enxergar um belo e sensível manifesto contra a arrogância, tanto a intelectual quanto a sócio-econômica. Percebe-se também um tom de comentário (embora menos óbvio, mas ainda assim presente) a favor de uma busca por um equilíbrio que nenhuma das fórmulas antagonizadas no filme, que se praticaram com um maniqueísmo limitante (e limitado) por todo o século XX (e até hoje). E ainda é possível ver uma crítica mordaz, embora discreta, contra um extremismo que pode se tornar prejudicial justamente por se considerar tão benéfico e perfeito a ponto de não se achar extremo.
A única questão que me impede de dar uma nota maior é a conclusão, um terceiro ato que parece bem menos corajoso em termos de imaginação e coerência que início e o meio do filme.É como se os dois primeiros atos tivessem sido escritos por uma equipe diferente da do terceiro. Ainda assim, não é o suficiente para estragar o filme, longe disso. Apenas é uma conclusão que o deixa um pouco aquém de onde poderia chegar em termos de história. Por fim, todo o pacote é embrulhado com uma ótima direção de arte e fotografia lindíssima, boas atuações de elenco, atores mirins muito bons, e uma direção segura. Um filme um tanto positivo, com boas lições a se tirar.
Imagine um universo onde os filmes de super-herói da Marvel fossem produzidos pela equipe da Cannon Films dos anos 80. Isso é Bloodshot.
O foco é totalmente voltado para aquela coisa do awesomeness, para cenas "massa véio", com um clima muito 80-90, só que não se poupando na tecnologia atual de efeitos especiais pra isso. O problema é que o roteiro, os diálogos, o desenvolvimento de personagens e as atuações são de nível tão baixo que o filme parece ter sido dirigido pelas Tartarugas Ninja. E sem a supervisão do Mestre Splinter.
Ganha uma estrelinha e meia por ser visualmente muito caprichado.
Mais um daqueles filmes de baixíssimo orçamento, que tinha até uma boa premissa que NÃO foi estragada pela grana curta, mas sim por outros motivos. Podia ter rendido um filminho pobre porém honesto, mas acabou saindo um filmeco bem meia-boca mesmo.
Pra começo de conversa, já que se trata de um "filme de robô" o roteiro não deveria ter cometido o sacrilégio de cagar solenemente pras leis da robótica de Isaac Asimov. A grande sacada da criação dessas leis foi justamente estabelecer uma coluna dorsal narrativa pra histórias envolvendo robôs não virarem uma merda foda. Evitar que as histórias caíssem facilmente em uma narrativa desestruturada, exatamente como ocorre nesse filme. É claro que um bom roteirista consegue brincar com isso e extrapolar os limites da relação robôs x humanos, como já foi feito desde uma trilogia Matrix até um Ex-Machina. Só que o diretor (e também roteirista e também câmera) Aaron Mirtes não se mostrou nem de longe hábil o bastante pra fazer essa brincadeira.
É justo no roteiro (dando aí um desconto forte pro fato do filme ser baratíssimo e os atores fracos e pessimamente dirigidos, claro) que fica a pior parte: toda a questão moral e ética sobre a qual o filme baseia a "corrupção" da robô Alpha não se sustenta. Não faria sentido um robô tratado como mero "eletrodoméstico" chegar ao mercado com um potencial destrutivo tão grande. Também não faria sentido algum um robô com a capacidade de compartilhar seu aprendizado com seus semelhantes na nuvem ter "carta branca" pra praticar os atos mais violentos e macabros sem absolutamente nenhuma trava de segurança colocada pelo próprio fabricante. Infelizmente, nesse erro crasso de roteiro, se baseia praticamente toda a estrutura da história.
E pra finalizar, um toque absolutamente imbecil: a propaganda enganosa do cartaz do filme, que mostra um robô com uma aparência tecnológica, o que faria muito mais sentido do que o que vemos no filme: uma atriz vestida numa roupa comum, onde apenas a cabeça é claramente "robótica". E pra fechar tudo com chave de bosta, a máscara que criaram para o robô, diferente do que aparece no cartaz, é de um mau gosto tão grande, tão feia e malfeita, que até o Jason de Sexta-Feira 13 iria achar o maior baixo astral ter uma robô com uma máscara dessas em casa. Sendo que se você tem coragem de assistir essa porcaria até o fim, é obrigado a passar o filme inteiro olhando pra essa desgraça de máscara.
Prós: • Se chegar com a expectativa em baixo, dá pra assistir;
• Efeitos bons, clima bom, parte técnica bem correta;
• Monstros bem-feitos no geral;
• "Final boss" muito bom, com clara inspiração lovecraftiana;
• O roteiro evita com dignidade (e na maioria do tempo) saídas, clichês e tropos idiotas que são muito comuns nesse gênero de filme;
• Elenco Ok.
Contras:
• Kristen em piloto automático, com aquela cara de modelo viciada em crise de abstinência na maior parte do tempo. Não é a pior atuação dela mas só caberia se fosse uma coadjuvante. Pra ficar no posto de "protagonista fodona" do filme, está longe de ser o suficiente;
• Personagens muito mal escritos e desenvolvidos. Enquanto o roteiro tem até uma boa linha narrativa, quando chega nas pessoas retratadas o desastre é grande. Por exemplo, você sente mais pena e se identifica mais com a mulher morta que aparece em uma cena lá no início do que da porra da Emily, que passa 80% do filme surtando e sendo um peso morto, pra só no final fazer uns atos de heroísmo que não tem coerência absolutamente nenhuma com nada que o roteiro tinha mostrado dela até então.
• Seguindo a linha (monotemática) hollywoodiana atual, que reza ativismo é mais importante que coerência, que imaginação e que a própria realidade prática, vagabundo força a barra ao inverter os papéis, colocando praticamente todos os personagens masculinos em algum momento no papel de "donzela em perigo", e fazendo as mulheres tendo que desempenhar tarefas que só seriam possíveis (e fariam sentido) se elas tivessem pelo menos 3 vezes a massa muscular quase inexistente da Kristen, por exemplo. Se é pra colocar gêneros em pé de igualdade na tela, que fizessem a Emily dar algum insight importante sobre as criaturas, que fizessem (como em praticamente todo filme desse gênero) as pessoas mostrarem porque foram contratadas para aquele trabalho... excetuando a Kristen e o capitão, isso praticamente não é mostrado, fazendo assim parte também do péssimo desenvolvimento dos personagens. Parece que o foco do roteiro foi só "botar a mulher no protagonismo", só que em vez de engrandecer as personagens femininas (algo que é perfeitamente possível de se fazer) preferiram manter as personagens normalzonas e idiotizar todo o resto. Observando a coisa por esse prisma, taí: Ficou uma merda.
O filme começa com uma longa narração da personagem da Anne Hathaway. Você que assiste não tem contexto algum a respeito do que ela está dizendo, e o que ela diz é tão chato (sério) mas tão chato, que é praticamente impossível prestar atenção no que ela está falando, devido à longa extensão e do encadeamento inexistente de ideias no que ela diz. Esse é o início que estabelece o padrão pra um filme verdadeiramente chocante. Tenho dificuldade de lembrar da última vez que vi um filme tão pretensioso, que se pretende ser muita coisa, e ao mesmo tempo não ser nada daquilo que se pretendia.
O roteiro é descuidado, pra começo de conversa. A história corre pra todos os lados, como uma galinha sem cabeça, correndo em círculos, e nunca se acalma por um momento que seja. O filme exige que você preste atenção a cada pequeno detalhe escondido nos diálogos, mas ao mesmo tempo os diálogos são tão mal escritos e desinteressantes que acompanhá-los passa a ser uma tarefa muito cansativa. De verdade. Se você não perder o interesse completamente nos primeiros 15 minutos de filme, é porque você tem a paciência de um santo ou a de um masoquista (acho que estou mais pro segundo caso). Talvez seja por causa de o filme ter me despertado uma certa curiosidade, que concorreu com a raiva por ter me obrigado a assistir uma obra que tinha tudo pra ser melhor, mas que falhou miseravelmente.
Ao perceber que o filme foi baseado em um livro. Procurei saber a respeito, e vi muitas críticas ao próprio livro por parte dos que o leram. O que já seria um indicativo negativo bem forte para se escolher uma obra na qual basear um filme. O que fez um livro considerado ruim merecer ser transformado em filme, enquanto diversos bons livros não o são? Quem leu essa história bagunçada e desconexa e pensou que seria uma boa idéia para um grande filme? Como eles conseguiram que um elenco com vários astros de renome embarcasse nesse barco de bosta?
Talvez a resposta esteja nos temas e exigências da hegemonia lacradora que comanda Hollywood ultimamente. Talvez a resposta esteja no fato de que "certos aspectos" estando presentes em uma produção, e "certos elementos" estando presentes no roteiro, não importa se o filme será bom ou não, se ele fará sucesso ou não... não importa nem mesmo se o público irá gostar do filme ou não. O único e solene objetivo que é perseguido é manter a hegemonia. É seguir o padrão e não se desviar um centímetro que seja dele.
A sensação que fica ao ver esse filme é igual a quando você era criança, sua mãe comprava aquela caixa de carrinhos que vinham de muamba do Paraguai e quando você ia abrir, no lugar dos carrinhos tinham colocado um monte de pedras mais ou menos do tamanho do espaço do carrinho na caixa pra pesar. Você se sente puto, enganado e totalmente frustrado em suas expectativas, por mais baixas que fossem.
Tentaram misturar filme de exorcista com terror lovecraftiano. Não deu certo. Péssimo, péssimo, péssimo. Depois de um comecinho até promissor, onde você pensa que se trata de um filme de exorcista comum, rapidamente você percebe que aquilo era só um prólogo, que abre caminho pro restante do filme que se passa "nos dias de hoje". Aí começa o show de bosta: um filme nal dirigido, roteiro que dá raiva de tão ruim, personagens pessimamente construídos (professora de línguas antigas que não se toca que o livro que levou pra casa é meio estranho, exorcista-cowboy da depressão-amaldiçoado, padre viciado em pico na veia?). E chega um ponto do filme em que parece que o diretor largou de mão o roteiro, e pensou, "não aguento mais dirigir esse roteiro de bosta, vamos terminar essa merda logo, põe todo mundo pra matar todo mundo e foda-se".
Quem quiser ver algo com demônios, feito no México, e que pelo menos seja divertido, eu recomendo a série "Diablero" da Netflix mesmo. Muito mais honesta do que essa enganação.
Um filme sensível e em certa medida poético. Quanto menos se pensar no estereótipo tradicional do Sherlock Holmes já solidificado na cultura pop, mais proveitosa é a experiênca de assistir. Embora sofra um pouco com uma irregularidade de ritmo e de narrativa, dando a sensação de que a mesma história poderia ser contada com eficiência com uns bons 15, 20 minutos a menos, ainda assim a belíssima escolha de locações, uma fotografia quase onírica e a competência de Sir Ian McKellen ajudam a pesar a balança para o lado positivo. Não é um grande filme, mas tem potencial para agradar principalmente quem se interessa pelo tipo de história que se desenrola nele: um filme de cadência mais lenta, que propõe uma reflexão a respeito do fim da linha da vida com sensibilidade, leveza e uma elegância que não se tem encontrado com muita facilidade no cinema atual.
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
3.6 2,8K Assista AgoraUm festival (trocadilho, por favor) de referências, autorreferências, influências (outro trocadilho, por favor) e simbologias pra todos os gostos, desde as mais óbvias às mais tortuosas. Não deixa de ser uma obra interessante, mas não vejo como o tipo de filme para agradar a todos os gostos.
Fica ali num terreno enevoado entre os desconfortos humanos de um Aronofsky, as viagens meio lisérgicas de um cinema com tintas Jodorowskyanas e um cenário que remete imediatamente a uma vibe de Wicker Man só que num setting nórdico-pagão.
Embora a construção dos personagens seja um tanto irregular, gerando uma certa inconsistência entre as questões de motivação e construção de personalidade, é na direção, na direção de arte, na cinematografia cuidadosa e na fotografia precisa (e belíssima) que o filme brilha.
Desnecessário entrar na miríade de detalhes pra quem não viu, bastando dizer que é um filme impactante (com o mérito de fazer isso sem precisar exagerar demais nem forçar em nada a mão), e de certa forma uma inversão de um grande clichê de gênero que torna seu terror ainda mais peculiar: quando o filme começa com choro e termina com gargalhadas, e isso parece até mais aterrorizante que o contrário.
The Old Guard
3.5 662 Assista AgoraDeixando de lado a babação de ovo emocionada das pocpocs por causa de um beijo gay, vamos à realidade: é um filme que promete muito mais que cumpre. Tem uma premissa muito boa, mas uma execução genérica e um desenvolvimento de personagens extremamente irregular. Traço que se faz sentir mais justamente onde seria mais necessário: na protagonista. Charlize Theron trabalha no automático, repete caras e bocas que já usou tanto em diversas "personagens fodonas" em sua carreira, que acaba esvaziando uma personagem que deveria ser (tanto escrita quanto atuada) de forma infinitamente mais complexa pra render tudo que a história original merecia.
Tirando o fanatismo irracional e a torcida-só-pela-torcida da lacrolândia, sobrou apenas um filme de ação com boas cenas, mas que não traz nada de novo na forma, e não apresenta bem o que tem de novo no conteúdo. Uma pena, tinha potencial pra ser melhor.
O Ritmo da Vingança
2.5 72 Assista AgoraA tentativa de fazer um filme de vingança/espionagem com referências a Nikita, Atômica e outros do gênero "agente secreta durona e chutadora de bundas" não passou de um veículo pra tentar convencer que a Blake Lively pode fazer um papel desassociado da imagem Gossip Girls.
O problema é que além de um roteiro um tanto previsível, a construção de personagens é péssima, a começar pela protagonista-clichê que tem um arco de transformação muito pouco convincente. De forma geral, o roteiro também tem péssimas escolhas, tornando o filme incapaz de convencer. Embora na parte técnica seja eficientemente realizado, com boas cenas de luta, ação e perseguição, a falta de uma trama que gere mais interesse enfraquece demais o filme.
A Força da Natureza
1.9 156Coisas que aprendi com Force of Nature:
• Um cara que cria uma onça (ou um tigre, ou uma pantera, o filme é tão baixo orçamento que não mostra o bicho direito em NENHUMA cena) em um apartamento e não tem um fornecedor de carne e precisa ir ao supermercado comprar quilos e mais quilos de carne não tem a menor noção do que está fazendo... assim como o roteirista desse filme.
• Tiras novaiorquinos em depressão porque cometeram um erro grave em vez de se aposentar, tirar férias ou fazer terapia, vão ser tiras em Porto Rico.
• Convenientemente um único edifício simples em Porto Rico abriga um tesouro incalculável em obras de arte num apartamento, um policial fodão aposentado em outro, um maluco que cria uma onça em outro, um ex-agente da NSA que tem um apê recheado de armas em outro, um médico que tem todos os remédios e apetrechos necessários pras necessidades dos personagens em outro, e parece que tá tudo bem pro roteirista...
• O vilão psicopata malvadão mata facilmente e sem pensar duas vezes até mesmo seus capangas, mas deixa os policiais vivos até o fim, mesmo tendo trocentas chances de matá-los.
• O vilão psicopata malvadão que mata até capangas sem pensar duas vezes, assim como seus capangas, dá um monte de tiro nos policiais quando está de longe, mas quando chega perto, só os rende e fica empurrando eles pra cima e pra baixo no prédio.
• O policial aposentado com sérios problemas renais, e o pé quase na cova a ponto da filha querer interná-lo, quando veste um colete à prova de balas que estava no armário consegue não só levantar mas sair dando porrada em todo mundo.
• O vilão psicopata malvadão tem capangas que aparecem e desaparecem sem absolutamente nenhuma explicação, dependendo da necessidade do momento do roteiro.
• O roteirista acha o público tão idiota, mas tão idiota que não bastou dar uma pista gigante da utilidade futura da onça lá no início do filme. Teve depois que botar um BONECO com a roupa toda rasgada lá no terceiro ato pra lembrar da questão.
• Mel Gibson parece que teve seu cachê pago em cachaça pra fazer esse filme.
• O filme é uma bosta.
O Golpe Perfeito
3.4 5Se você olhar separadamente, nada nesse filme é espetacular. Mas tudo junto, somado, amarrado por um dos roteiros mais redondos que já vi, é impressionante como a sinergia acontece.
Casamento Sangrento
3.5 947 Assista AgoraPodia ter sido tão melhor... Não sei se foi a babação de ovo que tem sido feita em cima desse filme, mas ficou bem abaixo do que eu esperava. O que não deixa de ser uma pena, porque o filme até tem alguns elementos inovadores e dignos de crédito, e uma excelente premissa. Poderia realmente ser bem melhor do que foi, tinha potencial pra isso.
Só que o desenvolvimento do roteiro e principalmente de alguns personagens peca por uma irregularidade incômoda. A trama também é irregular e embora simples, tem aspectos mal explicados no primeiro e segundo atos que necessitam de uma explicação apressada e meio mambembe no terceiro ato. E falando em terceiro ato, outro problema é a irregularidade com que o filme começa com uma carga de suspense, passa pelo terror, flerta com o gore e acaba praticamente como uma comédia. E no meio disso tudo, vários momentos onde se estupra a suspensão de descrença (tipo ferimentos horríveis que a protagonista ignora completamente 5 minutos depois que acontecem) por pura preguiça dos roteiristas criarem situações menos absurdas, deixando a trama fluir melhor por si só.
A Bruxa da Casa ao Lado
2.7 148Um filme descompromissado e honestinho...melhor que muitos terrores pretensamente sérios que tem saído por aí e flopado um atrás do outro. Em alguns momentos lembra muito o ritmo e a pegada dos filmes dos anos 80. Tem personagens adolescentes críveis, boas atuações no geral e uma produção até caprichada dentro das circunstâncias, considerando-se que é um filme de orçamento relativamente baixo. Pobre, porém bem limpinho. Se for assistido sem muita expectativa dá até pra surpreender.
Pequenos Monstros
3.2 157Tinha uma pequena chance de sucesso com a proposta de humor negro, misturar crianças na trama pra forçar uma situação-limite no humor e tal... mas acaba ficando pelo caminho por conta de:
- O personagem do Alexander England idiotizado ao extremo, pra forçar (de maneira artificial) um super-heroísmo (desnecessário) da personagem da Lupita, visto que ela em perspectiva já pareceria um ser humano mais digno que ele sem esse exagero de imbecilidade. Ficou parecendo pura pagação de pedágio praquelas agendas onipresentes (e chatíssimas de tão forçadas) no cinema atual;
- A falta completa de química entre o "par romântico";
- O exagero na desagradabilidade e no caricatural do personagem do Josh Gad (porra, piada de vômito, repetida, em um filme de zumbi que já é naturalmente gosmento? Pra que, né?;
- a "background story" da personagem da Lupita, que se combinada com a música que toca nos créditos faz tudo ficar mais aterrorizante que qualquer coisa que tenha acontecido no filme.
No fim, se não tivessem errado várias vezes no tom, teria saído um filme até divertido... mas faiô.
Os Domésticos
2.8 83 Assista AgoraQuase deu. Um road movie pós apocalíptico, uma mistura de Walking Dead (sem zumbis) com Warriors - Os Selvagens da Noite e algumas pitadas de The Purge e Mad Max, que tem vários elementos certinhos, um roteiro até coerente com a história e a premissa, mas que no geral, deixa a desejar.
Talvez seja a falta de empatia pelo casal de protagonistas, que começa o filme fazendo cara de broa um pro outro (e que só resolvem seus problemas pessoais lá pro fim do segundo ato, tarde demais). Talvez seja a produção meio pobrinha, que não conseguiu criar uma atmosfera capaz de transmitir a ameaça desse mundo pós-apocalíptico. Coisa que até um seriado como Walking Dead muitas vezes consegue fazer melhor. Ou talvez seja o fato de ter se inspirado em uma gama tão grande de produções que tem coisas tão melhores, que acaba se saindo pior em qualquer comparação. Mesmo que não seja tão ruim assim. Mas bom, bom, também não é.
O Legionário
1.7 11 Assista AgoraNão sei se foi a direção de quinta categoria, as péssimas atuações, o roteiro mambembe, os diálogos paupérrimos, as cenas de luta risíveis ou se foi simplesmente o Mickey Rourke (usando uma maquiagem ridícula e uma manicure que ultrapassa todos os níveis de inexatidão histórica) não conseguindo sequer pronunciar corretamente o nome "Caligula"...
Só sei que alguma dentre essas coisas me motivou a vir aqui dizer pra fugirem desse filme com todas as fibras de suas almas, porque é uma bosta e das grandes.
Toc Toc
3.7 597Mais uma vez o cinema espanhol fazendo um agrado ao respeitável público. Um filme divertido, leve, e bastante imaginativo, um tapa e tanto na rotina das comédias rotineiras.
iBoy
2.8 239 Assista AgoraParece que os roteiristas tiveram mais medo de usar seus poderes que o "iGaroto" protagonista do filme. Ele até tinha motivos para isso. Eles não. Daí que o filme não peca pela qualidade da produção, nem pelo elenco, nada do tipo. Tem uma premissa interessante e com um pouco de suspensão de descrença, dá pra levar na boa a questão dos poderes adquiridos. O problema é como a trama se desenrola, criando situações de confronto quando não absurdas, muito pouco verossímeis e no limite do ridículo. E isso ocorreria mesmo que não se tratasse de um filme com poderes ficcionais e efeitos especiais envolvidos.
Infelizmente, uma história interessante, mas que tinha potencial para ser muito melhor.
Cargo
3.1 457 Assista AgoraImagine uma história estilo Walking Dead acontecendo num cenário que remete ao primeiro Mad Max. Martin Freeman protagoniza com a competência que lhe é esperada, num filme de apocalipse zumbi muito bem ambientado e coerente com a paisagem e com temas mais específicos da cultura australiana.
Conta muitos pontos para uma identificação a mais com o filme você passar o tempo todo aflito com um bebê fofinho e indefeso tendo que ser protegido o tempo todo, e uma garota aborígene passando um perrengue danado em meio ao caos, tentando encontrar sua família. De maneira discreta, o que começa como um simples "filme de zumbi" acaba tendo, além da crítica sobre a degradação do tecido social de sempre, todo um subtexto que fala a respeito de amor entre pais e filhos, de reflexão sobre a relação entre a cultura aborígene e a dos colonizadores na Austrália, sobre sacrifício, redenção, e amizade.
Noite de Lobos
2.5 304 Assista AgoraTinha material pra ser beeeeem melhor. Mas sabe quando rola aquela covardia no roteiro? Quando em vez de ir adiante nos fatos, preferem deixar tudo tão subentendido que você que assiste não consegue mais se importar com o que acontece? A ponto de não ter ficado decidido nem se era um thriller sobrenatural de influência indígena ou um suspense policial em ambiente inóspito? Uma pena, o filme tem uma direção caprichada, uma fotografia correta e uma atmosfera interessante. Faltou foi roteiro e trama mesmo.
Resgate
3.5 802Um filme de ação visualmente competente, digno da tradição dos bons "filmes brucutu" dos anos 80 e 90. O Thor não decepciona como herdeiro de uma tradição arnoldschwarzeneggeriana (sempre quis usar esse termo, finalmente consegui) com reflexos stallonísticos aqui e ali. O cenário indiano do filme é um acerto, ajuda a compor um pano de fundo de guerra urbana não tão óbvio e ilustrar o ambiente de caos, confusão e barata-voa necessário para a história.
O fato de ser de um gênero do qual não se exige grande profundidade ajuda a disfarçar certos momentos em que o roteiro e detalhes da trama, mesmo sendo para um filme de ação, poderiam ser um pouco mais bem cuidados. A direção é segura, e impõe um ritmo de urgência e uma aceleração que acabam ajudando também a distrair de eventuais inconsistências. No final acaba sendo aquele tipo de filme que tem muito potencial pra agradar quem gosta do estilo tiro-porrada-e-bomba, e com uma história suficiente pra prender quem não é fã hardcore também.
Snatchers: Gravidez Monstruosa
2.7 25 Assista AgoraTinha tudo pra ser melhor. Se tivessem investido mais na parte do gore, do humor negro e da trasheira e menos no besteirol adolescente, poderia ter sido um daqueles filminhos despretensiosos que acabam virando um cult. Mas preferiram o caminho mais preguiçoso, deu no que deu.
O Homem Que Matou Hitler e o Pé Grande
2.6 35 Assista AgoraTinha tudo pra ser aquele tipo de filme "pobre porém limpinho", mas por conta de um roteiro ordinário, metido a besta (que mira muito, mas muito acima de onde consegue alcançar) acabou desperdiçando uma chance e tanto.
Sam Elliott é um ator de muito carisma, e teria sido a escolha perfeita, aliás, FOI a escolha perfeita, porque de todo o filme ele é a parte mais acertada. Se a história não chegasse num ponto de abandonar o espírito de besteirol claro (e simpático) para abraçar um melodrama de quinta categoria, o filme poderia contar com a simpatia automática gerada pelo véio bigodudo pra angariar até um certo grau de cult following.
Mas não é o que acontece. Infelizmente, o Sam sozinho não consegue salvar a situação. Eu só posso dizer que terminei o filme com uma cara parecida com a do pé grande.
Capitão Fantástico
4.4 2,7K Assista AgoraSe é certo que cinema não é apenas um filme se comunicando conosco numa via de mão única, mas uma verdadeira conversa entre as referências de cada um de nós com a obra que está sendo exibida ali, pode-se dizer que esse é o tipo de filme que será um filme diferente para cada um que vê. No final serão muitos e muitos Capitães Fantásticos. Uma obra que não é um típico "filme-cabeça", mas sim uma produção hollywoodiana, perfeitamente comercial como tantas outras, mas que ainda assim permite essa riqueza de interpretação, por si só já merece um pouco de crédito a mais.
Também merece crédito o fato de que pouco abaixo da superfície da trama, pode-se enxergar um belo e sensível manifesto contra a arrogância, tanto a intelectual quanto a sócio-econômica. Percebe-se também um tom de comentário (embora menos óbvio, mas ainda assim presente) a favor de uma busca por um equilíbrio que nenhuma das fórmulas antagonizadas no filme, que se praticaram com um maniqueísmo limitante (e limitado) por todo o século XX (e até hoje). E ainda é possível ver uma crítica mordaz, embora discreta, contra um extremismo que pode se tornar prejudicial justamente por se considerar tão benéfico e perfeito a ponto de não se achar extremo.
A única questão que me impede de dar uma nota maior é a conclusão, um terceiro ato que parece bem menos corajoso em termos de imaginação e coerência que início e o meio do filme.É como se os dois primeiros atos tivessem sido escritos por uma equipe diferente da do terceiro. Ainda assim, não é o suficiente para estragar o filme, longe disso. Apenas é uma conclusão que o deixa um pouco aquém de onde poderia chegar em termos de história. Por fim, todo o pacote é embrulhado com uma ótima direção de arte e fotografia lindíssima, boas atuações de elenco, atores mirins muito bons, e uma direção segura. Um filme um tanto positivo, com boas lições a se tirar.
Bloodshot
2.7 277 Assista AgoraImagine um universo onde os filmes de super-herói da Marvel fossem produzidos pela equipe da Cannon Films dos anos 80. Isso é Bloodshot.
O foco é totalmente voltado para aquela coisa do awesomeness, para cenas "massa véio", com um clima muito 80-90, só que não se poupando na tecnologia atual de efeitos especiais pra isso. O problema é que o roteiro, os diálogos, o desenvolvimento de personagens e as atuações são de nível tão baixo que o filme parece ter sido dirigido pelas Tartarugas Ninja. E sem a supervisão do Mestre Splinter.
Ganha uma estrelinha e meia por ser visualmente muito caprichado.
Experiência Alpha
2.1 14Mais um daqueles filmes de baixíssimo orçamento, que tinha até uma boa premissa que NÃO foi estragada pela grana curta, mas sim por outros motivos. Podia ter rendido um filminho pobre porém honesto, mas acabou saindo um filmeco bem meia-boca mesmo.
Pra começo de conversa, já que se trata de um "filme de robô" o roteiro não deveria ter cometido o sacrilégio de cagar solenemente pras leis da robótica de Isaac Asimov. A grande sacada da criação dessas leis foi justamente estabelecer uma coluna dorsal narrativa pra histórias envolvendo robôs não virarem uma merda foda. Evitar que as histórias caíssem facilmente em uma narrativa desestruturada, exatamente como ocorre nesse filme. É claro que um bom roteirista consegue brincar com isso e extrapolar os limites da relação robôs x humanos, como já foi feito desde uma trilogia Matrix até um Ex-Machina. Só que o diretor (e também roteirista e também câmera) Aaron Mirtes não se mostrou nem de longe hábil o bastante pra fazer essa brincadeira.
É justo no roteiro (dando aí um desconto forte pro fato do filme ser baratíssimo e os atores fracos e pessimamente dirigidos, claro) que fica a pior parte: toda a questão moral e ética sobre a qual o filme baseia a "corrupção" da robô Alpha não se sustenta. Não faria sentido um robô tratado como mero "eletrodoméstico" chegar ao mercado com um potencial destrutivo tão grande. Também não faria sentido algum um robô com a capacidade de compartilhar seu aprendizado com seus semelhantes na nuvem ter "carta branca" pra praticar os atos mais violentos e macabros sem absolutamente nenhuma trava de segurança colocada pelo próprio fabricante. Infelizmente, nesse erro crasso de roteiro, se baseia praticamente toda a estrutura da história.
E pra finalizar, um toque absolutamente imbecil: a propaganda enganosa do cartaz do filme, que mostra um robô com uma aparência tecnológica, o que faria muito mais sentido do que o que vemos no filme: uma atriz vestida numa roupa comum, onde apenas a cabeça é claramente "robótica". E pra fechar tudo com chave de bosta, a máscara que criaram para o robô, diferente do que aparece no cartaz, é de um mau gosto tão grande, tão feia e malfeita, que até o Jason de Sexta-Feira 13 iria achar o maior baixo astral ter uma robô com uma máscara dessas em casa. Sendo que se você tem coragem de assistir essa porcaria até o fim, é obrigado a passar o filme inteiro olhando pra essa desgraça de máscara.
Ameaça Profunda
3.0 628 Assista AgoraPrós:
• Se chegar com a expectativa em baixo, dá pra assistir;
• Efeitos bons, clima bom, parte técnica bem correta;
• Monstros bem-feitos no geral;
• "Final boss" muito bom, com clara inspiração lovecraftiana;
• O roteiro evita com dignidade (e na maioria do tempo) saídas, clichês e tropos idiotas que são muito comuns nesse gênero de filme;
• Elenco Ok.
Contras:
• Kristen em piloto automático, com aquela cara de modelo viciada em crise de abstinência na maior parte do tempo. Não é a pior atuação dela mas só caberia se fosse uma coadjuvante. Pra ficar no posto de "protagonista fodona" do filme, está longe de ser o suficiente;
• Personagens muito mal escritos e desenvolvidos. Enquanto o roteiro tem até uma boa linha narrativa, quando chega nas pessoas retratadas o desastre é grande. Por exemplo, você sente mais pena e se identifica mais com a mulher morta que aparece em uma cena lá no início do que da porra da Emily, que passa 80% do filme surtando e sendo um peso morto, pra só no final fazer uns atos de heroísmo que não tem coerência absolutamente nenhuma com nada que o roteiro tinha mostrado dela até então.
• Seguindo a linha (monotemática) hollywoodiana atual, que reza ativismo é mais importante que coerência, que imaginação e que a própria realidade prática, vagabundo força a barra ao inverter os papéis, colocando praticamente todos os personagens masculinos em algum momento no papel de "donzela em perigo", e fazendo as mulheres tendo que desempenhar tarefas que só seriam possíveis (e fariam sentido) se elas tivessem pelo menos 3 vezes a massa muscular quase inexistente da Kristen, por exemplo. Se é pra colocar gêneros em pé de igualdade na tela, que fizessem a Emily dar algum insight importante sobre as criaturas, que fizessem (como em praticamente todo filme desse gênero) as pessoas mostrarem porque foram contratadas para aquele trabalho... excetuando a Kristen e o capitão, isso praticamente não é mostrado, fazendo assim parte também do péssimo desenvolvimento dos personagens. Parece que o foco do roteiro foi só "botar a mulher no protagonismo", só que em vez de engrandecer as personagens femininas (algo que é perfeitamente possível de se fazer) preferiram manter as personagens normalzonas e idiotizar todo o resto. Observando a coisa por esse prisma, taí: Ficou uma merda.
A Última Coisa que Ele Queria
2.1 162 Assista AgoraO filme começa com uma longa narração da personagem da Anne Hathaway. Você que assiste não tem contexto algum a respeito do que ela está dizendo, e o que ela diz é tão chato (sério) mas tão chato, que é praticamente impossível prestar atenção no que ela está falando, devido à longa extensão e do encadeamento inexistente de ideias no que ela diz. Esse é o início que estabelece o padrão pra um filme verdadeiramente chocante. Tenho dificuldade de lembrar da última vez que vi um filme tão pretensioso, que se pretende ser muita coisa, e ao mesmo tempo não ser nada daquilo que se pretendia.
O roteiro é descuidado, pra começo de conversa. A história corre pra todos os lados, como uma galinha sem cabeça, correndo em círculos, e nunca se acalma por um momento que seja. O filme exige que você preste atenção a cada pequeno detalhe escondido nos diálogos, mas ao mesmo tempo os diálogos são tão mal escritos e desinteressantes que acompanhá-los passa a ser uma tarefa muito cansativa. De verdade. Se você não perder o interesse completamente nos primeiros 15 minutos de filme, é porque você tem a paciência de um santo ou a de um masoquista (acho que estou mais pro segundo caso). Talvez seja por causa de o filme ter me despertado uma certa curiosidade, que concorreu com a raiva por ter me obrigado a assistir uma obra que tinha tudo pra ser melhor, mas que falhou miseravelmente.
Ao perceber que o filme foi baseado em um livro. Procurei saber a respeito, e vi muitas críticas ao próprio livro por parte dos que o leram. O que já seria um indicativo negativo bem forte para se escolher uma obra na qual basear um filme. O que fez um livro considerado ruim merecer ser transformado em filme, enquanto diversos bons livros não o são? Quem leu essa história bagunçada e desconexa e pensou que seria uma boa idéia para um grande filme? Como eles conseguiram que um elenco com vários astros de renome embarcasse nesse barco de bosta?
Talvez a resposta esteja nos temas e exigências da hegemonia lacradora que comanda Hollywood ultimamente. Talvez a resposta esteja no fato de que "certos aspectos" estando presentes em uma produção, e "certos elementos" estando presentes no roteiro, não importa se o filme será bom ou não, se ele fará sucesso ou não... não importa nem mesmo se o público irá gostar do filme ou não. O único e solene objetivo que é perseguido é manter a hegemonia. É seguir o padrão e não se desviar um centímetro que seja dele.
A Marca do Demônio
1.3 154 Assista AgoraA sensação que fica ao ver esse filme é igual a quando você era criança, sua mãe comprava aquela caixa de carrinhos que vinham de muamba do Paraguai e quando você ia abrir, no lugar dos carrinhos tinham colocado um monte de pedras mais ou menos do tamanho do espaço do carrinho na caixa pra pesar. Você se sente puto, enganado e totalmente frustrado em suas expectativas, por mais baixas que fossem.
Tentaram misturar filme de exorcista com terror lovecraftiano. Não deu certo. Péssimo, péssimo, péssimo. Depois de um comecinho até promissor, onde você pensa que se trata de um filme de exorcista comum, rapidamente você percebe que aquilo era só um prólogo, que abre caminho pro restante do filme que se passa "nos dias de hoje". Aí começa o show de bosta: um filme nal dirigido, roteiro que dá raiva de tão ruim, personagens pessimamente construídos (professora de línguas antigas que não se toca que o livro que levou pra casa é meio estranho, exorcista-cowboy da depressão-amaldiçoado, padre viciado em pico na veia?). E chega um ponto do filme em que parece que o diretor largou de mão o roteiro, e pensou, "não aguento mais dirigir esse roteiro de bosta, vamos terminar essa merda logo, põe todo mundo pra matar todo mundo e foda-se".
Quem quiser ver algo com demônios, feito no México, e que pelo menos seja divertido, eu recomendo a série "Diablero" da Netflix mesmo. Muito mais honesta do que essa enganação.
Sr. Sherlock Holmes
3.8 329 Assista AgoraUm filme sensível e em certa medida poético. Quanto menos se pensar no estereótipo tradicional do Sherlock Holmes já solidificado na cultura pop, mais proveitosa é a experiênca de assistir. Embora sofra um pouco com uma irregularidade de ritmo e de narrativa, dando a sensação de que a mesma história poderia ser contada com eficiência com uns bons 15, 20 minutos a menos, ainda assim a belíssima escolha de locações, uma fotografia quase onírica e a competência de Sir Ian McKellen ajudam a pesar a balança para o lado positivo.
Não é um grande filme, mas tem potencial para agradar principalmente quem se interessa pelo tipo de história que se desenrola nele: um filme de cadência mais lenta, que propõe uma reflexão a respeito do fim da linha da vida com sensibilidade, leveza e uma elegância que não se tem encontrado com muita facilidade no cinema atual.