No geral, melhor que a primeira temporada: flui melhor, com cada episódio contando uma história diferente que consegue se conectar ao todo, Mando parece mais competente, Grogu está mais expressivo, e os personagens que retornaram de A Guerra dos Clones foram bem incorporados à trama. Parte da diversão da série é ver determinados atores fazendo aparições, e a segunda temporada teve Timothy Oliphant, John Leguizamo, Rosario Dawson, Michael Biehn, e provavelmente mais algum que eu não vi.
O roteiro expande na cultura dos mandalorianos, e o protagonista mostra um desenvolvimento notável. Giancarlo Esposito continua sendo um ótimo ator, mas com a quantidade de projetos onde ele tem aparecido recentemente (The Mandalorian, The Boys, e no futuro Far Cry 6), existe o risco de saturação, e o personagem do Moff Gideon é tão parecido com o Gus Fring nessa temporada que eu já estava esperando ele puxar um sabre de luz no formato de um estilete.
Sim, foi legal ver o retorno do personagem do Boba Fett, e Temuera Morrison tem uma presença bem marcante em cena, mas o fato dele estar vivo provavelmente significa que uma das piores histórias do finado Universo Expandido foi ressuscitada; tem muita coisa que eu gostaria que não tivesse sido descontinuada do UE, mas a história em que Boba Fett escapa da barriga do Sarlacc não é uma delas.
Dos pontos negativos, achei que o nono episódio pareceu muito filler, mas o maior problema que eu tive em relação à temporada foi o final do último episódio, a ponto de que, apesar de serem apenas alguns minutos, ofuscaram boa parte dos sentimentos positivos que eu tinha em relação a todo o resto da temporada até o momento, e pelo jeito, é uma opinião que tem o potencial de atrair comentários desagradáveis de usuários aqui do site:
Luke Skywalker aparecendo foi mais uma ocasião em que a Disney enfia personagens icônicos de maneira forçada em novos trabalhos da franquia só para conseguir reações dos fãs, e me lembrou Rogue One tanto no quão desnecessária a aparição foi, quanto na "qualidade" do uso da animação facial: cada vez que o "Luke" abria a boca, ficava muito óbvio que não era uma pessoa de verdade ali, mas sim algo mais próximo de um alien que roubou a pele do Mark Hammil jovem e tentou um papel na série; só não chega a ser tão ruim quanto o Tarkin e a Leia em Rogue One porque dura menos. A aparição do Luke em si é decepcionante, para mim, pelo fato de que faz a galáxia em Star Wars parecer muito pequena: Clone Wars e The Mandalorian (pelo menos antes do último episódio) fizeram um bom trabalho em retratar o universo da franquia como algo grande, vasto, e interessante, mas o último episódio da temporada parece querer reforçar que só alguns personagens realmente importam no contexto de Star Wars. Seria uma boa oportunidade para introduzir um novo jedi, trazer o Ezra de volta de Rebels, ou trazer Kyle Katarn das cinzas do UE, personagem jedi que é uma mistura de Han Solo e Luke Skywalker, com uma barba de respeito, ainda por cima. Posso apontar também que os roteiristas parecem esquecer de forma bem conveniente que Boba Fett estava supostamente esperando do lado de fora da nave aquele tempo todo, e poderia ter oferecido assistência, ou que eles estavam em posse do Darksaber, que facilitaria muito na treta contra os darktroopers, ou que o simples fato dos personagens terem sido salvos pelo que provavelmente o maior deus-ex machina do universo da franquia prejudica o desenvolvimento estabelecido ao longo dos episódios anteriores da série.
Existe outro aspecto dessa aparição forçada, que é uma "desculpa" da Disney em relação à "resposta" de uma parcela dos fãs à retratação do Luke em The Last Jedi: ele é apresentado brandindo o sabre, pulando e rodopiando em CGI de qualidade questionável, como se fosse um personagem das prequels. Eu não vou questionar gosto ou preferência no momento, mas nos anos recentes houve uma ressurgência de pessoas que insistem em defender as prequels, não apenas como uma questão de gosto pessoal, mas como filmes que realmente respeitam o que Star Wars realmente é. Mas o que os filmes da trilogia original estabelecem (especialmente O Império Contra-Ataca, ainda o melhor da franquia), é que o sabre de luz tem uma importância muito pequena para o Jedi se comparado à Força em si: Yoda sequer treina Luke no uso do sabre de luz em Dagobah, e Luke falha no teste da caverna justamente por ter escolhido levar o sabre; Palpapatine despreza o sabre de luz em O Retorno de Jedi não porque artrite o impede de segurar um, mas porque ele é tão poderoso que não precisa de um. São detalhes da história que foram ignorados por George Lucas nas prequels, em detrimento da história e do roteiro; diferentes pessoas têm diferentes motivos para não terem gostado de Os Últimos Jedi, eu mesmo não o considero um bom filme, mas, de forma contraditória, uma série de pessoas que dizem querer algo fiel ao que foi estabelecido na franquia criticaram a forma como Luke foi retratado no filme, retratação esta que foi sim fiel ao que foi estabelecido na trilogia original (mais fiel do que as prequels, pelo menos).
Eu achei relevante escrever tudo isso porque a aparição de Luke nessa última temporada parece mais um sintoma da percepção atual de Star Wars: Disney seguindo cartilha para validar fãs, não importa o impacto negativo na qualidade da escrita, e essa ressurgência de nostalgia pelas prequels que distorce o que realmente foi estabelecido por Star Wars, juntamente com a resposta não tão positiva do Episódio 8 da série principal de filmes; tivessem os criadores comprometidos em retratar Luke como um jedi poderoso nos moldes da franquia, ele teria feito os darktroopers evaporarem sem encostar no sabre de luz, mas tem que mostrar, para que os fãs possam apontar e dizer "I 'MEMBER THAT"; tivessem os criadores comprometidos com a qualidade da história, Luke nem teria aparecido.
E claro, existe também o problema da nostalgia expressa por um certo grupo levar a Disney a usar como base três trabalhos da franquia que só podem ser considerados filmes na mesma medida em que escarrar em um sorvete pode ser considerado uma cobertura de caramelo, mas os trabalhos em questão vão ganhar seus próprios comentários.
A reclamação foi longa, porque seus motivos envolviam uma série de fatores, mas a temporada ainda é bem decente, com o roteiro acertando na maioria dos outros aspectos, com alguns tropeços aqui e ali, e alguns episódios que poderiam ser um pouco mais curtos sem perder nada de importante; no geral, uma melhora em relação asso ano anterior da série; não chega aos pés dos Eps. IV ou V, ou de Clone Wars, mas é pelo menos quase tão bom quanto o Ep. VI, e anos-luz à frente das prequels (não é dizer muito, mas tá aí). Só espero que o final do último episódio tenha sido um momento isolado de fan-service, e não seja um do modo como a série será conduzida na terceira temporada como um todo.
Bom, eu tentei. Depois de ouvir falar de Firefly, saber que é muito elogiada e ver que tem uma premissa de "velho oeste espacial", algo que eu acho muito interessante, finalmente comecei a ver a série, e depois dos primeiros dois episódios, acho que é o suficiente para eu saber que não quero perder meu tempo com os outros doze.
Eu realmente queria gostar da série, e é uma premissa que para é atraente, a princípio, mas então eu descobri que não gosto da escrita do Joss Whedon, e que os trabalhos no qual ele teve algum papel que são bons, são bons não por conta dele.
A série tenta mostrar uma história que mostra aspectos típicos da fantasia espacial popularizados por Star Wars de uma forma mais detalhada e madura, mas o modo como os personagens e diálogos são escritos significam que a execução trabalha ativamente contra a premissa original: diálogos forçados que tentam muito, e falham, em serem humorosos, e personagens tão limitados e caricatos que parecem saídos de um episódio da Vila Sésamo: Mal é cabeça quente e estúpido a ponto de ser surpreendente que qualquer um da tripulação o respeite, andando por aí pisando forte e socando quem o deixa minimamente irritado, agindo como um adolescente passando pela puberdade, só faltando se trancar na própria cabine escutando Linkin Park o dia inteiro; Jayne é ainda mais estúpido e cabeça quente, fazendo-me questionar como ele foi aceito na tripulação, e porque ainda não foi expulso, levando em conta o que ele é um perigo para a tripulação, mais que é de ajuda; médico gênio faz papel genérico de gênio, irmã do médico gênio faz papel genérico de pessoa prodígio levemente perturbada; outros personagens são menos irritantes, mas é porque não têm muita personalidade; e não importa o quanto a série tente mostrar que é progressiva, porque é bem claro qual o real papel da personagem da Morena Baccarin na série, e não é de subversão "inteligente" que Whedon achava que estava escrevendo.
O que poderia salvar os péssimos diálogos seriam as atuações, mas, bem, existe uma razão pela qual praticamente todos os atores envolvidos foram esquecidos: quem não é extremamente forçado é basicamente inexpressivo; destaque para Jewel Staite, a Kaylee, que mostrou um dos piores exemplos de atuação que eu já vi em qualquer série ou filme.
O 5/10 é por conta da premissa, e de alguns momentos interessantes, mas os personagens são o pior aspecto da série, e isso é um grande problema. Opinião talvez controversa, mas o que eu tenho dizer para o pessoal que não gostou que a série foi cancelada, é que atualmente existem opções que valem muito mais o seu tempo.
Queria entender porque meu filmow buga ocasionalmente, às vezes desloga sozinho e fico dias sem poder logar de novo, sem algum motivo aparente. Por mais que eu goste de uma rede social brasileira voltada para filmes, esse tipo de palhaçada faz com que eu queira migrar definitivamente para o Letterboxd. Também queria entender por que tinha tanta gente com opinião formada nos primeiros episódios, ou por que tantos deram nota baseado no fato de que não saíram todos os episódios ao mesmo tempo.
Quanto à temporada em si, continua divergindo bastante do caminho tomado pelos quadrinhos, e isso é algo bom: embora a trama no original tivesse potencial qualquer mensagem relevante se perde ou se torna confusa no meio de exageros típicos de muitos quadrinhos que podem até ser legais, se você tem 13 anos; mesma coisa com "Santo dos Assassinos", também escrito pelo Garth Ennis. Ouvi falar que "Preacher" é muito bom, então vou dar uma chance.
A série continua evitando o nível de exageros das HQs, e focando mais em desenvolvimento de personagens. O roteiro sofre de muitos dos mesmos problemas da primeira temporada, com os protagonistas livrando-se muito facilmente de situações que deveriam ser mais perigosas, diminuindo a tensão de certos momentos. Outra aspecto que achei desnecessário foi o fato de vários personagens ficarem comentando que o Hughie parece muito "mole", ou algo do tipo; é, eu entendi, ele não parece o tipo de pessoa que enfrentaria criaturas sobre-humanas, e isso já foi abordado na primeira temporada, de forma mais sutil, essa etapa do desenvolvimento do personagem dele já foi abordada. Eu achava que, entre ele ter "cuidado" do cara invisível e ter ido sozinho resgatar a equipe, na primeira temporada, ele já tinha evoluído como personagem. Ainda acho que é melhor que a primeira temporada, porque as atuações melhoraram, destaque como sempre para Antony Starr, que é excelente no papel de Homelander; e como um todo, o desenvolvimento dos personagens foi ainda melhor, fazendo com que eu releve alguns problemas da trama.
Vale ressaltar também que "The Boys" é um dos poucos trabalhos da mídia mainstream que trata de questões políticas e sociais de um modo que pode ser considerado bem executado: corporações apropriando-se de causas sociais e vendendo a ideia de progressividade, deturpando seu significado no processo, jogos de poder na política. O modo como a personagem da Stormfront é usada na série serve para um comentário que vai um pouco mais além de "nazismo é ruim", que é onde a maioria das mídias para, mas a forma como esse discurso ainda se manifesta, atualmente; nada no nível de "A Fita Branca" do Michael Haneke, mas para uma série da Amazon, melhor que o esperado. Também sinto que não gostei tanto do final quanto deveria ter gostado, achei que poderia ter sido melhor trabalhado, não foi tão catártico quanto penso que poderia ter sido, e os ganchos deixados para a terceira temporada não me deixaram muito interessado no que vem a seguir. Mas ainda foi uma boa temporada, superior à primeira, no geral.
Minhas impressões logo após terminar a temporada já não foram positivas, mas a terceira temporada de Castlevania é um caso de quanto mais eu penso a respeito a respeito, pior fica: os piores aspectos das temporadas anteriores são amplificados, e novos surgem com a tentativa de avançar a trama.
Primeiro, a qualidade da animação é a pior até agora, e os diálogos também são os piores. Os diálogos entre Sypha e Trevor que tentavam muito e falhavam miseravelmente em ser engraçados nas primeiras temporadas agora estão ainda menos engraçados, e mais frequentes, e a animação faz com que toda fala em que um personagem tenta ser engraçado pareça um comediante muito ruim tentando fazer stand-up com um fantoche, e sincronia labial dos personagens com suas falas é sempre um problema.
Castlevania tenta agora ser Game of Thrones, com intrigas envolvendo o clero , ambiguidade moral e cenas de sexo misturadas com elementos fantasiosos, e bem, certamente chega ao nível de qualidade de alguma temporada de GOT... O roteiro e péssimos diálogos arruínam qualquer chance de um desenvolvimento maduro da história, onde os arcos de Sypha e Trevor e Alucard são tão subdesenvolvidos e desnecessariamente longos que são o equivalente ao ar dentro de um pacote de salgadinhos, ou seja, a parte não substancial de um pacote cujo conteúdo de fato já não tem substancia; a animação faz as cenas de sexo parecerem um adolescente excitado tentando encenar uma fanfic de Entrevista com o Vampiro usando recortes de papel dos personagens; o arco do Isaac é o melhor dentre todos os personagens, mas ainda falha no que o que eu assumo que estava tentando fazer, porque a metáfora da discriminação não funciona muito bem quando envolve criaturas que foram literalmente arrancadas do inferno com o propósito de destruir a humanidade, e que, pelo que eu entendi, são seres humanos corrompidos, destituídos de humanidade, fazendo parecer que Isaac não tinha motivos nobres, mas apenas queria um motivo para ficar irritado e matar todo mundo. Eu gosto quando mídia fictícia aborda temas sociais relevantes, mas seria bom se o encarregado de escrever tais críticas tivesse mais que um conhecimento superficial do assunto; o arco do Isaac ainda é melhor, porque embora tenha falhado na execução, ele parte de um ponto interessante, e vai a algum lugar.
Outros problemas: a história envolvendo o Hector poderia ter sido interessante, não fosse pelos péssimos diálogos e pelo modo como a história tenta fazer, de maneira muito forçada, que sintamos empatia pelos mesmos personagens que falam de genocídio e uso de humanos como gado com a mesma empolgação que uma criança fala o dia que ela passou em um parque de diversões, e lá se vai a questão da ambiguidade moral...
Os últimos dois episódios são ok, com umas cenas de ação legais, mas eles só são bons porque os personagens quase não abrem a boca, e parece que todo o orçamento da animação foi usado neles; não são o suficiente para salvar a temporada.
Última temporada que eu vi foi a 18, na época para jogar The Stick of Truth, e agora estou vendo até a 21 para me prepara para finalmente jogar The Fractured But Whole, e penso que talvez deveria ter parado na 18, mesmo, que já não foi tão boa. Não sou contra o formato de um arco englobando toda a temporada, a princípio, mas a mensagem que a temporada passa é rasa, mesmo dedicando mais de um episódio a um mesmo tema, e a crítica é mal elaborada, como um todo; como toda temporada de South Park, eles acertam bem em alguns pontos, como a hipocrisia de determinadas pessoas que se dizem PC e a questão da propaganda na internet, mas acaba falhando por focar essencialmente apenas nos falsos moralistas, sem abordar muito a hipocrisia dos críticos e conservadores; no fim das contas, parece que o roteiro foi escrito pelo tipo de pessoa que todo mundo conhece, que não entende muito da realidade social ou política de onde vive, então se diz "centrista", mas sempre que abre a boca, as opiniões expressas tendem mais para o conservadorismo, e embora South Park nunca tenha sido muito profundo na forma como aborda temas, o formato de uma história diferente por episódio ajudava a manter o ritmo constante e impedir estagnação, e fazia com que a abordagem rasa não fosse tanto um problema.
No fim das contas, a temporada tem bons momentos, e traz críticas relevantes, mas a falta de conhecimento e profundidade do assunto abordado pode fazer com que espectadores com pontos de vista mais... nocivos se sintam validados.
Minha opinião inicial a respeito da série foi, como a de muitos, positiva: o primeiro episódio é bom, estabelecendo bem o estado do universo da franquia depois da queda do Império, mas antes da Primeira Ordem, e que combina com o clima de filme de velho oeste que a série se propõe a ter; os valores de produção são altos, com cenários e figurinos que não deixam dúvidas que se trata de uma história passada dentro do universo Star Wars. Porém, passada a empolgação inicial, simplesmente não consigo ignorar os muitos problemas da série.
Embora Carl Wathers, Pedro Pascal e Nicki Nolte cumpram bem seus respectivos papéis, e a simples bizarrice de ver Werner Herzog em algo relacionado a Star Wars seja o suficiente para justificar sua participação, a maioria das atuações variam de medíocres a ruins. Cara Dune é uma personagem interessante, em conceito, mas a atuação morna de Gina Carano faz muito para minar seu potencial; nenhum dos camponeses do quarto episódio são convincentes; no quinto episódio, o ator interpretando o caçador de recompensas novato tem o nível de interpretação de alguém fingindo atuar, e a mulher idosa que fica de olho na nave do Mando foi uma tentativa muito forçada de colocar um momento de humor na série; no sexto episódio, Mando se junta a um grupo de mercenários tão caricato, e com atuações tão ruins, que parecem ter saído de uma paródia meia boca de um filme como Onze Homens e um Segredo; e o que eu citei foram apenas as atuações que são de grande importância para a série, mas mesmo as atuações de extras que aparecem momentaneamente são bem fracas.
O roteiro também tem uma série de problemas: o objetivo parece ser transmitir, para nós, como espectadores, que Mando é um ótimo caçador de recompensas, justificando seu reconhecimento pela "guilda", mas em muitos momentos, o que é de fato mostrado na história passa a impressão de que ele é, na verdade, incompetente. Em um momento, ele estaciona a própria nave em um lugar exposto, em uma área onde ele deveria saber que habitavam Jawas, os sucateiros do universo Star Wars; em duas ocasiões diferentes, apesar de seus supostos talentos, e dos equipamentos à disposição, ele é quase morto por alguma criatura, e na segunda ocasião, ele é salvo pelo maior Deus Ex Machina do universo Star Wars; em outro momento, ele é traído e capturado por um conjunto de mercenários que deixam bem claro pelas suas atitudes prévias à traição que Mando não deveria ter confiado neles, e que também não são muito inteligentes; o protagonista também mostra grande dificuldade, em um dos episódios, em um combate corpo a corpo contra alguém que quase nem está usando armadura, ao contrário dele, que sempre anda equipado com uma que não apenas deflete laser, mas também não parece comprometer muito sua mobilidade. Embora Mando tenha seus motivos para não querer entregar o bebê Yoda como recompensa, ainda acho que a transição foi meio forçada, levando em conta que até aquele momente, ele parece levar o tal do código dos caçadores de recompensa bem a sério; mais forçado ainda é o fato de que seus companheiros tenham escolhido ajudá-lo, levando em conta que ele quebrou o código, e provavelmente expôs o resto dos mandalorianos no processo. Eu gosto que fizeram um esforço para tornar Mando um personagem melhor caracterizado que a média do clichê do "herói silencioso", mas isso pode ser feito sem torná-lo aparentemente inepto em aspectos que ele não deveria ser. A qualidade entre episódios é também um tanto inconsistente, e os episódios 4 e 5 fazem muito pouco para avançar a história, sendo basicamente filler, e não o tipo interessante de filler (o quarto episódio é nada mais que uma versão de muita baixa qualidade de Os Sete Samurais).
Bebê Yoda é outro problema que eu tenho com a série: sim, ele é fofo, mas acho que não spoiler dizer, nesse ponto, que ele consegue usar a Força, e essa série passa tão perto, mas tão perto, de fugir do clichê habitual da franquia de colocar a Força e os Jedi como as coisas mais importantes do universo, que acaba sendo meio frustrante.
O melhor dentre os trabalhos da franquia produzidos pela Disney, até o momento? Até entendo que muitos tenham essa opinião; definitivamente não em termos de atuação, já que qualquer um dos filmes é superior nesse aspecto; como uma história paralela da franquia, funciona melhor que Rogue One, pois não sacrifica desenvolvimento de personagens só para colocar fan service desnecessário e intrusivo, e nem tenat "corrigir" um "erro" de roteiro de um filme anterior criando um ainda maior; funciona melhor que Solo também, pois oferece mais contexto a respeito do universo da franquia além de uma série de cenas de ação desncessariamente longas; conta com um roteiro que, embora inconsistente, ainda é mais coerente que os dos Ep. VIII e IX; e acho que pelo menos tenta ser mais original que Ep. VII, apesar de ser bem pouco original.
Quando eu peso todos os prós e contras, minha conclusão é que The Mandalorian segue com o nível de qualidade que se espera da franquai nas mãos da Disney (com exceção do Ep. IX, que conseguiu ficar abaixo do esperado), que é um de segura mediocridade. Depois de rever a trilogia original e concluir que ela tem muitos problemas que não podem ser delegados apenas à falta de recursos de época, e depois de tentar ler o primeiro livro da trilogia Thrawn e concluir, depois de um terço, que se existe alguém que pode fazer uma franquia inerentemente audiovisual como Star Wars funcionar em forma de literária, essa pessoa não é Timothy Zahn, e que eu poderia estar lendo algo muito melhor, a recepção positiva de The Mandalorian reforça a minha ideia de que muitos fãs de Star Wars, quando se trata da franquia, talvez estejam dispostos a ignorar aspectos que seriam problemas em qualquer outra obra de qualquer outra propriedade intelectual, desde que alguns pré requisitos sejam cumpridos.
Apesar disso, The Mandalorian é um passo na direção certa... eu acho? Bem, alguns passos na direção certa, e mais alguns em direções erradas, o que acaba equilibrando a balança da mediocridade. Espero que a segunda temporada seja o passo definitivamente para frente que esta primeira deveria ter sido.
De todos os trabalhos de David Lynch, esta temporada de "Twin Peaks" é provavelmente o mais "lynchiano". Quem é fã das duas primeiras temporadas, mas nunca se importou com os filmes do diretor, provavelmente não vai gostar muito. Eu particularmente acho que as duas primeiras temporadas da série focaram muito em melodrama, romances bobos e comédia pastelão, ao invés de aspectos que fazem do Lynch um cineasta tão único, portanto gostei muito do caminho tomado por essa continuação; não apenas melhor que a série da década de 90, mas possivelmente o melhor trabalho de Lynch até o momento.
Cheguei meio atrasado para o bonde do hype do GoT, começando a primeira temporada em dezembro do ano passado, e terminando a oitva na semana passada, e minha opinião é bem parecida com a da maioria: as primeiras quatro temporadas são excelentes, a quinta é boa, apesar de uns pontos bem ruins, a sexta é um pouco melhor que a quinta, mas não tão boa quanto as quatro primeiras, a sétima é pior do que as que vieram antes, tem uma série de problemas, mas ainda é tolerável, e a oitava...
A oitava é um péssimo final para o que antes foi uma grande série, sendo um verdadeiro assassinato de bons personagens, mas não no sentido bom, que era nas primeiras temporadas. Já existem vários vídeos no youtube explicando em detalhes o que deu errado, muito melhor que eu poderia: recomendo as avaliações da Lindsay Ellis e do ralphthemoviemaker. E se existe um ponto positivo nisso, é que me incentivou a começar a ler os livros, para ter a esperança de um final decente; só espero que o George R.R. Martin não demore muito mais do que já demorou até o momento para lançar os dois últimos livros.
Incrível como a discussão em torno da série "Watchmen" não demorou muito para ficar muito idiota: de um lado, temos a galera que adora reclamar de crítica social, por mais pertinente que ela seja, e que adoram chamar tudo o que não lhes agrada de "lacração", ironicamente usando o termo ainda mais do quem não os usa ironicamente; do outro lado, temos o pessoal mala que ama a série incodicionalmente, e que vai nos comentários encher o saco de quem tem uma opinião negativa sobre a série, não importa quão bem formulada essa opinião seja, no pretexto de que a pessoa ou é um "fanboy chorão" (admito que esse lado não é tão ruim quanto o primeiro, por alguns motivos, mas os dois são bem chatos), e esse foi meu desabafo. Claro, a maioria dos comentários é bem razoável, mas a parte chata é muito maior do que deveria ser.
Terminado o desabafo, eu achei "Watchmen" uma série bem frustrante, pois começa bem: a questão do grupo dos supremacistas é bem apresentada, fazendo sentido tanto como uma continuação de "Watchmen" quanto como um paralelo com a realidade, e também faz sentido o Rorschach ser o símbolo do movimento, baseado no discurso do personagem durante os quadrinhos; é uma interpretação rasa do personagem dele, claro, mas faz sentido no contexto da série, e também no modo como grupos radicais interpretam símbolos e ideologias, em geral.
Regina King faz um bom trabalho em interpretar Angela Abar, e Tim Blake também atua bem como Wade Tillman, e ambos, ironicamente, são os personagens que fazem mais jus ao que os quadrinhos representam. O episódio do Justiça Encapuzada é ótimo em termos audiovisuais, como muitos falaram, e não tenho certeza se os rumos que tomaram com o personagem eram o que Alan Moore tinha mente (não li o material complementar de "Watchmen") mas acho que faz sentido o suficiente para que não destoe dos quadrinhos.
Os problemas começam quando eles decidem trazer de volta alguns dos principais personagens dos quadrinhos: -A Espectral, agora sendo reconhecida como Laurie Blake, é mostrada como uma pessoa amargurada que ainda não superou o Dr. Manhattan, contradizendo o desenvolvimento que foi mostrado a seu respeito no final da HQ. Boa parte da profundidade da personagem foi, essencialmente, sacrificada para que os roteiristas pudessem mostrar "ah, olha só, ela está ficando mais parecida como pai", e isso se resume à atriz fazer umas caras e bocas forçadas e uns comentários sarcásticos padrão, e eu tenho quase certeza que um dos pontos do arco da Laurie nas HQs era perceber que, apesar de tudo, ela não é igual ao pai. E mesmo que você esteja disposto a aceitar a transformação dela, esse aspecto também não é bem executado: a atuação está mais para "sarcástico genérico" do que para "Espectral, mas com uma pitada de Comediante". -Adrian Veidt era interessante nos quadrinhos por ser calculista, extremamente inteligente, mas contava com uma certa compaixão que o separava do clichê do "super-vilão-zilionário-excêntrico" que ele seria nas mãos de um escritor menos talentoso; a série não chega a transformá-lo em um super vilão, mas o personagem é reduzido a um zilionário excêntrico clichê com alguns traços passageiros de seu personagem original.
A mudança de atitude, em determinado momento, pode ser atribuída ao seu isolamento nas luas de Júpiter, mas a série mostra flashbacks de antes do ocorrido que mostram o personagem agindo em contradição às HQs.
Sem contar que em alguns Flashbacks ocorridos na década de 90, o personagem já conta com uma aparência que indica uma idade muita mais avançada do que ele deveria ter, em comparação com a que ele tinha durante os eventos das HQs, mas isso é um detalhe menor. Eu gosto do Jeremy Irons, como ator, mas ele não é um bom Ozymandias. - Dr. Manhattan é o personagem que, na minha opinião, mais sofreu nessa continuação. A primeira vez que o Dr. Manhattan é visto na série, seu rosto não aparece, apenas sua voz é escutada, mas mesmo assim a voz escolhida, desde as pronúncias até o diálogo escolhido, não transmitem o que é de fato, esse personagem, e apenas piora quando o personagem é revelado, de fato:
Yahya Abdul-Mateen II é um bom Cal Abar, um personagem que deveria ter sido melhor explorado, mas ele não é um bom Dr. Manhattan, e realmente não sei o quanto disso é culpa do ator ou do modo como o personagem foi escrito nessa série. A questão da percepção do tempo do personagem era um dos aspectos mais interessantes da HQ, mas aqui parece não seguir as mesmas regras, simplificado, de certa forma; ao final da HQ, ele afirma que pretende ir a outra galáxia, talvez criar vida, e os idealizadores da série interpretaram isso como ele não sair do sistema solar, e criar vida idêntica ao ser humano, desperdiçando assim um conceito que tinha muito potencial; não bastando, é mostrado que ele visita a terra frequentemente e se apaixona pela Ângela, sendo que os eventos ao final das HQs sugerem fortemente que é praticamente impossível ele voltar a se apaixonar por qualquer pessoa, ou visitar a Terra novamente, pelo menos em um espaço tão curto de tempo; não bastando isso, ele está vivendo na terra, sem memórias de quem é, e com os poderes suprimidos, disfarçado de um cadáver encontrado no necrotério, tudo graças a um dispositivo feito milagrosamente por Adrian Veidt que tem a capacidade de sumprimir os poderes do Dr. Manhattan. Isso é uma dessas reviravoltas forçadas que o Damon Lindelof joga em seus trabalhos só pra fazer os espectadores ficarem com cara de "uauuuuuuuuuuu", mas sem se preocupar em estabelecer tal reviravolta de forma adequada, mostrando que talvez ele não seja um roteirista tão bom quanto muitos acham que ele é.
- Dan Dreiberg, o Coruja, simplesmente não aparece na série, o que é uma pena, pois ele é o mais próximo que o Rorschach tinha de um amigo, na história original, e seria interessante ver como ele reagiria ao grupo dos supremacistas. Bom, levando em conta o que fizeram com os outros personagens, talvez tenha sido melhor ele ter ficado de fora mesmo...
Mas os personagens novos também sofrem: apesar da Angela e do Wade serem bem decentes e servirem bem à trama, e do jovem Justiça Encapuzada e alguns personagens que giram em torno dele, alguns de genéricos e mal aproveitados (como o senador Keene, o chefe de polícia, e sua esposa), com potencial, mas mal aproveitados (o velho misterioso na cadeira de rodas) a irritantes e totalmente desnecessários, como Lady Trieu e sua filha Bian, que são os tipos de personagens mal escritas e pretenciosas que normalmente são encontradas em obras que tentam ser "Watchmen", e falham, e encabeçam uma trama que sai do nada, e acaba de forma anticlimática, indo a basicamente lugar nenhum.
A série também comete um dos erros que a adaptação de 2009 cometeu, que é a de sacrificar parte do realismo que deveria ser característico e mostrava os personagens como humanos e vulneráveis, para deixar tudo mais "estiloso" e "descolado": várias cenas onde personagens andam enfileirados e com alguma pose "estilosa" ao som de uma música eletrônica que boa parte do tempo passa zero sensação de perigo, e quando passa, é um trilha de suspense estilo década de 80, sintetizada, que tá a poucas notas de distância de virar um processo de plágio por imitar a trilha de John Carpenter para os filmes da série "Halloween", e que não combina muito com "Watchmen".
Existem momentos também em que a série assume que o espectador não é capaz de acompanhar um roteiro: flashbacks desnecessários repetindo informações das quais aposto que ninguém se esqueceu no tempo entre os episódios, e eu não sei quantas vezes na temporada perdem tempo mostrando a Angela colocando a roupa de "Sister Night" com ângulos e closes dramáticos e, mas uma vez só era mais que o suficiente.
A simples ideia de continuar uma série dos quadrinhos tão bem escrita, estruturada e contida quanto "Watchmen", especialmente sem o envolvimento de Alan Moore, pode parecer sacrilégio para muitos que gostam da obra original, mas não é meu caso, e estava disposto a dar uma chance para essa série, e acabei me decepcionando. Uma boa premissa inicial, com uma boa protagonista, e os altos valores de produção que se espera da HBO, e tudo minado por uma série de atuações medíocres, uma falta de entendimento do tom, premissa e personagens da obra original, e essa necessidade do Lindelof de forçar reviravoltas às custas de um roteiro melhor trabalhado. Eu prefiro a adaptação do Zack Snyder, que embora tenha problemas que sejam difíceis de ignorar, as atuações são melhores no geral, o roteiro é melhor trabalhado (embora isso seja mais por conta da escrita forte do original do que pelos méritos da adaptação em si), e mesmo as liberdades tomadas podem ser atribuídas ao fato de ser uma adaptação, e não uma continuação, e não negam tanto a essência dos personagens quanto essa série nega.
A temporada vale a nota máxima só por "Luck of the Fryrish". Tudo no episódiso funciona muito bem : a escrita, os personagens, e o drama. Futuram é uma série excelente em todas as 7 temporadas, então recomendo ver todos, mas o décimo episódio da terceira temporada é uma favorito pessoal, que acaba comigo sempre que o assisto novamente.
As atuações ainda são boas, os personagens ainda são interessantes, mas o roteiro torna esta a temporada mais fraca de todas: Hopper ficou muito exagerado na falta de paciência, o drama juvenil entre Mike e El serviu só serviu para encher linguiça e quase me fazer desistir da temporada no segundo episódio, o humor em alguns momentos é tão forçado e as situações tão absurdas que em alguns momentos a série parece uma paródia de si mesma, inclusive no uso exagerado das cores: nenhum dos clássicos de terror da década de 80 que inspiraram a série eram tão absurdamente e artificialmente coloridos quanto "Stranger Things 3", existindo um equilíbrio entre o clima mais leve da década em relação aos anos 70, uma atmosfera palpável de terror e suspense, e bons efeitos práticos (eu sei que as três temporadas sofreram com uso de CGI, mas esta em alguns momentos parece mais um filme de monstro dos tempos de CGI prematuro da década de 90). As duas primeiras temporadas atingiram esse equilíbrio (exceto no aspecto dos efeitos práticos), mas esta parece menos voltada a quem realmente tem uma paixão pelo cinema de terror e suspense da década, em todos os seus defeitos e qualidades, desde suas instâncias mais sérias como "The Thing" até o humor escrachado de "Evil Dead 2", e parece mais voltada para quem cresceu com a noção romantizada de que a época eram polainas, spray para cabelo, neon e roupas tão coloridas que fariam bandas como Restart e NX Zero parecerem sutis. O merchandising que enfiaram na série fica dificíl de ignorar: logos da Coca-Cola espalhados por todos os lados, Burger King, e em determinado episódio, os personagens fazendo questão de dizer que estão fugindo por uma loja da Gap, e tudo isso ocorrendo antes ou durante o feriado do 4 de julho. Eu sei que a celebração da cultura americana é parte integral da mídia relacionada à Guerra Fria, mas mesmo as duas primeiras temporadas conseguiram encaixar tal aspecto de maneira menos forçada.
Apesar de tudo isso, ainda acho que vale a penas assistir, nem que seja para saber o que acontece depois da segunda temporada. Ainda conta com bons momentos, e as boas atuações e a boa dinâmica entre os personagens fazem com que o roteiro fraco não estrague a experiência... totalmente.
Como alguém que não consegue deixar de sentir asco ao ver a Oficina do Estudante se utilizando de super-heróis "modinha" para induzir jovens incautos a convencerem seus pais a gastarem mais do que dito cursinho vale, e também como alguém que quando tenta procurar algo interessante para ver no cinema se depara constantemente com a maioria dos horários ocupados por algum filme da Marvel que muito provavelmente será indistiguível da maioria dos anteriores, a primeira temporada de "The Boys" foi bem satisfatória. Alguns podem acusar a série de ser pouco sútil, e claro, sutileza não é seu forte, mas achei que, ao menos nos casos das críticas presentes, a falta de sutileza foi um ponto positivo da série, e convenhamos, não existem muitos trabalhos atuais tão obviamente voltados ao "mainstream" que atacam de maneira tão escancarada instituições e ideais nos quais um número assustador de pessoas ainda depositam suas esperanças de forma cega; claro, diretores como Michael Haneke e Alejandro G. Iñárritu, por exemplo, fazem um trabalho muito melhor no quesito da crítica institucional, mas infelizmente o que torna o trabalho deles tão único é também o que os torna, de certa forma, menos acessíveis que tantos outros trabalhos inferiores (embora "Birdman" tenha sido um sucesso de público e de crítica, inegavelmente). E quantas vezes já não aconteceu, anteriormente, de pessoas não estabelecerem os paralelos óbvios de diferentes obras fictícias com a realidade? Muitas vezes, e ainda vai acontecer muitas vezes mais. A crítica vai muito além da simples questão dos super-heróis na mídia, e os usa como ferramenta efetiva de subversão da percepção do público em relação às supostas instituições "acolhedoras".
Mas nada disso funcionaria bem, obviamente, caso a execução em si não fosse boa, e felizmente é, na maior parte do tempo: Hughie é bem retratado por Jack Quaid (mostrando que tem potencial para ser um ator muito melhor que seu pai) como o sujeito comum de vida pacata que se vê obrigado a tomar uma atitude em relação à própria insegurança; Erin Moriarty me surpreendeu com a retratação de Starlight; Karl Urban faz um bom trabalho em retratar Butcher como alguém carismático, mas ameaçador, que caminha em uma linha tênue entre violência justificada e gratuita; Elisabeth Shue sempre foi uma das minhas atrizes favoritas, e atua no nível que se espera dela; Anthony Starr como Homelander é a imagem que sempre tive do Super-Homem por baixo da face dissimulada de bom moço; a dinâmica entre os diversos personagens é muito bem construída, especialmente entre os titulares "boys", a amizade instável e extremamente circunstancial entre eles sempre bem sincera; as decepções nesse quesito ficam por conta de Chace Crawford (The Deep), Dominic McElligott (Maeve), que fazem um trabalho bem medíocre em retratar os conflitos interessantes de seus respectivos personagens, e Karen Fukuhara (The Female), que, não por culpa dela, não tinha muito com o que trabalhar, de qualquer forma, relegada ao papel genérico de "oriental muda dos olhos arregalados".
A progressão do roteiro também é bem estruturada, na maior parte do tempo: a retratação de super heróis como narcisistas instáveis controlados por uma grande corporação faz sentido o suficiente para que "The Boys" não caia na armadilha de muitos péssimos trabalhos que se inspiraram no excelente "Watchmen" de Alan Moore, e é diferente o suficiente do mesmo para que não seja apenas uma cópia (obs: eu não cheguei a ler os quadrinhos nos quais "The Boys" é baseado, mas julgando pela série, "Watchmen" ainda é a obra superior). Os momentos iniciais fazem um ótimo trabalho em estabelecer os "supes" como uma ameaça, e também de estabelecer uma motivação tangível ao protagonista. A violência é, em muitos momentos, retratada de forma "estilizada", mas não confunda com uma forma de fetichização de atos de violência (erro cometido por Zack Snyder, em sua adaptação cinematográfica de "Watchmen"): é uma forma de colocar o espectador na perspectiva do personagem no momento, e tais atos retratados têm consequências negativas de longo prazo para os personagens.
Infelizmente, a temporada não termina tão bem quanto acaba, o motivo da nota não ser mais que um 7: os últimos episódios se arrastam em relação ao primeiros, e são vítimas de uma quantidade de clichês que não parecem propositais, mas apenas consequências de conveniência de roteiro; os efeitos especiais não são muito bons, e nem muitas das cenas de ação, e eu sei que o orçamento da série não deve ter sido dos maiores, mas sangue em CGI é algo que acho bem dificíl de desculpar, em qualquer circunstância; a série também cai na armadilha da próprioa falta de sutileza, onde um determinado segmento do roteiro (sem muitos spoilers, relacionado ao Homelander) que até o momento havia sido muito bem retratado com a quantidade adequada de informação para que o espectador juntasse as peças, é explicado através de exposição forçada e desncessária.
No geral, apesar dos problemas, gostei muito de "The Boys", e apesar da temática pesada da série, ri muito mais com seus momentos intencionais de humor do que com toda a "comédia" dos filmes da Marvel e da DC, juntos. Aguardo a segunda temporada, especialmente porque existe muito espaço para melhoras. Mas, ao abrir o IMDb e me deparar com "The Boys" na primeira página, um claro sinal do tão cobiçado "sucesso comercial", eu me pergunto se a série tão promissora não está a caminho de perder seu sentido original. Realmente, espero que não.
"Brickleberry" é como uma criança carente e revoltada de 13 anos tentando chamar a atenção por meio de palavrões e comentários inapropriados: é chata, barulhenta, imatura, e por conta da imaturidade, por mais que tente, nunca consegue ser verdadeiramente ofensiva ou ousada, e suas tentativas são patéticas, irritantes, e tão manjadas quanto de qualquer outra série voltada para "adultos" que tenta pegar carona no sucesso de outras de maior qualidade, sem entender o que as torna boas. Durou apenas 36 episódios, e isso é muito mais do que deveria ter durado, pois ainda assim consegue ser extremamente repetitiva e muito pouco original. A escrita é apenas choque pelo choque, não existe uma mensagem por trás, nem uma tentativa genuína de crítica, então nem sei se pode ser classificada como "politicamente incorreta", mas como falha em ser verdadeiramente chocante, não existem muitos motivos para assistir "Brickeberry".
O único aspecto ofensivo da série é que alguém foi pago por essa ideia, e alguém achou que era boa o suficiente para ocupar um espaço na programação no Comedy Central (FX, no caso do Brasil). Para quem realmente estiver interessado, está disponível no Netflix, mas seu tempo será melhor gasto em outras séries.
Peca muito em termos de desenvolvimento de personagens: seriam necessários mais que 4 episódios de 20 minutos para que isso fosse feito de forma satisfatória. Apesar disso, a animação é boa, o que faz com que as mortes extremamente gráficas sejam um aspecto interessante do anime.
Não entendo por que o anime segue o final ruim do jogo. Talvez seja só impressão minha, mas senti um certo sadismo por parte da equipe responsável pela adaptação. Não que eu normalmente me incomode com finais trágicos, mas depois de terminar o jogo, pareceu bem desnecessário.
O conto funciona por conta da simplicidade objetiva do enredo: pai fica preso com filho em um supermercado por conta de um nevoeiro que esconde criaturas, enquanto uma fanática religiosa se aproveita do medo gerado pela situação para juntar uma congregação. O filme de 2007 funciona porque Frank Darabont respeitou a essência do conto do Stephen King, e por conta do ótimo elenco, em especial Thomas Jane e Marcia Gay Harden. A primeira temporada da série não funciona por conta de muitas tramas paralelas forçadas, pelo menos uns 7 episódios de puro filler, atores ruins, péssima direção, um efeito de nevoeiro que parece saído de um videogame, e personagens agindo de forma estúpida em nome de conveniência de roteiro. Morgan Spector atua como alguém fingindo estar preocupado com a filha de mentira, ao contrário de Thomas Jane, que agia como o um pai preocupado com o filho. Frances Conroy usa uma das piores táticas de atuação para expressar o estado emocional de sua personagem, presente nos piores filmes/séries de terror: fitar o vazio e sussurrar. Gus Birney basicamente mantem a mesma expressão por toda a série.
O design das criaturas se resume a umas sanguessugas, mariposas e um monstro feito de fumaça que parece fazer parte de um universo bem diferente do estabelecido na série.
No lado positivo das coisas, Alyssa Sutherland, Ozekio Morro e Holly Deveaux atuam de forma decente, nada espetacular ou notável, mas nada deplorável ao nível dos demais. A série tinha muito potencial, pois existe espaço para expansão a partir da história de King, mas esse não é o jeito certo de fazê-lo. Eu sei que falta um episódio para o fim da temporada, mas realmente duvido que redima a série. A história começou a caminhar no episódio 8, mas é um tanto tarde para isso.
Edit: Nessa quinta, foi lançado o season-finale, e embora seja o melhor episódio da temporada, não redime o que veio antes. Apesar de (relativamente) satisfatório, ainda sofre com muitos dos problemas de episódios anteriores, e deixa muitas questões em aberto para uma segunda temporada que talvez não aconteça. O fim da primeira temporada marca também sua estreia, na íntegra, no Netflix fora dos Estados Unidos, incluindo o Brasil, significando que provavelmente um público ainda maior assistirá à série, e isso influenciará na decisão de renovação para uma segunda temporada. Pessoalmente, dada a qualidade do que foi mostrado até agora, não vou perder o sono se a série for cancelada.
O Mandaloriano: Star Wars (2ª Temporada)
4.5 445 Assista AgoraNo geral, melhor que a primeira temporada: flui melhor, com cada episódio contando uma história diferente que consegue se conectar ao todo, Mando parece mais competente, Grogu está mais expressivo, e os personagens que retornaram de A Guerra dos Clones foram bem incorporados à trama. Parte da diversão da série é ver determinados atores fazendo aparições, e a segunda temporada teve Timothy Oliphant, John Leguizamo, Rosario Dawson, Michael Biehn, e provavelmente mais algum que eu não vi.
O roteiro expande na cultura dos mandalorianos, e o protagonista mostra um desenvolvimento notável. Giancarlo Esposito continua sendo um ótimo ator, mas com a quantidade de projetos onde ele tem aparecido recentemente (The Mandalorian, The Boys, e no futuro Far Cry 6), existe o risco de saturação, e o personagem do Moff Gideon é tão parecido com o Gus Fring nessa temporada que eu já estava esperando ele puxar um sabre de luz no formato de um estilete.
Sim, foi legal ver o retorno do personagem do Boba Fett, e Temuera Morrison tem uma presença bem marcante em cena, mas o fato dele estar vivo provavelmente significa que uma das piores histórias do finado Universo Expandido foi ressuscitada; tem muita coisa que eu gostaria que não tivesse sido descontinuada do UE, mas a história em que Boba Fett escapa da barriga do Sarlacc não é uma delas.
Dos pontos negativos, achei que o nono episódio pareceu muito filler, mas o maior problema que eu tive em relação à temporada foi o final do último episódio, a ponto de que, apesar de serem apenas alguns minutos, ofuscaram boa parte dos sentimentos positivos que eu tinha em relação a todo o resto da temporada até o momento, e pelo jeito, é uma opinião que tem o potencial de atrair comentários desagradáveis de usuários aqui do site:
Luke Skywalker aparecendo foi mais uma ocasião em que a Disney enfia personagens icônicos de maneira forçada em novos trabalhos da franquia só para conseguir reações dos fãs, e me lembrou Rogue One tanto no quão desnecessária a aparição foi, quanto na "qualidade" do uso da animação facial: cada vez que o "Luke" abria a boca, ficava muito óbvio que não era uma pessoa de verdade ali, mas sim algo mais próximo de um alien que roubou a pele do Mark Hammil jovem e tentou um papel na série; só não chega a ser tão ruim quanto o Tarkin e a Leia em Rogue One porque dura menos.
A aparição do Luke em si é decepcionante, para mim, pelo fato de que faz a galáxia em Star Wars parecer muito pequena: Clone Wars e The Mandalorian (pelo menos antes do último episódio) fizeram um bom trabalho em retratar o universo da franquia como algo grande, vasto, e interessante, mas o último episódio da temporada parece querer reforçar que só alguns personagens realmente importam no contexto de Star Wars. Seria uma boa oportunidade para introduzir um novo jedi, trazer o Ezra de volta de Rebels, ou trazer Kyle Katarn das cinzas do UE, personagem jedi que é uma mistura de Han Solo e Luke Skywalker, com uma barba de respeito, ainda por cima. Posso apontar também que os roteiristas parecem esquecer de forma bem conveniente que Boba Fett estava supostamente esperando do lado de fora da nave aquele tempo todo, e poderia ter oferecido assistência, ou que eles estavam em posse do Darksaber, que facilitaria muito na treta contra os darktroopers, ou que o simples fato dos personagens terem sido salvos pelo que provavelmente o maior deus-ex machina do universo da franquia prejudica o desenvolvimento estabelecido ao longo dos episódios anteriores da série.
Existe outro aspecto dessa aparição forçada, que é uma "desculpa" da Disney em relação à "resposta" de uma parcela dos fãs à retratação do Luke em The Last Jedi: ele é apresentado brandindo o sabre, pulando e rodopiando em CGI de qualidade questionável, como se fosse um personagem das prequels. Eu não vou questionar gosto ou preferência no momento, mas nos anos recentes houve uma ressurgência de pessoas que insistem em defender as prequels, não apenas como uma questão de gosto pessoal, mas como filmes que realmente respeitam o que Star Wars realmente é. Mas o que os filmes da trilogia original estabelecem (especialmente O Império Contra-Ataca, ainda o melhor da franquia), é que o sabre de luz tem uma importância muito pequena para o Jedi se comparado à Força em si: Yoda sequer treina Luke no uso do sabre de luz em Dagobah, e Luke falha no teste da caverna justamente por ter escolhido levar o sabre; Palpapatine despreza o sabre de luz em O Retorno de Jedi não porque artrite o impede de segurar um, mas porque ele é tão poderoso que não precisa de um. São detalhes da história que foram ignorados por George Lucas nas prequels, em detrimento da história e do roteiro; diferentes pessoas têm diferentes motivos para não terem gostado de Os Últimos Jedi, eu mesmo não o considero um bom filme, mas, de forma contraditória, uma série de pessoas que dizem querer algo fiel ao que foi estabelecido na franquia criticaram a forma como Luke foi retratado no filme, retratação esta que foi sim fiel ao que foi estabelecido na trilogia original (mais fiel do que as prequels, pelo menos).
Eu achei relevante escrever tudo isso porque a aparição de Luke nessa última temporada parece mais um sintoma da percepção atual de Star Wars: Disney seguindo cartilha para validar fãs, não importa o impacto negativo na qualidade da escrita, e essa ressurgência de nostalgia pelas prequels que distorce o que realmente foi estabelecido por Star Wars, juntamente com a resposta não tão positiva do Episódio 8 da série principal de filmes; tivessem os criadores comprometidos em retratar Luke como um jedi poderoso nos moldes da franquia, ele teria feito os darktroopers evaporarem sem encostar no sabre de luz, mas tem que mostrar, para que os fãs possam apontar e dizer "I 'MEMBER THAT"; tivessem os criadores comprometidos com a qualidade da história, Luke nem teria aparecido.
E claro, existe também o problema da nostalgia expressa por um certo grupo levar a Disney a usar como base três trabalhos da franquia que só podem ser considerados filmes na mesma medida em que escarrar em um sorvete pode ser considerado uma cobertura de caramelo, mas os trabalhos em questão vão ganhar seus próprios comentários.
A reclamação foi longa, porque seus motivos envolviam uma série de fatores, mas a temporada ainda é bem decente, com o roteiro acertando na maioria dos outros aspectos, com alguns tropeços aqui e ali, e alguns episódios que poderiam ser um pouco mais curtos sem perder nada de importante; no geral, uma melhora em relação asso ano anterior da série; não chega aos pés dos Eps. IV ou V, ou de Clone Wars, mas é pelo menos quase tão bom quanto o Ep. VI, e anos-luz à frente das prequels (não é dizer muito, mas tá aí). Só espero que o final do último episódio tenha sido um momento isolado de fan-service, e não seja um do modo como a série será conduzida na terceira temporada como um todo.
Firefly (1ª Temporada)
4.5 85Bom, eu tentei. Depois de ouvir falar de Firefly, saber que é muito elogiada e ver que tem uma premissa de "velho oeste espacial", algo que eu acho muito interessante, finalmente comecei a ver a série, e depois dos primeiros dois episódios, acho que é o suficiente para eu saber que não quero perder meu tempo com os outros doze.
Eu realmente queria gostar da série, e é uma premissa que para é atraente, a princípio, mas então eu descobri que não gosto da escrita do Joss Whedon, e que os trabalhos no qual ele teve algum papel que são bons, são bons não por conta dele.
A série tenta mostrar uma história que mostra aspectos típicos da fantasia espacial popularizados por Star Wars de uma forma mais detalhada e madura, mas o modo como os personagens e diálogos são escritos significam que a execução trabalha ativamente contra a premissa original: diálogos forçados que tentam muito, e falham, em serem humorosos, e personagens tão limitados e caricatos que parecem saídos de um episódio da Vila Sésamo: Mal é cabeça quente e estúpido a ponto de ser surpreendente que qualquer um da tripulação o respeite, andando por aí pisando forte e socando quem o deixa minimamente irritado, agindo como um adolescente passando pela puberdade, só faltando se trancar na própria cabine escutando Linkin Park o dia inteiro; Jayne é ainda mais estúpido e cabeça quente, fazendo-me questionar como ele foi aceito na tripulação, e porque ainda não foi expulso, levando em conta o que ele é um perigo para a tripulação, mais que é de ajuda; médico gênio faz papel genérico de gênio, irmã do médico gênio faz papel genérico de pessoa prodígio levemente perturbada; outros personagens são menos irritantes, mas é porque não têm muita personalidade; e não importa o quanto a série tente mostrar que é progressiva, porque é bem claro qual o real papel da personagem da Morena Baccarin na série, e não é de subversão "inteligente" que Whedon achava que estava escrevendo.
O que poderia salvar os péssimos diálogos seriam as atuações, mas, bem, existe uma razão pela qual praticamente todos os atores envolvidos foram esquecidos: quem não é extremamente forçado é basicamente inexpressivo; destaque para Jewel Staite, a Kaylee, que mostrou um dos piores exemplos de atuação que eu já vi em qualquer série ou filme.
O 5/10 é por conta da premissa, e de alguns momentos interessantes, mas os personagens são o pior aspecto da série, e isso é um grande problema. Opinião talvez controversa, mas o que eu tenho dizer para o pessoal que não gostou que a série foi cancelada, é que atualmente existem opções que valem muito mais o seu tempo.
The Boys (2ª Temporada)
4.3 647 Assista AgoraQueria entender porque meu filmow buga ocasionalmente, às vezes desloga sozinho e fico dias sem poder logar de novo, sem algum motivo aparente. Por mais que eu goste de uma rede social brasileira voltada para filmes, esse tipo de palhaçada faz com que eu queira migrar definitivamente para o Letterboxd. Também queria entender por que tinha tanta gente com opinião formada nos primeiros episódios, ou por que tantos deram nota baseado no fato de que não saíram todos os episódios ao mesmo tempo.
Quanto à temporada em si, continua divergindo bastante do caminho tomado pelos quadrinhos, e isso é algo bom: embora a trama no original tivesse potencial qualquer mensagem relevante se perde ou se torna confusa no meio de exageros típicos de muitos quadrinhos que podem até ser legais, se você tem 13 anos; mesma coisa com "Santo dos Assassinos", também escrito pelo Garth Ennis. Ouvi falar que "Preacher" é muito bom, então vou dar uma chance.
A série continua evitando o nível de exageros das HQs, e focando mais em desenvolvimento de personagens. O roteiro sofre de muitos dos mesmos problemas da primeira temporada, com os protagonistas livrando-se muito facilmente de situações que deveriam ser mais perigosas, diminuindo a tensão de certos momentos. Outra aspecto que achei desnecessário foi o fato de vários personagens ficarem comentando que o Hughie parece muito "mole", ou algo do tipo; é, eu entendi, ele não parece o tipo de pessoa que enfrentaria criaturas sobre-humanas, e isso já foi abordado na primeira temporada, de forma mais sutil, essa etapa do desenvolvimento do personagem dele já foi abordada. Eu achava que, entre ele ter "cuidado" do cara invisível e ter ido sozinho resgatar a equipe, na primeira temporada, ele já tinha evoluído como personagem. Ainda acho que é melhor que a primeira temporada, porque as atuações melhoraram, destaque como sempre para Antony Starr, que é excelente no papel de Homelander; e como um todo, o desenvolvimento dos personagens foi ainda melhor, fazendo com que eu releve alguns problemas da trama.
Vale ressaltar também que "The Boys" é um dos poucos trabalhos da mídia mainstream que trata de questões políticas e sociais de um modo que pode ser considerado bem executado: corporações apropriando-se de causas sociais e vendendo a ideia de progressividade, deturpando seu significado no processo, jogos de poder na política. O modo como a personagem da Stormfront é usada na série serve para um comentário que vai um pouco mais além de "nazismo é ruim", que é onde a maioria das mídias para, mas a forma como esse discurso ainda se manifesta, atualmente; nada no nível de "A Fita Branca" do Michael Haneke, mas para uma série da Amazon, melhor que o esperado. Também sinto que não gostei tanto do final quanto deveria ter gostado, achei que poderia ter sido melhor trabalhado, não foi tão catártico quanto penso que poderia ter sido, e os ganchos deixados para a terceira temporada não me deixaram muito interessado no que vem a seguir. Mas ainda foi uma boa temporada, superior à primeira, no geral.
Castlevania (3ª Temporada)
4.1 185Minhas impressões logo após terminar a temporada já não foram positivas, mas a terceira temporada de Castlevania é um caso de quanto mais eu penso a respeito a respeito, pior fica: os piores aspectos das temporadas anteriores são amplificados, e novos surgem com a tentativa de avançar a trama.
Primeiro, a qualidade da animação é a pior até agora, e os diálogos também são os piores. Os diálogos entre Sypha e Trevor que tentavam muito e falhavam miseravelmente em ser engraçados nas primeiras temporadas agora estão ainda menos engraçados, e mais frequentes, e a animação faz com que toda fala em que um personagem tenta ser engraçado pareça um comediante muito ruim tentando fazer stand-up com um fantoche, e sincronia labial dos personagens com suas falas é sempre um problema.
Castlevania tenta agora ser Game of Thrones, com intrigas envolvendo o clero , ambiguidade moral e cenas de sexo misturadas com elementos fantasiosos, e bem, certamente chega ao nível de qualidade de alguma temporada de GOT...
O roteiro e péssimos diálogos arruínam qualquer chance de um desenvolvimento maduro da história, onde os arcos de Sypha e Trevor e Alucard são tão subdesenvolvidos e desnecessariamente longos que são o equivalente ao ar dentro de um pacote de salgadinhos, ou seja, a parte não substancial de um pacote cujo conteúdo de fato já não tem substancia; a animação faz as cenas de sexo parecerem um adolescente excitado tentando encenar uma fanfic de Entrevista com o Vampiro usando recortes de papel dos personagens; o arco do Isaac é o melhor dentre todos os personagens, mas ainda falha no que o que eu assumo que estava tentando fazer, porque a metáfora da discriminação não funciona muito bem quando envolve criaturas que foram literalmente arrancadas do inferno com o propósito de destruir a humanidade, e que, pelo que eu entendi, são seres humanos corrompidos, destituídos de humanidade, fazendo parecer que Isaac não tinha motivos nobres, mas apenas queria um motivo para ficar irritado e matar todo mundo. Eu gosto quando mídia fictícia aborda temas sociais relevantes, mas seria bom se o encarregado de escrever tais críticas tivesse mais que um conhecimento superficial do assunto; o arco do Isaac ainda é melhor, porque embora tenha falhado na execução, ele parte de um ponto interessante, e vai a algum lugar.
Outros problemas: a história envolvendo o Hector poderia ter sido interessante, não fosse pelos péssimos diálogos e pelo modo como a história tenta fazer, de maneira muito forçada, que sintamos empatia pelos mesmos personagens que falam de genocídio e uso de humanos como gado com a mesma empolgação que uma criança fala o dia que ela passou em um parque de diversões, e lá se vai a questão da ambiguidade moral...
Os últimos dois episódios são ok, com umas cenas de ação legais, mas eles só são bons porque os personagens quase não abrem a boca, e parece que todo o orçamento da animação foi usado neles; não são o suficiente para salvar a temporada.
South Park (19ª Temporada)
4.3 35 Assista AgoraÚltima temporada que eu vi foi a 18, na época para jogar The Stick of Truth, e agora estou vendo até a 21 para me prepara para finalmente jogar The Fractured But Whole, e penso que talvez deveria ter parado na 18, mesmo, que já não foi tão boa. Não sou contra o formato de um arco englobando toda a temporada, a princípio, mas a mensagem que a temporada passa é rasa, mesmo dedicando mais de um episódio a um mesmo tema, e a crítica é mal elaborada, como um todo; como toda temporada de South Park, eles acertam bem em alguns pontos, como a hipocrisia de determinadas pessoas que se dizem PC e a questão da propaganda na internet, mas acaba falhando por focar essencialmente apenas nos falsos moralistas, sem abordar muito a hipocrisia dos críticos e conservadores; no fim das contas, parece que o roteiro foi escrito pelo tipo de pessoa que todo mundo conhece, que não entende muito da realidade social ou política de onde vive, então se diz "centrista", mas sempre que abre a boca, as opiniões expressas tendem mais para o conservadorismo, e embora South Park nunca tenha sido muito profundo na forma como aborda temas, o formato de uma história diferente por episódio ajudava a manter o ritmo constante e impedir estagnação, e fazia com que a abordagem rasa não fosse tanto um problema.
No fim das contas, a temporada tem bons momentos, e traz críticas relevantes, mas a falta de conhecimento e profundidade do assunto abordado pode fazer com que espectadores com pontos de vista mais... nocivos se sintam validados.
O Mandaloriano: Star Wars (1ª Temporada)
4.4 532 Assista AgoraMinha opinião inicial a respeito da série foi, como a de muitos, positiva: o primeiro episódio é bom, estabelecendo bem o estado do universo da franquia depois da queda do Império, mas antes da Primeira Ordem, e que combina com o clima de filme de velho oeste que a série se propõe a ter; os valores de produção são altos, com cenários e figurinos que não deixam dúvidas que se trata de uma história passada dentro do universo Star Wars. Porém, passada a empolgação inicial, simplesmente não consigo ignorar os muitos problemas da série.
Embora Carl Wathers, Pedro Pascal e Nicki Nolte cumpram bem seus respectivos papéis, e a simples bizarrice de ver Werner Herzog em algo relacionado a Star Wars seja o suficiente para justificar sua participação, a maioria das atuações variam de medíocres a ruins. Cara Dune é uma personagem interessante, em conceito, mas a atuação morna de Gina Carano faz muito para minar seu potencial; nenhum dos camponeses do quarto episódio são convincentes; no quinto episódio, o ator interpretando o caçador de recompensas novato tem o nível de interpretação de alguém fingindo atuar, e a mulher idosa que fica de olho na nave do Mando foi uma tentativa muito forçada de colocar um momento de humor na série; no sexto episódio, Mando se junta a um grupo de mercenários tão caricato, e com atuações tão ruins, que parecem ter saído de uma paródia meia boca de um filme como Onze Homens e um Segredo; e o que eu citei foram apenas as atuações que são de grande importância para a série, mas mesmo as atuações de extras que aparecem momentaneamente são bem fracas.
O roteiro também tem uma série de problemas: o objetivo parece ser transmitir, para nós, como espectadores, que Mando é um ótimo caçador de recompensas, justificando seu reconhecimento pela "guilda", mas em muitos momentos, o que é de fato mostrado na história passa a impressão de que ele é, na verdade, incompetente. Em um momento, ele estaciona a própria nave em um lugar exposto, em uma área onde ele deveria saber que habitavam Jawas, os sucateiros do universo Star Wars; em duas ocasiões diferentes, apesar de seus supostos talentos, e dos equipamentos à disposição, ele é quase morto por alguma criatura, e na segunda ocasião, ele é salvo pelo maior Deus Ex Machina do universo Star Wars; em outro momento, ele é traído e capturado por um conjunto de mercenários que deixam bem claro pelas suas atitudes prévias à traição que Mando não deveria ter confiado neles, e que também não são muito inteligentes; o protagonista também mostra grande dificuldade, em um dos episódios, em um combate corpo a corpo contra alguém que quase nem está usando armadura, ao contrário dele, que sempre anda equipado com uma que não apenas deflete laser, mas também não parece comprometer muito sua mobilidade. Embora Mando tenha seus motivos para não querer entregar o bebê Yoda como recompensa, ainda acho que a transição foi meio forçada, levando em conta que até aquele momente, ele parece levar o tal do código dos caçadores de recompensa bem a sério; mais forçado ainda é o fato de que seus companheiros tenham escolhido ajudá-lo, levando em conta que ele quebrou o código, e provavelmente expôs o resto dos mandalorianos no processo. Eu gosto que fizeram um esforço para tornar Mando um personagem melhor caracterizado que a média do clichê do "herói silencioso", mas isso pode ser feito sem torná-lo aparentemente inepto em aspectos que ele não deveria ser. A qualidade entre episódios é também um tanto inconsistente, e os episódios 4 e 5 fazem muito pouco para avançar a história, sendo basicamente filler, e não o tipo interessante de filler (o quarto episódio é nada mais que uma versão de muita baixa qualidade de Os Sete Samurais).
Bebê Yoda é outro problema que eu tenho com a série: sim, ele é fofo, mas acho que não spoiler dizer, nesse ponto, que ele consegue usar a Força, e essa série passa tão perto, mas tão perto, de fugir do clichê habitual da franquia de colocar a Força e os Jedi como as coisas mais importantes do universo, que acaba sendo meio frustrante.
O melhor dentre os trabalhos da franquia produzidos pela Disney, até o momento? Até entendo que muitos tenham essa opinião; definitivamente não em termos de atuação, já que qualquer um dos filmes é superior nesse aspecto; como uma história paralela da franquia, funciona melhor que Rogue One, pois não sacrifica desenvolvimento de personagens só para colocar fan service desnecessário e intrusivo, e nem tenat "corrigir" um "erro" de roteiro de um filme anterior criando um ainda maior; funciona melhor que Solo também, pois oferece mais contexto a respeito do universo da franquia além de uma série de cenas de ação desncessariamente longas; conta com um roteiro que, embora inconsistente, ainda é mais coerente que os dos Ep. VIII e IX; e acho que pelo menos tenta ser mais original que Ep. VII, apesar de ser bem pouco original.
Quando eu peso todos os prós e contras, minha conclusão é que The Mandalorian segue com o nível de qualidade que se espera da franquai nas mãos da Disney (com exceção do Ep. IX, que conseguiu ficar abaixo do esperado), que é um de segura mediocridade. Depois de rever a trilogia original e concluir que ela tem muitos problemas que não podem ser delegados apenas à falta de recursos de época, e depois de tentar ler o primeiro livro da trilogia Thrawn e concluir, depois de um terço, que se existe alguém que pode fazer uma franquia inerentemente audiovisual como Star Wars funcionar em forma de literária, essa pessoa não é Timothy Zahn, e que eu poderia estar lendo algo muito melhor, a recepção positiva de The Mandalorian reforça a minha ideia de que muitos fãs de Star Wars, quando se trata da franquia, talvez estejam dispostos a ignorar aspectos que seriam problemas em qualquer outra obra de qualquer outra propriedade intelectual, desde que alguns pré requisitos sejam cumpridos.
Apesar disso, The Mandalorian é um passo na direção certa... eu acho? Bem, alguns passos na direção certa, e mais alguns em direções erradas, o que acaba equilibrando a balança da mediocridade. Espero que a segunda temporada seja o passo definitivamente para frente que esta primeira deveria ter sido.
Twin Peaks (3ª Temporada)
4.4 622 Assista AgoraDe todos os trabalhos de David Lynch, esta temporada de "Twin Peaks" é provavelmente o mais "lynchiano". Quem é fã das duas primeiras temporadas, mas nunca se importou com os filmes do diretor, provavelmente não vai gostar muito. Eu particularmente acho que as duas primeiras temporadas da série focaram muito em melodrama, romances bobos e comédia pastelão, ao invés de aspectos que fazem do Lynch um cineasta tão único, portanto gostei muito do caminho tomado por essa continuação; não apenas melhor que a série da década de 90, mas possivelmente o melhor trabalho de Lynch até o momento.
Game of Thrones (8ª Temporada)
3.0 2,2K Assista AgoraCheguei meio atrasado para o bonde do hype do GoT, começando a primeira temporada em dezembro do ano passado, e terminando a oitva na semana passada, e minha opinião é bem parecida com a da maioria: as primeiras quatro temporadas são excelentes, a quinta é boa, apesar de uns pontos bem ruins, a sexta é um pouco melhor que a quinta, mas não tão boa quanto as quatro primeiras, a sétima é pior do que as que vieram antes, tem uma série de problemas, mas ainda é tolerável, e a oitava...
A oitava é um péssimo final para o que antes foi uma grande série, sendo um verdadeiro assassinato de bons personagens, mas não no sentido bom, que era nas primeiras temporadas. Já existem vários vídeos no youtube explicando em detalhes o que deu errado, muito melhor que eu poderia: recomendo as avaliações da Lindsay Ellis e do ralphthemoviemaker. E se existe um ponto positivo nisso, é que me incentivou a começar a ler os livros, para ter a esperança de um final decente; só espero que o George R.R. Martin não demore muito mais do que já demorou até o momento para lançar os dois últimos livros.
Watchmen
4.4 562 Assista AgoraIncrível como a discussão em torno da série "Watchmen" não demorou muito para ficar muito idiota: de um lado, temos a galera que adora reclamar de crítica social, por mais pertinente que ela seja, e que adoram chamar tudo o que não lhes agrada de "lacração", ironicamente usando o termo ainda mais do quem não os usa ironicamente; do outro lado, temos o pessoal mala que ama a série incodicionalmente, e que vai nos comentários encher o saco de quem tem uma opinião negativa sobre a série, não importa quão bem formulada essa opinião seja, no pretexto de que a pessoa ou é um "fanboy chorão" (admito que esse lado não é tão ruim quanto o primeiro, por alguns motivos, mas os dois são bem chatos), e esse foi meu desabafo. Claro, a maioria dos comentários é bem razoável, mas a parte chata é muito maior do que deveria ser.
Terminado o desabafo, eu achei "Watchmen" uma série bem frustrante, pois começa bem: a questão do grupo dos supremacistas é bem apresentada, fazendo sentido tanto como uma continuação de "Watchmen" quanto como um paralelo com a realidade, e também faz sentido o Rorschach ser o símbolo do movimento, baseado no discurso do personagem durante os quadrinhos; é uma interpretação rasa do personagem dele, claro, mas faz sentido no contexto da série, e também no modo como grupos radicais interpretam símbolos e ideologias, em geral.
Regina King faz um bom trabalho em interpretar Angela Abar, e Tim Blake também atua bem como Wade Tillman, e ambos, ironicamente, são os personagens que fazem mais jus ao que os quadrinhos representam. O episódio do Justiça Encapuzada é ótimo em termos audiovisuais, como muitos falaram, e não tenho certeza se os rumos que tomaram com o personagem eram o que Alan Moore tinha mente (não li o material complementar de "Watchmen") mas acho que faz sentido o suficiente para que não destoe dos quadrinhos.
Os problemas começam quando eles decidem trazer de volta alguns dos principais personagens dos quadrinhos:
-A Espectral, agora sendo reconhecida como Laurie Blake, é mostrada como uma pessoa amargurada que ainda não superou o Dr. Manhattan, contradizendo o desenvolvimento que foi mostrado a seu respeito no final da HQ. Boa parte da profundidade da personagem foi, essencialmente, sacrificada para que os roteiristas pudessem mostrar "ah, olha só, ela está ficando mais parecida como pai", e isso se resume à atriz fazer umas caras e bocas forçadas e uns comentários sarcásticos padrão, e eu tenho quase certeza que um dos pontos do arco da Laurie nas HQs era perceber que, apesar de tudo, ela não é igual ao pai. E mesmo que você esteja disposto a aceitar a transformação dela, esse aspecto também não é bem executado: a atuação está mais para "sarcástico genérico" do que para "Espectral, mas com uma pitada de Comediante".
-Adrian Veidt era interessante nos quadrinhos por ser calculista, extremamente inteligente, mas contava com uma certa compaixão que o separava do clichê do "super-vilão-zilionário-excêntrico" que ele seria nas mãos de um escritor menos talentoso; a série não chega a transformá-lo em um super vilão, mas o personagem é reduzido a um zilionário excêntrico clichê com alguns traços passageiros de seu personagem original.
A mudança de atitude, em determinado momento, pode ser atribuída ao seu isolamento nas luas de Júpiter, mas a série mostra flashbacks de antes do ocorrido que mostram o personagem agindo em contradição às HQs.
- Dr. Manhattan é o personagem que, na minha opinião, mais sofreu nessa continuação. A primeira vez que o Dr. Manhattan é visto na série, seu rosto não aparece, apenas sua voz é escutada, mas mesmo assim a voz escolhida, desde as pronúncias até o diálogo escolhido, não transmitem o que é de fato, esse personagem, e apenas piora quando o personagem é revelado, de fato:
Yahya Abdul-Mateen II é um bom Cal Abar, um personagem que deveria ter sido melhor explorado, mas ele não é um bom Dr. Manhattan, e realmente não sei o quanto disso é culpa do ator ou do modo como o personagem foi escrito nessa série. A questão da percepção do tempo do personagem era um dos aspectos mais interessantes da HQ, mas aqui parece não seguir as mesmas regras, simplificado, de certa forma; ao final da HQ, ele afirma que pretende ir a outra galáxia, talvez criar vida, e os idealizadores da série interpretaram isso como ele não sair do sistema solar, e criar vida idêntica ao ser humano, desperdiçando assim um conceito que tinha muito potencial; não bastando, é mostrado que ele visita a terra frequentemente e se apaixona pela Ângela, sendo que os eventos ao final das HQs sugerem fortemente que é praticamente impossível ele voltar a se apaixonar por qualquer pessoa, ou visitar a Terra novamente, pelo menos em um espaço tão curto de tempo; não bastando isso, ele está vivendo na terra, sem memórias de quem é, e com os poderes suprimidos, disfarçado de um cadáver encontrado no necrotério, tudo graças a um dispositivo feito milagrosamente por Adrian Veidt que tem a capacidade de sumprimir os poderes do Dr. Manhattan. Isso é uma dessas reviravoltas forçadas que o Damon Lindelof joga em seus trabalhos só pra fazer os espectadores ficarem com cara de "uauuuuuuuuuuu", mas sem se preocupar em estabelecer tal reviravolta de forma adequada, mostrando que talvez ele não seja um roteirista tão bom quanto muitos acham que ele é.
- Dan Dreiberg, o Coruja, simplesmente não aparece na série, o que é uma pena, pois ele é o mais próximo que o Rorschach tinha de um amigo, na história original, e seria interessante ver como ele reagiria ao grupo dos supremacistas. Bom, levando em conta o que fizeram com os outros personagens, talvez tenha sido melhor ele ter ficado de fora mesmo...
Mas os personagens novos também sofrem: apesar da Angela e do Wade serem bem decentes e servirem bem à trama, e do jovem Justiça Encapuzada e alguns personagens que giram em torno dele, alguns de genéricos e mal aproveitados (como o senador Keene, o chefe de polícia, e sua esposa), com potencial, mas mal aproveitados (o velho misterioso na cadeira de rodas) a irritantes e totalmente desnecessários, como Lady Trieu e sua filha Bian, que são os tipos de personagens mal escritas e pretenciosas que normalmente são encontradas em obras que tentam ser "Watchmen", e falham, e encabeçam uma trama que sai do nada, e acaba de forma anticlimática, indo a basicamente lugar nenhum.
A série também comete um dos erros que a adaptação de 2009 cometeu, que é a de sacrificar parte do realismo que deveria ser característico e mostrava os personagens como humanos e vulneráveis, para deixar tudo mais "estiloso" e "descolado": várias cenas onde personagens andam enfileirados e com alguma pose "estilosa" ao som de uma música eletrônica que boa parte do tempo passa zero sensação de perigo, e quando passa, é um trilha de suspense estilo década de 80, sintetizada, que tá a poucas notas de distância de virar um processo de plágio por imitar a trilha de John Carpenter para os filmes da série "Halloween", e que não combina muito com "Watchmen".
Existem momentos também em que a série assume que o espectador não é capaz de acompanhar um roteiro: flashbacks desnecessários repetindo informações das quais aposto que ninguém se esqueceu no tempo entre os episódios, e eu não sei quantas vezes na temporada perdem tempo mostrando a Angela colocando a roupa de "Sister Night" com ângulos e closes dramáticos e, mas uma vez só era mais que o suficiente.
A simples ideia de continuar uma série dos quadrinhos tão bem escrita, estruturada e contida quanto "Watchmen", especialmente sem o envolvimento de Alan Moore, pode parecer sacrilégio para muitos que gostam da obra original, mas não é meu caso, e estava disposto a dar uma chance para essa série, e acabei me decepcionando. Uma boa premissa inicial, com uma boa protagonista, e os altos valores de produção que se espera da HBO, e tudo minado por uma série de atuações medíocres, uma falta de entendimento do tom, premissa e personagens da obra original, e essa necessidade do Lindelof de forçar reviravoltas às custas de um roteiro melhor trabalhado. Eu prefiro a adaptação do Zack Snyder, que embora tenha problemas que sejam difíceis de ignorar, as atuações são melhores no geral, o roteiro é melhor trabalhado (embora isso seja mais por conta da escrita forte do original do que pelos méritos da adaptação em si), e mesmo as liberdades tomadas podem ser atribuídas ao fato de ser uma adaptação, e não uma continuação, e não negam tanto a essência dos personagens quanto essa série nega.
Futurama (3ª Temporada)
4.3 17 Assista AgoraA temporada vale a nota máxima só por "Luck of the Fryrish". Tudo no episódiso funciona muito bem : a escrita, os personagens, e o drama. Futuram é uma série excelente em todas as 7 temporadas, então recomendo ver todos, mas o décimo episódio da terceira temporada é uma favorito pessoal, que acaba comigo sempre que o assisto novamente.
Stranger Things (3ª Temporada)
4.2 1,3KAs atuações ainda são boas, os personagens ainda são interessantes, mas o roteiro torna esta a temporada mais fraca de todas: Hopper ficou muito exagerado na falta de paciência, o drama juvenil entre Mike e El serviu só serviu para encher linguiça e quase me fazer desistir da temporada no segundo episódio, o humor em alguns momentos é tão forçado e as situações tão absurdas que em alguns momentos a série parece uma paródia de si mesma, inclusive no uso exagerado das cores: nenhum dos clássicos de terror da década de 80 que inspiraram a série eram tão absurdamente e artificialmente coloridos quanto "Stranger Things 3", existindo um equilíbrio entre o clima mais leve da década em relação aos anos 70, uma atmosfera palpável de terror e suspense, e bons efeitos práticos (eu sei que as três temporadas sofreram com uso de CGI, mas esta em alguns momentos parece mais um filme de monstro dos tempos de CGI prematuro da década de 90). As duas primeiras temporadas atingiram esse equilíbrio (exceto no aspecto dos efeitos práticos), mas esta parece menos voltada a quem realmente tem uma paixão pelo cinema de terror e suspense da década, em todos os seus defeitos e qualidades, desde suas instâncias mais sérias como "The Thing" até o humor escrachado de "Evil Dead 2", e parece mais voltada para quem cresceu com a noção romantizada de que a época eram polainas, spray para cabelo, neon e roupas tão coloridas que fariam bandas como Restart e NX Zero parecerem sutis. O merchandising que enfiaram na série fica dificíl de ignorar: logos da Coca-Cola espalhados por todos os lados, Burger King, e em determinado episódio, os personagens fazendo questão de dizer que estão fugindo por uma loja da Gap, e tudo isso ocorrendo antes ou durante o feriado do 4 de julho. Eu sei que a celebração da cultura americana é parte integral da mídia relacionada à Guerra Fria, mas mesmo as duas primeiras temporadas conseguiram encaixar tal aspecto de maneira menos forçada.
Apesar de tudo isso, ainda acho que vale a penas assistir, nem que seja para saber o que acontece depois da segunda temporada. Ainda conta com bons momentos, e as boas atuações e a boa dinâmica entre os personagens fazem com que o roteiro fraco não estrague a experiência... totalmente.
The Boys (1ª Temporada)
4.3 820 Assista AgoraComo alguém que não consegue deixar de sentir asco ao ver a Oficina do Estudante se utilizando de super-heróis "modinha" para induzir jovens incautos a convencerem seus pais a gastarem mais do que dito cursinho vale, e também como alguém que quando tenta procurar algo interessante para ver no cinema se depara constantemente com a maioria dos horários ocupados por algum filme da Marvel que muito provavelmente será indistiguível da maioria dos anteriores, a primeira temporada de "The Boys" foi bem satisfatória. Alguns podem acusar a série de ser pouco sútil, e claro, sutileza não é seu forte, mas achei que, ao menos nos casos das críticas presentes, a falta de sutileza foi um ponto positivo da série, e convenhamos, não existem muitos trabalhos atuais tão obviamente voltados ao "mainstream" que atacam de maneira tão escancarada instituições e ideais nos quais um número assustador de pessoas ainda depositam suas esperanças de forma cega; claro, diretores como Michael Haneke e Alejandro G. Iñárritu, por exemplo, fazem um trabalho muito melhor no quesito da crítica institucional, mas infelizmente o que torna o trabalho deles tão único é também o que os torna, de certa forma, menos acessíveis que tantos outros trabalhos inferiores (embora "Birdman" tenha sido um sucesso de público e de crítica, inegavelmente). E quantas vezes já não aconteceu, anteriormente, de pessoas não estabelecerem os paralelos óbvios de diferentes obras fictícias com a realidade? Muitas vezes, e ainda vai acontecer muitas vezes mais. A crítica vai muito além da simples questão dos super-heróis na mídia, e os usa como ferramenta efetiva de subversão da percepção do público em relação às supostas instituições "acolhedoras".
Mas nada disso funcionaria bem, obviamente, caso a execução em si não fosse boa, e felizmente é, na maior parte do tempo: Hughie é bem retratado por Jack Quaid (mostrando que tem potencial para ser um ator muito melhor que seu pai) como o sujeito comum de vida pacata que se vê obrigado a tomar uma atitude em relação à própria insegurança; Erin Moriarty me surpreendeu com a retratação de Starlight; Karl Urban faz um bom trabalho em retratar Butcher como alguém carismático, mas ameaçador, que caminha em uma linha tênue entre violência justificada e gratuita; Elisabeth Shue sempre foi uma das minhas atrizes favoritas, e atua no nível que se espera dela; Anthony Starr como Homelander é a imagem que sempre tive do Super-Homem por baixo da face dissimulada de bom moço; a dinâmica entre os diversos personagens é muito bem construída, especialmente entre os titulares "boys", a amizade instável e extremamente circunstancial entre eles sempre bem sincera; as decepções nesse quesito ficam por conta de Chace Crawford (The Deep), Dominic McElligott (Maeve), que fazem um trabalho bem medíocre em retratar os conflitos interessantes de seus respectivos personagens, e Karen Fukuhara (The Female), que, não por culpa dela, não tinha muito com o que trabalhar, de qualquer forma, relegada ao papel genérico de "oriental muda dos olhos arregalados".
A progressão do roteiro também é bem estruturada, na maior parte do tempo: a retratação de super heróis como narcisistas instáveis controlados por uma grande corporação faz sentido o suficiente para que "The Boys" não caia na armadilha de muitos péssimos trabalhos que se inspiraram no excelente "Watchmen" de Alan Moore, e é diferente o suficiente do mesmo para que não seja apenas uma cópia (obs: eu não cheguei a ler os quadrinhos nos quais "The Boys" é baseado, mas julgando pela série, "Watchmen" ainda é a obra superior). Os momentos iniciais fazem um ótimo trabalho em estabelecer os "supes" como uma ameaça, e também de estabelecer uma motivação tangível ao protagonista. A violência é, em muitos momentos, retratada de forma "estilizada", mas não confunda com uma forma de fetichização de atos de violência (erro cometido por Zack Snyder, em sua adaptação cinematográfica de "Watchmen"): é uma forma de colocar o espectador na perspectiva do personagem no momento, e tais atos retratados têm consequências negativas de longo prazo para os personagens.
Infelizmente, a temporada não termina tão bem quanto acaba, o motivo da nota não ser mais que um 7: os últimos episódios se arrastam em relação ao primeiros, e são vítimas de uma quantidade de clichês que não parecem propositais, mas apenas consequências de conveniência de roteiro; os efeitos especiais não são muito bons, e nem muitas das cenas de ação, e eu sei que o orçamento da série não deve ter sido dos maiores, mas sangue em CGI é algo que acho bem dificíl de desculpar, em qualquer circunstância; a série também cai na armadilha da próprioa falta de sutileza, onde um determinado segmento do roteiro (sem muitos spoilers, relacionado ao Homelander) que até o momento havia sido muito bem retratado com a quantidade adequada de informação para que o espectador juntasse as peças, é explicado através de exposição forçada e desncessária.
No geral, apesar dos problemas, gostei muito de "The Boys", e apesar da temática pesada da série, ri muito mais com seus momentos intencionais de humor do que com toda a "comédia" dos filmes da Marvel e da DC, juntos. Aguardo a segunda temporada, especialmente porque existe muito espaço para melhoras. Mas, ao abrir o IMDb e me deparar com "The Boys" na primeira página, um claro sinal do tão cobiçado "sucesso comercial", eu me pergunto se a série tão promissora não está a caminho de perder seu sentido original. Realmente, espero que não.
Brickleberry (3ª Temporada)
4.1 15 Assista Agora"Brickleberry" é como uma criança carente e revoltada de 13 anos tentando chamar a atenção por meio de palavrões e comentários inapropriados: é chata, barulhenta, imatura, e por conta da imaturidade, por mais que tente, nunca consegue ser verdadeiramente ofensiva ou ousada, e suas tentativas são patéticas, irritantes, e tão manjadas quanto de qualquer outra série voltada para "adultos" que tenta pegar carona no sucesso de outras de maior qualidade, sem entender o que as torna boas. Durou apenas 36 episódios, e isso é muito mais do que deveria ter durado, pois ainda assim consegue ser extremamente repetitiva e muito pouco original. A escrita é apenas choque pelo choque, não existe uma mensagem por trás, nem uma tentativa genuína de crítica, então nem sei se pode ser classificada como "politicamente incorreta", mas como falha em ser verdadeiramente chocante, não existem muitos motivos para assistir "Brickeberry".
O único aspecto ofensivo da série é que alguém foi pago por essa ideia, e alguém achou que era boa o suficiente para ocupar um espaço na programação no Comedy Central (FX, no caso do Brasil). Para quem realmente estiver interessado, está disponível no Netflix, mas seu tempo será melhor gasto em outras séries.
Corpse Party: Tortured Souls
3.6 32Peca muito em termos de desenvolvimento de personagens: seriam necessários mais que 4 episódios de 20 minutos para que isso fosse feito de forma satisfatória. Apesar disso, a animação é boa, o que faz com que as mortes extremamente gráficas sejam um aspecto interessante do anime.
Não entendo por que o anime segue o final ruim do jogo. Talvez seja só impressão minha, mas senti um certo sadismo por parte da equipe responsável pela adaptação. Não que eu normalmente me incomode com finais trágicos, mas depois de terminar o jogo, pareceu bem desnecessário.
O Nevoeiro (1ª Temporada)
3.0 461 Assista AgoraO conto funciona por conta da simplicidade objetiva do enredo: pai fica preso com filho em um supermercado por conta de um nevoeiro que esconde criaturas, enquanto uma fanática religiosa se aproveita do medo gerado pela situação para juntar uma congregação. O filme de 2007 funciona porque Frank Darabont respeitou a essência do conto do Stephen King, e por conta do ótimo elenco, em especial Thomas Jane e Marcia Gay Harden. A primeira temporada da série não funciona por conta de muitas tramas paralelas forçadas, pelo menos uns 7 episódios de puro filler, atores ruins, péssima direção, um efeito de nevoeiro que parece saído de um videogame, e personagens agindo de forma estúpida em nome de conveniência de roteiro. Morgan Spector atua como alguém fingindo estar preocupado com a filha de mentira, ao contrário de Thomas Jane, que agia como o um pai preocupado com o filho. Frances Conroy usa uma das piores táticas de atuação para expressar o estado emocional de sua personagem, presente nos piores filmes/séries de terror: fitar o vazio e sussurrar. Gus Birney basicamente mantem a mesma expressão por toda a série.
O design das criaturas se resume a umas sanguessugas, mariposas e um monstro feito de fumaça que parece fazer parte de um universo bem diferente do estabelecido na série.
No lado positivo das coisas, Alyssa Sutherland, Ozekio Morro e Holly Deveaux atuam de forma decente, nada espetacular ou notável, mas nada deplorável ao nível dos demais.
A série tinha muito potencial, pois existe espaço para expansão a partir da história de King, mas esse não é o jeito certo de fazê-lo. Eu sei que falta um episódio para o fim da temporada, mas realmente duvido que redima a série. A história começou a caminhar no episódio 8, mas é um tanto tarde para isso.
Edit: Nessa quinta, foi lançado o season-finale, e embora seja o melhor episódio da temporada, não redime o que veio antes. Apesar de (relativamente) satisfatório, ainda sofre com muitos dos problemas de episódios anteriores, e deixa muitas questões em aberto para uma segunda temporada que talvez não aconteça. O fim da primeira temporada marca também sua estreia, na íntegra, no Netflix fora dos Estados Unidos, incluindo o Brasil, significando que provavelmente um público ainda maior assistirá à série, e isso influenciará na decisão de renovação para uma segunda temporada. Pessoalmente, dada a qualidade do que foi mostrado até agora, não vou perder o sono se a série for cancelada.