Giulia

"- Eu te amo!
- Onde?
- O quê?
- Me mostra! Cadê esse amor? Eu não o vejo. Não posso tocar nele. Eu não sinto. Eu te ouço, escuto essas palavras… mas não posso fazer nada com suas palavras vazias." - Alice Ayres com o maior pisão no macho escroto

Me senti um lixo de pessoa porque assim que descobri sobre essa história julguei a Michelle como uma adolescente horrível, egoísta e manipuladora. Fui ignorante e não possuía nenhum conhecimento sobre o real relacionamento dos dois. Me identifiquei tanto com essa história e para mim ficou claro como água que tanto o Conrad quanto a Michelle estavam doentes psicologicamente e o relacionamentos deles, mesmo que a distância, era tóxico para ambos.
É muito muito triste que dois jovens tiveram suas vidas tragicamente afetadas, muito triste que a família do Conrad apesar de TUDO continuou culpabilizando a Michelle. Eu como sobrevivente de tentativa de suicídio posso afirmar não é somente UMA coisa que nos leva a tomar essa decisão. O próprio Conrad atentou contra sua vida diversas vezes antes, então como os pais disseram que não imaginavam? Que não viram os sinais? Me desculpe se estou sendo ignorante de novo, mas para mim ficou parecendo que eles queriam responsabilizar alguém pela morte do filho. Não tiveram sensibilidade com a menina, com todo o histórico dela de problemas psicológicos, e mano a mídia foi tão nojenta, criou uma vilã porque realmente é muito mais fácil colocar a culpa no de fora, enquanto os de dentro não assumem responsabilidades por suas ações (destaque para o momento que o Pai disse não se arrepender de ter surrado o filho, e que faria de novo).

É muito difícil namorar alguém que fica ameaçando se matar a todo momento, você tenta ajudar de todas as formas e as vezes nada do que você faça vai mudar a decisão da pessoa. Não existe registros de que a Michelle ordenou o namorado a voltar para o carro. Depois de meses ela comenta isso com a colega, mas e as milhares de coisas que ela já havia falado antes, como a situação do estupro? Particularmente não acredito nessa situação específica, mas a promotoria, a mídia e a família do guri escolheram a verdade conveniente. Diziam que ela era mentirosa patológica, mas nunca contestaram a questão dela "mandar" o Conrad retornar ao carro ser verdade ou não, eles assumiram que era e pronto. Tanto que foi isso que o juiz utilizou para condená-la.

É tudo muito absurdo e triste. Existe sim intoxicação involuntária, isso não é tão incomum quanto aquela especialista fala. Especialmente em crianças e adolescentes que ainda estão se desenvolvendo. Eu sofri intoxicação involuntária com sertralina, um remédio que supostamente deveria me ajudar na depressão, e os efeitos foram totalmente contrários. É óbvio que a Michelle não estava sã, ela não estava saudável, ela não tinha um relacionamento saudável com o Conrad. Ele queria alguém para ouvi-lo e apoia-lo no seu plano, todas as vezes que a menina tentou ajudar ele não quis ajuda. Não estou colocando ele como vilão, até porque acredito que ambos foram vitimas.

Enfim, assistam o documentário com a mente bem aberta a todas as versões. Na primeira parte (Eu assisti pelo hbo, lá foi dividido em 2 partes) eu ainda estava bem decidida sobre ela ser a culpada, mas depois minha visão foi totalmente desmistificada.

Realmente as drogas devastam não só a vida de quem usa, mas de todas as pessoas que o cercam. Ao escrever esse comentário me peguei pensando em quantas famílias são afetadas por conta disso.
Há tempos queria assistir esse filme, e sendo sincera essa vontade era inteiramente por conta do elenco, e não pelo enredo em si me apetecer. Mas apesar de não ser uma obra prima realmente me abriu os olhos para uma realidade desconhecida por mim.
O David é um pai incrível, fiquei bastante comovida com todo o sacrifício que ele fazia pelo filho. A cena que o Nic liga para o pai pedindo ajuda

foi de partir o coração. Por mais que a gente ame alguém, não podemos salvar ou proteger essa pessoa sempre. Podemos ajudar até certo ponto e dai em diante o outro precisa se ajudar, e era isso que o Nic precisava.
É difícil entender o que se passa na cabeça de um dependente químico, esse filme me trouxe muita curiosidade para ler tanto o livro do David quanto do seu filho, principalmente porque em determinado momento do filme eu fiquei cansada e irritada com as recaídas do personagem do Timothée, porém como o padrinho dele falou na ligação, isso é sim uma doença e que na maioria das vezes é marginalizada e mal compreendida, julgada como sem-vergonhice.
Sobre as atuações, Steve sempre magnifico e mostrando que vai da comédia ao drama sem problemas. Timothée começou trilhando muito bem sua carreira e aqui temos a oportunidade de ver um pouco mais de seu talento crescente.
Num resumo, gostei do drama e super recomendo.

PS: Karen realmente foi um anjo em forma de ser humano, nem toda esposa/madrasta concederia tamanho apoio.