Eu sinceramente não gostei muito do filme, achei razoável, o início me empolgou e me prendeu, mas o desfechou deixou a desejar. Eu não sou fã do Kubrick, não gosto das suas obras e o acho muito superestimado. Acredito que me tenha acontecido porque o Kubrick tenta brincar com a realidade enquanto algo excessivamente subjetivo e frágil, que existe apenas enquanto percepção, o que o conduz a questionar o que é o real e o que é o imaginário. Como essa é uma temática com que me sinto bem à vontade, eu não consigo gostar do modo como ele a trabalha, penso que há diretores franceses conseguem fazê-lo de um modo bem melhor, a exemplo de Ozon com Dans la maison, l'amant double, frantz... em que a tensão está sempre presente; a exemplo de Godard, em que a realidade e o subconsciente só é possível de ser acessado/retratado por intermédio da linguagem, seja ela verbal, seja ela não verbal. Em suma, eis por que classifiquei a película como mediana, mas sigamos com alguns pontos de análise que o Kubrick explora (só falarei de alguns porque ele aborda MUITA coisa mesmo, levantam várias questões, faz simbologias, cores e referências literárias à obra de Ovídio, à ópera de Beethoven, à mitologia grega, ao satanismo etc) (alerta! contém spoilers):
Em primeiro lugar, nós somos agradecidos com o belo casal (tanto na vida real, na época, como na trama) Tom Cruise e Nicole Kidman. Suspeitamos inicialmente que o casal seria o protagonista, mas cenas seguidas vemos que a personagem do Tom Cruise é a principal. Tom Cruise interpreta Bill Harford, um rico e bem-sucedido médico (clínico-geral), que é casado com a curadora de arte Alice - papel da Nicole Kidman - que, estando sem trabalhar, viver como dona de casa cuidando da filha de 7 anos chamada Helena.
A intenção de Kubrick é propor um jogo entre a realidade e o mundo onírico. A festa dionísica da qual Bill Harford participa ilustra bem tal objetivo do diretor, uma vez que depois pensaremos que aquele momento não passou de uma encenação ou de uma farsa. Bill Harford pode ser considerado um mero voyeur cuja vida sexual e amorosa estão em profunda crise, não vemos a personagem conseguir chegar à prática sexual com nenhuma das mulheres que dão em cima dela e pelo que ele sente bastante excitação.
As cenas do casal mostram ao espectador como eles são frios e distantes, a esposa, Alice, confessa os seus anelos de traição em sonhar com outros homens que a satisfazem. Até aqui nos fica bastante claro o casamento deles enquanto um contrato social de aparências e de fachada em uma alta sociedade fútil, perdulária e artificial; a própria moradia deles retrata bem essa questão, um enorme apartamento em NY com cômodos bastante amplos, porém vazios, e excessivamente ornamentados com quadros, do mesmo modo que a Alice é-nos apresentada apenas por sua clássica beleza física, constantemente despida - ou quase despida - e admirando-se em frente a um espelho, a seu reflexo.
Além disso, percebemos que o 'Bill', cujo próprio nome já denuncia a existência de um trocadilho, pois "Bill" em inglês é uma palavra usada para referir-se às notas de dólar, gosta de ostentar a sua fortuna, de exibir a sua licença de médico e de mostrar a sua classe social em qualquer relação que ele estabelece com outrem na medida em que sempre paga quantias bem a cima do necessário - chegando até mesmo a rasgar uma nota de cem dólares em frente ao taxista. Possivelmente, essa é uma maneira com a qual Bill tenta lidar com a sua insatisfação sexual.
O que me desagradou também foi o diálogo final em que a Alice de Nicole Kidman pede apenas para "transar" ('let's fuck'). Aqui eu interpreto esse casal como uma síntese ou uma simbologia de vários casais descontentes, insatisfeitos e desiludidos uns com os outros; assim sendo, o ponto que me incomodou particularmente foi essa supervalorização do sexo (para não dizer idealização) como pacificador dos conflitos ou solução dos obstáculos e infelicidades vivenciadas pelo casal. Portanto, achei que foi uma conclusão muito simplista e bem aquém do que o filme propusera em suas cenas iniciais. (Para entender melhor sobre essa temático da romantização do sexo na vida conjugal, recomendo a leitura do filósofo contemporâneo Alain de Botton).
O filme é fantástico. Ele explora de maneira contemporânea o amor com forte presença de Godard e da Nouvelle Vague, principalmente em relação ao filme "une femme est une femme" e "masculin féminin". As histórias se desenvolvem de modo a serem interpretadas como curtas independentes ou como uma sequências de curtas guiadas pelo fio condutor baseado na audição (o piano presente do começou ao fim), na visão (as citações que marcam os intervalos entre uma história e outra) e, além disso, na imaginação (plano das ideias) uma vez que muitos assuntos e conclusões ficam à vous de juger (os relacionamentos, a moral, a ética). O espectador e, por conseguinte, toda sua experiência de vida possuem relevante papel na composição da obra.
"Souvent les yeux nous mènent vers l'amour, parfois ils nous trompent"
Simplesmente maravilhoso: o cenário dândi, a atuação belamente executada, as emoções intensas e compulsivas, o enredo espetacular, o drama acentuado, e o final...
Como eu amei esse filme do início ao fim! Cada cena, cada interpretação digna da BB! Um drama puro e belíssimo! A crítica que faz a sociedade que a julga com tanto afinco.
Quanta gente queria ver BB sendo queimada pelos seus pecados, pelo seu estilo de vida natural e hedonista! Se fosse um homem, o que ela fez não teria sido nada demais, mas como era mulher teve que ter sido tratada com a mentalidade medieval da Santa Inquisição!
Água com açúcar. É um bom filme para passar o tempo quando se está entediado. Trama previsível e romance adolescente clichê - mas muito melhor do que muito filmes adolescentes da atualidade. O toque retrô e a atuação dos protagonistas ajudam bastante no filme.
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Vozes
2.9 305Acrescente a Ana Fernández García ao elenco por favor
Scooby! - O Filme
3.3 243Vou tentar fingir que esse filme nunca existiu.
De Olhos Bem Fechados
3.9 1,5K Assista AgoraEu sinceramente não gostei muito do filme, achei razoável, o início me empolgou e me prendeu, mas o desfechou deixou a desejar. Eu não sou fã do Kubrick, não gosto das suas obras e o acho muito superestimado. Acredito que me tenha acontecido porque o Kubrick tenta brincar com a realidade enquanto algo excessivamente subjetivo e frágil, que existe apenas enquanto percepção, o que o conduz a questionar o que é o real e o que é o imaginário. Como essa é uma temática com que me sinto bem à vontade, eu não consigo gostar do modo como ele a trabalha, penso que há diretores franceses conseguem fazê-lo de um modo bem melhor, a exemplo de Ozon com Dans la maison, l'amant double, frantz... em que a tensão está sempre presente; a exemplo de Godard, em que a realidade e o subconsciente só é possível de ser acessado/retratado por intermédio da linguagem, seja ela verbal, seja ela não verbal. Em suma, eis por que classifiquei a película como mediana, mas sigamos com alguns pontos de análise que o Kubrick explora (só falarei de alguns porque ele aborda MUITA coisa mesmo, levantam várias questões, faz simbologias, cores e referências literárias à obra de Ovídio, à ópera de Beethoven, à mitologia grega, ao satanismo etc) (alerta! contém spoilers):
Em primeiro lugar, nós somos agradecidos com o belo casal (tanto na vida real, na época, como na trama) Tom Cruise e Nicole Kidman. Suspeitamos inicialmente que o casal seria o protagonista, mas cenas seguidas vemos que a personagem do Tom Cruise é a principal. Tom Cruise interpreta Bill Harford, um rico e bem-sucedido médico (clínico-geral), que é casado com a curadora de arte Alice - papel da Nicole Kidman - que, estando sem trabalhar, viver como dona de casa cuidando da filha de 7 anos chamada Helena.
A intenção de Kubrick é propor um jogo entre a realidade e o mundo onírico. A festa dionísica da qual Bill Harford participa ilustra bem tal objetivo do diretor, uma vez que depois pensaremos que aquele momento não passou de uma encenação ou de uma farsa. Bill Harford pode ser considerado um mero voyeur cuja vida sexual e amorosa estão em profunda crise, não vemos a personagem conseguir chegar à prática sexual com nenhuma das mulheres que dão em cima dela e pelo que ele sente bastante excitação.
As cenas do casal mostram ao espectador como eles são frios e distantes, a esposa, Alice, confessa os seus anelos de traição em sonhar com outros homens que a satisfazem. Até aqui nos fica bastante claro o casamento deles enquanto um contrato social de aparências e de fachada em uma alta sociedade fútil, perdulária e artificial; a própria moradia deles retrata bem essa questão, um enorme apartamento em NY com cômodos bastante amplos, porém vazios, e excessivamente ornamentados com quadros, do mesmo modo que a Alice é-nos apresentada apenas por sua clássica beleza física, constantemente despida - ou quase despida - e admirando-se em frente a um espelho, a seu reflexo.
Além disso, percebemos que o 'Bill', cujo próprio nome já denuncia a existência de um trocadilho, pois "Bill" em inglês é uma palavra usada para referir-se às notas de dólar, gosta de ostentar a sua fortuna, de exibir a sua licença de médico e de mostrar a sua classe social em qualquer relação que ele estabelece com outrem na medida em que sempre paga quantias bem a cima do necessário - chegando até mesmo a rasgar uma nota de cem dólares em frente ao taxista. Possivelmente, essa é uma maneira com a qual Bill tenta lidar com a sua insatisfação sexual.
O que me desagradou também foi o diálogo final em que a Alice de Nicole Kidman pede apenas para "transar" ('let's fuck'). Aqui eu interpreto esse casal como uma síntese ou uma simbologia de vários casais descontentes, insatisfeitos e desiludidos uns com os outros; assim sendo, o ponto que me incomodou particularmente foi essa supervalorização do sexo (para não dizer idealização) como pacificador dos conflitos ou solução dos obstáculos e infelicidades vivenciadas pelo casal. Portanto, achei que foi uma conclusão muito simplista e bem aquém do que o filme propusera em suas cenas iniciais. (Para entender melhor sobre essa temático da romantização do sexo na vida conjugal, recomendo a leitura do filósofo contemporâneo Alain de Botton).
A Balada de Buster Scruggs
3.7 532 Assista AgoraInsuportável, apenas
Nunca Deixe de Lembrar
3.9 142 Assista AgoraNão encontro esse filme em lugar algum!! aah
A Arte de Amar
3.2 82 Assista AgoraO filme é fantástico. Ele explora de maneira contemporânea o amor com forte presença de Godard e da Nouvelle Vague, principalmente em relação ao filme "une femme est une femme" e "masculin féminin". As histórias se desenvolvem de modo a serem interpretadas como curtas independentes ou como uma sequências de curtas guiadas pelo fio condutor baseado na audição (o piano presente do começou ao fim), na visão (as citações que marcam os intervalos entre uma história e outra) e, além disso, na imaginação (plano das ideias) uma vez que muitos assuntos e conclusões ficam à vous de juger (os relacionamentos, a moral, a ética). O espectador e, por conseguinte, toda sua experiência de vida possuem relevante papel na composição da obra.
"Souvent les yeux nous mènent vers l'amour, parfois ils nous trompent"
Ouija: O Jogo dos Espíritos
2.0 983 Assista AgoraQue bom que já peguei começado, faltava meia hora para terminar e foram os 30 minutos mais chatos!
Que cena ridícula foi aquela do espírito da Doris se decompando e a do espírito da Debbie aparecendo para ajudar?! ...
Canções de Amor
4.1 829 Assista Agora"Aime-moi moins mais aime-moi longtemps!" <3
Sin City: A Dama Fatal
3.4 974 Assista AgoraVi o filme só pela Eva, e valeu muito <3
Bela do Senhor
2.5 51 Assista AgoraSimplesmente maravilhoso: o cenário dândi, a atuação belamente executada, as emoções intensas e compulsivas, o enredo espetacular, o drama acentuado, e o final...
Se Don Juan Fosse Mulher
3.4 41Como eu amei esse filme do início ao fim! Cada cena, cada interpretação digna da BB! Um drama puro e belíssimo! A crítica que faz a sociedade que a julga com tanto afinco.
Quanta gente queria ver BB sendo queimada pelos seus pecados, pelo seu estilo de vida natural e hedonista! Se fosse um homem, o que ela fez não teria sido nada demais, mas como era mulher teve que ter sido tratada com a mentalidade medieval da Santa Inquisição!
Um Bom Partido
2.7 196 Assista AgoraTão bons atores em um filme tão ruim :(
A Garota de Rosa-Shocking
3.6 535 Assista AgoraÁgua com açúcar. É um bom filme para passar o tempo quando se está entediado. Trama previsível e romance adolescente clichê - mas muito melhor do que muito filmes adolescentes da atualidade. O toque retrô e a atuação dos protagonistas ajudam bastante no filme.