Começar por chamar um filme do MCU de divertido à essa altura já se tornou algo de desgastante de previsível, pois se há algo que esse universo compartilhado vem acertando nos últimos 10 anos foi em conseguir manter uma linha de entretenimento acertada em todos os seus filmes, mesmo que tenha caído na linha formulaica do genérico repetitivo constantemente. Então sim, "Thor: Ragnarok" é mais do mesmo de um filme da Marvel: não gasta tempo em estabelecer uma história interessante; a ameaça vilanesca é inserida do nada no meio narrativo; as piadas são atiradas como uma metralhadora de inconveniência ignorando ou atirando fora momentos de cunho dramático para dar lugar ao humor e diversão. E quer saber? Nunca a fórmula conseguiu funcionar de forma tão autoral quanto aqui!
É nisso que dá em trazer um diretor com uma marca tão própria de se construir uma narrativa e humor tão peculiares e lhe garantir o mínimo de liberdade possível com um de seus personagens mais cheio de potencial dentro de seu universo. Eles já tinham aprendido isso com James Gunn em ambos Guardiões da Galáxia e Taika Watiti pra mim é o mais novo felizardo a se adaptar tão bem no universo cinematográfico da Marvel sem perder o seu toque pessoal. E se o Thor de Chris Heamsworth estava para tomar o lugar até então do mais desinteressante personagem herói dos Vingadores com os mais fracos filmes do MCU, ele finalmente conseguiu aqui receber o que o Capitão América de Chris Evans recebera no seu "Capitão America: O Soldado Inverna"l, um filme que redefinie por completo tudo que já tínhamos visto do personagem até então e o explora em um novo território de gênero mas sem perder sua essência ou identidade.
Então podem ir esquecendo daqueles dois filmes do personagem título que tentavam falhamente ser de aventura e fantasia com terríveis doses de humor e um leque de personagens chatos que ninguém se lembra mais que existem mesmo à essa altura, e se delicie aqui com o melhor tipo de diversão escapista que o cinema "sessão tardiana" pode invocar no seu melhor. Com Watiti criando a velha e boa aventura corrida contra o tempo com o feeling de tragédia iminente em seu percalço no melhor estilo Império Contra Ataca, onde o diretor não poupa tempo em matar e se livrar de vários personagens e elementos conhecidos do herói, dando um foco e aura dignos de um seriado ala Flash Gordon. E conseguido criar no percurso um mundo vivo que parece tirado direto das páginas de Jack Kirby, expelindo cores vivas, exuberantes e uma personalidade de extravagância akward muito única.
Ainda conseguindo acertar bem na porradaria blockbuster de suas cenas de ação, mesmo que derrape por vezes nos confrontos corpo a corpo na frente da câmera com uma montagem bem picotada, mas deixa fluir bem nas batalhas em grande escala. E o humor galhofa vem como uma infestação quase imparável, mas por algum milagre Watiti o faz funcionar bem em vários momentos, não só com observações e conotações satíricas e até metalinguísticas sobre o herói e seu universo de forma inteligente mas sem perder o fio da bobalhagem. Ainda surpreendendo saber brincar com a montagem em momentos específicos como a ÓTIMA breve cameo do Doutor Estranho de Benedict Cumberbatch (que cá entre nós, em poucos minutos de cena, consegue superar o seu filme solo por completo).
E tudo parece funcionar bem mesmo que com um serne emocional quase que completamente vazio e mais oco que o plano e motivação ultra genéricos da vilã da vez Hela, mas cuja presença se salva graças a performance tão cheia de carisma e charme de uma sempre exuberante Cate Blanchett que impõe uma boa presença intimidadora e até sedutora com a personagem. O mesmo pode ser dito pelo resto do elenco de carismáticos personagens desde o sempre charmoso rouba cenas Loki de Tom Hiddleston, a Valquiria deliciosamente fodona de Tessa Thompson, os alívios cômicos pontuais e que nunca falham do Grandmaster de um afetadíssimo Jeff Goldblum e o hilário Korge do próprio Taika Watiti. E ainda a talvez melhor (e a mais divertida) participação que o Hulk já teve no cinema, ao lado também do melhor que Chris Heamsworth já esteve no papel do Deus do Trovão, finalmente encontrando sua voz e a personalidade sarcástica e arrogante mas de bom coração, que no final consegue deixar um gostinho de "quero mais" de seu personagem nesse universo.
Se forem para dar esse tipo de liberdade criativa para diretores com tamanha marca despirocada e que consiga fazer a fórmula Marvel funcionar de um jeito tão divertido e dar vida e carisma para seus personagens, então por favor continuem investindo mais nessa qualidade para dar vida aos seus personagens dona Marvel. Mas não esqueça do coração na próxima vez!
"O Ódio é o prazer mais duradouro, os homens amam com pressa mas odeiam com calma. E assim, o ódio vira mais ódio, quanto mais você o deixa ele te consumir mais tóxico ele fica, e o único remédio possível é o amor!". Talvez esse seja um bom resumo da até óbvia e clara idéia em que o novo e divisório filme do talentoso Martin McDonagh quer apresentar para o público e busca explorar em suas obscuras e cruas intrelineas. E que fora infelizmente visto por muitos como uma ideologia temática idiota e piegas, enquanto o que verdadeiramente encontramos aqui é uma mensagem de forte impulso dramático e humano sobre vingança, justiça, o amar e o perdoar, uma comédia de erros e um drama de personagens falhos.
Ninguém é realmente bom, mas também ninguém é realmente mal aqui, e através desse intuito McDonagh busca explorar o que já fizera antes em seu subestimado In Bruges (ou Na Mira do Chefe), e desmiuçar os valores morais em uma sociedade moderna que os esqueceu, e é internamente quebrada pelos arrependimentos de seus erros. E quando são defrontados pela ação denunciante (e questionante) de Mildred, a riquíssima protagonista de uma soberba Frances McDormand, a pressão imposta nos personagens começam a remoer suas vidas e seus ideias. Cedendo a sua existência e se elevando à um estado quase espiritual como Willoughby, um personagem de mais camadas do que aparentam e com uma performance cheia de coração de Woody Harrelson; ou começando a defrontar sua própria natureza animalesca e desprezível como um mal como com Dixon, o incrível personagem de um também incrível Sam Rockwell.
Tudo ambientado em um cenário de um Westen dramático onde a ponta de ação é o conflito entre a moral e diferentes ideias de seus personagens em um conflito ético e de sanidade dignos de um Fargo ou Gosto de Sangue dos irmãos Coen, com a mesma lábia ácida e afiada em seu humor negro, sem medo em ofender o politicamente correto. E sem medo também em adentrar junto disso no drama pesado e interno de seus ricos personagens. Cercados por uma aura de Faroeste revisionista evocada pela sublime trilha de Carter Burwell, espelhando também nos seus personagens com a Mildred de McDormand sendo a anti-herói de boa índole e que não aceita desaforos ala John Wayne, confrontando a lei do xerife de Willoughby de Harrelson tendo seu modo de justiça questionando, enquanto o Dixon de Rockwell é o beberrão que encontra um caminho para a redenção e o perdão.
E esta talvez seja a resposta que confirma a idéia inicial que seu diretor e autor buscava dar em seu filme, somente o difícil ato do perdão e do amar sejam a única cura para confrontar o ódio fácil e enraizado no âmago de cada pessoa. E que é sim possível encontrar-los até nos lugares mais distantes e fechados por uma cultura que ignora todo o mal à sua volta, e até nas pessoas mais pérfidas, quebradas e perdidas pelos seus erros. Difícil de digerir pelo seu manejo ousado e até original, mas com um serne que quando descoberto e absorvido, encontramos um filme com uma das mensagens mais humanistas que se pode ver nos últimos anos e tão bem transmitida.
Sendo ou não uma obra de caráter autobiográfico (como já supostamente fora negado por sua autora), a proposta da talentosa atriz Greta Gerwig em seu debut de sucesso crítico na cadeira de direção, não poderia ser mais claro desde seus créditos iniciais: os momentos. Os momentos de nossa juventude, de nosso crescimento, aqueles pequenos instantes e eventos naturais capazes de vir a definir as pessoas que somos para toda nossa vida. E procura explorar isso através da nostalgia teen, o filme escolar dramaticamente complexo ala John Hughes, as desventuras adolescentes que remetem às memórias mais profundas que todos são capazes de se relacionar.
A mudança de casa; o primeiro namoro; a primeira decepção amorosa; a turma de teatro na escola; as breves amizades e as outras que parecem ser para sempre; a primeira experiência sexual; as dúvidas e tensões sobre se e qual faculdade entrar; as brigas e discussões com nossos parentes que se formam em cicatrizes para se carregar por toda nossa vida, bem representado na mãe Marion de uma ótima Laurie Metcalf.
Mas o problema está em exatamente no como a diretora tenta chegar na emoção que tenta despertar desses momentos, se mostrando o fazer de modo um tanto desengonçado, oras picotado e apressado e oras alongando e se repetindo por diversos momento. Passando longe da suavidade e o naturalismo cinematográfico que esses momentos poderiam criar no serne do seu filme, para dar lugar à um humor excêntrico e até cru na criação do realismo nos laços de seus personagens.
Esses já classificados por vários detratores do filme como sendo mesquinhos, arrogantes, egoístas, sensíveis. Com certeza, são pessoas afinal. Mas nos fazer sentir algo por eles é a dificuldade que o roteiro um tanto preguiçoso não consegue fazer, o que torna a performance até decente de Saoirse Ronan e seu convincente sotaque americano um tanto desperdiçados em uma personagem sem rumo ou real punho emocional em meio de suas ações imaturas e meio questionáveis.
Uma boa intencionada história coming of age, inegavelmente, mas negar seus claros problemas chatos e louvar a obra por sua "representatividade" só a torna um tanto superestimada e infelizmente um tanto vazia.
Então né...que situação um tanto embaraçosa. Depois de um marketing tão surpreendente anunciando o lançamento do filme de forma inusitada durante o Superbowl, a produção de J.J. Abrams e a rede da Netflix mais uma vez se mostraram revolucionários e gênios do mercado atual da distribuição e rede streaming de filmes, causando um alvoroço em pequena escala que rapidamente chamou por atenção e mais uma vez mostrou a diferenciação da franquia Cloverfield no cinema atual, arriscando em anunciar seus filmes de forma surpresa e mostrando explorar diferentes gêneros dentro do seu universo e mantendo o pé firme na ficção científica. Algo inovador e até original de fato....mas em questão de qualidade...
A questão é que depois da grande grata surpresa que foi Rua Cloverfield Lane 10 de Dan Trachtenberg, a franquia parecia prometer revolucionar o gênero e criar o seu universo de spin offs com gêneros múltiplos, e de forma refrescante e original. E quando Paradox brevemente prometia um filme que iria explicar como todos os filmes iriam se conectar e explicar quem era o "monstro" ou os "invasores" do filme original tudo parecia ser muito ainda mais instigante e interessante. Mas o que acabou sendo foi uma confusão tremenda.
Mas com isso não posso dizer realmente que achei "Paradox" um completo desastre. Até gostei de ver a forma "diferente" e até ousada com que o estreante Julius Onah constrói o filme inicialmente. Variando entre uma base narrativa familiar seguida de sutis transições contemplativas e visuais para introduzir muito bem o serne emocional da protagonista Hamilton de uma ótima Gugu Mbatha-Raw. Se arriscando em não aprofundar os restantes dos personagens e deixar as ações e o mistério que se sucederam na trama ser o motor à engatar o drama e a tensão, vide Enigma de Outro Mundo ou Alien como boa inspiração para tal.
O problema começa exatamente quando o roteiro parece um verdadeiro cego em tiroteio, sem parecer saber aonde ir com sua trama com uma reviravolta bizarra atrás da outra, e com reações ainda mais estúpidas e irrealistas dos personagens para os acontecimentos. Para no final resumir a resposta para tudo em um "simples" fator de realidades paralela simplesmente jogado no meio do nada e de forma expositiva, deixando o filme inchado em suas próprias linhas de mistério completamente usadas para criar uma espécie de mistery box no espaço, só que fica mais parecendo um episódio mediano e estendido de Black Mirror. Só que nem um episódio de Black Mirror iria cair em um convencionalismo clichê e tão irritantemente previsível como faz em seu clímax, a "força assassina" matando um por um etc.
Até a direção, embora com um ritmo bem fluido, começa a entrar em reciclagem sempre recorrendo aos planos holandeses para dar um ar de caos alucinógeno ao filme, e apenas se torna uma técnica barata. E graças aos personagens tão mal escritos as eficientes cenas de suspense apenas se tornam vazias e uma junção de coisas que já vimos antes e melhor. Sem falar no desenlace do filme que, principalmente para quem assistiu ao filme original, vai perceber o GRANDE (literalmente) furo de roteiro ali presente.
Sinceramente exijo um vídeo explicativo do diretor e dos roteiristas e do J.J explicando o que raio eles queriam fazer com esse filme nesse universo e para onde planejam ir com a bagunça aqui deixada. Que não se isenta de ter até um bom valor de produção refletido em bons efeitos, uma boa fotografia e um elenco cheio de talentos. Mas com personagens e boas idéias que gostaria de ter visto serem melhor aproveitadas por um dirigente mais competente. Apenas não deixem esse universo morrer e na próxima tragam talento de qualidade de verdade e idéias mais claras!
Admito logo que sou um grande suspeito de entregar elogios para o senhor de nome Steven Spielberg, já que o mesmo se trata de ser um dos meus favoritos de todos os tempos (se não o maior). Então sempre quando ele vem com um novo projeto, o 99% de probabilidade do que vai acontecer é que rasgarei elogios para este, mesmo que se trate de ser um dos seus filmes mais divisivos de opinião, como exatamente The Post se apresenta ser.
Reações que muito se assemelham à outro de seus recentes filmes dessa década como fora o caso de Lincoln, onde se de um lado os críticos "conceituados" rasgaram elogios pelos seus ricos e complexos temas, parte do grande público o criticou como um filme chato, arrastado, tedioso ou politizado e burocrático. Mas tirando a semelhança de reações, noto semelhanças no estilo e na forma com que Spielberg aborda os temas de ambos os filmes. Não só na composição cênica, sempre se baseando em longas trocas de diálogos ambientados em locais fechados remetendo à uma estrutura teatral, como também suas temáticas se interrelacionam no quadro histórico retratado por Spielberg.
Se Lincoln fora um drama de tribunal que botava em questão a índole dos homens políticos em embate pela escolha moral de ser contra ou a favor da abolição escravocrata, The Post se caracteriza como um digno drama/thriller jornalístico na mesma pegada de Todos os Homens do Presidente de Alan J. Pakula, sobre trabalhadores da imprensa pressionados pela sua profissão e pela repreensão política de realmente escancarar a triste verdade para uma nação inteira ou sofrerem a aprisionada censura.
Com uma narrativa realmente intricada e difícil em seus desdobramentos em território político e jornalístico técnico, mas que realmente pede e demanda pela paciência e atenção do público na discussão de seus temas e promete recompensar no momento certo quando a "ação" propriamente dita do filme tem início. Onde Spielberg põe em prática o que só um excelente diretor é capaz de fazer, criar o momentum de antecipação e tensão palpáveis para os eventos que se sucedem no filme mesmo que, historicamente, já saibamos o desenlace.
Mesmo que caia em notas piegas e melodramáticas (com até óbvias caricaturas politicas) no seu final, isso não impede o bom roteiro de abordar seus temas de forma madura e caracterizar seus interessantes personagens como representantes da luta recorrente pela liberdade de imprensa e uma ode ao jornalismo factual. Com Tom Hanks dando um ar canastrão arrogante de coração bem intencionado com toques de Cary Grant para o seu Ben Bradlee, e Meryl Streep, superestimada ou não, consegue tanto dar uma fragilidade e insegurança quanto uma complexidade moral e destreza em constante crescimento para a sua Kay Graham, a tornando em uma verdadeira figura inspiradora e mostrando a grande atriz que sempre é e sempre foi.
Ainda acompanhados de um ótimo elenco que abre espaço para destacar um ótimo Bob Odernik a.k.a. Saul Goodman finalmente recebendo atenção e destaque no cinema, e um sempre subestimado Bruce Greenwood encarnando Robert McNara. Onde nunca tornam seus personagens meros adereços de trama na sua retratação histórica, e os enchem de personalidade e alma para sentimos a humanidade individual de cada um.
Que ao contrário de seu recente primo temático, o bem eficiente Spotlight de Tom McCarthy que se preocupa habilmente em sua retratação fidedigna dos fatos reais retratados, mas esquece de construir qualquer vínculo dramático com os personagens com seus atores trabalhando no automático. Spielberg opera de forma o "inversa" a isso e faz de seu The Post sim um filme documental em sua retratação fiel, oras difícil e realmente político, mas não esquece de por sua sempre elegante direção classuda em cena, se permitindo até em brincar com um final bem sacana. E humanizar seus personagens com um trabalho mais do que eficiente de um rico elenco.
Longe de se igualar entre os seus melhores e certamente se configura em um de seus trabalhos menores, e mesmo que caia em traços caricatos e piegas no seu desenlace, ainda é um inegável ótimo filme!
É sempre um risco certeiro vir a ter que apontar falhas em um filme tão amplamente aclamado e amado por críticos e público, especialmente com a temática homoafetiva sensível à polêmicas em questão. Mas sinto que Guadagnino, em suas boas e certas intenções de querer procurar aqui construir a aura naturalista que molda rotina de ambos os personagens e o seu relacionamento amoroso em crescimento, o diretor falha em não ter melhor sutileza em pequenos momentos do decorrer da história que aspiravam ter uma maior calma e contemplação. Resultando em uma montagem oras bem atrapalhada em diversos momentos com cortes abruptos, quebrando o "momentum dos pequenos momentos", e se apressando erradamente em outros importantes na construção individual dos personagens e no seu relacionamento.
Com esse breve pitaco pessoal feito, isso com certeza não impede o filme de revelar o melhor de sua essência dramática e romântica no seu desenvolver. Graças tanto ao bem delineado roteiro de um grande James Ivory de volta a boa forma dramática, e que molda bem o realismo dos seus diálogos, dando um bom material para o rico talento espalhado pelo seu elenco trabalhar.
Desde um ótimo Timothée Chalamet que constrói em seu Elio um jovem resguardado mas sonhador e voraz nas suas inspirações de um jovem artista e descobrindo os prazeres sexuais que o seu corpo começa a clamar. Junto da presença do sedutor tão seguro de si, Oliver, com Armie Hammer esbanjando charme e maledicência no nível certo, mas sem perder a pureza dos seus sentimentos. Garantindo até um momento para o sempre subestimado Michael Stuhlbarg brilhar em cena e querer desidratar as lágrimas do seu corpo enquanto o resto do filme almeja te deixar molhado em outras áreas.
Onde Guadagnino põe em prática suas boas influências do cinema de Bertolucci na construção do bom clima erótico e sensual recorrente no filme, sem querer impressionar ou escancarar nada, embora até nisso senti falta de uma maior ousadia (a cena do pêssego é fichinha, não entendi a exaltação polêmica ou reclames desnecessários). Mas equilibra muito bem o drama romântico, com uma revelação tão verdadeira e fiel sobre o se apaixonar e viver um amor verdadeiro em um tempo que se passa tão rápido como o relaxante e libertador verão, que transcende qualquer tipo de sexualidade. E no final, a existência da fria dor que alimentará a força desse caloroso amor para todo o sempre.
Um inegável belíssimo filme que revela um romance com sentimentos e sensações tão verdadeiras, mas que se apenas tivesse ousado em certos momentos e melhor construído com calma e sutileza outros, aí sim teríamos um grande filme em mãos, que tinha aqui todas as excelentes chances para ser!
Acho que o que acabei de assistir aqui é o melhor onde Ridley Scott esteve, em bom tempo, sob a cadeira de direção. Finalmente tendo a oportunidade de por as mãos em um roteiro inteligente e ousado em suas pretensões dramáticas de estudo de personagem e moral - que infelizmente David Scarpa não terá sua escrita reconhecida em grandes premiações - que permite assim ao diretor incitar o manejo do melhor de sua direção.
Nada que realmente salte aos olhos por uma perspectiva técnica, mas demonstra o classicismo operante em seu estilo próprio de caráter desde sempre versátil, com um belo plano inicial que respira à vividez Italiana de Fellini, que é logo interrompida pela rigidez seca do seu "Conselheiro do Crime", e se desenrola ao longo do filme na forma de um bem eficiente thriller dramático, com direito a um clímax que aspira a iminente tragédia de "Inverno de Sangue em Veneza" de Nicolas Roeg.
Junto de uma surpreendente grande escala de produção, sem procurar poupar em seus momentos de brutalidade pontuais e sutis contemplações visuais que deixaria John Schlesinger orgulhoso, revelando também um trabalho de ótima cinematografia em vários momentos de construção paisagística imersiva ou nos pontuais usos de P&B para revelar um ar documental em vivido movimento.
Onde particularmente me surpreende, é em seu foque íntimo em cada personagem, alguns mais e outros menos claro, mas o suficiente para humanizar a personalidade de todos ao decorrer da história, com óbvio destaque ficando em cargo do Jean Paul Getty de um sempre soberbo Christopher Plummer.
Que a partir das delineações de Scott em cima do texto, torna o personagem em sua própria versão particular de um Charles Foster Kane, um espectro de um homem visto como uma figura de Deus, uma perfeita representação de um imperador Romano do século 20. Status esse imposto pelas suas próprias ambições particulares e pelo dinheiro que todos do mundo idolatram e almejam. Longe de se tornar uma caricatura de um velho enrugado e de índole de um ambicioso seco de coração frio como a versão de Spacey parecia se direcionar, mas com Plummer temos uma figura, não só bem semelhante à original, mas a de um homem ambicioso e até inspirador em suas intenções, conquistando nossa empatia e desprezo simultâneo ao decorrer do longa.
Mas que não rouba por completo a atenção de dois Michelle Williams e Mark Walhberg igualmente eficientes em cena. Porém enquanto um se mostra apenas decente em seu mais do mesmo de durão de boa índole, Williams entrega uma mãe e mulher lutando contra as frustrações dos homens de poder à sua volta para salvar o único resquício de pureza em uma vida coberta de ganância. Ainda dando espaço para um breve e bom Romain Duris humanizando a figura do captor que na mão de outro diretor poderia se tornar um vilão caricato.
Talvez não acerte todas as notas épicas e universais que procurava (e merecia) almejar em seus temas, mas Scott não desaponta em mostrar o melhor de seu trabalho profissional e artístico quando as chances e inspirações certas lhe calham de aparecer.
Em uma época onde estúdios e academias correm para indicar à premiações fortes representantes, de caráter social político ou racial de supostas minorias oprimidas da atualidade no mero intuito de encontrar variedade em sua imagem pública em uma audiência atual dominado por opiniões de redes sociais na Internet. Prefiro me abster de citar seu valor de merecimento de estar presente em tais premiações, e aqui encarar os verdadeiros valores artísticos que o filme de Jordan Peele tem a oferecer, que são bravas e de grande qualidade!
Que se aproveita de um perfeito cenário de filme de terror de casa afastada da civilização, com um sutil e forte teor gráfico violento dignos de um slasher de Tobe Hooper, para vir a demonstrar um inteligente roteiro, afiado em suas alegorias, históricas e atuais, de contraste racial de forma afiada e desconfortante, mas impactante em suas reflexões e igualmente afiado em suas constantes pontadas cômicas. Sem nunca querer causar ou levantar bandeiras e revela um retrato visual e atual do racismo moderno, elevado a caracterizações verdadeiramente macabras. Junto de uma reveladora performance, cheia de carisma e charme de Daniel Kaluuya, que cria a perfeita relação de visão protagonista/público, mas sem deixar de mostrar fortes cargas emocionais só com o olhar.
Um filme para se aprender a encarar um retrato tão atual e analisar seu forte valor artístico e de forte entretenimento, e deixar de lado sua importância ou relevância em premiações ditas e colocadas como representativas.
É no pavio prestes a explodir da sanidade humana, que Ellen Burstyn encontra um dos pontos mais fantásticos de sua brilhante performance aqui nessa esquecida pérola de Martin Scorsese. Sua Alice é a Judy Garland, a Vivien Leigh, a Geraldine Page, a Marylin Monroe - a cantora e amante, pura e sonhadora, a boa moça da velha Hovllywood, tentando se adequar às dificuldades da vida moderna. Vivendo sob a opressão das responsabilidades e obrigações, é onde vemos uma brilhante desconstrução dessa figura da jovem inocente e de espírito jovial, assumindo o manto de uma mulher adulta, uma mãe solteira viúva, entrando em uma erupção emocional e psicológica em suas sucesssivas ações quase tragicômicas, que remonta assim em sua jornada uma clara homenagem de Scorsese ao cinema de seu amado Cassavetes.
Uma jornada de libertação humana que vai além da sanidade, da busca sofrida pelo conforto e felicidade que lhe parecem tão difíceis de almejar, e Burstyn se torna assim a Gena Rowlands de Scorseseriana, pegando o pé na estrada de forma constantemente hilária e dramática na mesma medida, remontando quase um cenário de road-movie existencialista em seus pequenos momentos na relação entre mãe e filho em sua constante viagem sem fim, mas sem nunca perder um brilho de esperança em sua ótica viva e respirando cinema. Um falso positivismo irônico talvez, mas tão cheio de vida e humanidade em seus personagens, que formam uma realista e bela história de uma mulher também em busca da felicidade, de seu maior bem e amor, seu filho, e sua conquista emocional íntima. No final, fica-se a dúvida como um filme tão diferencial e igualmente grandioso no currículo desse mestre passa tão despercebido e pouco valorizado.
Com certeza outra de mais uma bem intencionada tentativa dos parceiros Olivier Nakache e Eric Toledano de contar uma história socialmente relevante em mais um ‘feel good movie’, assim como seu bom “Intocáveis”, e mais uma vez tendo o carismático Omar Sy no papel do protagonista. Mas apenas consegue cair no quesito do ame ou odeie, ou apenas de assistir para passar um bom tempo com uma história bonita de superação e aceitação, mas carregada de dores e injustiças, mas que não são nada frente ao poder do amor... Com uma temática que consegue sim ser deveras importante em sua temática tão atual e caótica, só que se prejudica inevitavelmente por sua abordagem que se sai rasa e como bem qualquer coisa um tanto esquecível. Mas podem reclamar o quanto quiserem de "Intocáveis" e de Omar Sy, mas o ator possui um charme e carisma únicos, onde é impossível não torcer ou sentir empatia por ele em sua jornada aqui. Até Charlotte Gainsbourg consegue surpreender aqui e ali em seus breves momentos. Nada mais do que isso infelizmente, mas ruim não é, e até bonito e um tanto tocante, só que infelizmente raso e esquecível.
Chame isso de um perfeito desperdício de grande potencial e de grandes chances, e de promessas não cumpridas. Talvez com certeza esteja confirmada a bendita maldição que ronda filmes baseados em videogames, pois até quando trazem um diretor que já se mostrou totalmente talentoso e experiente como Duncan Jones para liderar o projeto, a coisa não voa. Não sei se possa ter sido interferência dos estúdios na produção, pois claramente Jones toma decisões bem ousadas em desenvolver a história que mostra sua liberdade criativa que teve aqui, infelizmente não foi o bastante para evitar os erros que ele comete.
E isso não vem ao caso de hipocritamente julgar o filme de ser "leal demais" ao material de origem, coisa que muitas adaptações vergonhosamente falham, mas lealdade não garante total qualidade. E Jones infelizmente se preocupa demais em ser fidedigno à história do seu universo e seu design visual, de forma brilhante eu diria, sempre sendo respeitoso e hábil nessa construção e claramente sabendo TUDO sobre esse universo, mas se esquece de tentar aprofundá-lo e criar uma coesão narrativa e uma bem estruturada direção no que se refere à construção da história e o desenvolvimento dos personagens, que basicamente são estruturados em pequenos núcleos de narrativa e pula constantemente entre eles e nunca se lembra de ter calma e sutileza em tentar demonstrar o potencial de seus personagens e atores, o que infelizmente não é o caso aqui.
E ironicamente o único personagem que recebe um arco decente e que até consegue conquistar verdadeira empatia é Dutoran de Toby Kebbell com o ator se mostrando 100% integrado ao papel (é impressionante como ele vem se mostrando ser um dos melhores atores de motion-capture da indústria, espero que não fique preso só a isso), enquanto outros como Travis Fimmel, Paula Patton e Bem Foster são puro talento desperdiçado.
Até Jones se mostra um pouco cambaleante ao dirigir a ação do filme, as cenas de batalha são boas, mas por alguns momentos parece que os personagens parecem se mover quase que roboticamente, e a edição nem sempre se mostra precisa. Talvez não estivesse bem acostumado ainda em mexer com um alto orçamento assim em mãos. Mas em questão do desing no filme, há muito pouco do que se reclamar. Os efeitos visuais estão no topo do ótimo e convincente, os figurinos e maquiagem não poderiam ser mais perfeitos em capturar a essência do universo do jogo aqui, universo esse que recebe uma escala e esmero visual deslumbrante.
Ouso dizer que o filme tinha TUDO para se tornar um filme de fantasia blockbuster moderno de grande sucesso, um próximo Senhor dos Anéis talvez?! Mostrou ter personagens até interessantes e com uma história e universo interessantes a serem explorados, pena que falhou em convencer em boa qualidade narrativa para realmente instigar os críticos e o público a se interessarem por Warcraft no cinema. Mas em questão de adaptações de videogames para o cinema esse talvez seja o que passou mais perto de ser realmente bom, mas não quanto podia realmente ser!
A falta de qualidade ou inovação de muitos filmes do gênero de terror hoje se torna cada vez mais uma doença no meio do público, ao ponto de causar certos efeitos colaterais. Que talvez tenha sido o responsável pelo enorme alarde de aclamação que esse filme de Fede Alvarez teve recentemente. Não que o filme seja ruim, o que não é, e nem muito bom, o que é. Mas alguns vierem chamar de um dos melhores suspenses ou terror dos últimos anos, não consigo evitar chamar de uma reação um tanto exagerada. Parece que a carência por um bom filme do gênero seja tanta ao ponto de qualquer mínimo sinal de qualidade já é capaz de causar um alvoroço em rasgar elogios à um filme que é sim bom mas longe de ser perfeito. Mas chega de reclamar por aqui, afinal o que temos aqui não é um filme isento de qualidade e sim recheado de bons valores.
Para começar o filme é uma rara investida ao subgênero do suspense dentro do gênero do terror, onde a verdadeira criatura do mal é um ser humano como todos nós e seu estado físico e psicológico são as verdadeiras perturbadoras mutações a ser encontradas. Onde o palco escolhido é um perfeito lugar para o show dos horrores de tensão ser instalado. E ao optar por essa pequena e enclausurada escala, Alvarez consegue dar um bom foque nos personagens e na criação de suas personalidades e motivações de forma bem realista e palpável, com sim muito boas atuações de Jane Levy e Dylan Minnette, e o assustador antagonista de Stephen Lang. Criando-se um certo ar de cinismo e acidez em cada um exposto em suas interações e ações que dão essas certas facetas duas caras sutis cada um e um ar mais realista, que parecem remeter um pouco ao humor negro dignos de um filme de David Fincher.
Diretor este que Alvarez claramente tende muito a beber de inspiração ao construir o espaço do filme, que lembra e muito “Quarto do Pânico” do diretor, no seu uso de planos sequências onde a câmera atravessa paredes e mobílias mostrando cada espaço do campo da batalha de tensões que está prestes a se instalar. Demonstrando ter um ÓTIMO domínio de espaço e ritmo ao saber brincar com a imprevisibilidade das ações dos personagens, onde cada gesto parece vir a se tornar um desencadeador de algo terrível prestes a acontecer e o rumo do confronto e a trama se tornam sim imprevisíveis e surpreendentes guardando algumas reviravoltas e surpresas.
Mas infelizmente nada é perfeito nisso. Quando vemos aonde o filme finalmente nos leva e entrega seu clímax, onde até ali tudo fora criado com tanta naturalidade e assombrosa tensão e mistério, o roteiro cai em certas previsibilidades e começa a se criar ações forçadas de seus personagens em seu clímax e a implausibilidade e forçação de barra começam a tomar conta num nível bem bobo. Com um final surpreendentemente frio e voltando a esbarrar com o cinismo de outrora e conseguindo sim concluir em uma boa nota, apesar de seus fortes fraquejos perto do final.
Mas é um filme que consegue ser sim inegavelmente divertido de assistir do inicio até o inicio da forçaçaão de barra começar, mas talvez não incomode a tantos quanto a mim. Ainda assim estamos perante um filme do gênero de boa qualidade e denota o grande talento que o promissor Fede Alvarez tem em manejar bem as técnicas do gênero e ainda conseguir criar personagens interessantes no meio de tudo. Só tente não cair nas imprevisibilidades e forçação de barra na próxima vez!
Depois de anos com filmes bem qualquer coisa (para não chamar de merdas divertidas), a franquia hoje bilionária era uma das franquias mais completamente sem graça alguma e nada de interessante a oferecer. Eis que ressurge Vin Diesel das cinzas de filmes podres e decide investir como produtor e trazer consigo o elenco do passado primeiro filme e alguns novos, junto com mais uma vez Justin Lin assumindo a direção, no intuito aqui de “revitalizar” a franquia dos corredores de rua de corações velozes e furiosos.
Optando por mais uma vez irem pelo caminho de ser um filme policial sério, completamente isento de humor, buscando lidar com a mora e ética de seus “complexos” e dramáticos personagens. E ainda junto disso ser um filme de corridas de racha. Mas o que acabam fazendo é um demasiado tedioso na maior parte do tempo. O ritmo é lento sem motivo algum embora bem montado mas com um roteiro fraco que não ajuda em nada os atores que realmente tentam entregar essa camada sombria e depressiva de seus personagens que sofreram demais em suas vidas e parecem buscar uma certa redenção.... e tentar ser um filme policial que lida com narcotráfico de forma totalmente rasa e ainda ter corridas de carro no meio (já perceberam o problema?!).
Não vou dizer que foi uma má tentativa e até corajosa de se tentar fazer algo maduro e sério, mas só que de um material totalmente vazio. Mas Justin Lin consegue inserir sim bons e divertidos momentos de ação, embora quebrados. O roubo do caminhão de sua intro põe as cenas de ação do primeiro filme no bolso e cospe fora, já demonstrando como essa nova fase da franquia iria brincar com a implausibilidade da ação de seus personagens. Pena que as outras cenas de ação do filme, que se resumem a perseguições dentro de túneis e alguns tiroteios sem graças contém a infame presença de irritantes câmeras tremidas. Ainda bem que o diretor viria a melhorar sua técnica nos próximos filmes.
Mas o filme mesmo com essa sua inserção séria e sombria completamente sem graça contem um certo charme de um bom guilty pleasure, e isso graças ao elenco que embora nada demais nutrem sim boa química e denotam genuínas emoções entre si, e que só viriam a melhorar nos futuros filmes. Assim como esse filme que foi um passo quebrado para um futuro bilionário!
De todas as ótimas comédias de Seth Rogen, me impressiona que “Vizinhos” tenha sido logo o primeiro e único até agora a receber uma continuação (ainda esperamos uma de “Segurando as Pontas”, mas tudo bem), claro tanto se deve ao sucesso razoável do primeiro filme e um bom recurso de idéias que se pode ter e aproveitar com o conceito de guerra entre vizinhos. Mas como qualquer continuação, ele tem desafios a enfrentar, não só em tentar superar seu primeiro filme, mas não é preciso ressaltar a cruel má fama que continuações de comédia (e continuações em geral) tem no senso crítico programado de todos, sempre prontos para julgar e criticar o quanto inferior este é em comparação ao primeiro ou quão igual, etc etc.
E sim, “Vizinhos 2” realmente não possui o mesmo charme e talvez nem o mesmo coração que o primeiro filme tinha, e deveras recicla uma coisa ou outra em seus conceitos e estrutura. Até a direção de Nicholas Stoller se mostra menos inspirada em comparação a energia que possuía no primeiro filme, e por vezes não consegue acompanhar a própria energia que seu soberbo elenco demonstra ter mais uma vez aqui. Mas consegue surpreender e ainda trazer consigo um roteiro INSPIRADÍSSIMO em seu humor, e trazer (de forma bem ousada) temas como sexismo, feminismo, racismo, entre outros, e usá-los como uma forte muleta de humor, mas sem nunca soar ofensivo e sim altamente e constantemente hilário!
E a nova divisão de protagonismo nas três frentes entre Rogen e Byrne – Efron e Chloe Grace Moretz, é bem realizada e dosada, mas meio que tira o brilhantismo de alguns como Rose Byrne e Efron que tinham tão grande destaque no primeiro filme, mas ainda possuem ótimos e hilários momentos aqui, mas infelizmente impede que o filme tenha o grande coração que poderia ter entre o confronto de seus personagens e suas dúvidas e embates da vida...como no primeiro filme. Felizmente não é um filme que se sustenta em repetir piadas e referencias ao primeiro, o que inevitavelmente faz aqui e ali, mas o novo conceito Zac Efron e Seth Rogen VS Chloe Grace Moretz consegue ser ainda mais brilhante que o primeiro e proporcionar uma verdadeira Guerra Civil versão urbana constantemente divertida.
E Moretz foi uma excelente adição ao elenco, com a atriz mais uma vez mostrando ter um grande carisma e se soltando e claramente se divertindo em sua personagem da jovem enfrentando a puberdade e lutando ainda para ser jovem. E o restante do elenco original volta e todos tem seu momento para arrancar boas risadas de nós o público, pena que não na mesma quantidade que o primeiro filme.
Mas não levem a sério minhas constantes comparações ao primeiro filme aqui, pois Rogen e sua trupe mostraram sim ter aqui uma imensa dedicação e recheado de boas idéias para realizar aqui a continuação mais engraçada possível, e deveras conseguem fazer sim um filme mais engraçado, mas sem conquistar a mesma empatia emocional que o primeiro tinha para si, mas com um ou dos momentos que vão sim te fazer abrir um sorriso no rosto de afeto pelos sentimentos genuínos que os personagens conseguem transmitir entre si mesmo junto de todas as hilárias despirocadas!
Muito já se ouviu e questionou sobre os segredos que as fotos, raras reportagens e suas próprias atuações de James Dean, escondem por detrás delas. E talvez seja exatamente aí o alvo e foco do filme de Anton Corbjin e sua pequena investida biográfica numa pequena fase da vida do jovem ator e sua famosa temporada com o fotografo Dennis Stock na fazenda de sua família para o ensaio de fotografias para a revista Life, e através disso explorar um retrato físico e psicológico da figura que foi James Dean.
Que acaba se tornando um retrato um tanto morno em sua pegada lenta e auto-contemplativa no desenvolvimento de ambos os personagens e entre o relacionamento de ambos Dean e Stock. Nada de errado com os atores ou a própria sólida direção e roteiro, mas o filme não consegue ousar e talvez tentar capturar toda a complexidade psicológica que Dean carregava pra si e era tão notável em suas grandes atuações e nos próprios relatos de sua vida.
Se preocupa talvez demais em restituir os fatos de forma leal e pouco se preocupa em investir de verdade nos personagens. Não que o filme seja isento de emoções, já que surpreendentemente carrega em si um ou outro pequenos momentos singelos e tocantes, e isso se deve ao quanto entregue está Dane Dehaan no papel do astro, que mesmo não capturando este tão fidedignamente, consegue imprimir uma personalidade e emoção forte dentro de si, e até parece, fisionomicamente falando, aqui e ali com o próprio Dean. Mesmo infelizmente não pode se dizer de Pattinson que está bom e razoável mas nada de excelente e sua presença no papel se torna um tanto indiferente, assim como o resto do respeitável mas esquecível elenco.
Mas o respeito e a admiração com o personagem chave aqui pelo seu ator principal e o diretor é extremamente notável e admirável, e que sucede em imprimir raios de profundas emoções aqui e ali em seu filme, mas lhe falta mais complexidade para realmente tornar um filme memorável e digno da pessoa que foi James Dean!
De todos os filmes que tendem a explorar a situação de decadência social de pobreza, violência e racismo nos países pobres da África, o filme de Kevin Macdonald talvez consiga se destacar em meio de muitos, graças a sua incontrolável energia digna de um thriller político, e que faz lembrar por alguns momentos aos filmes de Danny Boyle, e ao evocar para si uma brutalidade gráfica intensa em alguns de seus momentos. E o filme não poupa nem um pouco nessa energia e brutalidade conseguindo criar uma experiência bem desconfortável de se assistir, e talvez tenha sido esse mesmo o propósito principal.
Mas talvez um pouco mais de sutileza em certos momentos faria bem ao filme que talvez falte e peque um pouco no que se refere ao desenvolvimento psicológico de seus personagens dentro desse violento universo em que vivem, mas o saldo ainda consegue ser positivo graças ao sólido roteiro e ao formidável elenco. E Forrest Whitaker dispensa elogios, sua malícia demoníaca vem por debaixo de uma faceta carismática e dócil e com uma imprevisibilidade sempre a espreita de se assustar e admirar. Mas a verdadeira força da natureza aqui é James McAvoy que talvez acabe sendo a maior vítima do filme, pois tem que conviver com os bens prazeres do demônio disfarçado para depois sofrer em suas deturpadas mãos, como milhares de famílias sofrem debaixo do bel prazer de seus falsos corruptíveis e cruéis lideres políticos.
E talvez graças a esse seu visual inspirado e intensa brutalidade, “O Último Rei da Escócia” passa longe de ser um mero típico melodrama de Oscar e que se importa com seu viés cinematográfico e a essência realista de seus personagens, mas que lhe falta uma certa calma para se beneficiar melhor de suas qualidades e aí sim se tornar um excelente filme que tem todo o potencial de ser. Mas que ainda sim é bem bom e longe de ser algo ruim ou fraco em seu todo!
Esse filme talvez seja o perfeito exemplo do bom nível de qualidade, enorme talento e até ousadia, que podemos encontrar no cinema independente Brasileiro. Mas...pretensiosidade é uma virtude que poucos filmes conseguem evocar para si. Sua diretora e roteirista Anita Rocha da Silveira tem claramente ÓTIMAS influências no seu estilo que cria uma aura perfeita de um filme de terro/suspense digno de um Giallo Italiano ala Dario Argento com o cinismo e um nível estético belíssimo em sua riquissima palheta de cor, dignos de um filme de Brian De Palma. Cinismo esse interessantemente bem usado na construção caricatural de alguns dos personagens que podem soar como cafonas inicialmente mas fazem um retrato deveras fiel da vida escolar adolescente no Brasil (e porque não internacional?!), com traços que lembram bastante de "Virgens Suicidas" de Sofia Coppola. E a trama inicialmente monta uma boa linha de mistério e paranoia em volta de suas personagens, mas que infelizmente meio que se perde ao longo do filme. O ritmo não se sustenta, oras sendo frenético em sua edição e outras se prolongando mais do que deveria, e a trama, que mais parece vinda de um curta, se arrasta e chega a perder o interesse em sua reta final, mesmo com sua interessante mistura de surrealismo David Lynchiano e seu sutil toque exploitation. Mas que consegue concluir numa nota positiva e arrepiantemente angustiante. E é deveras belíssimo ver a fotografia de João Atala filmando o Rio de Janeiro com uma espécie de Neon realista que serve em benefício da história por demais (e isso não é ruim). Sem deixar de mencionar que as jovens atrizes são boas e críveis em seus papéis das jovens enfrentando os hormônios da puberdade, e Valentina Herszage (a protagonista Bia) convence muito bem o sentimento de paranoia e mistério mesmo com pouquíssimos diálogos. Devo ser a minoria aqui, mas realmente é um filme que não conquistou minha pessoa, mas ainda é sim notável ver ótimas qualidades aqui e ali!
E mais uma vez a Marvel pega e adapta um dos seus personagens mais interessantíssimos, junto com um ator perfeito no papel e um rico universo e história a poder ser explorada....e mais uma vez desperdiça as chances de poder desenvolver tantas promissoras camadas de seu personagem e apenas o estabelecem dentro de seus padrões de humor e entretenimento para o colocar num próximo encontro de Vingadores.
Talvez Dr. Estranho seja um pequeno indicio do possível desgaste que a fórmula Marvel ainda pode vir ter?! Mas longe termos um filme ruim aqui, a jornada de Stephen Strange com um sempre excelente, charmoso e carismático Benedict Cumberbatch garante uma boa diversão e alguns momentos ÉPICOS com seu visual surrealista FANTÁSTICO digno de um deleite visual pirotécnico de alta grandeza, mas a estrutura de sua história não fazem jus à isso. Tudo é estabelecido às pressas e sem verdadeira coesão o bastante para sentirmos emocionalmente o personagem de verdade e seu arco nesse grande universo.
Sem falar que o uso das piadas fora de hora chega um pouco ao nível do irritante aqui, várias são boas e funcionam, mas algumas beiram à galhofa e não encaixam de forma alguma numa história com momentos dramáticos sérios e embates desafiadores, até Cumberbatch parece um tanto desconfortável em alguns momentos das piadas. E, como sempre, temos junto dele EXCELENTES atores, alguns com forte destaque como A Anciã de Tilda Swinton com uma sabedoria reluzente em suas palavras e olhares, que garantem alguns (mas breves) momentos bem tocantes no filme, e Mordo (o aparente ajudante e futuro antagonista) de Chiwetel Ejiofor, junto de, mais uma vez um vilão esquecível com um desperdiçado Mads Mikkelsen e uma esquecível Rachel McAdams como o interesse amoroso.
Longe de ser o mais fraco do MCU ou sequer um filme ruim, mas é apenas uma prova que uma formula pode ter um nível de desgaste à certa altura, nem tudo precisa ser risos e galhofa Marvel, sejam mais ousadas e mostrem mais dessa viagem pirotécnica tão divertida em uma história um pouco mais coesa e madura. Mas o saldo ainda consegue ser positivo e assistível!
Alguns dos fãs mais tenazes de Brian De Palma tem a dizer que quando ele se aventurou em filmes com produção de grandes estúdios ele fez seus filmes menos autorais e consequentemente os mais fracos. Bem, "Pagamento Final" consegue ser a maior prova do total contrário disso.
Sim vemos aqui um filme de crime/máfia/policial com um orçamento alto e um elenco de estrelas, supostamente um encontro de "Scarface" com "Os Intocáveis, que na verdade é um filme Brian De Palma acima de tudo. E um filme Brian De Palma estrai o melhor de seu material, e aqui temos sim um excelente filme de crime/máfia/policial com tudo de melhor que pode se encontrar nesse gênero, o protagonista assombrado pela sua vida de crimes passada que o voltam para assombrar; o amor proibido que é seu escape da vida de violência; amigos e irmãos não são confiáveis e o dinheiro é o poder e aspiração de vida; as cenas de ação e tiroteio são brutais e inevitavelmente prazerosas de se assistir. A direção de De Palma em cima disso é só um requinte de magnificência à isso tudo, tornando a jornada de Carlito um estudo de personagem soberbo e altamente emocionante.
O relacionamento de seu protagonista com seus personagens se forma uma camada de crise existencial tão palpável e incrivelmente realista, seu romance com a personagem Gail de Penelope Ann Miller talvez seja o mais belo que De Palma já teve em um de seus filmes. E sua fuga da vida do crime se torna chave para De Palma implementar um pouco de seu familiar toque Hitchcockiano com o homem errado na hora errada, toque esse que ainda se reflete na direção flutuosa com momentos de pura tensão, junto de singelos e contemplativos que brilham constantemente. Pois é, quem diria que um filme de crime/máfia/policial violento e brutal poderia sequer ter questionamentos existenciais e momentos de pura beleza não é mesmo?! Só em um filme de Brian De Palma.
Claro que ele ainda é apoiado com um excelente roteiro de David Koep que possui uma estrutura quase de um filme Noir poético. Contendo ainda outro requinte, outro requinte, que só eleva mais o status do filme, que é a divina trilha sonora de Patrick Doyle, que entranha dentro da história com perfeição e estrai toda a emoção de seus personagens para o público nos momentos certos com perfeição.
Emoções essas que só seriam possíveis com o brilhante elenco que aqui se encontra. Al Pacino dispensa comentários, ele está no seu auge aqui e em um de seus melhores momentos, mas em especial a ressaltar é poder notar que aqui temos uma mistura do Al Pacino descoladão que veríamos reinar nos anos 90 com sua fúria prestes a explodir, junto de seu olhar de pureza e sutileza tão emocionante nos seus olhares como o víamos nos seus áureos anos 70 como em Serpico e Poderoso Chefão. E junto dele ainda temos um Sean Penn rouba cenas como sempre extremamente convincente e entregue ao seu papel; uma apaixonante Penelope Ann Miller e ainda pequenos mas memoráveis John Leguizamo (tenebroso) e um jovem Viggo Mortensen.
Isso tudo forma e compõem este que muitos consideram ser o melhor filme de Brian De Palma, e com toda a razão. É onde vemos o diretor mais autoral que sempre e extraindo o melhor de seu material e de seus atores, resultando em um filme deveras emocionalmente impactante e que será dificilmente esquecido para aqueles que adentrarem na sua genialidade.
É Impressionante. Impressionante o fato de vermos um diretor como Abel Ferrara, e seu estilo cinematográfico peculiar e único, buscando fazer aqui um filme biográfico. E mais impressionante ainda a biografia ser de outro diretor com um estilo cinematográfico também peculiar e único como Pier Paolo Pasolini. E também impressionante é a forma em que o diretor cria sua visão do polêmico e aclamado artista, homem, ser humano aqui em questão.
Primeiro ressaltar que é de fato é bravíssimo poder ver o velho diretor ainda atualmente tentando evoluir e modificar seu próprio estilo, sem nunca perder sua linha e voz autoral. E se aproxima desse seu projeto de uma forma deveras original e bem peculiar. Com o roteiro de Maurizio Braucci criando uma narrativa que se condensa no último dia da vida de Pasolini ao mesmo tempo que cria uma narrativa dentro da narrativa principal ao vermos um suposto filme que Pasolini queria fazer antes de morrer (que mais parece um filme que Ferrara faria, mas enfim), marcado de pulos e inserções narrativas constantes que podem confundir aos desavisados. De um ponto de vista, pode ser encarado como um digno estudo psicológico de seu personagem, explorando minunciosamente seu lado criativo e intimo com suas interações com seus familiares e suas divagações de autor em cima de sua obra. Com seus pensamentos e ideais políticos e religiosos que sempre o seguiram e criaram a intrigante e misteriosa personalidade que se tornou para muitos, tanto para sua família e, como o filme bem deixa claro, para nós mesmos o público.
Ou em outro ponto de vista... é um filme do Ferrara tentando ser um filme de Pasolini. A forte presença da busca da salvação religiosa, marcada nos nossos dias atuais que é algo que perpetuou por muitas vezes nos filmes de Ferrara desde "Vício Frenético" é fortemente presente aqui (principalmente no onipresente filme que Pasolini não realizou que parece uma marcha rumo ao nascimento de Cristo nos dias atuais), junto do forte teor erótico quase perturbador que é presente em ambas filmografias dos diretores e conseguem conversar tematicamente bastante aqui e unir de alguma forma ambos diretores de forma quase espiritual.
Mas.... é um tanto distrativo ver Dafoe no papel do mestre Italiano falando inglês..., ainda mais quando o resto do elenco todo europeu falando em seu idioma de origem e só quando ele está em cena o modo de idioma Inglês é ligado. Claro que o ator não é obrigado a falar a língua e o diretor é propriamente americano, mas porque raio ele fala perfeito inglês americano em quase todas as cenas e algumas ele puxa seu Italiano e em um momento um pouco de Francês. Seria uma tentativa de mostrar a internacionalização que o artista tinha?! Talvez minha mente ignorante falhou em perceber algo nesse fato, ou é algo apenas que saiu mesmo de forma bizarra. Mas quanto à atuação, nada a reclamar aqui, é William Dafoe afinal. O ator que se entrega de corpo e alma à seus personagens, e seu Pier Paolo Pasolini não é exceção, convencendo em ambos sua fisicalidade e fisionomia, e piamente crente de seus ideais sociais, religiosos e artísticos.
É um filme sim deveras bizarro em sua essência, e trata tanto o personagem em questão com tanto mistério que no final pode parecer soar que pouco da sua essência é realmente capturada aqui. Mas talvez não fosse essa intenção de Ferrara aqui, que consegue fazer com que seu lado de artista e autoral se comunique bastante com seu estilo cinematográfico com a do próprio Pasolini em vários momentos. Talvez contemplativo, onírico ao mesmo tempo intimo e pessoal. Que talvez e com certeza fale com todos nós de seu público de formas variadas e diferentes, já sendo só por isso um filme que merece ser visitado e sentido, e realmente nos deixar instigados em conhecer melhor esse grande, misterioso e genial artista. Não pare de fazer filmes senhor Ferrara!
Depois de alguns anos longe do hype e expectativas que circundou esse filme na sua época de lançamento, talvez seja MUITO mais claro agora o próprio filme e o que seu diretor quis entregar com ele. Ao invés de voltar a ressuscitar a aura de terror e suspense deveras poético de sua obra-prima "Alien", Ridley Scott decide se destoar desse caminho das expectativas altíssimas que milhares de fãs tinham e foram responsáveis pela resposta negativa que seu filme recebeu e recebe até hoje, e decidiu optar por uma rota de um filme de ficção científica humanista, misterioso e oras contemplativo.
Pode até parecer (com certeza) uma mistura estranha de seu "Alien" com as pretensões contemplativas e filosóficas de "2001- Uma Odisséia no Espaço" de Kubrick, e em parte consegue ser bem eficiente nesse quesito. Isso graças a ser bem visível o quão à vontade Scott está na direção, ele simplesmente se sente em casa com o gênero, afinal ele fez duas obras-primas dela afinal (Blade Runner e Alien pra não esquecer). E a meia hora inicial do filme é deveras muito boa, com o mistério sendo bem costurado entre a relação dos misteriosos e complexos personagens de David de Michael Fassbender, Vickers de Charlize Theron e Elizabeth Saw de Noomi Rapace (na os únicos personagens interessantes de verdade no filme, se bem que o Capitão Janek do Idris Elba é bem legal), construção e mistério esse que lembram muito sim seu "Alien".
Mas que o foco está longe de querer entregar um filme de terror e sim uma jornada de questionamentos sobre a existência humana usando a lenda mitológica do titã Prometheus - o salvador da humanidade e torturado pelos deuses por isso, como base disso, e a realiza de forma bem eficiente e intrigante. Muitas são as perguntas são levantadas e poucas são as respostas aqui propositalmente, ou isso vai desagradar ou intrigar seu público (não esquecer que eles planejaram uma continuação com "Alien Convenant", então pode ser que as respostas possam vir....ou não). E assim o roteiro de Damon Lindelof e Jon Spaihts se mostra inicialmente bem promissor, até a ideia de estabelecer o filme no mesmo universo de "Alien" (a lua LV-223, não muito distante da LV-426) é bem interessante. Mas que parece se perder aos poucos quando a grande revelação dos criadores é descoberta e o filme se desenrola à partir daí quase de forma cambaleante. Com várias das perguntas que se apresentam sendo repetidas diversas e incontáveis vezes, querendo quase forçar sua temática com um aparente medo de seu público não compreender algo (e no final.... não compreendemos quase nada mesmo com tamanha preocupação).
Pelo menos parte do elenco é carismático e funcional o suficiente para nos deixar intrigados até o fim, embora não todos se destacam como deveriam e mereciam (pobre Guy Pearce). Mas um grande e admirável destaque a se parabenizar do filme são os efeitos visuais fantásticos com umaótima mistura de CGI e efeitos práticos à moda antiga, junto da fotografia EXCEPCIONAL de Dariusz Wolski, até a trilha de Marc Streitenfeld consegue ser bem memorável!
Uma decente e interessante confusão controlada seria uma boa definição para Prometheus. Que deveras consegue ser sim um filme MUITO melhor que vários filmes medianos e fracos que Scott andou realizando (e anda não é? Meu Deus, como Êxodo é ruim....), mas que não se aproveita de todo seu ENORME potencial. Mas é sim capaz no final de deixar você intrigado para o que mais pode vir por aí. "Convenant".... pode vir com tudo, estou pronto para esse mais!
Sim não são todos os personagens que são bem explorados ou desenvolvidos; sim o ritmo é inconsistente de momento em momento; e sim os personagens em CGI são BIZARROS. Em outras palavras, Rogue One está anos luz de sua galáxia distante de ser um filme perfeito, mas é necessário diminuir o filme tanto por suas notas falhas? Sendo que cumpre em acertar tantas outras de forma EXEMPLAR.
E é de se admitir e realmente admirar o incrível trabalho que a Disney está fazendo com a já velha franquia, conseguindo entregar exatamente o que os velhos fãs querem surpreendendo aqui e ali, com o número mais do que suficiente de fan-service (COM TALVEZ A MELHOR APARIÇÃO DE DARTH VADER DE TODAS), e ainda conseguir entregar tudo com uma decente qualidade cinematográfica.
E se J.J Abrams bebeu tanto do tom e vibe de aventura e humor do filme original de 1977 em seu excelente "Despertar da Força", o novato Gareth Edwards mostra aqui em seu "Rogue One" um fascínio e forte influência do tom sombrio e complexo de "Império Contra Ataca". E através disso, entrega aqui um dos mais maduros e mais realista filme da franquia até hoje de forma revigorante e totalmente envolvente.
E se não todos os personagens conseguem conquistar nossa empatia (tirando O 2S0, esse foi amor instantâneo), eles pelo menos nos deixam o suficiente intrigados e capaz de ver diversas camadas misteriosas e sutis em cada um (principalmente num ótimo e misterioso Diego Luna e uma petulante e com um forte espírito de liderança Felicity Jones). E se nem isso, pelo menos eles garantem uma boa diversão. É impagável ver Donnie Yen lutando kung fu com a força em Star Wars.
Star Wars este que tem o forte espírito desse tubo universo de George Lucas aqui sempre presente, desde uma escala épica invejável; o tom de ação e aventura implementado com uma seriedade e violência de um verdadeiro filme de guerra; e em partes uma aura dramática digna de um Western. E algumas das mais espetaculares e visualmente ricas cenas de ação que a saga já teve até hoje!
No final, Gareth Edwards cumpre o que Star Wars vem feito até então em essa sua nova fase no cinema: deixar seus velhos e novos fãs instigados, com alguns inevitavelmente odiando e outros pedindo por mais o que esse rico e memorável universo terá a nos dar. E é exatamente isso que Rogue One é, emocionalmente instigante e totalmente memorável!
Bom, finalmente tive a chance de ir ver outro filme que tá causando outro auê do ano, uns AMAM, outros ODEIAM.
Quem odeia é um Marvete hater ou crítico comprado que não entende nada de quadrinhos. E quem gosta e julga as críticas negativas é um nerdão bobo infantil que não entende nada do que é verdadeiro cinema. POR FAVOR NÉ. Eu posso muito bem gostar de um Theodoros Angeopolus da vida e ir no cinema pra ver um filme de super heróis e gostar. Sou livre para isso é minha opinião, respeite ou não, goste ou odeie. Agora vir a ser julgado de OTÁRIO ou BURRO ou ser chamado de mero fã-boy por gostar desses filmes blockbusters é pura falta de educação.
O filme é essa MERDA HORRENDA PIOR FILME DE TODOS OS TEMPOS com 20% de APROVAÇÃO num site de amontoados de criticas???!!!! Eu NA MINHA OPINIÃO, digo não, mas há de sim que admitir que o filme tem deslizes enormes em suas grandes qualidades que vi ao assistir. Ainda acho que a Warner/DC está muito covarde com seu material e não sabem o que fazer pra ter a chave do sucesso e remodelaram MUITA coisa aqui para retirar o tom sombrio e realista inicial pra deixar mais divertidinho e mais “teen”. Por que por alguma razão sombrio e realista foi o motivo das pessoas não terem gostado de Batman VS Superman (em parte talvez sim, mas não a verdadeira RAZÃO).
E isso afeta o mesmo já que vemos uns personagens recebendo mais destaque que outros e alguns que estão ali só pra completar o espaço vazio. O coitado do Adam Beach que já é um ator que se comprovou muito talentoso em alguns filmes e só ta aqui pra morrer em menos de 5 minutos de filme. E você goste ou não do Jared Leto como ser humano não vá logo julgar o Coringa dele por isso. O cara nem sequer teve tempo no filme de mostrar algo de relevante ao papel, se bem que ele tem dois momentos bem legais no filme que me deixaram querendo ver mais dele. Gostei bastante de ver ele imitando um pouco da voz do Coringa de Mark Hammil (a melhor personificação do Coringa). Mas querer comparar ele com Heath Ledger ou Jack Nicholson é RIDICULO.
O próprio diretor David Ayer que acho um diretor bem decente teve seu trabalho remexido e obrigado a refaze-lo e a remonta-lo pra soar mais “cabível” nos padrões genéricos de filmes de super-heróis com uma edição super ultra picotada e claramente cortando momentos chaves do filme, e o ritmo do filme fica uma verdadeira confusão, horas apressado e horas lento. E sua direção acaba no final soando muito genérica, coisa que desse diretor já vi mais ousadia e variedade. Se bem que gostei muito do cenário “Fuga de Nova York” que ele colocou os vilões tendo que entrar e sair sobrevivendo aos perigos iminentes a cada esquina. Junto com algumas cenas de ação bem decentes.
E isso é uma pena com um elenco que está MARAVILHOSO. E os momentos dos personagens juntos com seus diálogos rápidos e interações são simplesmente tocantes e dá gozo assistir até o final só por cada um ali. Viola Davis metendo medo na minha alma mais que a coitada da vilã de Cara Delavigne; Will Smith sendo um Pistoleiro malicioso e altamente carismático; Margot Robbie capturando todas as facetas de personalidade e história da Arlequina com PERFEIÇÃO, e outros como Joel Kinnaman e Jay Hernandez que me agradaram demais em seus papéis. Pena que Jai Courtney, Adewale Akinnuoye-Agbaje e Karen Fukuhara que mostraram em pequenos momentos terem MUITO potencial ficam encobertos pelo destaque de ambos Pistoleiro do Smith e Arlequina de Robbie.
Ver qualidades num filme supostamente ruim agora é querer forçar a barra? Você pode ver pontos positivos em filmes como “Milagre de Sant’Anna” ou “Resident Evil” que eu não vejo, mas respeito seu gosto. Filmes afetam cada um de nós de uma forma diferente e veremos qualidades que outros não vêem (ou se recusam a ver). Assim como respeito quem goste ou desgoste desse filme, mas vir insultar quem gosta NÃO ME FALE PRA TER PACIÊNCIA. E também por favor não vá insultar que não gostou por que também já é pagar vexame.
Esquadrão Suicida não chega perto de ser um “guilty pleasure” meu pois eu realmente gostei, gostei muito até do filme. Estou mais do que disposto e apto a ver e rever o filme pelos excelentes personagens e atores. Mas sei reconhecer que tem seus erros e deslizes feios cometidos por um estúdio covarde que tem que ouvir a verdadeira voz da razão que é dar liberdade pra seus diretores talentosos e saber construir seu universo sem pressa de sucesso e medo do fracasso, e entregar os filmes que seus personagens fantásticos merecem!
Não é a toa que muitos críticos consideram que o melhor cinema de ação atual é o asiático. O diretor Johnnie To o prova com o recente "Drug War" e ambos "Eleição" (Submundo do poder e A Tríade) de 2005. John Woo já o provava desde "O Matador", "Alvo Duplo 1 e 2", "Fervura Máxima" e o recente Batalha dos três reinos". Sem mencionar Zhang Yimou e seus extravagantes filmes de artes marciais como "A Maldição da Flor Dourada"; "O Clã das adagas voadoras" e "Herói". Mas o público internacional teria maior noção disso quando "Operação Invasão" estreou no Festival Internacional de Cinema de Toronto em 2011 e foi um sucesso de crítica internacional e um modesto sucesso financeiro fora da Indonésia que foi o bastante para o galês Gareth Evans nos presentear com sua continuação.
Enquanto o primeiro filme era "Duro de Matar" metade Jackie Chan bem sangrento e brutal. Ou seja, porradaria e tiroteio dentro de cubículos do início ao fim, que até tinha uma história de corrupção e família decente, mas que era mais usada como um pano de fundo (bem fundo) para a ação extravagante. Já aqui temos exatamente o contrário. Diretor e roteirista Gareth Evans aqui consegue montar uma história bem decente de policial infiltrado na máfia com busca de vingança e luta por poder, fazendo uma ótima mistura de "Donnie Brasco" e "Conflitos Internos" com "O Pagamento final" e "Poderoso Chefão 2" junto com todas as artes marciais "pencak silat" indonésia e brutalidade do primeiro filme.
Alguns podem até achar essa manobra de misturar ação com drama um artifício trapaceiro para deixar a ação mais "artística" como Luc Besson faz em seus filmes como "Lucy" de forma bem razoável. E sim, a história tem um tom tão sério com a narrativa se preocupando em desenvolver suas personagens, levantando metáforas e intertextualidade sobre o destino de cada um no mundo crime e a busca pelo poder, que a porradaria brutal estilo Jackie Chan parece ficar quase sem noção. Afinal como raio quase todas as personagens sabem lutar "pencak silat" (arte marcial Indonésia presente no filme)???!!!!! Mas não posso reclamar quando ambas as facetas do filme são bem trabalhadas.
Evans consegue dozar bons momentos de diálogo prendendo a atenção do público a todo o tempo, onde as duas horas e meia passam voando. Novas personagens são bem adicionadas, principalmente Reza (Roy Marten) o misterioso vilão e Uco ( Arifin Putra) o jovem filho do chefão do crime que rouba a cena graças ao carisma. Talvez um ou dois personagens fiquem fora de lugar como Prakoso ( Yayan Ruhian que interpretou o vilão Mad Dog no primeiro filme e é o instrutor das lutas presentes no filme). E outros que servem apenas pra fazer frente ameaçadora a Rama ( Iko Uwais) que evoluiu muito em nível de atuação em comparação ao primeiro filme, que mais uma vez dá um show de fodice (perdoe o linguajar) nas cenas de ação.
Ação esta extremamente bem conduzida que supera o primeiro filme e infinitamente a muitos filmes de ação recentes. Evans faz uma mistura incrível de planos longos e montagem rápida num ritmo e timing perfeitos. Onde garrafas, tacos de beisebol e martelos sendo usados como armas; ossos são quebrados e muito sangue jorra na nossa cara. Combinado com as incríveis coreografias que desafiam tudo que já vimos de Bruce Lee e Jackie Chan.
"Operação Invasão 2" é uma continuação digna. Um filme feito por um diretor que sabe o que quer dar ao público, reflexão e diversão. Mesmo que exagere um pouco na sua dramaticidade e abundância de personagens, ao menos o faz com estilo e entrega uma boa história de crime e um filme de ação inesquecível.
Thor: Ragnarok
3.7 1,9K Assista AgoraComeçar por chamar um filme do MCU de divertido à essa altura já se tornou algo de desgastante de previsível, pois se há algo que esse universo compartilhado vem acertando nos últimos 10 anos foi em conseguir manter uma linha de entretenimento acertada em todos os seus filmes, mesmo que tenha caído na linha formulaica do genérico repetitivo constantemente. Então sim, "Thor: Ragnarok" é mais do mesmo de um filme da Marvel: não gasta tempo em estabelecer uma história interessante; a ameaça vilanesca é inserida do nada no meio narrativo; as piadas são atiradas como uma metralhadora de inconveniência ignorando ou atirando fora momentos de cunho dramático para dar lugar ao humor e diversão. E quer saber? Nunca a fórmula conseguiu funcionar de forma tão autoral quanto aqui!
É nisso que dá em trazer um diretor com uma marca tão própria de se construir uma narrativa e humor tão peculiares e lhe garantir o mínimo de liberdade possível com um de seus personagens mais cheio de potencial dentro de seu universo. Eles já tinham aprendido isso com James Gunn em ambos Guardiões da Galáxia e Taika Watiti pra mim é o mais novo felizardo a se adaptar tão bem no universo cinematográfico da Marvel sem perder o seu toque pessoal. E se o Thor de Chris Heamsworth estava para tomar o lugar até então do mais desinteressante personagem herói dos Vingadores com os mais fracos filmes do MCU, ele finalmente conseguiu aqui receber o que o Capitão América de Chris Evans recebera no seu "Capitão America: O Soldado Inverna"l, um filme que redefinie por completo tudo que já tínhamos visto do personagem até então e o explora em um novo território de gênero mas sem perder sua essência ou identidade.
Então podem ir esquecendo daqueles dois filmes do personagem título que tentavam falhamente ser de aventura e fantasia com terríveis doses de humor e um leque de personagens chatos que ninguém se lembra mais que existem mesmo à essa altura, e se delicie aqui com o melhor tipo de diversão escapista que o cinema "sessão tardiana" pode invocar no seu melhor. Com Watiti criando a velha e boa aventura corrida contra o tempo com o feeling de tragédia iminente em seu percalço no melhor estilo Império Contra Ataca, onde o diretor não poupa tempo em matar e se livrar de vários personagens e elementos conhecidos do herói, dando um foco e aura dignos de um seriado ala Flash Gordon. E conseguido criar no percurso um mundo vivo que parece tirado direto das páginas de Jack Kirby, expelindo cores vivas, exuberantes e uma personalidade de extravagância akward muito única.
Ainda conseguindo acertar bem na porradaria blockbuster de suas cenas de ação, mesmo que derrape por vezes nos confrontos corpo a corpo na frente da câmera com uma montagem bem picotada, mas deixa fluir bem nas batalhas em grande escala. E o humor galhofa vem como uma infestação quase imparável, mas por algum milagre Watiti o faz funcionar bem em vários momentos, não só com observações e conotações satíricas e até metalinguísticas sobre o herói e seu universo de forma inteligente mas sem perder o fio da bobalhagem. Ainda surpreendendo saber brincar com a montagem em momentos específicos como a ÓTIMA breve cameo do Doutor Estranho de Benedict Cumberbatch (que cá entre nós, em poucos minutos de cena, consegue superar o seu filme solo por completo).
E tudo parece funcionar bem mesmo que com um serne emocional quase que completamente vazio e mais oco que o plano e motivação ultra genéricos da vilã da vez Hela, mas cuja presença se salva graças a performance tão cheia de carisma e charme de uma sempre exuberante Cate Blanchett que impõe uma boa presença intimidadora e até sedutora com a personagem. O mesmo pode ser dito pelo resto do elenco de carismáticos personagens desde o sempre charmoso rouba cenas Loki de Tom Hiddleston, a Valquiria deliciosamente fodona de Tessa Thompson, os alívios cômicos pontuais e que nunca falham do Grandmaster de um afetadíssimo Jeff Goldblum e o hilário Korge do próprio Taika Watiti. E ainda a talvez melhor (e a mais divertida) participação que o Hulk já teve no cinema, ao lado também do melhor que Chris Heamsworth já esteve no papel do Deus do Trovão, finalmente encontrando sua voz e a personalidade sarcástica e arrogante mas de bom coração, que no final consegue deixar um gostinho de "quero mais" de seu personagem nesse universo.
Se forem para dar esse tipo de liberdade criativa para diretores com tamanha marca despirocada e que consiga fazer a fórmula Marvel funcionar de um jeito tão divertido e dar vida e carisma para seus personagens, então por favor continuem investindo mais nessa qualidade para dar vida aos seus personagens dona Marvel. Mas não esqueça do coração na próxima vez!
Três Anúncios Para um Crime
4.2 2,0K Assista Agora"O Ódio é o prazer mais duradouro, os homens amam com pressa mas odeiam com calma. E assim, o ódio vira mais ódio, quanto mais você o deixa ele te consumir mais tóxico ele fica, e o único remédio possível é o amor!". Talvez esse seja um bom resumo da até óbvia e clara idéia em que o novo e divisório filme do talentoso Martin McDonagh quer apresentar para o público e busca explorar em suas obscuras e cruas intrelineas. E que fora infelizmente visto por muitos como uma ideologia temática idiota e piegas, enquanto o que verdadeiramente encontramos aqui é uma mensagem de forte impulso dramático e humano sobre vingança, justiça, o amar e o perdoar, uma comédia de erros e um drama de personagens falhos.
Ninguém é realmente bom, mas também ninguém é realmente mal aqui, e através desse intuito McDonagh busca explorar o que já fizera antes em seu subestimado In Bruges (ou Na Mira do Chefe), e desmiuçar os valores morais em uma sociedade moderna que os esqueceu, e é internamente quebrada pelos arrependimentos de seus erros. E quando são defrontados pela ação denunciante (e questionante) de Mildred, a riquíssima protagonista de uma soberba Frances McDormand, a pressão imposta nos personagens começam a remoer suas vidas e seus ideias. Cedendo a sua existência e se elevando à um estado quase espiritual como Willoughby, um personagem de mais camadas do que aparentam e com uma performance cheia de coração de Woody Harrelson; ou começando a defrontar sua própria natureza animalesca e desprezível como um mal como com Dixon, o incrível personagem de um também incrível Sam Rockwell.
Tudo ambientado em um cenário de um Westen dramático onde a ponta de ação é o conflito entre a moral e diferentes ideias de seus personagens em um conflito ético e de sanidade dignos de um Fargo ou Gosto de Sangue dos irmãos Coen, com a mesma lábia ácida e afiada em seu humor negro, sem medo em ofender o politicamente correto. E sem medo também em adentrar junto disso no drama pesado e interno de seus ricos personagens. Cercados por uma aura de Faroeste revisionista evocada pela sublime trilha de Carter Burwell, espelhando também nos seus personagens com a Mildred de McDormand sendo a anti-herói de boa índole e que não aceita desaforos ala John Wayne, confrontando a lei do xerife de Willoughby de Harrelson tendo seu modo de justiça questionando, enquanto o Dixon de Rockwell é o beberrão que encontra um caminho para a redenção e o perdão.
E esta talvez seja a resposta que confirma a idéia inicial que seu diretor e autor buscava dar em seu filme, somente o difícil ato do perdão e do amar sejam a única cura para confrontar o ódio fácil e enraizado no âmago de cada pessoa. E que é sim possível encontrar-los até nos lugares mais distantes e fechados por uma cultura que ignora todo o mal à sua volta, e até nas pessoas mais pérfidas, quebradas e perdidas pelos seus erros. Difícil de digerir pelo seu manejo ousado e até original, mas com um serne que quando descoberto e absorvido, encontramos um filme com uma das mensagens mais humanistas que se pode ver nos últimos anos e tão bem transmitida.
Lady Bird: A Hora de Voar
3.8 2,1K Assista AgoraSendo ou não uma obra de caráter autobiográfico (como já supostamente fora negado por sua autora), a proposta da talentosa atriz Greta Gerwig em seu debut de sucesso crítico na cadeira de direção, não poderia ser mais claro desde seus créditos iniciais: os momentos. Os momentos de nossa juventude, de nosso crescimento, aqueles pequenos instantes e eventos naturais capazes de vir a definir as pessoas que somos para toda nossa vida. E procura explorar isso através da nostalgia teen, o filme escolar dramaticamente complexo ala John Hughes, as desventuras adolescentes que remetem às memórias mais profundas que todos são capazes de se relacionar.
A mudança de casa; o primeiro namoro; a primeira decepção amorosa; a turma de teatro na escola; as breves amizades e as outras que parecem ser para sempre; a primeira experiência sexual; as dúvidas e tensões sobre se e qual faculdade entrar; as brigas e discussões com nossos parentes que se formam em cicatrizes para se carregar por toda nossa vida, bem representado na mãe Marion de uma ótima Laurie Metcalf.
Mas o problema está em exatamente no como a diretora tenta chegar na emoção que tenta despertar desses momentos, se mostrando o fazer de modo um tanto desengonçado, oras picotado e apressado e oras alongando e se repetindo por diversos momento. Passando longe da suavidade e o naturalismo cinematográfico que esses momentos poderiam criar no serne do seu filme, para dar lugar à um humor excêntrico e até cru na criação do realismo nos laços de seus personagens.
Esses já classificados por vários detratores do filme como sendo mesquinhos, arrogantes, egoístas, sensíveis. Com certeza, são pessoas afinal. Mas nos fazer sentir algo por eles é a dificuldade que o roteiro um tanto preguiçoso não consegue fazer, o que torna a performance até decente de Saoirse Ronan e seu convincente sotaque americano um tanto desperdiçados em uma personagem sem rumo ou real punho emocional em meio de suas ações imaturas e meio questionáveis.
Uma boa intencionada história coming of age, inegavelmente, mas negar seus claros problemas chatos e louvar a obra por sua "representatividade" só a torna um tanto superestimada e infelizmente um tanto vazia.
O Paradoxo Cloverfield
2.7 780 Assista AgoraEntão né...que situação um tanto embaraçosa. Depois de um marketing tão surpreendente anunciando o lançamento do filme de forma inusitada durante o Superbowl, a produção de J.J. Abrams e a rede da Netflix mais uma vez se mostraram revolucionários e gênios do mercado atual da distribuição e rede streaming de filmes, causando um alvoroço em pequena escala que rapidamente chamou por atenção e mais uma vez mostrou a diferenciação da franquia Cloverfield no cinema atual, arriscando em anunciar seus filmes de forma surpresa e mostrando explorar diferentes gêneros dentro do seu universo e mantendo o pé firme na ficção científica. Algo inovador e até original de fato....mas em questão de qualidade...
A questão é que depois da grande grata surpresa que foi Rua Cloverfield Lane 10 de Dan Trachtenberg, a franquia parecia prometer revolucionar o gênero e criar o seu universo de spin offs com gêneros múltiplos, e de forma refrescante e original. E quando Paradox brevemente prometia um filme que iria explicar como todos os filmes iriam se conectar e explicar quem era o "monstro" ou os "invasores" do filme original tudo parecia ser muito ainda mais instigante e interessante. Mas o que acabou sendo foi uma confusão tremenda.
Mas com isso não posso dizer realmente que achei "Paradox" um completo desastre. Até gostei de ver a forma "diferente" e até ousada com que o estreante Julius Onah constrói o filme inicialmente. Variando entre uma base narrativa familiar seguida de sutis transições contemplativas e visuais para introduzir muito bem o serne emocional da protagonista Hamilton de uma ótima Gugu Mbatha-Raw. Se arriscando em não aprofundar os restantes dos personagens e deixar as ações e o mistério que se sucederam na trama ser o motor à engatar o drama e a tensão, vide Enigma de Outro Mundo ou Alien como boa inspiração para tal.
O problema começa exatamente quando o roteiro parece um verdadeiro cego em tiroteio, sem parecer saber aonde ir com sua trama com uma reviravolta bizarra atrás da outra, e com reações ainda mais estúpidas e irrealistas dos personagens para os acontecimentos. Para no final resumir a resposta para tudo em um "simples" fator de realidades paralela simplesmente jogado no meio do nada e de forma expositiva, deixando o filme inchado em suas próprias linhas de mistério completamente usadas para criar uma espécie de mistery box no espaço, só que fica mais parecendo um episódio mediano e estendido de Black Mirror. Só que nem um episódio de Black Mirror iria cair em um convencionalismo clichê e tão irritantemente previsível como faz em seu clímax, a "força assassina" matando um por um etc.
Até a direção, embora com um ritmo bem fluido, começa a entrar em reciclagem sempre recorrendo aos planos holandeses para dar um ar de caos alucinógeno ao filme, e apenas se torna uma técnica barata. E graças aos personagens tão mal escritos as eficientes cenas de suspense apenas se tornam vazias e uma junção de coisas que já vimos antes e melhor. Sem falar no desenlace do filme que, principalmente para quem assistiu ao filme original, vai perceber o GRANDE (literalmente) furo de roteiro ali presente.
Sinceramente exijo um vídeo explicativo do diretor e dos roteiristas e do J.J explicando o que raio eles queriam fazer com esse filme nesse universo e para onde planejam ir com a bagunça aqui deixada. Que não se isenta de ter até um bom valor de produção refletido em bons efeitos, uma boa fotografia e um elenco cheio de talentos. Mas com personagens e boas idéias que gostaria de ter visto serem melhor aproveitadas por um dirigente mais competente. Apenas não deixem esse universo morrer e na próxima tragam talento de qualidade de verdade e idéias mais claras!
The Post: A Guerra Secreta
3.5 607 Assista AgoraAdmito logo que sou um grande suspeito de entregar elogios para o senhor de nome Steven Spielberg, já que o mesmo se trata de ser um dos meus favoritos de todos os tempos (se não o maior). Então sempre quando ele vem com um novo projeto, o 99% de probabilidade do que vai acontecer é que rasgarei elogios para este, mesmo que se trate de ser um dos seus filmes mais divisivos de opinião, como exatamente The Post se apresenta ser.
Reações que muito se assemelham à outro de seus recentes filmes dessa década como fora o caso de Lincoln, onde se de um lado os críticos "conceituados" rasgaram elogios pelos seus ricos e complexos temas, parte do grande público o criticou como um filme chato, arrastado, tedioso ou politizado e burocrático. Mas tirando a semelhança de reações, noto semelhanças no estilo e na forma com que Spielberg aborda os temas de ambos os filmes. Não só na composição cênica, sempre se baseando em longas trocas de diálogos ambientados em locais fechados remetendo à uma estrutura teatral, como também suas temáticas se interrelacionam no quadro histórico retratado por Spielberg.
Se Lincoln fora um drama de tribunal que botava em questão a índole dos homens políticos em embate pela escolha moral de ser contra ou a favor da abolição escravocrata, The Post se caracteriza como um digno drama/thriller jornalístico na mesma pegada de Todos os Homens do Presidente de Alan J. Pakula, sobre trabalhadores da imprensa pressionados pela sua profissão e pela repreensão política de realmente escancarar a triste verdade para uma nação inteira ou sofrerem a aprisionada censura.
Com uma narrativa realmente intricada e difícil em seus desdobramentos em território político e jornalístico técnico, mas que realmente pede e demanda pela paciência e atenção do público na discussão de seus temas e promete recompensar no momento certo quando a "ação" propriamente dita do filme tem início. Onde Spielberg põe em prática o que só um excelente diretor é capaz de fazer, criar o momentum de antecipação e tensão palpáveis para os eventos que se sucedem no filme mesmo que, historicamente, já saibamos o desenlace.
Mesmo que caia em notas piegas e melodramáticas (com até óbvias caricaturas politicas) no seu final, isso não impede o bom roteiro de abordar seus temas de forma madura e caracterizar seus interessantes personagens como representantes da luta recorrente pela liberdade de imprensa e uma ode ao jornalismo factual. Com Tom Hanks dando um ar canastrão arrogante de coração bem intencionado com toques de Cary Grant para o seu Ben Bradlee, e Meryl Streep, superestimada ou não, consegue tanto dar uma fragilidade e insegurança quanto uma complexidade moral e destreza em constante crescimento para a sua Kay Graham, a tornando em uma verdadeira figura inspiradora e mostrando a grande atriz que sempre é e sempre foi.
Ainda acompanhados de um ótimo elenco que abre espaço para destacar um ótimo Bob Odernik a.k.a. Saul Goodman finalmente recebendo atenção e destaque no cinema, e um sempre subestimado Bruce Greenwood encarnando Robert McNara. Onde nunca tornam seus personagens meros adereços de trama na sua retratação histórica, e os enchem de personalidade e alma para sentimos a humanidade individual de cada um.
Que ao contrário de seu recente primo temático, o bem eficiente Spotlight de Tom McCarthy que se preocupa habilmente em sua retratação fidedigna dos fatos reais retratados, mas esquece de construir qualquer vínculo dramático com os personagens com seus atores trabalhando no automático. Spielberg opera de forma o "inversa" a isso e faz de seu The Post sim um filme documental em sua retratação fiel, oras difícil e realmente político, mas não esquece de por sua sempre elegante direção classuda em cena, se permitindo até em brincar com um final bem sacana. E humanizar seus personagens com um trabalho mais do que eficiente de um rico elenco.
Longe de se igualar entre os seus melhores e certamente se configura em um de seus trabalhos menores, e mesmo que caia em traços caricatos e piegas no seu desenlace, ainda é um inegável ótimo filme!
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista AgoraÉ sempre um risco certeiro vir a ter que apontar falhas em um filme tão amplamente aclamado e amado por críticos e público, especialmente com a temática homoafetiva sensível à polêmicas em questão. Mas sinto que Guadagnino, em suas boas e certas intenções de querer procurar aqui construir a aura naturalista que molda rotina de ambos os personagens e o seu relacionamento amoroso em crescimento, o diretor falha em não ter melhor sutileza em pequenos momentos do decorrer da história que aspiravam ter uma maior calma e contemplação. Resultando em uma montagem oras bem atrapalhada em diversos momentos com cortes abruptos, quebrando o "momentum dos pequenos momentos", e se apressando erradamente em outros importantes na construção individual dos personagens e no seu relacionamento.
Com esse breve pitaco pessoal feito, isso com certeza não impede o filme de revelar o melhor de sua essência dramática e romântica no seu desenvolver. Graças tanto ao bem delineado roteiro de um grande James Ivory de volta a boa forma dramática, e que molda bem o realismo dos seus diálogos, dando um bom material para o rico talento espalhado pelo seu elenco trabalhar.
Desde um ótimo Timothée Chalamet que constrói em seu Elio um jovem resguardado mas sonhador e voraz nas suas inspirações de um jovem artista e descobrindo os prazeres sexuais que o seu corpo começa a clamar. Junto da presença do sedutor tão seguro de si, Oliver, com Armie Hammer esbanjando charme e maledicência no nível certo, mas sem perder a pureza dos seus sentimentos. Garantindo até um momento para o sempre subestimado Michael Stuhlbarg brilhar em cena e querer desidratar as lágrimas do seu corpo enquanto o resto do filme almeja te deixar molhado em outras áreas.
Onde Guadagnino põe em prática suas boas influências do cinema de Bertolucci na construção do bom clima erótico e sensual recorrente no filme, sem querer impressionar ou escancarar nada, embora até nisso senti falta de uma maior ousadia (a cena do pêssego é fichinha, não entendi a exaltação polêmica ou reclames desnecessários). Mas equilibra muito bem o drama romântico, com uma revelação tão verdadeira e fiel sobre o se apaixonar e viver um amor verdadeiro em um tempo que se passa tão rápido como o relaxante e libertador verão, que transcende qualquer tipo de sexualidade. E no final, a existência da fria dor que alimentará a força desse caloroso amor para todo o sempre.
Um inegável belíssimo filme que revela um romance com sentimentos e sensações tão verdadeiras, mas que se apenas tivesse ousado em certos momentos e melhor construído com calma e sutileza outros, aí sim teríamos um grande filme em mãos, que tinha aqui todas as excelentes chances para ser!
Todo o Dinheiro do Mundo
3.3 229 Assista AgoraAcho que o que acabei de assistir aqui é o melhor onde Ridley Scott esteve, em bom tempo, sob a cadeira de direção. Finalmente tendo a oportunidade de por as mãos em um roteiro inteligente e ousado em suas pretensões dramáticas de estudo de personagem e moral - que infelizmente David Scarpa não terá sua escrita reconhecida em grandes premiações - que permite assim ao diretor incitar o manejo do melhor de sua direção.
Nada que realmente salte aos olhos por uma perspectiva técnica, mas demonstra o classicismo operante em seu estilo próprio de caráter desde sempre versátil, com um belo plano inicial que respira à vividez Italiana de Fellini, que é logo interrompida pela rigidez seca do seu "Conselheiro do Crime", e se desenrola ao longo do filme na forma de um bem eficiente thriller dramático, com direito a um clímax que aspira a iminente tragédia de "Inverno de Sangue em Veneza" de Nicolas Roeg.
Junto de uma surpreendente grande escala de produção, sem procurar poupar em seus momentos de brutalidade pontuais e sutis contemplações visuais que deixaria John Schlesinger orgulhoso, revelando também um trabalho de ótima cinematografia em vários momentos de construção paisagística imersiva ou nos pontuais usos de P&B para revelar um ar documental em vivido movimento.
Onde particularmente me surpreende, é em seu foque íntimo em cada personagem, alguns mais e outros menos claro, mas o suficiente para humanizar a personalidade de todos ao decorrer da história, com óbvio destaque ficando em cargo do Jean Paul Getty de um sempre soberbo Christopher Plummer.
Que a partir das delineações de Scott em cima do texto, torna o personagem em sua própria versão particular de um Charles Foster Kane, um espectro de um homem visto como uma figura de Deus, uma perfeita representação de um imperador Romano do século 20. Status esse imposto pelas suas próprias ambições particulares e pelo dinheiro que todos do mundo idolatram e almejam. Longe de se tornar uma caricatura de um velho enrugado e de índole de um ambicioso seco de coração frio como a versão de Spacey parecia se direcionar, mas com Plummer temos uma figura, não só bem semelhante à original, mas a de um homem ambicioso e até inspirador em suas intenções, conquistando nossa empatia e desprezo simultâneo ao decorrer do longa.
Mas que não rouba por completo a atenção de dois Michelle Williams e Mark Walhberg igualmente eficientes em cena. Porém enquanto um se mostra apenas decente em seu mais do mesmo de durão de boa índole, Williams entrega uma mãe e mulher lutando contra as frustrações dos homens de poder à sua volta para salvar o único resquício de pureza em uma vida coberta de ganância. Ainda dando espaço para um breve e bom Romain Duris humanizando a figura do captor que na mão de outro diretor poderia se tornar um vilão caricato.
Talvez não acerte todas as notas épicas e universais que procurava (e merecia) almejar em seus temas, mas Scott não desaponta em mostrar o melhor de seu trabalho profissional e artístico quando as chances e inspirações certas lhe calham de aparecer.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraEm uma época onde estúdios e academias correm para indicar à premiações fortes representantes, de caráter social político ou racial de supostas minorias oprimidas da atualidade no mero intuito de encontrar variedade em sua imagem pública em uma audiência atual dominado por opiniões de redes sociais na Internet. Prefiro me abster de citar seu valor de merecimento de estar presente em tais premiações, e aqui encarar os verdadeiros valores artísticos que o filme de Jordan Peele tem a oferecer, que são bravas e de grande qualidade!
Que se aproveita de um perfeito cenário de filme de terror de casa afastada da civilização, com um sutil e forte teor gráfico violento dignos de um slasher de Tobe Hooper, para vir a demonstrar um inteligente roteiro, afiado em suas alegorias, históricas e atuais, de contraste racial de forma afiada e desconfortante, mas impactante em suas reflexões e igualmente afiado em suas constantes pontadas cômicas. Sem nunca querer causar ou levantar bandeiras e revela um retrato visual e atual do racismo moderno, elevado a caracterizações verdadeiramente macabras. Junto de uma reveladora performance, cheia de carisma e charme de Daniel Kaluuya, que cria a perfeita relação de visão protagonista/público, mas sem deixar de mostrar fortes cargas emocionais só com o olhar.
Um filme para se aprender a encarar um retrato tão atual e analisar seu forte valor artístico e de forte entretenimento, e deixar de lado sua importância ou relevância em premiações ditas e colocadas como representativas.
Alice Não Mora Mais Aqui
3.8 167 Assista AgoraÉ no pavio prestes a explodir da sanidade humana, que Ellen Burstyn encontra um dos pontos mais fantásticos de sua brilhante performance aqui nessa esquecida pérola de Martin Scorsese. Sua Alice é a Judy Garland, a Vivien Leigh, a Geraldine Page, a Marylin Monroe - a cantora e amante, pura e sonhadora, a boa moça da velha Hovllywood, tentando se adequar às dificuldades da vida moderna. Vivendo sob a opressão das responsabilidades e obrigações, é onde vemos uma brilhante desconstrução dessa figura da jovem inocente e de espírito jovial, assumindo o manto de uma mulher adulta, uma mãe solteira viúva, entrando em uma erupção emocional e psicológica em suas sucesssivas ações quase tragicômicas, que remonta assim em sua jornada uma clara homenagem de Scorsese ao cinema de seu amado Cassavetes.
Uma jornada de libertação humana que vai além da sanidade, da busca sofrida pelo conforto e felicidade que lhe parecem tão difíceis de almejar, e Burstyn se torna assim a Gena Rowlands de Scorseseriana, pegando o pé na estrada de forma constantemente hilária e dramática na mesma medida, remontando quase um cenário de road-movie existencialista em seus pequenos momentos na relação entre mãe e filho em sua constante viagem sem fim, mas sem nunca perder um brilho de esperança em sua ótica viva e respirando cinema. Um falso positivismo irônico talvez, mas tão cheio de vida e humanidade em seus personagens, que formam uma realista e bela história de uma mulher também em busca da felicidade, de seu maior bem e amor, seu filho, e sua conquista emocional íntima. No final, fica-se a dúvida como um filme tão diferencial e igualmente grandioso no currículo desse mestre passa tão despercebido e pouco valorizado.
Samba
3.8 336Com certeza outra de mais uma bem intencionada tentativa dos parceiros Olivier Nakache e Eric Toledano de contar uma história socialmente relevante em mais um ‘feel good movie’, assim como seu bom “Intocáveis”, e mais uma vez tendo o carismático Omar Sy no papel do protagonista. Mas apenas consegue cair no quesito do ame ou odeie, ou apenas de assistir para passar um bom tempo com uma história bonita de superação e aceitação, mas carregada de dores e injustiças, mas que não são nada frente ao poder do amor... Com uma temática que consegue sim ser deveras importante em sua temática tão atual e caótica, só que se prejudica inevitavelmente por sua abordagem que se sai rasa e como bem qualquer coisa um tanto esquecível. Mas podem reclamar o quanto quiserem de "Intocáveis" e de Omar Sy, mas o ator possui um charme e carisma únicos, onde é impossível não torcer ou sentir empatia por ele em sua jornada aqui. Até Charlotte Gainsbourg consegue surpreender aqui e ali em seus breves momentos. Nada mais do que isso infelizmente, mas ruim não é, e até bonito e um tanto tocante, só que infelizmente raso e esquecível.
Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos
3.4 940 Assista AgoraChame isso de um perfeito desperdício de grande potencial e de grandes chances, e de promessas não cumpridas. Talvez com certeza esteja confirmada a bendita maldição que ronda filmes baseados em videogames, pois até quando trazem um diretor que já se mostrou totalmente talentoso e experiente como Duncan Jones para liderar o projeto, a coisa não voa. Não sei se possa ter sido interferência dos estúdios na produção, pois claramente Jones toma decisões bem ousadas em desenvolver a história que mostra sua liberdade criativa que teve aqui, infelizmente não foi o bastante para evitar os erros que ele comete.
E isso não vem ao caso de hipocritamente julgar o filme de ser "leal demais" ao material de origem, coisa que muitas adaptações vergonhosamente falham, mas lealdade não garante total qualidade. E Jones infelizmente se preocupa demais em ser fidedigno à história do seu universo e seu design visual, de forma brilhante eu diria, sempre sendo respeitoso e hábil nessa construção e claramente sabendo TUDO sobre esse universo, mas se esquece de tentar aprofundá-lo e criar uma coesão narrativa e uma bem estruturada direção no que se refere à construção da história e o desenvolvimento dos personagens, que basicamente são estruturados em pequenos núcleos de narrativa e pula constantemente entre eles e nunca se lembra de ter calma e sutileza em tentar demonstrar o potencial de seus personagens e atores, o que infelizmente não é o caso aqui.
E ironicamente o único personagem que recebe um arco decente e que até consegue conquistar verdadeira empatia é Dutoran de Toby Kebbell com o ator se mostrando 100% integrado ao papel (é impressionante como ele vem se mostrando ser um dos melhores atores de motion-capture da indústria, espero que não fique preso só a isso), enquanto outros como Travis Fimmel, Paula Patton e Bem Foster são puro talento desperdiçado.
Até Jones se mostra um pouco cambaleante ao dirigir a ação do filme, as cenas de batalha são boas, mas por alguns momentos parece que os personagens parecem se mover quase que roboticamente, e a edição nem sempre se mostra precisa. Talvez não estivesse bem acostumado ainda em mexer com um alto orçamento assim em mãos. Mas em questão do desing no filme, há muito pouco do que se reclamar. Os efeitos visuais estão no topo do ótimo e convincente, os figurinos e maquiagem não poderiam ser mais perfeitos em capturar a essência do universo do jogo aqui, universo esse que recebe uma escala e esmero visual deslumbrante.
Ouso dizer que o filme tinha TUDO para se tornar um filme de fantasia blockbuster moderno de grande sucesso, um próximo Senhor dos Anéis talvez?! Mostrou ter personagens até interessantes e com uma história e universo interessantes a serem explorados, pena que falhou em convencer em boa qualidade narrativa para realmente instigar os críticos e o público a se interessarem por Warcraft no cinema. Mas em questão de adaptações de videogames para o cinema esse talvez seja o que passou mais perto de ser realmente bom, mas não quanto podia realmente ser!
O Homem nas Trevas
3.7 1,9K Assista AgoraA falta de qualidade ou inovação de muitos filmes do gênero de terror hoje se torna cada vez mais uma doença no meio do público, ao ponto de causar certos efeitos colaterais. Que talvez tenha sido o responsável pelo enorme alarde de aclamação que esse filme de Fede Alvarez teve recentemente. Não que o filme seja ruim, o que não é, e nem muito bom, o que é. Mas alguns vierem chamar de um dos melhores suspenses ou terror dos últimos anos, não consigo evitar chamar de uma reação um tanto exagerada. Parece que a carência por um bom filme do gênero seja tanta ao ponto de qualquer mínimo sinal de qualidade já é capaz de causar um alvoroço em rasgar elogios à um filme que é sim bom mas longe de ser perfeito. Mas chega de reclamar por aqui, afinal o que temos aqui não é um filme isento de qualidade e sim recheado de bons valores.
Para começar o filme é uma rara investida ao subgênero do suspense dentro do gênero do terror, onde a verdadeira criatura do mal é um ser humano como todos nós e seu estado físico e psicológico são as verdadeiras perturbadoras mutações a ser encontradas. Onde o palco escolhido é um perfeito lugar para o show dos horrores de tensão ser instalado. E ao optar por essa pequena e enclausurada escala, Alvarez consegue dar um bom foque nos personagens e na criação de suas personalidades e motivações de forma bem realista e palpável, com sim muito boas atuações de Jane Levy e Dylan Minnette, e o assustador antagonista de Stephen Lang. Criando-se um certo ar de cinismo e acidez em cada um exposto em suas interações e ações que dão essas certas facetas duas caras sutis cada um e um ar mais realista, que parecem remeter um pouco ao humor negro dignos de um filme de David Fincher.
Diretor este que Alvarez claramente tende muito a beber de inspiração ao construir o espaço do filme, que lembra e muito “Quarto do Pânico” do diretor, no seu uso de planos sequências onde a câmera atravessa paredes e mobílias mostrando cada espaço do campo da batalha de tensões que está prestes a se instalar. Demonstrando ter um ÓTIMO domínio de espaço e ritmo ao saber brincar com a imprevisibilidade das ações dos personagens, onde cada gesto parece vir a se tornar um desencadeador de algo terrível prestes a acontecer e o rumo do confronto e a trama se tornam sim imprevisíveis e surpreendentes guardando algumas reviravoltas e surpresas.
Mas infelizmente nada é perfeito nisso. Quando vemos aonde o filme finalmente nos leva e entrega seu clímax, onde até ali tudo fora criado com tanta naturalidade e assombrosa tensão e mistério, o roteiro cai em certas previsibilidades e começa a se criar ações forçadas de seus personagens em seu clímax e a implausibilidade e forçação de barra começam a tomar conta num nível bem bobo. Com um final surpreendentemente frio e voltando a esbarrar com o cinismo de outrora e conseguindo sim concluir em uma boa nota, apesar de seus fortes fraquejos perto do final.
Mas é um filme que consegue ser sim inegavelmente divertido de assistir do inicio até o inicio da forçaçaão de barra começar, mas talvez não incomode a tantos quanto a mim. Ainda assim estamos perante um filme do gênero de boa qualidade e denota o grande talento que o promissor Fede Alvarez tem em manejar bem as técnicas do gênero e ainda conseguir criar personagens interessantes no meio de tudo. Só tente não cair nas imprevisibilidades e forçação de barra na próxima vez!
Velozes e Furiosos 4
3.4 572 Assista AgoraDepois de anos com filmes bem qualquer coisa (para não chamar de merdas divertidas), a franquia hoje bilionária era uma das franquias mais completamente sem graça alguma e nada de interessante a oferecer. Eis que ressurge Vin Diesel das cinzas de filmes podres e decide investir como produtor e trazer consigo o elenco do passado primeiro filme e alguns novos, junto com mais uma vez Justin Lin assumindo a direção, no intuito aqui de “revitalizar” a franquia dos corredores de rua de corações velozes e furiosos.
Optando por mais uma vez irem pelo caminho de ser um filme policial sério, completamente isento de humor, buscando lidar com a mora e ética de seus “complexos” e dramáticos personagens. E ainda junto disso ser um filme de corridas de racha. Mas o que acabam fazendo é um demasiado tedioso na maior parte do tempo. O ritmo é lento sem motivo algum embora bem montado mas com um roteiro fraco que não ajuda em nada os atores que realmente tentam entregar essa camada sombria e depressiva de seus personagens que sofreram demais em suas vidas e parecem buscar uma certa redenção.... e tentar ser um filme policial que lida com narcotráfico de forma totalmente rasa e ainda ter corridas de carro no meio (já perceberam o problema?!).
Não vou dizer que foi uma má tentativa e até corajosa de se tentar fazer algo maduro e sério, mas só que de um material totalmente vazio. Mas Justin Lin consegue inserir sim bons e divertidos momentos de ação, embora quebrados. O roubo do caminhão de sua intro põe as cenas de ação do primeiro filme no bolso e cospe fora, já demonstrando como essa nova fase da franquia iria brincar com a implausibilidade da ação de seus personagens. Pena que as outras cenas de ação do filme, que se resumem a perseguições dentro de túneis e alguns tiroteios sem graças contém a infame presença de irritantes câmeras tremidas. Ainda bem que o diretor viria a melhorar sua técnica nos próximos filmes.
Mas o filme mesmo com essa sua inserção séria e sombria completamente sem graça contem um certo charme de um bom guilty pleasure, e isso graças ao elenco que embora nada demais nutrem sim boa química e denotam genuínas emoções entre si, e que só viriam a melhorar nos futuros filmes. Assim como esse filme que foi um passo quebrado para um futuro bilionário!
Vizinhos 2
3.0 380 Assista AgoraDe todas as ótimas comédias de Seth Rogen, me impressiona que “Vizinhos” tenha sido logo o primeiro e único até agora a receber uma continuação (ainda esperamos uma de “Segurando as Pontas”, mas tudo bem), claro tanto se deve ao sucesso razoável do primeiro filme e um bom recurso de idéias que se pode ter e aproveitar com o conceito de guerra entre vizinhos. Mas como qualquer continuação, ele tem desafios a enfrentar, não só em tentar superar seu primeiro filme, mas não é preciso ressaltar a cruel má fama que continuações de comédia (e continuações em geral) tem no senso crítico programado de todos, sempre prontos para julgar e criticar o quanto inferior este é em comparação ao primeiro ou quão igual, etc etc.
E sim, “Vizinhos 2” realmente não possui o mesmo charme e talvez nem o mesmo coração que o primeiro filme tinha, e deveras recicla uma coisa ou outra em seus conceitos e estrutura. Até a direção de Nicholas Stoller se mostra menos inspirada em comparação a energia que possuía no primeiro filme, e por vezes não consegue acompanhar a própria energia que seu soberbo elenco demonstra ter mais uma vez aqui. Mas consegue surpreender e ainda trazer consigo um roteiro INSPIRADÍSSIMO em seu humor, e trazer (de forma bem ousada) temas como sexismo, feminismo, racismo, entre outros, e usá-los como uma forte muleta de humor, mas sem nunca soar ofensivo e sim altamente e constantemente hilário!
E a nova divisão de protagonismo nas três frentes entre Rogen e Byrne – Efron e Chloe Grace Moretz, é bem realizada e dosada, mas meio que tira o brilhantismo de alguns como Rose Byrne e Efron que tinham tão grande destaque no primeiro filme, mas ainda possuem ótimos e hilários momentos aqui, mas infelizmente impede que o filme tenha o grande coração que poderia ter entre o confronto de seus personagens e suas dúvidas e embates da vida...como no primeiro filme. Felizmente não é um filme que se sustenta em repetir piadas e referencias ao primeiro, o que inevitavelmente faz aqui e ali, mas o novo conceito Zac Efron e Seth Rogen VS Chloe Grace Moretz consegue ser ainda mais brilhante que o primeiro e proporcionar uma verdadeira Guerra Civil versão urbana constantemente divertida.
E Moretz foi uma excelente adição ao elenco, com a atriz mais uma vez mostrando ter um grande carisma e se soltando e claramente se divertindo em sua personagem da jovem enfrentando a puberdade e lutando ainda para ser jovem. E o restante do elenco original volta e todos tem seu momento para arrancar boas risadas de nós o público, pena que não na mesma quantidade que o primeiro filme.
Mas não levem a sério minhas constantes comparações ao primeiro filme aqui, pois Rogen e sua trupe mostraram sim ter aqui uma imensa dedicação e recheado de boas idéias para realizar aqui a continuação mais engraçada possível, e deveras conseguem fazer sim um filme mais engraçado, mas sem conquistar a mesma empatia emocional que o primeiro tinha para si, mas com um ou dos momentos que vão sim te fazer abrir um sorriso no rosto de afeto pelos sentimentos genuínos que os personagens conseguem transmitir entre si mesmo junto de todas as hilárias despirocadas!
Life: Um Retrato de James Dean
3.2 84 Assista AgoraMuito já se ouviu e questionou sobre os segredos que as fotos, raras reportagens e suas próprias atuações de James Dean, escondem por detrás delas. E talvez seja exatamente aí o alvo e foco do filme de Anton Corbjin e sua pequena investida biográfica numa pequena fase da vida do jovem ator e sua famosa temporada com o fotografo Dennis Stock na fazenda de sua família para o ensaio de fotografias para a revista Life, e através disso explorar um retrato físico e psicológico da figura que foi James Dean.
Que acaba se tornando um retrato um tanto morno em sua pegada lenta e auto-contemplativa no desenvolvimento de ambos os personagens e entre o relacionamento de ambos Dean e Stock. Nada de errado com os atores ou a própria sólida direção e roteiro, mas o filme não consegue ousar e talvez tentar capturar toda a complexidade psicológica que Dean carregava pra si e era tão notável em suas grandes atuações e nos próprios relatos de sua vida.
Se preocupa talvez demais em restituir os fatos de forma leal e pouco se preocupa em investir de verdade nos personagens. Não que o filme seja isento de emoções, já que surpreendentemente carrega em si um ou outro pequenos momentos singelos e tocantes, e isso se deve ao quanto entregue está Dane Dehaan no papel do astro, que mesmo não capturando este tão fidedignamente, consegue imprimir uma personalidade e emoção forte dentro de si, e até parece, fisionomicamente falando, aqui e ali com o próprio Dean. Mesmo infelizmente não pode se dizer de Pattinson que está bom e razoável mas nada de excelente e sua presença no papel se torna um tanto indiferente, assim como o resto do respeitável mas esquecível elenco.
Mas o respeito e a admiração com o personagem chave aqui pelo seu ator principal e o diretor é extremamente notável e admirável, e que sucede em imprimir raios de profundas emoções aqui e ali em seu filme, mas lhe falta mais complexidade para realmente tornar um filme memorável e digno da pessoa que foi James Dean!
O Último Rei da Escócia
4.0 594 Assista AgoraDe todos os filmes que tendem a explorar a situação de decadência social de pobreza, violência e racismo nos países pobres da África, o filme de Kevin Macdonald talvez consiga se destacar em meio de muitos, graças a sua incontrolável energia digna de um thriller político, e que faz lembrar por alguns momentos aos filmes de Danny Boyle, e ao evocar para si uma brutalidade gráfica intensa em alguns de seus momentos. E o filme não poupa nem um pouco nessa energia e brutalidade conseguindo criar uma experiência bem desconfortável de se assistir, e talvez tenha sido esse mesmo o propósito principal.
Mas talvez um pouco mais de sutileza em certos momentos faria bem ao filme que talvez falte e peque um pouco no que se refere ao desenvolvimento psicológico de seus personagens dentro desse violento universo em que vivem, mas o saldo ainda consegue ser positivo graças ao sólido roteiro e ao formidável elenco. E Forrest Whitaker dispensa elogios, sua malícia demoníaca vem por debaixo de uma faceta carismática e dócil e com uma imprevisibilidade sempre a espreita de se assustar e admirar. Mas a verdadeira força da natureza aqui é James McAvoy que talvez acabe sendo a maior vítima do filme, pois tem que conviver com os bens prazeres do demônio disfarçado para depois sofrer em suas deturpadas mãos, como milhares de famílias sofrem debaixo do bel prazer de seus falsos corruptíveis e cruéis lideres políticos.
E talvez graças a esse seu visual inspirado e intensa brutalidade, “O Último Rei da Escócia” passa longe de ser um mero típico melodrama de Oscar e que se importa com seu viés cinematográfico e a essência realista de seus personagens, mas que lhe falta uma certa calma para se beneficiar melhor de suas qualidades e aí sim se tornar um excelente filme que tem todo o potencial de ser. Mas que ainda sim é bem bom e longe de ser algo ruim ou fraco em seu todo!
Mate-me Por Favor
3.0 231 Assista AgoraEsse filme talvez seja o perfeito exemplo do bom nível de qualidade, enorme talento e até ousadia, que podemos encontrar no cinema independente Brasileiro. Mas...pretensiosidade é uma virtude que poucos filmes conseguem evocar para si. Sua diretora e roteirista Anita Rocha da Silveira tem claramente ÓTIMAS influências no seu estilo que cria uma aura perfeita de um filme de terro/suspense digno de um Giallo Italiano ala Dario Argento com o cinismo e um nível estético belíssimo em sua riquissima palheta de cor, dignos de um filme de Brian De Palma. Cinismo esse interessantemente bem usado na construção caricatural de alguns dos personagens que podem soar como cafonas inicialmente mas fazem um retrato deveras fiel da vida escolar adolescente no Brasil (e porque não internacional?!), com traços que lembram bastante de "Virgens Suicidas" de Sofia Coppola. E a trama inicialmente monta uma boa linha de mistério e paranoia em volta de suas personagens, mas que infelizmente meio que se perde ao longo do filme. O ritmo não se sustenta, oras sendo frenético em sua edição e outras se prolongando mais do que deveria, e a trama, que mais parece vinda de um curta, se arrasta e chega a perder o interesse em sua reta final, mesmo com sua interessante mistura de surrealismo David Lynchiano e seu sutil toque exploitation. Mas que consegue concluir numa nota positiva e arrepiantemente angustiante. E é deveras belíssimo ver a fotografia de João Atala filmando o Rio de Janeiro com uma espécie de Neon realista que serve em benefício da história por demais (e isso não é ruim). Sem deixar de mencionar que as jovens atrizes são boas e críveis em seus papéis das jovens enfrentando os hormônios da puberdade, e Valentina Herszage (a protagonista Bia) convence muito bem o sentimento de paranoia e mistério mesmo com pouquíssimos diálogos. Devo ser a minoria aqui, mas realmente é um filme que não conquistou minha pessoa, mas ainda é sim notável ver ótimas qualidades aqui e ali!
Doutor Estranho
4.0 2,2K Assista AgoraE mais uma vez a Marvel pega e adapta um dos seus personagens mais interessantíssimos, junto com um ator perfeito no papel e um rico universo e história a poder ser explorada....e mais uma vez desperdiça as chances de poder desenvolver tantas promissoras camadas de seu personagem e apenas o estabelecem dentro de seus padrões de humor e entretenimento para o colocar num próximo encontro de Vingadores.
Talvez Dr. Estranho seja um pequeno indicio do possível desgaste que a fórmula Marvel ainda pode vir ter?! Mas longe termos um filme ruim aqui, a jornada de Stephen Strange com um sempre excelente, charmoso e carismático Benedict Cumberbatch garante uma boa diversão e alguns momentos ÉPICOS com seu visual surrealista FANTÁSTICO digno de um deleite visual pirotécnico de alta grandeza, mas a estrutura de sua história não fazem jus à isso. Tudo é estabelecido às pressas e sem verdadeira coesão o bastante para sentirmos emocionalmente o personagem de verdade e seu arco nesse grande universo.
Sem falar que o uso das piadas fora de hora chega um pouco ao nível do irritante aqui, várias são boas e funcionam, mas algumas beiram à galhofa e não encaixam de forma alguma numa história com momentos dramáticos sérios e embates desafiadores, até Cumberbatch parece um tanto desconfortável em alguns momentos das piadas. E, como sempre, temos junto dele EXCELENTES atores, alguns com forte destaque como A Anciã de Tilda Swinton com uma sabedoria reluzente em suas palavras e olhares, que garantem alguns (mas breves) momentos bem tocantes no filme, e Mordo (o aparente ajudante e futuro antagonista) de Chiwetel Ejiofor, junto de, mais uma vez um vilão esquecível com um desperdiçado Mads Mikkelsen e uma esquecível Rachel McAdams como o interesse amoroso.
Longe de ser o mais fraco do MCU ou sequer um filme ruim, mas é apenas uma prova que uma formula pode ter um nível de desgaste à certa altura, nem tudo precisa ser risos e galhofa Marvel, sejam mais ousadas e mostrem mais dessa viagem pirotécnica tão divertida em uma história um pouco mais coesa e madura. Mas o saldo ainda consegue ser positivo e assistível!
O Pagamento Final
4.2 373 Assista AgoraAlguns dos fãs mais tenazes de Brian De Palma tem a dizer que quando ele se aventurou em filmes com produção de grandes estúdios ele fez seus filmes menos autorais e consequentemente os mais fracos. Bem, "Pagamento Final" consegue ser a maior prova do total contrário disso.
Sim vemos aqui um filme de crime/máfia/policial com um orçamento alto e um elenco de estrelas, supostamente um encontro de "Scarface" com "Os Intocáveis, que na verdade é um filme Brian De Palma acima de tudo. E um filme Brian De Palma estrai o melhor de seu material, e aqui temos sim um excelente filme de crime/máfia/policial com tudo de melhor que pode se encontrar nesse gênero, o protagonista assombrado pela sua vida de crimes passada que o voltam para assombrar; o amor proibido que é seu escape da vida de violência; amigos e irmãos não são confiáveis e o dinheiro é o poder e aspiração de vida; as cenas de ação e tiroteio são brutais e inevitavelmente prazerosas de se assistir. A direção de De Palma em cima disso é só um requinte de magnificência à isso tudo, tornando a jornada de Carlito um estudo de personagem soberbo e altamente emocionante.
O relacionamento de seu protagonista com seus personagens se forma uma camada de crise existencial tão palpável e incrivelmente realista, seu romance com a personagem Gail de Penelope Ann Miller talvez seja o mais belo que De Palma já teve em um de seus filmes. E sua fuga da vida do crime se torna chave para De Palma implementar um pouco de seu familiar toque Hitchcockiano com o homem errado na hora errada, toque esse que ainda se reflete na direção flutuosa com momentos de pura tensão, junto de singelos e contemplativos que brilham constantemente. Pois é, quem diria que um filme de crime/máfia/policial violento e brutal poderia sequer ter questionamentos existenciais e momentos de pura beleza não é mesmo?! Só em um filme de Brian De Palma.
Claro que ele ainda é apoiado com um excelente roteiro de David Koep que possui uma estrutura quase de um filme Noir poético. Contendo ainda outro requinte, outro requinte, que só eleva mais o status do filme, que é a divina trilha sonora de Patrick Doyle, que entranha dentro da história com perfeição e estrai toda a emoção de seus personagens para o público nos momentos certos com perfeição.
Emoções essas que só seriam possíveis com o brilhante elenco que aqui se encontra. Al Pacino dispensa comentários, ele está no seu auge aqui e em um de seus melhores momentos, mas em especial a ressaltar é poder notar que aqui temos uma mistura do Al Pacino descoladão que veríamos reinar nos anos 90 com sua fúria prestes a explodir, junto de seu olhar de pureza e sutileza tão emocionante nos seus olhares como o víamos nos seus áureos anos 70 como em Serpico e Poderoso Chefão. E junto dele ainda temos um Sean Penn rouba cenas como sempre extremamente convincente e entregue ao seu papel; uma apaixonante Penelope Ann Miller e ainda pequenos mas memoráveis John Leguizamo (tenebroso) e um jovem Viggo Mortensen.
Isso tudo forma e compõem este que muitos consideram ser o melhor filme de Brian De Palma, e com toda a razão. É onde vemos o diretor mais autoral que sempre e extraindo o melhor de seu material e de seus atores, resultando em um filme deveras emocionalmente impactante e que será dificilmente esquecido para aqueles que adentrarem na sua genialidade.
Pasolini
3.2 37 Assista AgoraÉ Impressionante. Impressionante o fato de vermos um diretor como Abel Ferrara, e seu estilo cinematográfico peculiar e único, buscando fazer aqui um filme biográfico. E mais impressionante ainda a biografia ser de outro diretor com um estilo cinematográfico também peculiar e único como Pier Paolo Pasolini. E também impressionante é a forma em que o diretor cria sua visão do polêmico e aclamado artista, homem, ser humano aqui em questão.
Primeiro ressaltar que é de fato é bravíssimo poder ver o velho diretor ainda atualmente tentando evoluir e modificar seu próprio estilo, sem nunca perder sua linha e voz autoral. E se aproxima desse seu projeto de uma forma deveras original e bem peculiar. Com o roteiro de Maurizio Braucci criando uma narrativa que se condensa no último dia da vida de Pasolini ao mesmo tempo que cria uma narrativa dentro da narrativa principal ao vermos um suposto filme que Pasolini queria fazer antes de morrer (que mais parece um filme que Ferrara faria, mas enfim), marcado de pulos e inserções narrativas constantes que podem confundir aos desavisados. De um ponto de vista, pode ser encarado como um digno estudo psicológico de seu personagem, explorando minunciosamente seu lado criativo e intimo com suas interações com seus familiares e suas divagações de autor em cima de sua obra. Com seus pensamentos e ideais políticos e religiosos que sempre o seguiram e criaram a intrigante e misteriosa personalidade que se tornou para muitos, tanto para sua família e, como o filme bem deixa claro, para nós mesmos o público.
Ou em outro ponto de vista... é um filme do Ferrara tentando ser um filme de Pasolini. A forte presença da busca da salvação religiosa, marcada nos nossos dias atuais que é algo que perpetuou por muitas vezes nos filmes de Ferrara desde "Vício Frenético" é fortemente presente aqui (principalmente no onipresente filme que Pasolini não realizou que parece uma marcha rumo ao nascimento de Cristo nos dias atuais), junto do forte teor erótico quase perturbador que é presente em ambas filmografias dos diretores e conseguem conversar tematicamente bastante aqui e unir de alguma forma ambos diretores de forma quase espiritual.
Mas.... é um tanto distrativo ver Dafoe no papel do mestre Italiano falando inglês..., ainda mais quando o resto do elenco todo europeu falando em seu idioma de origem e só quando ele está em cena o modo de idioma Inglês é ligado. Claro que o ator não é obrigado a falar a língua e o diretor é propriamente americano, mas porque raio ele fala perfeito inglês americano em quase todas as cenas e algumas ele puxa seu Italiano e em um momento um pouco de Francês. Seria uma tentativa de mostrar a internacionalização que o artista tinha?! Talvez minha mente ignorante falhou em perceber algo nesse fato, ou é algo apenas que saiu mesmo de forma bizarra. Mas quanto à atuação, nada a reclamar aqui, é William Dafoe afinal. O ator que se entrega de corpo e alma à seus personagens, e seu Pier Paolo Pasolini não é exceção, convencendo em ambos sua fisicalidade e fisionomia, e piamente crente de seus ideais sociais, religiosos e artísticos.
É um filme sim deveras bizarro em sua essência, e trata tanto o personagem em questão com tanto mistério que no final pode parecer soar que pouco da sua essência é realmente capturada aqui. Mas talvez não fosse essa intenção de Ferrara aqui, que consegue fazer com que seu lado de artista e autoral se comunique bastante com seu estilo cinematográfico com a do próprio Pasolini em vários momentos. Talvez contemplativo, onírico ao mesmo tempo intimo e pessoal. Que talvez e com certeza fale com todos nós de seu público de formas variadas e diferentes, já sendo só por isso um filme que merece ser visitado e sentido, e realmente nos deixar instigados em conhecer melhor esse grande, misterioso e genial artista. Não pare de fazer filmes senhor Ferrara!
Prometheus
3.1 3,4K Assista AgoraDepois de alguns anos longe do hype e expectativas que circundou esse filme na sua época de lançamento, talvez seja MUITO mais claro agora o próprio filme e o que seu diretor quis entregar com ele. Ao invés de voltar a ressuscitar a aura de terror e suspense deveras poético de sua obra-prima "Alien", Ridley Scott decide se destoar desse caminho das expectativas altíssimas que milhares de fãs tinham e foram responsáveis pela resposta negativa que seu filme recebeu e recebe até hoje, e decidiu optar por uma rota de um filme de ficção científica humanista, misterioso e oras contemplativo.
Pode até parecer (com certeza) uma mistura estranha de seu "Alien" com as pretensões contemplativas e filosóficas de "2001- Uma Odisséia no Espaço" de Kubrick, e em parte consegue ser bem eficiente nesse quesito. Isso graças a ser bem visível o quão à vontade Scott está na direção, ele simplesmente se sente em casa com o gênero, afinal ele fez duas obras-primas dela afinal (Blade Runner e Alien pra não esquecer). E a meia hora inicial do filme é deveras muito boa, com o mistério sendo bem costurado entre a relação dos misteriosos e complexos personagens de David de Michael Fassbender, Vickers de Charlize Theron e Elizabeth Saw de Noomi Rapace (na os únicos personagens interessantes de verdade no filme, se bem que o Capitão Janek do Idris Elba é bem legal), construção e mistério esse que lembram muito sim seu "Alien".
Mas que o foco está longe de querer entregar um filme de terror e sim uma jornada de questionamentos sobre a existência humana usando a lenda mitológica do titã Prometheus - o salvador da humanidade e torturado pelos deuses por isso, como base disso, e a realiza de forma bem eficiente e intrigante. Muitas são as perguntas são levantadas e poucas são as respostas aqui propositalmente, ou isso vai desagradar ou intrigar seu público (não esquecer que eles planejaram uma continuação com "Alien Convenant", então pode ser que as respostas possam vir....ou não). E assim o roteiro de Damon Lindelof e Jon Spaihts se mostra inicialmente bem promissor, até a ideia de estabelecer o filme no mesmo universo de "Alien" (a lua LV-223, não muito distante da LV-426) é bem interessante. Mas que parece se perder aos poucos quando a grande revelação dos criadores é descoberta e o filme se desenrola à partir daí quase de forma cambaleante. Com várias das perguntas que se apresentam sendo repetidas diversas e incontáveis vezes, querendo quase forçar sua temática com um aparente medo de seu público não compreender algo (e no final.... não compreendemos quase nada mesmo com tamanha preocupação).
Pelo menos parte do elenco é carismático e funcional o suficiente para nos deixar intrigados até o fim, embora não todos se destacam como deveriam e mereciam (pobre Guy Pearce). Mas um grande e admirável destaque a se parabenizar do filme são os efeitos visuais fantásticos com umaótima mistura de CGI e efeitos práticos à moda antiga, junto da fotografia EXCEPCIONAL de Dariusz Wolski, até a trilha de Marc Streitenfeld consegue ser bem memorável!
Uma decente e interessante confusão controlada seria uma boa definição para Prometheus. Que deveras consegue ser sim um filme MUITO melhor que vários filmes medianos e fracos que Scott andou realizando (e anda não é? Meu Deus, como Êxodo é ruim....), mas que não se aproveita de todo seu ENORME potencial. Mas é sim capaz no final de deixar você intrigado para o que mais pode vir por aí. "Convenant".... pode vir com tudo, estou pronto para esse mais!
Rogue One: Uma História Star Wars
4.2 1,7K Assista AgoraSim não são todos os personagens que são bem explorados ou desenvolvidos; sim o ritmo é inconsistente de momento em momento; e sim os personagens em CGI são BIZARROS. Em outras palavras, Rogue One está anos luz de sua galáxia distante de ser um filme perfeito, mas é necessário diminuir o filme tanto por suas notas falhas? Sendo que cumpre em acertar tantas outras de forma EXEMPLAR.
E é de se admitir e realmente admirar o incrível trabalho que a Disney está fazendo com a já velha franquia, conseguindo entregar exatamente o que os velhos fãs querem surpreendendo aqui e ali, com o número mais do que suficiente de fan-service (COM TALVEZ A MELHOR APARIÇÃO DE DARTH VADER DE TODAS), e ainda conseguir entregar tudo com uma decente qualidade cinematográfica.
E se J.J Abrams bebeu tanto do tom e vibe de aventura e humor do filme original de 1977 em seu excelente "Despertar da Força", o novato Gareth Edwards mostra aqui em seu "Rogue One" um fascínio e forte influência do tom sombrio e complexo de "Império Contra Ataca". E através disso, entrega aqui um dos mais maduros e mais realista filme da franquia até hoje de forma revigorante e totalmente envolvente.
E se não todos os personagens conseguem conquistar nossa empatia (tirando O 2S0, esse foi amor instantâneo), eles pelo menos nos deixam o suficiente intrigados e capaz de ver diversas camadas misteriosas e sutis em cada um (principalmente num ótimo e misterioso Diego Luna e uma petulante e com um forte espírito de liderança Felicity Jones). E se nem isso, pelo menos eles garantem uma boa diversão. É impagável ver Donnie Yen lutando kung fu com a força em Star Wars.
Star Wars este que tem o forte espírito desse tubo universo de George Lucas aqui sempre presente, desde uma escala épica invejável; o tom de ação e aventura implementado com uma seriedade e violência de um verdadeiro filme de guerra; e em partes uma aura dramática digna de um Western. E algumas das mais espetaculares e visualmente ricas cenas de ação que a saga já teve até hoje!
No final, Gareth Edwards cumpre o que Star Wars vem feito até então em essa sua nova fase no cinema: deixar seus velhos e novos fãs instigados, com alguns inevitavelmente odiando e outros pedindo por mais o que esse rico e memorável universo terá a nos dar. E é exatamente isso que Rogue One é, emocionalmente instigante e totalmente memorável!
Esquadrão Suicida
2.8 4,0K Assista AgoraBom, finalmente tive a chance de ir ver outro filme que tá causando outro auê do ano, uns AMAM, outros ODEIAM.
Quem odeia é um Marvete hater ou crítico comprado que não entende nada de quadrinhos. E quem gosta e julga as críticas negativas é um nerdão bobo infantil que não entende nada do que é verdadeiro cinema. POR FAVOR NÉ. Eu posso muito bem gostar de um Theodoros Angeopolus da vida e ir no cinema pra ver um filme de super heróis e gostar. Sou livre para isso é minha opinião, respeite ou não, goste ou odeie. Agora vir a ser julgado de OTÁRIO ou BURRO ou ser chamado de mero fã-boy por gostar desses filmes blockbusters é pura falta de educação.
O filme é essa MERDA HORRENDA PIOR FILME DE TODOS OS TEMPOS com 20% de APROVAÇÃO num site de amontoados de criticas???!!!! Eu NA MINHA OPINIÃO, digo não, mas há de sim que admitir que o filme tem deslizes enormes em suas grandes qualidades que vi ao assistir. Ainda acho que a Warner/DC está muito covarde com seu material e não sabem o que fazer pra ter a chave do sucesso e remodelaram MUITA coisa aqui para retirar o tom sombrio e realista inicial pra deixar mais divertidinho e mais “teen”. Por que por alguma razão sombrio e realista foi o motivo das pessoas não terem gostado de Batman VS Superman (em parte talvez sim, mas não a verdadeira RAZÃO).
E isso afeta o mesmo já que vemos uns personagens recebendo mais destaque que outros e alguns que estão ali só pra completar o espaço vazio. O coitado do Adam Beach que já é um ator que se comprovou muito talentoso em alguns filmes e só ta aqui pra morrer em menos de 5 minutos de filme. E você goste ou não do Jared Leto como ser humano não vá logo julgar o Coringa dele por isso. O cara nem sequer teve tempo no filme de mostrar algo de relevante ao papel, se bem que ele tem dois momentos bem legais no filme que me deixaram querendo ver mais dele. Gostei bastante de ver ele imitando um pouco da voz do Coringa de Mark Hammil (a melhor personificação do Coringa). Mas querer comparar ele com Heath Ledger ou Jack Nicholson é RIDICULO.
O próprio diretor David Ayer que acho um diretor bem decente teve seu trabalho remexido e obrigado a refaze-lo e a remonta-lo pra soar mais “cabível” nos padrões genéricos de filmes de super-heróis com uma edição super ultra picotada e claramente cortando momentos chaves do filme, e o ritmo do filme fica uma verdadeira confusão, horas apressado e horas lento. E sua direção acaba no final soando muito genérica, coisa que desse diretor já vi mais ousadia e variedade. Se bem que gostei muito do cenário “Fuga de Nova York” que ele colocou os vilões tendo que entrar e sair sobrevivendo aos perigos iminentes a cada esquina. Junto com algumas cenas de ação bem decentes.
E isso é uma pena com um elenco que está MARAVILHOSO. E os momentos dos personagens juntos com seus diálogos rápidos e interações são simplesmente tocantes e dá gozo assistir até o final só por cada um ali. Viola Davis metendo medo na minha alma mais que a coitada da vilã de Cara Delavigne; Will Smith sendo um Pistoleiro malicioso e altamente carismático; Margot Robbie capturando todas as facetas de personalidade e história da Arlequina com PERFEIÇÃO, e outros como Joel Kinnaman e Jay Hernandez que me agradaram demais em seus papéis. Pena que Jai Courtney, Adewale Akinnuoye-Agbaje e Karen Fukuhara que mostraram em pequenos momentos terem MUITO potencial ficam encobertos pelo destaque de ambos Pistoleiro do Smith e Arlequina de Robbie.
Ver qualidades num filme supostamente ruim agora é querer forçar a barra? Você pode ver pontos positivos em filmes como “Milagre de Sant’Anna” ou “Resident Evil” que eu não vejo, mas respeito seu gosto. Filmes afetam cada um de nós de uma forma diferente e veremos qualidades que outros não vêem (ou se recusam a ver). Assim como respeito quem goste ou desgoste desse filme, mas vir insultar quem gosta NÃO ME FALE PRA TER PACIÊNCIA. E também por favor não vá insultar que não gostou por que também já é pagar vexame.
Esquadrão Suicida não chega perto de ser um “guilty pleasure” meu pois eu realmente gostei, gostei muito até do filme. Estou mais do que disposto e apto a ver e rever o filme pelos excelentes personagens e atores. Mas sei reconhecer que tem seus erros e deslizes feios cometidos por um estúdio covarde que tem que ouvir a verdadeira voz da razão que é dar liberdade pra seus diretores talentosos e saber construir seu universo sem pressa de sucesso e medo do fracasso, e entregar os filmes que seus personagens fantásticos merecem!
Operação Invasão 2
4.1 365 Assista AgoraNão é a toa que muitos críticos consideram que o melhor cinema de ação atual é o asiático. O diretor Johnnie To o prova com o recente "Drug War" e ambos "Eleição" (Submundo do poder e A Tríade) de 2005. John Woo já o provava desde "O Matador", "Alvo Duplo 1 e 2", "Fervura Máxima" e o recente Batalha dos três reinos". Sem mencionar Zhang Yimou e seus extravagantes filmes de artes marciais como "A Maldição da Flor Dourada"; "O Clã das adagas voadoras" e "Herói". Mas o público internacional teria maior noção disso quando "Operação Invasão" estreou no Festival Internacional de Cinema de Toronto em 2011 e foi um sucesso de crítica internacional e um modesto sucesso financeiro fora da Indonésia que foi o bastante para o galês Gareth Evans nos presentear com sua continuação.
Enquanto o primeiro filme era "Duro de Matar" metade Jackie Chan bem sangrento e brutal. Ou seja, porradaria e tiroteio dentro de cubículos do início ao fim, que até tinha uma história de corrupção e família decente, mas que era mais usada como um pano de fundo (bem fundo) para a ação extravagante. Já aqui temos exatamente o contrário. Diretor e roteirista Gareth Evans aqui consegue montar uma história bem decente de policial infiltrado na máfia com busca de vingança e luta por poder, fazendo uma ótima mistura de "Donnie Brasco" e "Conflitos Internos" com "O Pagamento final" e "Poderoso Chefão 2" junto com todas as artes marciais "pencak silat" indonésia e brutalidade do primeiro filme.
Alguns podem até achar essa manobra de misturar ação com drama um artifício trapaceiro para deixar a ação mais "artística" como Luc Besson faz em seus filmes como "Lucy" de forma bem razoável. E sim, a história tem um tom tão sério com a narrativa se preocupando em desenvolver suas personagens, levantando metáforas e intertextualidade sobre o destino de cada um no mundo crime e a busca pelo poder, que a porradaria brutal estilo Jackie Chan parece ficar quase sem noção. Afinal como raio quase todas as personagens sabem lutar "pencak silat" (arte marcial Indonésia presente no filme)???!!!!! Mas não posso reclamar quando ambas as facetas do filme são bem trabalhadas.
Evans consegue dozar bons momentos de diálogo prendendo a atenção do público a todo o tempo, onde as duas horas e meia passam voando. Novas personagens são bem adicionadas, principalmente Reza (Roy Marten) o misterioso vilão e Uco ( Arifin Putra) o jovem filho do chefão do crime que rouba a cena graças ao carisma. Talvez um ou dois personagens fiquem fora de lugar como Prakoso ( Yayan Ruhian que interpretou o vilão Mad Dog no primeiro filme e é o instrutor das lutas presentes no filme). E outros que servem apenas pra fazer frente ameaçadora a Rama ( Iko Uwais) que evoluiu muito em nível de atuação em comparação ao primeiro filme, que mais uma vez dá um show de fodice (perdoe o linguajar) nas cenas de ação.
Ação esta extremamente bem conduzida que supera o primeiro filme e infinitamente a muitos filmes de ação recentes. Evans faz uma mistura incrível de planos longos e montagem rápida num ritmo e timing perfeitos. Onde garrafas, tacos de beisebol e martelos sendo usados como armas; ossos são quebrados e muito sangue jorra na nossa cara. Combinado com as incríveis coreografias que desafiam tudo que já vimos de Bruce Lee e Jackie Chan.
"Operação Invasão 2" é uma continuação digna. Um filme feito por um diretor que sabe o que quer dar ao público, reflexão e diversão. Mesmo que exagere um pouco na sua dramaticidade e abundância de personagens, ao menos o faz com estilo e entrega uma boa história de crime e um filme de ação inesquecível.