Michel Foucault uma vez escreveu: “Eu, ao contrário, oporia a experiência à utopia. A sociedade futura se esboça, talvez, através das experiências como a droga, o sexo, a vida comunitária, outra consciência, outro tipo de individualidade... Se o socialismo científico, no século XIX, derivava das utopias, a socialização real talvez, no século XX, se derivará das experiências”. Um ativista dos direitos humanos algum tempo depois, no documentário brasileiro "Utopia e Barbárie" afirma em tom de desafio e com lágrimas nos olhos contra o regime militar: “Bárbaro! Não se matam as ideias.” Ligo essas duas frases exatamente para falar sobre o documentário, que assisti há pouco tempo, e que me parece ser de extrema importância. O documentário de Silvio Tendler tem como tarefa apresentar os movimentos que pretendiam transformar o mundo (utopia) no pós-segunda guerra e as forças contrárias que os acompanharam (a barbárie). O documentário adentra desde as revoluções socialistas, passando pelos movimentos de contracultura e suas barricadas de desejos, até quando nossa democracia é destruída e, enfim, reconquistada a custa de muita luta. Aliás, a discussão e os depoimentos sobre a ditadura militar no Brasil e na América Latina se configuram, em minha opinião, como o ponto alto do documentário. E isso por dois motivos. Primeiro, porque é de suma importância tomar conhecimento dos eventos nefastos que aconteceram após 1964. E segundo porque, revisitando tais eventos nebulosos, impede-se que tais horrores voltam a ocorrer. É uma espécie de aviso contra esse espectro sinistro e nebuloso que vez ou outra vem nos rondar. Ora, acredito também que o que fica implícito no documentário é a necessidade de repensar o rumo da esquerda, isto é, para onde vai a esquerda? Como bem lembra Ruy Fausto, o século XX “mais do que o século XIX, sem dúvida, foi o tempo dos ideais instrumentalizados, dos projetos generosos postos de cabeça para baixo, dos quiproquós políticos”. Isso, sem sombra de dúvida, se evidencia no documentário de Tindler. Entretanto, será que com o fim dos despotismos burocráticos que se pretendiam de esquerda nos levam, necessariamente, para usar uma expressão do filósofo Claude Lefort, a se refugiar numa visão religiosa ou moral do mundo? Acredito realmente que não e que, como apontam Ruy e Lefort, esse fato incita a procurar novos meios de pensamento e de ação e uma nova reflexão sobre a esquerda em geral. O que se vê através das imagens do documentário são jovens, homens e mulheres, preocupados em transformar a realidade e o mundo em que vivem. Justiça, igualdade, liberdade, condições de acessibilidade para todos. Ora, mas esses não são os traços que unem o pensamento das esquerdas? O que as unem não é o fato de que todas elas lutam por uma transformação, uma negação, uma contestação da situação humana resultante de algumas formas das estruturas da vida social? Se isso é correto, penso que é necessário e urgente forjar meios novos de pensamentos e ação. Foi por isso que citei Foucault no começo. Deixando de lado aqui a discussão sobre o conceito de experiência, Foucault nos oferece um pensamento comprometido com esses ideais sem precisar, no entanto, se comprometer com nenhum regime ou Partido. Talvez essa sua “sociedade futura que se esboça” seja a nossa, nossa época, nosso tempo e que, pelas diversas formas de possibilidades de socialização (sobre isso seria ótimo assistir ao filme “Tatuagem”) possamos atingir o tempo em a existência de cada um seja reconhecida como essencialmente a plenitude da liberdade de cada um e de todos.
Ontem assisti 'Tatuagem' e posso dizer, com certeza, que é um dos melhores filmes que já assisti. O cinema brasileiro deveria ser mais reconhecido; havia meia dúzia na sala de cinema. O filme é maravilhoso em vários sentidos, desde os atores, passando pela fotografia até a direção. Entretanto, o que impressiona é seu potencial de contestação. Nele, o corpo é visto como superfície de resistência, de rebeldia e, não menos importante, de festa. Foucault, em seus últimos textos, nos lembra da possibilidade de criarmos uma vida outra, de criarmos uma estética da existência, onde o sexo e a sexualidade é local privilegiado; é isso, talvez, o que o filme apresenta. E, tal como o soldado do filme de Pasolini que pego em delito sabe que vai morrer, usa do próprio corpo e levanta a mão esquerda, em sinal de rebeldia contra ao fascismo. O corpo é o único e último recurso para o soldado de Saló, e talvez seja também para nós. E se só o cu salva, é preciso não esquecer: “O símbolo da liberdade é o cu, pois é democrático e todo mundo tem”.
Àqueles que afirmam que o filme é "superficial", "raso" ou "vazio", só se pode dizer uma coisa: ele realmente é. Mas não pelos motivos que essas pessoas acreditam. Ele é conscientemente vazio porque, mais uma vez, Sofia Coppola pretende mostrar o vazio existencial que nos espreita. As personagens de "The Bling Ring" somos nós - pelo menos a maior parte de nós. Mais uma vez Sofia nos apresenta a solidão e a vontade de pertencer à algum lugar. Nesse filme o personagem de Israel Broussard é um exemplo disso. Ademais, não foi sobre isso (além de outros aspectos) a personagem de Scarlett Johansson em "Encontros e desencontros"? Ou de Stephen Dorff em "Um lugar qualquer"? A verdade é que o vazio proposital acaba por entendiar aqueles que não tem a capacidade para perceber o potencial crítico, o diagnóstico do presente e a ironia do filme. "The Bling Ring", assim como muitos dos outros filmes de Sofia, é a encarnação da ironia e o retrato de um vazio que é o nosso. E que, quem sabe, nunca será preenchido.
"O som ao redor" é uma miscelânea de assuntos importantes e que a grande mídia brasileira (sempre calcada em um discurso de progresso sem medidas) insiste em passar por cima. Talvez o filme peque em tratar vários assuntos ao mesmo tempo tornando-o lento em alguns momentos. Mas nada disso compromete a beleza e a crítica tão bem formulada. O filme faz com maestria o escancaramento do proto-fascismo da classe média, das desigualdades entre classes, da violência latente, até culminar no tema do recalque da verdade. Sobre esse último tema recomendo fortemente o artigo da psicanalista Maria Rita Kehl, integrante da Comissão Nacional da Verdade, escrito para a Folha, onde ela descreve com uma lucidez sem igual a relação perversa entre o encobrir, recalcar a verdade e seus efeitos sintomáticos. Efeitos vistos até mesmo na sociedade, como o filme (que a Maria Rita cita) mostrou.
É um bom filme apesar de tremendamente previsível. Antes do quinze minutos já-se adivinha o filme todo. Serve pelo menos pra assistir por um viés psicanalítico e o final é razoável.
Achei uma ótima continuação de "Felicidade". Mas ao contrário desse, que em muitos momentos era leve apesar dos vários momentos e diálogos pesados, "A vida durante a guerra" é deliciosamente melancólico.
Realmente não entendo as pessoas que afirmam "é só um filme pra chocar". Evidentemente essas pessoas não percebem o potencial crítico e contestador do filme. Na minha opinião poucos filmes tem o mérito de funcionar com metáforas. "Saló" com o sexo como metáfora para o poder e "Melancolia" com o planeta como metáfora para a morte, são, no meu entender dois grandes exemplos. Esse filme será reconhecido com toda sua força, como Pasolini o concebeu, quando as pessoas pararem de ver apenas indivíduos comendo merda e sendo vítimas das mais inimagináveis torturas. O sexo como metáfora para o poder não poderia funcionar melhor. Funciona tão bem quanto o próprio livro de Sade. Incrível como muitos dos espectadores desse filme não conseguem ultrapassar a barreira do "bizarro, nojento" etc. Não esqueçamos que a crítica às instituições são nítidas: temos um presidente, um juiz, um duque e um bispo. Representantes do que poderíamos dizer "do" poder. Caricaturando o marxismo o filme apresenta as duas classes: os que tem e os que não tem poder. Lembrando que o próprio Pasolini se intitulava comunista. Enfim, em uma cena extremamente significativa, depois do juiz açoitar uma vítima, o duque se dirige à ele e diz: "Sua excelência, está convencido? Só quando vejo a degradação dos outros é que me alegro, sabendo que é melhor ser eu, do que a escória do povo." Ou seja, só quem vê apenas coprofagia não consegue entender: o filme é um manifesto político nítido, onde o que está sendo denunciado é o abuso de poder de uma sociedade desigual.
Louis Garrel, Catherine Deneuve, Chiara Mastroianni, Christophe Honoré, Paris, Londres: só posso dizer que fiquei perdidamente apaixonado por esse filme!
Ao contrário de muita gente, acredito que o filme é muito bom. Retrato (talvez um pouco estereotipado) de uma geração e da juventude em geral. Desde o começo, mas principalmente na cena em que Dark fala com sua câmera/diário vemos as desilusões da juventude. "Em minha vida nunca me senti tão deprimido e sozinho", diz o personagem. Sua voz me pareceu ser a voz de todos os personagens que ao longo do filme parecem estar procurando algo. "Estou perdido. Tenho 18 anos e já estou perdido", continua falando o personagem para seu diário. As "porraloquices" que acontecem no filme - elevadas ao extremo - são as loucuras que fazemos procurando descobrir o que somos e o que queremos da vida e do mundo. Quanto ao estilo trash do filme, não acredito ser um problema. Quem disse que pra ser contada uma história ela precisa ler limpa, bem educada, com muita sanidade? Quem sabe a genialidade do Gregg Araki esteja realmente no modo como seus filmes são concebidos.
O filme é muito bom, muito bem realizado. O único problema é o final bem direcionado: praticamente quiseram empurrar que os participantes do grupo se suicidaram quando na realidade a polêmica sobre isso continua até hoje.
Esse filme me deixou muito mal, como pouquíssimos filmes já me deixaram. Fantástico e surpreendente são as únicas coisas que posso dizer no momento! Mas a história é riquíssima!
Acho que uma das melhores críticas à televisão que vi foi nesse filme! O diretor cria toda uma atmosfera por meio de metáforas, linguagem e alegorias que não te deixam parar de assistir. Tive até medo de olhar pra tela da televisão quando passava pela sala rs
Gostei tanto da primeira como da segunda versão (que são praticamente iguais). Mas pessoalmente achei esse melhor que o outro, talvez porque goste muito da Naomi Watts, do Michael Pitt e do Brady Corbet. Enfim, Michael Haneke sabe como ninguém fazer filmes psicológicos em todos os sentidos do termo "psicológico".
Há muitas palavras para descrever esse filme, mas a palavra que eu acredito ser a que mais exemplifica o filme é emocionante. Por meio das personagens, conhecemos mulheres fortes, lindas e que apenas pela cor de suas pelas são consideradas cidadãs de segunda classe. O filme consegue transmitir de modo brilhante o sofrimento, as dores, as esperanças e é como se nós mesmos nos tornássemos elas e assim sofremos, nos emocionamos e temos esperança junto com elas. Revoltante em muitas partes sim (chorei quase o filme todo), mas a esperança em dias melhores também permeia o filme. E no final só queremos dar um abraço nessas mulheres e dizer que tudo ficará bem!
Utopia e Barbárie
4.5 85Michel Foucault uma vez escreveu: “Eu, ao contrário, oporia a experiência à utopia. A sociedade futura se esboça, talvez, através das experiências como a droga, o sexo, a vida comunitária, outra consciência, outro tipo de individualidade... Se o socialismo científico, no século XIX, derivava das utopias, a socialização real talvez, no século XX, se derivará das experiências”. Um ativista dos direitos humanos algum tempo depois, no documentário brasileiro "Utopia e Barbárie" afirma em tom de desafio e com lágrimas nos olhos contra o regime militar: “Bárbaro! Não se matam as ideias.” Ligo essas duas frases exatamente para falar sobre o documentário, que assisti há pouco tempo, e que me parece ser de extrema importância.
O documentário de Silvio Tendler tem como tarefa apresentar os movimentos que pretendiam transformar o mundo (utopia) no pós-segunda guerra e as forças contrárias que os acompanharam (a barbárie). O documentário adentra desde as revoluções socialistas, passando pelos movimentos de contracultura e suas barricadas de desejos, até quando nossa democracia é destruída e, enfim, reconquistada a custa de muita luta. Aliás, a discussão e os depoimentos sobre a ditadura militar no Brasil e na América Latina se configuram, em minha opinião, como o ponto alto do documentário. E isso por dois motivos. Primeiro, porque é de suma importância tomar conhecimento dos eventos nefastos que aconteceram após 1964. E segundo porque, revisitando tais eventos nebulosos, impede-se que tais horrores voltam a ocorrer. É uma espécie de aviso contra esse espectro sinistro e nebuloso que vez ou outra vem nos rondar.
Ora, acredito também que o que fica implícito no documentário é a necessidade de repensar o rumo da esquerda, isto é, para onde vai a esquerda? Como bem lembra Ruy Fausto, o século XX “mais do que o século XIX, sem dúvida, foi o tempo dos ideais instrumentalizados, dos projetos generosos postos de cabeça para baixo, dos quiproquós políticos”. Isso, sem sombra de dúvida, se evidencia no documentário de Tindler. Entretanto, será que com o fim dos despotismos burocráticos que se pretendiam de esquerda nos levam, necessariamente, para usar uma expressão do filósofo Claude Lefort, a se refugiar numa visão religiosa ou moral do mundo? Acredito realmente que não e que, como apontam Ruy e Lefort, esse fato incita a procurar novos meios de pensamento e de ação e uma nova reflexão sobre a esquerda em geral.
O que se vê através das imagens do documentário são jovens, homens e mulheres, preocupados em transformar a realidade e o mundo em que vivem. Justiça, igualdade, liberdade, condições de acessibilidade para todos. Ora, mas esses não são os traços que unem o pensamento das esquerdas? O que as unem não é o fato de que todas elas lutam por uma transformação, uma negação, uma contestação da situação humana resultante de algumas formas das estruturas da vida social? Se isso é correto, penso que é necessário e urgente forjar meios novos de pensamentos e ação. Foi por isso que citei Foucault no começo. Deixando de lado aqui a discussão sobre o conceito de experiência, Foucault nos oferece um pensamento comprometido com esses ideais sem precisar, no entanto, se comprometer com nenhum regime ou Partido. Talvez essa sua “sociedade futura que se esboça” seja a nossa, nossa época, nosso tempo e que, pelas diversas formas de possibilidades de socialização (sobre isso seria ótimo assistir ao filme “Tatuagem”) possamos atingir o tempo em a existência de cada um seja reconhecida como essencialmente a plenitude da liberdade de cada um e de todos.
Tatuagem
4.2 923Ontem assisti 'Tatuagem' e posso dizer, com certeza, que é um dos melhores filmes que já assisti. O cinema brasileiro deveria ser mais reconhecido; havia meia dúzia na sala de cinema. O filme é maravilhoso em vários sentidos, desde os atores, passando pela fotografia até a direção. Entretanto, o que impressiona é seu potencial de contestação. Nele, o corpo é visto como superfície de resistência, de rebeldia e, não menos importante, de festa. Foucault, em seus últimos textos, nos lembra da possibilidade de criarmos uma vida outra, de criarmos uma estética da existência, onde o sexo e a sexualidade é local privilegiado; é isso, talvez, o que o filme apresenta. E, tal como o soldado do filme de Pasolini que pego em delito sabe que vai morrer, usa do próprio corpo e levanta a mão esquerda, em sinal de rebeldia contra ao fascismo. O corpo é o único e último recurso para o soldado de Saló, e talvez seja também para nós.
E se só o cu salva, é preciso não esquecer: “O símbolo da liberdade é o cu, pois é democrático e todo mundo tem”.
Bling Ring - A Gangue de Hollywood
3.0 1,7K Assista AgoraÀqueles que afirmam que o filme é "superficial", "raso" ou "vazio", só se pode dizer uma coisa: ele realmente é. Mas não pelos motivos que essas pessoas acreditam. Ele é conscientemente vazio porque, mais uma vez, Sofia Coppola pretende mostrar o vazio existencial que nos espreita. As personagens de "The Bling Ring" somos nós - pelo menos a maior parte de nós. Mais uma vez Sofia nos apresenta a solidão e a vontade de pertencer à algum lugar. Nesse filme o personagem de Israel Broussard é um exemplo disso. Ademais, não foi sobre isso (além de outros aspectos) a personagem de Scarlett Johansson em "Encontros e desencontros"? Ou de Stephen Dorff em "Um lugar qualquer"?
A verdade é que o vazio proposital acaba por entendiar aqueles que não tem a capacidade para perceber o potencial crítico, o diagnóstico do presente e a ironia do filme. "The Bling Ring", assim como muitos dos outros filmes de Sofia, é a encarnação da ironia e o retrato de um vazio que é o nosso. E que, quem sabe, nunca será preenchido.
Tom na Fazenda
3.7 369 Assista AgoraGente: http://tetu.yagg.com/2013/07/25/tom-a-la-ferme-de-xavier-dolan-sera-presente-a-venise/
O Som ao Redor
3.8 1,1K Assista Agora"O som ao redor" é uma miscelânea de assuntos importantes e que a grande mídia brasileira (sempre calcada em um discurso de progresso sem medidas) insiste em passar por cima. Talvez o filme peque em tratar vários assuntos ao mesmo tempo tornando-o lento em alguns momentos. Mas nada disso compromete a beleza e a crítica tão bem formulada. O filme faz com maestria o escancaramento do proto-fascismo da classe média, das desigualdades entre classes, da violência latente, até culminar no tema do recalque da verdade. Sobre esse último tema recomendo fortemente o artigo da psicanalista Maria Rita Kehl, integrante da Comissão Nacional da Verdade, escrito para a Folha, onde ela descreve com uma lucidez sem igual a relação perversa entre o encobrir, recalcar a verdade e seus efeitos sintomáticos. Efeitos vistos até mesmo na sociedade, como o filme (que a Maria Rita cita) mostrou.
A Liberdade é Azul
4.1 650 Assista Agora- Você me salvou a vida.
- Mas eu não fiz nada.
- Eu lhe pedi e você veio. É a mesma coisa!
A Inocente Face do Terror
3.7 102 Assista AgoraÉ um bom filme apesar de tremendamente previsível. Antes do quinze minutos já-se adivinha o filme todo. Serve pelo menos pra assistir por um viés psicanalítico e o final é razoável.
A Vida Durante a Guerra
3.3 117Achei uma ótima continuação de "Felicidade". Mas ao contrário desse, que em muitos momentos era leve apesar dos vários momentos e diálogos pesados, "A vida durante a guerra" é deliciosamente melancólico.
Salò, ou os 120 Dias de Sodoma
3.2 1,0KRealmente não entendo as pessoas que afirmam "é só um filme pra chocar". Evidentemente essas pessoas não percebem o potencial crítico e contestador do filme. Na minha opinião poucos filmes tem o mérito de funcionar com metáforas. "Saló" com o sexo como metáfora para o poder e "Melancolia" com o planeta como metáfora para a morte, são, no meu entender dois grandes exemplos.
Esse filme será reconhecido com toda sua força, como Pasolini o concebeu, quando as pessoas pararem de ver apenas indivíduos comendo merda e sendo vítimas das mais inimagináveis torturas. O sexo como metáfora para o poder não poderia funcionar melhor. Funciona tão bem quanto o próprio livro de Sade. Incrível como muitos dos espectadores desse filme não conseguem ultrapassar a barreira do "bizarro, nojento" etc.
Não esqueçamos que a crítica às instituições são nítidas: temos um presidente, um juiz, um duque e um bispo. Representantes do que poderíamos dizer "do" poder. Caricaturando o marxismo o filme apresenta as duas classes: os que tem e os que não tem poder. Lembrando que o próprio Pasolini se intitulava comunista. Enfim, em uma cena extremamente significativa, depois do juiz açoitar uma vítima, o duque se dirige à ele e diz: "Sua excelência, está convencido? Só quando vejo a degradação dos outros é que me alegro, sabendo que é melhor ser eu, do que a escória do povo." Ou seja, só quem vê apenas coprofagia não consegue entender: o filme é um manifesto político nítido, onde o que está sendo denunciado é o abuso de poder de uma sociedade desigual.
Bem Amadas
3.5 254Louis Garrel, Catherine Deneuve, Chiara Mastroianni, Christophe Honoré, Paris, Londres: só posso dizer que fiquei perdidamente apaixonado por esse filme!
Direito de Amar
4.0 1,1K Assista Agora"Viver no passado é o meu futuro."
Para Roma Com Amor
3.4 1,3K Assista AgoraPenélope Cruz <3
Estrada para Lugar Nenhum
3.8 97Ao contrário de muita gente, acredito que o filme é muito bom. Retrato (talvez um pouco estereotipado) de uma geração e da juventude em geral. Desde o começo, mas principalmente na cena em que Dark fala com sua câmera/diário vemos as desilusões da juventude. "Em minha vida nunca me senti tão deprimido e sozinho", diz o personagem. Sua voz me pareceu ser a voz de todos os personagens que ao longo do filme parecem estar procurando algo. "Estou perdido. Tenho 18 anos e já estou perdido", continua falando o personagem para seu diário. As "porraloquices" que acontecem no filme - elevadas ao extremo - são as loucuras que fazemos procurando descobrir o que somos e o que queremos da vida e do mundo.
Quanto ao estilo trash do filme, não acredito ser um problema. Quem disse que pra ser contada uma história ela precisa ler limpa, bem educada, com muita sanidade? Quem sabe a genialidade do Gregg Araki esteja realmente no modo como seus filmes são concebidos.
O Grupo Baader Meinhof
4.0 174O filme é muito bom, muito bem realizado. O único problema é o final bem direcionado: praticamente quiseram empurrar que os participantes do grupo se suicidaram quando na realidade a polêmica sobre isso continua até hoje.
Minha Pequena Princesa
3.8 66Como a Isabelle Huppert consegue ser sempre perfeita? Esplêndido esse filme!
Mártires
3.9 1,6KEsse filme me deixou muito mal, como pouquíssimos filmes já me deixaram. Fantástico e surpreendente são as únicas coisas que posso dizer no momento! Mas a história é riquíssima!
Videodrome: A Síndrome do Vídeo
3.7 547 Assista AgoraAcho que uma das melhores críticas à televisão que vi foi nesse filme! O diretor cria toda uma atmosfera por meio de metáforas, linguagem e alegorias que não te deixam parar de assistir. Tive até medo de olhar pra tela da televisão quando passava pela sala rs
Kaboom
2.8 386Achei bom. Ok, é uma mistura de tudo realmente, mas tem algo ali que deixa essa mistura boa. Ah, e a trilha sonora é ótima!
O Império dos Sentidos
3.3 307 Assista AgoraA frase dita por Kichizo para Sada bem no começo do filme define: "A vida é feita para o prazer."
Contágio
3.2 1,8K Assista AgoraPelo menos o final é bom!
Violência Gratuita
3.4 1,3KGostei tanto da primeira como da segunda versão (que são praticamente iguais). Mas pessoalmente achei esse melhor que o outro, talvez porque goste muito da Naomi Watts, do Michael Pitt e do Brady Corbet. Enfim, Michael Haneke sabe como ninguém fazer filmes psicológicos em todos os sentidos do termo "psicológico".
O Último Exorcismo
2.2 1,8K Assista AgoraPéssimo. Essa palavra define este filme pra mim.
Histórias Cruzadas
4.4 3,8K Assista AgoraHá muitas palavras para descrever esse filme, mas a palavra que eu acredito ser a que mais exemplifica o filme é emocionante. Por meio das personagens, conhecemos mulheres fortes, lindas e que apenas pela cor de suas pelas são consideradas cidadãs de segunda classe. O filme consegue transmitir de modo brilhante o sofrimento, as dores, as esperanças e é como se nós mesmos nos tornássemos elas e assim sofremos, nos emocionamos e temos esperança junto com elas. Revoltante em muitas partes sim (chorei quase o filme todo), mas a esperança em dias melhores também permeia o filme. E no final só queremos dar um abraço nessas mulheres e dizer que tudo ficará bem!
O Lutador
4.0 912O filme é maravilhoso assim como a trilha sonora!