Sobre ser uma mulher na sombra de um homem. Sofia entende de finais sutis, sabe extrair o máximo de força das imagens mais banais. Priscilla se despedindo dos habitantes da casa e I will always love you, na voz de Dolly Parton de trilha sonora é uma pedrada. Me recompondo aqui.
O tipo de filme que seria exibido na Sessão da Tarde. É legalzinho, sobre pessoas que salvam a pele uma da outra. A forma como a narrativa é conduzida é bem leve, apesar daquilo que as personagens carregam.
Me parece estranho associar a independência feminina à experimentação sexual desordenadamente ingênua (é transando que supero o patriarcado, mermão, feminismo vaginal!)... sei lá, esse pensamento me parece um tanto quanto ultrapassado. É curioso também que o autor tenha dado o nome da personagem de Bella.
Me parece um filme criado pra uma geração tiktoker, cognitivamente limitada, e pós-gaga (acostumada com imagens "chocantes", mas pouco reveladoras).
Curiosidade: Rita Lee criou, em 1984, na música Gloria F uma espécie de Frankenstein fêmea que escapou de um suicídio pelas mãos de outrem. São linguagens diferentes, mas eu acho a música de Rita mais orgânica, mais verdadeira.
O roteiro é interessante até degringolar nos dois episódios finais. Tinha tudo pra ser uma Bates Motel, inovando na questão de como a psique das pessoas pretas são afetadas pelo racismo, mas acaba apelando pra demonstrar como a família pira por conta de forças malignas. Bah!
a) o roteiro é bem previsível, mas diverte. b) há um certo grau de moralismo barato; obedeça seus pais ou você se dará mal. c) há uma metáfora interessante para o modo como levamos a vida; e se fôssemos nós as galinhas da granja feliz, entupidas de dispositivos-coleiras (remédios, harmonizações, filtros e fantasias diversas) que nos anestesiam (e que nos fazem só aparentemente felizes). E se formos nós os inseridos em um mundo de completa artificialidade? d) os filmes e a arte produzida para as crianças têm uma força incrível para discutirmos certas coisas.
Fiz associações com a liberação/guinada sexual que começou a ocorrer na década de 60 na Europa e se espalhou pelo ocidente. O vírus é uma espécie de metáfora para a ideia de que todo sexo é permitido, até aqueles tipos mais "crip". A suruba no final carrega a mensagem do filme; "everything is possible!"
O único aspecto que o documentário tornou evidente (muito mal e de maneira rasa, por sinal, mas que não percebi na época do acontecimento) é como o público tomava a condenação como uma revanche em relação aos assassinos e como isso tem relação com as malhações públicas da idade média (com a diferença de que aqui a mídia mediatizou o caso, conduziu-o, apresentou-o e expandiu-o de maneira bastante peculiar). Fora isso é algo muito ruim. Se trata de um compêndio de reportagens da época sem algo novo.
Os filmes de PTA são muito dependentes do verbo, de um jogo rápido, intenso e provocativo de palavras... os diálogos como metralhadoras disparando incessantemente. Nesse sentido é horroroso assistir legendado, mesmo conhecendo a língua num nível intermediário. Você perde muita coisa, deixa muita coisa passar... Esse pra mim não deu, quero ver de novo no futuro e ver no que dá, mas fui muito incompetente aqui (sim, queria ver dublado também) kkk.
Dolan é ótimo em estampar os problemas do gay branco de classe média. Nesse sentido, o texto teatral de Marc Bouchard (yes, é uma adaptação!) cai como uma luva nas suas mãos. Temos aqui, como em Matthias & Maxime, um homem gay que consegue desestabilizar a sexualidade de um homem que se acredita heterossexual. Tem umas cenas bonitas, umas cenas fortes... gera algumas sensações, mas não me tocou.
Um retrato frio do vício e do processo de zumbificação provocado pela heroína.
É curioso que o longa tenha se tornado, na mão de escolas e/ou igrejas evangélicas, um documento para ser exibido aos adolescentes tendo em vista "alertá-los contra o uso de drogas". Se isso acontece é porque ele oferece uma perspectiva quase unilateral e autoritária acerca das drogas. Observem que mesmo o prazer que os personagens sentem ao usar heroína é um prazer-quase-sem-prazer, um prazer desprovido de delícia... Eu acho curioso essa representação e acredito que ela aponta uma pulsão "moralizante" por parte dos realizadores. Os ataques de abstinência de F. e o seu namorado são quase uma caricatura do que de fato é um processo de abstinência (em contrapartida temos o realismo bruto dos personagens injetando os "picos").
Uma cena absurdamente linda e orgânica; quando os jovens caminham pela cidade, caem e se levantam num ímpeto de alegria e felicidade.
Poesia estonteante. É sobre a imposição social da masculinidade, perda, perdão, automutilação (alguém que tenta se encaixar a todo custo e sofre uma consequência severa ao longo dessa tentativa) e tantas outras coisas.
1) quando a mãe de Rémi encontra Leo no treino de hóquei e diz que ele aparenta ser muito forte naquele uniforme (o uniforme, aquela carapaça que ele decidiu vestir para esconder-se, mascara toda a fragilidade dele que, sabemos, está prestes a transbordar).
2) o abraço de Leo e a mãe de Rémi na penúltima cena do longa.
3) a cena de abertura dos meninos correndo entre as flores... o ápice da alegria e da felicidade... a cena final de Leo correndo pelo mesmo campo agora sozinho. Dentre tantas outras.
Bizarro porque é uma produção totalmente voltada para demonizar a imagem de um país. O povo que assiste isso sem senso crítico é o mesmo que daqui a 10 anos, em uma possível guerra, tá discursando a favor ou pegando nas armas contra a Rússia ou algum país oriental.
Lamentável. Um descompromisso total e gigantesco com o gênero documentário.
É sobre tantas coisas, mas eu foquei na questão da coreografia e da dança. É sobre sentir algo (neste caso a dor da perda) e externalizar este algo a partir da dança e do movimento do corpo. Os três quadros mostram processos de identificação com "La mère", de Isadora Ducan, que compôs a peça depois que seus dois filhos morreram em um acidente de carro (não tá no filme mas a própria Isadora também morreu de acidente de carro aos 50 anos, coincidência?). O terceiro quadro é emblemático, mostra uma espectadora tocada pela criação que assistira (outro aspecto do coreográfico, afinal, toda coreografia tem o propósito de ser apreciada). Quanto aos aspectos formais ele flerta com a lógica própria da pintura e da fotografia (é extremamente contemplativo). É todo orquestrado no tempo próprio da dor-sofrimento (lenta... nenhuma dor, ao meu ver, passa rápido, algumas aliás nunca passam).
Interessante. Toca em que temas urgentes como; a) identidade (é como se Signe só se tornasse ela mesma e, portanto, saísse da sombra do seu "homem", após a intoxicação voluntária que dará uma nova/outra forma a seu corpo/rosto).
b) ser notado em um mundo que hipervaloriza a fama (e onde, em contrapartida, quem não aparece não é ninguém).
c) o narcisismo (o namorado parece só se importar com ele mesmo e Signe também vibra sintomas narcísicos ao se colocar sempre em primeiro lugar para chamar os olhares para si).
A construção formal do filme é bem interessante, o diretor intercala as cenas com os delírios de Signe que por sinal são bem reveladores. Há também elementos do body horror, o que auxilia na percepção da "mensagem/conteúdo" do filme.
Obs: Signe é um nome usado nos países nórdicos e significa tanto "vitória" quanto "novidade/novo". Signe é essa figura, é a tentativa de vencer, de existir enquanto algo novo.
Ascensão e Queda: John Galliano
3.7 5 Assista AgoraSensível.
Priscilla
3.4 159 Assista AgoraSobre ser uma mulher na sombra de um homem. Sofia entende de finais sutis, sabe extrair o máximo de força das imagens mais banais. Priscilla se despedindo dos habitantes da casa e I will always love you, na voz de Dolly Parton de trilha sonora é uma pedrada. Me recompondo aqui.
Os Rejeitados
4.0 316O tipo de filme que seria exibido na Sessão da Tarde. É legalzinho, sobre pessoas que salvam a pele uma da outra. A forma como a narrativa é conduzida é bem leve, apesar daquilo que as personagens carregam.
Pobres Criaturas
4.2 1,1K Assista AgoraMe parece estranho associar a independência feminina à experimentação sexual desordenadamente ingênua (é transando que supero o patriarcado, mermão, feminismo vaginal!)... sei lá, esse pensamento me parece um tanto quanto ultrapassado. É curioso também que o autor tenha dado o nome da personagem de Bella.
Me parece um filme criado pra uma geração tiktoker, cognitivamente limitada, e pós-gaga (acostumada com imagens "chocantes", mas pouco reveladoras).
Curiosidade: Rita Lee criou, em 1984, na música Gloria F uma espécie de Frankenstein fêmea que escapou de um suicídio pelas mãos de outrem. São linguagens diferentes, mas eu acho a música de Rita mais orgânica, mais verdadeira.
Them (1ª Temporada)
4.1 538O roteiro é interessante até degringolar nos dois episódios finais. Tinha tudo pra ser uma Bates Motel, inovando na questão de como a psique das pessoas pretas são afetadas pelo racismo, mas acaba apelando pra demonstrar como a família pira por conta de forças malignas. Bah!
A Sociedade da Neve
4.2 710 Assista AgoraVale pelo impacto da crueza da história, mas acredito que tá longe de ser um grande filme.
Saltburn
3.5 846Oliver dançando Murder on The Dance Floor no final tinha tudo pra ser memorável, mas foi um fiasco. Não achei que ornou.
A Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets
3.4 229 Assista Agoraa) o roteiro é bem previsível, mas diverte.
b) há um certo grau de moralismo barato; obedeça seus pais ou você se dará mal.
c) há uma metáfora interessante para o modo como levamos a vida; e se fôssemos nós as galinhas da granja feliz, entupidas de dispositivos-coleiras (remédios, harmonizações, filtros e fantasias diversas) que nos anestesiam (e que nos fazem só aparentemente felizes). E se formos nós os inseridos em um mundo de completa artificialidade?
d) os filmes e a arte produzida para as crianças têm uma força incrível para discutirmos certas coisas.
A Freira 2
2.6 421 Assista AgoraGente que filme ruim.
Bem-Vindos a Bordo
3.3 35 Assista AgoraEu gostei. É sobre solidão (tá perto de gente e ao mesmo tempo tá só), sobre fuga...
Rotting in the Sun
3.5 82 Assista AgoraQue doideira boa. Pareceu que eu tava vendo um filme com uma estética stories de Instagram.
Calafrios
3.4 144 Assista AgoraFiz associações com a liberação/guinada sexual que começou a ocorrer na década de 60 na Europa e se espalhou pelo ocidente. O vírus é uma espécie de metáfora para a ideia de que todo sexo é permitido, até aqueles tipos mais "crip". A suruba no final carrega a mensagem do filme; "everything is possible!"
Isabella: O Caso Nardoni
3.1 127O único aspecto que o documentário tornou evidente (muito mal e de maneira rasa, por sinal, mas que não percebi na época do acontecimento) é como o público tomava a condenação como uma revanche em relação aos assassinos e como isso tem relação com as malhações públicas da idade média (com a diferença de que aqui a mídia mediatizou o caso, conduziu-o, apresentou-o e expandiu-o de maneira bastante peculiar). Fora isso é algo muito ruim. Se trata de um compêndio de reportagens da época sem algo novo.
Medusa Deluxe
3.2 19 Assista AgoraEsquisitamente gostoso de assistir.
Licorice Pizza
3.5 596Os filmes de PTA são muito dependentes do verbo, de um jogo rápido, intenso e provocativo de palavras... os diálogos como metralhadoras disparando incessantemente. Nesse sentido é horroroso assistir legendado, mesmo conhecendo a língua num nível intermediário. Você perde muita coisa, deixa muita coisa passar... Esse pra mim não deu, quero ver de novo no futuro e ver no que dá, mas fui muito incompetente aqui (sim, queria ver dublado também) kkk.
Tom na Fazenda
3.7 368 Assista AgoraDolan é ótimo em estampar os problemas do gay branco de classe média. Nesse sentido, o texto teatral de Marc Bouchard (yes, é uma adaptação!) cai como uma luva nas suas mãos. Temos aqui, como em Matthias & Maxime, um homem gay que consegue desestabilizar a sexualidade de um homem que se acredita heterossexual. Tem umas cenas bonitas, umas cenas fortes... gera algumas sensações, mas não me tocou.
Eu, Christiane F.,13 Anos, Drogada e Prostituída
3.6 1,2K Assista AgoraUm retrato frio do vício e do processo de zumbificação provocado pela heroína.
É curioso que o longa tenha se tornado, na mão de escolas e/ou igrejas evangélicas, um documento para ser exibido aos adolescentes tendo em vista "alertá-los contra o uso de drogas". Se isso acontece é porque ele oferece uma perspectiva quase unilateral e autoritária acerca das drogas. Observem que mesmo o prazer que os personagens sentem ao usar heroína é um prazer-quase-sem-prazer, um prazer desprovido de delícia... Eu acho curioso essa representação e acredito que ela aponta uma pulsão "moralizante" por parte dos realizadores. Os ataques de abstinência de F. e o seu namorado são quase uma caricatura do que de fato é um processo de abstinência (em contrapartida temos o realismo bruto dos personagens injetando os "picos").
Uma cena absurdamente linda e orgânica; quando os jovens caminham pela cidade, caem e se levantam num ímpeto de alegria e felicidade.
Navio Fantasma
2.8 824 Assista AgoraEntrei numa pira de assistir filmes de terror. Esse é simplesmente muito ruim.
Close
4.2 470 Assista AgoraPoesia estonteante. É sobre a imposição social da masculinidade, perda, perdão, automutilação (alguém que tenta se encaixar a todo custo e sofre uma consequência severa ao longo dessa tentativa) e tantas outras coisas.
Cenas incrivelmente construídas:
1) quando a mãe de Rémi encontra Leo no treino de hóquei e diz que ele aparenta ser muito forte naquele uniforme (o uniforme, aquela carapaça que ele decidiu vestir para esconder-se, mascara toda a fragilidade dele que, sabemos, está prestes a transbordar).
2) o abraço de Leo e a mãe de Rémi na penúltima cena do longa.
3) a cena de abertura dos meninos correndo entre as flores... o ápice da alegria e da felicidade... a cena final de Leo correndo pelo mesmo campo agora sozinho. Dentre tantas outras.
Voo 370: O Avião que Desapareceu
3.1 55 Assista AgoraBizarro porque é uma produção totalmente voltada para demonizar a imagem de um país. O povo que assiste isso sem senso crítico é o mesmo que daqui a 10 anos, em uma possível guerra, tá discursando a favor ou pegando nas armas contra a Rússia ou algum país oriental.
Lamentável. Um descompromisso total e gigantesco com o gênero documentário.
A Separação
4.2 725 Assista AgoraHá muitas separações nesse filme. O casal protagonista. A cuidadora em relação ao seu bebê, em relação a sua fé etc.
Os Filhos de Isadora
2.8 4 Assista AgoraEsse longa é um espetáculo.
É sobre tantas coisas, mas eu foquei na questão da coreografia e da dança. É sobre sentir algo (neste caso a dor da perda) e externalizar este algo a partir da dança e do movimento do corpo. Os três quadros mostram processos de identificação com "La mère", de Isadora Ducan, que compôs a peça depois que seus dois filhos morreram em um acidente de carro (não tá no filme mas a própria Isadora também morreu de acidente de carro aos 50 anos, coincidência?). O terceiro quadro é emblemático, mostra uma espectadora tocada pela criação que assistira (outro aspecto do coreográfico, afinal, toda coreografia tem o propósito de ser apreciada). Quanto aos aspectos formais ele flerta com a lógica própria da pintura e da fotografia (é extremamente contemplativo). É todo orquestrado no tempo próprio da dor-sofrimento (lenta... nenhuma dor, ao meu ver, passa rápido, algumas aliás nunca passam).
É um filme lindo, quero assistir novamente.
Doente de Mim Mesma
3.9 94 Assista AgoraInteressante. Toca em que temas urgentes como;
a) identidade (é como se Signe só se tornasse ela mesma e, portanto, saísse da sombra do seu "homem", após a intoxicação voluntária que dará uma nova/outra forma a seu corpo/rosto).
b) ser notado em um mundo que hipervaloriza a fama (e onde, em contrapartida, quem não aparece não é ninguém).
c) o narcisismo (o namorado parece só se importar com ele mesmo e Signe também vibra sintomas narcísicos ao se colocar sempre em primeiro lugar para chamar os olhares para si).
A construção formal do filme é bem interessante, o diretor intercala as cenas com os delírios de Signe que por sinal são bem reveladores. Há também elementos do body horror, o que auxilia na percepção da "mensagem/conteúdo" do filme.
Obs: Signe é um nome usado nos países nórdicos e significa tanto "vitória" quanto "novidade/novo". Signe é essa figura, é a tentativa de vencer, de existir enquanto algo novo.
Obs: Signe não é má.
Marte Um
4.1 297 Assista AgoraTá looonge de ser um bom filme.