Mesmo pecando em vários quesitos, achei surpreendentemente fidedigno ao livro, embora a obra de George Orwell seja infinitamente mais instigante. A relação de Winston com Júlia acabou ficando excessivamente tediosa e, talvez, fosse o caso de contextualizar melhor alguns dos "ministérios" da sociedade distópica, bem como aprofundar noções que o filme traz de forma superficial, a exemplo do "duplipensamento" e da "novafala", que são citados muito apressadamente.
Não chega a ser uma obra-prima mas é um grande filme dentro de suas características e proposta. Durante a trama, Iñarritu vai apresentando informações com cenas aparentemente desconexas mas que, posteriormente, passam a ter desfechos e fazer sentido. Apesar disso, o filme não é confuso e o roteiro me parece bem amarrado. É notavelmente melhor e mais cativante do que Babel, do mesmo diretor, que segue a mesma estrutura narrativa.
Bom filme. Talvez, por me identificar bastante com alguns dilemas da segunda metade dos 20 e tantos anos apresentados em uma ótima atuação de Andrew Garfield, isso tenha soterrado o incômodo de ser um musical.
Particularmente - e bem particularmente - me sinto afogado em estímulos sentimentais/emocionais potencializados com a carga dramática das apresentações musicais.
Tirando o fato de ser uma sátira útil, se espremermos bem, em relação à "sociedade de massas" contemporânea, aos dilemas baseados no poder dar BigTechs, manipulação de BigData e, não menos importante, uma crítica ao negacionismo que tanto nos assolou enquanto perdíamos pessoas para a pandemia do coronavírus, o filme me pareceu pobre e por vezes irritante, enfadonho e previsível.
Só e somente só pela proximidade do tema, acabei esperando algum lampejo de boa reflexão filosófica sobre a vida enquanto assistia, aos moldes de Lars von Trier em "Melancolia", mas acredito que não teve um ou dois diálogos realmente profundos neste filme para além da comédia-dramalhão com personagens previsíveis, embora muito fiéis aos estereótipos que topamos por aí.
"Toda a minha vida esperei por algo. Toda minha vida me senti como se estivesse em uma estação ferroviária. E sempre me senti como se eu não tivesse vivido, mas sempre esperando por algo real, algo importante".
Como último filme de Tarkovski, que faleceu no mesmo ano do seu lançamento, "O Sacrifício" é uma obra-prima-legado sobre a angústia da morte anunciada e que, de tão próxima, se faz impossível a não-reflexão sobre nossos tortuosos trajetos em vida. Como obra intimista e dedicada ao seu filho, não deixa de ter, também, um conselho e uma mensagem de incentivo através da metáfora da árvore representando a vida.
Talvez o melhor filme de François Ozon. Não há uma cena da obra que não nos conduza para uma boa reflexão e complexificação sobre os dilemas pelos quais passa a personagem principal. Mesmo envolta em um ambiente familiar relativamente saudável e instruído, ninguém dentro ou fora deste núcleo consegue romper por completo com pressupostos morais estruturantes para, ao menos, ter mais empatia em relação ao caminho e às escolhas de Isabelle (emblemático que as vezes parece que quem melhor "entende" a situação é justamente o seu irmão mais novo - uma criança).
"O Amante Duplo" acaba por ser um bom filme muito mais pela ousadia de sua proposta do que propriamente pelo que entrega.
É nítida a tentativa de se articular discussões interessantes em torno da psicologia através do convite à dualidade entre consciente e inconsciente na personalidade de Chloé, bastante explorada através de suas interrelações na trama.
Depois de assistir "Verão de 85", "Graças a Deus" e "Frantz" do mesmo diretor, vejo este como o mais instigante dentre os seus trabalhos ao lado do último citado. A diferença é que, ao contrário de "Frantz", cujo final e em particular a última cena amarram e elevam a qualidade da obra, "O Amante Duplo" peca neste momento fundamental - o que não chega a ser um problema se, e somente se, as discussões propostas tenham nos intimado para algumas boas reflexões.
1984
3.7 546 Assista AgoraMesmo pecando em vários quesitos, achei surpreendentemente fidedigno ao livro, embora a obra de George Orwell seja infinitamente mais instigante. A relação de Winston com Júlia acabou ficando excessivamente tediosa e, talvez, fosse o caso de contextualizar melhor alguns dos "ministérios" da sociedade distópica, bem como aprofundar noções que o filme traz de forma superficial, a exemplo do "duplipensamento" e da "novafala", que são citados muito apressadamente.
Faltou, também, explorar com mais empenho a fase final do filme quando Winston sai do Ministério do Amor como um cidadão domesticado.
21 Gramas
4.0 888 Assista AgoraNão chega a ser uma obra-prima mas é um grande filme dentro de suas características e proposta. Durante a trama, Iñarritu vai apresentando informações com cenas aparentemente desconexas mas que, posteriormente, passam a ter desfechos e fazer sentido. Apesar disso, o filme não é confuso e o roteiro me parece bem amarrado. É notavelmente melhor e mais cativante do que Babel, do mesmo diretor, que segue a mesma estrutura narrativa.
tick, tick... BOOM!
3.8 451Bom filme. Talvez, por me identificar bastante com alguns dilemas da segunda metade dos 20 e tantos anos apresentados em uma ótima atuação de Andrew Garfield, isso tenha soterrado o incômodo de ser um musical.
Particularmente - e bem particularmente - me sinto afogado em estímulos sentimentais/emocionais potencializados com a carga dramática das apresentações musicais.
Não Olhe para Cima
3.7 1,9K Assista AgoraTirando o fato de ser uma sátira útil, se espremermos bem, em relação à "sociedade de massas" contemporânea, aos dilemas baseados no poder dar BigTechs, manipulação de BigData e, não menos importante, uma crítica ao negacionismo que tanto nos assolou enquanto perdíamos pessoas para a pandemia do coronavírus, o filme me pareceu pobre e por vezes irritante, enfadonho e previsível.
Só e somente só pela proximidade do tema, acabei esperando algum lampejo de boa reflexão filosófica sobre a vida enquanto assistia, aos moldes de Lars von Trier em "Melancolia", mas acredito que não teve um ou dois diálogos realmente profundos neste filme para além da comédia-dramalhão com personagens previsíveis, embora muito fiéis aos estereótipos que topamos por aí.
Eu, Tu, Ele, Ela
3.7 34Gosto de filmes baseados em vidas banais e nada extraordinária de personagens comuns.
Pão da Felicidade
4.2 81Nenhuma palavra ou comentário conseguirá expressar com exatidão a beleza desse filme. É um daqueles que você apenas se deixa levar e o sente.
Sensacional.
O Sacrifício
4.3 148"Toda a minha vida esperei por algo. Toda minha vida me senti como se estivesse em uma estação ferroviária. E sempre me senti como se eu não tivesse vivido, mas sempre esperando por algo real, algo importante".
Como último filme de Tarkovski, que faleceu no mesmo ano do seu lançamento, "O Sacrifício" é uma obra-prima-legado sobre a angústia da morte anunciada e que, de tão próxima, se faz impossível a não-reflexão sobre nossos tortuosos trajetos em vida. Como obra intimista e dedicada ao seu filho, não deixa de ter, também, um conselho e uma mensagem de incentivo através da metáfora da árvore representando a vida.
Jovem e Bela
3.4 477 Assista AgoraTalvez o melhor filme de François Ozon. Não há uma cena da obra que não nos conduza para uma boa reflexão e complexificação sobre os dilemas pelos quais passa a personagem principal. Mesmo envolta em um ambiente familiar relativamente saudável e instruído, ninguém dentro ou fora deste núcleo consegue romper por completo com pressupostos morais estruturantes para, ao menos, ter mais empatia em relação ao caminho e às escolhas de Isabelle (emblemático que as vezes parece que quem melhor "entende" a situação é justamente o seu irmão mais novo - uma criança).
O Amante Duplo
3.3 108"O Amante Duplo" acaba por ser um bom filme muito mais pela ousadia de sua proposta do que propriamente pelo que entrega.
É nítida a tentativa de se articular discussões interessantes em torno da psicologia através do convite à dualidade entre consciente e inconsciente na personalidade de Chloé, bastante explorada através de suas interrelações na trama.
Depois de assistir "Verão de 85", "Graças a Deus" e "Frantz" do mesmo diretor, vejo este como o mais instigante dentre os seus trabalhos ao lado do último citado. A diferença é que, ao contrário de "Frantz", cujo final e em particular a última cena amarram e elevam a qualidade da obra, "O Amante Duplo" peca neste momento fundamental - o que não chega a ser um problema se, e somente se, as discussões propostas tenham nos intimado para algumas boas reflexões.