Rodrigo Duque Estrada

Tecnicamente, vejo a fotografia e o roteiro surpreendentes. O filme não é monótono e nos leva a perceber duas realidades distintas, desveladas de modo original no desenrolar da trama, quais sejam, um contexto psicopatológico (irracional) e outro de golpismo (racional, ao menos), com lances de detetive,como já mencionado por aqui. Em termos de substância, o filme realmente me intrigou na transição entre os dois contextos, pois para cada momento, há inversão de papel entre protagonistas: se no início tínhamos a expectativa de um suspense que explorasse o mundo do inconsciente e as repercussões sociais da "insuficiência" médica (aqui com Rooney Mara atuando belamente como protagonista), na segunda metade - onde começa o empolgamento de quem o assiste - temos uma história que começa a ser recontada a partir de um tipo de narrativa já bastante conhecida nos filmes contemporâneos (conspirações milionárias e coisa que o valha), e agora com Jude Law protagonizando o solvimento do grande quebra-cabeça que é a estória (até parece que Jude Law ensinou umas artimanhas reminiscentes de Sherlock Holmes para o diretor!). Um filme que demanda algumas queimas de neurônios, mas nem tanta!

Simplesmente lindo.

Não assisti o original, então mal posso comentar sobre este. No entanto, se for possível o considerar um filme novo e não um remake, achei interessante, mas não me tornei um grande entusiasta do mesmo. A atuação do Colin Farrell eu gostei bastante, ele se encaixou bem pro papel. A qualidade fotográfica do filme é bem bacana, mais escuro, sempre se desenrola na "penumbra",passa bem a mensagem e o aspecto do proletáriado. Acredito que dá pra fazer uma boa crítica, à la Zizek, quanto aos aspectos ideológicos do filme, politica e psicologicamente. Mas neste último sentido, a exploração da subjetivação, do real ou onírico, enfim, achei o filme um pouco barato. Não é como "A Origem", ou "Matrix", que realmente te prende, desde o início, e te faz ficar questionando a existência. Em termos intelectuais, o filme sustenta a bandeira do "psicológico" apenas como propaganda. Não obstante, é ainda divertido! A cena do piano foi bem aprazível!