Criativo, delicioso de assistir e tecnicamente perfeito! O cinema francês na sua essência, fazendo ótimos roteiros que descrevem de forma crua e tangivel personagens reais. As atuações são ótimas, te fazendo rir e chorar sem se dar conta, a fotografia é linda... É tudo aquilo que te faz amar cinema francês e querer mais. Fica como favorito!
A grande falha do Nolan e de outros diretores de ficção científica, que é o que entendo que Tenet seja, é não perceber que a ciência é o caminho, a ferramenta, o qual o autor deve percorrer para chegar a reflexão ou a moral da obra e não é a reflexão em si. Eu tratar o espectador como ignorante ( ainda mais de um gênero como esse) e querer explicar o paradoxo do avô (assim como fez sobre os buracos de minhoca e a singularidade em Interstellar), Nolan acaba produzindo uma versão muito cara de um Telecurso 2000 sobre física e nem é de física avançada. O plot é interessantíssimo e a atenção aos detalhes da possível entropia reversa são admiráveis, mas por não explicar o conceito mote? Porque não explicar o estado caótico para o ordenado? Nolan peca em querer explicar mais e deixar o expectador refletir menos. Cinema, especialmente de scifi, é sobre o deslumbre e o abismo que há na tecnologia, nas ciências perante nossa humanidade e como deve encarar isso, mas nós, cada um, a partir da sua concepção. Tecnicamente impecável, visualmente e também sonoramente impressionante, sem muitos furos, mas também sem muito objetivo. Extenso, podia ser mais curto, mas objetivo, menos explicativo. Mas ai não seria Nolan. Amei a experiência de assistir no IMAX e me sentir imerso sonoramente no filme, mas me senti mal com o excesso de "olha tá vendo isso acontecendo nesse sentido? Agora vou apertar o FF e mudar o sentido e você vai ver TUDO de novo"
"Sou tudo isso, mas também já tive uma mãe, pai, irmão e irmã. Eles me amavam." E assim, Agu encerra seu diálogo, como se fosse uma versão mirim de Rorscharch, mas ainda muito mais precoce.
"Beasts of No Nation", primeira produção cinematográfica do Netflix, nos remete a House of Cards: a Netflix sabe como é importante a primeira impressão. E que primeira impressão. Investindo num projeto de risco, contratando astro de Holywood e colocando uma das revelações da atualidade em direção para comandar o projeto, é impossível dizer que "Beasts of No Nation" não é ao menos um ótimo filme.
A narrativa que conta a história de Agu, um garoto africano que vive em uma região de paz da ONU e vê essa paz esvair quando facções e milícias governamentais tomam o lugar, nos conduz para o amadurecimento do nosso jovem protagonista. Ele que vive assombrado por mortes e pela falta da mãe, se mostra um "ótimo seguidor". Apesar de ser longo e ter algumas gorduras, o filme consegue de forma crua e nua retratar o inferno pelo qual o menino passa para se tornar homem. Fukunaga, aproveita do misticismo que a região permite, lembrando um pouco do seu ótimo trabalho com True Detective, e dá um tom ainda sombrio a mais a história, que em certos momentos parece um conto de fadas maldito, regado a sangue e violência. O longa ainda nos presenteia com uma ótima fotografia, que em muitos momentos lembra Malick em "Além da linha Vermelha" e em "Dias no Paraíso", como também Riddley Scott em "Gladiador".
É emocionante ver as cores mudando na tela sobre o efeito de entorpecentes e ainda mais no plano sequência, onde ainda entorpecido, Agu se sente traído por uma mulher que seria sua mãe.
Cru, visceral, forte... A Netflix vem para mostrar que sabe fazer cinema também, e nós vamos para ser agraciados por boas obras. Agu é e foi apenas mais uma vítima de um sistema falido e de pessoas irracionais, mas além disso, ele vem para nos mostrar que no fundo todos somos bestas e demônios, por mais que alguns sejam simples crianças.
"Algumas pessoas acreditam que o passarinho quando morre vai para o céu dos passarinhos e lá vai ver o Sol brilhar pela eternidade. Ainda tem os que acreditam que o pássaro que morreu estava lutando contra vidraça e vai virar um mártir, terá direito a vinte a aves que nunca acasalaram e ao eterno prazer. Mas o pai, o pai não acredita nisso... e ele não pode falar isso. - Não, não pode." O amor entre duas pessoas é o tema mais comum da história em todo e qualquer tipo de arte. Desde os desenhos rupestres nas cavernas, passando pelas cantigas, pinturas, estatuas de mármore, música, literatura e finalmente, cinema. Mas resumir esse filme apenas como mais uma história de amor banal seria uma grande injustiça. Alabama Monroe não é a história de duas pessoas que se apaixonam e vivem esse amor. Alabama Monroe é a história de duas pessoas que apaixonam e veem esse amor ruir diante as intempéries da vida, é a amarga sensação de desconstrução e desapego a própria vida. Didier e Elise parecem duas pessoas muito simples e despojadas, vivendo sem nenhuma grande responsabilidade, e dessa forma se encontram e se apaixonam à primeira vista. No decorrer desse relacionamento vemos ele, que ao mesmo tempo músico e dado aos prazeres da arte, tem uma perspectiva muito racional da vida, e ela, muito emotiva. Vale entender que o modo como o dois interpretam os acontecimentos são apenas soluções corretivas, e não atos preventivos. Essa frieza ou aquela emoção nada privam deles da dor. É muito difícil apontar pontos negativos numa história tão sensível e realista, sem nenhum momento ser piegas. O diretor foi muito feliz no modo que montou o filme, usando flahsbacks, fazendo transições dentro da cronologia da história que ajudam o espectador a se aprofundar mais ainda nessa história. Além disso, a trilha sonora é marcante, é mais um ator em cena, fazendo o papel de desestruturar ou de levantar o humor em todos os momentos que aparece. Bom, esse filme é do tipo que você vai sair sentido um soco no estomago, um pouco de dor de cabeça, até pode acontecer de sentir o suor escorrendo no rosto, mas ainda assim muito sensibilizado com essa história, cujo qual, nos ajuda a levantar importante questões: se somos como Didier, frios e inabaláveis, ou como Elise, emotivos e incorrigíveis.
"E depois? E depois..." Se Ida fosse um título em português, eu certamente diria que se trata da história de uma personagem que traça um caminho de ida, sem voltas, sem regressão. Mas Ida, é o nome da nossa protagonista. Crescida num convento de freiras, pois fora abandonada pelos pais durante a Segunda Grande Guerra, ela é avisada sobre a existência de uma tia e é convidada a conhece-la. A partir daí, como num anagrama, começa o caminho de Ida. O filme que tem por trás de si um roteiro simples, tem sua excelência exprimida sob o viés artístico da obra. A película dicromática, marcada por curtos diálogos, longos silêncios, silêncios inteligentes e autoexplicativos, momentos de olhares e gestos sintetizantes demonstram a exímia eficiência do diretor Pawel na realização do filme. Belíssimo seria o mínimo a se dizer. Como numa obra de história em quadrinhos, cada frame é uma bela fotografia, cada quadro traz ao mesmo tempo o essencial e um monte de informação, como numa tela de um desenho rebuscado, cheia de detalhes, que apenas ajudam a demarcar o sentimento que o ator buscar retratar, ou melhor, relatam de forma mais completa o que o diretor que dizer. Contudo, talvez não seja uma grande obra que vá marcar o cinema na história, mas ainda sim vale muito a pena ser visto, ser surpreendido pelas “n” formas que o diretor usa para contar a história sem ser por meio de diálogos e textos, vale a pena pela bela fotografia, pela construção ou melhor, pela desconstrução da protagonista, que saindo do recinto santos e sendo tocada pelos antigos pesadelos da família, toma um novo rumo na vida.
"Veja o que fizemos..." Contudo, "A Teoria sobre Tudo" é uma história de amor e superação. O romance conta a história de Stephen Hawking, o astrofísico que na vida real é muito mais odiado pelo público geral do que aparece no filme, isso por simplesmente escolher duvidar dos óbvios pressupostos e das antigas respostas sobre tudo. No filme, conhecemos um homem inteligente, quiçá genial, de muito bom humor, mas mais que isso, encontramos a história de uma mulher forte e apaixonada, que passa por altos e baixos, mas dá seu melhor e se supera sendo uma ótima mulher e mãe. Se ficamos surpreendidos pela capacidade de Hawking em, mesmo em meio as adversidades cruéis de sua doença, ainda sim reinventar o conceito sobre o universo, deveríamos nos atentar pela força e a motivação que a pequena Jane tem em si para cuidar do seu marido e de seus filhos. Talvez o pecado mais apontado pelos críticos seja o fato que no fim, o filme acaba se tornando uma história de autoajuda, e na verdade realmente é. No filme todo o espectador é privado dos conceitos profundos e pesados que envolvem as teorias de Hawking, ficando apenas no nível raso e já conhecido de seus pensamentos. Ainda assim, devido principalmente a atuações impecáveis de Eddie Redmayne e Felicity Jones, o filme nos toca profundamente, nos puxando pelo pé que toda discussão sobre filosofia e justificativas sobre universo pode nos levar, nos trazendo para realidade, o ali e agora, que por meio das dificuldades de Hawking, se torna milagrosa a cada conquista. Finalmente, por mais piegas que seja, o filme cumpre bem o papel de drama romântico e história de superação. Gostaria sim que o diretor se atenta-se mais a trabalhar melhor as cenas de contemplação e epifanias, mas mesmo assim o filme chega ao fim nos deixando emocionados. Espero que não aja resposta para tudo.
"O ator sobe no palco, declama suas falas, e no limite mais externo, realiza o ponto alto da peça, o 'gran finale': um tiro e a plateia vai a loucura. O som ensurdecedor das palmas e dos gritos de "Bravo!" preenchem o grande teatro". Birdman é uma obra corajosa em todos os sentidos. Primeiramente no aspecto técnico, tentando usar um único plano sequência no filme todo, o que causa uma sensação de tempo contínuo no espectador; uma fotografia impecável e uma trilha sonora, marcada por riffs e viradas de bateria, que por sua vez conseguem acentuar e demarcar o ritmo do filme, também fazem parte desse nível. Numa segunda camada, a discussão sobre a arte e tudo que contempla a vida de um artista: seus sonhos de Broadway, os personagens marcantes, o artista do método, o crítico desgostoso, o dinheiro e tudo mais, que por mais que pareça apenas pertinente a carreira artística, na verdade nos faz discutir nossas próprias vidas: o quanto temos nos doado aos nossos sonhos, o quanto somos assombrados por antigos fantasmas, o quanto por muitas vezes somos ignorantes e babacas com os outros ao nosso redor. Finalmente, o quanto somos artistas ou performáticos, o que realmente somos e o que fazemos para agradar os outros, afinal: "Uma coisa é uma coisa e não o que dizem sobre é coisa". Birdman se torna uma obra marcante e nos deixa entusiasmado por mais obras assim, corajosas na sua linguagem e felizes na sua realização.
"Porque você está destruindo o que pode nos unir?" Nem toda história de amor inesperado é tão simples de se contar. "La Pianiste" é uma obra complexa e profunda, tecida com os vários tipos de fios e tecidos que podem compor uma história. Protagonizada por uma mulher que ao meu tempo exerce o papel de professora rígida, temida e adorada por pais e alunos, uma especialista no que se propõe a ensinar, Erika também é uma mulher conturba no seu intimo. Assombrada pela figura da mãe que claramente vive coagindo os passos da filha e também pela figura do pai maluco que fora internado num hospício a muito tempo, Erika é assim, dominada por seus desejos sexuais, por seu orgulho musical e por sua mãe, a clara figura dualista que todos somos. Indefiníveis e indecifráveis, assim como ela em seu trejeitos estranhos e muitas vezes questionáveis, esse filme de Haneke é impecável, construído com esmero sob ótimas atuações de seus protagonistas, gerando aquela forte sensação que apenas bons filmes nos deixam: inquietação. Uma bela obra que me deixou muito curioso para conhecer mais de Haneke e me fez pensar por vários momentos até que ponto aquela figura performática de Erika era ela mesmo ou apenas o instinto a dominando, ou quem sabe, uma veia teatral e poética se tornando viva., o que foi responsável por criar uma linha tênue entre o real e o ideal
Se você ama música e acha que "Som do Coração" é um ótimo longa sobre música, assista Whiplash. O longo retrata vida de um jovem solitário e determinado, em busca de um sonho: Ser o melhor no que faz. Para isso, Andrew ignora relacionamentos e entra na melhor escola de música dos Estados Unidos. Durante uma conturbada e intensa experiência de aprimoramento técnico, o jovem Andrew comete loucuras para conseguir atender os requintes de um professor temido e adorado ao mesmo tempo. Whiplash é uma experiência intensa e que te prende do começo ao fim. Regado por música de alta qualidade, BIg Bands e Jazz, além das interpretações incríveis de J.K.Simmons e Miles Teller, o longa pode ser torna um momento ainda mais profundo e tocante para os músicos profissionais ou amadores, que tem em si o amor pela música. Indicado como um dos melhores filmes de 2014, Whiplash deve entra na lista dos filmes essenciais para qualquer cinéfilo, e para mim, como músico e amante de música, ficará marcado por muito tempo.
Uma ótima ideia, mas com muitas falhas na execução. Um filme que tenta trazer uma reflexão profunda sobre o poder humano e os limites da mente humana, fica apenas no nível raso, apelando para ação e não te deixa com aquela sensação estarrecedora no final do filme, não nos faz fica encafifado.
Apesar disso, do filme não alcançar a reflexão, o filme é bom. Por vezes lembra 2001, quando tenta explica o início da racionalidade humana e a história da evolução; e mais ainda a Akira, quando temos um humano normal alcançando o máximo do seu poder interior, ao ponto de poder controlar a matéria e tudo ao seu redor, mesmo que não fique claro que o protagonista esteja usando os limites do cérebro para isso. Ainda prefiro as histórias sem respostas dadas, com finais reflexivos e intricados.
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Belle Epoque
3.8 47 Assista AgoraCriativo, delicioso de assistir e tecnicamente perfeito! O cinema francês na sua essência, fazendo ótimos roteiros que descrevem de forma crua e tangivel personagens reais. As atuações são ótimas, te fazendo rir e chorar sem se dar conta, a fotografia é linda... É tudo aquilo que te faz amar cinema francês e querer mais. Fica como favorito!
Tenet
3.4 1,3K Assista AgoraA grande falha do Nolan e de outros diretores de ficção científica, que é o que entendo que Tenet seja, é não perceber que a ciência é o caminho, a ferramenta, o qual o autor deve percorrer para chegar a reflexão ou a moral da obra e não é a reflexão em si. Eu tratar o espectador como ignorante ( ainda mais de um gênero como esse) e querer explicar o paradoxo do avô (assim como fez sobre os buracos de minhoca e a singularidade em Interstellar), Nolan acaba produzindo uma versão muito cara de um Telecurso 2000 sobre física e nem é de física avançada. O plot é interessantíssimo e a atenção aos detalhes da possível entropia reversa são admiráveis, mas por não explicar o conceito mote? Porque não explicar o estado caótico para o ordenado? Nolan peca em querer explicar mais e deixar o expectador refletir menos. Cinema, especialmente de scifi, é sobre o deslumbre e o abismo que há na tecnologia, nas ciências perante nossa humanidade e como deve encarar isso, mas nós, cada um, a partir da sua concepção. Tecnicamente impecável, visualmente e também sonoramente impressionante, sem muitos furos, mas também sem muito objetivo. Extenso, podia ser mais curto, mas objetivo, menos explicativo. Mas ai não seria Nolan. Amei a experiência de assistir no IMAX e me sentir imerso sonoramente no filme, mas me senti mal com o excesso de "olha tá vendo isso acontecendo nesse sentido? Agora vou apertar o FF e mudar o sentido e você vai ver TUDO de novo"
Beasts of No Nation
4.3 829 Assista Agora"Sou tudo isso, mas também já tive uma mãe, pai, irmão e irmã. Eles me amavam."
E assim, Agu encerra seu diálogo, como se fosse uma versão mirim de Rorscharch, mas ainda muito mais precoce.
"Beasts of No Nation", primeira produção cinematográfica do Netflix, nos remete a House of Cards: a Netflix sabe como é importante a primeira impressão. E que primeira impressão. Investindo num projeto de risco, contratando astro de Holywood e colocando uma das revelações da atualidade em direção para comandar o projeto, é impossível dizer que "Beasts of No Nation" não é ao menos um ótimo filme.
A narrativa que conta a história de Agu, um garoto africano que vive em uma região de paz da ONU e vê essa paz esvair quando facções e milícias governamentais tomam o lugar, nos conduz para o amadurecimento do nosso jovem protagonista. Ele que vive assombrado por mortes e pela falta da mãe, se mostra um "ótimo seguidor".
Apesar de ser longo e ter algumas gorduras, o filme consegue de forma crua e nua retratar o inferno pelo qual o menino passa para se tornar homem. Fukunaga, aproveita do misticismo que a região permite, lembrando um pouco do seu ótimo trabalho com True Detective, e dá um tom ainda sombrio a mais a história, que em certos momentos parece um conto de fadas maldito, regado a sangue e violência. O longa ainda nos presenteia com uma ótima fotografia, que em muitos momentos lembra Malick em "Além da linha Vermelha" e em "Dias no Paraíso", como também Riddley Scott em "Gladiador".
É emocionante ver as cores mudando na tela sobre o efeito de entorpecentes e ainda mais no plano sequência, onde ainda entorpecido, Agu se sente traído por uma mulher que seria sua mãe.
Cru, visceral, forte... A Netflix vem para mostrar que sabe fazer cinema também, e nós vamos para ser agraciados por boas obras. Agu é e foi apenas mais uma vítima de um sistema falido e de pessoas irracionais, mas além disso, ele vem para nos mostrar que no fundo todos somos bestas e demônios, por mais que alguns sejam simples crianças.
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Alabama Monroe
4.3 1,4K"Algumas pessoas acreditam que o passarinho quando morre vai para o céu dos passarinhos e lá vai ver o Sol brilhar pela eternidade. Ainda tem os que acreditam que o pássaro que morreu estava lutando contra vidraça e vai virar um mártir, terá direito a vinte a aves que nunca acasalaram e ao eterno prazer. Mas o pai, o pai não acredita nisso... e ele não pode falar isso. - Não, não pode."
O amor entre duas pessoas é o tema mais comum da história em todo e qualquer tipo de arte. Desde os desenhos rupestres nas cavernas, passando pelas cantigas, pinturas, estatuas de mármore, música, literatura e finalmente, cinema. Mas resumir esse filme apenas como mais uma história de amor banal seria uma grande injustiça.
Alabama Monroe não é a história de duas pessoas que se apaixonam e vivem esse amor. Alabama Monroe é a história de duas pessoas que apaixonam e veem esse amor ruir diante as intempéries da vida, é a amarga sensação de desconstrução e desapego a própria vida.
Didier e Elise parecem duas pessoas muito simples e despojadas, vivendo sem nenhuma grande responsabilidade, e dessa forma se encontram e se apaixonam à primeira vista. No decorrer desse relacionamento vemos ele, que ao mesmo tempo músico e dado aos prazeres da arte, tem uma perspectiva muito racional da vida, e ela, muito emotiva. Vale entender que o modo como o dois interpretam os acontecimentos são apenas soluções corretivas, e não atos preventivos. Essa frieza ou aquela emoção nada privam deles da dor.
É muito difícil apontar pontos negativos numa história tão sensível e realista, sem nenhum momento ser piegas. O diretor foi muito feliz no modo que montou o filme, usando flahsbacks, fazendo transições dentro da cronologia da história que ajudam o espectador a se aprofundar mais ainda nessa história. Além disso, a trilha sonora é marcante, é mais um ator em cena, fazendo o papel de desestruturar ou de levantar o humor em todos os momentos que aparece.
Bom, esse filme é do tipo que você vai sair sentido um soco no estomago, um pouco de dor de cabeça, até pode acontecer de sentir o suor escorrendo no rosto, mas ainda assim muito sensibilizado com essa história, cujo qual, nos ajuda a levantar importante questões: se somos como Didier, frios e inabaláveis, ou como Elise, emotivos e incorrigíveis.
Ida
3.7 438"E depois? E depois..."
Se Ida fosse um título em português, eu certamente diria que se trata da história de uma personagem que traça um caminho de ida, sem voltas, sem regressão. Mas Ida, é o nome da nossa protagonista. Crescida num convento de freiras, pois fora abandonada pelos pais durante a Segunda Grande Guerra, ela é avisada sobre a existência de uma tia e é convidada a conhece-la. A partir daí, como num anagrama, começa o caminho de Ida. O filme que tem por trás de si um roteiro simples, tem sua excelência exprimida sob o viés artístico da obra. A película dicromática, marcada por curtos diálogos, longos silêncios, silêncios inteligentes e autoexplicativos, momentos de olhares e gestos sintetizantes demonstram a exímia eficiência do diretor Pawel na realização do filme. Belíssimo seria o mínimo a se dizer.
Como numa obra de história em quadrinhos, cada frame é uma bela fotografia, cada quadro traz ao mesmo tempo o essencial e um monte de informação, como numa tela de um desenho rebuscado, cheia de detalhes, que apenas ajudam a demarcar o sentimento que o ator buscar retratar, ou melhor, relatam de forma mais completa o que o diretor que dizer.
Contudo, talvez não seja uma grande obra que vá marcar o cinema na história, mas ainda sim vale muito a pena ser visto, ser surpreendido pelas “n” formas que o diretor usa para contar a história sem ser por meio de diálogos e textos, vale a pena pela bela fotografia, pela construção ou melhor, pela desconstrução da protagonista, que saindo do recinto santos e sendo tocada pelos antigos pesadelos da família, toma um novo rumo na vida.
A Teoria de Tudo
4.1 3,4K Assista Agora"Veja o que fizemos..."
Contudo, "A Teoria sobre Tudo" é uma história de amor e superação. O romance conta a história de Stephen Hawking, o astrofísico que na vida real é muito mais odiado pelo público geral do que aparece no filme, isso por simplesmente escolher duvidar dos óbvios pressupostos e das antigas respostas sobre tudo. No filme, conhecemos um homem inteligente, quiçá genial, de muito bom humor, mas mais que isso, encontramos a história de uma mulher forte e apaixonada, que passa por altos e baixos, mas dá seu melhor e se supera sendo uma ótima mulher e mãe.
Se ficamos surpreendidos pela capacidade de Hawking em, mesmo em meio as adversidades cruéis de sua doença, ainda sim reinventar o conceito sobre o universo, deveríamos nos atentar pela força e a motivação que a pequena Jane tem em si para cuidar do seu marido e de seus filhos.
Talvez o pecado mais apontado pelos críticos seja o fato que no fim, o filme acaba se tornando uma história de autoajuda, e na verdade realmente é. No filme todo o espectador é privado dos conceitos profundos e pesados que envolvem as teorias de Hawking, ficando apenas no nível raso e já conhecido de seus pensamentos.
Ainda assim, devido principalmente a atuações impecáveis de Eddie Redmayne e Felicity Jones, o filme nos toca profundamente, nos puxando pelo pé que toda discussão sobre filosofia e justificativas sobre universo pode nos levar, nos trazendo para realidade, o ali e agora, que por meio das dificuldades de Hawking, se torna milagrosa a cada conquista.
Finalmente, por mais piegas que seja, o filme cumpre bem o papel de drama romântico e história de superação. Gostaria sim que o diretor se atenta-se mais a trabalhar melhor as cenas de contemplação e epifanias, mas mesmo assim o filme chega ao fim nos deixando emocionados.
Espero que não aja resposta para tudo.
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
3.8 3,4K Assista Agora"O ator sobe no palco, declama suas falas, e no limite mais externo, realiza o ponto alto da peça, o 'gran finale': um tiro e a plateia vai a loucura. O som ensurdecedor das palmas e dos gritos de "Bravo!" preenchem o grande teatro".
Birdman é uma obra corajosa em todos os sentidos. Primeiramente no aspecto técnico, tentando usar um único plano sequência no filme todo, o que causa uma sensação de tempo contínuo no espectador; uma fotografia impecável e uma trilha sonora, marcada por riffs e viradas de bateria, que por sua vez conseguem acentuar e demarcar o ritmo do filme, também fazem parte desse nível. Numa segunda camada, a discussão sobre a arte e tudo que contempla a vida de um artista: seus sonhos de Broadway, os personagens marcantes, o artista do método, o crítico desgostoso, o dinheiro e tudo mais, que por mais que pareça apenas pertinente a carreira artística, na verdade nos faz discutir nossas próprias vidas: o quanto temos nos doado aos nossos sonhos, o quanto somos assombrados por antigos fantasmas, o quanto por muitas vezes somos ignorantes e babacas com os outros ao nosso redor.
Finalmente, o quanto somos artistas ou performáticos, o que realmente somos e o que fazemos para agradar os outros, afinal: "Uma coisa é uma coisa e não o que dizem sobre é coisa".
Birdman se torna uma obra marcante e nos deixa entusiasmado por mais obras assim, corajosas na sua linguagem e felizes na sua realização.
A Professora de Piano
4.0 686 Assista Agora"Porque você está destruindo o que pode nos unir?"
Nem toda história de amor inesperado é tão simples de se contar. "La Pianiste" é uma obra complexa e profunda, tecida com os vários tipos de fios e tecidos que podem compor uma história. Protagonizada por uma mulher que ao meu tempo exerce o papel de professora rígida, temida e adorada por pais e alunos, uma especialista no que se propõe a ensinar, Erika também é uma mulher conturba no seu intimo. Assombrada pela figura da mãe que claramente vive coagindo os passos da filha e também pela figura do pai maluco que fora internado num hospício a muito tempo, Erika é assim, dominada por seus desejos sexuais, por seu orgulho musical e por sua mãe, a clara figura dualista que todos somos. Indefiníveis e indecifráveis, assim como ela em seu trejeitos estranhos e muitas vezes questionáveis, esse filme de Haneke é impecável, construído com esmero sob ótimas atuações de seus protagonistas, gerando aquela forte sensação que apenas bons filmes nos deixam: inquietação.
Uma bela obra que me deixou muito curioso para conhecer mais de Haneke e me fez pensar por vários momentos até que ponto aquela figura performática de Erika era ela mesmo ou apenas o instinto a dominando, ou quem sabe, uma veia teatral e poética se tornando viva., o que foi responsável por criar uma linha tênue entre o real e o ideal
Whiplash: Em Busca da Perfeição
4.4 4,1K Assista AgoraSe você ama música e acha que "Som do Coração" é um ótimo longa sobre música, assista Whiplash. O longo retrata vida de um jovem solitário e determinado, em busca de um sonho: Ser o melhor no que faz. Para isso, Andrew ignora relacionamentos e entra na melhor escola de música dos Estados Unidos. Durante uma conturbada e intensa experiência de aprimoramento técnico, o jovem Andrew comete loucuras para conseguir atender os requintes de um professor temido e adorado ao mesmo tempo.
Whiplash é uma experiência intensa e que te prende do começo ao fim. Regado por música de alta qualidade, BIg Bands e Jazz, além das interpretações incríveis de J.K.Simmons e Miles Teller, o longa pode ser torna um momento ainda mais profundo e tocante para os músicos profissionais ou amadores, que tem em si o amor pela música. Indicado como um dos melhores filmes de 2014, Whiplash deve entra na lista dos filmes essenciais para qualquer cinéfilo, e para mim, como músico e amante de música, ficará marcado por muito tempo.
Lucy
3.3 3,4K Assista AgoraUma ótima ideia, mas com muitas falhas na execução. Um filme que tenta trazer uma reflexão profunda sobre o poder humano e os limites da mente humana, fica apenas no nível raso, apelando para ação e não te deixa com aquela sensação estarrecedora no final do filme, não nos faz fica encafifado.
Apesar disso, do filme não alcançar a reflexão, o filme é bom. Por vezes lembra 2001, quando tenta explica o início da racionalidade humana e a história da evolução; e mais ainda a Akira, quando temos um humano normal alcançando o máximo do seu poder interior, ao ponto de poder controlar a matéria e tudo ao seu redor, mesmo que não fique claro que o protagonista esteja usando os limites do cérebro para isso. Ainda prefiro as histórias sem respostas dadas, com finais reflexivos e intricados.