Uma pérola! Trama saída diretamente de uma espécie de lado B da Hollywood oitentista passada no sertão nordestino brasileiro, emanando um Glauber Rocha invertido: em vez da análise estética com árduo realismo do fim das esperanças, defere-nos a esperança negada na realidade e torna o pesar em êxtase! É o filme que o Brasil de 2019 precisa.
Parece que 'A Grande Beleza' voltou, só que agora com um exemplo prático daquele comentário feito sobre o hedonismo niilista de burgueses decadentes: com cara e personagem específicos...
Do mesmo diretor prefiro "Boi Neon", ainda sua 'masterpiece' de tratar questões mundanas e cotidianas com crítica social bem articulada no subtexto. Este "Amor Divino" peca nessa última pretensão, que acaba não atingindo o que promete entregar. Mas ao fim deixa questões interessantes e provoca uma reflexão mais filosófica do que social.
Ao fim a opção narrativa é interessante e cativante ao encerrar no limiar entre o fantástico e a representação distópica do real. A trama assume a sugestão do fantástico para trucar a moral e a lógica religiosa conservadora evangélica (note, o que não quer dizer que todo evangélico seja assim, mas sim aqueles mais conservadores): ou a heroína teve um bebê do Espírito Santo mesmo e ninguém das principais referências que professam a fé dela (o pastor e a guia do grupo Divino Amor) acreditou na história, o que implicaria em, no fundo duvidarem da própria fé; ou ela de fato traiu o marido e ela é uma grande hipócrita, pois são postulados básicos de sua fé não trair e a preservação do casamento a qualquer custo (os quais ela aparentava seguir à risca). O diretor habilmente consegue finalizar com esse dilema provocativo: ou os arautos da moral e dos bons costumes não acreditam de fato no que professam ou são hipócritas. Uma pena que para chegar até aí tenha se valido de um filme com desenvolvimento não muito interessante e bem raso na trama e na exploração psicológica das personagens e de ambientação tão pobre (perto do que a proposta nos fazia esperar).
O filme é chocante. Chocante e repugnante em vários momentos pelo tratamento exageradamente misógino dado às mulheres. Confesso que fiquei por toda a sua duração um tanto quanto enojado e me perguntando se eu devia continuar assistindo aquilo; por sorte (de poder ser provocado pelo bom cinema) eu resisti e fiquei.
Na verdade demorou algumas horas, mesmo depois de ter compreendido e aceitado a premissa, para eu admitir aumentar a nota desse filme na minha cabeça e assumir que ele foi mais genial do que repugnante no fim das contas. Por outro lado, já durante o filme, um dos estranhamentos e curiosidade que me fizeram ficar foi notar que as personagens femininas não pareciam ultrajadas com o que acontecia. Pelo contrário, a atmosfera de surrealidade (e estranhamento, pra mim) era composta em parte pelo fato de elas aparentemente estarem aceitando toda uma cornucópia insana de misoginia com apatia e até certo deboche. E fiquei pensando: ora, são atrizes ali (aliás, grandes atrizes, de renome, inclusive uma adolescente Isabelle Huppert surpreendendo pela densidade do papel), elas não aceitariam fazer um filme desses se não conhecessem a real motivação do roteiro. Alguma coisa tem.
E tem. Na realidade estamos diante de uma sátira visceral sobre a masculinidade tóxica (ou, um tipo dela). Em parte do problema de nós (e do público norteamericano provavelmente também) não entendermos a motivação do filme com antecedência é a tradução do nome. Em francês, no original, o nome é gíria para "bolas" (sim, do saco escrotal). Se traduzíssemos fidedignamente suscitando o clima de sátira teríamos algo como "Os Bolas". Título que, imagino eu, seria mais curioso e atrativo e nos colocaria a pensar já durante o filme que não se trata de mera exploração sexista (como esteticamente ele provoca e sugere ser). Infelizmente também, a cópia definitiva do filme teve de ter o final original imaginado pelo diretor cortado (informações do IMDB) - advinha por exigência de quem? Sim, do mercado norteamericano.
Em vez de entrarem no túnel e os créditos subirem, a intenção era que o carro sofresse o acidente sugerido e que esperávamos já (afinal, c'mon, a trama estava fadada a terminar da maneira mais cínica possível condenada pela lei do eterno retorno: o carro que os vigaristas sabotaram a roda no início para tentar vingança contra o almofadinha seria o mesmo que eles roubaram no final e acabaria acontecendo com eles o "acidente"). Ao meu ver, matar as personagens era o único fim digno para heróis tão controversos; e, em plenos anos 70, seria uma mensagem clara e bem humorada de repúdio, de esse também ser o único fim aceitável para toda a misoginia e o machismo exacerbado que os machões super héteros representavam: penhasco abaixo.
Mas são problemas externos que não atrapalham a trama, e mesmo com eles é possível notar a guinada do filme ainda durante seu desenvolvimento. A crítica está escondida tão sutilmente que eu mesmo só notei a intenção da narrativa no terceiro ato
(numa cena espetacular do orgasmo da personagem de Miou-Miou, quando pelo jogo de cenário, ambientação, foley e câmera entendemos que aquela casa idílica naquele interior bucólico, tudo é o corpo da mulher, e aqueles dois otários que estamos acompanhando a trama toda nada mais são do que duas "bolas" perdidas e completamente ineptas diante da força do orgasmo feminino, aqui traduzido como força da natureza - aliás, o aspecto "escrotal" dos heróis vem dado no figurino, quando estão sempre andando juntos, com roupas iguais, como se um fosse o direito e o esquerdo do outro).
Ao fim e ao cabo entendemos que nada daquele tratamento repugnante foi de fato "real" no mundo das personagens. Tudo era uma alegoria para mostrar que por mais brutos que os "sacos" sejam, as mulheres resistem impassíveis e blasé quase como se fossem superiores no nível divino a toda mundanidade dos homens - aqui, literalmente, reduzidos a bolas, isto é, despersonificados, como merecem, afinal todos os atos propagados por eles são desumanos (o triste da alegoria, na verdade, é perceber que são mais reais do que deveriam ser - os homens-bola estão por aí a atrapalhar a vida de tantas mulheres no mundo real, mesmo que de fato sejam reduzíveis moral e mentalmente àquilo que possuem no meio das pernas, em outras palavras, "nem gente" sejam). Há também aquelas mulheres que só encontram um fim trágico para o sofrimento (e aí é daquelas cenas mais "pesadas" num filme que seria de comédia, tratando de um drama psicológico mais profundo da personagem de Jeanne Moreau).
Um aspecto nem sempre atrativo das comédias francesas desse período é que elas não são muito óbvias enquanto gênero - e algumas são só sem graça mesmo. O ideal desse filme não é causar humor, mas causar o sentimento de absurdo, o questionamento da surrealidade que em alguns momentos pipoca na tela. Por vezes há humor negro. Por vezes há repugnância. De todo modo, é injusto simplesmente classificá-lo como exploratório, pois pelo contrário, ele desnuda a covardia masculina, ri do rei, e eleva a força feminina ao patamar inatingível diante de homens tão abobados e infantilizados que quase seriam caricatos (se não fossem tipos de verdade à solta por aí). Torna, ao fim, homens tão cruéis e cínicos verdadeiras crianças desnorteadas, sem saber lidar ou entender a complexidade da psique feminina - e a única reação de que são capazes é a primitiva, a boçal. Eles são de fato desprezíveis (
e por isso, como eu já disse, o único fim possível seria mesmo a morte, negar qualquer redenção a esses crápulas
), mas terminam ridicularizados e diminuídos. O filme dos "bolas" é mais um filme sobre as mulheres, do que sobre os homens; das mulheres diante da misoginia. Aborda diferentes fases e aspectos do corpo feminino, a relação delas com este corpo, sua reificação como objeto de desejo, e do poder de resiliência que elas têm de suportar o tratamento tão baixo encarnado por um comportamento masculino muito tempo inquestionado e estruturado na sociedade patriarcal.
- A parte da homenagem ao original é boa - as referências com gostinho de nostalgia. - A cena da corrida de moto dentre os velociraptores: <3 - Alguns erros de continuidade, um roteiro meio preguiçoso (sim, até para um blockbuster). - Muita influência de Godzilla (desse último remake)
- com aquela moral da história no fim, de que o humano nada pode fazer para deter a natureza e só o ciclo natural das coisas, como por exemplo, a cadeia alimentar e a vitória do mais forte, podem reorganizar a ordem e o caos haha.
Começa bem positiva a primeira temporada. Em comparação, na minha opinião, termina com um ar de empolgação e expectativa maior e uma atmosfera mais clean e madura do que a primeira de Breaking Bad. Tal qual aquela primeira temporada serviu para construir o psicologismo de Walter White (toda ela foi sobre isso, se percebermos), esta constrói as características psicológicas de Jimmy McGill/Jimmy Sabonete e termina dizendo: "esse é o cara que está prestes a se tornar Saul Goodman". Com um extra: a temporada se dedica, em pelo menos uns 3 episódios mais detidamente, a construir também a personagem de Mike. Com a [ótima, diga-se de passagem] season finale todos os pontos estão fechados e entendemos: Mike é este, e age assim e assim, porque pensa assim; Jimmy é este, e faz o que faz, também, porque teve estas e estas marcas em sua história de vida. Se mantiver esse nível de qualidade, as próximas temporadas prometem ser muito boas e, quem sabe, render umas 8 também!
O Leviatã está por trás de tudo no filme. O Leviatã permeia todos os personagens. No fim, o homem sempre se submete ao Leviatã. De uma forma mais sutil e dialogando com a realidade atual e não brincando com o cenário de uma distopia para falar do Estado totalitário (porque o atual Estado, em qualquer parte do mundo que se diga Democrático de Direito, padece sim de um totalitarismo velado), o filme "O Leviatã" no fim passa a mesma mensagem que o Orwell em "1984" e seu Grande Irmão: a esperança nesse mundo é vã e o homem comum, por mais revolucionário que seja em seu espírito, sempre perde no final para as forças concatenadas e superiores (as que uns chamam de Deus, outros de Estado, outros de Leviatã, e assim por diante).
Roma perde suas forças quando vê o mundo ao seu redor desabar de vez, e chora diante do esqueleto de uma Baleia (submete-se ao Leviatã, monstro marinho mitológico); Lilya, após perder todas as esperanças também, se entrega ao mar após a figura de uma baleia passar diante de seus olhos penhasco abaixo (submete-se ao Leviatã, monstro marinho mitológico); Kolya não tem mais forças para lutar, é incapaz de sequer defender-se e só consegue chorar em resposta ao absurdo surrealista das acusações que são jogadas contra ele pelo Investigador do Departamento de Homicídios (submete-se ao Leviatã, o monstro do Estado que Hobbes apontou); Dima toma uma surra inesquecível e fica cara-a-cara com a morte, vítima de um atentado mafioso de um representante corrupto do Estado e desiste de vez de lutar pela justiça (submete-se ao Leviatã, o monstro do Estado que Hobbes apontou).
A família de Kolya só é destruída e esmigalhada porque ele enfrentou a força do Leviatã - tudo está relacionado a esse combate, desde a vinda do advogado e melhor amigo, até a traição deste melhor amigo com a sua esposa e a realidade dura desnudada aos olhos do filho rebelde. Até a sua amizade com os policiais corruptos é comprometida. Ou seja, a sua aliança com uma parcela do Leviatã (que no fim, todos depõem contra ele, todos servem ao Leviatã). Perde tudo, literalmente, família, amigos e lar. Se Kolya tivesse aceitado passivamente tudo desde o início e não tivesse tentado lutar pela justiça e pela verdade (verdadeiras), sua vida não teria sido devastada.
A verdade é que como Hobbes disse que deveria ser feito, acorrentar o Leviatã, é impossível enquanto o Estado for o Estado como conhecemos. Porque o Leviatã também está dentro de nós. Supostamente acorrentado e apaziguado pelo pacto social, o Leviatã não destrói os homens. Mas é impossível acorrentar um fenômeno, uma monstruosidade. E toda a ilusão cai por terra aí: mesmo acorrentado (o que se supõe), o Leviatã destrói os homens (corrupção), e os homens imediatamente afetados por ele, destroem outros homens, homens comuns.
O Padre Vasily e Kolya têm algo em comum (não é à toa que gastou-se uma boa parcela de cena entre os dois, o que aparentemente não teria lugar no filme e dentre os personagens apresentados àquela altura do longa): ambos são vítimas dos homens corrompidos pelo Leviatã; ambos são vítimas do Leviatã; um se vê impotente perante o prefeito, que é o Estado (não stricto sensu, obviamente), outro se vê impotente perante o bispo, que é Deus e sua força, diante de suas palavras sedutoras fica hipnotizado junto aos outros presentes assistindo o culto (num lugar erigido em cima da injustiça e do caos).
Tudo no final é uma mentira e uma hipocrisia. E não, não se acorrenta um Leviatã. O homem que não é passivo e aceita a força descomunal desse fenômeno, é por ele à força apassivado. E todos os que deveriam representar a Justiça e Verdade são, ou escravos do Monstro, ou caem diante dele. O bispo fala muito em "verdade" em suas conversas com Vadim e no seu culto; de fato, aquela retratada no longa é a verdade de Deus, num mundo em que Deus não existe, e, sim, é só uma criação dos mesmos homens que criaram o Estado. Deus é só mais uma forma poder. Lembrem-se daquele diálogo em que o Bispo diz para Vadim que os dois possuem as mesmas pretensões; mas não se engane, não é só de desapropriar Kolya e construir ali uma ostensiva Igreja (o Palácio que Kolya acha que Vadim teria construído - isto é, o palácio do prefeito e a casa de Deus que parece um palácio, são a mesma coisa). Suas pretensões como representantes de um poder histórico e bem concatenado, uma rede de forças que não entendemos (Deus e Estado), são também de serem homens do poder, ambos têm a intenção de vencer, de dominar, de subjugar.
Neste filme tudo é medo, incluindo o próprio tom e ambientação. Te deixam tenso, apreensivo, você nem percebe e já está!
Mas emblemática a frase do segurança do enorme condomínio, numa das primeiras cenas do filme: "não é nada".
"Não é nada" servirá para o filme todo, e para nossa vida.
Engraçado como cada cena é medo, trata de um medo, medos cotidianos, que todos nós temos, e cada cena provoca em nós os mesmos medos dos personagens.
E nos faz rir e achar um pouco ridículo como toda a histeria e todo o desespero que eles podem nos provocar, no fim das contas, "não é nada"...
Esses medos cotidianos que temos apenas por viver em sociedade urbana moderna capitalista, a histeria da segurança, as reações sem noção que muitas vezes isso tudo pode nos provocar, o filme vem dar com luva de pelica na nossa cara e dizer: Acorda! Não é nada. A experiência lembra de pronto a música dos Engenheiros do Hawaii, "Muros e grades".
Muito bom! Modula com maestria a fotografia, figurino e atuações! Um filme de situações, drama familiar com pitadas de humor negro, drama psicológico e com um movimento de câmera que acentua um aspecto caricato
(especialmente aqueles closes nas caras e bocas do Tom - ou o que dizer do momento "aunt Mary", quer câmera mais psicológica, cômica e drámatica ao mesmo tempo, do que aquela?)
.
Deixa um sabor de se estar assistindo aquela frieza psicológica com certo sadismo de um Polanski, ao mesmo tempo que lembra uma mistura da leveza e humor de um "Sideways" com os dramas pessoais de "A Culpa É do Cordeiro".
Impossível classificar em um só desses aspectos. Me deixou a impressão de tudo isso. Belo filme!
Nos dois últimos episódios achei que dá uma broxada, especialmente no último, que não teve sabor de 'season finale'.
O tratamento dado à questão histórica me parece ok, sem maniqueísmos quando confrontou duas crenças diferentes com a introdução do personagem cristão e seus momentos e diálogos sobre fé com o Lothbrok.
Há até algumas explicações sobre crenças e costumes dos vikings. Sobre a mitologia nórdica também há algo.
Mas falta. Falta completar, falta alguma coisa, não sei. Está tudo meio raso.
As cenas de batalha são excelentes. Ao menos isso salva. Também em momentos de tabu, como mostrar sangue, sexo, violência, a série não economiza, mas mantém a mão boa
(com destaque para a cena no penúltimo episódio, com detalhes sórdidos do corte na garganta durante o ritual)
.
Legal a alternância de idiomas em alguns raros momentos, mas que servem para justamente não deixar o espectador esquecer: "olha, lá eles falam outro idioma, aqui na série, você, como espectador de outro mundo, privilegiado, já está tendo tudo traduzido em inglês, mas ó, lembre-se hein, eles falam outro idioma". Gosto quando dão essa importância, nem que seja singela como aqui.
Esses na verdade são os pontos positivos, passo agora aos que considerei pontos negativos (e pra não broxar a expectativa de quem ainda não assistiu, vou tapar como 'spoiler'):
- não sei se culpa dos atores, ou culpa do roteiro, mas nenhuma personagem me provocou grande empatia. Achei todos os atores meio fracos e o tratamento do roteiro aos personagens um pouco apressado;
- as intrigas e tramas são mal estabelecidas, nenhuma cria uma grande expectativa de explodir cabeças, ou nenhuma tentativa de estabelecer suspense por um acontecimento é bem sucedidada. Além disso, a série não deu um grande acontecimento aos espectadores, daqueles dignos de serem lembrados, um episódio memorável (que tem em toda grande série logo na primeira temporada);
- o pior ponto, o que me fez tirar pelo menos duas estrelas da nota aqui, algo que me irrita bastante em séries e filmes com essa influência do 'american way of life': dileminhas morais ocidentais atuais e a hipocrisia do politicamente correto. Além disso, a sensualização da personagem histórica e o fetiche do cosplay, que mais parece ser o objetivo de colocar um monte de gente bonita brincando de sociedade medieval.
Uma coisa é certa, não precisa ser historiador para chegar a conclusão de que uma sociedade nórdica de centenas de anos atrás simplesmente não tem costumes e modo de vida parecidos com os da sociedade ocidental pós-moderna. Apesar da série tentar mostrar sem tabu alguns costumes para nós, hoje, absurdos e lá, comuns (criança bebendo alcool aos 12 anos, sexo livre, crianças assistindo livremente violência brutal, participando ativamente da sociedade e da guerra etc.), ela peca em alguns momentos que eu considero falta de atenção do roteiro ou erro de continuidade mesmo, como a maneira extremamente ocidentalizada de se relacionar em família: mandar a criança de volta pra cama, mandar a criança brincar, a criança pegar no flagra os pais brigando, chamar as crianças para o café da manhã, comportamentos de família ocidental de classe média, relação de casal exclusivamente monogâmica com direito a ciúmes e intriga por causa de outras mulheres etc. Sabe todo esse falso moralismo e coisas do tipo que mais parecem dedo do estúdio e dos executivos na série e dos produtores no roteiro, melando a criatividade original dos verdadeiros artistas (roteirista e diretor).
Muitos outros errinhos do tipo, perceptíveis e repetidos ao longo da série, tudo isso vai desfavorecendo a ambientação em uma outra sociedade, totalmente diferente da nossa, tudo isso não te leva, como espectador, para a terra dos vikings, parece mais um simulacro onde os atores estão brincando de teatrinho vestindo roupas engraçadas e simulando uma sociedade antiga à luz da nossa.
Poucos trabalhos, no cinema ou na TV, conseguem contornar bem esse problema, especialmente aquelas oriundas de Hollywood e de estúdios que seguem a escola hollywoodiana. Algumas conseguem ao menos, de alguma forma, não deixar tão evidente e tão escancaradas essas incongruências, como fez a série Roma, ou como faz Game of Thrones. Mas em Vikings isso me incomodou demais.
Nossa. Lindo. Poucos longas fizeram crescer aquela corrente de lágrimas nos canais do meus olhos, pulsando pra sair. Acho que mais 1 minuto de duração e eu desaguava... froxinho né...
Um problema sério, grave e denso (urbanização,desmatamento e especulação imobiliária) tratado da forma mais sutil, lúdica e sensível!
Bacurau
4.3 2,8K Assista AgoraUma pérola! Trama saída diretamente de uma espécie de lado B da Hollywood oitentista passada no sertão nordestino brasileiro, emanando um Glauber Rocha invertido: em vez da análise estética com árduo realismo do fim das esperanças, defere-nos a esperança negada na realidade e torna o pesar em êxtase! É o filme que o Brasil de 2019 precisa.
Silvio e os Outros
3.5 5Parece que 'A Grande Beleza' voltou, só que agora com um exemplo prático daquele comentário feito sobre o hedonismo niilista de burgueses decadentes: com cara e personagem específicos...
Divino Amor
3.3 240Do mesmo diretor prefiro "Boi Neon", ainda sua 'masterpiece' de tratar questões mundanas e cotidianas com crítica social bem articulada no subtexto. Este "Amor Divino" peca nessa última pretensão, que acaba não atingindo o que promete entregar. Mas ao fim deixa questões interessantes e provoca uma reflexão mais filosófica do que social.
Ao fim a opção narrativa é interessante e cativante ao encerrar no limiar entre o fantástico e a representação distópica do real. A trama assume a sugestão do fantástico para trucar a moral e a lógica religiosa conservadora evangélica (note, o que não quer dizer que todo evangélico seja assim, mas sim aqueles mais conservadores): ou a heroína teve um bebê do Espírito Santo mesmo e ninguém das principais referências que professam a fé dela (o pastor e a guia do grupo Divino Amor) acreditou na história, o que implicaria em, no fundo duvidarem da própria fé; ou ela de fato traiu o marido e ela é uma grande hipócrita, pois são postulados básicos de sua fé não trair e a preservação do casamento a qualquer custo (os quais ela aparentava seguir à risca). O diretor habilmente consegue finalizar com esse dilema provocativo: ou os arautos da moral e dos bons costumes não acreditam de fato no que professam ou são hipócritas. Uma pena que para chegar até aí tenha se valido de um filme com desenvolvimento não muito interessante e bem raso na trama e na exploração psicológica das personagens e de ambientação tão pobre (perto do que a proposta nos fazia esperar).
Corações Loucos
3.8 25O filme é chocante. Chocante e repugnante em vários momentos pelo tratamento exageradamente misógino dado às mulheres. Confesso que fiquei por toda a sua duração um tanto quanto enojado e me perguntando se eu devia continuar assistindo aquilo; por sorte (de poder ser provocado pelo bom cinema) eu resisti e fiquei.
Na verdade demorou algumas horas, mesmo depois de ter compreendido e aceitado a premissa, para eu admitir aumentar a nota desse filme na minha cabeça e assumir que ele foi mais genial do que repugnante no fim das contas. Por outro lado, já durante o filme, um dos estranhamentos e curiosidade que me fizeram ficar foi notar que as personagens femininas não pareciam ultrajadas com o que acontecia. Pelo contrário, a atmosfera de surrealidade (e estranhamento, pra mim) era composta em parte pelo fato de elas aparentemente estarem aceitando toda uma cornucópia insana de misoginia com apatia e até certo deboche. E fiquei pensando: ora, são atrizes ali (aliás, grandes atrizes, de renome, inclusive uma adolescente Isabelle Huppert surpreendendo pela densidade do papel), elas não aceitariam fazer um filme desses se não conhecessem a real motivação do roteiro. Alguma coisa tem.
E tem. Na realidade estamos diante de uma sátira visceral sobre a masculinidade tóxica (ou, um tipo dela). Em parte do problema de nós (e do público norteamericano provavelmente também) não entendermos a motivação do filme com antecedência é a tradução do nome. Em francês, no original, o nome é gíria para "bolas" (sim, do saco escrotal). Se traduzíssemos fidedignamente suscitando o clima de sátira teríamos algo como "Os Bolas". Título que, imagino eu, seria mais curioso e atrativo e nos colocaria a pensar já durante o filme que não se trata de mera exploração sexista (como esteticamente ele provoca e sugere ser). Infelizmente também, a cópia definitiva do filme teve de ter o final original imaginado pelo diretor cortado (informações do IMDB) - advinha por exigência de quem? Sim, do mercado norteamericano.
Em vez de entrarem no túnel e os créditos subirem, a intenção era que o carro sofresse o acidente sugerido e que esperávamos já (afinal, c'mon, a trama estava fadada a terminar da maneira mais cínica possível condenada pela lei do eterno retorno: o carro que os vigaristas sabotaram a roda no início para tentar vingança contra o almofadinha seria o mesmo que eles roubaram no final e acabaria acontecendo com eles o "acidente"). Ao meu ver, matar as personagens era o único fim digno para heróis tão controversos; e, em plenos anos 70, seria uma mensagem clara e bem humorada de repúdio, de esse também ser o único fim aceitável para toda a misoginia e o machismo exacerbado que os machões super héteros representavam: penhasco abaixo.
Mas são problemas externos que não atrapalham a trama, e mesmo com eles é possível notar a guinada do filme ainda durante seu desenvolvimento. A crítica está escondida tão sutilmente que eu mesmo só notei a intenção da narrativa no terceiro ato
(numa cena espetacular do orgasmo da personagem de Miou-Miou, quando pelo jogo de cenário, ambientação, foley e câmera entendemos que aquela casa idílica naquele interior bucólico, tudo é o corpo da mulher, e aqueles dois otários que estamos acompanhando a trama toda nada mais são do que duas "bolas" perdidas e completamente ineptas diante da força do orgasmo feminino, aqui traduzido como força da natureza - aliás, o aspecto "escrotal" dos heróis vem dado no figurino, quando estão sempre andando juntos, com roupas iguais, como se um fosse o direito e o esquerdo do outro).
Ao fim e ao cabo entendemos que nada daquele tratamento repugnante foi de fato "real" no mundo das personagens. Tudo era uma alegoria para mostrar que por mais brutos que os "sacos" sejam, as mulheres resistem impassíveis e blasé quase como se fossem superiores no nível divino a toda mundanidade dos homens - aqui, literalmente, reduzidos a bolas, isto é, despersonificados, como merecem, afinal todos os atos propagados por eles são desumanos (o triste da alegoria, na verdade, é perceber que são mais reais do que deveriam ser - os homens-bola estão por aí a atrapalhar a vida de tantas mulheres no mundo real, mesmo que de fato sejam reduzíveis moral e mentalmente àquilo que possuem no meio das pernas, em outras palavras, "nem gente" sejam). Há também aquelas mulheres que só encontram um fim trágico para o sofrimento (e aí é daquelas cenas mais "pesadas" num filme que seria de comédia, tratando de um drama psicológico mais profundo da personagem de Jeanne Moreau).
e por isso, como eu já disse, o único fim possível seria mesmo a morte, negar qualquer redenção a esses crápulas
O Justiceiro (2ª Temporada)
3.8 261 Assista AgoraA única coisa boa dessa segunda temporada foi ter conhecido "Shooter Jennings"...
Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros
3.6 3,0K Assista Agora- A parte da homenagem ao original é boa - as referências com gostinho de nostalgia.
- A cena da corrida de moto dentre os velociraptores: <3
- Alguns erros de continuidade, um roteiro meio preguiçoso (sim, até para um blockbuster).
- Muita influência de Godzilla (desse último remake)
- com aquela moral da história no fim, de que o humano nada pode fazer para deter a natureza e só o ciclo natural das coisas, como por exemplo, a cadeia alimentar e a vitória do mais forte, podem reorganizar a ordem e o caos haha.
Vício Inerente
3.5 554 Assista Agora"Moto panacaku! Moto panacaku! Hai? Hai? Hai!"
Better Call Saul (1ª Temporada)
4.3 820 Assista AgoraComeça bem positiva a primeira temporada. Em comparação, na minha opinião, termina com um ar de empolgação e expectativa maior e uma atmosfera mais clean e madura do que a primeira de Breaking Bad. Tal qual aquela primeira temporada serviu para construir o psicologismo de Walter White (toda ela foi sobre isso, se percebermos), esta constrói as características psicológicas de Jimmy McGill/Jimmy Sabonete e termina dizendo: "esse é o cara que está prestes a se tornar Saul Goodman". Com um extra: a temporada se dedica, em pelo menos uns 3 episódios mais detidamente, a construir também a personagem de Mike. Com a [ótima, diga-se de passagem] season finale todos os pontos estão fechados e entendemos: Mike é este, e age assim e assim, porque pensa assim; Jimmy é este, e faz o que faz, também, porque teve estas e estas marcas em sua história de vida. Se mantiver esse nível de qualidade, as próximas temporadas prometem ser muito boas e, quem sabe, render umas 8 também!
Cléo das 5 às 7
4.2 200 Assista Agora"Eu tenho medo do medo dos outros..." é uma frase pra se guardar.
As Afinidades Eletivas
3.5 9Uma das mais belas cenas de traição representadas no cinema!
(aquela que marido e mulher traem um ao outro, porém consigo mesmos, um enxergando no outro a face do amante)
Meia-Noite em Paris
4.0 3,8K Assista AgoraMeia-noite meia-boca
Leviatã
3.8 299O Leviatã está por trás de tudo no filme. O Leviatã permeia todos os personagens. No fim, o homem sempre se submete ao Leviatã. De uma forma mais sutil e dialogando com a realidade atual e não brincando com o cenário de uma distopia para falar do Estado totalitário (porque o atual Estado, em qualquer parte do mundo que se diga Democrático de Direito, padece sim de um totalitarismo velado), o filme "O Leviatã" no fim passa a mesma mensagem que o Orwell em "1984" e seu Grande Irmão: a esperança nesse mundo é vã e o homem comum, por mais revolucionário que seja em seu espírito, sempre perde no final para as forças concatenadas e superiores (as que uns chamam de Deus, outros de Estado, outros de Leviatã, e assim por diante).
Roma perde suas forças quando vê o mundo ao seu redor desabar de vez, e chora diante do esqueleto de uma Baleia (submete-se ao Leviatã, monstro marinho mitológico); Lilya, após perder todas as esperanças também, se entrega ao mar após a figura de uma baleia passar diante de seus olhos penhasco abaixo (submete-se ao Leviatã, monstro marinho mitológico); Kolya não tem mais forças para lutar, é incapaz de sequer defender-se e só consegue chorar em resposta ao absurdo surrealista das acusações que são jogadas contra ele pelo Investigador do Departamento de Homicídios (submete-se ao Leviatã, o monstro do Estado que Hobbes apontou); Dima toma uma surra inesquecível e fica cara-a-cara com a morte, vítima de um atentado mafioso de um representante corrupto do Estado e desiste de vez de lutar pela justiça (submete-se ao Leviatã, o monstro do Estado que Hobbes apontou).
A família de Kolya só é destruída e esmigalhada porque ele enfrentou a força do Leviatã - tudo está relacionado a esse combate, desde a vinda do advogado e melhor amigo, até a traição deste melhor amigo com a sua esposa e a realidade dura desnudada aos olhos do filho rebelde. Até a sua amizade com os policiais corruptos é comprometida. Ou seja, a sua aliança com uma parcela do Leviatã (que no fim, todos depõem contra ele, todos servem ao Leviatã). Perde tudo, literalmente, família, amigos e lar. Se Kolya tivesse aceitado passivamente tudo desde o início e não tivesse tentado lutar pela justiça e pela verdade (verdadeiras), sua vida não teria sido devastada.
A verdade é que como Hobbes disse que deveria ser feito, acorrentar o Leviatã, é impossível enquanto o Estado for o Estado como conhecemos. Porque o Leviatã também está dentro de nós. Supostamente acorrentado e apaziguado pelo pacto social, o Leviatã não destrói os homens. Mas é impossível acorrentar um fenômeno, uma monstruosidade. E toda a ilusão cai por terra aí: mesmo acorrentado (o que se supõe), o Leviatã destrói os homens (corrupção), e os homens imediatamente afetados por ele, destroem outros homens, homens comuns.
O Padre Vasily e Kolya têm algo em comum (não é à toa que gastou-se uma boa parcela de cena entre os dois, o que aparentemente não teria lugar no filme e dentre os personagens apresentados àquela altura do longa): ambos são vítimas dos homens corrompidos pelo Leviatã; ambos são vítimas do Leviatã; um se vê impotente perante o prefeito, que é o Estado (não stricto sensu, obviamente), outro se vê impotente perante o bispo, que é Deus e sua força, diante de suas palavras sedutoras fica hipnotizado junto aos outros presentes assistindo o culto (num lugar erigido em cima da injustiça e do caos).
Tudo no final é uma mentira e uma hipocrisia. E não, não se acorrenta um Leviatã. O homem que não é passivo e aceita a força descomunal desse fenômeno, é por ele à força apassivado. E todos os que deveriam representar a Justiça e Verdade são, ou escravos do Monstro, ou caem diante dele. O bispo fala muito em "verdade" em suas conversas com Vadim e no seu culto; de fato, aquela retratada no longa é a verdade de Deus, num mundo em que Deus não existe, e, sim, é só uma criação dos mesmos homens que criaram o Estado. Deus é só mais uma forma poder. Lembrem-se daquele diálogo em que o Bispo diz para Vadim que os dois possuem as mesmas pretensões; mas não se engane, não é só de desapropriar Kolya e construir ali uma ostensiva Igreja (o Palácio que Kolya acha que Vadim teria construído - isto é, o palácio do prefeito e a casa de Deus que parece um palácio, são a mesma coisa). Suas pretensões como representantes de um poder histórico e bem concatenado, uma rede de forças que não entendemos (Deus e Estado), são também de serem homens do poder, ambos têm a intenção de vencer, de dominar, de subjugar.
Ondas do Destino
4.2 335 Assista Agorapossivelmente o melhor do Lars.
Emily Watson dá show! Destrói! E está apaixonante.
Boardwalk Empire - O Império do Contrabando (5ª Temporada)
4.3 74 Assista AgoraPodia ter sido melhor!
Pra mim o resumo dessa série é: foi tudo perfeito no namoro (até a 3ª), quando casei (3ª pra frente) broxou!
Boyhood: Da Infância à Juventude
4.0 3,7K Assista AgoraPensei em um longo texto pra postar aqui.
Mas não dá pra exprimir. Não precisa. Sei lá...
Portanto vou resumir tudo em uma expressão apenas: Caralho, que aula!
Bem Perto de Buenos Aires
2.4 21 Assista AgoraMuito bom!
Neste filme tudo é medo, incluindo o próprio tom e ambientação. Te deixam tenso, apreensivo, você nem percebe e já está!
Mas emblemática a frase do segurança do enorme condomínio, numa das primeiras cenas do filme: "não é nada".
"Não é nada" servirá para o filme todo, e para nossa vida.
Engraçado como cada cena é medo, trata de um medo, medos cotidianos, que todos nós temos, e cada cena provoca em nós os mesmos medos dos personagens.
E nos faz rir e achar um pouco ridículo como toda a histeria e todo o desespero que eles podem nos provocar, no fim das contas, "não é nada"...
Esses medos cotidianos que temos apenas por viver em sociedade urbana moderna capitalista, a histeria da segurança, as reações sem noção que muitas vezes isso tudo pode nos provocar, o filme vem dar com luva de pelica na nossa cara e dizer: Acorda! Não é nada. A experiência lembra de pronto a música dos Engenheiros do Hawaii, "Muros e grades".
Mais um Ano
3.8 85Muito bom! Modula com maestria a fotografia, figurino e atuações! Um filme de situações, drama familiar com pitadas de humor negro, drama psicológico e com um movimento de câmera que acentua um aspecto caricato
(especialmente aqueles closes nas caras e bocas do Tom - ou o que dizer do momento "aunt Mary", quer câmera mais psicológica, cômica e drámatica ao mesmo tempo, do que aquela?)
Deixa um sabor de se estar assistindo aquela frieza psicológica com certo sadismo de um Polanski, ao mesmo tempo que lembra uma mistura da leveza e humor de um "Sideways" com os dramas pessoais de "A Culpa É do Cordeiro".
Impossível classificar em um só desses aspectos. Me deixou a impressão de tudo isso. Belo filme!
Tatuagem
4.2 923 Assista AgoraTem cu, tem cu, tem cu
Vikings (2ª Temporada)
4.5 559 Assista AgoraFaltou feijão...
Melhorou alguns aspectos desde a 1ª, mas ainda não entrou no Hall das melhores séries do meu coração...
Uma Vida Comum
4.0 89lindo, lindo, filme lindo
Dos filmes que me marcaram na vida porque me fizeram chorar, e são poucos, esse foi o 4º!!
Lindo demais!
Game of Thrones (4ª Temporada)
4.6 1,5K Assista AgoraQUE TEMPORADA
QUE TEMPORADA
Só tenho algumas coisas para dizer sobre ela:
Oberyn
Montanha
Tyrion
Tywin
Brienne
Hound
Arya
Bran
Hodor
Gigantes
Lobos
Night's King (?)
'Children'
Vikings (1ª Temporada)
4.3 779 Assista AgoraDo 4º episódio para frente a série melhora bastante. De modo que só então me deu vontade de ao menos dar uma nota pra ela.
Nos dois últimos episódios achei que dá uma broxada, especialmente no último, que não teve sabor de 'season finale'.
O tratamento dado à questão histórica me parece ok, sem maniqueísmos quando confrontou duas crenças diferentes com a introdução do personagem cristão e seus momentos e diálogos sobre fé com o Lothbrok.
Há até algumas explicações sobre crenças e costumes dos vikings. Sobre a mitologia nórdica também há algo.
Mas falta. Falta completar, falta alguma coisa, não sei. Está tudo meio raso.
As cenas de batalha são excelentes. Ao menos isso salva. Também em momentos de tabu, como mostrar sangue, sexo, violência, a série não economiza, mas mantém a mão boa
(com destaque para a cena no penúltimo episódio, com detalhes sórdidos do corte na garganta durante o ritual)
Legal a alternância de idiomas em alguns raros momentos, mas que servem para justamente não deixar o espectador esquecer: "olha, lá eles falam outro idioma, aqui na série, você, como espectador de outro mundo, privilegiado, já está tendo tudo traduzido em inglês, mas ó, lembre-se hein, eles falam outro idioma". Gosto quando dão essa importância, nem que seja singela como aqui.
Esses na verdade são os pontos positivos, passo agora aos que considerei pontos negativos (e pra não broxar a expectativa de quem ainda não assistiu, vou tapar como 'spoiler'):
- não sei se culpa dos atores, ou culpa do roteiro, mas nenhuma personagem me provocou grande empatia. Achei todos os atores meio fracos e o tratamento do roteiro aos personagens um pouco apressado;
- as intrigas e tramas são mal estabelecidas, nenhuma cria uma grande expectativa de explodir cabeças, ou nenhuma tentativa de estabelecer suspense por um acontecimento é bem sucedidada. Além disso, a série não deu um grande acontecimento aos espectadores, daqueles dignos de serem lembrados, um episódio memorável (que tem em toda grande série logo na primeira temporada);
- o pior ponto, o que me fez tirar pelo menos duas estrelas da nota aqui, algo que me irrita bastante em séries e filmes com essa influência do 'american way of life': dileminhas morais ocidentais atuais e a hipocrisia do politicamente correto. Além disso, a sensualização da personagem histórica e o fetiche do cosplay, que mais parece ser o objetivo de colocar um monte de gente bonita brincando de sociedade medieval.
Uma coisa é certa, não precisa ser historiador para chegar a conclusão de que uma sociedade nórdica de centenas de anos atrás simplesmente não tem costumes e modo de vida parecidos com os da sociedade ocidental pós-moderna. Apesar da série tentar mostrar sem tabu alguns costumes para nós, hoje, absurdos e lá, comuns (criança bebendo alcool aos 12 anos, sexo livre, crianças assistindo livremente violência brutal, participando ativamente da sociedade e da guerra etc.), ela peca em alguns momentos que eu considero falta de atenção do roteiro ou erro de continuidade mesmo, como a maneira extremamente ocidentalizada de se relacionar em família: mandar a criança de volta pra cama, mandar a criança brincar, a criança pegar no flagra os pais brigando, chamar as crianças para o café da manhã, comportamentos de família ocidental de classe média, relação de casal exclusivamente monogâmica com direito a ciúmes e intriga por causa de outras mulheres etc. Sabe todo esse falso moralismo e coisas do tipo que mais parecem dedo do estúdio e dos executivos na série e dos produtores no roteiro, melando a criatividade original dos verdadeiros artistas (roteirista e diretor).
Muitos outros errinhos do tipo, perceptíveis e repetidos ao longo da série, tudo isso vai desfavorecendo a ambientação em uma outra sociedade, totalmente diferente da nossa, tudo isso não te leva, como espectador, para a terra dos vikings, parece mais um simulacro onde os atores estão brincando de teatrinho vestindo roupas engraçadas e simulando uma sociedade antiga à luz da nossa.
Poucos trabalhos, no cinema ou na TV, conseguem contornar bem esse problema, especialmente aquelas oriundas de Hollywood e de estúdios que seguem a escola hollywoodiana. Algumas conseguem ao menos, de alguma forma, não deixar tão evidente e tão escancaradas essas incongruências, como fez a série Roma, ou como faz Game of Thrones. Mas em Vikings isso me incomodou demais.
The Song for Rain
4.3 8Nossa. Lindo. Poucos longas fizeram crescer aquela corrente de lágrimas nos canais do meus olhos, pulsando pra sair. Acho que mais 1 minuto de duração e eu desaguava... froxinho né...
Um problema sério, grave e denso (urbanização,desmatamento e especulação imobiliária) tratado da forma mais sutil, lúdica e sensível!
Uma "bomba num pacotinho", define esse curta!
Capitão América 2: O Soldado Invernal
4.0 2,6K Assista AgoraSuperou Vingadores 2. O que faz dele o melhor da Marvel até agora.