Ótima antologia. Uma das melhores produzidas pela Amicus e provavelmente a mais homogênea. Todas as histórias são boas, embora algumas naturalmente sejam melhores, e o filme tem toda aquela atmosfera sem igual das melhores produções de terror dos anos setenta, uma das melhores e mais profícuas décadas para o gênero, na minha opinião. Muito sinistra a loja de antiguidades do grande Peter Cushing. Destaque para a primeira e a última histórias. Curiosidade: no segundo episódio, Donald Pleasence faz o papel de um veterano de guerra e pai de sua própria filha na vida real, Angela Pleasence.
Felizardo é quem tem a sorte de encontrar e ver Alexandre. Um filme encantador, daqueles que nos deixam felizes e satisfeitos por muito tempo depois de encerrada a projeção, com a sensação de que valeu a pena cada segundo gasto assistindo a esta verdadeira pérola da comédia francesa.
Bom filme. Mesmo sendo previsível, tem uma história que prende a atenção, com uma mistura eficiente de ficção-científica e terror, e aquela atmosfera sombria e misteriosa, que tanto aprecio, típica das produções do gênero, dos anos sessenta e setenta, bem ao estilo da produtora American Internacional. Destaque para a presença, no elenco, dos então jovens John Saxon e Dennis Hopper, com atuações corretas e eficientes. Direção também correta de Curtis Harrington, cujo melhor filme, na minha opinião, é o ótimo suspense "O Terceiro Tiro" (Games). O final realmente deixa uma história em aberto, o que justificaria uma sequência, como bem observou outro usuário. Enfim, um bom filme, que merece ser visto pelos apreciadores dos gêneros terror e ficção clássicos, um digno midnight movie, na melhor tradição da linha Roger Corman.
Um dos melhores e mais criativos suspenses/noirs que eu já vi. Como já disseram, tinha tudo para ser um clássico. No entanto, é praticamente desconhecido, inclusive entre os fãs do suspense/noir e mesmo de Vincent Price, aqui em um dos melhores trabalhos de sua carreira. Mais um exemplar da imensa lista de filmes a serem redescobertos. Merece ir para minha lista "Bons Filmes que Poucos Viram".
Quero ver esse. Parece ser uma sequência do ótimo filme "Il Medico de la Mutua", de Luigi Zampa, também com Alberto Sordi, sobre o início da carreira do jovem e inescrupuloso Dr. Guido Tersilli e suas aventuras e trapaças para tomar o maior número de pacientes (mutuários) de seus colegas. Alberto Sordi, na minha opinião, foi um dos maiores atores de cinema do século XX. É pena que muitas pessoas sequer desconfiam da existência desses grandes filmes italianos dos anos 60.
Pegue Buñuel, Jacques Tati e Fellini e misture tudo em um caldeirão, mas com muito senso de humor e criatividade. Um filme que a todo momento brinca com as nossas expectativas. Surreal e divertido. ótimo!
Prefiro o episódio dirigido por Steno, "O Monstro do Domingo". Humor popular mas inteligente e divertido. Os outros achei fracos, embora o de Monicelli tenha seu charme. Parece que este foi o último filme de Totò.
Assistindo ao documentário "Person", de Marina Person, fiquei sabendo que o diretor considerava "Panca de Valente" uma "chanchadinha rural", sem qualquer valor artístico. Na realidade, autocrítica tão severa reflete menos a qualidade do filme do que a grande frustração de Person, que, impedido de levar adiante aquele que considerava seu maior projeto, a adaptação para o cinema do romance "A Hora dos Ruminantes", de José J. Veiga, se contentou em dirigir um filme "menor". Que me perdoe o diretor, mas sua frustração não poderia resultar em maior injustiça, pois, a meu ver, "Panca de Valente" é uma das comédias mais divertidas e criativas do cinema brasileiro. Trilha sonora, direção, atuações, roteiro, tudo impecável nesta curiosa mistura de Jerry Lewis com John Ford. Comédia de alto nível, que, na minha opinião, dentro de seu gênero específico, está à altura dos clássicos "sérios" do diretor.
Realmente, Ueliton, é uma verdadeira injustiça a ausência de comentários e o esquecimento em que caiu esta produção, pois "A Madona de Cedro" é certamente um dos grandes filmes do cinema brasileiro - e ousaria dizer, do cinema mundial - dos anos sessenta.
Destaque para a direção segura do talentoso Carlos Coimbra; a bela trilha sonora do maestro Gabriel Migliori (ótima a abertura com imagens barrocas de Aleijadinho); o ótimo e bem costurado roteiro e as excelentes atuações, principalmente do grande Leonardo Villar, que mostra mais uma vez porque é um dos maiores atores brasileiros de todos os tempos; do sempre ótimo Jofre Soares; de Sérgio Cardoso, que, mais habituado a viver galãs de novelas, surpreende no papel do sacristão coxo Pedro e, é claro, da excelente Cleide Yáconis, como Lola, a boba. E como não mencionar as marcantes participações dos ícones Anselmo Duarte, Ziembinski e Leila Diniz.
A história em si, que se inicia como uma trama policial/de suspense comum, embora muito envolvente, vai aos poucos atingindo uma dimensão maior, ao tratar do tema da intolerância religiosa e da dominação por meio da religião, tão recorrente no cinema brasileiro, a ponto de ter rendido outros grandes filmes, como "O Pagador de Promessas" e "Vereda da Salvação", ambos de Anselmo Duarte e o primeiro também estrelado por Leonardo Villar. Ao mesmo tempo, trata do drama de consciência de um homem comum, que se encontra martirizado e arrependido por ter furtado uma imagem sagrada e em busca de sua salvação/redenção, analogia religiosa que conduz a um final bíblico arrebatador e estupendo.
É curioso notar que o produtor Massaini, o diretor Coimbra e o ator Villar já haviam se associado anteriormente em um filme que trata da relação entre política e religião, mas em tom de humor, a brilhante comédia "O Santo Milagroso", baseada na peça de Lauro César Muniz, uma das melhores comédias do cinema brasileiro, na minha opinião.
Este filme já foi considerado perdido. Felizmente agora está sendo restaurado a partir de uma das duas únicas cópias encontradas e deve ser relançado em DVD no ano que vem. Vejam matéria de O Globo do domingo passado: http://oglobo.globo.com/cultura/filmes/ultimo-filme-de-humberto-mauro-noiva-da-cidade-chega-ao-publico-18109707
A quem possa interessar, o conto no qual esse filme é baseado foi lançado no Brasil pela editora Conrad, no livro "O Visitante Noturno", de B Traven. B Traven é o pseudônimo de um escritor que causaria estranheza nesta época de celebridades instantâneas, pois conseguiu manter sua verdadeira identidade em segredo por toda a vida e também depois da morte, sendo que até hoje há várias especulações sobre sua vida. É autor também do romance "O Tesouro de Sierra Madre", adaptado para o cinema por John Huston.
O cinema mexicano, mais conhecido por seus clássicos dramas e pelas memoráveis comédias de Cantinflas, também nos deixou um legado importante no gênero horror, principalmente no período que vai do final da década de 50 até o início dos anos 80, no qual foram produzidos excelentes filmes, que nada ficam a dever aos clássicos de terror ingleses e norte-americanos, como, por exemplo, "O Espelho da Bruxa"; "A Maldição da Chorona"; "Misterios de Ultratumba"; "O Livro de Pedra"; "Até O Vento Tem Medo"; "Mas Negro que A Noite"; "O Estranho Filho do Xerife" e "Veneno para As Fadas".
Este "O Homem e O Monstro" só vem confirmar a qualidade do cinema de terror mexicano. Trata-se de uma pequena pérola cinematográfica, que transcende o gênero horror, enveredando também pelo drama, ao tratar da tragédia do artista frustrado e corroído pela inveja, drama tão antigo quanto a humanidade, mas sempre fascinante.
Além disso, temos uma história criativa e curiosa, uma espécie de mistura de Fausto como O Médico e O Monstro, suas evidentes inspirações, conduzida por um clima romântico, no sentido mais pessimista do termo, e uma atmosfera lisztiana.
Chama atenção também a belíssima fotografia, em soberbo preto-e-branco, que explora magistralmente os efeitos de luz e sombra. Sem exagero, é digna dos melhores filmes noir americanos e mostra a excelência técnica do cinema mexicano dos anos 50.
Enfim, é um pequeno clássico que merecia ser mais conhecido e cultuado, pelo menos tanto quanto os filmes de horror da Universal ou da RKO, pois nada fica a dever a estes.Veja e confira.
Meu conterrâneo, o grande ator Paulo Porto, mineiro de Muriaé, em uma rara experiência como diretor, realizou aquele que talvez seja o melhor filme brasileiro sobre a terceira idade. Belo e comovente drama, que aborda de forma realista e honesta a delicada relação entre os filhos e seus pais idosos, que, infelizmente, não raras vezes, são colocados em segundo plano por aqueles por quem tanto se sacrificaram, e não apenas em razão do desprezo e da indiferença, mas também devido ao turbilhão de cobranças e compromissos "inadiáveis" da vida moderna, que nos fazem muitas vezes atribuir importância secundária às relações humanas mais básicas e essenciais, justamente aquelas pelas quais mais deveríamos zelar, pois são a razão mesmo de nossa desgastante labuta diária.
Ótimas atuações de todo o elenco, com destaque para Iracema de Alencar, numa performance digna de um prêmio internacional, Rodolfo Arena e uma deliciosa participação especial de Procópio Ferreira, em sua última aparição no cinema. A cena da rodoviária é uma das mais marcantes da história do cinema brasileiro. Destaque também para a bela trilha sonora de Egberto Gismonti.
Felizmente, a continental lançou recentemente este magnífico filme no mercado brasileiro, com o título de "A Mais Bela Noite da Minha Vida". Certamente, uma das obras-primas esquecidas de Ettore Scola, com o sempre brilhante Alberto Sordi. Merece o status de clássico. A título de curiosidade, o ator inicialmente cotado para o papel principal era Marcello Mastroianni, mas os produtores acabaram escolhendo Alberto Sordi.
Bom documentário, que revela as facetas menos conhecidas de Louis de Funès, como as de ator de teatro e pianista. Justa homenagem a um dos maiores comediantes da história do cinema.
Possivelmente o melhor filme de aventura do estilo "mil e uma noites" já realizado. Todos os elementos do gênero estão presentes e foram utilizados com rara criatividade e brilhantismo: a lâmpada maravilhosa; o gênio; o tapete voador; o sultão; o feiticeiro malvado; a princesa. Enfim, um clássico do cinema de aventura. E, além de tudo, com linda fotografia em technicolor; excelente roteiro; ótimas atuações, especialmente de Conrad Veidt, John Justin e Sabu; excelentes efeitos especiais e o irresistível clima de exotismo e fantasia próprio dos contos de Sherazade.
Destaque ainda para a participação do grande diretor Michael Powell ("Os Sapatinhos Vermelhos" e "A Tortura do Medo").
Uma das melhores comédias do cinema brasileiro, sem dúvida alguma. Antecipa em mais de 20 anos o formato que seria mais tarde trabalhado por Oduvaldo Vianna Filho em a "Grande Família". É uma lástima que um gênio do humor como Walter D'ávila tenha feito tão poucos filmes.
Sinceramente, não consigo entender por que razão algumas pessoas consideram este filme tão ruim.
Na minha modesta opinião, trata-se de uma pequena pérola do cinema brasileiro, na qual o talentoso diretor Walter Lima Júnior (de bela filmografia, com clássicos do quilate de "Inocência"; "A Lira do Delírio" e "A Ostra e o Vento"), flerta com um dos mitos mais caros e significativos do nosso folclore com muita sensibilidade, humor e inteligência, criando uma história deliciosa de se assistir.
Sem contar a belíssima trilha sonora de Wagner Tiso (propiciando uma das mais lindas aberturas do cinema brasileiro); a fotografia deslumbrante em tons de azul de Pedro Farkas e as lindas locações, que ajudam a criar uma atmosfera lírica de sonho e fantasia, propiciando uma experiência cinematográfica muito prazerosa.
Ricelli, apesar das óbvias limitações impostas pelo próprio papel, está convincente no papel de boto, transmitindo a gaiatice necessária à personagem. Destaque também para Ney Latorraca, em um de seus papéis mais cômicos, e para Cássia Kiss e a então novata Dira Paes, que fornecem a parcela dramática do filme.
Enfim, um belo filme, que mescla folclore, humor e drama com bastante equilíbrio e sensibilidade, merecendo ser incluído na galeria de clássicos do nosso cinema.
Oxalá houvesse mais filmes abordando a rica temática do folclore brasileiro, com lendas como Cobra-Norato; Saci-Pererê e Boitatá, entre muitas outras, brilhantemente registradas pelo grande folclorista Luís da Câmara Cascudo em seu clássico livro "Geografia dos Mitos Brasileiros".
A estreia de Beto Brant na direção foi uma grata surpresa para o cinema brasileiro. "Os Matadores" é um dos melhores filmes brasileiros de todos os tempos, com roteiro criativo; história muito interessante enfocando a vida dos matadores de aluguel, seus dilemas e medos; direção instigante e ótimas atuações, principalmente de Chico Díaz e Wolney de Assis. O filme, a meu ver, é superior a outros mais divulgados do diretor, como "O Invasor". É uma lástima que ainda não tenha sido lançado em DVD.
A melhor comédia de Roberto Benigni. Grande atuação de Walter Matthau e Benigni, história inspiradíssima e muito engraçada. Apesar do Oscar de melhor filme por um drama, "A Vida é Bela", o que Benigni faz melhor é escrever e dirigir comédias, o que se comprova ainda por outras pérolas cômicas de sua filmografia, como "O Monstro" e "Johnny Stecchino". Pena que a comédia italiana atual não tenha muitos outros filmes como estes.
Único filme da Hammer a explorar o mito do lobisomem, baseado no livro "O Lobisomem de Paris", de Guy Endore, que parte de uma premissa interessante, pois rompe com a crença de que a maldição que faz um homem se tornar lobo decorre do ataque de um lobisomem, sugerindo que tal sina pode estar relacionada a pecados cometidos por seus genitores e, principalmente, pelo nascimento de uma criança produto de violência sexual na Noite de Natal, o que, segundo a crença religiosa de alguns países, seria uma ofensa aos céus. Terence Fisher consegue criar um filme de terror envolvente, com grande atmosfera. Destaque também para a boa atuação do estreante Oliver Reed.
Vozes do Além
3.5 29Ótima antologia. Uma das melhores produzidas pela Amicus e provavelmente a mais homogênea. Todas as histórias são boas, embora algumas naturalmente sejam melhores, e o filme tem toda aquela atmosfera sem igual das melhores produções de terror dos anos setenta, uma das melhores e mais profícuas décadas para o gênero, na minha opinião. Muito sinistra a loja de antiguidades do grande Peter Cushing. Destaque para a primeira e a última histórias. Curiosidade: no segundo episódio, Donald Pleasence faz o papel de um veterano de guerra e pai de sua própria filha na vida real, Angela Pleasence.
Alexandre, O Felizardo
3.7 10Felizardo é quem tem a sorte de encontrar e ver Alexandre. Um filme encantador, daqueles que nos deixam felizes e satisfeitos por muito tempo depois de encerrada a projeção, com a sensação de que valeu a pena cada segundo gasto assistindo a esta verdadeira pérola da comédia francesa.
Queen of Blood
2.8 9 Assista AgoraBom filme. Mesmo sendo previsível, tem uma história que prende a atenção, com uma mistura eficiente de ficção-científica e terror, e aquela atmosfera sombria e misteriosa, que tanto aprecio, típica das produções do gênero, dos anos sessenta e setenta, bem ao estilo da produtora American Internacional.
Destaque para a presença, no elenco, dos então jovens John Saxon e Dennis Hopper, com atuações corretas e eficientes.
Direção também correta de Curtis Harrington, cujo melhor filme, na minha opinião, é o ótimo suspense "O Terceiro Tiro" (Games).
O final realmente deixa uma história em aberto, o que justificaria uma sequência, como bem observou outro usuário.
Enfim, um bom filme, que merece ser visto pelos apreciadores dos gêneros terror e ficção clássicos, um digno midnight movie, na melhor tradição da linha Roger Corman.
Choque!
3.5 18 Assista AgoraUm dos melhores e mais criativos suspenses/noirs que eu já vi. Como já disseram, tinha tudo para ser um clássico. No entanto, é praticamente desconhecido, inclusive entre os fãs do suspense/noir e mesmo de Vincent Price, aqui em um dos melhores trabalhos de sua carreira. Mais um exemplar da imensa lista de filmes a serem redescobertos. Merece ir para minha lista "Bons Filmes que Poucos Viram".
A Fabulosa Clínica do Dr. Tersilli
3.2 2Quero ver esse. Parece ser uma sequência do ótimo filme "Il Medico de la Mutua", de Luigi Zampa, também com Alberto Sordi, sobre o início da carreira do jovem e inescrupuloso Dr. Guido Tersilli e suas aventuras e trapaças para tomar o maior número de pacientes (mutuários) de seus colegas. Alberto Sordi, na minha opinião, foi um dos maiores atores de cinema do século XX. É pena que muitas pessoas sequer desconfiam da existência desses grandes filmes italianos dos anos 60.
Fogo e Paixão
3.1 8 Assista AgoraPegue Buñuel, Jacques Tati e Fellini e misture tudo em um caldeirão, mas com muito senso de humor e criatividade. Um filme que a todo momento brinca com as nossas expectativas. Surreal e divertido. ótimo!
Capricho à Italiana
3.6 5Prefiro o episódio dirigido por Steno, "O Monstro do Domingo". Humor popular mas inteligente e divertido. Os outros achei fracos, embora o de Monicelli tenha seu charme. Parece que este foi o último filme de Totò.
Panca de Valente
3.4 4Assistindo ao documentário "Person", de Marina Person, fiquei sabendo que o diretor considerava "Panca de Valente" uma "chanchadinha rural", sem qualquer valor artístico. Na realidade, autocrítica tão severa reflete menos a qualidade do filme do que a grande frustração de Person, que, impedido de levar adiante aquele que considerava seu maior projeto, a adaptação para o cinema do romance "A Hora dos Ruminantes", de José J. Veiga, se contentou em dirigir um filme "menor".
Que me perdoe o diretor, mas sua frustração não poderia resultar em maior injustiça, pois, a meu ver, "Panca de Valente" é uma das comédias mais divertidas e criativas do cinema brasileiro. Trilha sonora, direção, atuações, roteiro, tudo impecável nesta curiosa mistura de Jerry Lewis com John Ford. Comédia de alto nível, que, na minha opinião, dentro de seu gênero específico, está à altura dos clássicos "sérios" do diretor.
A Madona de Cedro
3.3 7Realmente, Ueliton, é uma verdadeira injustiça a ausência de comentários e o esquecimento em que caiu esta produção, pois "A Madona de Cedro" é certamente um dos grandes filmes do cinema brasileiro - e ousaria dizer, do cinema mundial - dos anos sessenta.
Destaque para a direção segura do talentoso Carlos Coimbra; a bela trilha sonora do maestro Gabriel Migliori (ótima a abertura com imagens barrocas de Aleijadinho); o ótimo e bem costurado roteiro e as excelentes atuações, principalmente do grande Leonardo Villar, que mostra mais uma vez porque é um dos maiores atores brasileiros de todos os tempos; do sempre ótimo Jofre Soares; de Sérgio Cardoso, que, mais habituado a viver galãs de novelas, surpreende no papel do sacristão coxo Pedro e, é claro, da excelente Cleide Yáconis, como Lola, a boba. E como não mencionar as marcantes participações dos ícones Anselmo Duarte, Ziembinski e Leila Diniz.
A história em si, que se inicia como uma trama policial/de suspense comum, embora muito envolvente, vai aos poucos atingindo uma dimensão maior, ao tratar do tema da intolerância religiosa e da dominação por meio da religião, tão recorrente no cinema brasileiro, a ponto de ter rendido outros grandes filmes, como "O Pagador de Promessas" e "Vereda da Salvação", ambos de Anselmo Duarte e o primeiro também estrelado por Leonardo Villar. Ao mesmo tempo, trata do drama de consciência de um homem comum, que se encontra martirizado e arrependido por ter furtado uma imagem sagrada e em busca de sua salvação/redenção, analogia religiosa que conduz a um final bíblico arrebatador e estupendo.
É curioso notar que o produtor Massaini, o diretor Coimbra e o ator Villar já haviam se associado anteriormente em um filme que trata da relação entre política e religião, mas em tom de humor, a brilhante comédia "O Santo Milagroso", baseada na peça de Lauro César Muniz, uma das melhores comédias do cinema brasileiro, na minha opinião.
A Noiva da Cidade
3.5 9Este filme já foi considerado perdido. Felizmente agora está sendo restaurado a partir de uma das duas únicas cópias encontradas e deve ser relançado em DVD no ano que vem. Vejam matéria de O Globo do domingo passado:
http://oglobo.globo.com/cultura/filmes/ultimo-filme-de-humberto-mauro-noiva-da-cidade-chega-ao-publico-18109707
Macario
4.2 16A quem possa interessar, o conto no qual esse filme é baseado foi lançado no Brasil pela editora Conrad, no livro "O Visitante Noturno", de B Traven. B Traven é o pseudônimo de um escritor que causaria estranheza nesta época de celebridades instantâneas, pois conseguiu manter sua verdadeira identidade em segredo por toda a vida e também depois da morte, sendo que até hoje há várias especulações sobre sua vida. É autor também do romance "O Tesouro de Sierra Madre", adaptado para o cinema por John Huston.
O Homem e o Monstro
3.5 6O cinema mexicano, mais conhecido por seus clássicos dramas e pelas memoráveis comédias de Cantinflas, também nos deixou um legado importante no gênero horror, principalmente no período que vai do final da década de 50 até o início dos anos 80, no qual foram produzidos excelentes filmes, que nada ficam a dever aos clássicos de terror ingleses e norte-americanos, como, por exemplo, "O Espelho da Bruxa"; "A Maldição da Chorona"; "Misterios de Ultratumba"; "O Livro de Pedra"; "Até O Vento Tem Medo"; "Mas Negro que A Noite"; "O Estranho Filho do Xerife" e "Veneno para As Fadas".
Este "O Homem e O Monstro" só vem confirmar a qualidade do cinema de terror mexicano. Trata-se de uma pequena pérola cinematográfica, que transcende o gênero horror, enveredando também pelo drama, ao tratar da tragédia do artista frustrado e corroído pela inveja, drama tão antigo quanto a humanidade, mas sempre fascinante.
Além disso, temos uma história criativa e curiosa, uma espécie de mistura de Fausto como O Médico e O Monstro, suas evidentes inspirações, conduzida por um clima romântico, no sentido mais pessimista do termo, e uma atmosfera lisztiana.
Chama atenção também a belíssima fotografia, em soberbo preto-e-branco, que explora magistralmente os efeitos de luz e sombra. Sem exagero, é digna dos melhores filmes noir americanos e mostra a excelência técnica do cinema mexicano dos anos 50.
Enfim, é um pequeno clássico que merecia ser mais conhecido e cultuado, pelo menos tanto quanto os filmes de horror da Universal ou da RKO, pois nada fica a dever a estes.Veja e confira.
Um Sonho de Vampiros
4.0 1Alguém sabe como conseguir uma cópia deste filme?
Em Família
4.3 19Meu conterrâneo, o grande ator Paulo Porto, mineiro de Muriaé, em uma rara experiência como diretor, realizou aquele que talvez seja o melhor filme brasileiro sobre a terceira idade. Belo e comovente drama, que aborda de forma realista e honesta a delicada relação entre os filhos e seus pais idosos, que, infelizmente, não raras vezes, são colocados em segundo plano por aqueles por quem tanto se sacrificaram, e não apenas em razão do desprezo e da indiferença, mas também devido ao turbilhão de cobranças e compromissos "inadiáveis" da vida moderna, que nos fazem muitas vezes atribuir importância secundária às relações humanas mais básicas e essenciais, justamente aquelas pelas quais mais deveríamos zelar, pois são a razão mesmo de nossa desgastante labuta diária.
Ótimas atuações de todo o elenco, com destaque para Iracema de Alencar, numa performance digna de um prêmio internacional, Rodolfo Arena e uma deliciosa participação especial de Procópio Ferreira, em sua última aparição no cinema. A cena da rodoviária é uma das mais marcantes da história do cinema brasileiro. Destaque também para a bela trilha sonora de Egberto Gismonti.
A Mais Bela Noite da Minha Vida
4.1 4Felizmente, a continental lançou recentemente este magnífico filme no mercado brasileiro, com o título de "A Mais Bela Noite da Minha Vida". Certamente, uma das obras-primas esquecidas de Ettore Scola, com o sempre brilhante Alberto Sordi. Merece o status de clássico. A título de curiosidade, o ator inicialmente cotado para o papel principal era Marcello Mastroianni, mas os produtores acabaram escolhendo Alberto Sordi.
Louis de Funès - O Gênio da Comédia
3.0 1Bom documentário, que revela as facetas menos conhecidas de Louis de Funès, como as de ator de teatro e pianista. Justa homenagem a um dos maiores comediantes da história do cinema.
O Ladrão de Bagdá
3.8 30 Assista AgoraPossivelmente o melhor filme de aventura do estilo "mil e uma noites" já realizado. Todos os elementos do gênero estão presentes e foram utilizados com rara criatividade e brilhantismo: a lâmpada maravilhosa; o gênio; o tapete voador; o sultão; o feiticeiro malvado; a princesa.
Enfim, um clássico do cinema de aventura. E, além de tudo, com linda fotografia em technicolor; excelente roteiro; ótimas atuações, especialmente de Conrad Veidt, John Justin e Sabu; excelentes efeitos especiais e o irresistível clima de exotismo e fantasia próprio dos contos de Sherazade.
Destaque ainda para a participação do grande diretor Michael Powell ("Os Sapatinhos Vermelhos" e "A Tortura do Medo").
A Família Lero-Lero
3.8 9Uma das melhores comédias do cinema brasileiro, sem dúvida alguma. Antecipa em mais de 20 anos o formato que seria mais tarde trabalhado por Oduvaldo Vianna Filho em a "Grande Família". É uma lástima que um gênio do humor como Walter D'ávila tenha feito tão poucos filmes.
Ele, o Boto
2.7 35 Assista AgoraSinceramente, não consigo entender por que razão algumas pessoas consideram este filme tão ruim.
Na minha modesta opinião, trata-se de uma pequena pérola do cinema brasileiro, na qual o talentoso diretor Walter Lima Júnior (de bela filmografia, com clássicos do quilate de "Inocência"; "A Lira do Delírio" e "A Ostra e o Vento"), flerta com um dos mitos mais caros e significativos do nosso folclore com muita sensibilidade, humor e inteligência, criando uma história deliciosa de se assistir.
Sem contar a belíssima trilha sonora de Wagner Tiso (propiciando uma das mais lindas aberturas do cinema brasileiro); a fotografia deslumbrante em tons de azul de Pedro Farkas e as lindas locações, que ajudam a criar uma atmosfera lírica de sonho e fantasia, propiciando uma experiência cinematográfica muito prazerosa.
Ricelli, apesar das óbvias limitações impostas pelo próprio papel, está convincente no papel de boto, transmitindo a gaiatice necessária à personagem. Destaque também para Ney Latorraca, em um de seus papéis mais cômicos, e para Cássia Kiss e a então novata Dira Paes, que fornecem a parcela dramática do filme.
Enfim, um belo filme, que mescla folclore, humor e drama com bastante equilíbrio e sensibilidade, merecendo ser incluído na galeria de clássicos do nosso cinema.
Oxalá houvesse mais filmes abordando a rica temática do folclore brasileiro, com lendas como Cobra-Norato; Saci-Pererê e Boitatá, entre muitas outras, brilhantemente registradas pelo grande folclorista Luís da Câmara Cascudo em seu clássico livro "Geografia dos Mitos Brasileiros".
Os Matadores
3.3 25A estreia de Beto Brant na direção foi uma grata surpresa para o cinema brasileiro. "Os Matadores" é um dos melhores filmes brasileiros de todos os tempos, com roteiro criativo; história muito interessante enfocando a vida dos matadores de aluguel, seus dilemas e medos; direção instigante e ótimas atuações, principalmente de Chico Díaz e Wolney de Assis. O filme, a meu ver, é superior a outros mais divulgados do diretor, como "O Invasor". É uma lástima que ainda não tenha sido lançado em DVD.
O Pequeno Diabo
3.6 20A melhor comédia de Roberto Benigni. Grande atuação de Walter Matthau e Benigni, história inspiradíssima e muito engraçada. Apesar do Oscar de melhor filme por um drama, "A Vida é Bela", o que Benigni faz melhor é escrever e dirigir comédias, o que se comprova ainda por outras pérolas cômicas de sua filmografia, como "O Monstro" e "Johnny Stecchino". Pena que a comédia italiana atual não tenha muitos outros filmes como estes.
Um Viúvo Trapalhão
3.0 5Uma das melhores comédias de Walter Matthau.
Venha Tomar um Café Conosco
3.9 2 Assista AgoraObra-prima de Alberto Lattuada! Tognazzi está magnífico.
A Maldição do Lobisomem
3.3 33 Assista AgoraÚnico filme da Hammer a explorar o mito do lobisomem, baseado no livro "O Lobisomem de Paris", de Guy Endore, que parte de uma premissa interessante, pois rompe com a crença de que a maldição que faz um homem se tornar lobo decorre do ataque de um lobisomem, sugerindo que tal sina pode estar relacionada a pecados cometidos por seus genitores e, principalmente, pelo nascimento de uma criança produto de violência sexual na Noite de Natal, o que, segundo a crença religiosa de alguns países, seria uma ofensa aos céus.
Terence Fisher consegue criar um filme de terror envolvente, com grande atmosfera. Destaque também para a boa atuação do estreante Oliver Reed.