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  • Vitor

    Em determinado momento de Pelé eterno, o homenageado Edson Arantes roga que todas as homenagens que puderem lhe fazer, sejam-lhe feitas em vida. E é justamente isso que o documentário Pelé eterno é: uma grande homenagem e tributo ao seu legado em forma de longa-metragem.
    Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, é certamente uma das personalidades brasileiras mais conhecidas e respeitadas no mundo inteiro – “homenageado por monarcas e rainhas, por nobres e plebeus”, diz o narrador da fita – graças aos seus notáveis anos como jogador profissional de futebol, em que venceu incontáveis títulos e prêmios, sendo hoje amplamente considerado pela imprensa e opinião pública como o melhor futebolista de todos os tempos, a frente de nomes como Maradona, Beckenbaur, Euzébio e Puskas.
    O documentário Pelé eterno, de Anibal Massaini Neto, lançado em 2004, toma como desafio explicar o como e porquê Pelé atingiu esse grau de grandiosidade. Em outras palavras, o documentário explica o “fenômeno Pelé”, respondendo a algumas perguntas como “de onde veio?” “como iniciou sua carreira?”, “por que é chamado de Rei?”, “quais foram seus principais feitos?”, dentre outras que os diretores e roteiristas julgassem importantes para se compreender a essência em torno do nome e imagem de Pelé.
    Havemos de compreender que este não é documentário neutro ou imparcial que se limitará a contar sua trajetória de forma padrão: nascimento, infância, pai e mãe, primeiros anos, auge, decadência, aposentadoria, etc; mas sim de exaltação aos feitos do “Rei” Pelé, seus gols, vitórias, triunfos e títulos.
    O documentário passa pelos principais momentos da carreira do jogador, como as copas do mundo que disputou, títulos continentais e mundiais com o Santos Futebol Clube, milésimo gol, atuações na seleção brasileira, tudo mostrado com muito ênfase e exaltação excessivamente elogiosa às atuações de Pelé, muito bem acentuada por uma trilha musical original que serve para complementar o conteúdo visual e exaltar a grandiosidade dos feitos.
    Então o documentário se torna um prato cheio para amantes do futebol, que terão a oportunidade de ficar por mais de duas horas assistindo a dribles e gols maravilhosos e históricos.
    É perceptível o carinho dos produtores do documentário para com Pelé, que mal tocam em assuntos que seriam espinhosos à sua imagem, como o não reconhecimento de sua filha biológica Sandra Arantes, falecida em 2006 sem nunca ter recebido auxílio financeiro ou emocional do Rei, o que faz com que ele não seja uma unanimidade perante a opinião pública.
    Mas tudo isso é compreensível, porque na realidade, este não é exatamente um documentário sobre o “humano” Pelé, mas sim sobre o “atleta” Pelé. Muito pouco se fala sobre sua vida fora dos campos, família, amigos, casamentos, prestação de serviços militares, empreendimentos... esses temas aparecem, mas apenas de forma rápida para pincelar o que seria um documento de caráter definitivo e completo sobre o Rei. Mas logo a narrativa se volta a mostrar o “grande” Pelé, com seus maravilhosos gols, dribles, técnica, talento, etc.
    O amante do futebol talvez se incomode um pouco por o documentário rodear unicamente o universo de Pelé, ao invés de dar um panorama mais completo e abrangente acerca do futebol brasileiro da época. Quase nada se fala a respeito de Garrincha, Djalma Santos, Didi, Zagallo, Nilton Santos, Zito e Vavá, todos eles tão campeões mundiais quanto Pelé. O documentário sequer chega a citar o nome de Amarildo, o substituto direto de Pelé que ajudou a guiar a Seleção ao bicampeonato mundial de 1962, após o Rei ter se lesionado no início do torneio.
    Para não dizer que não se fala também das derrotas, o documentário toca no que se considera um ponto baixo da carreira de Pelé: a decepcionante campanha da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1966, eliminada ainda na primeira fase da competição após vencer os torneios de 1958 e 1962. Mas a passagem pela Copa de 66 não para por aí, mais a frente é mostrada a “superação” e “volta por cima” de Pelé, que retornou à Seleção canarinho na Copa do Mundo de 1970 “voando”, como se diz popularmente.
    Não analisando mais o conteúdo, mas sua forma... é louvável o trabalho investigativo e jornalístico de pesquisa e recuperação de material fotográfico, impresso, e audiovisual sobre o objeto de estudo. Em vários momentos ao longo da projeção nos deparamos com inúmeros recortes de jornais da época e manchetes que rodaram o país ao longo de todos esses anos.
    É de se imaginar que Pelé eterno poderia ser um documentário de três ou quatro horas de duração caso os documentaristas tivessem utilizado todo o acervo acumulado acerca do biografado na fase de pesquisa para a produção do filme.
    Os documentaristas parecem ter revirado toneladas de arquivos perseguindo atentamente qualquer rastro envolvendo o nome de Pelé. O resultado disso é que podemos ver mais de 300 (dos 1.281) gols que o Rei fez ao longo de sua carreira, alguns deles armazenados em mídias muito antigas que receberam restauro profissional para a exibição no longa.
    E até mesmo alguns gols que não se tem mais registros filmados receberam um tratamento especial, por exemplo, o chamado “gol de placa do Maracanã” foi reencenado, filmado e incluído no longa, o “gol da Rua Javari”, considerado pelo próprio Pelé como o mais bonito de sua carreira, foi simulado através de uma tecnologia de gráficos de videogame, para que possamos ter uma ideia aproximada do que ele foi na realidade.
    Os documentaristas conseguiram ainda recriar minuciosamente a sequência de partidas que antecederam o jogo do milésimo gol de Pelé, criando uma espécie de contagem regressiva até o grande desfecho.
    Evidente que toda a produção do material contou também com a colaboração pessoal do ex-atleta, que aparece em vários momentos da projeção falando sobre sua carreira e relembrando momentos importantes.
    Apesar de haver uma exaltação excessiva e não disfarçadamente exagerada a respeito do biografado, o documentário cumpre bem o papel de explicar como um jovem garoto negro e pobre vindo do interior de Minas se tornou o “Pelé”.
    Gostemos ou não, ele é uma figura mundialmente associada ao Brasil, uma espécie de “embaixador” do nosso país no estrangeiro. Assim como tivemos figuras históricas como Santos Dumont, Princesa Isabel, Ayrton Senna, Tiradentes, Oscar Niemeyer, Getúlio Vargas, Monteiro Lobato e Machado de Assis, temos também Pelé, uma figura única na história do Brasil, que recebe aqui seu retrato definitivo.

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