Corroborando com o que outros já disseram aqui: Este Cemitério Maldito é um forte candidato a pior filme do ano. O que nele aterroriza, em verdade, é ficar mais de 1h vendo um elenco preguiçoso viver essa adaptação previsível e formulaica. Para aqueles que conseguem aproveitar filmes de terror ruins para dar boas risadas, talvez sirva a sessão; mas se pelo contrário, você espera um mínimo de qualidade na execução de um filme, por mais despretensioso que ele seja - Provável que saia da sala bem irritado, se decidir perder seu tempo vendo essa bobagem nos cinemas.
Gosto dos filmes do Mundruczó, e ainda que não meu preterido, Lua de Júpiter é um filme interessante, e tem momentos incríveis. Mas enfim, concordando comigo ou não, quem é que não ficou zonzo com a câmera girando que nem uma hélice toda vez que o menino voava? hahaha
As sequências de ação e escape exigem mais que suspensão de descrença, é preciso descrer em qualquer lei física que regule a realidade, haha, mas acho que é justamente isso que faz de Tomb Raider: A Origem, uma adaptação divertida e bem vinda - agora, usando de todos os recursos que o cinema de aventura atual oferecem. Além disso, Alicia Vikander traz uma Lara Croft com a qual se simpatiza nos primeiros minutos do flime, e espero ver mais dela em ação, caso vejamos uma sequência (e não uma franquia, se não ninguém aguenta, né).
É provável que ao fim de Les Affamés, fique a sensação de que tenha acabado de ver um bom filme, contudo, um filme estranho. A ambientação é tétrica, e mesmo com os personagens se encontrando e seguindo juntos na narrativa, a solidão dessas figuras é marcante, como se a distopia silenciasse as pessoas. Aqui não há esperança - Há no mínimo uma necessidade de sobreviver, não porque a vida seja defensável em um contexto distópico, mas porque morrer assusta em qualquer contexto. Nunca fui grande fã dos filmes de apocalipse zumbi, mas Les Affamés está mais próximo de uma perspectiva realista em que,
ser sobrevivente numa distopia, tem mais haver com sorte do que com coragem, e por isso, a morte chega um pouco mais tarde para alguns, nunca deixando de chegar.
Esse é o primeiro terror que vejo no ano, e com grata satisfação. A princípio, me pareceu que os quatro personagens centrais não seriam nem um pouco cativantes, e em verdade, só Luke recebe mais camadas do roteiro e desperta algum interesse, mas todo o trauma e culpa vividos por Rafe Spall me foram suficientes para assisti-lo até o fim. Outra impressão negativa que tive até os primeiros momentos do grupo na floresta, foi a de que estava assistindo a uma cópia safada da Bruxa de Blair, mas por sorte, na medida em que a narrativa avança, The Ritual vai dando passos originais e corajosos em termos de cinema de horror. Recomendo muito, pois se a premissa dos amigos perdidos na floresta macabra parece batida (e é mesmo), o desenvolvimento disso é bastante surpreendente.
O grande mérito de Hapy Death Day, é dar o "Slasher Movie" um respiro gratificante, mesmo que parta de premissas já visitadas com frequência no cinema: o assassino mascarado e o time loop. Em verdade, o filme é mais uma brincadeira com o imaginário dessas premissas, do que um grande goore alucinante e macabro. Há um balanço pleno entre o humor e o suspense, sem que isso prejudique a experiência da projeção - um filme despretensioso e simples, mas que não ofende a inteligência do espectador, brincando com nossas suspeitas em cada minuto. Importa salientar, também, que parte desse mérito se sustenta na atuação competente e graciosa de Jessica Rothe, sem ela, Happy Death Day poderia facilmente ter caído no ridículo.
É um humor bem despojado, e tem ótimas referências! Pena que na segunda metade cai num dramalhão paterno, mas ainda assim, dei boas risadas. Little Evil é um terrir simples mas eficiente, como gosto.
Ao fabular sobre o caso de um garoto siciliano sequestrado pela máfia, e deixado 779 dias em cativeiro, esse filme dá uma aula sobre a função reparadora do mito, e do sonho.
Antonio Piazza e Fabio Grassadonian, numa breve apresentação sobre a 8 1/2 Festa do Cinema Italiano, disseram que Sicilian Ghost Story é um conto de fadas, um conto de fadas sombrio, mais ainda assim um conto de fadas, e sobretudo uma história de amor. É verdade, trata-se de uma trama mítica e onírica, onde o sonho cumpre função de dar suporte a um difícil trauma: Quando o amor e a perda se seguem num rompante trágico que se revela, a cada momento, mais irreversível. Apesar do ritmo vagaroso (que foi me ganhando aos poucos), e ainda que force uma comoção que poderia ser mais espontânea, Sicilian Ghost Story é maravilhoso, é como um sonho que ficamos tentando recobrar ao longo do dia, mesmo tendo algo de tenebroso e triste, porque há dizeres ali que nos inspiram uma reflexão sobre o amor, a saudade, e a perda. Acordar é difícil, mas necessário.
O que Atômica tem de interessante e divertido, é a fotografia e ambientação, com uma pegada neon, cyberpunk, e claro, as cenas de ação fantásticas - Inclusive: O melhor plano sequência de ação que já vi na vida. Charlize Theron está ótima, assim como James McAvoy e Sofia Boutella. Contudo, Atômica é menos frenético do que os trailers sugerem, as constantes cenas de interrogatório de Lorraine parecem, no primeiro ato, redundar o que já vemos em Berlim, tornando o desenvolvimento arrastado em alguns momentos. Do segundo ato em diante, há uma troca significativa entre o interrogatório e a história de fato, mas ainda assim, essa abordagem de idas e vindas no tempo erra a mão ao tentar dar conta de explicar uma complexa trama de espionagem (que apesar de complexa, não tem nada de nova). Outro ponto que particularmente acho negativo, é essa intenção atual de transformar a trilha sonora de um filme em uma playlist estilosa de Spotfy, o que também me incomodou em Babydriver e Esquadrão Suicida (no primeiro caso, justificado pela história).
Em termos de ritmo, Atômica não é tão certeiro quanto John Wick, mas junto com o segundo da franquia (um novo dia para matar), considero um dos melhores filmes de ação do ano.
Grave chegou em território nacional quase que com um subtítulo criado popularmente: "O filme que causou desmaios". Estou certo de que houve uma frustração enorme em quem esperava, por isso, um 'gore a francesa', com várias cenas indigestas mas bem fotografadas. Bem, é isso também, mas não só, Julia Ducournau faz um magismo peculiar e gratificante: entrega cenas grotescas (os desmaios no Festival de Toronto são compreensíveis), mas perfeitamente encaixadas numa trama que narra, em primeiro plano, o ritual bonito e ao mesmo tempo perturbador, da passagem de uma menina para a adolescência. Com isso, Grave é grotesco e poético ao mesmo tempo, não há exageros, há só a necessidade de se conhecer o mundo pela boca, assim como fazem os bebês.
Peca, talvez, ao diluir até demais as significações possíveis com relação ao canibalismo e as mulheres da família - percebemos que há algo muito específico querendo ser dito com isso, mas não conseguimos nos aproximar com segurança desse subtexto - e um bom subtexto em cinema, é aquele que mantém uma distância do texto superficial que não ofenda a inteligência do espectador, mas que ao mesmo tempo não seja inacessível pra ele. Mesmo assim, Grave é para mim, um dos melhores filmes de 2016.
Achei escondidinho ali na Netflix e fiquei relativamente surpreso. Se entendi a trama? Pouco, se é que entendi. Mas fui firme até o final por dois motivos: Bonitos enquadramentos, e cenas de luta naturalistas (na estrita medida do possível, é claro), que são muito bem coreografadas! Nem sempre a montagem e os cortes dão conta de acompanhar, mas é sem dúvida o ponto alto do filme. O que mais me incomodou foi a trilha sonora destoante e repetitiva, mas que não é insuportável. Juiz Arqueiro é um dos filmes de artes marciais mais diferentes que já vi, e isso é muito positivo, já que o gênero é consumido há tempos por clichês narrativos e CGIs mal feitos (o que esse filme não tem, amém).
Sei nem o que dizer desse filme, se não que é marcante, mais até que seu antecessor. Jodoroswsky, figura excêntrica na poesia e no cinema, aos 87 anos está a todo vapor na produção de sua série autobiográfica, tendo nos prometido ambiciosos cinco filmes! Nunca tive saco pra cinebiografias, mas o que esse senhor faz é diferente, transfere suas memórias para uma região alegórica, colorida, ritualística (como de praxe em sua obra), fazendo com que sua intensa vida artística, através de potentes representações visuais, simbólicas e performáticas, ecoe em nossas próprias trajetórias de vida, de modo quase arquetípico. Fiquei absurdamente emocionado, até porque mariposas, na forma de alegoria constante no filme, me marcam profundamente como representações de minha própria relação com o fazer poético.
Esse filme precisa ser visto, não só porque fala do grande Alejandro Jodoroswsky, velho viciado em autorreferências (e o filme todo é prova disso), mas principalmente porque em muitos momentos, Poesia sem Fim está falando da gente.
Ching Wan Lau, Jacky Wu e Eddie Peng estão muito bem aqui, e as deslizadas ficam por conta da atuação caricata de Louis Koo e a trilha sonora exagerada de Kin-wai Wong. Sobre a história, parece que o storytelling de uma campanha de RPG ambientada na China virou roteiro (e não estou dizendo que isso é ruim, trata-se de uma boa campanha, haha!). Ainda que não seja inovador em termos de cinema de artes marciais (o que não se vê há tempos), o filme tem a graça de ser mais pé no chão (dentro do possível), em relação ao que tem aparecido ultimamente, e arrisco dizer que Call of Heroes consegue ser melhor que o bizarro Sword of Destiny, que não se salva nem pela presença de Michelle Yeoh e a pesada mão da Netflix. As ações dos personagens são sustentadas em bons argumentos, o arco principal é bem desenvolvido, a fotografia é bonita, e Benny Chan sempre foi competente em dirigir cenas de luta, prova disso é a indicação do filme ao Hong Kong FIlm Awards, na categoria melhor coreografia de ação. Enfim, Call of Heroes é divertido, e pra quem é aficionado por filmes de artes marciais, é sem dúvida uma boa pedida!
Conheci o trabalho de Dominique Abel e Fiona Gordon assistindo "A Fada", e me encantei com esse humor atípico. É pueril e inofensivo, o que é muito importante, perto desse humor que sobrevive a custa de preconceitos, como vemos com frequência na cena nacional e norteamericana (infelizmente). As atuações da dupla rementem aos jogos de palhaçaria, e há muitas referências as comédias do cinema mudo. Além disso, tem bonitas coreografias, as participações de Emanuelle Riva e Pierre Richard são o máximo, e toda a composição é graciosa - Trilha, fotografia, montagem. É muito bom nos pegarmos envolvidos e rindo de coisas tão simples!
Assistir "ao cair da noite", e avaliá-lo de acordo com os sustos é uma triste enrascada, porque como alguns já disseram aqui, não se trata diretamente de um terror. Temos um thriller psicológico, um suspense atmosférico, econômico e alegórico, que deve ser contemplado por sua composição: trilha sonora, fotografia, atuações, desenvolvimento, premissa, etc. Associá-lo ao terror de sustos é tarefa necessária das grandes exibidoras do circuito comercial, e até mesmo do próprio estúdio, de modo a garantir um número seguro de ingressos vendidos. Portanto, se está afim de ficar tenso, apreensivo, e ligeiramente confuso (haha), esse é o filme, se quer dar uns pulos e uns gritos na cadeira, deixe "ao cair da noite" pra depois (mas assista!).
Um aperto de 103 minutos no coração. Apesar de achar que alguns picos dramáticos poderiam ser mais brandos, não são excessos que prejudicam o conjunto. É impossível não se emocionar e devanear junto a narração de Marc a respeito da vida. O filme é eficiente em conversar com as questões universais a respeito do medo da morte, e dos mitos em torno (e para além) dela. De conclusão, ainda, um final capaz de nos fazer temer alguns 'avanços' científicos em medicina.
Para quem tem paciência com desenvolvimentos mais lentos, e tramas de teor mais intimista e reflexivo, é uma boa pedida.
Cemitério Maldito
2.7 891Corroborando com o que outros já disseram aqui: Este Cemitério Maldito é um forte candidato a pior filme do ano. O que nele aterroriza, em verdade, é ficar mais de 1h vendo um elenco preguiçoso viver essa adaptação previsível e formulaica. Para aqueles que conseguem aproveitar filmes de terror ruins para dar boas risadas, talvez sirva a sessão; mas se pelo contrário, você espera um mínimo de qualidade na execução de um filme, por mais despretensioso que ele seja - Provável que saia da sala bem irritado, se decidir perder seu tempo vendo essa bobagem nos cinemas.
Tito e os Pássaros
3.6 31Manoel de Barros iria gostar muito desse filme.
Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas
3.5 173 Assista AgoraValeu a pena ser o único adulto na sala de cinema que não estava acompanhando uma criança, e ri mais que todas elas.
"Acho que você é o Deadpool sim, olha pra lá e fala alguma coisa sem noção"
The Chasing World
3.4 82O clássico não entendi mas gostei
Lua de Júpiter
3.0 41 Assista AgoraGosto dos filmes do Mundruczó, e ainda que não meu preterido, Lua de Júpiter é um filme interessante, e tem momentos incríveis. Mas enfim, concordando comigo ou não, quem é que não ficou zonzo com a câmera girando que nem uma hélice toda vez que o menino voava? hahaha
Tomb Raider: A Origem
3.2 943 Assista AgoraAs sequências de ação e escape exigem mais que suspensão de descrença, é preciso descrer em qualquer lei física que regule a realidade, haha, mas acho que é justamente isso que faz de Tomb Raider: A Origem, uma adaptação divertida e bem vinda - agora, usando de todos os recursos que o cinema de aventura atual oferecem. Além disso, Alicia Vikander traz uma Lara Croft com a qual se simpatiza nos primeiros minutos do flime, e espero ver mais dela em ação, caso vejamos uma sequência (e não uma franquia, se não ninguém aguenta, né).
Porto, Uma História de Amor
3.1 17Esse filme é um poema.
Famintos
3.0 59 Assista AgoraÉ provável que ao fim de Les Affamés, fique a sensação de que tenha acabado de ver um bom filme, contudo, um filme estranho. A ambientação é tétrica, e mesmo com os personagens se encontrando e seguindo juntos na narrativa, a solidão dessas figuras é marcante, como se a distopia silenciasse as pessoas. Aqui não há esperança - Há no mínimo uma necessidade de sobreviver, não porque a vida seja defensável em um contexto distópico, mas porque morrer assusta em qualquer contexto. Nunca fui grande fã dos filmes de apocalipse zumbi, mas Les Affamés está mais próximo de uma perspectiva realista em que,
ser sobrevivente numa distopia, tem mais haver com sorte do que com coragem, e por isso, a morte chega um pouco mais tarde para alguns, nunca deixando de chegar.
O Ritual
3.2 476 Assista AgoraEsse é o primeiro terror que vejo no ano, e com grata satisfação. A princípio, me pareceu que os quatro personagens centrais não seriam nem um pouco cativantes, e em verdade, só Luke recebe mais camadas do roteiro e desperta algum interesse, mas todo o trauma e culpa vividos por Rafe Spall me foram suficientes para assisti-lo até o fim. Outra impressão negativa que tive até os primeiros momentos do grupo na floresta, foi a de que estava assistindo a uma cópia safada da Bruxa de Blair, mas por sorte, na medida em que a narrativa avança, The Ritual vai dando passos originais e corajosos em termos de cinema de horror. Recomendo muito, pois se a premissa dos amigos perdidos na floresta macabra parece batida (e é mesmo), o desenvolvimento disso é bastante surpreendente.
Projeto Flórida
4.1 1,0KÉ com certeza um dos melhores retratos da infância que já vi no cinema, e também um dos melhores filmes do ano passado. Chorei, haha.
The Whispering Star
3.7 20Agora sempre que caminho numa rua sozinho acho que estou em outro planeta. Que lindo, haha.
Perigo Próximo
3.4 485 Assista AgoraQue o filme é bom é, mas dá um ódio!
Severina
3.4 52 Assista AgoraEsse filme é um delicioso 'delírio literário'.
A Morte Te Dá Parabéns
3.3 1,5K Assista AgoraO grande mérito de Hapy Death Day, é dar o "Slasher Movie" um respiro gratificante, mesmo que parta de premissas já visitadas com frequência no cinema: o assassino mascarado e o time loop. Em verdade, o filme é mais uma brincadeira com o imaginário dessas premissas, do que um grande goore alucinante e macabro. Há um balanço pleno entre o humor e o suspense, sem que isso prejudique a experiência da projeção - um filme despretensioso e simples, mas que não ofende a inteligência do espectador, brincando com nossas suspeitas em cada minuto. Importa salientar, também, que parte desse mérito se sustenta na atuação competente e graciosa de Jessica Rothe, sem ela, Happy Death Day poderia facilmente ter caído no ridículo.
Que olhinho não ciscou naquela cena dela conversando com o pai? haha
Pequeno Demônio
2.7 240 Assista AgoraÉ um humor bem despojado, e tem ótimas referências! Pena que na segunda metade cai num dramalhão paterno, mas ainda assim, dei boas risadas. Little Evil é um terrir simples mas eficiente, como gosto.
O Fantasma da Sicília
3.4 21 Assista AgoraAo fabular sobre o caso de um garoto siciliano sequestrado pela máfia, e deixado 779 dias em cativeiro, esse filme dá uma aula sobre a função reparadora do mito, e do sonho.
Antonio Piazza e Fabio Grassadonian, numa breve apresentação sobre a 8 1/2 Festa do Cinema Italiano, disseram que Sicilian Ghost Story é um conto de fadas, um conto de fadas sombrio, mais ainda assim um conto de fadas, e sobretudo uma história de amor. É verdade, trata-se de uma trama mítica e onírica, onde o sonho cumpre função de dar suporte a um difícil trauma: Quando o amor e a perda se seguem num rompante trágico que se revela, a cada momento, mais irreversível. Apesar do ritmo vagaroso (que foi me ganhando aos poucos), e ainda que force uma comoção que poderia ser mais espontânea, Sicilian Ghost Story é maravilhoso, é como um sonho que ficamos tentando recobrar ao longo do dia, mesmo tendo algo de tenebroso e triste, porque há dizeres ali que nos inspiram uma reflexão sobre o amor, a saudade, e a perda. Acordar é difícil, mas necessário.
Atômica
3.6 1,1K Assista AgoraO que Atômica tem de interessante e divertido, é a fotografia e ambientação, com uma pegada neon, cyberpunk, e claro, as cenas de ação fantásticas - Inclusive: O melhor plano sequência de ação que já vi na vida. Charlize Theron está ótima, assim como James McAvoy e Sofia Boutella. Contudo, Atômica é menos frenético do que os trailers sugerem, as constantes cenas de interrogatório de Lorraine parecem, no primeiro ato, redundar o que já vemos em Berlim, tornando o desenvolvimento arrastado em alguns momentos. Do segundo ato em diante, há uma troca significativa entre o interrogatório e a história de fato, mas ainda assim, essa abordagem de idas e vindas no tempo erra a mão ao tentar dar conta de explicar uma complexa trama de espionagem (que apesar de complexa, não tem nada de nova). Outro ponto que particularmente acho negativo, é essa intenção atual de transformar a trilha sonora de um filme em uma playlist estilosa de Spotfy, o que também me incomodou em Babydriver e Esquadrão Suicida (no primeiro caso, justificado pela história).
Em termos de ritmo, Atômica não é tão certeiro quanto John Wick, mas junto com o segundo da franquia (um novo dia para matar), considero um dos melhores filmes de ação do ano.
Grave
3.4 1,1KGrave chegou em território nacional quase que com um subtítulo criado popularmente: "O filme que causou desmaios". Estou certo de que houve uma frustração enorme em quem esperava, por isso, um 'gore a francesa', com várias cenas indigestas mas bem fotografadas. Bem, é isso também, mas não só, Julia Ducournau faz um magismo peculiar e gratificante: entrega cenas grotescas (os desmaios no Festival de Toronto são compreensíveis), mas perfeitamente encaixadas numa trama que narra, em primeiro plano, o ritual bonito e ao mesmo tempo perturbador, da passagem de uma menina para a adolescência. Com isso, Grave é grotesco e poético ao mesmo tempo, não há exageros, há só a necessidade de se conhecer o mundo pela boca, assim como fazem os bebês.
Peca, talvez, ao diluir até demais as significações possíveis com relação ao canibalismo e as mulheres da família - percebemos que há algo muito específico querendo ser dito com isso, mas não conseguimos nos aproximar com segurança desse subtexto - e um bom subtexto em cinema, é aquele que mantém uma distância do texto superficial que não ofenda a inteligência do espectador, mas que ao mesmo tempo não seja inacessível pra ele. Mesmo assim, Grave é para mim, um dos melhores filmes de 2016.
Juiz Arqueiro
2.0 14 Assista AgoraAchei escondidinho ali na Netflix e fiquei relativamente surpreso. Se entendi a trama? Pouco, se é que entendi. Mas fui firme até o final por dois motivos: Bonitos enquadramentos, e cenas de luta naturalistas (na estrita medida do possível, é claro), que são muito bem coreografadas! Nem sempre a montagem e os cortes dão conta de acompanhar, mas é sem dúvida o ponto alto do filme. O que mais me incomodou foi a trilha sonora destoante e repetitiva, mas que não é insuportável. Juiz Arqueiro é um dos filmes de artes marciais mais diferentes que já vi, e isso é muito positivo, já que o gênero é consumido há tempos por clichês narrativos e CGIs mal feitos (o que esse filme não tem, amém).
Poesia Sem Fim
4.3 89Sei nem o que dizer desse filme, se não que é marcante, mais até que seu antecessor. Jodoroswsky, figura excêntrica na poesia e no cinema, aos 87 anos está a todo vapor na produção de sua série autobiográfica, tendo nos prometido ambiciosos cinco filmes! Nunca tive saco pra cinebiografias, mas o que esse senhor faz é diferente, transfere suas memórias para uma região alegórica, colorida, ritualística (como de praxe em sua obra), fazendo com que sua intensa vida artística, através de potentes representações visuais, simbólicas e performáticas, ecoe em nossas próprias trajetórias de vida, de modo quase arquetípico. Fiquei absurdamente emocionado, até porque mariposas, na forma de alegoria constante no filme, me marcam profundamente como representações de minha própria relação com o fazer poético.
Esse filme precisa ser visto, não só porque fala do grande Alejandro Jodoroswsky, velho viciado em autorreferências (e o filme todo é prova disso), mas principalmente porque em muitos momentos, Poesia sem Fim está falando da gente.
Legião de Heróis
3.4 20 Assista AgoraChing Wan Lau, Jacky Wu e Eddie Peng estão muito bem aqui, e as deslizadas ficam por conta da atuação caricata de Louis Koo e a trilha sonora exagerada de Kin-wai Wong. Sobre a história, parece que o storytelling de uma campanha de RPG ambientada na China virou roteiro (e não estou dizendo que isso é ruim, trata-se de uma boa campanha, haha!). Ainda que não seja inovador em termos de cinema de artes marciais (o que não se vê há tempos), o filme tem a graça de ser mais pé no chão (dentro do possível), em relação ao que tem aparecido ultimamente, e arrisco dizer que Call of Heroes consegue ser melhor que o bizarro Sword of Destiny, que não se salva nem pela presença de Michelle Yeoh e a pesada mão da Netflix. As ações dos personagens são sustentadas em bons argumentos, o arco principal é bem desenvolvido, a fotografia é bonita, e Benny Chan sempre foi competente em dirigir cenas de luta, prova disso é a indicação do filme ao Hong Kong FIlm Awards, na categoria melhor coreografia de ação. Enfim, Call of Heroes é divertido, e pra quem é aficionado por filmes de artes marciais, é sem dúvida uma boa pedida!
Perdidos em Paris
3.4 44Conheci o trabalho de Dominique Abel e Fiona Gordon assistindo "A Fada", e me encantei com esse humor atípico. É pueril e inofensivo, o que é muito importante, perto desse humor que sobrevive a custa de preconceitos, como vemos com frequência na cena nacional e norteamericana (infelizmente). As atuações da dupla rementem aos jogos de palhaçaria, e há muitas referências as comédias do cinema mudo. Além disso, tem bonitas coreografias, as participações de Emanuelle Riva e Pierre Richard são o máximo, e toda a composição é graciosa - Trilha, fotografia, montagem. É muito bom nos pegarmos envolvidos e rindo de coisas tão simples!
Ao Cair da Noite
3.1 977 Assista AgoraAssistir "ao cair da noite", e avaliá-lo de acordo com os sustos é uma triste enrascada, porque como alguns já disseram aqui, não se trata diretamente de um terror. Temos um thriller psicológico, um suspense atmosférico, econômico e alegórico, que deve ser contemplado por sua composição: trilha sonora, fotografia, atuações, desenvolvimento, premissa, etc. Associá-lo ao terror de sustos é tarefa necessária das grandes exibidoras do circuito comercial, e até mesmo do próprio estúdio, de modo a garantir um número seguro de ingressos vendidos. Portanto, se está afim de ficar tenso, apreensivo, e ligeiramente confuso (haha), esse é o filme, se quer dar uns pulos e uns gritos na cadeira, deixe "ao cair da noite" pra depois (mas assista!).
Reviver
3.1 43 Assista AgoraUm aperto de 103 minutos no coração. Apesar de achar que alguns picos dramáticos poderiam ser mais brandos, não são excessos que prejudicam o conjunto. É impossível não se emocionar e devanear junto a narração de Marc a respeito da vida. O filme é eficiente em conversar com as questões universais a respeito do medo da morte, e dos mitos em torno (e para além) dela. De conclusão, ainda, um final capaz de nos fazer temer alguns 'avanços' científicos em medicina.
Para quem tem paciência com desenvolvimentos mais lentos, e tramas de teor mais intimista e reflexivo, é uma boa pedida.