"Ninguém Pode Saber" é uma série original Netflix criada por Charlotte Stoudt (roteirista da série "Homeland"), baseada no romance de 2018 de mesmo nome de Karin Slaughter, que estreou em 4 de março de 2022. A série segue a história de Andy (Bella Heathcote), uma mulher de 30 anos que é pega em um tiroteio em massa em um restaurante local. Momentos depois, ela testemunha sua mãe, Laura (Toni Collete), eliminar violentamente a ameaça com facilidade. À medida que Andy começa a desvendar as ações de sua mãe naquele dia, sua perspectiva sobre todo o relacionamento familiar toma um novo rumo. Logo, figuras do passado de sua mãe reaparecem e ela é forçada a escapar. Na jornada, ela tenta encontrar a verdade que sua mãe enterrou há muito tempo.
"Ninguém Pode Saber" é uma série complexa, intrigante, que já no primeiro episódio nos desperta uma curiosidade absurda em querer saber às respostas de várias perguntas que surgem imediatamente. Por sinal, o primeiro episódio da série é fenomenal, é fantástico, tem um potencial incrível, facilmente um dos melhores primeiros episódios de uma série que eu já vi nos últimos anos. A série já começa avassaladora, nos trazendo um drama familiar imerso no suspense, no mistério, um thriller policial que flerta diretamente com o oculto, com o sombrio, que realmente nos impacta.
Já iniciamos a série com uma entrada triunfal de Toni Collete ao exibir uma quebra da quarta parede. A partir daí somos completamente impactados com a cena da lanchonete, onde consequentemente várias perguntas irão surgir à respeito da atitude de Laura, que enfrenta um homem armado e acaba matando-o com um golpe incomum e preciso. Obviamente toda essa atitude de Laura imediatamente viraliza na internet e as pessoas começam a vê-la como uma possível heroína daquela cidadezinha pacata do interior dos EUA. Por outro lado, a mesma internet que aplaude a atitude de Laura questiona a atitude de sua filha Andy, por não ter feito nada para ajudar na defesa, já que ela era uma policial e estava fardada (depois descobrimos que ela era uma atendente de telefone da polícia civil local).
Como podemos observar, o início da série é muito bom, os dois primeiros episódios trazem bastante tensão, bastante suspense, bastante mistério, deixando o espectador completamente envolvido com a trama. Até o quarto episódio a série funciona com uma apresentação do seu enredo e de seus personagens, consequentemente também vamos acompanhando todo o empenho de Andy em desenrolar toda essa história que envolve os tais segredos intrigantes do passado sombrio de Laura.
Porém, do meio da temporada em diante é aonde a série cai de produção, começa a nos cansar, começa a perder todo o poder do suspense conquistado desde o início. E muito pelo fato de toda aquela execução em formato de serial killer e política começar a enrolar demais, gerando uma barriga no meio do enredo que fatalmente começa a ficar maçante, chato, e justamente quando estávamos mais empolgados pela trama. Outro ponto bastante falho está justamente no roteiro de Charlotte Stoudt, que é bem confuso, mal balanceado, mal escrito, peca exatamente na execução e no desenvolvimento da história. E digo isso pelo fato do roteiro querer ser cada vez mais complexo, querer nos confundir propositalmente, e muito pelo fato de toda enrolação que é construída em volta de Andy e sua mãe até as respostas finalmente aparecerem. Outro ponto falho: no meio da história temos personagens sendo inseridos na trama que não trazem relevância, não trazem utilidade, não trazem um aprofundamento, parece que obrigatoriamente estão ali para forçar a complexidade do roteiro na clara intenção de nos confundir - ponto negativo.
Obviamente o meu único interesse em assistir esta série foi exclusivamente pela Toni Collete (recentemente esteve em "O Beco do Pesadelo"), que considero uma atriz excepcional, que sempre nos entregou trabalhos surpreendentes e performances fantásticas. Aqui Collete não faz uma das suas melhores apresentações, mas dentro do que a série possibilita ela está bem, ela desenvolve bem o papel da mulher misteriosa, sombria, complexa, da mãe que insiste em ser protetora, em ser amável, em ser amigável com sua filha, mas falha miseravelmente. Eu diria que o próprio roteiro da série não ajuda Collete a brilhar como deveria - uma pena!
Bella Heathcote ("Cinquenta Tons Mais Escuros") faz uma personagem que eu questionei do início ao fim, e muito por me soar perdida, vazia, rasa, desconexa. Acredito que Andy era uma personagem com um início bastante promissor, com um grande potencial, porém mal aproveitada, mal utilizada na trama. A própria Bella Heathcote não faz um bom trabalho, não consegue desenvolver uma boa atuação, pois não nos desperta nenhum sentimento, nenhuma empatia, além de sempre se apresentar com aquelas expressões monótonas e cansativas. Acredito que faltou mais preparo para a atriz.
O restante do elenco estão bem questionáveis e bem medianos. Como no caso da atriz Jessica Barden ("Terra Selvagem"), que trouxe a personagem Jane Queller, a versão mais jovem de Laura no final dos anos 80, filha de um poderoso CEO farmacêutico. Claramente uma personagem com com o intuito de esclarecer explicações do passado, porém com uma apresentação muito fraca. Joe Dempsie ("Game of Thrones") como o jovem Nick Harp, ex-amante de Jane e líder de um grupo terrorista doméstico, Army of the Changing World do final dos anos 1980. A grande revelação envolvendo Nick, Andy e Laura foi bem aquém do que esperávamos. Omari Hardwick ("Lute Por Sua Vida") como Gordon Oliver, ex-marido de Laura e padrasto de Andy. Outro personagem totalmente perdido na série, de certa forma até fútil.
Até onde sabemos, as chances de uma renovação da série pela Netflix estão sendo questionadas. Até o momento, a plataforma de streaming não se manifestou sobre uma possível sequência. Caso a Netflix decida seguir com a série, a segunda temporada da trama irá precisar de um roteiro completamente novo, uma vez que o livro não conta com uma sequência. No meu ponto de vista a série teve um início e um fim nessa temporada. Tivemos um ciclo que se fechou no último episódio, acredito que todas as perguntas já foram respondidas, não sei se realmente há uma obrigatoriedade de uma segunda temporada.
Definitivamente "Ninguém Pode Saber" é aquela típica série que promete tudo em seu primeiro episódio, mas que ao final não entrega absolutamente nada. Não sei o que de fato aconteceu, não sei se adaptação do livro que não foi bem feita, não sei se o próprio livro também é confuso e perdido como a série. Afinal de contas tínhamos um grande produto em mãos que foi totalmente subaproveitado. De fato a série inicia com um potencial absurdo, mas termina de forma rasa, vazia e sem nenhuma empolgação. [12/11/2022]
Eu tenho um imenso orgulho em poder afirmar que "The Handmaid's Tale" está entre as melhores séries que eu já assisti em toda a minha vida. A primeira e a segunda temporada são indiscutivelmente as melhores de toda a série, verdadeiras obras-primas. Já a terceira e a quarta a série cai um pouco de rendimento. Essa quinta temporada ganha novos ares, um novo fôlego, se sobressai em relação às temporadas 3 e 4.
O final da temporada 4, apesar de previsível, foi o grande destaque, a grande revolução, o grande ato de coragem de June Osborne (Elisabeth Moss) em relação ao governo imperialista e totalitário de Gilead. Pois ao assassinar brutalmente o todo poderoso Comandante Fred Waterford (Joseph Fiennes) ela despertou a ira, ela despertou a fúria, ela despertou e alimentou o sentimento de vingança de Serena Waterford (Yvonne Strahovski). E é exatamente dessa premissa que a quinta temporada é iniciada, colocando o desejo de vingança de Serena contra June. Já June, agora no Canadá, vive na esperança de conseguir resgatar sua filha Hannah (Jordana Blake), que ainda está aprisionada sobre o regime de Gilead.
A quinta temporada de "The Handmaid's Tale" é movida pela sede de justiça por parte de June e o desejo de vingança por parte de Serena. E é exatamente dessa forma que iniciamos o primeiro episódio, com a notícia do assassinato de Fred chegando até Serena, e a June completamente descontrolada e fora de si vagando pelas ruas banhada de sangue. Fica muito claro que June ainda se encontra em um visível estado de desequilíbrio emocional, porém, também está muito claro o seu estado contemplativo e orgulhoso pelo a sua vingança em relação ao Comandante Waterford.
O segundo episódio é voltado para o velório do Comandante Waterford sendo transmitido mundialmente pelos canais de TVs. É nesse episódio que Serena é usada como o rosto da "nova revolução" de Gilead ao tentar melhorar sua imagem enquanto a influência de Gilead começa a ganhar força no Canadá. Temos aquela cena impactante da June vendo sua filha Hannah ao lado de Serena. Nesse mesmo episódio temos uma cena surpreendente entre Janine (Madeline Brewer) e Esther (Mckenna Grace). É nesse episódio que Esther me pareceu ser uma espécie de nova Ofred da temporada 1.
Os episódios 7 e 8 são excelentes, os dois melhores episódios de toda a temporada. No sétimo temos uma espécie de redenção, de desconstrução, de descaracterização de Serena, ao dar à luz ao pequeno Noah e ser ajudada no parto por ninguém menos que June. No final do episódio Serena é presa para ser deportada e perde a guarda de seu filho. A cena final onde June a observa é muito forte. Já no oitavo episódio somos impactados pela forma como a Serena ficou submissa, praticamente uma serva (Handmaid), ao voltar para a casa do casal Wheeler que raptou seu filho - qualquer semelhança com uma história envolvendo Ofred e sua filha Nicole não é uma mera coincidência. Ainda temos aquela proposta absurda do Comandante Joseph Lawrence (Bradley Whitford) para June em relação a 'Nova Belem', que obviamente com a ajuda da tia Lydia (Ann Dowd), ele estava buscando uma ascensão ao poder em Gilead.
O trabalho na direção dos 10 episódios foram completamente incríveis: com a própria Elisabeth Moss dirigindo magistralmente os episódios 1, 2 e 10. Já o episódio 9 ficou à cargo do grande Bradley Whitford. Mas sem dúvida o maior destaque da temporada vai para a brasileira Natalia Leite, que dirigiu com extrema excelência os episódios 7 e 8.
Elisabeth Moss sempre foi o grande nome da série, isso é inquestionável, porém, confesso que na última temporada eu fiquei um pouco incomodado com sua personagem, e muito por ela constantemente se portar com aquele ar soberano, inabalável, inatingível, que tirou um pouco da caracterização da personagem. Mas confesso que nessa temporada ela recuperou toda potência e toda excelência demonstrada nas primeiras temporadas da série. Moss traz uma June que ainda se exibe como uma "badass" em algumas cenas, porém, agora somos constantemente confrontados com sua vulnerabilidade, com sua fraqueza, com seus traumas, o que humaniza cada vez mais a personagem e desconstrói todo o seu ímpeto. Elisabeth Moss novamente nos entrega o que sabe fazer de melhor na arte de atuar, ou seja, uma interpretação completamente impecável.
A temporada 2 de Yvonne Strahovski é a sua melhor dentro da série até hoje, porém, nessa temporada temos o ápice da sua personagem. Meu caso com a Serena Waterford é de amor e ódio, às vezes eu a amo e a defendo, às vezes eu a odeio incontestavelmente. Serena sempre foi considerada uma vilã tanto quanto seu marido (ou ainda pior), como acompanhamos nas temporadas 1 e 2. A partir da terceira temporada ela é sempre confrontada, desafiada e até ridicularizada (como aconteceu ao perder o dedo). Exatamente este é o ponto em que às vezes me simpatizo com ela e às vezes a detesto. Mas especificamente nessa temporada ela tem a sua melhor exibição, ela nos convence em várias fases - tanto no início da temporada ao declarar abertamente vingança contra June, quanto do meio para o final da temporada, onde temos sua verdadeira redenção.
Vou confessar que eu senti pena da Serena, senti dó, senti compaixão, principalmente no episódio 7. E eu acho que fui motivado pelos mesmos sentimentos da June, quando ela não conseguiu deixá-la morrer sozinha e abandonada para dar à luz ao próprio filho. Posso estar certo ou errado, mas confesso que na cena final do último episódio eu fiquei extremamente feliz e emocionado, ao constatar que a jornada das duas segue entrelaçada e um arco de redenção pode acontecer na próxima temporada. Yvonne Strahovski dividi todo o protagonismo da temporada com a Elisabeth Moss, e entrega simplesmente a sua melhor atuação na personagem de toda a série.
Madeline Brewer sempre foi uma atriz que amo de paixão na série. Janine é muito meiga, muito fofa, muito solidária, porém sofrida, reprimida, menosprezada, e nessa temporada constatamos exatamente tudo isso. Confesso que eu esperava uma participação maior da sua personagem dentro da temporada, mas se limitou à poucos episódios. Todavia, no último episódio me partiu completamente o coração, ao ser confrontado com aquela cena em que possivelmente iriam matar a Janine - eu fiquei em choque nessa hora. O mesmo vale para a atriz Mckenna Grace, que foi adicionada na série na temporada passada com sua personagem Esther. Esther foi muito mais relevante na temporada passada, se mostrando submissa e ao mesmo tempo bastante letal. Nessa quinta temporada, tanto Janine quanto Esther foram completamente esquecidas desde a cena do hospital.
Ann Dowd também é um grande nome dentro da série com sua icônica Tia Lydia. Tia Lydia é o mesmo caso da Serena, uma personagem que já odiei muito nas temporadas passadas. Especificamente nessa temporada Tia Lydia progride em um possível arco de redenção, por todas as suas atitudes perante a personagem Esther e principalmente a Janine (como vimos no último episódio, para a minha total surpresa). Estou muito curioso com o desenrolar da personagem na próxima temporada.
Max Minghella novamente com seu intrigante Nick Blaine (ou Comandante Blaine). Confesso que o Nick pra mim virou uma incógnita na série desde a segunda temporada, ou pelo menos não consigo compreender seus objetivos e suas reais motivações. Está muito claro que ele almeja cargos cada vez maiores no governo de Gilead, mas eu sempre duvido do seu carácter. Se eu pudesse apostar no final do seu personagem na próxima temporada, eu apostaria que ele vai dar a sua vida em prol do resgate de Hannah, para dessa forma ficar em paz com June, mesmo depois de morto.
Bradley Whitford sempre muito elegante e muito arrojado com seu Comandante Lawrence. O Comandante Lawrence também luta sua própria batalha conforme reflete sobre o regime de Gilead. Outro personagem que eu sempre tive um pé-atrás, principalmente com suas atitudes perante June. Mesmo caso do Nick, pra mim o Comandante Lawrence só age em prol do governo de Gilead. Definitivamente nunca deu para confiar nele.
O.T. Fagbenle finalmente convence em uma temporada completa da série no personagem Luke Bankole. Pois em suas apresentações nas temporadas passadas sempre ficava devendo um algo a mais. Dessa vez ele está muito mais empenhado, aguerrido, tem participações direta em praticamente todos os episódios, principalmente no último, onde temos o ápice de sua atuação no personagem. Já a Samira Wiley nunca mais conseguiu o destaque e a relevância da primeira temporada com a sua personagem Moira. Claramente ela sempre está escanteada na série, e nessa temporada não é diferente, apenas participa de algumas cenas mas sem um grande destaque.
Confesso que eu senti falta da atriz Emily Malek nessa temporada, já que ela anunciou a saída da série em um comunicado divulgado ao portal Deadline: "Depois de pensar muito, eu senti que precisava me afastar de The handmaid's tale neste momento. Serei eternamente grata a Bruce Miller por escrever cenas tão verdadeiras e ressonantes para Emily".
Com relação ao roteiro: eu achei genial e muito bem escrito, finalmente a série voltou aos eixos com um excelente roteiro, visto as derrapadas das temporadas 3 e 4. Além, é claro, as qualidades técnicas da série, que sempre foram excelentes. Novamente temos uma trilha sonora perfeita e muito bem ajustada com o ritmo de cada episódio. Uma fotografia belíssima, sempre nos confrontando com a alegria e a tristeza ali lado a lado. Uma direção de arte muito limpa e perfeitamente fiel com o propósito da série.
A quinta temporada de "The Handmaid's Tale" é excelente, finalmente a série renovou tomando novos ares e um novo rumo. O que definitivamente me agradou bastante, visto que a série vinha em uma queda constante nas duas temporadas anteriores. Dessa vez eu vibrei, me encantei e me emocionei com cada acontecimento de cada episódio, o que me deixou completamente animado e motivado para conferir a sexta temporada, que promete demais, visto ser a última da série - infelizmente!
Será que Serena Waterford merece nosso perdão? Será que ela merece uma segunda chance? Será que somos capazes de passar por cima de tudo que ela fez contra June enquanto era coagida (ou não) pelo seu marido? Eu acredito na redenção da Serena e em uma possível aliança com a June para acabar com o regime totalitarista e perverso da república de Gilead. Agora se elas vão se tornar amigas além de aliadas, bem...isso só a sexta temporada poderá nos dizer. [11/11/2022]
"Resident Evil" é uma série original Netflix desenvolvida por Andrew Dabb (roteirista de praticamente toda a série "Supernatural"). Teve seu lançamento em 14 de Julho de 2022. A série se alterna entre duas linhas do tempo anos depois do surto viral que provocou o apocalipse mundial. Em uma parte temos Jade e Billie Wesker (Tamara Smart e Siena Agudong) durante seus dias em New Raccoon City, onde descobrem os segredos obscuros de seu pai e da Umbrella Corporation. E a outra se passa 14 anos no futuro, onde Jade, agora com 30 anos, luta para sobreviver nesse novo mundo enquanto é assombrada por segredos do passado que envolvem sua irmã desaparecida, seu pai e a Umbrella.
Quando a Netflix estava produzindo a série sobre Resident Evil, os rumores apontavam que a série se passaria em seu próprio universo, mas que iria apresentar um enredo da saga dos videogames como sua história de fundo e base - ok. Como um verdadeiro fã da franquia desde 1996 e já tendo terminado todos os jogos existentes da saga até hoje, posso afirmar que Resident Evil nunca ganhou uma adaptação à sua altura, que condissesse com todo o universo da icônica franquia da Capcom.
Por mais que isso me doa profundamente, mas eu tenho que admitir que esta série é pior que todos os filmes da Alice (Milla Jovovich). Por mais que eu não goste da franquia do Paul W. S. Anderson, mas pelo menos ele não modificou um personagem já existente dentro da saga, ele criou outro. O mesmo vale para o filme "Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City", que de fato é horrível, mas ainda assim me agradou nos Fan service. Já esta série da Netflix é simplesmente a pior adaptação sobre a saga Resident Evil já existente na face da Terra.
Este ano eu já defendi a Netflix nas séries "O Gambito da Rainha" e "Inventando Anna", que de fato são excelentes produções. Porém, dessa vez eu tenho que ser justo, dessa vez eu tenho que bater em quem merece apanhar, e esse alguém é você Netflix.
Primeiro ponto: Tantas história para vocês contarem e vocês simplesmente decidem inventar uma nova história sobre duas filhas do Albert Wesker em uma nova Raccoon City - é sério mesmo? O universo de Resident Evil é tão extenso, é tão vasto, é tão rico, que daria pra compor uma série com umas 10 temporadas (no mínimo), sem a menor necessidade de inventarem uma história completamente estapafúrdia e descabida como esta. Parece que a ideia dos roteiristas era exatamente ir na contramão do que fazer o simples, do que entregar o que todo mundo quer, pois muita das vezes o simples bem feito é muito melhor do que uma invenção contestável.
Segundo ponto: Eu juro que eu nunca vou entender esta geração, pois parece que você não pode mais sentar no sofá da sua casa unicamente para assistir um filme, uma série, pelo puro prazer da diversão e do entretenimento. Tem horas que você quer apenas se entreter com o que você está assistindo e não quer ser representado o tempo todo, em todas às mídias (como a própria Netflix acha). Hoje em dia tudo é representatividade, tudo é inclusão, tudo é lacração, tudo é empoderamento, tudo é militância, tudo é banalizado, tudo sendo enfiado goela abaixo em uma simples série que almejaria o entretenimento como seu principal objetivo. Está muito claro que a Netflix quis se aparecer, quis lacrar, teve a real intenção de fazer às pessoas se sentirem representadas ao assistirem a série, e este caminho seguido tirou todo o foco do que realmente importava, que era justamente a qualidade do roteiro, dos personagens e, principalmente, o respeito pela obra original. É óbvio que você não precisa ser 100% fiel à franquia dos videogames, você tem o direito de mudar, de reinventar, de usar uma certa liberdade criativa, mas desde que você respeite a obra que já está eternizada há anos, desde que você mantenha a essência da saga e dos personagens de Resident Evil.
O fato do Albert Wesker ser negro não tem nada a ver com o ator (até porque não foi ele que se escalou para a série), a decisão de mudança de etnia é totalmente da produtora. O que eles queriam era justamente mostrar que estavam engajados com o movimento anti-racismo, com a representatividade, com a diversidade e principalmente com a inclusão. Porém, quando a produtora decidi fazer isso, eles já sabiam que poderiam causar uma extrema revolta, poderiam até atrapalhar o movimento racial ao invés de ajudarem, como de fato queriam. Você não está derrubando barreiras, você está apenas causando mais ódio no público quando decidi mudar um universo que já existe, que já está estabelecido há décadas pelo único propósito de lacrar, de engajar uma causa em prol da representatividade e da inclusão social. O problema não está em mudar a cor da pele de um personagem que foi adaptado de um livro, de um jogo de videogame, de um conto, de uma passagem, o problema está justamente quando você faz isso unicamente com a intenção de lacração, de militância, exibindo um falso moralismo em relação a diversidade, a representatividade e a inclusão.
A série é incrivelmente ruim em tudo que se propõe a fazer. Aqui temos uma série totalmente fora do contexto de Resident Evil, ou seja, uma série adolescente, com um drama adolescente, com uma crise adolescente, que aborda o velho clichê da adolescente revoltada com a família e com a irmã, e que briga na escola. Temos mais forçação de barra em volta da representatividade da classe Vegana, da classe LGBTQIA+ e da típica mulher empoderada. Em um universo onde o principal inimigo é um vírus que adultera os genes humanos e animais, ou seja, um lugar perfeito para a produtora exibir o seu discurso em prol do uso de animais como cobaias em laboratórios, no caso, o laboratório fictício da Umbrella Corporation (acho um discurso muito válido mas que não cabe aqui).
O roteiro da série é ridículo, é vexatório, é risonho, é completamente vergonhoso e deplorável. Temos situações completamente incabíveis dentro do universo de Residente Evil - como o fato de duas garotas adolescentes e totalmente desinformadas sobre aquele universo conseguirem simplesmente invadir a base laboratorial da Umbrela. Uma das maiores e mais bem protegida indústria farmacêutica do universo (segundo a história, é claro). Um laboratório da importância e do nível da Umbrella Corporation e não existe um simples segurança noturno.
Além do roteiro ser péssimo, o enredo é muito ruim, o desenvolvimento e apresentação dos personagens são horríveis. Por falar em personagens: vexatório e vergonhoso resume completamente o elenco dessa série. O Wesker é totalmente perdido e deslocado em cena, e nem é uma culpa do ator Lance Reddick (John Wick), que até considero um bom ator. A Evelyn (interpretada pela mexicana Paola Núñez) é completamente patética, uma personagem pífia, ridícula, desprovida de talento e imaginação. As adolescentes Tamara Smart e Siena Agudong não fazem a menor diferença, na verdade estão ali unicamente para compor o núcleo adolescente que a Netflix queria nos enfiar goela abaixo. Ella Balinska (As Panteras / 2019) é a única personagem que se aproxima um pouco do universo Resident Evil. Na verdade tem partes que ela até funciona como uma espécie de nova Alice, aquele estilo Bad Ass. Realmente ela poderia ter sido melhor aproveitada.
A série por completa já é horrível, mas os 2 últimos episódios conseguem ser ainda pior. Toda aquela tosquice dos clones do Wesker (que me lembrou exatamente a franquia da Alice). Toda essa ideia ficou péssima, principalmente quando o Wesker é clonado no Blade - ridículo! Aquela dancinha do TikTok é a coisa mais vergonhosa que eu já vi em toda a minha vida, simplesmente por se tratar de uma série sobre fucking Resident Evil. O CGI é muito fraco, parece que excedeu o orçamento e usaram o que sobrou para aplicarem uns efeitos bisonhos. Os Zumbis são bem medianos, não chegam nem perto dos Zumbis da série "The Walking Dead" (onde eu acho um dos melhores Zumbis já feitos). Aqui temo uns Zumbis rápidos e violentos, que me remete aos Zumbis do "Resident Evil 6" (2012) e do Survival Horror "Cold Fear" (2005). O CGI da "Grave Digger" e do "Alligator" também são ruins.
Por outro lado temos algumas partes que até se esforçam em algo levemente plausível. Por exemplo: tem partes da Jade adulta que até soa como um universo de Resident Evil. Partes essas que contém uma ambientação que até condiz com um universo envolto em Resident Evil - até por contar com mais ação, tiroteios, bastante sangue e muito gore (como na cena que a Jade arranca a cabeça do Zumbi com a motosserra) - pois vale lembrar que a própria franquia chegou a abandonar o Survival Horror para mergulhar de cabeça na ação desenfreada em "Resident Evil 5" (2009). O "Zombie Dog" do primeiro episódio e o "Link" do episódio 3 ficaram até bem representados (apesar do fraco CGI). Assim como a própria "Black Tiger" e o Zumbi da motosserra (que lembra o "Dr. Salvador" da versão do "Resident Evil 4"). Também pude pegar aquela menção ao Zumbi "Shrieker", um inimigo que emite um forte som (um grito ensurdecedor) que abala o sistema nervoso dos infectados que reage ao som e isso faz com que fiquem mais violentos - sua aparição foi em "Resident Evil 6".
Curiosidades bizarras: Eu vivi para escutar Dua Lipa com "Don't Start Now" em uma série sobre a saga Resident Evil. Eu vivi para ler a matéria que o ator Lance Reddick afirma que a culpa da série falhar foram dos "Haters" e dos "Trolls" que não entenderam a série. E por incrível que pareça eu ainda continuo vivo.
Felizmente a Netflix falha miseravelmente com esta série por querer aplicar um conteúdo ativista ideológico. Acredito que toda ideologia que ela aplicou na série sobre representatividade, inclusão e empoderamento serviu unicamente para mascarar toda falta de inteligência ao entregar uma história pífia, com personagens execráveis e um roteiro detestável.
Eu como um fã da saga não me senti representado com esta série patética, muito pelo contrário, me senti envergonhado, achincalhado, banalizado e enganado. Considero esta série vergonhosa, vexatória, deplorável, péssima e horrível. Um desrespeito ao verdadeiro fã da franquia Resident Evil. Um desserviço a velha guarda da saga. Uma afronta para a franquia dos games que se imortalizou e se eternizou com os verdadeiros fãs, e não com essa geração que só se preocupam com a representatividade, a militância e a famosa lacração.
Um mês e meio após o lançamento de Resident Evil, a Netflix optou por não continuar a produzir a série. Segundo o Deadline, o streaming optou por tomar essa decisão devido aos baixos índices de exibição. Eu louvo de pé esta notícia! Pois de fato isso daqui não pode ser chamado de Resident Evil. Isso aqui não pode carregar o nome de Resident Evil. Isso aqui não representa Resident Evil nem aqui e nem na Bósnia Herzegovina da Malásia do Norte. [20/09/2022]
"Loki" é uma série criada por Michael Waldron (roteirista de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura) diretamente para a plataforma de streaming Disney+, e teve a sua estreia em 09 de Junho de 2021. Michael Waldron é o roteirista principal e Kate Herron (diretora da série Daybreak) é a diretora responsável pela primeira temporada. A série se passa após os eventos de "Vingadores: Ultimato" (2019), em que uma versão alternativa de Loki (Tom Hiddleston) criou uma nova linha do tempo para conseguir roubar o Tesseract dos Vingadores durante a missão de recuperar as Joias do Infinito.
Realmente a Marvel tem o dom de sempre nos surpreender. Digo isso pelo fato de pensar que talvez o personagem Loki nunca ganhasse o seu filme solo, e não é por falta de potencial, pois isso o personagem tem de sobra, mas acredito que a Marvel de fato não investiria em um projeto desse personagem. Com a nova ideia do MCU em apostar nas séries, Loki foi um dos personagens que ganhou a sua própria série, para nos contar um outro lado da sua história.
Confesso que às vezes eu me perco nas linhas de raciocínio de cada história do Loki, pois aqui a série começa com a versão do Loki que foi derrotado e capturado ao final de "Os Vingadores"(2012), e não aquela versão que morreu com o Thanos quebrando o seu pescoço em "Guerra Infinita" (2018). Embora seja conhecido por "morrer e voltar", a versão do personagem que enfrentou Thanos continua morta, ao que tudo indica, pois o próprio Thanos ironiza nessa cena dizendo que não haverão ressurreições dessa vez. De fato essa realmente foi uma morte real, mas felizmente, não significou o fim do personagem.
Loki sempre foi considerado um dos melhores vilões no Universo Cinematográfico do MCU, principalmente por sempre se exibir como um personagem arrogante, pretensioso e ambicioso. Loki é um Anti-herói, o Príncipe da Maldade, o Deus da Mentira e que possui um grande poder. Ele sempre funcionou sendo uma força caótica, que não precisa ser humanizado nem muito menos ter suas ações justificadas - exatamente o Loki que conhecemos em "Vingadores 1". Aqui a série traz um possível arco de redenção do personagem, que abre espaço justamente para falar sobre identidade, pertencimento e expandir o Universo Cinematográfico Marvel - que eu achei uma boa sacada.
De fato, "Loki" me agradou bastante, pois aqui temos a presença de personagens que eu desconhecia e que ficou muito bem inserido na série. Como no caso da variante (ou versão feminina) do Loki, a Sylvie, muito bem interpretada pela ótima atriz Sophia Di Martino (da série Flowers). Sylvie é uma variante do Loki que está atacando a "Linha do Tempo Sagrada" e tem poderes de encantamento. Ela própria não se considera uma Loki, usando o nome "Sylvie" apenas como pseudônimo. Sophia Di Martino me surpreendeu em todas as cenas, pois ela se destacou e se desenvolveu de uma forma tão avassaladora dentro da série, ao ponto de em certos momentos dividir ou até tomar o protagonismo de Tom Hiddleston. Uma ótima atriz que teve bastante liberdade para criar e desenvolver a sua personagem - torço muito para que ela retorne na série.
Outro personagem muito bom foi o Mobius - interpretado pelo também ótimo Owen Wilson (eternizado nos filmes Bater ou Correr e Marley & Eu). Mobius é um agente da AVT (Autoridade de Variância Temporal) que se especializou na investigação de criminosos do tempo particularmente perigosos. Mobius é uma espécie de detetive durão que nem sequer identificou o próprio Loki como uma variante. A ideia de Mobius era recrutar (a princípio) o Loki para o ajudar a encontrar uma outra variante Loki que estava escondida para eliminá-la. Essa variante obviamente acabou sendo a Sylvie, porém, Loki e Mobius acabaram criando uma espécie de elo de amizade. Owen Wilson está muito bem na série, entrega um personagem bastante importante e muito funcional, principalmente naquele embate de ideias e diálogos entre Mobius e Loki.
Gugu Mbatha-Raw (A Bela e a Fera versão 2017) é a personagem Ravonna Renslayer. Uma ex-caçadora da AVT que subiu na hierarquia para se tornar uma espécie de juíza (ou algo do tipo); ela supervisiona a investigação da variante do Loki. Gugu Mbatha-Raw faz uma personagem muito interessante, principalmente depois que ela ganha mais relevância na série.
Tom Hiddleston e Loki já é um casamento que deu certo há muitos anos, e aqui isso só se comprova cada vez mais. Aqui temos uma versão alternativa, a "variante do tempo" de Loki, que criou uma nova linha do tempo em "Vingadores: Ultimato" começando em "Vingadores 1". Dessa vez eu vejo um Tom Hiddleston mais solto, mais leve no personagem, com uma liberdade para criar e desenvolver o seu personagem ainda maior.
Diferentemente de "WandaVision" e "Falcão e o Soldado Invernal", que são minisséries, onde obviamente tem um começo um meio e um fim. "Loki" é uma série, onde tem um começo, um desenvolvimento, mas necessariamente não tem um fim nessa temporada. Dessa forma eu vejo que a série tem um baita potencial para uma segunda temporada, pois temos muitas coisas em aberto, temos certos desenvolvimentos de personagens que ficaram em aberto (ou foi interrompido). E a série acaba de anunciar a janela de lançamento da sua 2ª temporada durante a San Diego Comic-Con 2022. Segundo o presidente do estúdio, Kevin Feige, a série deve retornar no verão de 2023 nos Estados Unidos, o que significa segundo semestre aqui no Brasil.
"Loki" tem uma ótima direção da Kate Herron, onde ela utiliza muito bem os seus takes mais abertos nas cenas de lutas. A série tem uma fotografia muito bela e se destaca muito bem em diversas localidades. A computação gráfica (CGI) é bastante competente e se sobressai nas cenas de ação, principalmente naquela cena do embate com o monstro de nuvens. As cenas de lutas são boas e estão em um bom nível de coreografia, apesar de não ter nenhuma cena de luta primorosa, de grande destaque, ou épica. A trilha sonora também ganha um grande destaque, principalmente nas aberturas de cada episódio, onde eu acho que a trilha se sobressaia ainda mais.
No mais, "Loki" é mais uma ótima série dentro do Universo do MCU, que se destaca pelas qualidades técnicas e principalmente pela apresentação de novos personagens, que poderão ser muito úteis na segunda temporada da série, e nas produções futuras do Marvel Studios. [11/09/2022]
"Inventando Anna" é uma minissérie criada e produzida por Shonda Rhimes (criadora da série Grey's Anatomy), inspirada na história real de Anna Sorokin e no artigo em Nova York intitulado "How Anna Delvey Tricked New York's Party People" de Jessica Pressler (uma jornalista americana e editora colaboradora da revista New York Magazine). A série foi lançada na Netflix em 11 de fevereiro de 2022. O roteiro segue a jornalista Vivian Kent (Anna Chlumsky) enquanto ela entrevista Anna Delvey (Julia Garner), durante suas idas e vindas ao presídio onde ela estava aguardando julgamento.
A Netflix vive a pior crise da sua história, diariamente vem perdendo milhões de assinantes. Eu vejo muitas pessoas reclamarem que a plataforma não tem nenhuma produção boa, que tudo que a Netflix faz fica ruim, que a plataforma é sinônimo de fracasso. Bem, cada um tem a sua opinião e eu entendo as diversas reclamações, realmente a Netflix tem deixado a desejar e tem pisado feio na bola (posso citar a série Resident Evil como um ótimo exemplo). Porém, a Netflix tem sim produções excelentes, tanto em filmes como em séries. Este ano eu assisti duas excelentes séries originais Netflix - "O Gambito da Rainha" (com a bela e talentosa Anya Taylor-Joy) e "Inventando Anna".
Anna Vadimovna Sorokina, nascida em Domodedovo (uma cidade da Rússia) em 23 de janeiro de 1991.
A história da vida de Anna Sorokina é absurdamente louca!
Anna Sorokina ficou mundialmente conhecida como a impostora russa. Ela mudou-se para Nova York em 2013 e criou a identidade de Anna Delvey, fingindo ser uma rica herdeira alemã. Anna usou um nome fictício, aplicou inúmeros golpes na alta cúpula americana, foi capaz de enganar os membros da classe alta de Nova York a acreditar que ela era uma herdeira alemã com acesso a uma fortuna substancial. Anna foi praticamente uma atriz ao se utilizar de uma faceta fictícia para receber centenas de milhares de dólares em dinheiro, além de bens e serviços enquanto trabalhava para seu objetivo de abrir um clube exclusivo com tema de arte - a sua tão sonhada Fundação Anna Delvey.
Realmente a Netflix fez um trabalho incrível, trouxe uma produção fantástica ao nos mergulhar na história da Anna Delvey. O roteiro da série opta por nos contar a história da Anna em diferentes vertentes, com diferentes pontos de vista. Pois a série já começa nos apresentando as suas duas personagens principais - a jornalista Vivian, que precisa se reafirmar em sua carreira e decide investigar o caso da Anna - e a protagonista da história, Anna Delvey, que está presa aguardando o seu julgamento.
A produção da Netflix foi totalmente assertiva ao nos elucidar sobre o caráter de Anna Delvey. Anna era bizarra, completamente sem noção, uma jovem ambiciosa, inapta, impostora, fraudadora. Uma sociopata, uma narcisista manipuladora, uma jovem totalmente inexperiente de 25 anos que enganou várias pessoas importantes, vários bancos e hotéis luxuosos, roubou o coração do cenário social de Nova York, fez apropriações indébita, tudo isso sem um diploma de faculdade, sem credenciais e sem experiência no ramo além de um estágio.
Como deve ser VIP na vida? De que adianta ter dinheiro se não for pra gastar?
Uma coisa é certa: eu admirei a coragem da Anna, a sua cara de pau, a sua lábia, pois temos que concordar que ela era muito inteligente, persuasiva, conquistadora, convincente, habilidosa, visionária, idealista, astuta, sagaz. Ela tinha uma memória eidética e muita cabeça para os negócios, tinha muita percepção, sabedoria e inteligência para identificar oportunidades e atacar às suas vítimas. Anna era VIP na vida, em todos os locais que ela passava ela era VIP, ela ostentava a sua vida de extremo glamour, ela não tinha dinheiro e mesmo assim gastava horrores, mas como? O último episódio é o ápice da sua loucura, quando ela simplesmente decidi que quer ostentar belas roupas para o julgamento, praticamente uma celebridade. Anna adentra ao tribunal como se estivesse entrando no tapete vermelho do Oscar - bizarro! Ainda temos o Instagram que foi criado para os modelos utilizados por ela em cada sessão do seu julgamento - Incrível, praticamente uma Rihanna! Outra coisa é certa: Anna era extremamente corajosa, pois uma estrangeira dando golpes nos EUA e na época do Governo Trump (o que era ainda pior).
Julia Garner (das séries Maniac e Ozark) me deixou completamente embasbacado com a sua encarnação de Anna Delvey. Julia foi uma grata surpresa (visto que eu não conhecia os trabalhos da atriz), mas adorei a sua interpretação e sua atuação. Acredito que Julia fez um estudo aprofundado na Anna Delvey, buscando se inteirar dos seus trejeitos, suas expressões, seus gestos, seu modo de agir, falar, andar, se portar, pois é muito perceptível como ela se empenhou e se doou para viver a personagem. Eu vi algumas matérias de TV, fotos, artigos, pesquisas, vídeos jornalísticos, e posso afirmar com convicção que a Julia Garner personificou perfeitamente a verdadeira Anna Delvey, principalmente pela sua aparência e seu rosto, que estava verdadeiramente idêntico. Virei fã dessa atriz! Anna Chlumsky (da série Veep da HBO) também se destaca positivamente em cena dando vida a jornalista Vivian Kent (personagem que foi inspirado na repórter Jessica Pressler). Anna Chlumsky está bem na personagem, consegue compor todo o seu papel e entrega uma atuação bastante convincente.
Em 2019, Anna Delvey foi condenada entre 4 e 12 anos de prisão por fraude, por várias acusações de tentativa de roubo qualificado, roubo de serviços e furto de propriedade. Após ser encarcerada, Anna conseguiu liberdade condicional em fevereiro de 2021 por apresentar um bom comportamento, o que fez com que a sua pena fosse reduzida.
Toda essa história da Anna Delvey me remete à belíssima série da Hulu/Star Plus - "The Dropout" - protagonizada pela talentosíssima Amanda Seyfried. Uma série que também trata de uma personalidade real que aplicou vários golpes e várias fraudes nos EUA. Porém, apesar de achar as histórias semelhantes, de duas mulheres que fraudaram os EUA só com o poder da palavra e o poder da persuasão, ambas se diferem justamente no quesito da mentira e suas consequências; Anna Delvey aplicou vários golpes e extorquiu pessoas ricas, sem machucar ninguém, já Elizabeth Holmes além das fraudes e mentiras, ela envolveu um caso mais delicado e mais sério, que era justamente a medicina e a saúde da população norte-americana.
Assim como fiz minhas apostas que a série "The Dropout" ganharia indicações nos próximos festivais de premiações, também aposto na série "Inventando Anna". Assim como indicações para a própria Amanda Seyfried e para a Julia Garner.
Agora deixo umas perguntas em aberto: Há um pouco de Anna Delvey em todos nós? Pois todos nós sempre mentimos um pouco na vida para conseguirmos algo. Anna realmente nunca teve nenhuma fortuna, ou nunca foi uma herdeira rica? Anna foi apenas uma trapaceira em Nova York, ou ela estava apenas tentando o famoso Sonho Americano?
Portanto, eu afirmo com total convicção que "Inventando Anna" é uma das melhores séries da Netflix, e também é uma das melhores séries desse ano (juntamente com "The Dropout" e "Iluminadas"). Volto a afirmar que a Netflix tem sim os seus problemas e está enfrentando uma grande crise, mas isso não quer dizer que todas as suas produções são horríveis, basta ser um pouco inteligente e saber procurar corretamente - fica a dica!
Esta é uma análise totalmente verídica. Exceto pelas partes que foram completamente inventadas. [27/08/2022]
"Pacto Brutal - O Assassinato de Daniella Perez" é uma minissérie que nos relata um documentário sobre o assassinato da atriz e bailarina Daniella Perez, filha da escritora Glória Perez. Foi produzida pela HBO Max.
Glória Perez é uma escritora que admiro muito e respeito demais. Gosto muito de assistir novelas (hoje em dia não assisto mais) e me lembro que a primeira novela que eu assisti na vida foi 'Explode Coração' (1995), justamente uma novela de sua autoria e também foi a primeira novela após o caso da Daniella. A Glória é um verdadeiro ícone da teledramaturgia brasileira, ao longo dos anos acompanhei todas as suas novelas e as minhas preferidas (além de Explode Coração) foram 'O Clone' (2002), 'América' (2005) e 'Caminho das Índias' (2009). Este final de ano teremos a chegada de mais uma de suas novelas - 'Travessia'.
Não me lembro do caso da Daniella Perez, tampouco assisti a novela 'De Corpo e Alma', na época eu tinha apenas 8 anos.
28 de Dezembro de 1992 (uma segunda feira), aconteceu um assassinato que chocou o país, parou o Brasil. A atriz Daniela Perez foi brutalmente assassinada pelo colega de elenco Guilherme de Pádua e sua esposa Paula Thomaz. Na manhã do dia seguinte (29 de Dezembro) o país amanheceu revoltado e de luto, foi um choque e uma comoção nacional que chegou a ofuscar o caso da renúncia do presidente da época - Fernando Collor de Mello.
Como disse, não acompanhei o caso na época mas ao longo dos anos eu pesquisei e li bastante relatos sobre o caso da Daniella, porém, devo confessar que era eu bastante desinformado e conhecia várias histórias diferentes da verdadeira. A série veio justamente para isso, para nos elucidar sobre os fatos verdadeiros desse caso, pois ela vai além de recontar a história que figura no imaginário popular. A série documenta e parte da premissa de eliminar aquelas versões que ficaram conhecidas pelo público, fazendo prevalecer as conclusões da justiça sobre o caso, além de esclarecer antigas questões, como o tipo de arma de fato utilizado no crime. Devo aplaudir de pé toda a produção da HBO Max, que foi muito verdadeira, consciente, fidedigna aos fatos contados pela Glória. Uma produção muito competente em seus 5 capítulos, onde cada um serviu para nos elucidar e nos contar uma parte da história. Foi como a própria Glória disse: "esse caso vai completar 30 anos este ano e vai servir para o conhecimento de uma nova geração, que não viveu naquela época ou desconhecem a história. Também vai servir para desmistificar muitas coisas errôneas do conhecimento da população sobre o caso Daniella Perez".
Daniella Perez foi a primeira filha da Glória, tinha apenas 22 anos e estava vivendo o auge da sua carreira e fama, era conhecida como a namoradinha do Brasil e estava em sua terceira novela (antes ela já tinha passado por Barriga de Aluguel em 1990 e O Dono do Mundo em 1991).
O primeiro episódio é sem dúvidas o melhor, justamente por nos pegar de surpresa em alguns fatos. Foi um episódio que eu me emocionei de verdade com o depoimento da Glória ao chegar perto do corpo da filha pela primeira vez. Senti um misto de emoção, compaixão, tristeza, revolta, repulsa, ódio, angústia. Foi um episódio que eu fiquei completamente abalado emocionalmente, em estado de choque, era como se meu sangue estivesse congelado em minhas veias, senti meu corpo frio e os pelos se arrepiarem. Ao mesmo tempo senti uma revolta, uma repulsa, um ódio gigantesco que aflorava em meu coração, era como seu eu fosse da família da Glória, era como se eu estivesse vivido todo aquele caso, um sentimento muito ruim e muito forte. A Glória sentia como se aquelas apunhaladas fosse para ela, ela sentiu a dor da filha - triste e revoltante!
Me impressionou também a forma como cada episódio ia nos contando partes da história da Dani, como o fato que desde o início a polícia trabalhou para não desvendar esse crime (bizarro). Também temos o episódio que é voltado para o casal de assassinos, nos contando partes da história do início da carreira do Guilherme de Pádua (que eu desconhecia). Completamente impressionante a coragem, a motivação e a força que a Glória Perez teve ao se tornar uma mãe detetive, uma mãe investigadora, que foi atrás das provas e dos testemunho dos frentistas do posto. Junto com familiares e amigos ela conseguiu obter 1 milhão e 300 mil assinaturas para conseguir uma emenda para mudar o código penal brasileiro, e ela levantou uma bandeira não somente em prol da sua filha, mas em forma geral para todos. Assassinato passa a ser considerado crime hediondo - segundo o código penal brasileiro.
Sobre os assassinos: Temos o episódio que nos conta sobre o julgamento do casal, além de nos elucidar como o Guilherme manipulou a esposa, estimulando ainda mais o ciúme dela, conhecida por já ser extremamente ciumenta, e com histórico de ter agredido outras mulheres, e juntos arquitetaram o assassinato. Daniella Perez tomou 18 golpes fatais, a violência dos golpes foram tanta que o coração da vítima ficou exposto - absurdo! Guilherme e Paula foram condenados por homicídio qualificado, com motivo torpe. A pena dele foi de 19 anos em regime fechado, e a dela de 15 anos. Paula hoje vive discretamente. Em 2021, voltou à evidência diante da notícia de que estaria preparando a filha mais nova para ser atriz (era como se ela quisesse que sua filha seguisse os passos da Dani). Já Guilherme, solto em 14 de outubro de 1999, após ficar preso por 6 anos e 9 meses pelo assassinato, se tornou pastor na Igreja Batista em Belo Horizonte, e criou um canal no Youtube para pregar a palavra evangélica. Fico me perguntando - que tipo de ser humano em sã consciência ainda segue um monstro desse?
Eu nunca acreditei nas leis desse país, pra mim isso nunca mudou e nunca mudará, sempre será leis frouxas e falhas. Fico me perguntando como a Glória e familiares suportaram o fato dos dois estarem soltos hoje dia e vivendo suas vidas normalmente. Como o Raul Gazolla suportou a dor e o fato de hoje os dois estarem livres. Como vimos no episódio, quando o Raul descobre quem foi o assassino de sua esposa, ele fica completamente transtornado, tenho certeza que passou pela cabeça dele a vontade de dar cabo dos dois. Eu já sou uma pessoa diferente, penso completamente diferente, nesses casos eu sou muito revoltado e tenho pensamentos muito extremos. Não acredito em reconciliação, arrependimento, absorção, perdão, reintegração na sociedade. Não acredito em arrependimento de psicopatas, você não pode aumentar o ego de um psicopata, psicopata deve ser morto e esquecido, pra mim não tem perdão. E ainda reitero: se esse caso fosse em minha família, jamais eles estariam hoje livres pelas ruas e vivendo suas vidas normalmente. Eu faria questão de passar o resto da minha vida atrás das grades, mas os dois já estariam sentados no colo do capeta há muitos anos - esse é meu desejo e minha opinião!
Vocês não tiraram só a vida da Dani, vocês arrancaram um pedaço da Glória, vocês mataram todos os sonhos de uma jovem, vocês acabaram com toda uma família, vocês comoveram todo um país. A Dani era linda, era talentosa, aquele rostinho singelo e sonhador eu nunca vou me esquecer, aquela sua imagem feliz ao lado da mãe jamais sairá da minha cabeça. Eu estou completamente revoltado, profundamente magoado e dilacerado por dentro. Vocês foram covardes, atacaram a vítima desacordada e completamente indefesa - seus monstros, eu tenho um completo ranço de vocês! Guilherme de Pádua e Paula Nogueira Peixoto (nome que ela usa atualmente), eu desejo uma morte bem dolorosa, bem sofrida e bastante agonizante para vocês dois. [13/08/2022]
"Iluminadas" é uma série original Apple TV+ baseada no romance de 2013, 'The Shining Girls', da escritora sul-africana Lauren Beukes. A série é estrelada por Elisabeth Moss, Wagner Moura e Jamie Bell. Leonardo DiCaprio, Jennifer Davidson e Lindsey McManus atuam como produtores executivos, assim como a própria estrela da série, Elisabeth Moss. A autora do romance, Lauren Beukes e Alan Page Arriaga também são os produtores executivos. A adaptação foi criada e escrita por Silka Luisa, que também é produtora executiva e showrunner da série.
Kirby Mazrachi (Elisabeth Moss) é arquivista do Chicago Sun-Times. Anos atrás, ela foi brutalmente atacada e deixada para morrer, mas seu agressor nunca foi encontrado. Hoje ela ainda está traumatizada pela agressão e luta para entender sua realidade que continua mudando. Determinada a encontrar seu agressor, ela descobre um assassinato que tem uma notável semelhança com seu próprio ataque. Kirby pede a ajuda do repórter Dan Velazquez (Wagner Moura) e juntos eles descobrem vários casos arquivados de assassinatos semelhantes e começam a caçar um misterioso serial killer.
Quando eu soube que o Wagner Moura iria estrelar uma série junto com a Elisabeth Moss eu fiquei bastante animado e interessado em conferir. Wagner Moura é um belíssimo ator nacional que deu muito certo em Hollywood e não estrelava uma série desde "Narcos", 2017. Por outro lado a toda poderosa Elisabeth Moss é a grande protagonista da série, uma atriz que admiro e amo em praticamente todos os seus trabalhos - como a própria série "The Handmaid's Tale", que pra mim é simplesmente uma das melhores séries que eu já assisti na vida, juntamente com a Moss, que pra mim entrega um dos seus melhores trabalhos da carreira.
"Iluminadas" é uma série diferente de todas as séries que eu já assisti, pois aqui temos um enredo que é baseado (adaptado) em um livro (que eu não li) e justamente por isso nos traz uma trama que está imersa no suspense, no drama, no mistério, no investigativo, com uma boa dose de ficção científica, com histórias envolvendo viagem no tempo e se destacando principalmente como um thriller com serial killer. A série também se destaca por ser intrigante, psicodélica, maniqueísta e principalmente complexa (no maior estilo Nolan). Somos jogados em um verdadeiro labirinto ficcional construído pelo roteiro onde temos que colocar a cabeça pra pensar e tentar desvendar os seus enigmas. A série não tenta se explicar a todo momento, o que definitivamente nos obriga a criar teorias e tentar encaixar todas as peças do quebra-cabeça envolvendo o espaço-tempo.
Não vou negar que a principio eu fiquei um pouco perdido tentando decifrar e montar todo aquele quebra-cabeça, pois aqui temos uma trama ambientada em uma Chicago dos anos 80 que nos confronta com o assassino que escolhe suas vítimas cuidadosamente e as persegue até alcançar o objetivo de matá-las (fazendo suas vítimas a cada década). Realmente temos uma trama bastante original com um roteiro muito coeso misturando suspense e ficção científica do início ao fim, e o ponto mais positivo é que os dois gêneros são perfeitamente mesclados, sem ficar forçado ou óbvio, principalmente pelo fato de acompanharmos um serial killer que viaja no tempo para fazer suas vítimas - um ótimo suspense policial fictício.
Tecnicamente a série é incrível! O roteiro é perfeito, a direção é ótima, a montagem é excelente, a edição é muito bem organizada. Temos uma bela fotografia, uma ótima trilha sonora (que se destacava justamente por soar bastante original), uma direção de arte muito competente, que soube mesclar muito bem cada cenário e objetos de cenas em suas respectivas décadas - perfeito!
Posso afirmar que Elisabeth Moss é uma das melhores atrizes dramáticas da sua geração. Aqui temos uma Moss em seu auge (mais uma vez), que nos espanta com a sua atuação de uma mulher que sobreviveu a um ataque de serial killer e que tem sequelas por causa disso. Desde o primeiro episódio a Moss já nos pega pelas mãos e nos carrega por um mundo misterioso e completamente inesperado, e junto com ela vamos desvendando cada ponto dessa curiosa trama. Sensacional, Elisabeth Moss como sempre é a escolha perfeita para protagonizar thrillers (basta lembrar de O Homem Invisível e Nós), mas se você quiser um drama ela também dá um verdadeiro show (basta lembrar da série The Handmaid's Tale).
Wagner Moura também está incrível. Como não se impressionar com a tamanha entrega de Wagner em seu personagem Dan? Dan era um personagem solitário, vazio, frio, que tinha seus problemas com a bebida e vivia em uma verdadeira luta com seus traumas. A dinâmica entre Wagner Moura e Elisabeth Moss é de encher os nossos olhos e sustenta muito bem a trama, pois ele nos entrega uma ótima atuação e só nos confirma o excelente ator que ele é. Destaque para as cenas que ele conversa com seu filho em inglês e logo em seguida em português - incrível! Wagner Moura e Elisabeth Moss viraram amigos ao contracenarem juntos (eu adorei saber disso). Jamie Bell (Rocketman) completa muito bem o trio sensacional de "Iluminadas". Jamie incorpora o serial killer Harper com uma excelência extrema - o criminoso, que a princípio, acreditava que suas ações eram impossíveis de rastrear, até Kirby sobreviver. Jamie deu vida a um personagem sádico, maquiavélico, introspectivo, misterioso, complexo, intrigante, e sua atuação condizia perfeitamente com todo esse propósito que lhe foi imposto, pois realmente o Harper era um sociopata - pra mim uma atuação perfeita, daquelas pra ser aplaudida de pé!
Como já mencionei, a princípio eu fiquei um pouco perdido com o propósito e o direcionamento da série, mas com o passar dos episódios eu fui buscando entender e decifrar com algumas interpretações...e vamos lá pra elas:
Começando com o fato da morte de Dan, que a princípio eu achei desnecessária mas logo depois compreendi. Kirby achou o endereço da casa na carteira do Dan no necrotério, que a levou até a casa para enfrentar o Harper e o destruir (se é que realmente ele foi morto, pois não tivemos esta certeza), ou seja, a morte de Dan não foi em vão.
Acredito que a casa não funcionava apenas como uma máquina do tempo mas também poderíamos considerá-la como uma espécie de entidade demoníaca (ou algo do gênero), que parecia obter o poder de se apossar do dono do momento, ou seja, a princípio o dono era o Harper e no fim a dona era a Kirby. Como vimos na luta entre Kirby e Harper, ela parecia conhecer bem a física daquele local, o que nos dá a entender que ela já estava ali por algum tempo. Também percebi que o primeiro dono da casa se matou enforcado e o segundo era totalmente transtornado.
Naquela cena (do último episódio) que a Kirby acerta um tiro no ombro do Harper, ele implora para que ela o deixasse vivo, o que pra mim já estava claro que a casa não obedecia mais o Harper e sim a Kirby, pois logo em seguida a sua realidade se altera. O que me leva a entender que a Kirby não quis matá-lo para deixá-lo vivo sofrendo com a sua realidade mudando em todo o momento, como ela ficou em todo esse tempo, uma espécie de castigo que ela impôs para ele, passar por tudo que ela passou.
Eu realmente não entendi o porque da casa escolher o Harper para ser o assassino, não sei se a casa de fato transformava todos em assassinos, ou apenas escolheu o Harper por ele ser uma pessoa medíocre e egocêntrica, que necessariamente tinha tudo para se tornar um assassino, e visto que seu passado já lhe condenava desde o flashback que vimos ele matando um aliado para sobreviver na guerra.
Harper parecia querer matar as mulheres que estavam em ascensão, como a própria Kirby, ou de fato a casa lhe obrigava a fazer isso (não sei), mas o porquê ele matava e deixava objetos dentro delas eu realmente não consegui entender este propósito. Por outro lado não consegui compreender muito bem toda aquelas mudanças de realidades que ocorria com a Kirby e o Harper, e eu sempre observava as mudanças que ocorria principalmente nos cabelos da Kirby, acho que realmente eram apenas mudanças aleatórias. Acredito que realmente existia uma forte conexão entre Harper, Kirby e a casa.
Infelizmente parece que não teremos uma 2ª temporada, pois ainda não foi nada confirmado pelo Apple TV+. Ao que tudo indica, o projeto já havia sido ocasionalmente referido como uma 'série limitada' ou 'minissérie' em entrevistas e até pelos envolvidos. Mas eu posso apostar que a série será notavelmente bem quista nos próximos festivais de premiações, principalmente em questões de elenco, pois o trio em destaque realmente deram um show.
"Iluminadas" é uma série excelente, que me fez sair da minha zona de conforto e me obrigar a desvendar vários enigmas com o passar de cada episódio. É uma série muito inteligente, muito elegante, muito dinâmica, muito sagaz, que nos entrega uma trama muito competente e nos instiga a querer ir cada vez mais além. Realmente até hoje em questões de séries eu nunca tinha assistido nada parecido. Pra mim a série não ganha a nota máxima unicamente por conter alguns pontos dentro da trama que me deixou um pouco perdido, mas que de certa forma nem é um problema da série e sim das minhas próprias interpretações. [10/08/2022]
Falcão e o Soldado Invernal (The Falcon and The Winter Soldier)
"Falcão e o Soldado Invernal" é uma minissérie do Marvel Studios criada por Malcolm Spellman para o serviço de streaming Disney+, e dirigida por Kari Skogland. A série se passa seis meses depois que Sam Wilson recebeu o escudo do Capitão América em "Vingadores: Ultimato". Sam se une a Bucky Barnes para impedir antipatriotas que acreditam que o mundo era melhor durante o Blip (que foi a morte e ressurreição de metade das pessoas do universo). Eles voltam a trabalhar juntos para conter uma nova ameaça em uma trama que conta ainda com uma nova participação de Zemo e Sharon Carter.
Ao final de "Vingadores: Ultimato" temos uma cena completamente emblemática, que é exatamente a cena em que Steve Rogers entrega o escudo do Capitão América para Sam Wilson (Anthony Mackie), o Falcão. O desejo de Steve era que Sam assumisse o seu escudo e se tornasse o novo Capitão América. "Falcão e o Soldado Invernal" parte exatamente dessa premissa, onde temos Sam em uma crise de consciência se deve ou não aceitar tamanho fardo e tamanha responsabilidade imposta ao assumir o escudo e se tornar o Capitão América. Por outro lado temos a adição na série de Bucky Barnes (Sebastian Stan), o Soldado Invernal. Bucky também carrega a sua crise de consciência por tudo que ele cometeu no passado, e busca a redenção ao tentar voltar a integrar a sociedade logo após ter sido curado em Wakanda.
Eu achei uma jogada de mestre em reunir o Sam e o Buck em uma série que abordasse os acontecimentos de ambos logo após "Vingadores: Ultimato", ou seja, o Marvel Studios conseguiu novamente criar uma série que saísse do papel e se tornasse algo grandioso, assim como já havia conseguido com "WandaVision". O Marvel Studios realmente aprendeu a fórmula de criar e desenvolver uma boa série que nos cative por inúmeras ligações e acontecimentos curiosos, assim como sempre conseguiram com os filmes ao longo de todos esses anos.
"Falcão e o Soldado Invernal" levanta e aborda várias questões e discursos sociopolíticos, se concentra em questões raciais e políticas levantadas por Sam, um homem negro que recebeu o escudo do Capitão América com o desejo de se tornar o próprio. A Marvel teve uma grande sacada e foi cirúrgica ao abordar e trazer toda essa questão racial para a série, que envolvia diretamente o personagem do Sam, por ele passar por todo aquele período de aceitação ao início. Este é o ponto de maior acerto na série, toda a abordagem construída envolta de Sam, por ele se achar digno ou não em aceitar ficar com o escudo e se tornar o novo Capitão América, por outro lado esse período de aceitação envolve toda uma questão racial imposta pelo governo americano, em aceitar ou não um Capitão América negro, que não tinha o soro de super soldado, não tinha os cabelos loiros e nem os olhos azuis. Um roteiro muito pertinente, muito bem escrito e transplantado para a tela.
Bucky Barnes está bem introduzido na série, apesar dele ficar quase que o tempo todo na sombra do Sam, e o próprio Sam ser um personagem mais bem escrito e desenvolvido na série. Porém, Buck consegue se destacar e buscar toda aquela redenção que vimos logo de início. Outro personagem que me chamou muito atenção foi o Capitão América de John Walker (Wyatt Russell). Um personagem que inicialmente eu achei um pouco deslocado e perdido na trama, mas nos últimos três episódios ele cresce incrivelmente, notavelmente, chegando ao ponto de me impressionar e até cogitar em aceitá-lo como o verdadeiro Capitão América. O Capitão América de John Walker tem todo um ar de superioridade e uma autoconfiança invejável, chegando ao ponto de se transformar ficando praticamente cego ao exibir um sadismo em seus atos. Grande personagem, mais um grande acerto da Marvel na série, estabelecendo e nos apresentando um novo personagem que poderá ser utilizado no futuro.
Ainda tivemos mais participações curiosas dentro da série, como é o caso de Zemo (Daniel Bruhl), o terrorista Sokoviano responsável pela separação dos Vingadores em "Capitão América: Guerra Civil". Zemo é um personagem complexo que perdeu tudo e está pagando por seus crimes, como vimos na série. Sharon Carter (Emily VanCamp) é outra personagem muito intrigante na série. A ex-agente da S.H.I.E.L.D. que está fugindo do governo americano desde que foi vista pela última vez em "Guerra Civil". Temos um cena pós-créditos com ela ao final do último episódio bastante curiosa, que me faz pensar que tanto ela quanto o Zemo poderão serem utilizados nos futuros projetos dentro do MCU. Karli Morgenthau (Erin Kellyman) é a líder dos Apátridas, um grupo anti-patriotismo que acreditam que o mundo estava melhor durante o Blip e estão lutando pela abertura das fronteiras nacionais. Karli me pareceu uma personagem confusa na trama, pois sinceramente eu não sei como quiseram retratá-la na série...uma vilã, uma terrorista, ou apenas alguém que estava querendo que sua voz fosse ouvida pelo governo. Mas confesso que eu a classifico como uma vilã mesmo, principalmente como os desdobramentos que ocorreu no último episódio. Valentina Allegra de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus) me deixou bastante curioso em saber quais eram as suas reais intenções, principalmente em relação ao John Walker, que ela recrutou ao final da série, o que me deixou pensando em várias hipóteses para a sua personagem em um futuro promissor.
"Falcão e o Soldado Invernal" acerta em umas coisas e falha em outras, como no caso dos três episódios iniciais, que peca exatamente no ritmo vagaroso e toda a construção que nos situa entre todos os personagens da trama. Porém, logo a partir do quarto episódio em diante a série cresce muito de produção, se eleva em um grau altíssimo de entretenimento ao nos apresentar uma trama mais elaborada, mais centrada, mais convincente, com um ritmo adequado, com discursos ácidos e uma conclusão certeira e esperançosa.
"Falcão e o Soldado Invernal" é mais uma bela série do Marvel Studios, que está em pé de igualdade com "WandaVision". O último episódio da série me deixou bastante esperançoso e motivado pelo quarto filme do Capitão América que está em desenvolvimento. Realmente a série foi muito bem desenvolvida e teve uma conclusão propícia que estabelece novos rumos para o Universo Cinematográfico da Marvel no cinema e na TV. [24/07/2022]
"O Gambito da Rainha" é uma minissérie original Netflix lançada em Outubro de 2020, baseada no romance de 1983 de mesmo nome de Walter Tevis. O título da série refere-se ao "Gambito da Rainha", uma jogada ou uma abertura de xadrez. A série foi escrita e dirigida por Scott Frank, que a criou com Allan Scott, que detém os direitos do livro. A história começa em meados da década de 1950 e prossegue na década de 1960, narrando como segue a vida de Elizabeth Harmon (Anya Taylor-Joy), uma garota prodígio do xadrez fictício em sua ascensão ao topo do mundo do xadrez enquanto lutava contra a dependência de drogas e álcool.
Já adianto que "O Gambito da Rainha" é a melhor série da Netflix que eu já assisti até hoje.
Temos aqui uma das melhores séries de 2020, que faz um excelente contraponto entre um jogo extremamente interessante, o xadrez, com um drama familiar, um amadurecimento e um crescimento humano, uma verdadeira lição e um verdadeiro aprendizado de vida. A produção chamou a atenção do público para o jogo de xadrez, raramente tratado na dramaturgia, e pra mim um jogo muito peculiar e interessante mas completamente desconhecido, pois eu não entendo absolutamente nada de xadrez. E justamente por não entender nada do jogo eu me interessei ainda mais pela série, por ela ser direcionada como um conto, uma passagem, uma novela da vida de Elizabeth Harmon, que vai desde a sua infância, passando pelas suas descobertas e aprendizados, até chegar em sua vida adulta, abordando toda a sua luta e determinação para ser tonar a melhor enxadrista do mundo.
O roteiro de "O Gambito da Rainha" é um dos pontos mais positivos e criativos da série, pois ele percorre diretamente a ascensão de uma órfã prodígio do xadrez enquanto luta contra seus vícios e suas dependências químicas ao enfrentar os maiores enxadristas do mundo. Pois quando os pais de Beth morrem em um acidente de carro ela é enviada para um Orfanato, lá ela desenvolve dois traços - o talento incrível para o xadrez e a dependência do tranquilizante dado às crianças. O medicamento citado é um tranquilizante, chamado Xanzolam, que embora não seja um medicamento real, se assemelha muito a um remédio popular nos anos 60, receitado como cura para a ansiedade. Um dos efeitos colaterais que o remédio dá em quem o consome é a alucinação, exatamente a forma alucinógena que Beth Harmon desenvolveu ao jogar sozinha o seu xadrez diretamente do teto do seu quarto.
"O Gambito da Rainha" é uma série que podemos chamar de 'fictícia verdadeira', pois de fato os temas abordados são muito verdadeiros, por serem temas contemporâneos e libertadores da vida de uma jovem proeminente, mas a série não tem nada de real, sua estrutura se assemelha muito a filmes que recontam histórias verídicas, mas fato é que não há nada de realista na jornada de Beth Harmon - o quê pra mim engrandece ainda mais a qualidade da série. Por outro lado também podemos aprender muito com a jornada de Beth Harmon, pois a primeira lição que ela nos ensina é que para ser um empreendedor, um competidor de sucesso, você precisa ter foco, ter ambição, ter determinação, assim como a própria Beth que, apaixonada desde jovem pelo xadrez, não cansa de perseguir o seu objetivo incansavelmente, enfrentando seu vício para conseguir se tornar a maior jogadora do mundo, e quanto mais ela aprimora suas habilidades no tabuleiro, a sua ideia de fuga, de libertação lhe parece cada vez mais tentadora. Uma verdadeira lição de vida abordada em uma minissérie fictícia - simplesmente excelente e genial!
A direção da série ficou nas mãos do competente diretor Scott Frank, um diretor de cinema, produtor, roteirista e autor americano. Frank recebeu duas indicações ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado por "Irresistível Paixão" (1998) e "Logan" (2017). Seu trabalho no cinema, creditado e não creditado, se estende a dezenas de filmes. Nos últimos anos, ele trabalhou para a Netflix em minisséries de televisão, mais proeminentemente co-criando exatamente "O Gambito da Rainha".
Tecnicamente a série é uma obra-prima! Possui uma trilha sonora completamente impecável, muito bem composta e administrada dentro da época. Uma trilha sonora contemporânea, eficiente, competente, que seguia cada passo, cada acontecimento dentro da história de Beth Harmon. Um destaque era exatamente a trilha sonora de cada partida de xadrez, grande responsável em nos imergir dentro daquela competição - nota 10 para a trilha sonora da série! A direção de arte e a cenografia da série são um verdadeiro espetáculo, completamente fiéis com cenários, objetos de cena, iluminações, criações estéticas, atuando em estreita parceria com a equipe de direção de fotografia - por sinal uma fotografia belíssima. Assim como os figurinos, que estão um verdadeiro luxo (principalmente em nossa estrela, Elizabeth Harmon). A maquiagem e os cabelos também estão totalmente inseridos dentro dos padrões de beleza da década de 60.
Quero chamar a atenção para a jovem atriz Isla Johnston, que deu vida a Beth Harmon jovem. Ela faz um trabalho incrível no primeiro e no segundo episódio da série, preparando todo o terreno para a Beth da Anya Taylor-Joy assumir nos episódios subsequentes. Primeiro episódio excelente, mostra o desenvolvimento, o conhecimento e o nascimento do interesse do xadrez da Jovem Beth, seguido por um final devastador. Segundo episódio do torneio é ótimo, a atriz Isla Johnston se solta ainda mais e cresce em sua atuação. Anya Taylor-Joy é uma atriz que eu sou completamente apaixonado, um verdadeiro fã do seu trabalho desde "A Bruxa" (2015). Em "O Gambito da Rainha" Anya só mostra o que todos nós já estamos acostumados a ver em seus trabalhos...que é uma atuação completamente monstruosa, impecável, perfeita, sem um erro. Anya adota uma postura forte, aguerrida, destemida ao encarnar a Beth Harmon, nos trazendo uma atuação do mais alto nível em todos os seus episódios. Com um destaque maior para o último episódio, que por sinal é excelente e simplesmente o melhor de toda a série, onde Beth revive todo o seu passado ao retornar ao Orfanato onde ela foi deixada, quando ela descobre, ou se dá conta, que o Sr. Shaibel (Bill Camp) foi verdadeiramente uma espécie de pai para ela. Beth Harmon era vazia, solitária, vulnerável e isso ficou muito explícito nesse último episódio, e principalmente por tudo isso ser nos passado pela atuação magistral e impecável da Anya Taylor-Joy.
"O Gambito da Rainha" recebeu 18 indicações no Primetime Emmy Awards em 2021 e ganhou 11, incluindo Melhor Série Limitada, tornando-se a primeira Minissérie em um serviço de streaming a vencer a categoria. A série também ganhou dois Globos de Ouro: Melhor Série Limitada ou Filme para Televisão e Melhor Atriz - Minissérie ou Filme para Televisão para Anya Taylor-Joy. Ela também ganhou o Critics 'Choice Television Award de Melhor Atriz em Filme/Minissérie e o Screen Actors Guild Award de Melhor Atriz em Minissérie ou Telefilme.
Realmente "O Gambito da Rainha" é uma excelente minissérie, daquelas que beiram a perfeição. Uma série muito bem aceita, muito bem conceituada, muito aclamada pela crítica em um modo geral, com elogios particulares para o ótimo e digno desempenho de Anya Taylor-Joy como Beth Harmon. A série também recebeu uma resposta positiva da comunidade de xadrez por suas representações precisas e fidedignas de xadrez de alto nível, e os dados sugerem que aumentou o interesse do público nesse jogo tão peculiar.
Desde então a série fez um estrondoso sucesso, o que levou os fãs e admiradores a torcerem para que a trama, que foi lançada como uma minissérie, ganhasse uma segunda temporada. Porém, infelizmente a notícia não é boa para quem esperava por isso, pois os produtores executivos da série já confirmaram que "O Gambito da Rainha" não vai ter uma segunda temporada - uma pena.
Encerro com aquela excelente cena final do último episódio, quando Beth Harmon consegue finalmente vencer seu maior rival, Vasily Borgov (Marcin Dorociński), em um jogo completamente tenso e emocionante. O que nos mostrou uma verdadeira lição de vida, pois Beth estava jogando completamente sóbria. Um verdadeiro jogo de superação em meio a todas as suas adversidades impostas pelo seus vícios - SHOW!
Senhoras e Senhores, apresento-lhes Elizabeth Harmon! [01/07/2022]
"WandaVision" é uma minissérie criada por Jac Schaeffer (que também atuou como roteirista principal) para o serviço de streaming Disney+, baseada na Marvel Comics com os personagens Wanda Maximoff/Feiticeira Escarlate e Visão (Elizabeth Olsen e Paul Bettany). É a primeira série de televisão do Universo Cinematográfico MCU produzida pela Marvel Studios, que tem ligações e continuidades diretas com os filmes da franquia, e se passa após os eventos de Vingadores: Ultimato (2019). A série teve a direção de Matt Shakman (que também dirigiu séries como Succession, The Boys e Game of Thrones). A nova série da Marvel Studios segue Wanda Maximoff e Visão enquanto eles vivem uma vida pacífica e suburbana na cidade de Westview, Nova Jersey, até que sua realidade começa a se mover por diferentes décadas, fazendo o casal suspeitar que as coisas não são o que parecem.
Sem nenhuma dúvida "WandaVision" está entre as melhores séries de todo o Universo MCU, e olha que eu nem sou um fã da Marvel, apenas tenho um grande apreço por todas as produções do estúdio. De fato a série é muita bem feita, muito bem elaborada, muito bem pensada e, principalmente, muito bem transplantada para a TV. Tem um roteiro muito bem amarrado, muito coeso com tudo que quer nos contar, pois inicialmente somos apresentados para o casal de super-heróis que possuem uma vida perfeita, mas que sempre estão se esforçando para levar uma vida normal e esconder todos os seus poderes dos seus vizinhos. E é exatamente este o ponto de maior acerto e de maior grandiosidade da série, a forma como somos mergulhados em seus primeiros episódios, como uma espécie de homenagem aos grandes sitcoms das décadas de 50, 60, 70, até os dias atuais, e sempre sendo filmados com a presença de uma plateia, o que definitivamente me surpreendeu demais, pois nunca tinha visto um trabalho desse porte no MCU.
Gostei muito da virada da série, pois inicialmente temos os primeiros episódios mais leves, mais extrovertidos, mais eufóricos, e do meio para o final a série já muda de tom, já fica mais dark, mais séria, mais profunda, nos relevando alguns segredos que estavam presos no passado e nos mostrando uma verdadeira mudança de personalidade do casal, principalmente na Wanda. Este foi um ponto que me surpreendeu positivamente, esta mudança que os personagens sofrem durante os episódios, o que culminou diretamente para toda a atuação que nos foi entregue. Por falar em atuações: Elizabeth Olsen e Paul Bettany são o casal mais carismático do universo e o melhor casal da Marvel. Que simpatia, que química, que carisma, como são amáveis, divertidos, alegres, extrovertidos, espontâneos, impossível não se apaixonar pela dupla, principalmente nos episódios iniciais. Elizabeth e Paul já dominam os seus personagens há muito tempo e isto está mais do que explícito, pois aqui ambos entregam o que fazem de melhor em suas atuações divertidas e versáteis, e principalmente saindo do cômico e partindo para um lado mais tenso, mais sombrio, onde cada um acompanha às mudanças dos seus personagens com muita maestria e muita grandeza - que dupla, um casal incomum!
Em questões de elenco às produções Marvel sempre deram um show, e aqui não poderia ser diferente. Temos a Kathryn Hahn (A Visita do M. Night Shyamalan) que dá um verdadeiro show como a vizinha bruxa Agatha Harkness. Teyonah Parris (Se a Rua Beale Falasse) que fez um ótimo trabalho como Monica Rambeau. Kat Dennings (a estagiária da Jane Foster em Thor) como a Dra. Darcy Lewis, uma presença um tanto quanto satisfatória e sempre engraçada, assim como o próprio Randall Park (o oficial do Scott Lang em Homem Formiga e a Vespa) como Jimmy Woo. Evan Peters (que recentemente esteve em Mare of Easttown) como Pietro, irmão gêmeo de Wanda. Outro que tem uma presença bem inusitada na série, principalmente por todos os fatos que ocorreram para este retorno. Sem esquecer das ótimas presenças de Julian Hilliard e Jett Klyne, como Billy e Tommy, os filhos do casal.
Definitivamente "WandaVision" foi um grande acerto do Universo MCU. Aquela série leve, gostosa, divertida, prazerosa, que me prendeu e me deixou em um completo êxtase em todos os 9 episódios. Por falar em episódios: os dois primeiros são incríveis, por se passarem nas décadas de 60 e 70 e nos ser apresentados em preto e branco. Já os episódios 8 e 9 são os melhores de toda a série, por nos fazer revelações e nos envolver em um clima mais dark que culmina com um grande embate final. Realmente a Marvel poderia ensinar esta fórmula mágica de se fazer um entretenimento tão bem feito como este para os outros estúdios. [01/06/2022]
'The Dropout' é uma minissérie original Hulu/Star Plus criada por Elizabeth Meriwether (conhecida por criar o seriado New Girl da Fox), baseada no podcast "The Dropout" apresentado por Rebecca Jarvis e produzido pela ABC News. A minissérie acompanha a história real de Elizabeth Holmes (interpretada por Amanda Seyfried), uma jovem empresária que anunciou ter descoberto uma forma revolucionária de analisar exames de sangue. Mas tudo não passava de uma grande fraude, pois acompanhamos da ascensão à queda da empresa de biotecnologia Theranos e sua fundadora Elizabeth Holmes. A minissérie teve a sua estreia em 3 de março de 2022.
Temos aqui umas das melhores minisséries do ano, pois de fato 'The Dropout' transita por toda a jornada de Elizabeth Holmes, desde a sua infância passando pela sua adolescência até chegar em sua vida adulta, nos evidenciando a sua ascensão no Vale do Silício e como ela teve a audácia em conseguir enganar vários investidores milionários, várias indústrias farmacêuticas e toda uma população norte-americana. Uma jovem com apenas 19 anos que decidi largar a faculdade de engenharia química de Stanford para fundar o laboratório de exames de sangue Theranos, tornando-se sua diretora executiva. Theranos foi uma empresa americana de serviços de saúde-tecnológica e médico-laboratorial privada sediada em Palo Alto, Califórnia.
A história da vida de Elizabeth Holmes é incrivelmente louca! Uma jovem bilionária que era considerada como um ícone, como uma grande influencer, uma grande empreendedora, que muitas vezes era comparada com figuras ilustres como Bill Gates e Steve Jobs (ela mesmo afirmava que se inspirava no Steve Jobs, ela queria ser um novo Steve Jobs). Holmes não era formada, não era médica, não tinha PHD, não era química, o que nos deixava ainda mais intrigados com a sua história, pois de fato ela agia apenas como o uso da persuasão, ela era extremamente persuasiva. E nisso temos que concordar, pois Holmes era uma mulher extremamente inteligente, completamente convincente, extremamente habilidosa, muito visionária, idealista, astuta, hábil e sagaz. Holmes era vista com o símbolo do progresso feminista, como o símbolo do empreendedorismo feminino.
Porém, temos um conto que deu terrivelmente errado. Como a bilionária mais jovem do mundo perdeu tudo em um piscar de olhos? De fato a jornada da vida de Holmes vai do céu ao inferno, ao fundo do poço, literalmente. A minissérie aborda com muita maestria um misto de fraudes, de ganância financeira, de falta de profissionalismo, de falta de ética, do uso da manipulação indevida, nos evidenciando e nos elucidando como a vida de Holmes foi mergulhada no drama, na tragédia, na ambição, na decepção amorosa, nos golpes e nas traições. De fato a vida de Elizabeth Holmes foi uma grande catástrofe, um grande colapso, pois hoje em dia ela foi condenada pela Justiça da Califórnia por fraude eletrônica e conspiração para fraude.
Amanda Seyfried (a inesquecível Cosette de Os Miseráveis) é a alma e o coração da minissérie, nos entrega um dos melhores trabalhos de toda a sua vida. Holmes caiu como uma luva para Seyfried, pois de fato a semelhança entre elas era absurda, em seus trejeitos, em seus olhares, em suas expressões, em seu modo de se portar, de falar, de discursar, de agir, tudo muito crível e com uma verossimilhança perfeita. Seyfried não interpretou ela incorporou a Holmes, pois tudo que ela trazia para a sua atuação só nos elucidava o quanto ela estudou a personagem e o quanto ela se entregou nesse projeto. Como o fato dela sempre se manter naquela postura inabalável, enrijecida, mesmo com o mundo desabando em suas costas. Aquela expressão sádica e maquiavélica, sempre estática e praticamente sem piscar os olhos, só fazendo movimentos com a cabeça. Seyfried nos passava o tempo todo uma figura excêntrica, letal, em alguns momentos era mais eufórica e sociável, em outros mais introspectiva e completamente tensa. Realmente devo aplaudir de pé o trabalho impecável entregue pela Amanda Seyfried personificando a Elizabeth Holmes.
Ainda tivemos ótimas participações na minissérie: como o ótimo ator Naveen Andrews (o Sayid de Lost) que deu vida ao Sunny Balwani. Sunny era o relacionamento amoroso de Holmes, que ficava sempre encoberto, e depois entrou de cabeça no projeto fraudulento com ela. Ótima a atuação de Naveen Andrews, cujo os primeiros episódios ele esteve mais comedido, mas logo em seguida sua atuação cresce muito e ao final ele já é tão parte da história como a própria Holmes. William H. Macy (o avô bizarro de O Quarto de Jack) como Richard Fuisz - uma peça importantíssima que englobou boa parte da história. Camryn Mi-Young Kim que fez a Erika Cheung - uma personagem muito interessante que começa descobrir às falcatruas da Theranos. Dylan Minnette (o Clay Jensen de 13 Reasons Why) como Tyler Shultz - outro personagem que engrandeceu ainda mais o rumo final de toda a história. Stephen Fry (da trilogia O Hobbit) como Ian Gibbons - que teve uma importante participação e colaboração nos planos iniciais de Holmes, e logo após foi escanteado, enfrentando severas consequências. Entre vários outros atores/atrizes que estiveram muito bem na minissérie. De fato 'The Dropout' teve uma bela escolha de elenco, desde a sua protagonista até o núcleo coadjuvante.
'The Dropout' é uma minissérie muito bem dirigida por Michael Showalter, que recentemente dirigiu de forma brilhante a cinebiografia "Os Olhos de Tammy Faye". A trilha sonora é ótima, pois a mesma transita com maestria entre os hits Pops de sucessos dos anos 90 e 2000. A minissérie é muito bem pensada e muito bem elaborada, possui um roteiro bem eloquente, que sempre nos enfatizava com às mais diversas surpresas em cada um dos 8 episódios. Destaques também para todo o trabalho de cenografia e direção de arte, pois o mesmo acompanhou com muita veracidade cada virada de época, sempre se reinventando ao nos apresentar os cenários, os objetos de cena, onde cada detalhe era importante.
'The Dropout' é uma ótima minissérie, que nos traz uma história formidável sobre ambição, traição, golpe e tragédia, que explicita e escancara uma forma bizarra do ser humano em conseguir de qualquer jeito alcançar o Sonho Americano.
Eu posso apostar que 'The Dropout' vai aparecer nos festivais de premiações no próximo ano. Assim como a própria Amanda Seyfried, por nos entregar uma performance completamente memorável.
Uma boa história gera emoções e as pessoas são afetadas por emoções, pois pessoas emocionadas fazem grandes investimentos que nem sempre será lucrativos - este era o lema que movia a vida de Elizabeth Holmes! [24/05/2022]
'Os Ausentes' é a primeira série original brasileira produzida pela Warner Media Latin America e Panorâmica para HBO Max. Foi estreada em 22 de Julho de 2021.
A trama conta a história do ex-delegado Raul Fagnani (Erom Cordeiro), que decidiu abrir uma agência de investigação de pessoas desaparecidas após o sumiço de Sofia, sua filha de cinco anos. A Ausentes revira o submundo da cidade de São Paulo e coloca o protagonista a serviço daqueles que não podem ou não querem recorrer à polícia em busca de ajuda por algum motivo. Ele ainda tem esperança de descobrir o que aconteceu com a sua filha.
A série da HBO Max explora um problema social pouco falado no Brasil, que são exatamente os desaparecimentos das pessoas e principalmente o desaparecimento dessas pessoas em São Paulo, a maior metrópole brasileira. Só no Brasil, oito pessoas desaparecem a cada hora, é realmente um número absurdo que lidamos no nosso dia a dia.
Dentro desse contexto que está inserido os 10 episódios da série, cada um voltado para algum desaparecimento ou algum acontecimento, que de fato põe à prova a capacidade verídica de toda história planejada. De fato a série aborda um tema muito sério e bastante recorrente na cidade de São Paulo, que é o submundo do crime, do sequestro infantil, do desaparecimento humano, do tráfico, do roubo, da violência, e tudo é bem diversificado e montado pelo roteiro central da trama. Um ponto bastante positivo da série, a forma abordada de cada episódio em nos explicitar os seus acontecimentos com bastante veracidade. Pois em cada episódio tínhamos acontecimentos distintos, que sempre levava a história para vários lados e vários pontos da cidade, dessa forma o roteiro sempre nos ganhava com algo novo, sem perder a graça e sem cair no marasmo daquelas séries investigativas que sempre seguem uma única linha dentro da história.
Porém, a série apresenta vários problemas, principalmente de roteiro, pois em cada episódio sempre alguma coisa ou algum acontecimento passava batido, sempre deixava algumas pontas soltas, não deram uma atenção mais detalhada para esta parte. Por ser uma série que adentra diretamente em um tema muito sério e muito forte dentro da nossa sociedade, eu esperava uma abordagem mais séria, mais enfática, mas em algumas partes eles deslocavam demais a atenção do ponto central da trama, o que de certa forma nos deixava mais deslocados da história que nos estava sendo contada. Forçaram um pouco em cima do alívio cômico na série, o que também tirou um pouco da seriedade de alguns pontos. Eu concordo que a trama não precisa ser 100% do seu tempo séria e inabalada, mas o alívio cômico tem que ser bem dosado e, principalmente, tem que pontuar nos momentos certos, pois tem partes que uma piada aleatória tira mais a atenção do que suaviza a cena.
Outro ponto que eu achei mal desenvolvido: a tentativa de estabelecer um arco pessoal de alguns personagens paralelamente com a história, ou seja, o fato do roteiro tentar pontuar algumas histórias pessoais fora dos acontecimentos central da trama. Eu acho muito válido esta tentativa, principalmente o arco pessoal da Maria Júlia (Maria Flor), que de certa forma traz um fôlego novo para a série, só que eu acho que poderia ter sido melhor explorado, melhor desenvolvido, tinha um potencial absurdo - quem sabe poderá ser melhor aproveitado em um segunda temporada. Já o arco pessoal do Raul envolvendo o desaparecimento da sua filha foi melhor construído, apesar de também achar que poderiam ter dado uma atenção melhor em várias partes, em vários casos que se passaram despercebidos e até acelerados demais. Mas o saldo dessa parte foi mais positivo do que negativo, principalmente com todas as revelações e descobrimentos que permeou o décimo episódio.
O elenco da série tem seus altos e baixos! Erom Cordeiro (que recentemente assassinou a Maria Marruá no remake de Pantanal) é um ótimo ator, já o conhecia de algumas produções Globais, e de fato ele é um ator muito versátil e muito comprometido com cada personagem. Em 'Os Ausentes' Erom entrega uma atuação muito segura, que condiz com o que o seu personagem vivia naquele momento, com todos os seus traumas e sofrimentos pessoais. Maria Flor (Cazuza - O Tempo Não Para) começa mais comedida e vai se soltando com o passar dos episódios, acredito que no começo a sua personagem (Maria Júlia) estava bem perdida e foi se achando aos poucos, principalmente quando a sua história vai sendo contada, ali ela começa a crescer de produção e sua personagem ganha mais relevância. Augusto Madeira (Bingo - O Rei das Manhãs) é Valdir, braço direito de Raul. O personagem mais divertido, o alívio cômico da série, o grande responsável em suavizar vários momentos mais tensos, mesmo que de certa forma em algumas partes eu acho até forçada as suas piadas. Mas no geral Augusto acerta mais do que erra. Indira Nascimento (que viveu recentemente a Janine em Um Lugar ao Sol) é Tai, uma espécie de hacker, a grande responsável em achar as pistas mais difíceis dos suspeitos ou dos desaparecidos. Uma personagem bem vaga, bem vazia, que está mais escanteada, apesar que em alguns episódios ela tem se mostrado muito versátil, e nos mostra uma outra faceta, uma outra parte da sua história que poderá render um bom arco pessoal em uma vindoura continuação.
'Os Ausentes' é uma boa série, consegue prender a nossa atenção com a abordagem em vários pontos de grande importância e relevância para a nossa sociedade, o que de certa forma é um ponto bem positivo, pois isso só nos elucida e nos evidencia o quanto estamos diante de vários acontecimentos grotescos batendo em nossas portas no dia a dia da sociedade paulistana. Pois de certa forma a série explicita e põe o dedo na ferida nas questões dos desaparecimentos e dos sequestros vividos em todo o Brasil e principalmente na cidade de São Paulo. De fato a série apresenta vários problemas, mas o saldo final é mais positivo do que negativo. Dessa forma podemos considerar que a HBO Max estreia com o pé direito com a exibição da sua primeira série brasileira.
Com relação a segunda temporada da série, eu não vi nenhuma informação que garantisse que isso irá ocorrer. Mas na minha opinião vale muito a pena apostar em uma continuação, pois a série deixa uma brecha grande para a segunda temporada, principalmente com o desfecho do último episódio, que deixa muitas perguntas a serem respondidas. [05/05/2022]
Mare of Easttown é uma série limitada de drama criminal americana criada por Brad Ingelsby para a HBO. Dirigida por Craig Zobel e escrita por Ingelsby, a série estreou em 18 de abril de 2021 e foi concluída em 30 de maio de 2021, composta por sete episódios. É estrelado por Kate Winslet como a personagem-título, uma detetive investigando um assassinato em uma pequena cidade perto da Filadélfia. Julianne Nicholson, Jean Smart, Angourie Rice, Evan Peters, Sosie Bacon, David Denman, Neal Huff, James McArdle, Guy Pearce, Cailee Spaeny, John Douglas Thompson e Joe Tippett aparecem em papéis coadjuvantes.
A série foi aclamada pelos críticos, que elogiaram sua história, personagens, atuações e representação das mulheres. A série recebeu 16 indicações no 73º Primetime Emmy Awards e ganhou quatro, incluindo Melhor Atriz Principal para Kate Winslet, Melhor Ator Coadjuvante para Evan Peters e Melhor Atriz Coadjuvante para Julianne Nicholson. No Globo de Ouro a série foi indicada em Melhor Série Limitada, Série Antológica ou Telefilme, e levou a estatueta por Melhor Atriz para Kate Winslet. No SAG's a série está indicada a Melhor Ator em Minissérie ou Filme para TV para Evan Peters, Atriz para Jean Smart e Kate Winslet, e Melhor Elenco de Dublês em Série de TV.
Mare of Easttown aborda e adentra em vários pontos como o drama, o suspense, a investigação policial, a desconstrução, a descaracterização e a humanização dos personagens. A série funciona perfeitamente ao nos relatar um marcante drama familiar com bastante autenticidade e veracidade, ao nos confrontar diretamente com todos os acontecimentos que permeia todos os conflitos familiares de Mare Sheehan (Winslet). Nesse quesito a série é completamente fantástica e satisfatória, ao abordar uma protagonista que está vulnerável, deprimida, amargurada, ressentida, infeliz, perdida emocionalmente e amorosamente, tendo que enfrentar a sua profissão em seu dia a dia, ao investigar o assassinato de uma jovem e o desaparecimento de outra, em um período em que a sua vida pessoal está praticamente se desmoronando aos seus pés. Em até certo ponto o roteiro foi bem escrito (só na parte final que não me agradou e explicarei mais à frente), pois tudo que estava inserido na série nos prendia gradativamente e aguçava o nosso desejo de ir mais além e descobrir, junto com Mare, todos os acontecimentos que se passava ao redor de Easttown. Todos os temas abordados pela série são feitos de forma verossímil.
Outro ponto que eu achei curioso e me motivou cada vez mais dentro da história, foram os arcos pessoais e os dramas vividos por cada um que fazia parte daquela cidade e daquele universo. De certa forma o enredo estabelece e nos apresenta os seus personagens, logo em seguida já nos confronta diretamente com um arco pessoal de cada um que está envolvido na trama. Quanto ao arco pessoal da Mare, eu acho que foi o melhor dentro da série, pois foi bem desenvolvido, bem apresentado, feito com bastante veracidade e que nos comovia e nos causava empatia instantaneamente. Já nos coadjuvantes o roteiro peca ao tentar dar ênfase em um arco pessoal de praticamente todos os personagens. Ok, acho muito digno esta tentativa, pois isso faria nos aproximar e nos importar com às vidas de cada um ali presente (além da Mare), mas me pareceu feito às pressas e sem um aprofundamento nos personagens, me soando apenas como uma mera tentativa de abranger à todos e nos causar empatia pelo o que estava sendo mostrado no arco pessoal de cada um. Acredito que se a série tivesse mais episódios, ou uma segunda temporada, isto poderia ser muito melhor desenvolvido e nos apresentado.
Kate Winslet carrega a série praticamente nas costas, é realmente impressionante o que esta mulher faz na pele da destemida Mare Sheehan. Winslet está estupidamente bem na personagem e nos proporciona uma das mais belas atuações de sua carreira. Kate Winslet foi muito bem reconhecida e premiada no Emmy Awards e no Globo de Ouro. Jean Smart como Helen Fahey, a mãe de Mare, teve uma ótima atuação, era muito interessante aqueles confrontos de ideias e opiniões entre ela e a Mare. Evan Peters como Detetive Colin Zabel, o detetive do condado chamado para ajudar Mare. Mais uma ótima atuação dentro da série, como eu gostei da atuação do Peters, que se iniciou com um desafeto com a Mare e no final já estava adquirindo uma certa química com ela. Julianne Nicholson como Lori Ross, a melhor amiga de Mare, outra atuação grandiosa e muito bem acertada, se destacando principalmente entre as cenas que tínhamos uns diálogos bastante contundentes.
Angourie Rice (como essa atriz é linda....Meu Deus!) como Siobhan Sheehan, filha de Mare. Rice tem em suas mãos uma personagem muito interessante e que poderia render muito mais na história, dado aos seus acontecimentos, seus envolvimentos e principalmente por ser a filha adolescente (meio rebelde) que sempre entrava em constantes conflitos com a Mare (entra exatamente no ponto que eu destaquei acima, faltou desenvolver mais o seu arco pessoal). David Denman como Frank Sheehan, ex-marido de Mare, um personagem muito intrigante e que influenciava diretamente a Mare. Boa atuação de David Denman. Neal Huff como o padre Dan Hastings, primo de Mare, um padre católico e pastor da Igreja de São Miguel, que se mostrava uma figura sempre meio obscura. James McArdle como Deacon Mark Burton, um diácono católico transferido para St. Michael's após alegações de má conduta sexual em sua paróquia anterior (personagem que eu sempre tive um pé-atrás na série). O grande ator Guy Pearce como Richard Ryan, um autor e professor de escrita criativa que se envolveu com Mare, mas na minha opinião, apenas pra compor a história, sem uma grande relevância.
Cailee Spaeny como Erin McMenamin, uma mãe solteira adolescente que é maltratada por seu ex-namorado (falarei dela na barra de spoiler). John Douglas Thompson como Chefe Carter, chefe de Mare no departamento de polícia (sua melhor cena é aquela que ele afasta a Mare do cargo). Joe Tippett como John Ross, marido de Lori e primo do pai de Erin, Kenny (ao final seu personagem ganha bastante relevância na trama). Sosie Bacon como Carrie Layden, a mãe do neto de Mare, Drew, e ex-namorada do falecido filho de Mare, Kevin (outra grande atuação dentro da série, principalmente ao confrontar a Mare pelo seu filho).
Erin McMenamin foi a personagem que eu tive empatia logo em sua primeira cena, pois a sua história dentro da série me soou verdadeiramente, como várias histórias da vida real que acompanhamos diariamente ao nosso redor. Uma garota de 17 anos que se envolve com homens mais velhos, que engravida e tem que enfrentar todas as dificuldades que às suas escolhas lhe impôs, que decidi se prostituir para arrecadar dinheiro para fazer a cirurgia de ouvido do filho. Ela já é órfã de mãe e cria seu filho praticamente sozinha, além de ser maltratada em casa pelo pai e humilhada pelo ex-namorado e sua namorada atual, ou seja, a vida nunca foi fácil para Erin, principalmente pelas suas próprias escolhas. Como não trazer toda essa história para o nosso cotidiano de hoje em dia?
O primeiro episódio já é fantástico (um dos melhores de toda série), pois como destaquei acima, a Erin foi a personagem que eu me conectei instantaneamente (além da Mare, é claro), por isso me surpreendi tanto ao ser confrontado com o seu assassinato. Eu fiquei paralisado ao ver que a Erin tinha sido brutalmente assassinada logo ao final do primeiro episódio da série, e a forma como ela foi encontrada também me abalou, totalmente (ou praticamente) nua e com um tiro na testa (poxa, eu fiquei triste nessa hora). Eu não imaginava que ela seria o ponto de partida da série em relação às investigações da Mare. Uma pena, pois eu gostei muito da atuação da Cailee Spaeny e queria que ela estivesse viva em toda a série.
O quinto episódio é outro excelente, pois é nesse ponto que temos os embates e confrontos de Mare e Zabel com o sequestrador que mantinha aprisionada no sótão a Katie Bailey (Caitlin Houlahan), a garota que desapareceu de Easttown um ano antes (juntamente com uma outra garota que depois se junta à ela no sótão). Mas também é nesse episódio que temos a triste e dolorosa morte do Detetive Colin Zabel, com um tiro na testa disparado pelo sequestrador durante o confronto.
Quero deixar registrado aqui o meu descontentamento, minha desaprovação e minha frustração com a revelação do assassino da Erin McMenamin no ultimo episódio da série. É sério que a série deixou todos os plot twist para o último episódio? Realmente tinha a necessidade de inventar todos esses plot twist para revelar o verdadeiro culpado? Esta forma adotada pelo roteiro para nos revelar o verdadeiro assassino da Erin foi completamente estapafúrdia, pífia, mal feita, despreparada, desprovida de imaginação. Não tinha a menor necessidade em um único episódio mudar o então assassino três vezes, passando pelo Billy (Robbie Tann), depois o John, pra só então tentar nos surpreender (a mim não surpreendeu, pelo contrário, me decepcionou) que o verdadeiro assassino de Erin McMenamin era o Ryan Ross (Cameron Mann), filho de Lori e John, um garoto de 13 anos. Definitivamente esta parte foi a maior deslizada, a maior derrapada da série, pra mim uma grande falha de roteiro, poderiam muito bem ter parado e entregado que o verdadeiro assassino era o John, acho que ficaria muito mais coerente e aceitável - não gostei do final!
Mare of Easttown é uma série muito boa, muito gostosa de acompanhar, nos prende em todos os episódios e nos surpreende várias vezes. Eu gostei demais da série (mesmo com o ponto que eu destaquei na barra de spoiler), adorei os personagens e principalmente a Mare. Realmente eu não sei a probabilidade da série ganhar mais uma temporada, pelo o que li, a própria Kate Winslet revelou uma grande vontade de voltar para uma segunda temporada, e a própria HBO também não descartou esta possibilidade. Eu realmente torço muito pra que a série não termine aqui e que renda mais alguns episódios, porque o elenco é muito bom e poderiam nos proporcionar mais uma ótima temporada de Mare of Easttown. [19/02/2022]
Perdidos no Espaço - 3ª Temporada (Lost in Space - Season 3)
"Perdidos no Espaço" foi uma série que me atraiu logo de cara, até por se tratar de um tema que eu sempre gostei de acompanhar, o sci-fi, e pensando exatamente nessa temática, a série tinha tudo pra funcionar, tudo pra dar certo, mas não foi isso que aconteceu ao longo das 3 temporadas.
A premissa da série era muito boa, até por se tratar de um reboot da série homônima que rodou nos anos 60, mas infelizmente nada aqui funciona, nada se concretiza e tudo vai por água abaixo. A série não funciona como drama, não funciona como aventura, não funciona como uma exploração, não funciona como família, é tudo muito perdido, muito bagunçado, sem coesão, sem originalidade, sem aprofundamento. O roteiro é o ponto mais falho de todas as temporadas, e aqui não é diferente. O roteiro é raso, sem desenvolvimento, desconexo, mal escrito, mal projetado, que vive tentando se achar, tentando se acertar, mas que falha miseravelmente em tudo que se propõe a fazer dentro da série.
A terceira temporada de "Perdidos no Espaço" não funciona como uma série dramática, pois ao longo dos episódios temos inúmeras tentativas de nos conectarmos com o drama de cada personagem, mas sem um aprofundamento, sem um desenvolvimento, não conseguimos se importar com ninguém, não conseguimos ter empatia por ninguém, não torcemos por ninguém. A temporada ainda falha brutalmente ao querer (mais uma vez) explorar um arco pessoal de alguns dos personagens, como uma forma de comprar a nossa simpatia, mas fica uma coisa tão desconexa, tão acelerada, tão rasa, tão fria, que chega a dar vergonha alheia. A série não funciona como aventura, pois as partes em que realmente eles são colocados em perigo, que poderia render uma grande aventura espacial, vira um total clichê, não somos surpreendidos, pois já sabemos que com a família Robinson tudo vai dar certo no final e eles não sofrerão nenhuma consequência. A série não funciona como exploração, pois temos episódios que poderiam facilmente render uma boa dose de exploração, como nos planetas, nas naves perdidas, em personagens novos (exatamente por ser uma série sci-fi), mas tudo é mal explorado, sem um objetivo claro e trazido de forma muito simples.
Até como família a série falha, pois não temos aquele laço familiar, aquele verdadeiro vínculo afetivo: que por mais que a mãe se preocupasse com os filhos, que o pai se importasse em proteger os filhos, que os irmãos se preocupassem uns com os outros, mas tudo é feito de uma forma banal, fria, sem aquela química, sem aquele carisma que realmente nos fizesse se importar com aquela família, nos preocupar com aquela família, torcer pela aquela família, que até se algum dos membros da família viesse a morrer ao final da temporada, não nos causaria nenhum impacto.
O elenco é outro ponto falho e muito desconexo dentro da trama. Eu reclamei da Dr. Smith (Parker Posey) em todas as temporadas e aqui não será diferente. Pra mim uma personagem sem o total sentido dentro da série, que inicialmente (na temporada 1) foi colocada como uma espécie de antagonista fajuta, logo após (temporada 2) foi tachada como heroína ao final, e agora ela retorna (quando achávamos que estivesse morta) unicamente pra compor o elenco, sem a menor necessidade e totalmente perdida. É triste ver uma atriz do calibre da Parker Posey (uma das principais atrizes do cinema independente norte-americano) em um projeto tão mesquinho e com uma personagem tão perdida e desconexa (deixando bem claro que ela não teve a menor culpa, pois a sua personagem foi mal escrita e mal encaixada dentro desse péssimo roteiro).
Maxwell Jenkins passou as três temporadas tentando se achar, tentando se acertar com o personagem Will Robinson, mas não funcionou, não se achou, ao contrário, virou um personagem chato, irrelevante, vazio, que ao final ainda tivemos a tentativa furada do roteiro em comprar a nossa simpatia por ele (pelos seus acontecimentos), mas que definitivamente soou piegas demais. Toby Stephens é mais um talento desperdiçado dentro da temporada (e de toda a série). Seu personagem John Robinson até funciona como a figura de um pai, de um protetor para com a sua família, mas suas ações e suas decisões são tão confrontadas dentro da série, ao ponto de nos perguntarmos qual era o seu verdadeiro propósito ali. Toby Stephens não está bem no personagem, não entrega uma boa atuação, ao contrário, sua interpretação soa como vazia, desprovida de sentimentos e com o passar dos episódios, ela só vai esfriando cada vez mais.
Molly Parker, Taylor Russell e Mina Sundwall ainda salvam o elenco. Maureen Robinson (Molly Parker) esteve bem nas duas temporadas anteriores e nessa terceira ela ainda se mantém praticamente no mesmo nível. Maureen sempre esteve um pé à frente dos problemas, sempre se portava como uma pessoa sagaz, astuta, inteligente, decidida, pra mim a melhor personagem dentro de toda a série. Molly Parker entrega uma boa atuação, nada estratosférico, mas consegue nos chamar a atenção pela sua interpretação. Penny Robinson (Mina Sundwall) ainda consegue manter aquela personagem que eu comecei a gostar na segunda temporada, ela vem em uma crescente e até consegue alguns destaques, apesar de achar que nessa temporada ela está mais preocupada em moldar a sua vida adolescente (relacionamentos e afins). Judy Robinson (Taylor Russell) é a segunda melhor personagem da série. É muito bom ver o crescimento da Judy dentro de cada temporada, pois na primeira ela não teve muito destaque, na segunda ela cresceu muito, e nessa terceira ela está ainda melhor. Judy é muito inteligente, muito decidida, muito perspicaz, age na hora certa, toma decisões na hora certa e se tornou uma figura de muita relevância dentro do contexto de toda série. Eu gostei muito da forma de atuar da Taylor Russell, acho que se ela escolher bem os seus papéis daqui pra frente, ela só tem a crescer cada vez mais.
Tecnicamente a série continua muito boa! Os efeitos visuais continuam em alto nível, o CGI é muito bem trabalhado, os efeitos especiais é bem explorado (como no caso do próprio robô), a fotografia é excelente e muito bem executada em praticamente 100% do tempo, a cenografia é de cair o queixo e está totalmente perceptível em todos os cenários (principalmente dentro das naves). E por fim a trilha sonora, que agrega muito bem dentro da série e acompanha bem cada episódio (com um destaque maior para o tema de abertura da série).
No mais, "Perdidos no Espaço" era uma série muito promissora, que nos despertava diversas curiosidades sobre o tema, que nos instigava sobre a ficção cientifica que está inserida dentro da série, que possuía todos os requisitos para dar certo, mas a série se tornou melodramática, piegas, enfadonha, onde carece de ritmo, carece de imersão, e que definitivamente não deu certo e se tornará facilmente esquecida. [07/02/2022]
Perdidos no Espaço - 2ª Temporada (Lost in Space - Season 2)
Perdidos no Espaço foi uma série que eu vi com um grande potencial lá em 2018, até por abordar um tema que eu gosto bastante, o sci-fi. A primeira temporada é bem mediana, tem seus pontos positivos como os efeitos visuais, a cenografia, a fotografia, mas por outro lado o roteiro é falho e o elenco é bem questionável.
A segunda temporada não fica muito atrás! Em questões técnicas a série novamente dá outro show: com efeitos visuais de alto nível e com uma qualidade absurda. O CGI é bem feito, bem dosado, o que de certa forma já era de se esperar em uma série com esta temática. A fotografia é outro ponto bem relevante, se destaca em praticamente 99% das cenas. O trabalho de fotografia dessa temporada realmente impressiona, nos transmitindo a total dimensão dentro e fora da nave, e principalmente quando nos confrontamos com os planeta. A trilha sonora continua bem encaixada na série, se tornando bastante perceptível em alguns momentos (gosto muito da música tema).
Assim como na temporada anterior, o roteiro é a parte que mais me incomoda na série. Na minha opinião os três primeiros episódios da temporada 1 é aonde a série mais funciona, onde ela realmente me ganha e desperta a minha curiosidade. Aqui temos um roteiro que ora parece que vai engrenar ao buscar um rumo mais sério, mais investigativo, principalmente quando os episódios giram só em torno da família Robinson, mas ao mesmo tempo o roteiro peca novamente deixando a série melodramática demais, piegas demais, com uma narrativa em até certo ponto confusa, chega a ser cansativo de acompanhar. Típico roteiro água com açúcar, que parte do nada pra lugar nenhum. Eu acho que pelo menos nas primeiras temporadas a série deveria focar somente na família Robinson e nos seus acontecimentos, podendo até se alongar em um arco pessoal de cada um ali presente, dessa forma ficaria melhor explorada, criaria mais empatia e nos conectaria melhor com cada personagem. Porém novamente não criamos empatia por ninguém, não se importamos com ninguém, isso se dá muito pelo fato da série não conseguir criar nenhum laço, nenhum vínculo entre o personagem e o telespectador.
Tanto o roteiro quanto o elenco são os pontos mais falhos dessas duas temporadas de Perdidos no Espaço! Como já destaquei, não criamos empatia por ninguém, pelo contrário, criamos raiva por alguns personagens e suas atitudes dentro da série. Como é o caso da Dra. Smith (Parker Posey). Eu já havia mencionado na temporada anterior e aqui novamente - que personagem totalmente sem sentido, vazia, perdida, irrelevante, uma espécie de vilã desconexa, e pra piorar nessa temporada ela parece adquirir poderes sobrenaturais de conseguir descobrir ou fazer o que ela quiser - e pasmem - no final ela ainda termina tachada de heroína.
Maureen Robinson (Molly Parker) ainda mantém a relevância da primeira temporada, ela continua sensata, sagaz, conseguindo ser a mãe e a comandante praticamente ao mesmo tempo (talvez a única personagem dentro da série que possamos criar uma certa empatia). John Robinson (Toby Stephens) se porta como a figura do pai protetor, mas no fundo é um personagem vazio e perdido, que até as suas decisões são sempre confrontadas. Will Robinson (Maxwell Jenkins) é aquele personagem promissor, como um grande potencial dentro da série, mas é outro que se perde (na verdade ele já vem perdido desde a temporada passada). Continuo achando um personagem sem propósito, sem sentido, onde sua principal preocupação é sempre o robô. Eu espero sinceramente que na próxima temporada o seu personagem ganhe mais relevância dentro da série.
Penny Robinson (Mina Sundwall) melhora bastante em relação a temporada anterior (onde sua apresentação era praticamente nula). Temos alguns episódios que ela se sobressai e se destaca positivamente - como no episódio em que ela está com sua mãe em perigo fora da nave e toma as decisões corretas. Judy Robinson (Taylor Russell) é outra personagem que não tinha muita relevância na temporada passada, mas nessa é de longe a personagem que mais cresce dentro da série e ganha mais notoriedade. Judy tem uma grande evolução, se torna uma personagem muito importante, ainda mais quando suas habilidades são confrontadas com seus medos e aflições. Temos várias cenas em que ela se destaca e nos mostra todo esse crescimento da personagem - como na cena em que ela corre contra o tempo para salvar o seu pai, e no décimo episódio quando ela é designada como a capitã e responsável da nave.
Havia alguns rumores que a série poderia ganhar uma quarta temporada, mas ao que tudo indica e pela a afirmação da própria Netflix, a temporada 3 é de fato a última da série. Definitivamente eu acho que não teria a necessidade da série se esticar por mais temporadas, mesmo achando que seu conteúdo ainda poderia ser melhor explorado. Eu vou acompanhar a terceira temporada unicamente pra fechar a série, mas confesso que já perdi a empolgação com 'Perdidos no Espaço'. [02/01/2022]
Definitivamente as únicas temporadas que são obras-primas são as temporadas 1 e 2. A partir da terceira a série começa a dar uma caída e nessa quarta ela cai ainda mais.
Sendo a primeira temporada que a June (Elisabeth Moss) consegue finalmente deixar Gilead, eu particularmente esperava uma temporada melhor do que de fato foi entregue. Esta quarta temporada falha no mesmo erro da terceira, que é exatamente no roteiro. Novamente temos episódios maçantes, cansativos, aquele clássico 'encheção de linguiça' que não agregam em muitas coisas dentro da temporada. O roteiro tenta puxar alguns arcos pessoais de alguns personagens unicamente para ganhar tempo e compor mais episódios, mas de fato não vejo como algo muito necessário, uma vez que os arcos pessoais de alguns personagens foram muito melhor desenvolvidos nas temporadas passadas.
As partes que envolvem o casal Waterford (Joseph Fiennes e Yvonne Strahovski) eu achei sem desenvolvimento, claramente uma parte aonde o roteiro se perde um pouco. Tive alguns problemas com alguns personagens dentro dessa temporada, que é o caso do Nick Blaine (Max Minghella), que mesmo tentando compreender seus reais motivos e o que o levou a seguir o caminho que seguiu, eu não consegui comprar esta parte. O Comandante Joseph Lawrence (Bradley Whitford) é outro que me decepciona bastante em relação a sua terceira temporada, o típico personagem que é fácil pegar ranço.
Por outro lado esta temporada tem seus pontos positivos: como a trilha sonora, que está simplesmente excelente. De fato a trilha sonora dessa temporada está entre as melhores de toda a série. Em questões técnicas a série continua dando um show. Como na fotografia que novamente nos encanta com tamanha beleza e perfeição. A cenografia, ambientação, cenários, direção de arte, tudo completamente impecável. A direção de cada episódio também merece destaque, como os episódios que a própria Elisabeth Moss dirige. Dentre esses eu destaco o episódio 8 (meu preferido), onde temos uma das melhores partes de toda temporada, quando June dar seu emocionante depoimento contando com uma incrível quebra da quarta parede.
Elisabeth Moss já domina a sua personagem desde a primeira temporada, e a cada episódio ela simplesmente nos proporciona uma atuação do mais alto nível de entrega e perfeição. Apesar que nesta temporada eu comecei a me incomodar um pouco com a sua personagem. Na primeira e na segunda temporada nós víamos uma June/Offred mais submissa. Na terceira temporada (como Ofjoseph) esta submissão começou a dar espaço para a imposição. Já nessa quarta temporada a June está completamente no modo ataque, o que de fato achei bastante plausível, uma vez que a própria temporada a obrigue a ser/estar assim. Mas o fato da sua personagem ter se tornado o ser supremo dentro da série começou a me incomodar, onde o mundo gira ao seu redor, tudo gira ao seu redor. Como o fato dos inúmeros e desnecessários focos de câmeras em seu rosto, onde ela expõe aquela cara com um ar completamente superior (quase como um deus), como se tudo que ela planejasse fazer fosse dar certo e ninguém fosse capaz de impedi-lá. Acabou me soando previsível demais.
Joseph Fiennes traz mais uma vez a sua atuação na pele do Comandante Fred Waterford com bastante maestria. Assim como a Yvonne Strahovski, que dar novos ares para a sua personagem Serena Waterford, a contar sobre os seus acontecimentos que estão por vir na temporada 5. De fato o casal Waterford tiveram seus destaques e suas relevâncias dentro da temporada, tanto pelo ocorrido com Fred, quanto pelo o que ainda irá ocorrer com a Serena, mas eu particularmente ainda considero a temporada 2 como a melhor temporada do casal.
Alexis Bledel (Emily) está bem mediana nessa temporada, ela já teve uma relevância muito maior em suas temporadas passadas. Madeline Brewer (a Janine que eu amo de paixão) tem uma certa importância e um certo destaque dentro da temporada, em alguns episódios dividindo até o protagonismo com a Elisabeth Moss (estou muito curioso pelo o que virá acontecer com a sua personagem na próxima temporada). Ann Dowd entrega mais uma ótima temporada, a contar com os ocorridos que acometeram sobre a Tia Lydia nessa temporada e os que ainda ocorrerão na próxima.
O. T. Fagbenle (Luke Bankole) começa de fato mostrar sua maior relevância dentro da série e acredito que na temporada 5 ele trará a sua melhor apresentação. Já Samira Wiley (Moira Strand) volta a ter um destaque e uma certa relevância dentro da série como já havíamos acompanhado no passado (principalmente na temporada 1). Uma grata surpresa foi a entrada de Mckenna Grace como Esther Keyes. Uma personagem que se impôs ao início, mas que ao final se mostrou submissa, porém ainda muito letal.
A temporada 4 de The Handmaid's Tale não é inteiramente ruim (longe disso), mas na minha opinião ela está abaixo de todas temporadas passadas. Tem muitas coisinhas que me incomodaram bastante nessa temporada que fica até difícil apontar todas aqui. Como o fato do ocorrido com o Comandante Fred Waterford, que eu achei muito bom, mas muito previsível. Claramente o roteiro perde a mão em alguns episódios e em alguns fatos.
Particularmente eu não sei qual o rumo que a série tomará daqui pra frente, até porque eu não sei quantas temporadas mais eles farão até o encerramento da série. A quinta temporada já está confirmada, mas será que a série ainda consegue render em alto nível até a sexta ou a sétima? Eu amo The Handmaid's Tale de paixão, sem nenhuma dúvida é uma série que sempre estará entre as melhores séries que eu já assisti na vida. Mas confesso que eu tenho um certo medo da série adotar o caminho que várias séries adotaram ultimamente, que é usar a força e o peso do nome unicamente para lucrar, esticando a série cada vez mais sem um propósito e sem necessidade, quando já não existe nenhum roteiro no mínimo coerente.[08/07/2021]
Uma minissérie espetacular, uma verdadeira obra-prima. É aquela típica minissérie que te prende a cada minuto, a cada episódio, que te obriga a querer saber cada vez mais o que vai acontecer adiante.
Uma minissérie muito bem elaborada e arquitetada, onde somos confrontados com todos os acontecimentos que ocorreram logo após a explosão da usina nuclear. Nos mostrando o interior das discussões políticas envolvendo a falha humana, além é claro, o confronto com o lado humano da história e tudo que acarretou de consequências para a humanidade.
É realmente uma minissérie primorosa, que aguça a nossa mente a querer saber mais da história verdadeira, que nos impulsa a pesquisarmos sobre o caso. Cada episódio era muito bem dirigido e apresentado, tinha uma fotografia e uma trilha sonora muito presente em cada cena e em cada acontecimento. Não posso deixar de mencionar as atuações, que estavam perfeitas, ao ponto de nos perguntarmos se realmente eram atuações ou personagens reais. Um verdadeiro show!
Uma verdadeira aula de como se faz uma belíssima minissérie! Uma verdadeira obra-prima do primeiro ao quinto episódio! E fica a dica pra quem curte uma minissérie com uma história real muito bem elaborada. [16/05/2021]
É de longe a pior temporada de uma série que deveria ter acabado na primeira. É muito claro o estrondoso sucesso que a primeira temporada alcançou, baseado nisso seguiram com outras temporadas, o que de fato serviu unicamente para encher os bolsos.
A primeira temporada é boa (dentro do que a série se propõe a fazer). A segunda é ok. A terceira é muito boa (funciona bem se desligarmos um pouco da linha principal da série). Já esta quarta temporada é muito ruim, mal elaborada, mal dirigida, mal pensada, realmente uma encheção de linguiça. Não serviu sequer para dar um final justo para os personagens e para a série. O que de certa forma eu já esperava desde que anunciaram uma continuação a partir da segunda temporada. [22/04/2021]
The Handmaid's Tale é uma série que eu aprendi a amar desde o primeiro episódio da primeira temporada. A primeira e a segunda temporada são obras-primas, obras de artes das séries, uma completa a outra, chegando à um nível de perfeição absurda que eu nunca vi anteriormente em uma série. Então, nessa temporada eu esperava que mantivesse o mesmo nível das anteriores, que andasse na mesma linha com os relatos que estavam por vir, e não é bem assim que acontece. Claramente esta temporada de The Handmaid's Tale é inferior se comparada com as anteriores, ela não consegue manter o mesmo brilho, não conversa na mesma língua. Pela primeira vez a série deu uma pequena caída.
A temporada não é ruim (muito longe disso), até porque ela se mantém na mesma linha cronológica, com uma continuação direta do final do último episódio da segunda temporada (visto as últimas decisões tomadas ao término da temporada 2). Mas na minha opinião a temporada se arrasta demais em cima do mesmo assunto, que pra quem assistiu a temporada 2 vai saber o real motivo que levou a June (Elisabeth Moss) a tomar a decisão que tomou. Concordo com os motivos que levou a June de volta para Gileade e até a decisão que ela tomou em conseguir salvar o máximo de pessoas que ela conseguisse (com as ajudas que ela teve). Mas ai que entra o ponto em questão, que pra mim pela primeira vez a série deixa de ser surpreendente e passa a navegar na mesmice, deixando alguns episódios um tanto quanto monótono. Acho todo o enredo idealizado para a temporada 3 plausível e eu como um grande fã da série comprei esta ideia. Mas acho que a sua construção não foi bem feita, não foi bem transportada para as telas, ficou faltando mais ambição, e não navegar no mesmo assunto em vários episódios esperando a construção final.
Se por um lado eu achei que a temporada demora para engrenar, por outro ela tem pontos muito positivos, que não podemos deixar passar. Como os acontecimentos que transcorre com o casal Waterford, que de certa forma nos dar um pequeno prazer. Pelo menos pra mim o prazer maior foi pelo Comandante Fred Waterford (Joseph Fiennes), já a Serena Joy (Yvonne Strahovski) é um caso difícil pra mim, já que em vários momentos ela é coagida e em outros ela é venenosa, então pra mim é difícil impor uma decisão final. Temos episódios que se sobressai, como no oitavo, onde somos confrontados com um arco pessoal da Tia Lydia (Ann Dowd) que nos surpreende (e muito). Este episódio em específico é um dos melhores de toda temporada, pois pela primeira vez somos apresentados para um lado da personagem que jamais imaginávamos, visto a criatura cruel e perversa que ela se transformou. O último episódio sem nenhuma dúvida é o melhor de toda temporada. Um episódio forte, perturbador e intragável em algumas partes, e solidário e emocionante em outras. Destaco a cena final do avião chegando no aeroporto no Canadá, onde realmente eu cheguei a soluçar segurando as lágrimas.
Elisabeth Moss continua incrível na personagem e a cada temporada, a cada episódio ela só cresce e nos surpreende cada vez mais. A terceira temporada da Elisabeth está impecável e se mantém no mesmo nível das anteriores (diferente da série). Se na primeira temporada tínhamos uma Offred/June bem submissa, na segunda ela já começa a diferir e nessa terceira ela deixa totalmente de lado a submissão e parte para o modo ataque. Foi um dos pontos que eu mais gostei na personagem, essa mudança de postura, esse encorajamento e empoderamento feminino, que elevou ainda mais o seu nível de atuação e interpretação dentro da série. Elisabeth Moss é de fato um dos principais pontos que me fez amar esta série, o nível da sua atuação e a sua entrega à personagem é algo tão estratosférico que chega a assustar de tamanha perfeição. Já falei em outras ocasiões e volto a repetir: pra mim é de longe o seu melhor trabalho da carreira.
Tirando a personagem da Elisabeth Moss que continua tendo um destaque gigante e por motivos óbvios, todos os outros personagens dentro dessa temporada estão mais comedidos em relação as temporadas anteriores (pelo menos na minha opinião).
Yvonne Strahovski por exemplo vem de uma temporada completamente impecável, onde ela praticamente dividiu (ou pelo menos quase) o protagonismo com a Elisabeth Moss. A segunda temporada da Serena Joy foi a melhor dentro de toda série até hoje, e a Yvonne Strahovski deu show de atuação e interpretação, ganhando indicações à premiações. Nessa temporada ela traz mais um grande trabalho e nos entrega belíssimas atuações, como nos últimos episódios no Canadá, onde sua personagem cresce notavelmente dentro da série e nos apresenta um outro lado da Serena Joy que não estávamos acostumados. Mas de fato e, claro, muito por conta do roteiro e das decisões tomadas para esta temporada, sua personagem dá uma regredida em relação a temporada 1 e principalmente da temporada 2.
O mesmo caso se aplica ao personagem de Joseph Fiennes, que pra mim também esteve melhor nas temporadas passadas. Mas de qualquer forma nessa temporada ele tem seus destaques, principalmente nos últimos episódios (assim como a Yvonne Strahovski), onde ele se mostra submisso porém ainda muito letal (vejamos isso nas temporadas seguintes).
Alexis Bledel (Emily Malek) e Madeline Brewer (Janine / Ofoward) também estão bem comedidas nessa temporada, eu diria que faltou espaço para ambas e obviamente por conta da história trazida para esta temporada. Alexis Bledel tem um começo interessante, sendo que no meio da temporada ela até tem uns destaques quando nos apresenta o seu arco pessoal, mas daí em diante ela é colocada em segundo plano. Já Madeline Brewer (personagem que eu amo de paixão assim como a June) tem mais espaço e mais destaque chegando ao final da temporada. Mas de qualquer forma as duas juntas não tiveram a mesma relevância das temporadas passadas.
Ann Dowd traz sua figura odiosa mais uma vez, só que dessa vez ela nos surpreende (como já destaquei acima). Como a perversa Tia Lydia já estamos acostumados com a sua atuação de altíssimo nível, porém nessa temporada, mesmo com o pouco espaço de tela, ela consegue ir mais além. Ann Dowd é uma belíssima atriz! O. T. Fagbenle (Luke Bankole) e Samira Wiley (Moira Strand) tem suas importâncias dentro da temporada, porém nada a se destacar notavelmente. Max Minghella (Nick Blaine) me surpreende por ser esquecido dentro da temporada, mas de certa forma tivemos uma revelação bombástica que o envolve, e com certeza será trazida para a quarta temporada.
Um outro grande destaque dentro dessa temporada foi o Comandante Joseph Lawrence (Bradley Whitford). Ao final da temporada passada já havíamos ficado curiosos com o seu personagem, e agora que já acompanhamos o desenrolar da sua história nessa temporada, estamos mais uma vez curiosos pelo o que está por vir. Pra mim o Comandante Lawrence é uma figura que amo e odeio, ou pelo menos às vezes concordo com suas decisões, às vezes não. Julie Dretzin (Eleanor Lawrence) foi uma personagem que eu simpatizei bastante nessa temporada, principalmente por render capítulos amáveis com a Ofjoseph (Moss) e outros nem tanto assim. Mas no fim eu gostei bastante do seu trabalho na temporada.
Em questões técnicas a série sempre deu um show e nessa temporada não seria diferente. Direções de cada episódio perfeitas, cenografia, direção de arte estupenda. Trilhas sonoras impecáveis, fotografias sempre muito bem dedicadas. Nesses quesitos a temporada 3 de The Handmaid's Tale continua em altíssimo nível e nos entrega cada vez mais trabalhos exorbitantes.
Tirando a parte do roteiro dessa temporada, que foi algo que eu questionei bastante e de certa forma é o principal motivo pela pequena caída que a série deu. The Handmaid's Tale continua sendo uma série maravilhosa, continua me empolgando, continua me despertando aquele sentimento de amor, empatia, solidariedade, juntamente com o ódio, a repulsa e o temor. É de fato uma série que consegue unir esses sentimentos em um único episódio, chegando no seu ponto sublime e singular. Sem dúvidas nenhuma continua sendo a melhor série que eu já assisti na vida. Infelizmente no mês passado tivemos a triste porém necessária notícia que a quarta temporada da série foi adiada para 2021. É realmente uma pena, pois eu já estava cheio de empolgação e vontade de conferir a temporada seguinte. Mas teremos que aguardar até o ano que vem. [15/07/2020]
A primeira temporada de The Handmaid's Tale foi surpreendente, algo totalmente novo para mim, nunca tinha assisto e presenciado nada parecido. Como já comentei na primeira temporada, The Handmaid's Tale é a melhor série que eu já assisti na vida, uma obra-prima das séries.
É difícil encontrarmos uma continuação de uma série, um filme, ou uma obra que consiga manter o mesmo padrão em relação ao anterior. É incrível mas a segunda temporada de The Handmaid's Tale consegue esse feito e mantém o mesmo nível da primeira e até supera em alguns pontos. Na primeira temporada conhecemos a história da June Osborne / Offred (Elisabeth Moss), nos deparamos com a 'República de Gileade', e mergulhamos naquele governo dominado por uma facção católica que impunha um regime totalitarista (algo que me deixou de boca aberta do primeiro ao último episódio). Ao final do último episódio eu fiquei completamente perplexo, por imaginar o que viria na segunda temporada.
A segunda temporada eleva ainda mais a série, consegue atingir um ápice inimaginável, nos conduz a sequências avassaladoras. Novamente somos confrontados com a história da vida de Offred, só que dessa vez é bem mais pesada e incômoda. Como o fato dos espantosos 'estupros ritualizados', o que levou Offred a engravidar, e nesse ponto a série cresce absurdamente, ao nos mostrar uma Offred submissa (como na primeira temporada), porém uma submissão sofrida e rejeitada. Aqui Offred consegue feitos inimagináveis, que mesmo com toda submissão que lhe era imposta nos domínios do comandante, ela consegue sair do modo defesa e partir para o modo ataque. A série se engrandece em mostrar uma protagonista sofrida e submissa, mas que decide enfrentar o que lhe era imposto, conseguindo ir longe demais, conseguindo coisas que nenhuma "AIA" teria coragem de enfrentar pra conseguir. Temos vários episódios que nos mostra esse crescimento e essa atitude de Offred. Como bater de frente com o comandante Fred Waterford (Joseph Fiennes), e as várias farpas trocadas com Serena Waterford (Yvonne Strahovski). Um ponto que na minha opinião contou muito pra segunda temporada elevar ainda mais o nível da série.
The Handmaid's Tale é uma série que me incomoda demais, por ser espantosamente doentia, perversa, repugnante, odiosa, que necessariamente nos desperta a raiva, a ira, a tristeza, a compaixão, a empatia, o amor, um sentimento de proteção. Era como se de alguma forma eu quisesse entrar nas histórias daquelas mulheres e às defendê-las. Nesse quesito a série é absurdamente bem feita e bem transportada para as telas, quando nos deparamos com esses sentimentos aflorados unicamente por estar ali acompanhando cada episódio. A série continua cada vez mais eficaz por tocar em pontos muito importantes: como a posição da mulher na sociedade, a submissão pela qual elas são obrigadas a passarem. O machismo e o extremismo que está incrustado na sociedade. A forma como as leis dos governos são ditadas para todos e são enfiadas goela abaixo - ainda muito parecido com os dias atuais.
O coração da série é o elenco (assim como havia sido na primeira temporada). Temos destaques maiores e outros menores, porém todos entregam os trabalhos de suas vidas, um elenco completamente perfeito. Elisabeth Moss (Mad Men/Nós) eleva a sua personagem à um nível inigualável. Se na primeira temporada ela se apresentou de forma perfeita, aqui eu não tenho um adjetivo pra colocar. Offred é novamente o grande destaque da série, ela mantém a sua postura sofrida porém agora com uma expressão e um olhar de alguém que passa 100% do seu tempo planejando alguma coisa ou algum ataque. Uma Offred mais madura, mais decidida, mais astuta, mais empenhada, e que luta sem medir esforços para conseguir o que deseja. Novamente Elisabeth Moss reina com muita maestria, chama pra si todas as atenções, nos entrega mais uma atuação muito bem performada, com uma carga dramática muito grande e mais uma verdadeira entrega à personagem. Muito justas as suas indicações no ano passado ao Globo de Ouro, ao Sags e ao Critics’ Choice na categoria Melhor Atriz em Série de Drama.
Yvonne Strahovski (Dexter/24horas) tem um crescimento absurdo em relação à primeira temporada. Agora a Serena tem muito mais espaço na trama, tem episódios focados nela, que nos mostra sua vida antes de tudo isso acontecer e nos confronta com seu arco pessoal, que por sinal é um dos mais fortes da série. Yvonne eleva muito a sua atuação na pele da Serena Waterford, que com apenas um olhar ela conseguia nos transmitir sua dor e sua submissão, de alguém que clama por socorro das garras do comandante. Por outro lado observamos o crescimento de sua personagem ao enfrentar as medidas imposta pelo governo de Gileade e principalmente pelo seu marido. Sempre se mostrando uma figura segura de si, que não se abalava com nada, como se fosse a mulher mais feliz do mundo em seu casamento de regras, mas por outro lado ela é apenas mais uma ser humana presa naquele regime totalitarista e machista. Destaco vários episódios que Yvonne Strahovski dá um verdadeiro show de atuação: Como no episódio que ela revisita seu passado. Quando ela enfrenta o comandante em relação ao bebê que estava prestes à morrer. E o ápice é ao último episódio, quando ela decidi tomar frente da política das esposas de Gileade, comprando uma briga com o regime por querer lutar pelos direitos de seus filhos no futuro (decisão que ela sentiu na pele as consequências). Sensacional - Yvonne Strahovski esteve indicada ao Globo de Ouro 2019 na categoria Melhor atriz coadjuvante em série, série limitada ou filme para TV. No Critics’ Choice Awards em Melhor Atriz Coadjuvante em Série de Drama. Justíssima por sinal!
Joseph Fiennes (Shakespeare Apaixonado) também tem um notório crescimento nessa temporada. O todo poderoso comandante Fred Waterford se mostrava como uma figura de um "deus" perante todos naquela casa. O líder doentio, repugnante, asqueroso, maléfico, que passava por cima de tudo e de todos, sedento por poder, sem respeitar nenhum limite, nem com sua esposa e muito menos com Offred. Uma atuação impecável de Joseph Fiennes, que também elevou seu personagem da primeira temporada. Joseph Fiennes foi lembrado pela sua magnífica atuação somente no Sags Awards 2019 na categoria Melhor Ator - Drama.
Max Minghella (A Rede Social) é outro que também se destaca muito nessa temporada, com uma atuação muito segura, que ora se passava como o cão de guarda do comandante, e ora com aquela expressão de submissão, sem poder fazer nada e só observar tudo acontecer ao seu redor. Nick Blaine é responsável por várias reviravoltas na vida de Offred, e como é gostoso observar aquele casal proibido, mais ainda no episódio final, quando ambos estão com a pequena Holly nos braços. Ann Dowd (Hereditário/Beleza Oculta) tem mais uma grande atuação mantendo aquela figura de carrasco perante as Handmaid's (outra personagem que me dava repulsa só de olhar em cena, mas confesso que gostei do que aconteceu com ela no último episódio). Alexis Bledel (Loucos por Dinheiro) nos traz aquela Emily que simpatizamos na primeira temporada, só com um pouco menos tempo de tela, porém ela entrega mais uma bela atuação (destaque para o episódio que ela desperta o amor e a compaixão de mãe perante sua filhinha doente). Madeline Brewer (Black Mirror) tem mais crescimento e notoriedade do meio para final da temporada, chegando ao ápice de sua performance no último episódio. Quando Janine tem uma cena um tanto quanto surpreendente e totalmente inesperada com a tia Lydia, e mais precisamente na última cena do episódio junto com Offred. Samira Wiley (Orange Is the New Black) não teve tanto destaque nessa temporada e assim como O. T. Fagbenle (do vindouro Viúva Negra) ficaram mais separados no Canadá, entrando em cena em poucos episódios (acho que eles terão mais relevância na terceira temporada).
Tecnicamente a segunda temporada de The Handmaid's Tale é perfeita, tudo muito bem elaborado e trabalhado para transpor para a tela com a maior perfeição possível. Como a direção de arte, que está completamente satisfatória, com tudo muito bem montado que nos dava a exata dimensão do que estava sendo apresentado, tanto em ambientes abertos quanto fechados. A fotografia é outro grande destaque, que saltavam aos nossos olhos em todos os episódios. Com aquele contraponto dos tons coloridos com os tons escuros, onde cada cor presente nos enquadramentos das fotografias nos apresentava algo. A cenografia e a ambientação está excelente. A trilha sonora de cada episódio conseguia nos transmitir exatamente o que estava sendo mostrado em cena, ela completava de diversas formas, até com mais descontração e com mais tensão. A direção de cada episódio também merece destaques. Todos os diretores/diretoras estavam confiantes em seus trabalhos, e assim conseguiram nos entregar tomadas de cenas e focos de câmeras com a maior precisão possível. Era algo que fazia toda uma diferença, afinal de contas estávamos sendo confrontados quase que 100% do tempo com cenas que lhe exigiam mais precisão dos trabalhos de câmeras (destaco a cena final do último episódio, onde o foco final fecha no enquadramento do rosto de Elisabeth Moss, nos mostrando uma figura quase que irreconhecível, dada as circunstâncias pela a qual estava submetida a passar naquele momento).
O final dessa temporada eu consegui me surpreender e gostar ainda mais, por nos mostrar um final totalmente inesperado, que ninguém estava esperando aquela reação e aquela atitude de Offred na última cena. O que nos desperta ainda mais tensão e curiosidade sobre a terceira temporada (que vou conferir muito em breve). Na temporada de premiações do ano passado a série não foi bem lembrada, como havia sido em 2018, quando ganhou tudo que foi indicada. Sendo esnobada no Globo de Ouro e no Critics’ Choice Awards, sendo lembrada apenas no Sags Awards na categoria Melhor Elenco - Drama.
The Handmaid's Tale é uma série que eu tenho um carinho muito especial, por se tratar do peso que a série carrega e a importância que ela nos passa. É uma série forte, que nos incomoda e ao mesmo tempo nos impressiona, chegando até a nos maravilhar em algumas partes. Com certeza continua sendo a melhor série que eu já tive o prazer de assistir na vida. Uma obra de arte, uma pérola, uma obra-prima das séries, que qualquer ser humano que se preze deveria assisti-la. [04/05/2020]
A primeira temporada de 13 Reasons Why foi interessante, era o começo de tudo e ali estávamos sendo confrontados com toda história de Hannah Baker (Katherine Langford). As fitas com os 13 motivos do seu suicídio, toda história que acompanhava cada personagem dentro da série, em um certo momento a série até tentou abordar temas mais relevantes e atuais. Portanto, a primeira temporada dividiu muitas opiniões e eu até que gostei. Já a segunda temporada foi muito maçante e cansativa de se acompanhar. Como a própria Hannah Baker já tinha se suicidado na primeira temporada e suas fitas já tinham sido entregues para cada um (como o próprio desejo dela). Ao meu ver a série já tinha tomado um rumo final, e toda aquela história criada a partir do depoimento de cada um buscando por um culpado, me soou muito vazio. Então, pra mim a segunda temporada é bem desnecessária.
Como toda série que alcança um certo sucesso em sua temporada de estreia, jamais a produtora deixaria de lado e com certeza apostaria em mais temporadas, mesmo soando como caça-níquel. E apostando exatamente nesse ponto, a Netflix lançou esta terceira e já confirmou um quarta temporada, que já estaria sendo filmada se não fosse pelo momento em que o mundo vive pela pandemia do 'coronavírus'.
Se a primeira temporada eu até que gostei, a segunda eu achei desnecessária pelo fato de passarem a temporada inteira caçando um culpado no tribunal, esta terceira por incrível que pareça eu gostei bastante. Mesmo usando personagens e ligações com a temporada 1 e 2, se separarmos esta terceira como uma série aleatória ela funciona muito bem. Achei interessante o roteiro dessa temporada, os motivos criados encima de Bryce Walker (Justin Prentice) envolvendo tudo que ele causou à cada personagem, mostrando toda desconstrução do personagem e até sua possível redenção. Como o foco principal da série era a morte/assassinato do Bryce, eu achei um enredo bastante intrigante e ficou aceitável (mesmo achando mais aceitável durante o começo e meio da temporada, porque ao final já deixa de ser aceitável para questionável). A série toma um rumo mais sério e coloca um tom investigativo que encaixa muito bem e funciona. Os personagens tomaram formas até mais adultas, nesse ponto eu acho que o roteiro acertou em cheio, em mostrar o crescimento de cada um e um arco pessoal de cada um bem explorável, que ora mostrava um crescimento e ora mostrava uma desconstrução.
Por outro lado esta terceira temporada tem alguns problemas. Como várias pontas soltas e furos ao longo da série e que ao final não deram a miníma para explicarem. Algumas ligações amorosas que o roteiro fez questão de voltar do passado, como no caso de Justin Foley (Brandon Flynn) e Jessica Davis (Alisha Boe), que pra quem já assistiu a primeira e a segunda temporada vai entender que esta ligação dos dois é no mínimo intragável (mas vai entender a cabeça dessas garotas né). Acho que o final e principalmente o desfecho final do assassino de Bryce Walker deixou a desejar. Pra mim o roteiro fez tanta questão de ocultar o assassino e levantar suspeitas encima de todos os alunos durante todos os episódios, que ao final já estava meio perdido e deu um fechamento ilógico, ou no mínimo pouco aceitável. É bem perceptível o quanto o roteiro se perde ao final, por querer impressionar ao desvendar o verdadeiro culpado, que ora culpava um, depois já mostrava acontecimentos que ligava a outro e no fim tenta surpreender mostrando o "talvez" verdadeiro culpado. Pra mim soou como um roteiro perdido tentando se achar às presas, do que algo surpreendente como eles achavam que seria.
Dessa vez eu achei o elenco muito mais bem aproveitado do que anteriormente, e eles deram conta do recado, tiveram um crescimento bem perceptível em relação as temporadas passadas. Dylan Minnette pela primeira vez me chamou a atenção, foi a melhor apresentação do Clay Jensen em todas as temporadas. A entrada na série de Grace Saif ficou boa, uma clara menção ao lugar que antes era ocupado por Hannah Baker, até por se tratar da nova narradora dos episódios e sua ligação direta com Clay Jensen. "Ani" Achola deu um novo ar para a série e sua personagem era bastante intrigante durante toda história. Alisha Boe teve a sua melhor apresentação em toda a série, ao nos mostrar uma Jessica Davis que travava uma luta diária contra o estupro, ao confrontar seus medos e suas realizações, com um arco pessoal muito forte. Christian Navarro também está melhor nessa temporada, um Tony Padilla mais aguerrido, mais decidido e astuto, funcionou muito bem na série. Assim como a Alisha, Brandon Flynn nos entregou um Justin Foley melhor explorado, melhor aproveitado na série, que se mostrou fraco com seus vícios, porém forte ao enfrentá-los (outro que teve um arco pessoal muito forte).
Justin Prentice pra mim é o melhor dessa terceira temporada (como já havia sido na segunda). Dessa vez ele surpreende ao nos entregar um Bryce Walker que tem como ponto principal a sua desconstrução e sua descaracterização (em relação a primeira e a segunda temporada). Quebrando regras e barreiras, nos mostrando como o ser humano pode ter o dom do arrependimento e pode ter a sua redenção, mas por outro lado é muito difícil a sociedade acreditar e aceitá-lo novamente. Miles Heizer teve um Alex Standall mais contido nessa temporada, acho que ele foi um pouco mais aproveitado no final da primeira temporada. Devin Druid pra mim é o segundo melhor, ficando atrás apenas de Justin Prentice. Tyler Down já esteve muito bem na segunda temporada (mais precisamente nos últimos episódios), e aqui ele consegue está ainda melhor. Realmente impressiona a forma como ele atua na pele do Tyler, mostrando toda sua rejeição e sofrimento, que culminava com seu ódio e sua ira por tudo que ele passou (belíssima atuação de Devin Druid). Ross Butler está mediano, acho que na primeira e na segunda temporada ele conseguiu se desenvolver melhor. Aqui Ross entrega um Zach Dempsey que começou com um sentimento solidário com a Chlöe Rice (Anne Winters) e terminou com uma figura que pra mim não ficou muito verdadeira, mesmo entendendo os reais motivos que o levou a isso. Outro destaque na série foi Timothy Granaderos como Montgomery de la Cruz, personagem muito bom e importante para o desenrolar de toda a história. Timothy teve uma atuação muito boa e muito convincente.
13 Reasons Why (Season 3) pode até ser considerada como uma boa temporada, que na minha opinião funciona muito melhor se assistirmos como uma série qualquer e livre de amarras das temporadas passadas. Tem seus pontos positivos e tem seus pontos negativos, mas que ao final o saldo é bastante positivo, muito por conta do elenco, que dessa vez estiveram muito melhor e entregaram melhores atuações. O que de certa forma me anima e desperta a minha curiosidade quanto a quarta temporada, que definitivamente não sabemos quando irá ocorrer. [03/05/2020]
The Handmaid's Tale é uma produção da MGM com parceria da HULU (um serviço de streaming americano), sendo lançada em 26 de abril de 2017. A série foi criada por Bruce Miller, baseado no romance homônimo de 1985 da escritora canadense Margaret Atwood sobre a distopia de "Gileade".
A história se passa em um futuro distópico onde os Estados Unidos se transformaram na República de Gileade, sendo dominada por uma facção católica, cujo governo impõe um regime totalitarista, onde as leis são baseadas no antigo testamento. Dentro desse universo as mulheres estão quase todas inférteis, por causa da poluição e das doenças sexualmente transmissíveis. As poucas mulheres férteis que restaram são aprisionadas em um regime e passam a serem denominadas por "AIA" (uma mulher cuja sua única função é procriar). Nesse contexto está Offred (Elisabeth Moss), que é entregue ao Comandante para ser a nova Aia (Handmaid) da casa.
The Handmaid's Tale é a coisa mais magnífica e esplendorosa que eu já assisti na vida, também é a coisa mais triste, repugnante e odiosa que eu já vi na vida. Uma série forte, pesada, incômoda, doentia, que nos causa repulsa e nos confronta diretamente com temas atuais, como o caso da colocação da mulher na sociedade, se tornando uma série muito importante e que precisa ser vista por todos atualmente. Somos apresentados para uma sociedade completamente machista, em que as mulheres são usadas apenas como meios de reprodução, como o tema de uma celebração. Inclusive, as roupas das Aias – como o chapéu de longas abas e a roupa vermelha que cobre o corpo inteiramente – é um dos símbolos de repressão dessa sociedade distópica representada na trama.
A série mostra um governo em guerra que quer impor uma teonomia cristã com o intuito de restaurar a paz, se baseando inteiramente na Bíblia (com várias citações a passagem Bíblica de Jacó com sua esposa que não podia engravidar, e sua irmã). Uma sociedade dominada por líderes sedentos pelo poder, ditando regras sobre um governo militarizado, hierárquico e fanático, cuja as mulheres são brutalmente subjugadas, onde não possuem o seu direito do livre-arbítrio, como trabalhar, possuir suas propriedades, controlar o seu dinheiro e até mesmo ler. Uma interpretação do mais alto escalão do machismo e do extremismo, onde as mulheres são impostas às casa dos líderes de governo unicamente para servi-los, sendo submetidas a espantosos "estupros ritualizados" com a intenção de gerar um bebê para seu mestre e consequentemente para as suas esposas inférteis (uma das cenas de maior perversidade humana que eu já vi). Outro ponto que me deixou completamente incomodado, o fato das mulheres não poderem usar os seus próprios nomes, sendo obrigadas a usarem codinomes que representavam os seus atuais Comandantes ("patronímico"), como um símbolo da posição sagrada delas. É uma coisa completamente absurda e doentia, eram como se quisessem apagar todo passado das mulheres, como no caso da June (nome original da Offred), que tinha uma vida com seu esposo e sua filha antes de tudo isso acontecer.
The Handmaid's Tale é uma pérola, uma obra de arte, uma obra-prima das séries, com um roteiro absurdamente inteligente e bem feito, uma narrativa da Elisabeth Moss primorosa e muito objetiva, e um enredo que aguça e desperta a curiosidade e a compaixão de qualquer ser humano que se importe com o próximo. É difícil achar a perfeição, mas esta série é 100% perfeita (eu não achei um erro), tudo é feito com a maior qualidade possível, com o maior cuidado possível, com o maior amor pelo espectador - é genial! Os episódios são todos (sem exceções) impecáveis, formidáveis, onde todos se completavam com uma harmonia e uma coesão invejável. Destaco os episódios 1 e 2, onde a série já começa com um soco no estômago, nos mostrando os acontecimentos posteriores fazendo ligações com o presente e consequentemente com o futuro, tudo muito bem apresentado. Assim como o episódio 6, quando Offred tenta sair da submissão que lhe foi imposta fazendo revelações para a Embaixadora Mexicana. O episódio 7 também merece um destaque, quando a série tem uma pequena mudança de tom (nos surpreendendo novamente), mostrando acontecimentos cruciais antes de Gilead sobre a visão da própria June, do Luke (O. T. Fagbenle) e do Nick (Max Minghella).
Elisabeth Moss é a alma, o coração de toda série, é impossível não se apaixonar por esta mulher em The Handmaid's Tale. Elisabeth entrega a sua melhor atuação da carreira, um absurdo de entrega à personagem, uma apresentação impecável, perfeita, sem nenhum exagero. A série nos pega exatamente pela atuação da Elisabeth Moss como Offred, é incrível a ligação que ela cria conosco durante toda série, é como se ela fosse da nossa família, como se fosse alguém próximo que amamos muito. Passamos a se preocupar com ela e a torcer por ela desde o primeiro episódio até o fechamento do décimo, criamos uma empatia por ela, como se indiretamente fôssemos parte da sua história, simpatizamos por ela como se pudéssemos ajudá-la de alguma forma. Elisabeth Moss atua com a alma e o coração, nos entrega um nível altíssimo de dramaticidade, agonia, submissão, sempre com um olhar desesperador clamando por socorro, uma interpretação estupidamente "perfeita", sem um erro. Elisabeth Moss foi dignamente reconhecida e coroada com inúmeros prêmios por The Handmaid's Tale, como o Emmy de Melhor Série Dramática, o Critics' Choice Awards e o Golden Globe como Melhor Atriz em Série Dramática (nunca as premiações foram tão justas).
O elenco de The Handmaid's Tale é outra perfeição dentro da série! Todos (desde a protagonista até o mais simples dos coadjuvantes) estão perfeitos, estão formidáveis, entregam apresentações espantosamente incríveis e bem performadas. Como Joseph Fiennes, que fez o Comandante Fred Waterford, um oficial do governo de alto escalão e o mestre de Offred. Peça importantíssima dentro da trama, que tem ligações direta com toda a trajetória de Offred. Joseph está magistral na pele de um governante muito importante, sua atuação condiz com toda perfeição que ele entrega em cena. Yvonne Strahovski, como Serena Joy Waterford, esposa de Fred. Yvonne atua como uma figura que se passa por submissa perante seu marido, mas esconde seu lado mais letal e cruel, principalmente sobre o seu maior desejo da vida, ser mãe. Atuação magnânima, primorosa, completamente perfeita. Ann Dowd como tia Lydia, instrutora e guardiã brutal das Handmaids. Ann é uma das figuras mais odiosa de Gileade, aquela carrasca brutal, uma carcereira perversa, violenta, tempestuosa, agressiva, sem um pingo de compaixão em seu coração de pedra. Mais uma atuação monstruosa desse elenco estupendo de The Handmaid's Tale, mais uma interpretação pra ser aplaudida de pé em completo êxtase. Ann Dowd foi indicada na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante em Televisão no Globo de Ouro em 2017.
Completando com Max Minghella como Nick Blaine, motorista do Comandante Waterford e um ex-vagabundo de Michigan que desenvolve sentimentos por Offred. Um personagem com um começo mais morno, mas com o passar dos episódios ganha uma grande relevância e tem uma crescente absurda dentro da série - ótima atuação de Max Minghella. Samira Wiley como Moira, a melhor amiga de June desde a faculdade. Ela também começa como uma Aia, mas com o passar do tempo e a ajuda de June ela se liberta e passa a trabalhar em um dos numerosos castigos não oficiais de Gileade como um "Jezebel" chamado Ruby. Samira Wiley também nos impressiona pela sua entrega e sua atuação, outra que arranca os nossos mais sinceros aplausos. Ainda temos Alexis Bledel como Emily/Ofglen, uma parceira de compras de Offred, mais tarde sendo duramente castigada por ser considerada como uma "traidora de gênero" (um termo usado em Gileade em referência à homossexualidade) - ótima apresentação. Madeline Brewer como Janine/Ofwarren, a serva mais problemática, que é submetida a uma severa punição por mau comportamento, se destacando notavelmente na série, principalmente nos últimos episódios e mais precisamente no nono e no décimo - outra atriz que eu simpatizei bastante ao longo da série, passei a torcer por ela. E pra finalizar, O. T. Fagbenle como Luke Bankole, marido de June antes de Gileade e pai de sua filha Hannah. Um personagem que ganha uma importância e uma notoriedade dentro da série, principalmente ao chegar nos últimos episódios, o que me deixa com grandes expectativas sobre seu personagem na próxima temporada.
Além, é claro, das qualidades técnicas, que é outro ponto que engrandece ainda mais a série. Como a fotografia, que é feita de forma impecável, funcionando de forma genial em todos os episódios (aquele tom vermelho das vestimentas das Aias eram sempre confrontados em cenas). A direção de arte, a montagem e a cenografia da série, tudo minunciosamente bem detalhado e bem caprichado - vemos o amor pelo trabalho aplicado em cada detalhe dessas técnicas. E como jamais poderia faltar, a trilha sonora, se destacando como o verdadeiro coração da série, impondo ritmos e toques que jamais sairão das nossas lembranças. A série introduz vários ritmos e estilos musicais ao longo e aos términos de cada episódio, o que engrandece ainda mais a qualidade da trilha sonora da série - como o término do segundo episódio ao som de Simple Minds - Don't You (Forget About Me) de 1985, e até uma cena nesse mesmo episódio que a Janine canta Three Little Birds do Bob Marley - sensacional!
A primeira temporada de The Handmaid's Tale venceu 8 Emmys, 3 Critics' Choice Awards, 1 Screen Actors Guild Awards e 2 Golden Globe Awards - se tornando a "MELHOR SÉRIE" de 2017. E eu considero esta primeira temporada de The Handmaid's Tale como a melhor série que eu já assisti em toda a minha vida! [20/06/2019]
Lost in Space é uma série americana de ficção científica, sendo um reboot da série homônima que rodou entre os anos de 1965 à 1968. A série é escrita por Matt Sazama e Burk Sharpless, produzida pela Legendary Television junto com a Synthesis Entertainment, cujo lançamento aconteceu pela Netflix em 13 de abril de 2018.
A série dos anos 60 acompanhava a família Robinson no espaço a bordo da nave Júpiter 2, ou seja a família de colonos espaciais pioneiros. Como um reboot, a série atual funciona praticamente na mesma linha, considerando a tentativa dos americanos de colonizar o espaço (consequentemente novos planetas). Quando a "Resolute" é atacada e sabotada, a Jupiter 2 e várias naves Jupiter se perde no espaço-tempo e cai em um planeta totalmente desconhecido. Nesse novo e estranho planeta, começaremos a acompanhar em 10 episódios a jornada da família Robinson, em meio a um ambiente desconhecido, com a presença de um robô alienígena e várias dificuldades que todos enfrentarão enquanto tentam sair do planeta e voltar a "Resolute".
A série é boa, usa uma temática que me atrai muito, por se tratar de um tema sci-fi e todos os acontecimentos que permeia o enredo. Os efeitos especiais são bem feitos e bem trabalhados, consegue nos proporcionar a dimensão do planeta e dos locais que a estória percorre com muita objetividade. Assim como os efeitos visuais dentro e fora da nave, principalmente no espaço sideral (devo citar o décimo episódio, onde podemos observar os efeitos fluindo com bastante perfeição). Os efeitos utilizados no robô é bastante convincente e mostra o quanto os trabalhos foram feitos com competência. A fotografia também se destaca, ao acompanharmos os primeiros episódios em um planeta gelado e logo após em um local com mais vegetação. A trilha sonora acompanha bem a série, desde a música de abertura até o fechamento de cada episódio, com destaque maior para a música tema, muito boa, agregou muito na série.
Com todas as qualidades que eu destaquei, o roteiro ao meu ver é a parte mais falha. A série tem uma premissa muito boa, principalmente nos 3 primeiros episódios, quando eu pensei que a série fosse tomar um rumo mais sério. Até a parte que a família Robinson está sozinha no planeta, com a presença do robô e a chegada da Dra. Smith (Parker Posey), a série funciona de uma forma mais motivadora e nos desperta interesse. Mas a partir do momento que a família Robinson encontra os outros colonizadores (que também estão perdidos) e começa todo aquele drama sobre os acontecimentos passados e futuros, a série dá uma pequena caída. A série fica melodramática, querendo conquistar o nosso interesse de uma forma cansativa, muito chove não molha, muito arrodeio sem fixar em um propósito único. Os personagens possuem seus medos e suas aflições, mas são muito dramatizados, cada um tem seu arco pessoal, mas é pouco explorado e foi colocado no roteiro como algo pra comprar a nossa atenção, mas não funcionou.
De cara eu já vou destacar a atriz Molly Parker (House of Cards), que fez a Maureen Robinson, a comandante da Júpiter 2. A personagem que mais se destacou e que mais me chamou a atenção em toda série, até por se tratar da engenheira aeroespacial que toma a frente da situação em levar a sua família para o espaço, com o intuito de lhe proporcionar uma vida melhor em um local seguro. Molly Parker entrega uma atuação muito segura, com uma personagem destemida, inteligente, decidida, que cresce a cada episódio e ganha nossa empatia.
Toby Stephens (007 - Um Novo Dia Para Morrer) é John Robinson, o pai da família Robinson. Um ex-fuzileiro naval, que mesmo desacreditado parte para o seu objetivo, sempre com um cuidado e uma atenção maior ao seu pequeno filho. Toby Stephens entrega uma atuação mediana, que começa bem ao início e quando achamos que vai engrenar, ele esfria. Eu vejo como um personagem meio perdido, sem um propósito, sendo que todas as decisões são tomadas a partir de Maureen, ele parece que nunca tem uma opinião formada.
O jovem Maxwell Jenkins (Sense8) é Will Robinson, o filho mais novo da família. Will foi o personagem que eu estava gostando bastante ao início, principalmente nos dois primeiros episódios, quando ele descobre o robô e tem toda aquela trajetória. Eu acreditava que seu personagem teria um crescimento dentro da série, que com o passar do tempo ele fosse conquistar cada vez mais a nossa atenção, mas de uma forma inteligente. Mas não foi o que aconteceu, seu personagem começa a perder o interesse dentro da série, começa a perder a relevância, nos últimos episódios ainda fica pior, quando o roteiro decide confrontá-lo com o robô de uma forma apelativa, que pra mim foi meio forçado.
Taylor Russell como Judy Robinson e Mina Sundwall como Penny Robinson, ambas filhas da família Robinson, não tiveram grandes destaques, passaram quase que despercebidas (pelo menos pra mim). Parker Posey (Superman - O Retorno/Blade Trinity) é a personagem mais discutida dentro da série, ela fez a Dra. Smith. Na minha opinião: uma personagem totalmente vazia, sem mostrar a que veio, parece que ela foi enfiada na estória unicamente porque precisavam de uma vilã. Não nos desperta nem ódio e nem empatia, mal explorada, mal utilizada, parece que está ali unicamente pra ser do contra e fazer o mal sem propósito. Eu mataria ela ao final da primeira temporada e começaria de novo na segunda. Nada contra a atriz Parker Posey, mas a sua personagem na série, pra mim não fez o menor sentido.
No mais: a série Perdidos no Espaço é assistível, porém não se pode esperar muitas coisas, ou grandes acontecimentos. Começaram bem, mas perderam a mão lamentavelmente e o resultado final foi uma série com um fechamento bem chocho. Agora é aguardar o que nos espera na segunda temporada que estar por vir. [10/02/2019]
A segunda temporada foi lançada em 18 de maio de 2018 e começa 5 meses após o suicídio de Hannah Baker (Katherine Langford) e onde a primeira temporada terminou. Agora os episódios transcorrem a partir das consequências da morte de Hannah e da difícil recuperação de cada um dos personagens.
A primeira temporada funcionou (pra uns sim e outros não) na medida do que se era esperado, ou seja, conhecendo a história e a vida de cada personagem, a partir das fitas com os 13 motivos deixadas por Hannah Baker. Baseando-se nessas questões destacadas, a série abordou (de forma bem leve) temas como suicídio, bullying, estupros, preconceito, racismo, desigualdade, entre outros, mas sem um grande aprofundamento. Então: pra mim a série terminaria ai, até porque eu acho que a história começa e termina na primeira temporada, sem a clara necessidade de uma continuação (até com um fechamento razoavelmente interessante). Mas como a série fez um grande sucesso e ganhou vários fãs (principalmente nos EUA), é óbvio que seguiriam em uma segunda temporada, mesmo que pra isso a série vire uma "encheção de linguiça".
Na minha opinião: a segunda temporada é boa e até interessante de se acompanhar, mas se fosse uma série aleatória, não como uma continuação direta da primeira temporada. Porque é muito claro a falta de um bom roteiro, um bom enredo, contar uma história plausível e coerente. E não é isso que temos durante toda sequência, temos 13 episódios que 70% é focado nos depoimentos judiciais de cada personagem (por sinal umas partes bem cansativas), seguido pela tentativa de mostrar um arco pessoal de cada um dos rostos presentes.
Basicamente a segunda temporada segue nesse caminho, ora mostrando como os alunos da Liberty High School estão encarando a vida após a morte de Hannah, ora tentando se mostrar uma série mais séria nas questões dos julgamentos e em como isso traz consequências pra cada um, na medida que as verdades vão aparecendo, na tentativa de encobri-las.
Então: a série até pode funcionar, dependendo muito da visão de cada um, tem uma boa premissa, pega temas delicados e muito importantes nos dias atuais, é uma série leve e descontraída, ao mesmo tempo que puxa para um tom mais sério, dando ênfase em pontos importantes. Mas essa segunda temporada tem muitas coisas que me incomodaram, até porque a ligação com a primeira temporada é inevitável. Por exemplo: não gostei da forma adotada pra inserir a personagem da Katherine Langford, esse é um dos problemas, uma vez que a Hannah Baker morreu na primeira temporada sendo a protagonista de toda história, então teriam que trazê-la para segunda, mas como encaixá-la? Como já destaquei, a série enrola demais nas partes dos depoimentos e isso acaba tirando a paciência e o interesse do espectador.
Porém a segunda temporada tem seus pontos positivos - o primeiro episódio é muito bom, quando de cara já temos um envolvimento de Clay (Dylan Minnette) e Skye (Sosie Bacon), que eu torci pra dar certo. É um episódio leve com uma trilha sonora que se encaixa adequadamente. O episódio 6 é bem elaborado e funciona muito bem, quando nos deparamos com as revelações de Zach (Ross Butler) sobre Hannah, um episódio com uma dinâmica muito boa e gostoso de assistir. O episódio 9 é bem sombrio, quando o Sr. Porter (Derek Luke) lida com seus arrependimentos e faz suas revelações, muito bom também. O último episódio tem um grande potencial, ao revelar uma personalidade que até então vivia na sombra de Bryce Walker (Justin Prentice), por outro lado a vítima da brutal agressão tem um crescimento interessante ao final.
Dylan Minnette (Clay Jensen) reprisa seu personagem da primeira temporada, apesar de aqui se mostrar mais sagaz e maduro, porém seu tom inexpressivo ainda é muito notável. Katherine Langford (Hannah Baker) pra mim é desperdiçada, não me convenceu a sua presença fantasmagórica. Alisha Boe (Jessica Davis) pra mim está muito melhor nessa temporada, com uma personagem que tenta se mostrar forte, porém seu interior sofrível e desamparado é desesperador - seu arco pessoal é um dos melhores de toda série. Brandon Flynn (Justin Foley) está mais acomodado ao início, mas seu personagem tem um grande crescimento dentro da série e ao final ele está muito melhor - assim como a Jess, seu arco pessoal é muito bom.
Justin Prentice (Bryce Walker) é outro que desenvolve seu personagem muito melhor nessa temporada, uma espécie de antagonista da escola que junto com sua trupe tenta encobrir toda a verdade. Justin interpreta muito bem, é um ator pra ficar de olho. Miles Heizer (Alex Standall) tem um final perturbador na primeira temporada, porém nessa segunda ele está muito caricato, um personagem até com um certo potencial, mas não foi bem aproveitado. Devin Druid (Tyler Down) surpreende, um personagem morno durante toda temporada, mas nos últimos episódios ele vem em uma crescente, chegando ao ápice no último episódio - bem interessante por sinal. Derek Luke (Kevin Porter) é muito mais notável e muito melhor desenvolvido nessa temporada, seu personagem cresce em cada episódio, se tornando muito importante dentro de toda história - o seu depoimento é a melhor parte, quando ele confronta seus medos e suas frustrações.
13 Reasons Why (Season 2) não é ruim, apesar de achar que ela funcionaria muito melhor se fosse uma série aleatória. Também achei que os temas relatados tiveram uma abrangência rasa, mas até ok para uma série adolescente. Realmente é uma série que divide muitas opiniões. Agora é aguardar a data oficial da estreia da terceira temporada, pra conferir como ela se sai, mesmo achando que a série deveria ter acabado na primeira. [14/01/2019]
Back To You - From 13 Reasons Why - Season 2 Soundtrack https://www.youtube.com/watch?v=lxr07yicp60 Eu adoro essa música da Selena Gomez
Ninguém Pode Saber
3.0 100 Assista AgoraNinguém Pode Saber (Pieces of Her)
"Ninguém Pode Saber" é uma série original Netflix criada por Charlotte Stoudt (roteirista da série "Homeland"), baseada no romance de 2018 de mesmo nome de Karin Slaughter, que estreou em 4 de março de 2022. A série segue a história de Andy (Bella Heathcote), uma mulher de 30 anos que é pega em um tiroteio em massa em um restaurante local. Momentos depois, ela testemunha sua mãe, Laura (Toni Collete), eliminar violentamente a ameaça com facilidade. À medida que Andy começa a desvendar as ações de sua mãe naquele dia, sua perspectiva sobre todo o relacionamento familiar toma um novo rumo. Logo, figuras do passado de sua mãe reaparecem e ela é forçada a escapar. Na jornada, ela tenta encontrar a verdade que sua mãe enterrou há muito tempo.
"Ninguém Pode Saber" é uma série complexa, intrigante, que já no primeiro episódio nos desperta uma curiosidade absurda em querer saber às respostas de várias perguntas que surgem imediatamente. Por sinal, o primeiro episódio da série é fenomenal, é fantástico, tem um potencial incrível, facilmente um dos melhores primeiros episódios de uma série que eu já vi nos últimos anos. A série já começa avassaladora, nos trazendo um drama familiar imerso no suspense, no mistério, um thriller policial que flerta diretamente com o oculto, com o sombrio, que realmente nos impacta.
Já iniciamos a série com uma entrada triunfal de Toni Collete ao exibir uma quebra da quarta parede. A partir daí somos completamente impactados com a cena da lanchonete, onde consequentemente várias perguntas irão surgir à respeito da atitude de Laura, que enfrenta um homem armado e acaba matando-o com um golpe incomum e preciso. Obviamente toda essa atitude de Laura imediatamente viraliza na internet e as pessoas começam a vê-la como uma possível heroína daquela cidadezinha pacata do interior dos EUA. Por outro lado, a mesma internet que aplaude a atitude de Laura questiona a atitude de sua filha Andy, por não ter feito nada para ajudar na defesa, já que ela era uma policial e estava fardada (depois descobrimos que ela era uma atendente de telefone da polícia civil local).
Como podemos observar, o início da série é muito bom, os dois primeiros episódios trazem bastante tensão, bastante suspense, bastante mistério, deixando o espectador completamente envolvido com a trama. Até o quarto episódio a série funciona com uma apresentação do seu enredo e de seus personagens, consequentemente também vamos acompanhando todo o empenho de Andy em desenrolar toda essa história que envolve os tais segredos intrigantes do passado sombrio de Laura.
Porém, do meio da temporada em diante é aonde a série cai de produção, começa a nos cansar, começa a perder todo o poder do suspense conquistado desde o início. E muito pelo fato de toda aquela execução em formato de serial killer e política começar a enrolar demais, gerando uma barriga no meio do enredo que fatalmente começa a ficar maçante, chato, e justamente quando estávamos mais empolgados pela trama. Outro ponto bastante falho está justamente no roteiro de Charlotte Stoudt, que é bem confuso, mal balanceado, mal escrito, peca exatamente na execução e no desenvolvimento da história. E digo isso pelo fato do roteiro querer ser cada vez mais complexo, querer nos confundir propositalmente, e muito pelo fato de toda enrolação que é construída em volta de Andy e sua mãe até as respostas finalmente aparecerem. Outro ponto falho: no meio da história temos personagens sendo inseridos na trama que não trazem relevância, não trazem utilidade, não trazem um aprofundamento, parece que obrigatoriamente estão ali para forçar a complexidade do roteiro na clara intenção de nos confundir - ponto negativo.
Obviamente o meu único interesse em assistir esta série foi exclusivamente pela Toni Collete (recentemente esteve em "O Beco do Pesadelo"), que considero uma atriz excepcional, que sempre nos entregou trabalhos surpreendentes e performances fantásticas. Aqui Collete não faz uma das suas melhores apresentações, mas dentro do que a série possibilita ela está bem, ela desenvolve bem o papel da mulher misteriosa, sombria, complexa, da mãe que insiste em ser protetora, em ser amável, em ser amigável com sua filha, mas falha miseravelmente. Eu diria que o próprio roteiro da série não ajuda Collete a brilhar como deveria - uma pena!
Bella Heathcote ("Cinquenta Tons Mais Escuros") faz uma personagem que eu questionei do início ao fim, e muito por me soar perdida, vazia, rasa, desconexa. Acredito que Andy era uma personagem com um início bastante promissor, com um grande potencial, porém mal aproveitada, mal utilizada na trama. A própria Bella Heathcote não faz um bom trabalho, não consegue desenvolver uma boa atuação, pois não nos desperta nenhum sentimento, nenhuma empatia, além de sempre se apresentar com aquelas expressões monótonas e cansativas. Acredito que faltou mais preparo para a atriz.
O restante do elenco estão bem questionáveis e bem medianos.
Como no caso da atriz Jessica Barden ("Terra Selvagem"), que trouxe a personagem Jane Queller, a versão mais jovem de Laura no final dos anos 80, filha de um poderoso CEO farmacêutico. Claramente uma personagem com com o intuito de esclarecer explicações do passado, porém com uma apresentação muito fraca. Joe Dempsie ("Game of Thrones") como o jovem Nick Harp, ex-amante de Jane e líder de um grupo terrorista doméstico, Army of the Changing World do final dos anos 1980. A grande revelação envolvendo Nick, Andy e Laura foi bem aquém do que esperávamos. Omari Hardwick ("Lute Por Sua Vida") como Gordon Oliver, ex-marido de Laura e padrasto de Andy. Outro personagem totalmente perdido na série, de certa forma até fútil.
Até onde sabemos, as chances de uma renovação da série pela Netflix estão sendo questionadas. Até o momento, a plataforma de streaming não se manifestou sobre uma possível sequência. Caso a Netflix decida seguir com a série, a segunda temporada da trama irá precisar de um roteiro completamente novo, uma vez que o livro não conta com uma sequência. No meu ponto de vista a série teve um início e um fim nessa temporada. Tivemos um ciclo que se fechou no último episódio, acredito que todas as perguntas já foram respondidas, não sei se realmente há uma obrigatoriedade de uma segunda temporada.
Definitivamente "Ninguém Pode Saber" é aquela típica série que promete tudo em seu primeiro episódio, mas que ao final não entrega absolutamente nada. Não sei o que de fato aconteceu, não sei se adaptação do livro que não foi bem feita, não sei se o próprio livro também é confuso e perdido como a série. Afinal de contas tínhamos um grande produto em mãos que foi totalmente subaproveitado. De fato a série inicia com um potencial absurdo, mas termina de forma rasa, vazia e sem nenhuma empolgação.
[12/11/2022]
O Conto da Aia (5ª Temporada)
4.0 172 Assista AgoraTEM SPOILERS!
The Handmaid's Tale - 5ª Temporada
Eu tenho um imenso orgulho em poder afirmar que "The Handmaid's Tale" está entre as melhores séries que eu já assisti em toda a minha vida. A primeira e a segunda temporada são indiscutivelmente as melhores de toda a série, verdadeiras obras-primas. Já a terceira e a quarta a série cai um pouco de rendimento. Essa quinta temporada ganha novos ares, um novo fôlego, se sobressai em relação às temporadas 3 e 4.
O final da temporada 4, apesar de previsível, foi o grande destaque, a grande revolução, o grande ato de coragem de June Osborne (Elisabeth Moss) em relação ao governo imperialista e totalitário de Gilead. Pois ao assassinar brutalmente o todo poderoso Comandante Fred Waterford (Joseph Fiennes) ela despertou a ira, ela despertou a fúria, ela despertou e alimentou o sentimento de vingança de Serena Waterford (Yvonne Strahovski). E é exatamente dessa premissa que a quinta temporada é iniciada, colocando o desejo de vingança de Serena contra June. Já June, agora no Canadá, vive na esperança de conseguir resgatar sua filha Hannah (Jordana Blake), que ainda está aprisionada sobre o regime de Gilead.
A quinta temporada de "The Handmaid's Tale" é movida pela sede de justiça por parte de June e o desejo de vingança por parte de Serena. E é exatamente dessa forma que iniciamos o primeiro episódio, com a notícia do assassinato de Fred chegando até Serena, e a June completamente descontrolada e fora de si vagando pelas ruas banhada de sangue. Fica muito claro que June ainda se encontra em um visível estado de desequilíbrio emocional, porém, também está muito claro o seu estado contemplativo e orgulhoso pelo a sua vingança em relação ao Comandante Waterford.
O segundo episódio é voltado para o velório do Comandante Waterford sendo transmitido mundialmente pelos canais de TVs. É nesse episódio que Serena é usada como o rosto da "nova revolução" de Gilead ao tentar melhorar sua imagem enquanto a influência de Gilead começa a ganhar força no Canadá. Temos aquela cena impactante da June vendo sua filha Hannah ao lado de Serena. Nesse mesmo episódio temos uma cena surpreendente entre Janine (Madeline Brewer) e Esther (Mckenna Grace). É nesse episódio que Esther me pareceu ser uma espécie de nova Ofred da temporada 1.
Os episódios 7 e 8 são excelentes, os dois melhores episódios de toda a temporada. No sétimo temos uma espécie de redenção, de desconstrução, de descaracterização de Serena, ao dar à luz ao pequeno Noah e ser ajudada no parto por ninguém menos que June. No final do episódio Serena é presa para ser deportada e perde a guarda de seu filho. A cena final onde June a observa é muito forte. Já no oitavo episódio somos impactados pela forma como a Serena ficou submissa, praticamente uma serva (Handmaid), ao voltar para a casa do casal Wheeler que raptou seu filho - qualquer semelhança com uma história envolvendo Ofred e sua filha Nicole não é uma mera coincidência. Ainda temos aquela proposta absurda do Comandante Joseph Lawrence (Bradley Whitford) para June em relação a 'Nova Belem', que obviamente com a ajuda da tia Lydia (Ann Dowd), ele estava buscando uma ascensão ao poder em Gilead.
O trabalho na direção dos 10 episódios foram completamente incríveis: com a própria Elisabeth Moss dirigindo magistralmente os episódios 1, 2 e 10. Já o episódio 9 ficou à cargo do grande Bradley Whitford. Mas sem dúvida o maior destaque da temporada vai para a brasileira Natalia Leite, que dirigiu com extrema excelência os episódios 7 e 8.
Elisabeth Moss sempre foi o grande nome da série, isso é inquestionável, porém, confesso que na última temporada eu fiquei um pouco incomodado com sua personagem, e muito por ela constantemente se portar com aquele ar soberano, inabalável, inatingível, que tirou um pouco da caracterização da personagem. Mas confesso que nessa temporada ela recuperou toda potência e toda excelência demonstrada nas primeiras temporadas da série. Moss traz uma June que ainda se exibe como uma "badass" em algumas cenas, porém, agora somos constantemente confrontados com sua vulnerabilidade, com sua fraqueza, com seus traumas, o que humaniza cada vez mais a personagem e desconstrói todo o seu ímpeto. Elisabeth Moss novamente nos entrega o que sabe fazer de melhor na arte de atuar, ou seja, uma interpretação completamente impecável.
A temporada 2 de Yvonne Strahovski é a sua melhor dentro da série até hoje, porém, nessa temporada temos o ápice da sua personagem. Meu caso com a Serena Waterford é de amor e ódio, às vezes eu a amo e a defendo, às vezes eu a odeio incontestavelmente. Serena sempre foi considerada uma vilã tanto quanto seu marido (ou ainda pior), como acompanhamos nas temporadas 1 e 2. A partir da terceira temporada ela é sempre confrontada, desafiada e até ridicularizada (como aconteceu ao perder o dedo). Exatamente este é o ponto em que às vezes me simpatizo com ela e às vezes a detesto. Mas especificamente nessa temporada ela tem a sua melhor exibição, ela nos convence em várias fases - tanto no início da temporada ao declarar abertamente vingança contra June, quanto do meio para o final da temporada, onde temos sua verdadeira redenção.
Vou confessar que eu senti pena da Serena, senti dó, senti compaixão, principalmente no episódio 7. E eu acho que fui motivado pelos mesmos sentimentos da June, quando ela não conseguiu deixá-la morrer sozinha e abandonada para dar à luz ao próprio filho. Posso estar certo ou errado, mas confesso que na cena final do último episódio eu fiquei extremamente feliz e emocionado, ao constatar que a jornada das duas segue entrelaçada e um arco de redenção pode acontecer na próxima temporada. Yvonne Strahovski dividi todo o protagonismo da temporada com a Elisabeth Moss, e entrega simplesmente a sua melhor atuação na personagem de toda a série.
Madeline Brewer sempre foi uma atriz que amo de paixão na série. Janine é muito meiga, muito fofa, muito solidária, porém sofrida, reprimida, menosprezada, e nessa temporada constatamos exatamente tudo isso. Confesso que eu esperava uma participação maior da sua personagem dentro da temporada, mas se limitou à poucos episódios. Todavia, no último episódio me partiu completamente o coração, ao ser confrontado com aquela cena em que possivelmente iriam matar a Janine - eu fiquei em choque nessa hora. O mesmo vale para a atriz Mckenna Grace, que foi adicionada na série na temporada passada com sua personagem Esther. Esther foi muito mais relevante na temporada passada, se mostrando submissa e ao mesmo tempo bastante letal. Nessa quinta temporada, tanto Janine quanto Esther foram completamente esquecidas desde a cena do hospital.
Ann Dowd também é um grande nome dentro da série com sua icônica Tia Lydia. Tia Lydia é o mesmo caso da Serena, uma personagem que já odiei muito nas temporadas passadas. Especificamente nessa temporada Tia Lydia progride em um possível arco de redenção, por todas as suas atitudes perante a personagem Esther e principalmente a Janine (como vimos no último episódio, para a minha total surpresa). Estou muito curioso com o desenrolar da personagem na próxima temporada.
Max Minghella novamente com seu intrigante Nick Blaine (ou Comandante Blaine). Confesso que o Nick pra mim virou uma incógnita na série desde a segunda temporada, ou pelo menos não consigo compreender seus objetivos e suas reais motivações. Está muito claro que ele almeja cargos cada vez maiores no governo de Gilead, mas eu sempre duvido do seu carácter. Se eu pudesse apostar no final do seu personagem na próxima temporada, eu apostaria que ele vai dar a sua vida em prol do resgate de Hannah, para dessa forma ficar em paz com June, mesmo depois de morto.
Bradley Whitford sempre muito elegante e muito arrojado com seu Comandante Lawrence. O Comandante Lawrence também luta sua própria batalha conforme reflete sobre o regime de Gilead. Outro personagem que eu sempre tive um pé-atrás, principalmente com suas atitudes perante June. Mesmo caso do Nick, pra mim o Comandante Lawrence só age em prol do governo de Gilead. Definitivamente nunca deu para confiar nele.
O.T. Fagbenle finalmente convence em uma temporada completa da série no personagem Luke Bankole. Pois em suas apresentações nas temporadas passadas sempre ficava devendo um algo a mais. Dessa vez ele está muito mais empenhado, aguerrido, tem participações direta em praticamente todos os episódios, principalmente no último, onde temos o ápice de sua atuação no personagem. Já a Samira Wiley nunca mais conseguiu o destaque e a relevância da primeira temporada com a sua personagem Moira. Claramente ela sempre está escanteada na série, e nessa temporada não é diferente, apenas participa de algumas cenas mas sem um grande destaque.
Confesso que eu senti falta da atriz Emily Malek nessa temporada, já que ela anunciou a saída da série em um comunicado divulgado ao portal Deadline: "Depois de pensar muito, eu senti que precisava me afastar de The handmaid's tale neste momento. Serei eternamente grata a Bruce Miller por escrever cenas tão verdadeiras e ressonantes para Emily".
Com relação ao roteiro: eu achei genial e muito bem escrito, finalmente a série voltou aos eixos com um excelente roteiro, visto as derrapadas das temporadas 3 e 4. Além, é claro, as qualidades técnicas da série, que sempre foram excelentes. Novamente temos uma trilha sonora perfeita e muito bem ajustada com o ritmo de cada episódio. Uma fotografia belíssima, sempre nos confrontando com a alegria e a tristeza ali lado a lado. Uma direção de arte muito limpa e perfeitamente fiel com o propósito da série.
A quinta temporada de "The Handmaid's Tale" é excelente, finalmente a série renovou tomando novos ares e um novo rumo. O que definitivamente me agradou bastante, visto que a série vinha em uma queda constante nas duas temporadas anteriores. Dessa vez eu vibrei, me encantei e me emocionei com cada acontecimento de cada episódio, o que me deixou completamente animado e motivado para conferir a sexta temporada, que promete demais, visto ser a última da série - infelizmente!
Será que Serena Waterford merece nosso perdão? Será que ela merece uma segunda chance? Será que somos capazes de passar por cima de tudo que ela fez contra June enquanto era coagida (ou não) pelo seu marido?
Eu acredito na redenção da Serena e em uma possível aliança com a June para acabar com o regime totalitarista e perverso da república de Gilead. Agora se elas vão se tornar amigas além de aliadas, bem...isso só a sexta temporada poderá nos dizer.
[11/11/2022]
Resident Evil: A Série (1ª Temporada)
2.0 217 Assista AgoraResident Evil - 1ª Temporada (TEM SPOILERS)
"Resident Evil" é uma série original Netflix desenvolvida por Andrew Dabb (roteirista de praticamente toda a série "Supernatural"). Teve seu lançamento em 14 de Julho de 2022. A série se alterna entre duas linhas do tempo anos depois do surto viral que provocou o apocalipse mundial. Em uma parte temos Jade e Billie Wesker (Tamara Smart e Siena Agudong) durante seus dias em New Raccoon City, onde descobrem os segredos obscuros de seu pai e da Umbrella Corporation. E a outra se passa 14 anos no futuro, onde Jade, agora com 30 anos, luta para sobreviver nesse novo mundo enquanto é assombrada por segredos do passado que envolvem sua irmã desaparecida, seu pai e a Umbrella.
Quando a Netflix estava produzindo a série sobre Resident Evil, os rumores apontavam que a série se passaria em seu próprio universo, mas que iria apresentar um enredo da saga dos videogames como sua história de fundo e base - ok. Como um verdadeiro fã da franquia desde 1996 e já tendo terminado todos os jogos existentes da saga até hoje, posso afirmar que Resident Evil nunca ganhou uma adaptação à sua altura, que condissesse com todo o universo da icônica franquia da Capcom.
Por mais que isso me doa profundamente, mas eu tenho que admitir que esta série é pior que todos os filmes da Alice (Milla Jovovich). Por mais que eu não goste da franquia do Paul W. S. Anderson, mas pelo menos ele não modificou um personagem já existente dentro da saga, ele criou outro. O mesmo vale para o filme "Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City", que de fato é horrível, mas ainda assim me agradou nos Fan service. Já esta série da Netflix é simplesmente a pior adaptação sobre a saga Resident Evil já existente na face da Terra.
Este ano eu já defendi a Netflix nas séries "O Gambito da Rainha" e "Inventando Anna", que de fato são excelentes produções. Porém, dessa vez eu tenho que ser justo, dessa vez eu tenho que bater em quem merece apanhar, e esse alguém é você Netflix.
Primeiro ponto:
Tantas história para vocês contarem e vocês simplesmente decidem inventar uma nova história sobre duas filhas do Albert Wesker em uma nova Raccoon City - é sério mesmo? O universo de Resident Evil é tão extenso, é tão vasto, é tão rico, que daria pra compor uma série com umas 10 temporadas (no mínimo), sem a menor necessidade de inventarem uma história completamente estapafúrdia e descabida como esta. Parece que a ideia dos roteiristas era exatamente ir na contramão do que fazer o simples, do que entregar o que todo mundo quer, pois muita das vezes o simples bem feito é muito melhor do que uma invenção contestável.
Segundo ponto:
Eu juro que eu nunca vou entender esta geração, pois parece que você não pode mais sentar no sofá da sua casa unicamente para assistir um filme, uma série, pelo puro prazer da diversão e do entretenimento. Tem horas que você quer apenas se entreter com o que você está assistindo e não quer ser representado o tempo todo, em todas às mídias (como a própria Netflix acha). Hoje em dia tudo é representatividade, tudo é inclusão, tudo é lacração, tudo é empoderamento, tudo é militância, tudo é banalizado, tudo sendo enfiado goela abaixo em uma simples série que almejaria o entretenimento como seu principal objetivo. Está muito claro que a Netflix quis se aparecer, quis lacrar, teve a real intenção de fazer às pessoas se sentirem representadas ao assistirem a série, e este caminho seguido tirou todo o foco do que realmente importava, que era justamente a qualidade do roteiro, dos personagens e, principalmente, o respeito pela obra original. É óbvio que você não precisa ser 100% fiel à franquia dos videogames, você tem o direito de mudar, de reinventar, de usar uma certa liberdade criativa, mas desde que você respeite a obra que já está eternizada há anos, desde que você mantenha a essência da saga e dos personagens de Resident Evil.
O fato do Albert Wesker ser negro não tem nada a ver com o ator (até porque não foi ele que se escalou para a série), a decisão de mudança de etnia é totalmente da produtora. O que eles queriam era justamente mostrar que estavam engajados com o movimento anti-racismo, com a representatividade, com a diversidade e principalmente com a inclusão. Porém, quando a produtora decidi fazer isso, eles já sabiam que poderiam causar uma extrema revolta, poderiam até atrapalhar o movimento racial ao invés de ajudarem, como de fato queriam. Você não está derrubando barreiras, você está apenas causando mais ódio no público quando decidi mudar um universo que já existe, que já está estabelecido há décadas pelo único propósito de lacrar, de engajar uma causa em prol da representatividade e da inclusão social.
O problema não está em mudar a cor da pele de um personagem que foi adaptado de um livro, de um jogo de videogame, de um conto, de uma passagem, o problema está justamente quando você faz isso unicamente com a intenção de lacração, de militância, exibindo um falso moralismo em relação a diversidade, a representatividade e a inclusão.
A série é incrivelmente ruim em tudo que se propõe a fazer.
Aqui temos uma série totalmente fora do contexto de Resident Evil, ou seja, uma série adolescente, com um drama adolescente, com uma crise adolescente, que aborda o velho clichê da adolescente revoltada com a família e com a irmã, e que briga na escola. Temos mais forçação de barra em volta da representatividade da classe Vegana, da classe LGBTQIA+ e da típica mulher empoderada. Em um universo onde o principal inimigo é um vírus que adultera os genes humanos e animais, ou seja, um lugar perfeito para a produtora exibir o seu discurso em prol do uso de animais como cobaias em laboratórios, no caso, o laboratório fictício da Umbrella Corporation (acho um discurso muito válido mas que não cabe aqui).
O roteiro da série é ridículo, é vexatório, é risonho, é completamente vergonhoso e deplorável.
Temos situações completamente incabíveis dentro do universo de Residente Evil - como o fato de duas garotas adolescentes e totalmente desinformadas sobre aquele universo conseguirem simplesmente invadir a base laboratorial da Umbrela. Uma das maiores e mais bem protegida indústria farmacêutica do universo (segundo a história, é claro). Um laboratório da importância e do nível da Umbrella Corporation e não existe um simples segurança noturno.
Além do roteiro ser péssimo, o enredo é muito ruim, o desenvolvimento e apresentação dos personagens são horríveis. Por falar em personagens: vexatório e vergonhoso resume completamente o elenco dessa série. O Wesker é totalmente perdido e deslocado em cena, e nem é uma culpa do ator Lance Reddick (John Wick), que até considero um bom ator. A Evelyn (interpretada pela mexicana Paola Núñez) é completamente patética, uma personagem pífia, ridícula, desprovida de talento e imaginação. As adolescentes Tamara Smart e Siena Agudong não fazem a menor diferença, na verdade estão ali unicamente para compor o núcleo adolescente que a Netflix queria nos enfiar goela abaixo. Ella Balinska (As Panteras / 2019) é a única personagem que se aproxima um pouco do universo Resident Evil. Na verdade tem partes que ela até funciona como uma espécie de nova Alice, aquele estilo Bad Ass. Realmente ela poderia ter sido melhor aproveitada.
A série por completa já é horrível, mas os 2 últimos episódios conseguem ser ainda pior. Toda aquela tosquice dos clones do Wesker (que me lembrou exatamente a franquia da Alice). Toda essa ideia ficou péssima, principalmente quando o Wesker é clonado no Blade - ridículo! Aquela dancinha do TikTok é a coisa mais vergonhosa que eu já vi em toda a minha vida, simplesmente por se tratar de uma série sobre fucking Resident Evil. O CGI é muito fraco, parece que excedeu o orçamento e usaram o que sobrou para aplicarem uns efeitos bisonhos. Os Zumbis são bem medianos, não chegam nem perto dos Zumbis da série "The Walking Dead" (onde eu acho um dos melhores Zumbis já feitos). Aqui temo uns Zumbis rápidos e violentos, que me remete aos Zumbis do "Resident Evil 6" (2012) e do Survival Horror "Cold Fear" (2005). O CGI da "Grave Digger" e do "Alligator" também são ruins.
Por outro lado temos algumas partes que até se esforçam em algo levemente plausível.
Por exemplo: tem partes da Jade adulta que até soa como um universo de Resident Evil. Partes essas que contém uma ambientação que até condiz com um universo envolto em Resident Evil - até por contar com mais ação, tiroteios, bastante sangue e muito gore (como na cena que a Jade arranca a cabeça do Zumbi com a motosserra) - pois vale lembrar que a própria franquia chegou a abandonar o Survival Horror para mergulhar de cabeça na ação desenfreada em "Resident Evil 5" (2009). O "Zombie Dog" do primeiro episódio e o "Link" do episódio 3 ficaram até bem representados (apesar do fraco CGI). Assim como a própria "Black Tiger" e o Zumbi da motosserra (que lembra o "Dr. Salvador" da versão do "Resident Evil 4"). Também pude pegar aquela menção ao Zumbi "Shrieker", um inimigo que emite um forte som (um grito ensurdecedor) que abala o sistema nervoso dos infectados que reage ao som e isso faz com que fiquem mais violentos - sua aparição foi em "Resident Evil 6".
Curiosidades bizarras:
Eu vivi para escutar Dua Lipa com "Don't Start Now" em uma série sobre a saga Resident Evil. Eu vivi para ler a matéria que o ator Lance Reddick afirma que a culpa da série falhar foram dos "Haters" e dos "Trolls" que não entenderam a série. E por incrível que pareça eu ainda continuo vivo.
Felizmente a Netflix falha miseravelmente com esta série por querer aplicar um conteúdo ativista ideológico. Acredito que toda ideologia que ela aplicou na série sobre representatividade, inclusão e empoderamento serviu unicamente para mascarar toda falta de inteligência ao entregar uma história pífia, com personagens execráveis e um roteiro detestável.
Eu como um fã da saga não me senti representado com esta série patética, muito pelo contrário, me senti envergonhado, achincalhado, banalizado e enganado. Considero esta série vergonhosa, vexatória, deplorável, péssima e horrível. Um desrespeito ao verdadeiro fã da franquia Resident Evil. Um desserviço a velha guarda da saga. Uma afronta para a franquia dos games que se imortalizou e se eternizou com os verdadeiros fãs, e não com essa geração que só se preocupam com a representatividade, a militância e a famosa lacração.
Um mês e meio após o lançamento de Resident Evil, a Netflix optou por não continuar a produzir a série. Segundo o Deadline, o streaming optou por tomar essa decisão devido aos baixos índices de exibição.
Eu louvo de pé esta notícia! Pois de fato isso daqui não pode ser chamado de Resident Evil. Isso aqui não pode carregar o nome de Resident Evil. Isso aqui não representa Resident Evil nem aqui e nem na Bósnia Herzegovina da Malásia do Norte. [20/09/2022]
Loki (1ª Temporada)
4.0 490 Assista AgoraLoki (1ª Temporada)
"Loki" é uma série criada por Michael Waldron (roteirista de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura) diretamente para a plataforma de streaming Disney+, e teve a sua estreia em 09 de Junho de 2021. Michael Waldron é o roteirista principal e Kate Herron (diretora da série Daybreak) é a diretora responsável pela primeira temporada.
A série se passa após os eventos de "Vingadores: Ultimato" (2019), em que uma versão alternativa de Loki (Tom Hiddleston) criou uma nova linha do tempo para conseguir roubar o Tesseract dos Vingadores durante a missão de recuperar as Joias do Infinito.
Realmente a Marvel tem o dom de sempre nos surpreender. Digo isso pelo fato de pensar que talvez o personagem Loki nunca ganhasse o seu filme solo, e não é por falta de potencial, pois isso o personagem tem de sobra, mas acredito que a Marvel de fato não investiria em um projeto desse personagem. Com a nova ideia do MCU em apostar nas séries, Loki foi um dos personagens que ganhou a sua própria série, para nos contar um outro lado da sua história.
Confesso que às vezes eu me perco nas linhas de raciocínio de cada história do Loki, pois aqui a série começa com a versão do Loki que foi derrotado e capturado ao final de "Os Vingadores"(2012), e não aquela versão que morreu com o Thanos quebrando o seu pescoço em "Guerra Infinita" (2018). Embora seja conhecido por "morrer e voltar", a versão do personagem que enfrentou Thanos continua morta, ao que tudo indica, pois o próprio Thanos ironiza nessa cena dizendo que não haverão ressurreições dessa vez. De fato essa realmente foi uma morte real, mas felizmente, não significou o fim do personagem.
Loki sempre foi considerado um dos melhores vilões no Universo Cinematográfico do MCU, principalmente por sempre se exibir como um personagem arrogante, pretensioso e ambicioso. Loki é um Anti-herói, o Príncipe da Maldade, o Deus da Mentira e que possui um grande poder. Ele sempre funcionou sendo uma força caótica, que não precisa ser humanizado nem muito menos ter suas ações justificadas - exatamente o Loki que conhecemos em "Vingadores 1". Aqui a série traz um possível arco de redenção do personagem, que abre espaço justamente para falar sobre identidade, pertencimento e expandir o Universo Cinematográfico Marvel - que eu achei uma boa sacada.
De fato, "Loki" me agradou bastante, pois aqui temos a presença de personagens que eu desconhecia e que ficou muito bem inserido na série. Como no caso da variante (ou versão feminina) do Loki, a Sylvie, muito bem interpretada pela ótima atriz Sophia Di Martino (da série Flowers). Sylvie é uma variante do Loki que está atacando a "Linha do Tempo Sagrada" e tem poderes de encantamento. Ela própria não se considera uma Loki, usando o nome "Sylvie" apenas como pseudônimo. Sophia Di Martino me surpreendeu em todas as cenas, pois ela se destacou e se desenvolveu de uma forma tão avassaladora dentro da série, ao ponto de em certos momentos dividir ou até tomar o protagonismo de Tom Hiddleston. Uma ótima atriz que teve bastante liberdade para criar e desenvolver a sua personagem - torço muito para que ela retorne na série.
Outro personagem muito bom foi o Mobius - interpretado pelo também ótimo Owen Wilson (eternizado nos filmes Bater ou Correr e Marley & Eu). Mobius é um agente da AVT (Autoridade de Variância Temporal) que se especializou na investigação de criminosos do tempo particularmente perigosos. Mobius é uma espécie de detetive durão que nem sequer identificou o próprio Loki como uma variante. A ideia de Mobius era recrutar (a princípio) o Loki para o ajudar a encontrar uma outra variante Loki que estava escondida para eliminá-la. Essa variante obviamente acabou sendo a Sylvie, porém, Loki e Mobius acabaram criando uma espécie de elo de amizade. Owen Wilson está muito bem na série, entrega um personagem bastante importante e muito funcional, principalmente naquele embate de ideias e diálogos entre Mobius e Loki.
Gugu Mbatha-Raw (A Bela e a Fera versão 2017) é a personagem Ravonna Renslayer. Uma ex-caçadora da AVT que subiu na hierarquia para se tornar uma espécie de juíza (ou algo do tipo); ela supervisiona a investigação da variante do Loki. Gugu Mbatha-Raw faz uma personagem muito interessante, principalmente depois que ela ganha mais relevância na série.
Tom Hiddleston e Loki já é um casamento que deu certo há muitos anos, e aqui isso só se comprova cada vez mais. Aqui temos uma versão alternativa, a "variante do tempo" de Loki, que criou uma nova linha do tempo em "Vingadores: Ultimato" começando em "Vingadores 1". Dessa vez eu vejo um Tom Hiddleston mais solto, mais leve no personagem, com uma liberdade para criar e desenvolver o seu personagem ainda maior.
Diferentemente de "WandaVision" e "Falcão e o Soldado Invernal", que são minisséries, onde obviamente tem um começo um meio e um fim. "Loki" é uma série, onde tem um começo, um desenvolvimento, mas necessariamente não tem um fim nessa temporada. Dessa forma eu vejo que a série tem um baita potencial para uma segunda temporada, pois temos muitas coisas em aberto, temos certos desenvolvimentos de personagens que ficaram em aberto (ou foi interrompido). E a série acaba de anunciar a janela de lançamento da sua 2ª temporada durante a San Diego Comic-Con 2022. Segundo o presidente do estúdio, Kevin Feige, a série deve retornar no verão de 2023 nos Estados Unidos, o que significa segundo semestre aqui no Brasil.
"Loki" tem uma ótima direção da Kate Herron, onde ela utiliza muito bem os seus takes mais abertos nas cenas de lutas. A série tem uma fotografia muito bela e se destaca muito bem em diversas localidades. A computação gráfica (CGI) é bastante competente e se sobressai nas cenas de ação, principalmente naquela cena do embate com o monstro de nuvens. As cenas de lutas são boas e estão em um bom nível de coreografia, apesar de não ter nenhuma cena de luta primorosa, de grande destaque, ou épica. A trilha sonora também ganha um grande destaque, principalmente nas aberturas de cada episódio, onde eu acho que a trilha se sobressaia ainda mais.
No mais, "Loki" é mais uma ótima série dentro do Universo do MCU, que se destaca pelas qualidades técnicas e principalmente pela apresentação de novos personagens, que poderão ser muito úteis na segunda temporada da série, e nas produções futuras do Marvel Studios. [11/09/2022]
Inventando Anna
3.4 173 Assista AgoraInventando Anna (Inventing Anna)
"Inventando Anna" é uma minissérie criada e produzida por Shonda Rhimes (criadora da série Grey's Anatomy), inspirada na história real de Anna Sorokin e no artigo em Nova York intitulado "How Anna Delvey Tricked New York's Party People" de Jessica Pressler (uma jornalista americana e editora colaboradora da revista New York Magazine). A série foi lançada na Netflix em 11 de fevereiro de 2022.
O roteiro segue a jornalista Vivian Kent (Anna Chlumsky) enquanto ela entrevista Anna Delvey (Julia Garner), durante suas idas e vindas ao presídio onde ela estava aguardando julgamento.
A Netflix vive a pior crise da sua história, diariamente vem perdendo milhões de assinantes. Eu vejo muitas pessoas reclamarem que a plataforma não tem nenhuma produção boa, que tudo que a Netflix faz fica ruim, que a plataforma é sinônimo de fracasso. Bem, cada um tem a sua opinião e eu entendo as diversas reclamações, realmente a Netflix tem deixado a desejar e tem pisado feio na bola (posso citar a série Resident Evil como um ótimo exemplo). Porém, a Netflix tem sim produções excelentes, tanto em filmes como em séries. Este ano eu assisti duas excelentes séries originais Netflix - "O Gambito da Rainha" (com a bela e talentosa Anya Taylor-Joy) e "Inventando Anna".
Anna Vadimovna Sorokina, nascida em Domodedovo (uma cidade da Rússia) em 23 de janeiro de 1991.
A história da vida de Anna Sorokina é absurdamente louca!
Anna Sorokina ficou mundialmente conhecida como a impostora russa. Ela mudou-se para Nova York em 2013 e criou a identidade de Anna Delvey, fingindo ser uma rica herdeira alemã. Anna usou um nome fictício, aplicou inúmeros golpes na alta cúpula americana, foi capaz de enganar os membros da classe alta de Nova York a acreditar que ela era uma herdeira alemã com acesso a uma fortuna substancial. Anna foi praticamente uma atriz ao se utilizar de uma faceta fictícia para receber centenas de milhares de dólares em dinheiro, além de bens e serviços enquanto trabalhava para seu objetivo de abrir um clube exclusivo com tema de arte - a sua tão sonhada Fundação Anna Delvey.
Realmente a Netflix fez um trabalho incrível, trouxe uma produção fantástica ao nos mergulhar na história da Anna Delvey. O roteiro da série opta por nos contar a história da Anna em diferentes vertentes, com diferentes pontos de vista. Pois a série já começa nos apresentando as suas duas personagens principais - a jornalista Vivian, que precisa se reafirmar em sua carreira e decide investigar o caso da Anna - e a protagonista da história, Anna Delvey, que está presa aguardando o seu julgamento.
A produção da Netflix foi totalmente assertiva ao nos elucidar sobre o caráter de Anna Delvey. Anna era bizarra, completamente sem noção, uma jovem ambiciosa, inapta, impostora, fraudadora. Uma sociopata, uma narcisista manipuladora, uma jovem totalmente inexperiente de 25 anos que enganou várias pessoas importantes, vários bancos e hotéis luxuosos, roubou o coração do cenário social de Nova York, fez apropriações indébita, tudo isso sem um diploma de faculdade, sem credenciais e sem experiência no ramo além de um estágio.
Como deve ser VIP na vida? De que adianta ter dinheiro se não for pra gastar?
Uma coisa é certa: eu admirei a coragem da Anna, a sua cara de pau, a sua lábia, pois temos que concordar que ela era muito inteligente, persuasiva, conquistadora, convincente, habilidosa, visionária, idealista, astuta, sagaz. Ela tinha uma memória eidética e muita cabeça para os negócios, tinha muita percepção, sabedoria e inteligência para identificar oportunidades e atacar às suas vítimas. Anna era VIP na vida, em todos os locais que ela passava ela era VIP, ela ostentava a sua vida de extremo glamour, ela não tinha dinheiro e mesmo assim gastava horrores, mas como? O último episódio é o ápice da sua loucura, quando ela simplesmente decidi que quer ostentar belas roupas para o julgamento, praticamente uma celebridade. Anna adentra ao tribunal como se estivesse entrando no tapete vermelho do Oscar - bizarro! Ainda temos o Instagram que foi criado para os modelos utilizados por ela em cada sessão do seu julgamento - Incrível, praticamente uma Rihanna!
Outra coisa é certa: Anna era extremamente corajosa, pois uma estrangeira dando golpes nos EUA e na época do Governo Trump (o que era ainda pior).
Julia Garner (das séries Maniac e Ozark) me deixou completamente embasbacado com a sua encarnação de Anna Delvey. Julia foi uma grata surpresa (visto que eu não conhecia os trabalhos da atriz), mas adorei a sua interpretação e sua atuação. Acredito que Julia fez um estudo aprofundado na Anna Delvey, buscando se inteirar dos seus trejeitos, suas expressões, seus gestos, seu modo de agir, falar, andar, se portar, pois é muito perceptível como ela se empenhou e se doou para viver a personagem. Eu vi algumas matérias de TV, fotos, artigos, pesquisas, vídeos jornalísticos, e posso afirmar com convicção que a Julia Garner personificou perfeitamente a verdadeira Anna Delvey, principalmente pela sua aparência e seu rosto, que estava verdadeiramente idêntico. Virei fã dessa atriz!
Anna Chlumsky (da série Veep da HBO) também se destaca positivamente em cena dando vida a jornalista Vivian Kent (personagem que foi inspirado na repórter Jessica Pressler). Anna Chlumsky está bem na personagem, consegue compor todo o seu papel e entrega uma atuação bastante convincente.
Em 2019, Anna Delvey foi condenada entre 4 e 12 anos de prisão por fraude, por várias acusações de tentativa de roubo qualificado, roubo de serviços e furto de propriedade. Após ser encarcerada, Anna conseguiu liberdade condicional em fevereiro de 2021 por apresentar um bom comportamento, o que fez com que a sua pena fosse reduzida.
Toda essa história da Anna Delvey me remete à belíssima série da Hulu/Star Plus - "The Dropout" - protagonizada pela talentosíssima Amanda Seyfried. Uma série que também trata de uma personalidade real que aplicou vários golpes e várias fraudes nos EUA. Porém, apesar de achar as histórias semelhantes, de duas mulheres que fraudaram os EUA só com o poder da palavra e o poder da persuasão, ambas se diferem justamente no quesito da mentira e suas consequências; Anna Delvey aplicou vários golpes e extorquiu pessoas ricas, sem machucar ninguém, já Elizabeth Holmes além das fraudes e mentiras, ela envolveu um caso mais delicado e mais sério, que era justamente a medicina e a saúde da população norte-americana.
Assim como fiz minhas apostas que a série "The Dropout" ganharia indicações nos próximos festivais de premiações, também aposto na série "Inventando Anna". Assim como indicações para a própria Amanda Seyfried e para a Julia Garner.
Agora deixo umas perguntas em aberto:
Há um pouco de Anna Delvey em todos nós? Pois todos nós sempre mentimos um pouco na vida para conseguirmos algo. Anna realmente nunca teve nenhuma fortuna, ou nunca foi uma herdeira rica? Anna foi apenas uma trapaceira em Nova York, ou ela estava apenas tentando o famoso Sonho Americano?
Portanto, eu afirmo com total convicção que "Inventando Anna" é uma das melhores séries da Netflix, e também é uma das melhores séries desse ano (juntamente com "The Dropout" e "Iluminadas"). Volto a afirmar que a Netflix tem sim os seus problemas e está enfrentando uma grande crise, mas isso não quer dizer que todas as suas produções são horríveis, basta ser um pouco inteligente e saber procurar corretamente - fica a dica!
Esta é uma análise totalmente verídica. Exceto pelas partes que foram completamente inventadas.
[27/08/2022]
Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez
4.4 415Pacto Brutal - O Assassinato de Daniella Perez
"Pacto Brutal - O Assassinato de Daniella Perez" é uma minissérie que nos relata um documentário sobre o assassinato da atriz e bailarina Daniella Perez, filha da escritora Glória Perez. Foi produzida pela HBO Max.
Glória Perez é uma escritora que admiro muito e respeito demais. Gosto muito de assistir novelas (hoje em dia não assisto mais) e me lembro que a primeira novela que eu assisti na vida foi 'Explode Coração' (1995), justamente uma novela de sua autoria e também foi a primeira novela após o caso da Daniella. A Glória é um verdadeiro ícone da teledramaturgia brasileira, ao longo dos anos acompanhei todas as suas novelas e as minhas preferidas (além de Explode Coração) foram 'O Clone' (2002), 'América' (2005) e 'Caminho das Índias' (2009). Este final de ano teremos a chegada de mais uma de suas novelas - 'Travessia'.
Não me lembro do caso da Daniella Perez, tampouco assisti a novela 'De Corpo e Alma', na época eu tinha apenas 8 anos.
28 de Dezembro de 1992 (uma segunda feira), aconteceu um assassinato que chocou o país, parou o Brasil. A atriz Daniela Perez foi brutalmente assassinada pelo colega de elenco Guilherme de Pádua e sua esposa Paula Thomaz. Na manhã do dia seguinte (29 de Dezembro) o país amanheceu revoltado e de luto, foi um choque e uma comoção nacional que chegou a ofuscar o caso da renúncia do presidente da época - Fernando Collor de Mello.
Como disse, não acompanhei o caso na época mas ao longo dos anos eu pesquisei e li bastante relatos sobre o caso da Daniella, porém, devo confessar que era eu bastante desinformado e conhecia várias histórias diferentes da verdadeira. A série veio justamente para isso, para nos elucidar sobre os fatos verdadeiros desse caso, pois ela vai além de recontar a história que figura no imaginário popular. A série documenta e parte da premissa de eliminar aquelas versões que ficaram conhecidas pelo público, fazendo prevalecer as conclusões da justiça sobre o caso, além de esclarecer antigas questões, como o tipo de arma de fato utilizado no crime. Devo aplaudir de pé toda a produção da HBO Max, que foi muito verdadeira, consciente, fidedigna aos fatos contados pela Glória. Uma produção muito competente em seus 5 capítulos, onde cada um serviu para nos elucidar e nos contar uma parte da história. Foi como a própria Glória disse: "esse caso vai completar 30 anos este ano e vai servir para o conhecimento de uma nova geração, que não viveu naquela época ou desconhecem a história. Também vai servir para desmistificar muitas coisas errôneas do conhecimento da população sobre o caso Daniella Perez".
Daniella Perez foi a primeira filha da Glória, tinha apenas 22 anos e estava vivendo o auge da sua carreira e fama, era conhecida como a namoradinha do Brasil e estava em sua terceira novela (antes ela já tinha passado por Barriga de Aluguel em 1990 e O Dono do Mundo em 1991).
O primeiro episódio é sem dúvidas o melhor, justamente por nos pegar de surpresa em alguns fatos. Foi um episódio que eu me emocionei de verdade com o depoimento da Glória ao chegar perto do corpo da filha pela primeira vez. Senti um misto de emoção, compaixão, tristeza, revolta, repulsa, ódio, angústia. Foi um episódio que eu fiquei completamente abalado emocionalmente, em estado de choque, era como se meu sangue estivesse congelado em minhas veias, senti meu corpo frio e os pelos se arrepiarem. Ao mesmo tempo senti uma revolta, uma repulsa, um ódio gigantesco que aflorava em meu coração, era como seu eu fosse da família da Glória, era como se eu estivesse vivido todo aquele caso, um sentimento muito ruim e muito forte. A Glória sentia como se aquelas apunhaladas fosse para ela, ela sentiu a dor da filha - triste e revoltante!
Me impressionou também a forma como cada episódio ia nos contando partes da história da Dani, como o fato que desde o início a polícia trabalhou para não desvendar esse crime (bizarro). Também temos o episódio que é voltado para o casal de assassinos, nos contando partes da história do início da carreira do Guilherme de Pádua (que eu desconhecia). Completamente impressionante a coragem, a motivação e a força que a Glória Perez teve ao se tornar uma mãe detetive, uma mãe investigadora, que foi atrás das provas e dos testemunho dos frentistas do posto. Junto com familiares e amigos ela conseguiu obter 1 milhão e 300 mil assinaturas para conseguir uma emenda para mudar o código penal brasileiro, e ela levantou uma bandeira não somente em prol da sua filha, mas em forma geral para todos. Assassinato passa a ser considerado crime hediondo - segundo o código penal brasileiro.
Sobre os assassinos:
Temos o episódio que nos conta sobre o julgamento do casal, além de nos elucidar como o Guilherme manipulou a esposa, estimulando ainda mais o ciúme dela, conhecida por já ser extremamente ciumenta, e com histórico de ter agredido outras mulheres, e juntos arquitetaram o assassinato. Daniella Perez tomou 18 golpes fatais, a violência dos golpes foram tanta que o coração da vítima ficou exposto - absurdo!
Guilherme e Paula foram condenados por homicídio qualificado, com motivo torpe. A pena dele foi de 19 anos em regime fechado, e a dela de 15 anos.
Paula hoje vive discretamente. Em 2021, voltou à evidência diante da notícia de que estaria preparando a filha mais nova para ser atriz (era como se ela quisesse que sua filha seguisse os passos da Dani). Já Guilherme, solto em 14 de outubro de 1999, após ficar preso por 6 anos e 9 meses pelo assassinato, se tornou pastor na Igreja Batista em Belo Horizonte, e criou um canal no Youtube para pregar a palavra evangélica. Fico me perguntando - que tipo de ser humano em sã consciência ainda segue um monstro desse?
Eu nunca acreditei nas leis desse país, pra mim isso nunca mudou e nunca mudará, sempre será leis frouxas e falhas. Fico me perguntando como a Glória e familiares suportaram o fato dos dois estarem soltos hoje dia e vivendo suas vidas normalmente. Como o Raul Gazolla suportou a dor e o fato de hoje os dois estarem livres. Como vimos no episódio, quando o Raul descobre quem foi o assassino de sua esposa, ele fica completamente transtornado, tenho certeza que passou pela cabeça dele a vontade de dar cabo dos dois.
Eu já sou uma pessoa diferente, penso completamente diferente, nesses casos eu sou muito revoltado e tenho pensamentos muito extremos. Não acredito em reconciliação, arrependimento, absorção, perdão, reintegração na sociedade. Não acredito em arrependimento de psicopatas, você não pode aumentar o ego de um psicopata, psicopata deve ser morto e esquecido, pra mim não tem perdão. E ainda reitero: se esse caso fosse em minha família, jamais eles estariam hoje livres pelas ruas e vivendo suas vidas normalmente. Eu faria questão de passar o resto da minha vida atrás das grades, mas os dois já estariam sentados no colo do capeta há muitos anos - esse é meu desejo e minha opinião!
Vocês não tiraram só a vida da Dani, vocês arrancaram um pedaço da Glória, vocês mataram todos os sonhos de uma jovem, vocês acabaram com toda uma família, vocês comoveram todo um país. A Dani era linda, era talentosa, aquele rostinho singelo e sonhador eu nunca vou me esquecer, aquela sua imagem feliz ao lado da mãe jamais sairá da minha cabeça. Eu estou completamente revoltado, profundamente magoado e dilacerado por dentro. Vocês foram covardes, atacaram a vítima desacordada e completamente indefesa - seus monstros, eu tenho um completo ranço de vocês!
Guilherme de Pádua e Paula Nogueira Peixoto (nome que ela usa atualmente), eu desejo uma morte bem dolorosa, bem sofrida e bastante agonizante para vocês dois. [13/08/2022]
Iluminadas (1ª Temporada)
4.0 128Iluminadas (Shining Girls)
"Iluminadas" é uma série original Apple TV+ baseada no romance de 2013, 'The Shining Girls', da escritora sul-africana Lauren Beukes. A série é estrelada por Elisabeth Moss, Wagner Moura e Jamie Bell. Leonardo DiCaprio, Jennifer Davidson e Lindsey McManus atuam como produtores executivos, assim como a própria estrela da série, Elisabeth Moss. A autora do romance, Lauren Beukes e Alan Page Arriaga também são os produtores executivos. A adaptação foi criada e escrita por Silka Luisa, que também é produtora executiva e showrunner da série.
Kirby Mazrachi (Elisabeth Moss) é arquivista do Chicago Sun-Times. Anos atrás, ela foi brutalmente atacada e deixada para morrer, mas seu agressor nunca foi encontrado. Hoje ela ainda está traumatizada pela agressão e luta para entender sua realidade que continua mudando. Determinada a encontrar seu agressor, ela descobre um assassinato que tem uma notável semelhança com seu próprio ataque. Kirby pede a ajuda do repórter Dan Velazquez (Wagner Moura) e juntos eles descobrem vários casos arquivados de assassinatos semelhantes e começam a caçar um misterioso serial killer.
Quando eu soube que o Wagner Moura iria estrelar uma série junto com a Elisabeth Moss eu fiquei bastante animado e interessado em conferir. Wagner Moura é um belíssimo ator nacional que deu muito certo em Hollywood e não estrelava uma série desde "Narcos", 2017. Por outro lado a toda poderosa Elisabeth Moss é a grande protagonista da série, uma atriz que admiro e amo em praticamente todos os seus trabalhos - como a própria série "The Handmaid's Tale", que pra mim é simplesmente uma das melhores séries que eu já assisti na vida, juntamente com a Moss, que pra mim entrega um dos seus melhores trabalhos da carreira.
"Iluminadas" é uma série diferente de todas as séries que eu já assisti, pois aqui temos um enredo que é baseado (adaptado) em um livro (que eu não li) e justamente por isso nos traz uma trama que está imersa no suspense, no drama, no mistério, no investigativo, com uma boa dose de ficção científica, com histórias envolvendo viagem no tempo e se destacando principalmente como um thriller com serial killer. A série também se destaca por ser intrigante, psicodélica, maniqueísta e principalmente complexa (no maior estilo Nolan). Somos jogados em um verdadeiro labirinto ficcional construído pelo roteiro onde temos que colocar a cabeça pra pensar e tentar desvendar os seus enigmas. A série não tenta se explicar a todo momento, o que definitivamente nos obriga a criar teorias e tentar encaixar todas as peças do quebra-cabeça envolvendo o espaço-tempo.
Não vou negar que a principio eu fiquei um pouco perdido tentando decifrar e montar todo aquele quebra-cabeça, pois aqui temos uma trama ambientada em uma Chicago dos anos 80 que nos confronta com o assassino que escolhe suas vítimas cuidadosamente e as persegue até alcançar o objetivo de matá-las (fazendo suas vítimas a cada década). Realmente temos uma trama bastante original com um roteiro muito coeso misturando suspense e ficção científica do início ao fim, e o ponto mais positivo é que os dois gêneros são perfeitamente mesclados, sem ficar forçado ou óbvio, principalmente pelo fato de acompanharmos um serial killer que viaja no tempo para fazer suas vítimas - um ótimo suspense policial fictício.
Tecnicamente a série é incrível!
O roteiro é perfeito, a direção é ótima, a montagem é excelente, a edição é muito bem organizada. Temos uma bela fotografia, uma ótima trilha sonora (que se destacava justamente por soar bastante original), uma direção de arte muito competente, que soube mesclar muito bem cada cenário e objetos de cenas em suas respectivas décadas - perfeito!
Posso afirmar que Elisabeth Moss é uma das melhores atrizes dramáticas da sua geração.
Aqui temos uma Moss em seu auge (mais uma vez), que nos espanta com a sua atuação de uma mulher que sobreviveu a um ataque de serial killer e que tem sequelas por causa disso. Desde o primeiro episódio a Moss já nos pega pelas mãos e nos carrega por um mundo misterioso e completamente inesperado, e junto com ela vamos desvendando cada ponto dessa curiosa trama. Sensacional, Elisabeth Moss como sempre é a escolha perfeita para protagonizar thrillers (basta lembrar de O Homem Invisível e Nós), mas se você quiser um drama ela também dá um verdadeiro show (basta lembrar da série The Handmaid's Tale).
Wagner Moura também está incrível. Como não se impressionar com a tamanha entrega de Wagner em seu personagem Dan? Dan era um personagem solitário, vazio, frio, que tinha seus problemas com a bebida e vivia em uma verdadeira luta com seus traumas. A dinâmica entre Wagner Moura e Elisabeth Moss é de encher os nossos olhos e sustenta muito bem a trama, pois ele nos entrega uma ótima atuação e só nos confirma o excelente ator que ele é. Destaque para as cenas que ele conversa com seu filho em inglês e logo em seguida em português - incrível!
Wagner Moura e Elisabeth Moss viraram amigos ao contracenarem juntos (eu adorei saber disso).
Jamie Bell (Rocketman) completa muito bem o trio sensacional de "Iluminadas". Jamie incorpora o serial killer Harper com uma excelência extrema - o criminoso, que a princípio, acreditava que suas ações eram impossíveis de rastrear, até Kirby sobreviver. Jamie deu vida a um personagem sádico, maquiavélico, introspectivo, misterioso, complexo, intrigante, e sua atuação condizia perfeitamente com todo esse propósito que lhe foi imposto, pois realmente o Harper era um sociopata - pra mim uma atuação perfeita, daquelas pra ser aplaudida de pé!
Como já mencionei, a princípio eu fiquei um pouco perdido com o propósito e o direcionamento da série, mas com o passar dos episódios eu fui buscando entender e decifrar com algumas interpretações...e vamos lá pra elas:
Começando com o fato da morte de Dan, que a princípio eu achei desnecessária mas logo depois compreendi. Kirby achou o endereço da casa na carteira do Dan no necrotério, que a levou até a casa para enfrentar o Harper e o destruir (se é que realmente ele foi morto, pois não tivemos esta certeza), ou seja, a morte de Dan não foi em vão.
Acredito que a casa não funcionava apenas como uma máquina do tempo mas também poderíamos considerá-la como uma espécie de entidade demoníaca (ou algo do gênero), que parecia obter o poder de se apossar do dono do momento, ou seja, a princípio o dono era o Harper e no fim a dona era a Kirby. Como vimos na luta entre Kirby e Harper, ela parecia conhecer bem a física daquele local, o que nos dá a entender que ela já estava ali por algum tempo. Também percebi que o primeiro dono da casa se matou enforcado e o segundo era totalmente transtornado.
Naquela cena (do último episódio) que a Kirby acerta um tiro no ombro do Harper, ele implora para que ela o deixasse vivo, o que pra mim já estava claro que a casa não obedecia mais o Harper e sim a Kirby, pois logo em seguida a sua realidade se altera. O que me leva a entender que a Kirby não quis matá-lo para deixá-lo vivo sofrendo com a sua realidade mudando em todo o momento, como ela ficou em todo esse tempo, uma espécie de castigo que ela impôs para ele, passar por tudo que ela passou.
Eu realmente não entendi o porque da casa escolher o Harper para ser o assassino, não sei se a casa de fato transformava todos em assassinos, ou apenas escolheu o Harper por ele ser uma pessoa medíocre e egocêntrica, que necessariamente tinha tudo para se tornar um assassino, e visto que seu passado já lhe condenava desde o flashback que vimos ele matando um aliado para sobreviver na guerra.
Harper parecia querer matar as mulheres que estavam em ascensão, como a própria Kirby, ou de fato a casa lhe obrigava a fazer isso (não sei), mas o porquê ele matava e deixava objetos dentro delas eu realmente não consegui entender este propósito.
Por outro lado não consegui compreender muito bem toda aquelas mudanças de realidades que ocorria com a Kirby e o Harper, e eu sempre observava as mudanças que ocorria principalmente nos cabelos da Kirby, acho que realmente eram apenas mudanças aleatórias.
Acredito que realmente existia uma forte conexão entre Harper, Kirby e a casa.
Infelizmente parece que não teremos uma 2ª temporada, pois ainda não foi nada confirmado pelo Apple TV+. Ao que tudo indica, o projeto já havia sido ocasionalmente referido como uma 'série limitada' ou 'minissérie' em entrevistas e até pelos envolvidos. Mas eu posso apostar que a série será notavelmente bem quista nos próximos festivais de premiações, principalmente em questões de elenco, pois o trio em destaque realmente deram um show.
"Iluminadas" é uma série excelente, que me fez sair da minha zona de conforto e me obrigar a desvendar vários enigmas com o passar de cada episódio. É uma série muito inteligente, muito elegante, muito dinâmica, muito sagaz, que nos entrega uma trama muito competente e nos instiga a querer ir cada vez mais além. Realmente até hoje em questões de séries eu nunca tinha assistido nada parecido. Pra mim a série não ganha a nota máxima unicamente por conter alguns pontos dentro da trama que me deixou um pouco perdido, mas que de certa forma nem é um problema da série e sim das minhas próprias interpretações. [10/08/2022]
Falcão e o Soldado Invernal
3.9 381 Assista AgoraFalcão e o Soldado Invernal (The Falcon and The Winter Soldier)
"Falcão e o Soldado Invernal" é uma minissérie do Marvel Studios criada por Malcolm Spellman para o serviço de streaming Disney+, e dirigida por Kari Skogland. A série se passa seis meses depois que Sam Wilson recebeu o escudo do Capitão América em "Vingadores: Ultimato". Sam se une a Bucky Barnes para impedir antipatriotas que acreditam que o mundo era melhor durante o Blip (que foi a morte e ressurreição de metade das pessoas do universo). Eles voltam a trabalhar juntos para conter uma nova ameaça em uma trama que conta ainda com uma nova participação de Zemo e Sharon Carter.
Ao final de "Vingadores: Ultimato" temos uma cena completamente emblemática, que é exatamente a cena em que Steve Rogers entrega o escudo do Capitão América para Sam Wilson (Anthony Mackie), o Falcão. O desejo de Steve era que Sam assumisse o seu escudo e se tornasse o novo Capitão América. "Falcão e o Soldado Invernal" parte exatamente dessa premissa, onde temos Sam em uma crise de consciência se deve ou não aceitar tamanho fardo e tamanha responsabilidade imposta ao assumir o escudo e se tornar o Capitão América. Por outro lado temos a adição na série de Bucky Barnes (Sebastian Stan), o Soldado Invernal. Bucky também carrega a sua crise de consciência por tudo que ele cometeu no passado, e busca a redenção ao tentar voltar a integrar a sociedade logo após ter sido curado em Wakanda.
Eu achei uma jogada de mestre em reunir o Sam e o Buck em uma série que abordasse os acontecimentos de ambos logo após "Vingadores: Ultimato", ou seja, o Marvel Studios conseguiu novamente criar uma série que saísse do papel e se tornasse algo grandioso, assim como já havia conseguido com "WandaVision". O Marvel Studios realmente aprendeu a fórmula de criar e desenvolver uma boa série que nos cative por inúmeras ligações e acontecimentos curiosos, assim como sempre conseguiram com os filmes ao longo de todos esses anos.
"Falcão e o Soldado Invernal" levanta e aborda várias questões e discursos sociopolíticos, se concentra em questões raciais e políticas levantadas por Sam, um homem negro que recebeu o escudo do Capitão América com o desejo de se tornar o próprio. A Marvel teve uma grande sacada e foi cirúrgica ao abordar e trazer toda essa questão racial para a série, que envolvia diretamente o personagem do Sam, por ele passar por todo aquele período de aceitação ao início. Este é o ponto de maior acerto na série, toda a abordagem construída envolta de Sam, por ele se achar digno ou não em aceitar ficar com o escudo e se tornar o novo Capitão América, por outro lado esse período de aceitação envolve toda uma questão racial imposta pelo governo americano, em aceitar ou não um Capitão América negro, que não tinha o soro de super soldado, não tinha os cabelos loiros e nem os olhos azuis. Um roteiro muito pertinente, muito bem escrito e transplantado para a tela.
Bucky Barnes está bem introduzido na série, apesar dele ficar quase que o tempo todo na sombra do Sam, e o próprio Sam ser um personagem mais bem escrito e desenvolvido na série. Porém, Buck consegue se destacar e buscar toda aquela redenção que vimos logo de início. Outro personagem que me chamou muito atenção foi o Capitão América de John Walker (Wyatt Russell). Um personagem que inicialmente eu achei um pouco deslocado e perdido na trama, mas nos últimos três episódios ele cresce incrivelmente, notavelmente, chegando ao ponto de me impressionar e até cogitar em aceitá-lo como o verdadeiro Capitão América. O Capitão América de John Walker tem todo um ar de superioridade e uma autoconfiança invejável, chegando ao ponto de se transformar ficando praticamente cego ao exibir um sadismo em seus atos. Grande personagem, mais um grande acerto da Marvel na série, estabelecendo e nos apresentando um novo personagem que poderá ser utilizado no futuro.
Ainda tivemos mais participações curiosas dentro da série, como é o caso de Zemo (Daniel Bruhl), o terrorista Sokoviano responsável pela separação dos Vingadores em "Capitão América: Guerra Civil". Zemo é um personagem complexo que perdeu tudo e está pagando por seus crimes, como vimos na série. Sharon Carter (Emily VanCamp) é outra personagem muito intrigante na série. A ex-agente da S.H.I.E.L.D. que está fugindo do governo americano desde que foi vista pela última vez em "Guerra Civil". Temos um cena pós-créditos com ela ao final do último episódio bastante curiosa, que me faz pensar que tanto ela quanto o Zemo poderão serem utilizados nos futuros projetos dentro do MCU. Karli Morgenthau (Erin Kellyman) é a líder dos Apátridas, um grupo anti-patriotismo que acreditam que o mundo estava melhor durante o Blip e estão lutando pela abertura das fronteiras nacionais. Karli me pareceu uma personagem confusa na trama, pois sinceramente eu não sei como quiseram retratá-la na série...uma vilã, uma terrorista, ou apenas alguém que estava querendo que sua voz fosse ouvida pelo governo. Mas confesso que eu a classifico como uma vilã mesmo, principalmente como os desdobramentos que ocorreu no último episódio. Valentina Allegra de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus) me deixou bastante curioso em saber quais eram as suas reais intenções, principalmente em relação ao John Walker, que ela recrutou ao final da série, o que me deixou pensando em várias hipóteses para a sua personagem em um futuro promissor.
"Falcão e o Soldado Invernal" acerta em umas coisas e falha em outras, como no caso dos três episódios iniciais, que peca exatamente no ritmo vagaroso e toda a construção que nos situa entre todos os personagens da trama. Porém, logo a partir do quarto episódio em diante a série cresce muito de produção, se eleva em um grau altíssimo de entretenimento ao nos apresentar uma trama mais elaborada, mais centrada, mais convincente, com um ritmo adequado, com discursos ácidos e uma conclusão certeira e esperançosa.
"Falcão e o Soldado Invernal" é mais uma bela série do Marvel Studios, que está em pé de igualdade com "WandaVision". O último episódio da série me deixou bastante esperançoso e motivado pelo quarto filme do Capitão América que está em desenvolvimento. Realmente a série foi muito bem desenvolvida e teve uma conclusão propícia que estabelece novos rumos para o Universo Cinematográfico da Marvel no cinema e na TV. [24/07/2022]
O Gambito da Rainha
4.4 931 Assista AgoraO Gambito da Rainha (The Queen’s Gambit)
"O Gambito da Rainha" é uma minissérie original Netflix lançada em Outubro de 2020, baseada no romance de 1983 de mesmo nome de Walter Tevis. O título da série refere-se ao "Gambito da Rainha", uma jogada ou uma abertura de xadrez. A série foi escrita e dirigida por Scott Frank, que a criou com Allan Scott, que detém os direitos do livro. A história começa em meados da década de 1950 e prossegue na década de 1960, narrando como segue a vida de Elizabeth Harmon (Anya Taylor-Joy), uma garota prodígio do xadrez fictício em sua ascensão ao topo do mundo do xadrez enquanto lutava contra a dependência de drogas e álcool.
Já adianto que "O Gambito da Rainha" é a melhor série da Netflix que eu já assisti até hoje.
Temos aqui uma das melhores séries de 2020, que faz um excelente contraponto entre um jogo extremamente interessante, o xadrez, com um drama familiar, um amadurecimento e um crescimento humano, uma verdadeira lição e um verdadeiro aprendizado de vida. A produção chamou a atenção do público para o jogo de xadrez, raramente tratado na dramaturgia, e pra mim um jogo muito peculiar e interessante mas completamente desconhecido, pois eu não entendo absolutamente nada de xadrez. E justamente por não entender nada do jogo eu me interessei ainda mais pela série, por ela ser direcionada como um conto, uma passagem, uma novela da vida de Elizabeth Harmon, que vai desde a sua infância, passando pelas suas descobertas e aprendizados, até chegar em sua vida adulta, abordando toda a sua luta e determinação para ser tonar a melhor enxadrista do mundo.
O roteiro de "O Gambito da Rainha" é um dos pontos mais positivos e criativos da série, pois ele percorre diretamente a ascensão de uma órfã prodígio do xadrez enquanto luta contra seus vícios e suas dependências químicas ao enfrentar os maiores enxadristas do mundo. Pois quando os pais de Beth morrem em um acidente de carro ela é enviada para um Orfanato, lá ela desenvolve dois traços - o talento incrível para o xadrez e a dependência do tranquilizante dado às crianças. O medicamento citado é um tranquilizante, chamado Xanzolam, que embora não seja um medicamento real, se assemelha muito a um remédio popular nos anos 60, receitado como cura para a ansiedade. Um dos efeitos colaterais que o remédio dá em quem o consome é a alucinação, exatamente a forma alucinógena que Beth Harmon desenvolveu ao jogar sozinha o seu xadrez diretamente do teto do seu quarto.
"O Gambito da Rainha" é uma série que podemos chamar de 'fictícia verdadeira', pois de fato os temas abordados são muito verdadeiros, por serem temas contemporâneos e libertadores da vida de uma jovem proeminente, mas a série não tem nada de real, sua estrutura se assemelha muito a filmes que recontam histórias verídicas, mas fato é que não há nada de realista na jornada de Beth Harmon - o quê pra mim engrandece ainda mais a qualidade da série.
Por outro lado também podemos aprender muito com a jornada de Beth Harmon, pois a primeira lição que ela nos ensina é que para ser um empreendedor, um competidor de sucesso, você precisa ter foco, ter ambição, ter determinação, assim como a própria Beth que, apaixonada desde jovem pelo xadrez, não cansa de perseguir o seu objetivo incansavelmente, enfrentando seu vício para conseguir se tornar a maior jogadora do mundo, e quanto mais ela aprimora suas habilidades no tabuleiro, a sua ideia de fuga, de libertação lhe parece cada vez mais tentadora. Uma verdadeira lição de vida abordada em uma minissérie fictícia - simplesmente excelente e genial!
A direção da série ficou nas mãos do competente diretor Scott Frank, um diretor de cinema, produtor, roteirista e autor americano. Frank recebeu duas indicações ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado por "Irresistível Paixão" (1998) e "Logan" (2017). Seu trabalho no cinema, creditado e não creditado, se estende a dezenas de filmes. Nos últimos anos, ele trabalhou para a Netflix em minisséries de televisão, mais proeminentemente co-criando exatamente "O Gambito da Rainha".
Tecnicamente a série é uma obra-prima!
Possui uma trilha sonora completamente impecável, muito bem composta e administrada dentro da época. Uma trilha sonora contemporânea, eficiente, competente, que seguia cada passo, cada acontecimento dentro da história de Beth Harmon. Um destaque era exatamente a trilha sonora de cada partida de xadrez, grande responsável em nos imergir dentro daquela competição - nota 10 para a trilha sonora da série!
A direção de arte e a cenografia da série são um verdadeiro espetáculo, completamente fiéis com cenários, objetos de cena, iluminações, criações estéticas, atuando em estreita parceria com a equipe de direção de fotografia - por sinal uma fotografia belíssima. Assim como os figurinos, que estão um verdadeiro luxo (principalmente em nossa estrela, Elizabeth Harmon). A maquiagem e os cabelos também estão totalmente inseridos dentro dos padrões de beleza da década de 60.
Quero chamar a atenção para a jovem atriz Isla Johnston, que deu vida a Beth Harmon jovem. Ela faz um trabalho incrível no primeiro e no segundo episódio da série, preparando todo o terreno para a Beth da Anya Taylor-Joy assumir nos episódios subsequentes. Primeiro episódio excelente, mostra o desenvolvimento, o conhecimento e o nascimento do interesse do xadrez da Jovem Beth, seguido por um final devastador. Segundo episódio do torneio é ótimo, a atriz Isla Johnston se solta ainda mais e cresce em sua atuação.
Anya Taylor-Joy é uma atriz que eu sou completamente apaixonado, um verdadeiro fã do seu trabalho desde "A Bruxa" (2015). Em "O Gambito da Rainha" Anya só mostra o que todos nós já estamos acostumados a ver em seus trabalhos...que é uma atuação completamente monstruosa, impecável, perfeita, sem um erro. Anya adota uma postura forte, aguerrida, destemida ao encarnar a Beth Harmon, nos trazendo uma atuação do mais alto nível em todos os seus episódios. Com um destaque maior para o último episódio, que por sinal é excelente e simplesmente o melhor de toda a série, onde Beth revive todo o seu passado ao retornar ao Orfanato onde ela foi deixada, quando ela descobre, ou se dá conta, que o Sr. Shaibel (Bill Camp) foi verdadeiramente uma espécie de pai para ela. Beth Harmon era vazia, solitária, vulnerável e isso ficou muito explícito nesse último episódio, e principalmente por tudo isso ser nos passado pela atuação magistral e impecável da Anya Taylor-Joy.
"O Gambito da Rainha" recebeu 18 indicações no Primetime Emmy Awards em 2021 e ganhou 11, incluindo Melhor Série Limitada, tornando-se a primeira Minissérie em um serviço de streaming a vencer a categoria. A série também ganhou dois Globos de Ouro: Melhor Série Limitada ou Filme para Televisão e Melhor Atriz - Minissérie ou Filme para Televisão para Anya Taylor-Joy. Ela também ganhou o Critics 'Choice Television Award de Melhor Atriz em Filme/Minissérie e o Screen Actors Guild Award de Melhor Atriz em Minissérie ou Telefilme.
Realmente "O Gambito da Rainha" é uma excelente minissérie, daquelas que beiram a perfeição. Uma série muito bem aceita, muito bem conceituada, muito aclamada pela crítica em um modo geral, com elogios particulares para o ótimo e digno desempenho de Anya Taylor-Joy como Beth Harmon. A série também recebeu uma resposta positiva da comunidade de xadrez por suas representações precisas e fidedignas de xadrez de alto nível, e os dados sugerem que aumentou o interesse do público nesse jogo tão peculiar.
Desde então a série fez um estrondoso sucesso, o que levou os fãs e admiradores a torcerem para que a trama, que foi lançada como uma minissérie, ganhasse uma segunda temporada. Porém, infelizmente a notícia não é boa para quem esperava por isso, pois os produtores executivos da série já confirmaram que "O Gambito da Rainha" não vai ter uma segunda temporada - uma pena.
Encerro com aquela excelente cena final do último episódio, quando Beth Harmon consegue finalmente vencer seu maior rival, Vasily Borgov (Marcin Dorociński), em um jogo completamente tenso e emocionante. O que nos mostrou uma verdadeira lição de vida, pois Beth estava jogando completamente sóbria. Um verdadeiro jogo de superação em meio a todas as suas adversidades impostas pelo seus vícios - SHOW!
Senhoras e Senhores, apresento-lhes Elizabeth Harmon! [01/07/2022]
WandaVision
4.2 844 Assista AgoraWandaVision
"WandaVision" é uma minissérie criada por Jac Schaeffer (que também atuou como roteirista principal) para o serviço de streaming Disney+, baseada na Marvel Comics com os personagens Wanda Maximoff/Feiticeira Escarlate e Visão (Elizabeth Olsen e Paul Bettany). É a primeira série de televisão do Universo Cinematográfico MCU produzida pela Marvel Studios, que tem ligações e continuidades diretas com os filmes da franquia, e se passa após os eventos de Vingadores: Ultimato (2019). A série teve a direção de Matt Shakman (que também dirigiu séries como Succession, The Boys e Game of Thrones). A nova série da Marvel Studios segue Wanda Maximoff e Visão enquanto eles vivem uma vida pacífica e suburbana na cidade de Westview, Nova Jersey, até que sua realidade começa a se mover por diferentes décadas, fazendo o casal suspeitar que as coisas não são o que parecem.
Sem nenhuma dúvida "WandaVision" está entre as melhores séries de todo o Universo MCU, e olha que eu nem sou um fã da Marvel, apenas tenho um grande apreço por todas as produções do estúdio. De fato a série é muita bem feita, muito bem elaborada, muito bem pensada e, principalmente, muito bem transplantada para a TV. Tem um roteiro muito bem amarrado, muito coeso com tudo que quer nos contar, pois inicialmente somos apresentados para o casal de super-heróis que possuem uma vida perfeita, mas que sempre estão se esforçando para levar uma vida normal e esconder todos os seus poderes dos seus vizinhos. E é exatamente este o ponto de maior acerto e de maior grandiosidade da série, a forma como somos mergulhados em seus primeiros episódios, como uma espécie de homenagem aos grandes sitcoms das décadas de 50, 60, 70, até os dias atuais, e sempre sendo filmados com a presença de uma plateia, o que definitivamente me surpreendeu demais, pois nunca tinha visto um trabalho desse porte no MCU.
Gostei muito da virada da série, pois inicialmente temos os primeiros episódios mais leves, mais extrovertidos, mais eufóricos, e do meio para o final a série já muda de tom, já fica mais dark, mais séria, mais profunda, nos relevando alguns segredos que estavam presos no passado e nos mostrando uma verdadeira mudança de personalidade do casal, principalmente na Wanda. Este foi um ponto que me surpreendeu positivamente, esta mudança que os personagens sofrem durante os episódios, o que culminou diretamente para toda a atuação que nos foi entregue.
Por falar em atuações: Elizabeth Olsen e Paul Bettany são o casal mais carismático do universo e o melhor casal da Marvel. Que simpatia, que química, que carisma, como são amáveis, divertidos, alegres, extrovertidos, espontâneos, impossível não se apaixonar pela dupla, principalmente nos episódios iniciais. Elizabeth e Paul já dominam os seus personagens há muito tempo e isto está mais do que explícito, pois aqui ambos entregam o que fazem de melhor em suas atuações divertidas e versáteis, e principalmente saindo do cômico e partindo para um lado mais tenso, mais sombrio, onde cada um acompanha às mudanças dos seus personagens com muita maestria e muita grandeza - que dupla, um casal incomum!
Em questões de elenco às produções Marvel sempre deram um show, e aqui não poderia ser diferente. Temos a Kathryn Hahn (A Visita do M. Night Shyamalan) que dá um verdadeiro show como a vizinha bruxa Agatha Harkness. Teyonah Parris (Se a Rua Beale Falasse) que fez um ótimo trabalho como Monica Rambeau. Kat Dennings (a estagiária da Jane Foster em Thor) como a Dra. Darcy Lewis, uma presença um tanto quanto satisfatória e sempre engraçada, assim como o próprio Randall Park (o oficial do Scott Lang em Homem Formiga e a Vespa) como Jimmy Woo. Evan Peters (que recentemente esteve em Mare of Easttown) como Pietro, irmão gêmeo de Wanda. Outro que tem uma presença bem inusitada na série, principalmente por todos os fatos que ocorreram para este retorno. Sem esquecer das ótimas presenças de Julian Hilliard e Jett Klyne, como Billy e Tommy, os filhos do casal.
Definitivamente "WandaVision" foi um grande acerto do Universo MCU. Aquela série leve, gostosa, divertida, prazerosa, que me prendeu e me deixou em um completo êxtase em todos os 9 episódios. Por falar em episódios: os dois primeiros são incríveis, por se passarem nas décadas de 60 e 70 e nos ser apresentados em preto e branco. Já os episódios 8 e 9 são os melhores de toda a série, por nos fazer revelações e nos envolver em um clima mais dark que culmina com um grande embate final.
Realmente a Marvel poderia ensinar esta fórmula mágica de se fazer um entretenimento tão bem feito como este para os outros estúdios. [01/06/2022]
The Dropout
4.0 58 Assista AgoraThe Dropout
'The Dropout' é uma minissérie original Hulu/Star Plus criada por Elizabeth Meriwether (conhecida por criar o seriado New Girl da Fox), baseada no podcast "The Dropout" apresentado por Rebecca Jarvis e produzido pela ABC News. A minissérie acompanha a história real de Elizabeth Holmes (interpretada por Amanda Seyfried), uma jovem empresária que anunciou ter descoberto uma forma revolucionária de analisar exames de sangue. Mas tudo não passava de uma grande fraude, pois acompanhamos da ascensão à queda da empresa de biotecnologia Theranos e sua fundadora Elizabeth Holmes. A minissérie teve a sua estreia em 3 de março de 2022.
Temos aqui umas das melhores minisséries do ano, pois de fato 'The Dropout' transita por toda a jornada de Elizabeth Holmes, desde a sua infância passando pela sua adolescência até chegar em sua vida adulta, nos evidenciando a sua ascensão no Vale do Silício e como ela teve a audácia em conseguir enganar vários investidores milionários, várias indústrias farmacêuticas e toda uma população norte-americana. Uma jovem com apenas 19 anos que decidi largar a faculdade de engenharia química de Stanford para fundar o laboratório de exames de sangue Theranos, tornando-se sua diretora executiva. Theranos foi uma empresa americana de serviços de saúde-tecnológica e médico-laboratorial privada sediada em Palo Alto, Califórnia.
A história da vida de Elizabeth Holmes é incrivelmente louca!
Uma jovem bilionária que era considerada como um ícone, como uma grande influencer, uma grande empreendedora, que muitas vezes era comparada com figuras ilustres como Bill Gates e Steve Jobs (ela mesmo afirmava que se inspirava no Steve Jobs, ela queria ser um novo Steve Jobs). Holmes não era formada, não era médica, não tinha PHD, não era química, o que nos deixava ainda mais intrigados com a sua história, pois de fato ela agia apenas como o uso da persuasão, ela era extremamente persuasiva. E nisso temos que concordar, pois Holmes era uma mulher extremamente inteligente, completamente convincente, extremamente habilidosa, muito visionária, idealista, astuta, hábil e sagaz. Holmes era vista com o símbolo do progresso feminista, como o símbolo do empreendedorismo feminino.
Porém, temos um conto que deu terrivelmente errado. Como a bilionária mais jovem do mundo perdeu tudo em um piscar de olhos? De fato a jornada da vida de Holmes vai do céu ao inferno, ao fundo do poço, literalmente. A minissérie aborda com muita maestria um misto de fraudes, de ganância financeira, de falta de profissionalismo, de falta de ética, do uso da manipulação indevida, nos evidenciando e nos elucidando como a vida de Holmes foi mergulhada no drama, na tragédia, na ambição, na decepção amorosa, nos golpes e nas traições. De fato a vida de Elizabeth Holmes foi uma grande catástrofe, um grande colapso, pois hoje em dia ela foi condenada pela Justiça da Califórnia por fraude eletrônica e conspiração para fraude.
Amanda Seyfried (a inesquecível Cosette de Os Miseráveis) é a alma e o coração da minissérie, nos entrega um dos melhores trabalhos de toda a sua vida. Holmes caiu como uma luva para Seyfried, pois de fato a semelhança entre elas era absurda, em seus trejeitos, em seus olhares, em suas expressões, em seu modo de se portar, de falar, de discursar, de agir, tudo muito crível e com uma verossimilhança perfeita. Seyfried não interpretou ela incorporou a Holmes, pois tudo que ela trazia para a sua atuação só nos elucidava o quanto ela estudou a personagem e o quanto ela se entregou nesse projeto. Como o fato dela sempre se manter naquela postura inabalável, enrijecida, mesmo com o mundo desabando em suas costas. Aquela expressão sádica e maquiavélica, sempre estática e praticamente sem piscar os olhos, só fazendo movimentos com a cabeça. Seyfried nos passava o tempo todo uma figura excêntrica, letal, em alguns momentos era mais eufórica e sociável, em outros mais introspectiva e completamente tensa. Realmente devo aplaudir de pé o trabalho impecável entregue pela Amanda Seyfried personificando a Elizabeth Holmes.
Ainda tivemos ótimas participações na minissérie: como o ótimo ator Naveen Andrews (o Sayid de Lost) que deu vida ao Sunny Balwani. Sunny era o relacionamento amoroso de Holmes, que ficava sempre encoberto, e depois entrou de cabeça no projeto fraudulento com ela. Ótima a atuação de Naveen Andrews, cujo os primeiros episódios ele esteve mais comedido, mas logo em seguida sua atuação cresce muito e ao final ele já é tão parte da história como a própria Holmes.
William H. Macy (o avô bizarro de O Quarto de Jack) como Richard Fuisz - uma peça importantíssima que englobou boa parte da história.
Camryn Mi-Young Kim que fez a Erika Cheung - uma personagem muito interessante que começa descobrir às falcatruas da Theranos.
Dylan Minnette (o Clay Jensen de 13 Reasons Why) como Tyler Shultz - outro personagem que engrandeceu ainda mais o rumo final de toda a história.
Stephen Fry (da trilogia O Hobbit) como Ian Gibbons - que teve uma importante participação e colaboração nos planos iniciais de Holmes, e logo após foi escanteado, enfrentando severas consequências.
Entre vários outros atores/atrizes que estiveram muito bem na minissérie. De fato 'The Dropout' teve uma bela escolha de elenco, desde a sua protagonista até o núcleo coadjuvante.
'The Dropout' é uma minissérie muito bem dirigida por Michael Showalter, que recentemente dirigiu de forma brilhante a cinebiografia "Os Olhos de Tammy Faye". A trilha sonora é ótima, pois a mesma transita com maestria entre os hits Pops de sucessos dos anos 90 e 2000. A minissérie é muito bem pensada e muito bem elaborada, possui um roteiro bem eloquente, que sempre nos enfatizava com às mais diversas surpresas em cada um dos 8 episódios. Destaques também para todo o trabalho de cenografia e direção de arte, pois o mesmo acompanhou com muita veracidade cada virada de época, sempre se reinventando ao nos apresentar os cenários, os objetos de cena, onde cada detalhe era importante.
'The Dropout' é uma ótima minissérie, que nos traz uma história formidável sobre ambição, traição, golpe e tragédia, que explicita e escancara uma forma bizarra do ser humano em conseguir de qualquer jeito alcançar o Sonho Americano.
Eu posso apostar que 'The Dropout' vai aparecer nos festivais de premiações no próximo ano. Assim como a própria Amanda Seyfried, por nos entregar uma performance completamente memorável.
Uma boa história gera emoções e as pessoas são afetadas por emoções, pois pessoas emocionadas fazem grandes investimentos que nem sempre será lucrativos - este era o lema que movia a vida de Elizabeth Holmes! [24/05/2022]
Os Ausentes (1ª Temporada)
3.5 8Os Ausentes (1ª Temporada)
'Os Ausentes' é a primeira série original brasileira produzida pela Warner Media Latin America e Panorâmica para HBO Max. Foi estreada em 22 de Julho de 2021.
A trama conta a história do ex-delegado Raul Fagnani (Erom Cordeiro), que decidiu abrir uma agência de investigação de pessoas desaparecidas após o sumiço de Sofia, sua filha de cinco anos. A Ausentes revira o submundo da cidade de São Paulo e coloca o protagonista a serviço daqueles que não podem ou não querem recorrer à polícia em busca de ajuda por algum motivo. Ele ainda tem esperança de descobrir o que aconteceu com a sua filha.
A série da HBO Max explora um problema social pouco falado no Brasil, que são exatamente os desaparecimentos das pessoas e principalmente o desaparecimento dessas pessoas em São Paulo, a maior metrópole brasileira. Só no Brasil, oito pessoas desaparecem a cada hora, é realmente um número absurdo que lidamos no nosso dia a dia.
Dentro desse contexto que está inserido os 10 episódios da série, cada um voltado para algum desaparecimento ou algum acontecimento, que de fato põe à prova a capacidade verídica de toda história planejada. De fato a série aborda um tema muito sério e bastante recorrente na cidade de São Paulo, que é o submundo do crime, do sequestro infantil, do desaparecimento humano, do tráfico, do roubo, da violência, e tudo é bem diversificado e montado pelo roteiro central da trama.
Um ponto bastante positivo da série, a forma abordada de cada episódio em nos explicitar os seus acontecimentos com bastante veracidade. Pois em cada episódio tínhamos acontecimentos distintos, que sempre levava a história para vários lados e vários pontos da cidade, dessa forma o roteiro sempre nos ganhava com algo novo, sem perder a graça e sem cair no marasmo daquelas séries investigativas que sempre seguem uma única linha dentro da história.
Porém, a série apresenta vários problemas, principalmente de roteiro, pois em cada episódio sempre alguma coisa ou algum acontecimento passava batido, sempre deixava algumas pontas soltas, não deram uma atenção mais detalhada para esta parte. Por ser uma série que adentra diretamente em um tema muito sério e muito forte dentro da nossa sociedade, eu esperava uma abordagem mais séria, mais enfática, mas em algumas partes eles deslocavam demais a atenção do ponto central da trama, o que de certa forma nos deixava mais deslocados da história que nos estava sendo contada. Forçaram um pouco em cima do alívio cômico na série, o que também tirou um pouco da seriedade de alguns pontos. Eu concordo que a trama não precisa ser 100% do seu tempo séria e inabalada, mas o alívio cômico tem que ser bem dosado e, principalmente, tem que pontuar nos momentos certos, pois tem partes que uma piada aleatória tira mais a atenção do que suaviza a cena.
Outro ponto que eu achei mal desenvolvido: a tentativa de estabelecer um arco pessoal de alguns personagens paralelamente com a história, ou seja, o fato do roteiro tentar pontuar algumas histórias pessoais fora dos acontecimentos central da trama. Eu acho muito válido esta tentativa, principalmente o arco pessoal da Maria Júlia (Maria Flor), que de certa forma traz um fôlego novo para a série, só que eu acho que poderia ter sido melhor explorado, melhor desenvolvido, tinha um potencial absurdo - quem sabe poderá ser melhor aproveitado em um segunda temporada. Já o arco pessoal do Raul envolvendo o desaparecimento da sua filha foi melhor construído, apesar de também achar que poderiam ter dado uma atenção melhor em várias partes, em vários casos que se passaram despercebidos e até acelerados demais. Mas o saldo dessa parte foi mais positivo do que negativo, principalmente com todas as revelações e descobrimentos que permeou o décimo episódio.
O elenco da série tem seus altos e baixos!
Erom Cordeiro (que recentemente assassinou a Maria Marruá no remake de Pantanal) é um ótimo ator, já o conhecia de algumas produções Globais, e de fato ele é um ator muito versátil e muito comprometido com cada personagem. Em 'Os Ausentes' Erom entrega uma atuação muito segura, que condiz com o que o seu personagem vivia naquele momento, com todos os seus traumas e sofrimentos pessoais.
Maria Flor (Cazuza - O Tempo Não Para) começa mais comedida e vai se soltando com o passar dos episódios, acredito que no começo a sua personagem (Maria Júlia) estava bem perdida e foi se achando aos poucos, principalmente quando a sua história vai sendo contada, ali ela começa a crescer de produção e sua personagem ganha mais relevância.
Augusto Madeira (Bingo - O Rei das Manhãs) é Valdir, braço direito de Raul. O personagem mais divertido, o alívio cômico da série, o grande responsável em suavizar vários momentos mais tensos, mesmo que de certa forma em algumas partes eu acho até forçada as suas piadas. Mas no geral Augusto acerta mais do que erra.
Indira Nascimento (que viveu recentemente a Janine em Um Lugar ao Sol) é Tai, uma espécie de hacker, a grande responsável em achar as pistas mais difíceis dos suspeitos ou dos desaparecidos. Uma personagem bem vaga, bem vazia, que está mais escanteada, apesar que em alguns episódios ela tem se mostrado muito versátil, e nos mostra uma outra faceta, uma outra parte da sua história que poderá render um bom arco pessoal em uma vindoura continuação.
'Os Ausentes' é uma boa série, consegue prender a nossa atenção com a abordagem em vários pontos de grande importância e relevância para a nossa sociedade, o que de certa forma é um ponto bem positivo, pois isso só nos elucida e nos evidencia o quanto estamos diante de vários acontecimentos grotescos batendo em nossas portas no dia a dia da sociedade paulistana. Pois de certa forma a série explicita e põe o dedo na ferida nas questões dos desaparecimentos e dos sequestros vividos em todo o Brasil e principalmente na cidade de São Paulo.
De fato a série apresenta vários problemas, mas o saldo final é mais positivo do que negativo. Dessa forma podemos considerar que a HBO Max estreia com o pé direito com a exibição da sua primeira série brasileira.
Com relação a segunda temporada da série, eu não vi nenhuma informação que garantisse que isso irá ocorrer. Mas na minha opinião vale muito a pena apostar em uma continuação, pois a série deixa uma brecha grande para a segunda temporada, principalmente com o desfecho do último episódio, que deixa muitas perguntas a serem respondidas. [05/05/2022]
Mare of Easttown
4.4 655 Assista AgoraMare of Easttown
Mare of Easttown é uma série limitada de drama criminal americana criada por Brad Ingelsby para a HBO. Dirigida por Craig Zobel e escrita por Ingelsby, a série estreou em 18 de abril de 2021 e foi concluída em 30 de maio de 2021, composta por sete episódios. É estrelado por Kate Winslet como a personagem-título, uma detetive investigando um assassinato em uma pequena cidade perto da Filadélfia. Julianne Nicholson, Jean Smart, Angourie Rice, Evan Peters, Sosie Bacon, David Denman, Neal Huff, James McArdle, Guy Pearce, Cailee Spaeny, John Douglas Thompson e Joe Tippett aparecem em papéis coadjuvantes.
A série foi aclamada pelos críticos, que elogiaram sua história, personagens, atuações e representação das mulheres. A série recebeu 16 indicações no 73º Primetime Emmy Awards e ganhou quatro, incluindo Melhor Atriz Principal para Kate Winslet, Melhor Ator Coadjuvante para Evan Peters e Melhor Atriz Coadjuvante para Julianne Nicholson. No Globo de Ouro a série foi indicada em Melhor Série Limitada, Série Antológica ou Telefilme, e levou a estatueta por Melhor Atriz para Kate Winslet. No SAG's a série está indicada a Melhor Ator em Minissérie ou Filme para TV para Evan Peters, Atriz para Jean Smart e Kate Winslet, e Melhor Elenco de Dublês em Série de TV.
Mare of Easttown aborda e adentra em vários pontos como o drama, o suspense, a investigação policial, a desconstrução, a descaracterização e a humanização dos personagens. A série funciona perfeitamente ao nos relatar um marcante drama familiar com bastante autenticidade e veracidade, ao nos confrontar diretamente com todos os acontecimentos que permeia todos os conflitos familiares de Mare Sheehan (Winslet). Nesse quesito a série é completamente fantástica e satisfatória, ao abordar uma protagonista que está vulnerável, deprimida, amargurada, ressentida, infeliz, perdida emocionalmente e amorosamente, tendo que enfrentar a sua profissão em seu dia a dia, ao investigar o assassinato de uma jovem e o desaparecimento de outra, em um período em que a sua vida pessoal está praticamente se desmoronando aos seus pés. Em até certo ponto o roteiro foi bem escrito (só na parte final que não me agradou e explicarei mais à frente), pois tudo que estava inserido na série nos prendia gradativamente e aguçava o nosso desejo de ir mais além e descobrir, junto com Mare, todos os acontecimentos que se passava ao redor de Easttown. Todos os temas abordados pela série são feitos de forma verossímil.
Outro ponto que eu achei curioso e me motivou cada vez mais dentro da história, foram os arcos pessoais e os dramas vividos por cada um que fazia parte daquela cidade e daquele universo. De certa forma o enredo estabelece e nos apresenta os seus personagens, logo em seguida já nos confronta diretamente com um arco pessoal de cada um que está envolvido na trama. Quanto ao arco pessoal da Mare, eu acho que foi o melhor dentro da série, pois foi bem desenvolvido, bem apresentado, feito com bastante veracidade e que nos comovia e nos causava empatia instantaneamente. Já nos coadjuvantes o roteiro peca ao tentar dar ênfase em um arco pessoal de praticamente todos os personagens. Ok, acho muito digno esta tentativa, pois isso faria nos aproximar e nos importar com às vidas de cada um ali presente (além da Mare), mas me pareceu feito às pressas e sem um aprofundamento nos personagens, me soando apenas como uma mera tentativa de abranger à todos e nos causar empatia pelo o que estava sendo mostrado no arco pessoal de cada um. Acredito que se a série tivesse mais episódios, ou uma segunda temporada, isto poderia ser muito melhor desenvolvido e nos apresentado.
Kate Winslet carrega a série praticamente nas costas, é realmente impressionante o que esta mulher faz na pele da destemida Mare Sheehan. Winslet está estupidamente bem na personagem e nos proporciona uma das mais belas atuações de sua carreira. Kate Winslet foi muito bem reconhecida e premiada no Emmy Awards e no Globo de Ouro. Jean Smart como Helen Fahey, a mãe de Mare, teve uma ótima atuação, era muito interessante aqueles confrontos de ideias e opiniões entre ela e a Mare. Evan Peters como Detetive Colin Zabel, o detetive do condado chamado para ajudar Mare. Mais uma ótima atuação dentro da série, como eu gostei da atuação do Peters, que se iniciou com um desafeto com a Mare e no final já estava adquirindo uma certa química com ela. Julianne Nicholson como Lori Ross, a melhor amiga de Mare, outra atuação grandiosa e muito bem acertada, se destacando principalmente entre as cenas que tínhamos uns diálogos bastante contundentes.
Angourie Rice (como essa atriz é linda....Meu Deus!) como Siobhan Sheehan, filha de Mare. Rice tem em suas mãos uma personagem muito interessante e que poderia render muito mais na história, dado aos seus acontecimentos, seus envolvimentos e principalmente por ser a filha adolescente (meio rebelde) que sempre entrava em constantes conflitos com a Mare (entra exatamente no ponto que eu destaquei acima, faltou desenvolver mais o seu arco pessoal). David Denman como Frank Sheehan, ex-marido de Mare, um personagem muito intrigante e que influenciava diretamente a Mare. Boa atuação de David Denman. Neal Huff como o padre Dan Hastings, primo de Mare, um padre católico e pastor da Igreja de São Miguel, que se mostrava uma figura sempre meio obscura. James McArdle como Deacon Mark Burton, um diácono católico transferido para St. Michael's após alegações de má conduta sexual em sua paróquia anterior (personagem que eu sempre tive um pé-atrás na série). O grande ator Guy Pearce como Richard Ryan, um autor e professor de escrita criativa que se envolveu com Mare, mas na minha opinião, apenas pra compor a história, sem uma grande relevância.
Cailee Spaeny como Erin McMenamin, uma mãe solteira adolescente que é maltratada por seu ex-namorado (falarei dela na barra de spoiler). John Douglas Thompson como Chefe Carter, chefe de Mare no departamento de polícia (sua melhor cena é aquela que ele afasta a Mare do cargo). Joe Tippett como John Ross, marido de Lori e primo do pai de Erin, Kenny (ao final seu personagem ganha bastante relevância na trama). Sosie Bacon como Carrie Layden, a mãe do neto de Mare, Drew, e ex-namorada do falecido filho de Mare, Kevin (outra grande atuação dentro da série, principalmente ao confrontar a Mare pelo seu filho).
Erin McMenamin foi a personagem que eu tive empatia logo em sua primeira cena, pois a sua história dentro da série me soou verdadeiramente, como várias histórias da vida real que acompanhamos diariamente ao nosso redor. Uma garota de 17 anos que se envolve com homens mais velhos, que engravida e tem que enfrentar todas as dificuldades que às suas escolhas lhe impôs, que decidi se prostituir para arrecadar dinheiro para fazer a cirurgia de ouvido do filho. Ela já é órfã de mãe e cria seu filho praticamente sozinha, além de ser maltratada em casa pelo pai e humilhada pelo ex-namorado e sua namorada atual, ou seja, a vida nunca foi fácil para Erin, principalmente pelas suas próprias escolhas. Como não trazer toda essa história para o nosso cotidiano de hoje em dia?
O primeiro episódio já é fantástico (um dos melhores de toda série), pois como destaquei acima, a Erin foi a personagem que eu me conectei instantaneamente (além da Mare, é claro), por isso me surpreendi tanto ao ser confrontado com o seu assassinato. Eu fiquei paralisado ao ver que a Erin tinha sido brutalmente assassinada logo ao final do primeiro episódio da série, e a forma como ela foi encontrada também me abalou, totalmente (ou praticamente) nua e com um tiro na testa (poxa, eu fiquei triste nessa hora). Eu não imaginava que ela seria o ponto de partida da série em relação às investigações da Mare. Uma pena, pois eu gostei muito da atuação da Cailee Spaeny e queria que ela estivesse viva em toda a série.
O quinto episódio é outro excelente, pois é nesse ponto que temos os embates e confrontos de Mare e Zabel com o sequestrador que mantinha aprisionada no sótão a Katie Bailey (Caitlin Houlahan), a garota que desapareceu de Easttown um ano antes (juntamente com uma outra garota que depois se junta à ela no sótão). Mas também é nesse episódio que temos a triste e dolorosa morte do Detetive Colin Zabel, com um tiro na testa disparado pelo sequestrador durante o confronto.
Quero deixar registrado aqui o meu descontentamento, minha desaprovação e minha frustração com a revelação do assassino da Erin McMenamin no ultimo episódio da série. É sério que a série deixou todos os plot twist para o último episódio? Realmente tinha a necessidade de inventar todos esses plot twist para revelar o verdadeiro culpado? Esta forma adotada pelo roteiro para nos revelar o verdadeiro assassino da Erin foi completamente estapafúrdia, pífia, mal feita, despreparada, desprovida de imaginação.
Não tinha a menor necessidade em um único episódio mudar o então assassino três vezes, passando pelo Billy (Robbie Tann), depois o John, pra só então tentar nos surpreender (a mim não surpreendeu, pelo contrário, me decepcionou) que o verdadeiro assassino de Erin McMenamin era o Ryan Ross (Cameron Mann), filho de Lori e John, um garoto de 13 anos.
Definitivamente esta parte foi a maior deslizada, a maior derrapada da série, pra mim uma grande falha de roteiro, poderiam muito bem ter parado e entregado que o verdadeiro assassino era o John, acho que ficaria muito mais coerente e aceitável - não gostei do final!
Mare of Easttown é uma série muito boa, muito gostosa de acompanhar, nos prende em todos os episódios e nos surpreende várias vezes. Eu gostei demais da série (mesmo com o ponto que eu destaquei na barra de spoiler), adorei os personagens e principalmente a Mare. Realmente eu não sei a probabilidade da série ganhar mais uma temporada, pelo o que li, a própria Kate Winslet revelou uma grande vontade de voltar para uma segunda temporada, e a própria HBO também não descartou esta possibilidade. Eu realmente torço muito pra que a série não termine aqui e que renda mais alguns episódios, porque o elenco é muito bom e poderiam nos proporcionar mais uma ótima temporada de Mare of Easttown. [19/02/2022]
Perdidos no Espaço (3ª Temporada)
3.8 55 Assista AgoraPerdidos no Espaço - 3ª Temporada (Lost in Space - Season 3)
"Perdidos no Espaço" foi uma série que me atraiu logo de cara, até por se tratar de um tema que eu sempre gostei de acompanhar, o sci-fi, e pensando exatamente nessa temática, a série tinha tudo pra funcionar, tudo pra dar certo, mas não foi isso que aconteceu ao longo das 3 temporadas.
A premissa da série era muito boa, até por se tratar de um reboot da série homônima que rodou nos anos 60, mas infelizmente nada aqui funciona, nada se concretiza e tudo vai por água abaixo. A série não funciona como drama, não funciona como aventura, não funciona como uma exploração, não funciona como família, é tudo muito perdido, muito bagunçado, sem coesão, sem originalidade, sem aprofundamento. O roteiro é o ponto mais falho de todas as temporadas, e aqui não é diferente. O roteiro é raso, sem desenvolvimento, desconexo, mal escrito, mal projetado, que vive tentando se achar, tentando se acertar, mas que falha miseravelmente em tudo que se propõe a fazer dentro da série.
A terceira temporada de "Perdidos no Espaço" não funciona como uma série dramática, pois ao longo dos episódios temos inúmeras tentativas de nos conectarmos com o drama de cada personagem, mas sem um aprofundamento, sem um desenvolvimento, não conseguimos se importar com ninguém, não conseguimos ter empatia por ninguém, não torcemos por ninguém. A temporada ainda falha brutalmente ao querer (mais uma vez) explorar um arco pessoal de alguns dos personagens, como uma forma de comprar a nossa simpatia, mas fica uma coisa tão desconexa, tão acelerada, tão rasa, tão fria, que chega a dar vergonha alheia. A série não funciona como aventura, pois as partes em que realmente eles são colocados em perigo, que poderia render uma grande aventura espacial, vira um total clichê, não somos surpreendidos, pois já sabemos que com a família Robinson tudo vai dar certo no final e eles não sofrerão nenhuma consequência. A série não funciona como exploração, pois temos episódios que poderiam facilmente render uma boa dose de exploração, como nos planetas, nas naves perdidas, em personagens novos (exatamente por ser uma série sci-fi), mas tudo é mal explorado, sem um objetivo claro e trazido de forma muito simples.
Até como família a série falha, pois não temos aquele laço familiar, aquele verdadeiro vínculo afetivo: que por mais que a mãe se preocupasse com os filhos, que o pai se importasse em proteger os filhos, que os irmãos se preocupassem uns com os outros, mas tudo é feito de uma forma banal, fria, sem aquela química, sem aquele carisma que realmente nos fizesse se importar com aquela família, nos preocupar com aquela família, torcer pela aquela família, que até se algum dos membros da família viesse a morrer ao final da temporada, não nos causaria nenhum impacto.
O elenco é outro ponto falho e muito desconexo dentro da trama.
Eu reclamei da Dr. Smith (Parker Posey) em todas as temporadas e aqui não será diferente. Pra mim uma personagem sem o total sentido dentro da série, que inicialmente (na temporada 1) foi colocada como uma espécie de antagonista fajuta, logo após (temporada 2) foi tachada como heroína ao final, e agora ela retorna (quando achávamos que estivesse morta) unicamente pra compor o elenco, sem a menor necessidade e totalmente perdida. É triste ver uma atriz do calibre da Parker Posey (uma das principais atrizes do cinema independente norte-americano) em um projeto tão mesquinho e com uma personagem tão perdida e desconexa (deixando bem claro que ela não teve a menor culpa, pois a sua personagem foi mal escrita e mal encaixada dentro desse péssimo roteiro).
Maxwell Jenkins passou as três temporadas tentando se achar, tentando se acertar com o personagem Will Robinson, mas não funcionou, não se achou, ao contrário, virou um personagem chato, irrelevante, vazio, que ao final ainda tivemos a tentativa furada do roteiro em comprar a nossa simpatia por ele (pelos seus acontecimentos), mas que definitivamente soou piegas demais. Toby Stephens é mais um talento desperdiçado dentro da temporada (e de toda a série). Seu personagem John Robinson até funciona como a figura de um pai, de um protetor para com a sua família, mas suas ações e suas decisões são tão confrontadas dentro da série, ao ponto de nos perguntarmos qual era o seu verdadeiro propósito ali. Toby Stephens não está bem no personagem, não entrega uma boa atuação, ao contrário, sua interpretação soa como vazia, desprovida de sentimentos e com o passar dos episódios, ela só vai esfriando cada vez mais.
Molly Parker, Taylor Russell e Mina Sundwall ainda salvam o elenco.
Maureen Robinson (Molly Parker) esteve bem nas duas temporadas anteriores e nessa terceira ela ainda se mantém praticamente no mesmo nível. Maureen sempre esteve um pé à frente dos problemas, sempre se portava como uma pessoa sagaz, astuta, inteligente, decidida, pra mim a melhor personagem dentro de toda a série. Molly Parker entrega uma boa atuação, nada estratosférico, mas consegue nos chamar a atenção pela sua interpretação. Penny Robinson (Mina Sundwall) ainda consegue manter aquela personagem que eu comecei a gostar na segunda temporada, ela vem em uma crescente e até consegue alguns destaques, apesar de achar que nessa temporada ela está mais preocupada em moldar a sua vida adolescente (relacionamentos e afins). Judy Robinson (Taylor Russell) é a segunda melhor personagem da série. É muito bom ver o crescimento da Judy dentro de cada temporada, pois na primeira ela não teve muito destaque, na segunda ela cresceu muito, e nessa terceira ela está ainda melhor. Judy é muito inteligente, muito decidida, muito perspicaz, age na hora certa, toma decisões na hora certa e se tornou uma figura de muita relevância dentro do contexto de toda série. Eu gostei muito da forma de atuar da Taylor Russell, acho que se ela escolher bem os seus papéis daqui pra frente, ela só tem a crescer cada vez mais.
Tecnicamente a série continua muito boa!
Os efeitos visuais continuam em alto nível, o CGI é muito bem trabalhado, os efeitos especiais é bem explorado (como no caso do próprio robô), a fotografia é excelente e muito bem executada em praticamente 100% do tempo, a cenografia é de cair o queixo e está totalmente perceptível em todos os cenários (principalmente dentro das naves). E por fim a trilha sonora, que agrega muito bem dentro da série e acompanha bem cada episódio (com um destaque maior para o tema de abertura da série).
No mais, "Perdidos no Espaço" era uma série muito promissora, que nos despertava diversas curiosidades sobre o tema, que nos instigava sobre a ficção cientifica que está inserida dentro da série, que possuía todos os requisitos para dar certo, mas a série se tornou melodramática, piegas, enfadonha, onde carece de ritmo, carece de imersão, e que definitivamente não deu certo e se tornará facilmente esquecida. [07/02/2022]
Perdidos no Espaço (2ª Temporada)
4.0 106 Assista AgoraPerdidos no Espaço - 2ª Temporada (Lost in Space - Season 2)
Perdidos no Espaço foi uma série que eu vi com um grande potencial lá em 2018, até por abordar um tema que eu gosto bastante, o sci-fi. A primeira temporada é bem mediana, tem seus pontos positivos como os efeitos visuais, a cenografia, a fotografia, mas por outro lado o roteiro é falho e o elenco é bem questionável.
A segunda temporada não fica muito atrás!
Em questões técnicas a série novamente dá outro show: com efeitos visuais de alto nível e com uma qualidade absurda. O CGI é bem feito, bem dosado, o que de certa forma já era de se esperar em uma série com esta temática. A fotografia é outro ponto bem relevante, se destaca em praticamente 99% das cenas. O trabalho de fotografia dessa temporada realmente impressiona, nos transmitindo a total dimensão dentro e fora da nave, e principalmente quando nos confrontamos com os planeta. A trilha sonora continua bem encaixada na série, se tornando bastante perceptível em alguns momentos (gosto muito da música tema).
Assim como na temporada anterior, o roteiro é a parte que mais me incomoda na série. Na minha opinião os três primeiros episódios da temporada 1 é aonde a série mais funciona, onde ela realmente me ganha e desperta a minha curiosidade. Aqui temos um roteiro que ora parece que vai engrenar ao buscar um rumo mais sério, mais investigativo, principalmente quando os episódios giram só em torno da família Robinson, mas ao mesmo tempo o roteiro peca novamente deixando a série melodramática demais, piegas demais, com uma narrativa em até certo ponto confusa, chega a ser cansativo de acompanhar. Típico roteiro água com açúcar, que parte do nada pra lugar nenhum. Eu acho que pelo menos nas primeiras temporadas a série deveria focar somente na família Robinson e nos seus acontecimentos, podendo até se alongar em um arco pessoal de cada um ali presente, dessa forma ficaria melhor explorada, criaria mais empatia e nos conectaria melhor com cada personagem. Porém novamente não criamos empatia por ninguém, não se importamos com ninguém, isso se dá muito pelo fato da série não conseguir criar nenhum laço, nenhum vínculo entre o personagem e o telespectador.
Tanto o roteiro quanto o elenco são os pontos mais falhos dessas duas temporadas de Perdidos no Espaço!
Como já destaquei, não criamos empatia por ninguém, pelo contrário, criamos raiva por alguns personagens e suas atitudes dentro da série. Como é o caso da Dra. Smith (Parker Posey). Eu já havia mencionado na temporada anterior e aqui novamente - que personagem totalmente sem sentido, vazia, perdida, irrelevante, uma espécie de vilã desconexa, e pra piorar nessa temporada ela parece adquirir poderes sobrenaturais de conseguir descobrir ou fazer o que ela quiser - e pasmem - no final ela ainda termina tachada de heroína.
Maureen Robinson (Molly Parker) ainda mantém a relevância da primeira temporada, ela continua sensata, sagaz, conseguindo ser a mãe e a comandante praticamente ao mesmo tempo (talvez a única personagem dentro da série que possamos criar uma certa empatia). John Robinson (Toby Stephens) se porta como a figura do pai protetor, mas no fundo é um personagem vazio e perdido, que até as suas decisões são sempre confrontadas. Will Robinson (Maxwell Jenkins) é aquele personagem promissor, como um grande potencial dentro da série, mas é outro que se perde (na verdade ele já vem perdido desde a temporada passada). Continuo achando um personagem sem propósito, sem sentido, onde sua principal preocupação é sempre o robô. Eu espero sinceramente que na próxima temporada o seu personagem ganhe mais relevância dentro da série.
Penny Robinson (Mina Sundwall) melhora bastante em relação a temporada anterior (onde sua apresentação era praticamente nula). Temos alguns episódios que ela se sobressai e se destaca positivamente - como no episódio em que ela está com sua mãe em perigo fora da nave e toma as decisões corretas. Judy Robinson (Taylor Russell) é outra personagem que não tinha muita relevância na temporada passada, mas nessa é de longe a personagem que mais cresce dentro da série e ganha mais notoriedade. Judy tem uma grande evolução, se torna uma personagem muito importante, ainda mais quando suas habilidades são confrontadas com seus medos e aflições. Temos várias cenas em que ela se destaca e nos mostra todo esse crescimento da personagem - como na cena em que ela corre contra o tempo para salvar o seu pai, e no décimo episódio quando ela é designada como a capitã e responsável da nave.
Havia alguns rumores que a série poderia ganhar uma quarta temporada, mas ao que tudo indica e pela a afirmação da própria Netflix, a temporada 3 é de fato a última da série. Definitivamente eu acho que não teria a necessidade da série se esticar por mais temporadas, mesmo achando que seu conteúdo ainda poderia ser melhor explorado.
Eu vou acompanhar a terceira temporada unicamente pra fechar a série, mas confesso que já perdi a empolgação com 'Perdidos no Espaço'. [02/01/2022]
O Conto da Aia (4ª Temporada)
4.3 428 Assista AgoraThe Handmaid's Tale (Season 4)
Definitivamente as únicas temporadas que são obras-primas são as temporadas 1 e 2. A partir da terceira a série começa a dar uma caída e nessa quarta ela cai ainda mais.
Sendo a primeira temporada que a June (Elisabeth Moss) consegue finalmente deixar Gilead, eu particularmente esperava uma temporada melhor do que de fato foi entregue. Esta quarta temporada falha no mesmo erro da terceira, que é exatamente no roteiro. Novamente temos episódios maçantes, cansativos, aquele clássico 'encheção de linguiça' que não agregam em muitas coisas dentro da temporada. O roteiro tenta puxar alguns arcos pessoais de alguns personagens unicamente para ganhar tempo e compor mais episódios, mas de fato não vejo como algo muito necessário, uma vez que os arcos pessoais de alguns personagens foram muito melhor desenvolvidos nas temporadas passadas.
As partes que envolvem o casal Waterford (Joseph Fiennes e Yvonne Strahovski) eu achei sem desenvolvimento, claramente uma parte aonde o roteiro se perde um pouco. Tive alguns problemas com alguns personagens dentro dessa temporada, que é o caso do Nick Blaine (Max Minghella), que mesmo tentando compreender seus reais motivos e o que o levou a seguir o caminho que seguiu, eu não consegui comprar esta parte. O Comandante Joseph Lawrence (Bradley Whitford) é outro que me decepciona bastante em relação a sua terceira temporada, o típico personagem que é fácil pegar ranço.
Por outro lado esta temporada tem seus pontos positivos: como a trilha sonora, que está simplesmente excelente. De fato a trilha sonora dessa temporada está entre as melhores de toda a série. Em questões técnicas a série continua dando um show. Como na fotografia que novamente nos encanta com tamanha beleza e perfeição. A cenografia, ambientação, cenários, direção de arte, tudo completamente impecável. A direção de cada episódio também merece destaque, como os episódios que a própria Elisabeth Moss dirige. Dentre esses eu destaco o episódio 8 (meu preferido), onde temos uma das melhores partes de toda temporada, quando June dar seu emocionante depoimento contando com uma incrível quebra da quarta parede.
Elisabeth Moss já domina a sua personagem desde a primeira temporada, e a cada episódio ela simplesmente nos proporciona uma atuação do mais alto nível de entrega e perfeição. Apesar que nesta temporada eu comecei a me incomodar um pouco com a sua personagem. Na primeira e na segunda temporada nós víamos uma June/Offred mais submissa. Na terceira temporada (como Ofjoseph) esta submissão começou a dar espaço para a imposição. Já nessa quarta temporada a June está completamente no modo ataque, o que de fato achei bastante plausível, uma vez que a própria temporada a obrigue a ser/estar assim. Mas o fato da sua personagem ter se tornado o ser supremo dentro da série começou a me incomodar, onde o mundo gira ao seu redor, tudo gira ao seu redor. Como o fato dos inúmeros e desnecessários focos de câmeras em seu rosto, onde ela expõe aquela cara com um ar completamente superior (quase como um deus), como se tudo que ela planejasse fazer fosse dar certo e ninguém fosse capaz de impedi-lá. Acabou me soando previsível demais.
Joseph Fiennes traz mais uma vez a sua atuação na pele do Comandante Fred Waterford com bastante maestria. Assim como a Yvonne Strahovski, que dar novos ares para a sua personagem Serena Waterford, a contar sobre os seus acontecimentos que estão por vir na temporada 5. De fato o casal Waterford tiveram seus destaques e suas relevâncias dentro da temporada, tanto pelo ocorrido com Fred, quanto pelo o que ainda irá ocorrer com a Serena, mas eu particularmente ainda considero a temporada 2 como a melhor temporada do casal.
Alexis Bledel (Emily) está bem mediana nessa temporada, ela já teve uma relevância muito maior em suas temporadas passadas. Madeline Brewer (a Janine que eu amo de paixão) tem uma certa importância e um certo destaque dentro da temporada, em alguns episódios dividindo até o protagonismo com a Elisabeth Moss (estou muito curioso pelo o que virá acontecer com a sua personagem na próxima temporada). Ann Dowd entrega mais uma ótima temporada, a contar com os ocorridos que acometeram sobre a Tia Lydia nessa temporada e os que ainda ocorrerão na próxima.
O. T. Fagbenle (Luke Bankole) começa de fato mostrar sua maior relevância dentro da série e acredito que na temporada 5 ele trará a sua melhor apresentação. Já Samira Wiley (Moira Strand) volta a ter um destaque e uma certa relevância dentro da série como já havíamos acompanhado no passado (principalmente na temporada 1). Uma grata surpresa foi a entrada de Mckenna Grace como Esther Keyes. Uma personagem que se impôs ao início, mas que ao final se mostrou submissa, porém ainda muito letal.
A temporada 4 de The Handmaid's Tale não é inteiramente ruim (longe disso), mas na minha opinião ela está abaixo de todas temporadas passadas. Tem muitas coisinhas que me incomodaram bastante nessa temporada que fica até difícil apontar todas aqui. Como o fato do ocorrido com o Comandante Fred Waterford, que eu achei muito bom, mas muito previsível. Claramente o roteiro perde a mão em alguns episódios e em alguns fatos.
Particularmente eu não sei qual o rumo que a série tomará daqui pra frente, até porque eu não sei quantas temporadas mais eles farão até o encerramento da série. A quinta temporada já está confirmada, mas será que a série ainda consegue render em alto nível até a sexta ou a sétima? Eu amo The Handmaid's Tale de paixão, sem nenhuma dúvida é uma série que sempre estará entre as melhores séries que eu já assisti na vida. Mas confesso que eu tenho um certo medo da série adotar o caminho que várias séries adotaram ultimamente, que é usar a força e o peso do nome unicamente para lucrar, esticando a série cada vez mais sem um propósito e sem necessidade, quando já não existe nenhum roteiro no mínimo coerente.[08/07/2021]
Chernobyl
4.7 1,4K Assista AgoraChernobyl
Uma minissérie espetacular, uma verdadeira obra-prima. É aquela típica minissérie que te prende a cada minuto, a cada episódio, que te obriga a querer saber cada vez mais o que vai acontecer adiante.
Uma minissérie muito bem elaborada e arquitetada, onde somos confrontados com todos os acontecimentos que ocorreram logo após a explosão da usina nuclear. Nos mostrando o interior das discussões políticas envolvendo a falha humana, além é claro, o confronto com o lado humano da história e tudo que acarretou de consequências para a humanidade.
É realmente uma minissérie primorosa, que aguça a nossa mente a querer saber mais da história verdadeira, que nos impulsa a pesquisarmos sobre o caso. Cada episódio era muito bem dirigido e apresentado, tinha uma fotografia e uma trilha sonora muito presente em cada cena e em cada acontecimento. Não posso deixar de mencionar as atuações, que estavam perfeitas, ao ponto de nos perguntarmos se realmente eram atuações ou personagens reais. Um verdadeiro show!
Uma verdadeira aula de como se faz uma belíssima minissérie!
Uma verdadeira obra-prima do primeiro ao quinto episódio!
E fica a dica pra quem curte uma minissérie com uma história real muito bem elaborada.
[16/05/2021]
13 Reasons Why (4ª Temporada)
2.8 198 Assista Agora13 Reasons Why (4ª Temporada)
É de longe a pior temporada de uma série que deveria ter acabado na primeira. É muito claro o estrondoso sucesso que a primeira temporada alcançou, baseado nisso seguiram com outras temporadas, o que de fato serviu unicamente para encher os bolsos.
A primeira temporada é boa (dentro do que a série se propõe a fazer). A segunda é ok. A terceira é muito boa (funciona bem se desligarmos um pouco da linha principal da série). Já esta quarta temporada é muito ruim, mal elaborada, mal dirigida, mal pensada, realmente uma encheção de linguiça. Não serviu sequer para dar um final justo para os personagens e para a série.
O que de certa forma eu já esperava desde que anunciaram uma continuação a partir da segunda temporada. [22/04/2021]
O Conto da Aia (3ª Temporada)
4.3 596 Assista AgoraTHE HANDMAID'S TALE (season 3)
The Handmaid's Tale é uma série que eu aprendi a amar desde o primeiro episódio da primeira temporada. A primeira e a segunda temporada são obras-primas, obras de artes das séries, uma completa a outra, chegando à um nível de perfeição absurda que eu nunca vi anteriormente em uma série. Então, nessa temporada eu esperava que mantivesse o mesmo nível das anteriores, que andasse na mesma linha com os relatos que estavam por vir, e não é bem assim que acontece. Claramente esta temporada de The Handmaid's Tale é inferior se comparada com as anteriores, ela não consegue manter o mesmo brilho, não conversa na mesma língua. Pela primeira vez a série deu uma pequena caída.
A temporada não é ruim (muito longe disso), até porque ela se mantém na mesma linha cronológica, com uma continuação direta do final do último episódio da segunda temporada (visto as últimas decisões tomadas ao término da temporada 2). Mas na minha opinião a temporada se arrasta demais em cima do mesmo assunto, que pra quem assistiu a temporada 2 vai saber o real motivo que levou a June (Elisabeth Moss) a tomar a decisão que tomou. Concordo com os motivos que levou a June de volta para Gileade e até a decisão que ela tomou em conseguir salvar o máximo de pessoas que ela conseguisse (com as ajudas que ela teve). Mas ai que entra o ponto em questão, que pra mim pela primeira vez a série deixa de ser surpreendente e passa a navegar na mesmice, deixando alguns episódios um tanto quanto monótono. Acho todo o enredo idealizado para a temporada 3 plausível e eu como um grande fã da série comprei esta ideia. Mas acho que a sua construção não foi bem feita, não foi bem transportada para as telas, ficou faltando mais ambição, e não navegar no mesmo assunto em vários episódios esperando a construção final.
Se por um lado eu achei que a temporada demora para engrenar, por outro ela tem pontos muito positivos, que não podemos deixar passar. Como os acontecimentos que transcorre com o casal Waterford, que de certa forma nos dar um pequeno prazer. Pelo menos pra mim o prazer maior foi pelo Comandante Fred Waterford (Joseph Fiennes), já a Serena Joy (Yvonne Strahovski) é um caso difícil pra mim, já que em vários momentos ela é coagida e em outros ela é venenosa, então pra mim é difícil impor uma decisão final. Temos episódios que se sobressai, como no oitavo, onde somos confrontados com um arco pessoal da Tia Lydia (Ann Dowd) que nos surpreende (e muito). Este episódio em específico é um dos melhores de toda temporada, pois pela primeira vez somos apresentados para um lado da personagem que jamais imaginávamos, visto a criatura cruel e perversa que ela se transformou. O último episódio sem nenhuma dúvida é o melhor de toda temporada. Um episódio forte, perturbador e intragável em algumas partes, e solidário e emocionante em outras. Destaco a cena final do avião chegando no aeroporto no Canadá, onde realmente eu cheguei a soluçar segurando as lágrimas.
Elisabeth Moss continua incrível na personagem e a cada temporada, a cada episódio ela só cresce e nos surpreende cada vez mais. A terceira temporada da Elisabeth está impecável e se mantém no mesmo nível das anteriores (diferente da série). Se na primeira temporada tínhamos uma Offred/June bem submissa, na segunda ela já começa a diferir e nessa terceira ela deixa totalmente de lado a submissão e parte para o modo ataque. Foi um dos pontos que eu mais gostei na personagem, essa mudança de postura, esse encorajamento e empoderamento feminino, que elevou ainda mais o seu nível de atuação e interpretação dentro da série. Elisabeth Moss é de fato um dos principais pontos que me fez amar esta série, o nível da sua atuação e a sua entrega à personagem é algo tão estratosférico que chega a assustar de tamanha perfeição. Já falei em outras ocasiões e volto a repetir: pra mim é de longe o seu melhor trabalho da carreira.
Tirando a personagem da Elisabeth Moss que continua tendo um destaque gigante e por motivos óbvios, todos os outros personagens dentro dessa temporada estão mais comedidos em relação as temporadas anteriores (pelo menos na minha opinião).
Yvonne Strahovski por exemplo vem de uma temporada completamente impecável, onde ela praticamente dividiu (ou pelo menos quase) o protagonismo com a Elisabeth Moss. A segunda temporada da Serena Joy foi a melhor dentro de toda série até hoje, e a Yvonne Strahovski deu show de atuação e interpretação, ganhando indicações à premiações. Nessa temporada ela traz mais um grande trabalho e nos entrega belíssimas atuações, como nos últimos episódios no Canadá, onde sua personagem cresce notavelmente dentro da série e nos apresenta um outro lado da Serena Joy que não estávamos acostumados. Mas de fato e, claro, muito por conta do roteiro e das decisões tomadas para esta temporada, sua personagem dá uma regredida em relação a temporada 1 e principalmente da temporada 2.
O mesmo caso se aplica ao personagem de Joseph Fiennes, que pra mim também esteve melhor nas temporadas passadas. Mas de qualquer forma nessa temporada ele tem seus destaques, principalmente nos últimos episódios (assim como a Yvonne Strahovski), onde ele se mostra submisso porém ainda muito letal (vejamos isso nas temporadas seguintes).
Alexis Bledel (Emily Malek) e Madeline Brewer (Janine / Ofoward) também estão bem comedidas nessa temporada, eu diria que faltou espaço para ambas e obviamente por conta da história trazida para esta temporada. Alexis Bledel tem um começo interessante, sendo que no meio da temporada ela até tem uns destaques quando nos apresenta o seu arco pessoal, mas daí em diante ela é colocada em segundo plano. Já Madeline Brewer (personagem que eu amo de paixão assim como a June) tem mais espaço e mais destaque chegando ao final da temporada. Mas de qualquer forma as duas juntas não tiveram a mesma relevância das temporadas passadas.
Ann Dowd traz sua figura odiosa mais uma vez, só que dessa vez ela nos surpreende (como já destaquei acima). Como a perversa Tia Lydia já estamos acostumados com a sua atuação de altíssimo nível, porém nessa temporada, mesmo com o pouco espaço de tela, ela consegue ir mais além. Ann Dowd é uma belíssima atriz! O. T. Fagbenle (Luke Bankole) e Samira Wiley (Moira Strand) tem suas importâncias dentro da temporada, porém nada a se destacar notavelmente. Max Minghella (Nick Blaine) me surpreende por ser esquecido dentro da temporada, mas de certa forma tivemos uma revelação bombástica que o envolve, e com certeza será trazida para a quarta temporada.
Um outro grande destaque dentro dessa temporada foi o Comandante Joseph Lawrence (Bradley Whitford). Ao final da temporada passada já havíamos ficado curiosos com o seu personagem, e agora que já acompanhamos o desenrolar da sua história nessa temporada, estamos mais uma vez curiosos pelo o que está por vir. Pra mim o Comandante Lawrence é uma figura que amo e odeio, ou pelo menos às vezes concordo com suas decisões, às vezes não. Julie Dretzin (Eleanor Lawrence) foi uma personagem que eu simpatizei bastante nessa temporada, principalmente por render capítulos amáveis com a Ofjoseph (Moss) e outros nem tanto assim. Mas no fim eu gostei bastante do seu trabalho na temporada.
Em questões técnicas a série sempre deu um show e nessa temporada não seria diferente. Direções de cada episódio perfeitas, cenografia, direção de arte estupenda. Trilhas sonoras impecáveis, fotografias sempre muito bem dedicadas. Nesses quesitos a temporada 3 de The Handmaid's Tale continua em altíssimo nível e nos entrega cada vez mais trabalhos exorbitantes.
Tirando a parte do roteiro dessa temporada, que foi algo que eu questionei bastante e de certa forma é o principal motivo pela pequena caída que a série deu. The Handmaid's Tale continua sendo uma série maravilhosa, continua me empolgando, continua me despertando aquele sentimento de amor, empatia, solidariedade, juntamente com o ódio, a repulsa e o temor. É de fato uma série que consegue unir esses sentimentos em um único episódio, chegando no seu ponto sublime e singular. Sem dúvidas nenhuma continua sendo a melhor série que eu já assisti na vida.
Infelizmente no mês passado tivemos a triste porém necessária notícia que a quarta temporada da série foi adiada para 2021. É realmente uma pena, pois eu já estava cheio de empolgação e vontade de conferir a temporada seguinte. Mas teremos que aguardar até o ano que vem. [15/07/2020]
O Conto da Aia (2ª Temporada)
4.5 1,2K Assista AgoraTHE HANDMAID'S TALE (season 2)
A primeira temporada de The Handmaid's Tale foi surpreendente, algo totalmente novo para mim, nunca tinha assisto e presenciado nada parecido. Como já comentei na primeira temporada, The Handmaid's Tale é a melhor série que eu já assisti na vida, uma obra-prima das séries.
É difícil encontrarmos uma continuação de uma série, um filme, ou uma obra que consiga manter o mesmo padrão em relação ao anterior. É incrível mas a segunda temporada de The Handmaid's Tale consegue esse feito e mantém o mesmo nível da primeira e até supera em alguns pontos. Na primeira temporada conhecemos a história da June Osborne / Offred (Elisabeth Moss), nos deparamos com a 'República de Gileade', e mergulhamos naquele governo dominado por uma facção católica que impunha um regime totalitarista (algo que me deixou de boca aberta do primeiro ao último episódio). Ao final do último episódio eu fiquei completamente perplexo, por imaginar o que viria na segunda temporada.
A segunda temporada eleva ainda mais a série, consegue atingir um ápice inimaginável, nos conduz a sequências avassaladoras. Novamente somos confrontados com a história da vida de Offred, só que dessa vez é bem mais pesada e incômoda. Como o fato dos espantosos 'estupros ritualizados', o que levou Offred a engravidar, e nesse ponto a série cresce absurdamente, ao nos mostrar uma Offred submissa (como na primeira temporada), porém uma submissão sofrida e rejeitada. Aqui Offred consegue feitos inimagináveis, que mesmo com toda submissão que lhe era imposta nos domínios do comandante, ela consegue sair do modo defesa e partir para o modo ataque. A série se engrandece em mostrar uma protagonista sofrida e submissa, mas que decide enfrentar o que lhe era imposto, conseguindo ir longe demais, conseguindo coisas que nenhuma "AIA" teria coragem de enfrentar pra conseguir. Temos vários episódios que nos mostra esse crescimento e essa atitude de Offred. Como bater de frente com o comandante Fred Waterford (Joseph Fiennes), e as várias farpas trocadas com Serena Waterford (Yvonne Strahovski). Um ponto que na minha opinião contou muito pra segunda temporada elevar ainda mais o nível da série.
The Handmaid's Tale é uma série que me incomoda demais, por ser espantosamente doentia, perversa, repugnante, odiosa, que necessariamente nos desperta a raiva, a ira, a tristeza, a compaixão, a empatia, o amor, um sentimento de proteção. Era como se de alguma forma eu quisesse entrar nas histórias daquelas mulheres e às defendê-las. Nesse quesito a série é absurdamente bem feita e bem transportada para as telas, quando nos deparamos com esses sentimentos aflorados unicamente por estar ali acompanhando cada episódio. A série continua cada vez mais eficaz por tocar em pontos muito importantes: como a posição da mulher na sociedade, a submissão pela qual elas são obrigadas a passarem. O machismo e o extremismo que está incrustado na sociedade. A forma como as leis dos governos são ditadas para todos e são enfiadas goela abaixo - ainda muito parecido com os dias atuais.
O coração da série é o elenco (assim como havia sido na primeira temporada). Temos destaques maiores e outros menores, porém todos entregam os trabalhos de suas vidas, um elenco completamente perfeito.
Elisabeth Moss (Mad Men/Nós) eleva a sua personagem à um nível inigualável. Se na primeira temporada ela se apresentou de forma perfeita, aqui eu não tenho um adjetivo pra colocar. Offred é novamente o grande destaque da série, ela mantém a sua postura sofrida porém agora com uma expressão e um olhar de alguém que passa 100% do seu tempo planejando alguma coisa ou algum ataque. Uma Offred mais madura, mais decidida, mais astuta, mais empenhada, e que luta sem medir esforços para conseguir o que deseja. Novamente Elisabeth Moss reina com muita maestria, chama pra si todas as atenções, nos entrega mais uma atuação muito bem performada, com uma carga dramática muito grande e mais uma verdadeira entrega à personagem. Muito justas as suas indicações no ano passado ao Globo de Ouro, ao Sags e ao Critics’ Choice na categoria Melhor Atriz em Série de Drama.
Yvonne Strahovski (Dexter/24horas) tem um crescimento absurdo em relação à primeira temporada. Agora a Serena tem muito mais espaço na trama, tem episódios focados nela, que nos mostra sua vida antes de tudo isso acontecer e nos confronta com seu arco pessoal, que por sinal é um dos mais fortes da série. Yvonne eleva muito a sua atuação na pele da Serena Waterford, que com apenas um olhar ela conseguia nos transmitir sua dor e sua submissão, de alguém que clama por socorro das garras do comandante. Por outro lado observamos o crescimento de sua personagem ao enfrentar as medidas imposta pelo governo de Gileade e principalmente pelo seu marido. Sempre se mostrando uma figura segura de si, que não se abalava com nada, como se fosse a mulher mais feliz do mundo em seu casamento de regras, mas por outro lado ela é apenas mais uma ser humana presa naquele regime totalitarista e machista. Destaco vários episódios que Yvonne Strahovski dá um verdadeiro show de atuação: Como no episódio que ela revisita seu passado. Quando ela enfrenta o comandante em relação ao bebê que estava prestes à morrer. E o ápice é ao último episódio, quando ela decidi tomar frente da política das esposas de Gileade, comprando uma briga com o regime por querer lutar pelos direitos de seus filhos no futuro (decisão que ela sentiu na pele as consequências). Sensacional - Yvonne Strahovski esteve indicada ao Globo de Ouro 2019 na categoria Melhor atriz coadjuvante em série, série limitada ou filme para TV. No Critics’ Choice Awards em Melhor Atriz Coadjuvante em Série de Drama. Justíssima por sinal!
Joseph Fiennes (Shakespeare Apaixonado) também tem um notório crescimento nessa temporada. O todo poderoso comandante Fred Waterford se mostrava como uma figura de um "deus" perante todos naquela casa. O líder doentio, repugnante, asqueroso, maléfico, que passava por cima de tudo e de todos, sedento por poder, sem respeitar nenhum limite, nem com sua esposa e muito menos com Offred. Uma atuação impecável de Joseph Fiennes, que também elevou seu personagem da primeira temporada. Joseph Fiennes foi lembrado pela sua magnífica atuação somente no Sags Awards 2019 na categoria Melhor Ator - Drama.
Max Minghella (A Rede Social) é outro que também se destaca muito nessa temporada, com uma atuação muito segura, que ora se passava como o cão de guarda do comandante, e ora com aquela expressão de submissão, sem poder fazer nada e só observar tudo acontecer ao seu redor. Nick Blaine é responsável por várias reviravoltas na vida de Offred, e como é gostoso observar aquele casal proibido, mais ainda no episódio final, quando ambos estão com a pequena Holly nos braços. Ann Dowd (Hereditário/Beleza Oculta) tem mais uma grande atuação mantendo aquela figura de carrasco perante as Handmaid's (outra personagem que me dava repulsa só de olhar em cena, mas confesso que gostei do que aconteceu com ela no último episódio). Alexis Bledel (Loucos por Dinheiro) nos traz aquela Emily que simpatizamos na primeira temporada, só com um pouco menos tempo de tela, porém ela entrega mais uma bela atuação (destaque para o episódio que ela desperta o amor e a compaixão de mãe perante sua filhinha doente). Madeline Brewer (Black Mirror) tem mais crescimento e notoriedade do meio para final da temporada, chegando ao ápice de sua performance no último episódio. Quando Janine tem uma cena um tanto quanto surpreendente e totalmente inesperada com a tia Lydia, e mais precisamente na última cena do episódio junto com Offred. Samira Wiley (Orange Is the New Black) não teve tanto destaque nessa temporada e assim como O. T. Fagbenle (do vindouro Viúva Negra) ficaram mais separados no Canadá, entrando em cena em poucos episódios (acho que eles terão mais relevância na terceira temporada).
Tecnicamente a segunda temporada de The Handmaid's Tale é perfeita, tudo muito bem elaborado e trabalhado para transpor para a tela com a maior perfeição possível. Como a direção de arte, que está completamente satisfatória, com tudo muito bem montado que nos dava a exata dimensão do que estava sendo apresentado, tanto em ambientes abertos quanto fechados. A fotografia é outro grande destaque, que saltavam aos nossos olhos em todos os episódios. Com aquele contraponto dos tons coloridos com os tons escuros, onde cada cor presente nos enquadramentos das fotografias nos apresentava algo. A cenografia e a ambientação está excelente. A trilha sonora de cada episódio conseguia nos transmitir exatamente o que estava sendo mostrado em cena, ela completava de diversas formas, até com mais descontração e com mais tensão. A direção de cada episódio também merece destaques. Todos os diretores/diretoras estavam confiantes em seus trabalhos, e assim conseguiram nos entregar tomadas de cenas e focos de câmeras com a maior precisão possível. Era algo que fazia toda uma diferença, afinal de contas estávamos sendo confrontados quase que 100% do tempo com cenas que lhe exigiam mais precisão dos trabalhos de câmeras (destaco a cena final do último episódio, onde o foco final fecha no enquadramento do rosto de Elisabeth Moss, nos mostrando uma figura quase que irreconhecível, dada as circunstâncias pela a qual estava submetida a passar naquele momento).
O final dessa temporada eu consegui me surpreender e gostar ainda mais, por nos mostrar um final totalmente inesperado, que ninguém estava esperando aquela reação e aquela atitude de Offred na última cena. O que nos desperta ainda mais tensão e curiosidade sobre a terceira temporada (que vou conferir muito em breve). Na temporada de premiações do ano passado a série não foi bem lembrada, como havia sido em 2018, quando ganhou tudo que foi indicada. Sendo esnobada no Globo de Ouro e no Critics’ Choice Awards, sendo lembrada apenas no Sags Awards na categoria Melhor Elenco - Drama.
The Handmaid's Tale é uma série que eu tenho um carinho muito especial, por se tratar do peso que a série carrega e a importância que ela nos passa. É uma série forte, que nos incomoda e ao mesmo tempo nos impressiona, chegando até a nos maravilhar em algumas partes. Com certeza continua sendo a melhor série que eu já tive o prazer de assistir na vida. Uma obra de arte, uma pérola, uma obra-prima das séries, que qualquer ser humano que se preze deveria assisti-la. [04/05/2020]
13 Reasons Why (3ª Temporada)
3.1 231 Assista Agora13 Reasons Why (Season 3)
A primeira temporada de 13 Reasons Why foi interessante, era o começo de tudo e ali estávamos sendo confrontados com toda história de Hannah Baker (Katherine Langford). As fitas com os 13 motivos do seu suicídio, toda história que acompanhava cada personagem dentro da série, em um certo momento a série até tentou abordar temas mais relevantes e atuais. Portanto, a primeira temporada dividiu muitas opiniões e eu até que gostei. Já a segunda temporada foi muito maçante e cansativa de se acompanhar. Como a própria Hannah Baker já tinha se suicidado na primeira temporada e suas fitas já tinham sido entregues para cada um (como o próprio desejo dela). Ao meu ver a série já tinha tomado um rumo final, e toda aquela história criada a partir do depoimento de cada um buscando por um culpado, me soou muito vazio. Então, pra mim a segunda temporada é bem desnecessária.
Como toda série que alcança um certo sucesso em sua temporada de estreia, jamais a produtora deixaria de lado e com certeza apostaria em mais temporadas, mesmo soando como caça-níquel. E apostando exatamente nesse ponto, a Netflix lançou esta terceira e já confirmou um quarta temporada, que já estaria sendo filmada se não fosse pelo momento em que o mundo vive pela pandemia do 'coronavírus'.
Se a primeira temporada eu até que gostei, a segunda eu achei desnecessária pelo fato de passarem a temporada inteira caçando um culpado no tribunal, esta terceira por incrível que pareça eu gostei bastante.
Mesmo usando personagens e ligações com a temporada 1 e 2, se separarmos esta terceira como uma série aleatória ela funciona muito bem. Achei interessante o roteiro dessa temporada, os motivos criados encima de Bryce Walker (Justin Prentice) envolvendo tudo que ele causou à cada personagem, mostrando toda desconstrução do personagem e até sua possível redenção. Como o foco principal da série era a morte/assassinato do Bryce, eu achei um enredo bastante intrigante e ficou aceitável (mesmo achando mais aceitável durante o começo e meio da temporada, porque ao final já deixa de ser aceitável para questionável). A série toma um rumo mais sério e coloca um tom investigativo que encaixa muito bem e funciona. Os personagens tomaram formas até mais adultas, nesse ponto eu acho que o roteiro acertou em cheio, em mostrar o crescimento de cada um e um arco pessoal de cada um bem explorável, que ora mostrava um crescimento e ora mostrava uma desconstrução.
Por outro lado esta terceira temporada tem alguns problemas. Como várias pontas soltas e furos ao longo da série e que ao final não deram a miníma para explicarem. Algumas ligações amorosas que o roteiro fez questão de voltar do passado, como no caso de Justin Foley (Brandon Flynn) e Jessica Davis (Alisha Boe), que pra quem já assistiu a primeira e a segunda temporada vai entender que esta ligação dos dois é no mínimo intragável (mas vai entender a cabeça dessas garotas né). Acho que o final e principalmente o desfecho final do assassino de Bryce Walker deixou a desejar. Pra mim o roteiro fez tanta questão de ocultar o assassino e levantar suspeitas encima de todos os alunos durante todos os episódios, que ao final já estava meio perdido e deu um fechamento ilógico, ou no mínimo pouco aceitável. É bem perceptível o quanto o roteiro se perde ao final, por querer impressionar ao desvendar o verdadeiro culpado, que ora culpava um, depois já mostrava acontecimentos que ligava a outro e no fim tenta surpreender mostrando o "talvez" verdadeiro culpado. Pra mim soou como um roteiro perdido tentando se achar às presas, do que algo surpreendente como eles achavam que seria.
Dessa vez eu achei o elenco muito mais bem aproveitado do que anteriormente, e eles deram conta do recado, tiveram um crescimento bem perceptível em relação as temporadas passadas.
Dylan Minnette pela primeira vez me chamou a atenção, foi a melhor apresentação do Clay Jensen em todas as temporadas. A entrada na série de Grace Saif ficou boa, uma clara menção ao lugar que antes era ocupado por Hannah Baker, até por se tratar da nova narradora dos episódios e sua ligação direta com Clay Jensen. "Ani" Achola deu um novo ar para a série e sua personagem era bastante intrigante durante toda história. Alisha Boe teve a sua melhor apresentação em toda a série, ao nos mostrar uma Jessica Davis que travava uma luta diária contra o estupro, ao confrontar seus medos e suas realizações, com um arco pessoal muito forte. Christian Navarro também está melhor nessa temporada, um Tony Padilla mais aguerrido, mais decidido e astuto, funcionou muito bem na série. Assim como a Alisha, Brandon Flynn nos entregou um Justin Foley melhor explorado, melhor aproveitado na série, que se mostrou fraco com seus vícios, porém forte ao enfrentá-los (outro que teve um arco pessoal muito forte).
Justin Prentice pra mim é o melhor dessa terceira temporada (como já havia sido na segunda). Dessa vez ele surpreende ao nos entregar um Bryce Walker que tem como ponto principal a sua desconstrução e sua descaracterização (em relação a primeira e a segunda temporada). Quebrando regras e barreiras, nos mostrando como o ser humano pode ter o dom do arrependimento e pode ter a sua redenção, mas por outro lado é muito difícil a sociedade acreditar e aceitá-lo novamente. Miles Heizer teve um Alex Standall mais contido nessa temporada, acho que ele foi um pouco mais aproveitado no final da primeira temporada. Devin Druid pra mim é o segundo melhor, ficando atrás apenas de Justin Prentice. Tyler Down já esteve muito bem na segunda temporada (mais precisamente nos últimos episódios), e aqui ele consegue está ainda melhor. Realmente impressiona a forma como ele atua na pele do Tyler, mostrando toda sua rejeição e sofrimento, que culminava com seu ódio e sua ira por tudo que ele passou (belíssima atuação de Devin Druid). Ross Butler está mediano, acho que na primeira e na segunda temporada ele conseguiu se desenvolver melhor. Aqui Ross entrega um Zach Dempsey que começou com um sentimento solidário com a Chlöe Rice (Anne Winters) e terminou com uma figura que pra mim não ficou muito verdadeira, mesmo entendendo os reais motivos que o levou a isso. Outro destaque na série foi Timothy Granaderos como Montgomery de la Cruz, personagem muito bom e importante para o desenrolar de toda a história. Timothy teve uma atuação muito boa e muito convincente.
13 Reasons Why (Season 3) pode até ser considerada como uma boa temporada, que na minha opinião funciona muito melhor se assistirmos como uma série qualquer e livre de amarras das temporadas passadas. Tem seus pontos positivos e tem seus pontos negativos, mas que ao final o saldo é bastante positivo, muito por conta do elenco, que dessa vez estiveram muito melhor e entregaram melhores atuações. O que de certa forma me anima e desperta a minha curiosidade quanto a quarta temporada, que definitivamente não sabemos quando irá ocorrer. [03/05/2020]
O Conto da Aia (1ª Temporada)
4.7 1,5K Assista AgoraTHE HANDMAID'S TALE - O Conto da Aia (season 1)
The Handmaid's Tale é uma produção da MGM com parceria da HULU (um serviço de streaming americano), sendo lançada em 26 de abril de 2017. A série foi criada por Bruce Miller, baseado no romance homônimo de 1985 da escritora canadense Margaret Atwood sobre a distopia de "Gileade".
A história se passa em um futuro distópico onde os Estados Unidos se transformaram na República de Gileade, sendo dominada por uma facção católica, cujo governo impõe um regime totalitarista, onde as leis são baseadas no antigo testamento. Dentro desse universo as mulheres estão quase todas inférteis, por causa da poluição e das doenças sexualmente transmissíveis. As poucas mulheres férteis que restaram são aprisionadas em um regime e passam a serem denominadas por "AIA" (uma mulher cuja sua única função é procriar). Nesse contexto está Offred (Elisabeth Moss), que é entregue ao Comandante para ser a nova Aia (Handmaid) da casa.
The Handmaid's Tale é a coisa mais magnífica e esplendorosa que eu já assisti na vida, também é a coisa mais triste, repugnante e odiosa que eu já vi na vida. Uma série forte, pesada, incômoda, doentia, que nos causa repulsa e nos confronta diretamente com temas atuais, como o caso da colocação da mulher na sociedade, se tornando uma série muito importante e que precisa ser vista por todos atualmente. Somos apresentados para uma sociedade completamente machista, em que as mulheres são usadas apenas como meios de reprodução, como o tema de uma celebração. Inclusive, as roupas das Aias – como o chapéu de longas abas e a roupa vermelha que cobre o corpo inteiramente – é um dos símbolos de repressão dessa sociedade distópica representada na trama.
A série mostra um governo em guerra que quer impor uma teonomia cristã com o intuito de restaurar a paz, se baseando inteiramente na Bíblia (com várias citações a passagem Bíblica de Jacó com sua esposa que não podia engravidar, e sua irmã). Uma sociedade dominada por líderes sedentos pelo poder, ditando regras sobre um governo militarizado, hierárquico e fanático, cuja as mulheres são brutalmente subjugadas, onde não possuem o seu direito do livre-arbítrio, como trabalhar, possuir suas propriedades, controlar o seu dinheiro e até mesmo ler. Uma interpretação do mais alto escalão do machismo e do extremismo, onde as mulheres são impostas às casa dos líderes de governo unicamente para servi-los, sendo submetidas a espantosos "estupros ritualizados" com a intenção de gerar um bebê para seu mestre e consequentemente para as suas esposas inférteis (uma das cenas de maior perversidade humana que eu já vi). Outro ponto que me deixou completamente incomodado, o fato das mulheres não poderem usar os seus próprios nomes, sendo obrigadas a usarem codinomes que representavam os seus atuais Comandantes ("patronímico"), como um símbolo da posição sagrada delas. É uma coisa completamente absurda e doentia, eram como se quisessem apagar todo passado das mulheres, como no caso da June (nome original da Offred), que tinha uma vida com seu esposo e sua filha antes de tudo isso acontecer.
The Handmaid's Tale é uma pérola, uma obra de arte, uma obra-prima das séries, com um roteiro absurdamente inteligente e bem feito, uma narrativa da Elisabeth Moss primorosa e muito objetiva, e um enredo que aguça e desperta a curiosidade e a compaixão de qualquer ser humano que se importe com o próximo. É difícil achar a perfeição, mas esta série é 100% perfeita (eu não achei um erro), tudo é feito com a maior qualidade possível, com o maior cuidado possível, com o maior amor pelo espectador - é genial! Os episódios são todos (sem exceções) impecáveis, formidáveis, onde todos se completavam com uma harmonia e uma coesão invejável. Destaco os episódios 1 e 2, onde a série já começa com um soco no estômago, nos mostrando os acontecimentos posteriores fazendo ligações com o presente e consequentemente com o futuro, tudo muito bem apresentado. Assim como o episódio 6, quando Offred tenta sair da submissão que lhe foi imposta fazendo revelações para a Embaixadora Mexicana. O episódio 7 também merece um destaque, quando a série tem uma pequena mudança de tom (nos surpreendendo novamente), mostrando acontecimentos cruciais antes de Gilead sobre a visão da própria June, do Luke (O. T. Fagbenle) e do Nick (Max Minghella).
Elisabeth Moss é a alma, o coração de toda série, é impossível não se apaixonar por esta mulher em The Handmaid's Tale. Elisabeth entrega a sua melhor atuação da carreira, um absurdo de entrega à personagem, uma apresentação impecável, perfeita, sem nenhum exagero. A série nos pega exatamente pela atuação da Elisabeth Moss como Offred, é incrível a ligação que ela cria conosco durante toda série, é como se ela fosse da nossa família, como se fosse alguém próximo que amamos muito. Passamos a se preocupar com ela e a torcer por ela desde o primeiro episódio até o fechamento do décimo, criamos uma empatia por ela, como se indiretamente fôssemos parte da sua história, simpatizamos por ela como se pudéssemos ajudá-la de alguma forma. Elisabeth Moss atua com a alma e o coração, nos entrega um nível altíssimo de dramaticidade, agonia, submissão, sempre com um olhar desesperador clamando por socorro, uma interpretação estupidamente "perfeita", sem um erro. Elisabeth Moss foi dignamente reconhecida e coroada com inúmeros prêmios por The Handmaid's Tale, como o Emmy de Melhor Série Dramática, o Critics' Choice Awards e o Golden Globe como Melhor Atriz em Série Dramática (nunca as premiações foram tão justas).
O elenco de The Handmaid's Tale é outra perfeição dentro da série! Todos (desde a protagonista até o mais simples dos coadjuvantes) estão perfeitos, estão formidáveis, entregam apresentações espantosamente incríveis e bem performadas.
Como Joseph Fiennes, que fez o Comandante Fred Waterford, um oficial do governo de alto escalão e o mestre de Offred. Peça importantíssima dentro da trama, que tem ligações direta com toda a trajetória de Offred. Joseph está magistral na pele de um governante muito importante, sua atuação condiz com toda perfeição que ele entrega em cena. Yvonne Strahovski, como Serena Joy Waterford, esposa de Fred. Yvonne atua como uma figura que se passa por submissa perante seu marido, mas esconde seu lado mais letal e cruel, principalmente sobre o seu maior desejo da vida, ser mãe. Atuação magnânima, primorosa, completamente perfeita. Ann Dowd como tia Lydia, instrutora e guardiã brutal das Handmaids. Ann é uma das figuras mais odiosa de Gileade, aquela carrasca brutal, uma carcereira perversa, violenta, tempestuosa, agressiva, sem um pingo de compaixão em seu coração de pedra. Mais uma atuação monstruosa desse elenco estupendo de The Handmaid's Tale, mais uma interpretação pra ser aplaudida de pé em completo êxtase. Ann Dowd foi indicada na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante em Televisão no Globo de Ouro em 2017.
Completando com Max Minghella como Nick Blaine, motorista do Comandante Waterford e um ex-vagabundo de Michigan que desenvolve sentimentos por Offred. Um personagem com um começo mais morno, mas com o passar dos episódios ganha uma grande relevância e tem uma crescente absurda dentro da série - ótima atuação de Max Minghella. Samira Wiley como Moira, a melhor amiga de June desde a faculdade. Ela também começa como uma Aia, mas com o passar do tempo e a ajuda de June ela se liberta e passa a trabalhar em um dos numerosos castigos não oficiais de Gileade como um "Jezebel" chamado Ruby. Samira Wiley também nos impressiona pela sua entrega e sua atuação, outra que arranca os nossos mais sinceros aplausos.
Ainda temos Alexis Bledel como Emily/Ofglen, uma parceira de compras de Offred, mais tarde sendo duramente castigada por ser considerada como uma "traidora de gênero" (um termo usado em Gileade em referência à homossexualidade) - ótima apresentação. Madeline Brewer como Janine/Ofwarren, a serva mais problemática, que é submetida a uma severa punição por mau comportamento, se destacando notavelmente na série, principalmente nos últimos episódios e mais precisamente no nono e no décimo - outra atriz que eu simpatizei bastante ao longo da série, passei a torcer por ela. E pra finalizar, O. T. Fagbenle como Luke Bankole, marido de June antes de Gileade e pai de sua filha Hannah. Um personagem que ganha uma importância e uma notoriedade dentro da série, principalmente ao chegar nos últimos episódios, o que me deixa com grandes expectativas sobre seu personagem na próxima temporada.
Além, é claro, das qualidades técnicas, que é outro ponto que engrandece ainda mais a série. Como a fotografia, que é feita de forma impecável, funcionando de forma genial em todos os episódios (aquele tom vermelho das vestimentas das Aias eram sempre confrontados em cenas). A direção de arte, a montagem e a cenografia da série, tudo minunciosamente bem detalhado e bem caprichado - vemos o amor pelo trabalho aplicado em cada detalhe dessas técnicas. E como jamais poderia faltar, a trilha sonora, se destacando como o verdadeiro coração da série, impondo ritmos e toques que jamais sairão das nossas lembranças. A série introduz vários ritmos e estilos musicais ao longo e aos términos de cada episódio, o que engrandece ainda mais a qualidade da trilha sonora da série - como o término do segundo episódio ao som de Simple Minds - Don't You (Forget About Me) de 1985, e até uma cena nesse mesmo episódio que a Janine canta Three Little Birds do Bob Marley - sensacional!
A primeira temporada de The Handmaid's Tale venceu 8 Emmys, 3 Critics' Choice Awards, 1 Screen Actors Guild Awards e 2 Golden Globe Awards - se tornando a "MELHOR SÉRIE" de 2017. E eu considero esta primeira temporada de The Handmaid's Tale como a melhor série que eu já assisti em toda a minha vida! [20/06/2019]
Perdidos no Espaço (1ª Temporada)
3.7 271 Assista AgoraPerdidos no Espaço (Lost in Space - Season 1)
Lost in Space é uma série americana de ficção científica, sendo um reboot da série homônima que rodou entre os anos de 1965 à 1968. A série é escrita por Matt Sazama e Burk Sharpless, produzida pela Legendary Television junto com a Synthesis Entertainment, cujo lançamento aconteceu pela Netflix em 13 de abril de 2018.
A série dos anos 60 acompanhava a família Robinson no espaço a bordo da nave Júpiter 2, ou seja a família de colonos espaciais pioneiros. Como um reboot, a série atual funciona praticamente na mesma linha, considerando a tentativa dos americanos de colonizar o espaço (consequentemente novos planetas). Quando a "Resolute" é atacada e sabotada, a Jupiter 2 e várias naves Jupiter se perde no espaço-tempo e cai em um planeta totalmente desconhecido. Nesse novo e estranho planeta, começaremos a acompanhar em 10 episódios a jornada da família Robinson, em meio a um ambiente desconhecido, com a presença de um robô alienígena e várias dificuldades que todos enfrentarão enquanto tentam sair do planeta e voltar a "Resolute".
A série é boa, usa uma temática que me atrai muito, por se tratar de um tema sci-fi e todos os acontecimentos que permeia o enredo. Os efeitos especiais são bem feitos e bem trabalhados, consegue nos proporcionar a dimensão do planeta e dos locais que a estória percorre com muita objetividade. Assim como os efeitos visuais dentro e fora da nave, principalmente no espaço sideral (devo citar o décimo episódio, onde podemos observar os efeitos fluindo com bastante perfeição). Os efeitos utilizados no robô é bastante convincente e mostra o quanto os trabalhos foram feitos com competência. A fotografia também se destaca, ao acompanharmos os primeiros episódios em um planeta gelado e logo após em um local com mais vegetação. A trilha sonora acompanha bem a série, desde a música de abertura até o fechamento de cada episódio, com destaque maior para a música tema, muito boa, agregou muito na série.
Com todas as qualidades que eu destaquei, o roteiro ao meu ver é a parte mais falha. A série tem uma premissa muito boa, principalmente nos 3 primeiros episódios, quando eu pensei que a série fosse tomar um rumo mais sério. Até a parte que a família Robinson está sozinha no planeta, com a presença do robô e a chegada da Dra. Smith (Parker Posey), a série funciona de uma forma mais motivadora e nos desperta interesse. Mas a partir do momento que a família Robinson encontra os outros colonizadores (que também estão perdidos) e começa todo aquele drama sobre os acontecimentos passados e futuros, a série dá uma pequena caída. A série fica melodramática, querendo conquistar o nosso interesse de uma forma cansativa, muito chove não molha, muito arrodeio sem fixar em um propósito único. Os personagens possuem seus medos e suas aflições, mas são muito dramatizados, cada um tem seu arco pessoal, mas é pouco explorado e foi colocado no roteiro como algo pra comprar a nossa atenção, mas não funcionou.
De cara eu já vou destacar a atriz Molly Parker (House of Cards), que fez a Maureen Robinson, a comandante da Júpiter 2. A personagem que mais se destacou e que mais me chamou a atenção em toda série, até por se tratar da engenheira aeroespacial que toma a frente da situação em levar a sua família para o espaço, com o intuito de lhe proporcionar uma vida melhor em um local seguro. Molly Parker entrega uma atuação muito segura, com uma personagem destemida, inteligente, decidida, que cresce a cada episódio e ganha nossa empatia.
Toby Stephens (007 - Um Novo Dia Para Morrer) é John Robinson, o pai da família Robinson. Um ex-fuzileiro naval, que mesmo desacreditado parte para o seu objetivo, sempre com um cuidado e uma atenção maior ao seu pequeno filho. Toby Stephens entrega uma atuação mediana, que começa bem ao início e quando achamos que vai engrenar, ele esfria. Eu vejo como um personagem meio perdido, sem um propósito, sendo que todas as decisões são tomadas a partir de Maureen, ele parece que nunca tem uma opinião formada.
O jovem Maxwell Jenkins (Sense8) é Will Robinson, o filho mais novo da família. Will foi o personagem que eu estava gostando bastante ao início, principalmente nos dois primeiros episódios, quando ele descobre o robô e tem toda aquela trajetória. Eu acreditava que seu personagem teria um crescimento dentro da série, que com o passar do tempo ele fosse conquistar cada vez mais a nossa atenção, mas de uma forma inteligente. Mas não foi o que aconteceu, seu personagem começa a perder o interesse dentro da série, começa a perder a relevância, nos últimos episódios ainda fica pior, quando o roteiro decide confrontá-lo com o robô de uma forma apelativa, que pra mim foi meio forçado.
Taylor Russell como Judy Robinson e Mina Sundwall como Penny Robinson, ambas filhas da família Robinson, não tiveram grandes destaques, passaram quase que despercebidas (pelo menos pra mim). Parker Posey (Superman - O Retorno/Blade Trinity) é a personagem mais discutida dentro da série, ela fez a Dra. Smith. Na minha opinião: uma personagem totalmente vazia, sem mostrar a que veio, parece que ela foi enfiada na estória unicamente porque precisavam de uma vilã. Não nos desperta nem ódio e nem empatia, mal explorada, mal utilizada, parece que está ali unicamente pra ser do contra e fazer o mal sem propósito. Eu mataria ela ao final da primeira temporada e começaria de novo na segunda. Nada contra a atriz Parker Posey, mas a sua personagem na série, pra mim não fez o menor sentido.
No mais: a série Perdidos no Espaço é assistível, porém não se pode esperar muitas coisas, ou grandes acontecimentos. Começaram bem, mas perderam a mão lamentavelmente e o resultado final foi uma série com um fechamento bem chocho. Agora é aguardar o que nos espera na segunda temporada que estar por vir. [10/02/2019]
13 Reasons Why (2ª Temporada)
3.2 587 Assista Agora13 Reasons Why (Season 2)
A segunda temporada foi lançada em 18 de maio de 2018 e começa 5 meses após o suicídio de Hannah Baker (Katherine Langford) e onde a primeira temporada terminou. Agora os episódios transcorrem a partir das consequências da morte de Hannah e da difícil recuperação de cada um dos personagens.
A primeira temporada funcionou (pra uns sim e outros não) na medida do que se era esperado, ou seja, conhecendo a história e a vida de cada personagem, a partir das fitas com os 13 motivos deixadas por Hannah Baker. Baseando-se nessas questões destacadas, a série abordou (de forma bem leve) temas como suicídio, bullying, estupros, preconceito, racismo, desigualdade, entre outros, mas sem um grande aprofundamento. Então: pra mim a série terminaria ai, até porque eu acho que a história começa e termina na primeira temporada, sem a clara necessidade de uma continuação (até com um fechamento razoavelmente interessante). Mas como a série fez um grande sucesso e ganhou vários fãs (principalmente nos EUA), é óbvio que seguiriam em uma segunda temporada, mesmo que pra isso a série vire uma "encheção de linguiça".
Na minha opinião: a segunda temporada é boa e até interessante de se acompanhar, mas se fosse uma série aleatória, não como uma continuação direta da primeira temporada. Porque é muito claro a falta de um bom roteiro, um bom enredo, contar uma história plausível e coerente. E não é isso que temos durante toda sequência, temos 13 episódios que 70% é focado nos depoimentos judiciais de cada personagem (por sinal umas partes bem cansativas), seguido pela tentativa de mostrar um arco pessoal de cada um dos rostos presentes.
Basicamente a segunda temporada segue nesse caminho, ora mostrando como os alunos da Liberty High School estão encarando a vida após a morte de Hannah, ora tentando se mostrar uma série mais séria nas questões dos julgamentos e em como isso traz consequências pra cada um, na medida que as verdades vão aparecendo, na tentativa de encobri-las.
Então: a série até pode funcionar, dependendo muito da visão de cada um, tem uma boa premissa, pega temas delicados e muito importantes nos dias atuais, é uma série leve e descontraída, ao mesmo tempo que puxa para um tom mais sério, dando ênfase em pontos importantes. Mas essa segunda temporada tem muitas coisas que me incomodaram, até porque a ligação com a primeira temporada é inevitável. Por exemplo: não gostei da forma adotada pra inserir a personagem da Katherine Langford, esse é um dos problemas, uma vez que a Hannah Baker morreu na primeira temporada sendo a protagonista de toda história, então teriam que trazê-la para segunda, mas como encaixá-la? Como já destaquei, a série enrola demais nas partes dos depoimentos e isso acaba tirando a paciência e o interesse do espectador.
Porém a segunda temporada tem seus pontos positivos - o primeiro episódio é muito bom, quando de cara já temos um envolvimento de Clay (Dylan Minnette) e Skye (Sosie Bacon), que eu torci pra dar certo. É um episódio leve com uma trilha sonora que se encaixa adequadamente. O episódio 6 é bem elaborado e funciona muito bem, quando nos deparamos com as revelações de Zach (Ross Butler) sobre Hannah, um episódio com uma dinâmica muito boa e gostoso de assistir. O episódio 9 é bem sombrio, quando o Sr. Porter (Derek Luke) lida com seus arrependimentos e faz suas revelações, muito bom também. O último episódio tem um grande potencial, ao revelar uma personalidade que até então vivia na sombra de Bryce Walker (Justin Prentice), por outro lado a vítima da brutal agressão tem um crescimento interessante ao final.
Dylan Minnette (Clay Jensen) reprisa seu personagem da primeira temporada, apesar de aqui se mostrar mais sagaz e maduro, porém seu tom inexpressivo ainda é muito notável. Katherine Langford (Hannah Baker) pra mim é desperdiçada, não me convenceu a sua presença fantasmagórica. Alisha Boe (Jessica Davis) pra mim está muito melhor nessa temporada, com uma personagem que tenta se mostrar forte, porém seu interior sofrível e desamparado é desesperador - seu arco pessoal é um dos melhores de toda série. Brandon Flynn (Justin Foley) está mais acomodado ao início, mas seu personagem tem um grande crescimento dentro da série e ao final ele está muito melhor - assim como a Jess, seu arco pessoal é muito bom.
Justin Prentice (Bryce Walker) é outro que desenvolve seu personagem muito melhor nessa temporada, uma espécie de antagonista da escola que junto com sua trupe tenta encobrir toda a verdade. Justin interpreta muito bem, é um ator pra ficar de olho. Miles Heizer (Alex Standall) tem um final perturbador na primeira temporada, porém nessa segunda ele está muito caricato, um personagem até com um certo potencial, mas não foi bem aproveitado. Devin Druid (Tyler Down) surpreende, um personagem morno durante toda temporada, mas nos últimos episódios ele vem em uma crescente, chegando ao ápice no último episódio - bem interessante por sinal. Derek Luke (Kevin Porter) é muito mais notável e muito melhor desenvolvido nessa temporada, seu personagem cresce em cada episódio, se tornando muito importante dentro de toda história - o seu depoimento é a melhor parte, quando ele confronta seus medos e suas frustrações.
13 Reasons Why (Season 2) não é ruim, apesar de achar que ela funcionaria muito melhor se fosse uma série aleatória. Também achei que os temas relatados tiveram uma abrangência rasa, mas até ok para uma série adolescente. Realmente é uma série que divide muitas opiniões. Agora é aguardar a data oficial da estreia da terceira temporada, pra conferir como ela se sai, mesmo achando que a série deveria ter acabado na primeira. [14/01/2019]
Back To You - From 13 Reasons Why - Season 2 Soundtrack
https://www.youtube.com/watch?v=lxr07yicp60
Eu adoro essa música da Selena Gomez