assisti esse filme quando era moleque, não me recordo bem onde. Não gostei muito, mas a cena da luta no bambuzal ficou marcada na minha memória. Revendo esse filme ontem eu pude perceber o quanto ele é completamente poético, firme e delicado ao mesmo tempo. É um filme sobre busca: de amor, de liberdade, de algum caminho. Lindo mesmo.
interessante, né? um filme de amor - talvez um dos mais verdadeiramente românticos que eu já tenha visto - em que o verbo amar só aparece no final, quando Ennis pergunta à filha se o rapaz com quem ela vai se casar a ama.
duas coisas que, para mim, foram bem interessantes: o sujeito ter acesso a bens de consumo, ou "liberdade" para consumir a partir do momento em que é preso e o fato de ele ter "evoluído", podendo viajar, conhecer o mar, ler e escrever, ou seja, ser aceito como um cidadão - não mais à margem - a partir da prisão. Malik foi acolhido por uma sociedade artificial já que na sociedade real, de fora dos muros, ele foi rejeitado.
"você quer vingança ou saber a verdade?", diz Woo-Jin em certo momento crucial pra trama. O protagonista opta pela verdade, mais do que a simples vingança: matar o oponente. E, como em toda verdade o preço é sempre muito alto (porque está além do material: a verdade tem um caminho cujos desdobramentos são por demais desconhecidos), nesse filme ela leva a renúncia da palavra. A verdade é calada para sempre.
a cena final do ovo de avestruz, que estava lá no alto há 150 anos, e depois da antena de TV. Num filme cuja linguagem principal é a denotativa. É isso. Isso é cinema.
1º: eu achei o título em português bem ruim. África é um continente complexo, culturalmente rico e politicamente diferente. O filme não é sobre a África, o continente, porque ele faz um recorte bem específico. É como se eu fizesse um filme "minha terra, América". Não faz sentido nenhum. 2º: eu gostei muito do fato de o enredo não nos dizer em qual país colonizado pela França a trama se passa. Porque aí parece haver uma crítica à colonização como um todo. 3º: não entendi o epílogo "para os destemidos jovens rebeldes, para Marie". Quer dizer, é uma homenagem? o lado que o filme toma é o dos rebeldes e da colonizadora que acha que não é colonizadora? é isso? 4º: que péssimo desenvolvimento para o personagem Manuel. É, inclusive, um personagem dispensável na trama. Achei preguiçoso demais, não só o Manuel, como também sua trama. 5º: no mais, câmera bem conduzida, enquadramentos muito bonitos, flashbacks muito bem colocados. Tecnicamente eu achei ótimo, atuação ótima da Huppert, até recomendo pra quem queira ver filme sobre esse tipo de conteúdo (guerra civil em países africanos).
"Monica era um ser humano. A filha dela também era e a sua mãe também é. Não somos elenco de apoio na fascinante história da sua vida."
O título do filme faz referência ao poema "primavera e outono", de Gerard M. Hopkins. Margaret é um vocativo, portanto, e o poeta interpela uma criança sobre o que lhe aflige: "Ah, mas o coração envelhece/ E tornará seus pensamentos mais frios" atentando para o movimento cíclico da vida, isto é, vida e morte.
Nesse sentido, Lisa é Margaret, a criança do poema, assim como sua mãe e todos nós, também, que muitas vezes não temos maturidade emocional para lidar com problemas.
Interessante notar que a criança do filme parece ser a mais equilibrada. O resto parece estar perdido, "à deriva", como diz Joan, numa tentativa de achar um culpado (pelo 11 de setembro, talvez?).
É um bom filme. Claro, por conta do imbróglio que houve, e se arrastou por anos, a montagem possa ter ficado conprometida, mas vale a pena dar uma chance pra ele -e mais do que isso: interpretar sua mensagem.
a cena de transição entre os plots, que também é a última cena em que Keng e Tong se encontram, este lambe a mão do outro, ação que está na ordem do desejo e do instinto. Depois o personagem some na escuridão, enquanto que o outro tem momentos solitários, sempre com riso no rosto. Esse elo entre as tramas é primoroso.
No mais, procuro webnamoradinha que tenha gostado desse filme pra gente falar sobre
a cor azul sempre trazendo as tensões, a ambientação, num sentido geral o próprio outono, como aquilo que vai se desfazendo... lindo mesmo.
e, veja, impedimento amoroso existe enquanto trama desde há muito tempo (cantiga da ribeirinha, de 1189, só pra citar em português), só que aqui a narrativa coloca esse problema em outro lugar
o recorte de raça e sexualidade foi muito bem feito, porque não é dramalhão, apesar de ser melodrama. Só que, no fim, Frank consegue concretizar o amor, enquanto que Cathy só percebe de fato que amou - as flores, na última cena, como se ela tivesse florescido pro amor, que não pode concretizar.
Leviatã é um filme violento, duro. É possível notar já pelas cenas iniciais, com as encostas, as rochas. Tudo ali é assim, frio. A violência simbólica no filme impressiona muito: as armas, o sexo, o uso indiscriminado da vodka, a linguagem e, por fim, toda a superestrutura: a igreja, a polícia, o judiciário.
Spike Lee, não quero que você entre na minha casa e coma o c* da minha família por questões sanitárias. Mas quando a pandemia passar, sinta-se à vontade.
assim como a odisseia de ulysses, Llewyn também tem a sua, marcada por uma série de desafios externos e, principalmente, internos. O protagonista não é só um homem ordinário, já que vive numa espécie de negação da ordem, do futuro, de uma realidade pragmática - fruto de sua época.
não é um filme de tiro porrada e bomba. Segue uma linha muitíssimo bem executada de colocar o espectador como participante daquilo tudo ali. Jeremy Renner passa a ser um ótimo protagonista e a trama apela pra um lado emocional bastante eficiente.
Não entendi porque a galera credita a esse filme uma propaganda norteamericana. Eu percebi foi o contrário...
Eu me senti como me sinto lendo Eça de Queiroz: um tanto impaciente ("pra que tanta descrição?", eu me pergunto) mas sabedor da função daquela escolha pra narrativa. Esse filme, já pelo título, traz uma história fabular, em que os acontecimentos importam menos que um motivo final, um ensinamento, uma moral não declarada. Cabe, aqui, aos espectadores encontrar um desfecho que melhor lhes contemple.
olha só, esse rolê de pecado & redenção existe há muito tempo nas narrativas - sófocles que o diga - e foi isso o que mais me incomodou nesse filme. Existia uma espécie de "contrato" entre trama e espectador que foi rompido nesse último episódio. Quer dizer, a parte técnica desse filme é bem executada (aos trancos e barrancos e cortes e velocidade no espaço e destruição), mas aqui, parece, a gente percebe bem o que NÃO fazer num enredo: a gente tem uma colcha de retalhos mal feita, que não cobre àqueles que se interessam por star wars pelo o que ele é: uma obra original, uma história bem amarradinha, redonda.
Hamilton
4.5 256 Assista Agoraeu não acredito que chorei com esse capítulo da história e política estadunidense que eu acho chata de estudar. Mas arte é isso, né?
O Tigre e o Dragão
3.6 455 Assista Agoraassisti esse filme quando era moleque, não me recordo bem onde. Não gostei muito, mas a cena da luta no bambuzal ficou marcada na minha memória. Revendo esse filme ontem eu pude perceber o quanto ele é completamente poético, firme e delicado ao mesmo tempo. É um filme sobre busca: de amor, de liberdade, de algum caminho. Lindo mesmo.
O Segredo de Brokeback Mountain
3.9 2,2K Assista Agorainteressante, né? um filme de amor - talvez um dos mais verdadeiramente românticos que eu já tenha visto - em que o verbo amar só aparece no final, quando Ennis pergunta à filha se o rapaz com quem ela vai se casar a ama.
O Profeta
3.9 181 Assista Agoraduas coisas que, para mim, foram bem interessantes: o sujeito ter acesso a bens de consumo, ou "liberdade" para consumir a partir do momento em que é preso e o fato de ele ter "evoluído", podendo viajar, conhecer o mar, ler e escrever, ou seja, ser aceito como um cidadão - não mais à margem - a partir da prisão. Malik foi acolhido por uma sociedade artificial já que na sociedade real, de fora dos muros, ele foi rejeitado.
Oldboy
4.3 2,3K Assista Agora"você quer vingança ou saber a verdade?", diz Woo-Jin em certo momento crucial pra trama. O protagonista opta pela verdade, mais do que a simples vingança: matar o oponente. E, como em toda verdade o preço é sempre muito alto (porque está além do material: a verdade tem um caminho cujos desdobramentos são por demais desconhecidos), nesse filme ela leva a renúncia da palavra. A verdade é calada para sempre.
em oldboy, até mesmo os monstros podem descansar.
O Cavalo de Turim
4.2 211a sociedade brasileira de pessoas com toc agradece a béla tarr pelos enquadramentos deste filme
O Ato de Matar
4.3 135esse é o filme mais difícil que já vi em toda a minha vida.
Moolaadé
4.4 43a cena final do ovo de avestruz, que estava lá no alto há 150 anos, e depois da antena de TV. Num filme cuja linguagem principal é a denotativa. É isso. Isso é cinema.
Minha Terra, África
3.7 37alguns apontamentos:
1º: eu achei o título em português bem ruim. África é um continente complexo, culturalmente rico e politicamente diferente. O filme não é sobre a África, o continente, porque ele faz um recorte bem específico. É como se eu fizesse um filme "minha terra, América". Não faz sentido nenhum.
2º: eu gostei muito do fato de o enredo não nos dizer em qual país colonizado pela França a trama se passa. Porque aí parece haver uma crítica à colonização como um todo.
3º: não entendi o epílogo "para os destemidos jovens rebeldes, para Marie". Quer dizer, é uma homenagem? o lado que o filme toma é o dos rebeldes e da colonizadora que acha que não é colonizadora? é isso?
4º: que péssimo desenvolvimento para o personagem Manuel. É, inclusive, um personagem dispensável na trama. Achei preguiçoso demais, não só o Manuel, como também sua trama.
5º: no mais, câmera bem conduzida, enquadramentos muito bonitos, flashbacks muito bem colocados. Tecnicamente eu achei ótimo, atuação ótima da Huppert, até recomendo pra quem queira ver filme sobre esse tipo de conteúdo (guerra civil em países africanos).
Margaret
2.9 175"Monica era um ser humano. A filha dela também era e a sua mãe também é. Não somos elenco de apoio na fascinante história da sua vida."
O título do filme faz referência ao poema "primavera e outono", de Gerard M. Hopkins. Margaret é um vocativo, portanto, e o poeta interpela uma criança sobre o que lhe aflige: "Ah, mas o coração envelhece/ E tornará seus pensamentos mais frios" atentando para o movimento cíclico da vida, isto é, vida e morte.
Nesse sentido, Lisa é Margaret, a criança do poema, assim como sua mãe e todos nós, também, que muitas vezes não temos maturidade emocional para lidar com problemas.
Interessante notar que a criança do filme parece ser a mais equilibrada. O resto parece estar perdido, "à deriva", como diz Joan, numa tentativa de achar um culpado (pelo 11 de setembro, talvez?).
É um bom filme. Claro, por conta do imbróglio que houve, e se arrastou por anos, a montagem possa ter ficado conprometida, mas vale a pena dar uma chance pra ele -e mais do que isso: interpretar sua mensagem.
Marcas da Violência
3.8 400 Assista Agora"nossa família não resolve problemas agredindo" *TAPÃO NA FUÇA DO GAROTO*
queria um poster com a cara ensanguentada de viggo mortensen e aquele olhar diabólico
não gostei do tom didático de algumas partes, mas não atrapalham a experiência com o filme.
Mal dos Trópicos
4.0 85Só um único comentário sobre esse filme, acerca do poder do cinema:
a cena de transição entre os plots, que também é a última cena em que Keng e Tong se encontram, este lambe a mão do outro, ação que está na ordem do desejo e do instinto. Depois o personagem some na escuridão, enquanto que o outro tem momentos solitários, sempre com riso no rosto. Esse elo entre as tramas é primoroso.
No mais, procuro webnamoradinha que tenha gostado desse filme pra gente falar sobre
quarentena tá foda :(
Longe do Paraíso
3.8 170 Assista Agoraesteticamente primoroso!
a cor azul sempre trazendo as tensões, a ambientação, num sentido geral o próprio outono, como aquilo que vai se desfazendo... lindo mesmo.
e, veja, impedimento amoroso existe enquanto trama desde há muito tempo (cantiga da ribeirinha, de 1189, só pra citar em português), só que aqui a narrativa coloca esse problema em outro lugar
o recorte de raça e sexualidade foi muito bem feito, porque não é dramalhão, apesar de ser melodrama. Só que, no fim, Frank consegue concretizar o amor, enquanto que Cathy só percebe de fato que amou - as flores, na última cena, como se ela tivesse florescido pro amor, que não pode concretizar.
Leviatã
3.8 299"se eu acendesse velas, tudo seria diferente?"
Leviatã é um filme violento, duro. É possível notar já pelas cenas iniciais, com as encostas, as rochas. Tudo ali é assim, frio. A violência simbólica no filme impressiona muito: as armas, o sexo, o uso indiscriminado da vodka, a linguagem e, por fim, toda a superestrutura: a igreja, a polícia, o judiciário.
Destacamento Blood
3.8 448 Assista AgoraSpike Lee, não quero que você entre na minha casa e coma o c* da minha família por questões sanitárias. Mas quando a pandemia passar, sinta-se à vontade.
Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum
3.8 529 Assista Agoraassim como a odisseia de ulysses, Llewyn também tem a sua, marcada por uma série de desafios externos e, principalmente, internos. O protagonista não é só um homem ordinário, já que vive numa espécie de negação da ordem, do futuro, de uma realidade pragmática - fruto de sua época.
Ida
3.7 439Wanda Vermelha é muito o meu espírito animal.
Histórias que Contamos
4.2 32 Assista Agora"será loucura tentar reconstruir o passado a partir das palavras dos outros?"
Guerra ao Terror
3.5 1,4K Assista Agoranão é um filme de tiro porrada e bomba. Segue uma linha muitíssimo bem executada de colocar o espectador como participante daquilo tudo ali. Jeremy Renner passa a ser um ótimo protagonista e a trama apela pra um lado emocional bastante eficiente.
Não entendi porque a galera credita a esse filme uma propaganda norteamericana. Eu percebi foi o contrário...
Era Uma Vez na Anatólia
3.8 60Eu me senti como me sinto lendo Eça de Queiroz: um tanto impaciente ("pra que tanta descrição?", eu me pergunto) mas sabedor da função daquela escolha pra narrativa. Esse filme, já pelo título, traz uma história fabular, em que os acontecimentos importam menos que um motivo final, um ensinamento, uma moral não declarada. Cabe, aqui, aos espectadores encontrar um desfecho que melhor lhes contemple.
Dez
4.1 54 Assista AgoraQuerida, não se vive sem perder. Viemos ao mundo pra isso.
Caché
3.8 384 Assista Agorasem dúvidas Haneke se inspirou no CLÁSSICO brasileiro "matou a família e foi ao cinema" para parte do plot deste filme
As Harmonias de Werckmeister
4.3 94um ótimo exemplo para o conceito de "banalidade do mal", da Arendt
Star Wars, Episódio IX: A Ascensão Skywalker
3.2 1,3K Assista Agoraolha só, esse rolê de pecado & redenção existe há muito tempo nas narrativas - sófocles que o diga - e foi isso o que mais me incomodou nesse filme. Existia uma espécie de "contrato" entre trama e espectador que foi rompido nesse último episódio. Quer dizer, a parte técnica desse filme é bem executada (aos trancos e barrancos e cortes e velocidade no espaço e destruição), mas aqui, parece, a gente percebe bem o que NÃO fazer num enredo: a gente tem uma colcha de retalhos mal feita, que não cobre àqueles que se interessam por star wars pelo o que ele é: uma obra original, uma história bem amarradinha, redonda.