Sempre quis assistir "Titanic" no cinema, mas na época da primeira exibição eu tinha apenas 7 anos de idade e deixei passar em 2012, mas não poderia perder nos 25 anos do filme e revê-lo mais maduro, depois de já ter assistido tantas vezes, só confirma o quanto ele é atemporal, nada datado e que faz jus a todo o sucesso.
Além disso tudo, "Titanic" foi um grande responsável pelo meu gosto por cinema e tenho memórias incríveis da família indo à locadora pegar o VHS assim que chegou, de todo mundo reunido pra ver o filme, de ter ficado encantado já naquela primeira assistida, assim como permanecer encantado nas revisões, tanto que lembro até a primeira vez que passou na TV aberta, divido em duas partes por dois dias.
E depois de ter visto tantas vezes, o filme ainda consegue me emocionar sempre e acabei percebendo várias passagens que nunca tinha prestado atenção, como o gosto da Rose por Picaso e o quão significativas são as fotos dos porta-retratos ao final.
Já espero rever novamente no cinema quando fizer 30 anos!
Daqueles filmes que dão orgulho do nosso cinema nacional e cheio de nuances. Por sinal, melhor assistir sem nem ter lido sinopse ou assistido ao trailer.
A premissa do filme é muito boa, mas no final fica a sensação de que ele poderia ter rendido alguns debates melhores, alguns dramas mais bem elaboradas em um plot twist final realmente surpreendente. Dos indicados a Melhor Filme Internacional no Oscar desse ano, é o mais fraco, mas ainda sim, vale muito ser visto e ainda é melhor do que alguns indicados a Melhor Filme.
“Noite de Desamor” tem dois elementos que eu gosto muito em filmes quando bem feitos: diálogos reflexivos (do tipo que vão ficar martelando na sua cabeça mesmo depois de o filme acabar) e pouco cenário, como se fosse teatralizado, o que potencializa muito mais as atuações (quando boas), já que o foco é basicamente os atores e os diálogos, sem ação, efeitos especiais ou qualquer elemento de dispersão. Inclusive me lembrou muito de três filmes que eu amo, que são “Quem tem Medo de Virgínia Woolf?”, “Sonata de Outono” e “Interiores”. Com um texto mediano ou um elenco pouco alinhado ou sem talento, a obra pode se tornar enfadonha e piegas, mas com bons atores e um roteiro caprichado, se torna algo marcante, como temos aqui, com a Sissy Spacek e a Anne Bancroft dando um show em cena sem qualquer alívio ao telespectador, que só consegue respirar ao final do filme, depois de sofrer o impacto de tudo o que foi mostrado.
“A Falecida” é de uma delicadeza imensa e já me conquistou logo no início, com a Zulmira consultando a cartomante e andando pelas ruas do Rio. Acho que os questionamentos e neuroses da protagonista, apesar de parecerem estranhos por flertarem com a morte, são reflexões que a gente acaba se fazendo em certo ponto e o roteiro, com base em Nelson Rodrigues, sabe trabalhar isso muito bem para não se tornar caricato, além, claro, da interpretação magistral da Fernanda Montenegro (que tá idêntica à Fernanda Torres atualmente). Tanto a cena da chuva (que é poesia pura) quanto a cena do monólogo final da Zulmira são alguns dos momentos mais marcantes do cinema nacional.
Tem filmes da época de “Sessão da Tarde” e “Cinema em Casa” que a gente revê e continuam bons, outros ficaram extremamente datados e não funcionam mais e tem alguns que ficam até melhores depois de revistos, quando você entende melhor o contexto e as piadas.
Revi os dois “A Família Addams” e encaixo a revisão no terceiro grupo. Além do fator nostálgico, o humor sarcástico e as críticas sociais funcionam muito melhor agora pra mim, inclusive considero essa sequência melhor que o primeiro filme, pois desenvolve melhor a Wandinha/Wednesday, que é uma personagem incrível e tem os melhores diálogos e a Debbie como vilã memorável, que tem um timing cômico perfeito. Acho difícil um reboot conseguir ser tão interessante quanto esses filmes dos anos 90, ate porque não consigo visualizar outros atores além de Anjelica Huston, Raul Julia, Christopher Lloyd e Christina Ricci fazendo os seus respectivos papéis.
De fato, “O Cantor de Jazz” não seria um filme tão relembrado hoje em dia se não fosse considerado o primeiro a inserir o som ao cinema e começar a transição do cinema mudo para o falado - que acredito que seja a maior revolução que o cinema teve. A história em si é simples e melodramática, mas tem o seu encanto, principalmente pelas apresentações e números de dança; o uso do Blackface deixa o filme datado e causa antipatia, mas infelizmente acontecia com frequência nessa época, em que o racismo era muito mais forte e essa estratégia ainda não era muito criticada.
Eu imagino que deva ter sido um acontecimento na época e muitos cinemas ainda não tinham suporte técnico necessário pra tecnologia. A partir daí o cinema mudo foi ficando defasado e passou-se a investir muito mais na tecnologia falada e muitos artistas não conseguiram fazer a transição. E apesar de ser anunciado como primeiro filme falado, ele ainda tem vários interlúdios e o som está presente basicamente nas canções e alguns diálogos antes e depois delas. A frase “espere um minuto, espere um minuto, você ainda não ouviu nada” é bem marcante e emblemática e realmente prevê muita mudança no cinema em pouco tempo.
“Pacarrete” já pode ser considerado uma pérola do nosso cinema nacional e infelizmente teve que estrear ao público em geral através do streaming devido à pandemia; nas telas do cinema ele teria ainda mais força, o que em nenhum momento tira o seu brilho.
A realidade de Russas e da Pacarrete é muito palpável pra mim e acredito que também seja pra quem é do Norte e Nordeste, principalmente dos interiores. Mas a personagem se destaca do cenário da cidade, carregando sonhos, desejos e um modo de vida que destoa dali. Pode parecer uma personagem caricata, mas eu consigo ver muito de realidade ali, inclusive ela me lembra muito a minha avó paterna em vários trejeitos e formas de se expressar. A Marcélia Cartaxo consegue dar vida a essa personagem cativante de uma maneira muito singular, perpassando por vários estados de espírito, até culminar naquela cena final, que é sensacional.
Acho louvável a alternativa de lançar o filme digitalmente, já que o momento não permite exibir nos cinemas e confesso que estava ansioso, mas “Piedade”, pra mim, não passou do “poderia ser”. Poderia ser algo fantástico com esse elenco encabeçado pela Fernanda Montenegro, poderia ser um ato político mais eficiente contra o avanço do mercado imobiliário e poderia ser uma história mais sensível e cativante sobre uma família descobrindo o irmão (que me fazia pensar toda hora em “Amor de Mãe”). Mas apesar disso tudo, o filme tem bons momentos, algumas boas reflexões e se mantém muito pelo talento do elenco, com exceção do Cauã Reymond, que apesar de se esforçar, fica meio desconexo e caricato demais imitando sotaque nordestino.
O mais interessante em “Greta” é a abordagem da homossexualidade na velhice. Infelizmente é um retrato real de solidão e angústia e o filme consegue nos passar essa sensação com o Pedro/Greta. Mas acho que mais do que tratar essa realidade, ele objetiva mostrar uma transformação nesse personagem, de maior aceitação e de busca de alguém, por mais que as circunstâncias não sejam propícias. É muito bom ver a total entrega do Marco Nanini ao personagem, algo completamente diferente do pai de família e burocrata que a gente se acostumou a ver com o Lineu de “A Grande Família” e acho que poucos atores mais idosos encarariam se aprofundar assim. Uma pena a obra ter sido pouco difundido. Apesar de ser do ano passado, nunca tinha escutado falar de “Greta” e só fui saber de sua existência esses dias. Mas foi uma grata surpresa.
A premissa do filme é bem interessante, pois aborda um ponto da Segunda Guerra Mundial que eu ainda não tinha visto ser foco em um filme, que é o da preservação e recuperação de obras artísticas, fora o elenco estrelado. Porém, mesmo com esses dois pontos, o filme parece ser meio perdido entre querer ser sério e cômico demais, ter algumas situações que não parecem plausíveis e não conseguir desenvolver muito bem os personagens e a relação entre eles, mesmo forçando pra que isso aconteça, fazendo com que acabe sendo um filme esquecível.
Tem um tempo que queria assistir a “Divinas Divas” é só hoje pude apreciá-lo. Também não sabia que a família da Leandra Leal era proprietária do Teatro Rival e toda essa vivência que ela teve na infância é fundamental pra construção da sensibilidade do documentário, que nos mostra essas figuras maravilhosas e emblemáticas que ainda são marginalizadas e esquecidas.
Gostei muito da construção do documentário de forma geral, desde a comemoração de 50 anos de apresentação das Divas com um novo espetáculo, até a rememoria de vários momentos importantes de suas vidas e cada uma tem seu momento de protagonismo. Aqui, podemos ver o quanto elas foram importantes por quebrarem paradigmas, principalmente se considerarmos que estávamos vivendo em uma Ditadura e os conceitos morais eram completamente diferentes dos atuais (por mais que atualmente haja uma onda de retrocesso), então elas foram fundamentais pra abrir espaço pra outras artistas travestis e trans que temos atualmente e na luta diária contra a homofobia. Esse documentário é imperdível e necessário!
De modo geral, gosto do trabalho do Lars Von Trier, mas com algumas ressalvas. “A Casa que Jack construiu” conseguiu prender minha atenção, principalmente no início, achando bem interessante o desenvolvimento de um psicopata serial killer com TOC, o traço cômico e as conversas com Vergê, que parecia ser um psiquiatra tentando entender seus atos após sua prisão.
O filme, de fato, é maior do que isso e é muito mais autobiográfico do que aparenta, com o Lars debatendo o divino e pecado, arte e sobre sua própria obra e a maneira como ela é incompreendida. Porém, da metade pro final, o filme perde o fôlego e eu fiquei entediado com as divagações (como sobre o processo de produção do vinho e a caça) que tem sentido dentro da narrativa, mas que tornam o filme enfadonho e pretensioso demais, tentando colocar vários simbolismos de forma forçada pra parecer mais interessante, mas não parecendo conseguir trabalhar bem o surrealismo do final, ficando aquela impressão de que toda a violência gráfica e o pretenso simbolismo, são instrumentos utilizados mais pra chocar o público e deixar o filme com um certo hype do que pra construir uma história coerente.
Termino aqui minha maratona do Oscar e nao poderia terminar com uma obra melhor, que já considero meu filme preferido dessa premiação. "Cafarnaum" é cruel, nos escancara a desigualdade social, comove, angustia e deixa com um sentimento de raiva e impotência, chegando muitas vezes a parecer um documentário. Sem falar da atuação do pequeno Zain Al Rafeea, que é uma das melhores atuações infantis do cinema. Filmaço!
"Mate-me, por favor" era o que eu pensava por estar vendo esse filme, que tenta fazer um suspense (com um resultado bem duvidoso) com o elenco de Malhação.
"No Portal da Eternidade" não se preocupa em ser uma cinebiografia convencional, mostrando a evolução do artista, ascensão e declínio. Ao contrário disso, sua preocupação é em retratar as angústias de Van Gogh e em como ele era alguém isolado, incompreendido e realmente transtornado. Os movimentos de câmera e sobreposição de diálogos são importantes nessa função e o Willem Dafoe tem uma de suas melhores atuações: visceral, crua, sufocante, transtornada; é minha atuação preferida para o Oscar de Melhor Ator, mas infelizmente acho improvável levar.
Documentário extremamente importante no cenário político atual e que serve, por mais que tenhamos acompanhado todo o processo de impeachment, como um apanhado geral dos acontecimentos. Logicamente a posição política da diretora fica bastante clara e a própria edição da obra denota isso, mas a própria escolha do nome é de certa forma impessoal (poderia ser "O Impeachment" ou "O Golpe") e se procura mostrar mais do que a defesa da presidenta nesse processo. Compreendi a proposta do documentário em apenas mostrar as cenas ocorridas, conversas e debates, sem entrevistas e intervenções narrativas, apenas com pequenos textos explicando cada passo e o que ocorreu ao final, mas só consigo imaginar o quanto esses dois recursos deixariam o filme ainda mais rico, principalmente com depoimentos colhidos mais de um ano depois das pessoas que estavam no meio disso tudo. No mais, é um registro muito relevante, que deveria ser assistido independente de qualquer posicionamento político.
Da leva de filmes do Oscar 2018, "Mudbound" é um dos mais interessantes e um dos mais injustiçados, com poucas indicações. O retrato do racismo e segregação social na primeira metade do século passado é um tema sempre mostrado, mas que nunca deixa de ser atual (vide a nossa realidade), com algumas cenas extremamente tocantes e angustiantes, mas não se resume só a isso e consegue ser um bom retrato do pós-guerra, que deixa as pessoas devastadas, além de saber desenvolver bem os personagens, onde todos têm momentos de destaque, sendo difícil apontar um protagonista.
Dentro do gênero terror, a temática zumbi é uma das minhas preferidas desde antes da febre de "The Walking Dead", mas a mesma está bastante saturada faz um tempo. "Train to Busan" consegue ser um filme tenso, nos causar apreensão, ser inovador, com o filme quase todo se passando em um trem ou girando ao redor dele e o principal, colocar profundidade nos personagens ao ponto de nos fazer ter empatia pelos mesmos e ser imprevisível, pois nenhum personagem está à salvo de morrer. Achei bastante interessante a relação do pai com a filha, aquele que está longe de ser um protagonista clichê americano, já que é cheio de defeitos, além da criança super expressiva e do antagonista que nos dá um imenso ódio. Entra fácil na galeria de filmes de zumbi para rever.
Eu sou facilmente "conquistável" por animações, mas "O Poderoso Chefinho", que parece mais uma revisitação de "O Fantástico Mundo de Bob" (com muito menos criatividade), não conseguiu me convencer, apesar da premissa interessante e da mensagem final cativante. Acaba sendo um filme bobo, que consegue nos arrancar um riso ou outro, mas que é bem esquecível.
"Roda Gigante" tá na zona de conforto do Woody Allen, então se você conhece a filmografia do diretor, inevitavelmente não vai ver novidades nos dramas existenciais da Ginny, no caso de infidelidade, alcoolismo, gangsters ou o personagem viciado em cinema. Mas apesar de sua zona de conforto e ser um filme mediano na sua carreira, ainda assim consegue ser uma obra interessante, principalmente pela recriação dos anos 50 (a transição de luz, principalmente a iluminação que sempre foca na personagem da Kate, é sensacional) e, claro, a atuação da Kate Winslet, que o Woody tenta trabalhar acho que desde "Melinda & Melinda" e que é o ponto forte do filme; infelizmente é uma atuação que acabou sendo "esquecida" devido aos boicotes ao diretor nas premiações, mas que merece ser destacada.
Eu confesso que criei muitas expectativas com "Lady Bird" e a atuação da Saoirse Ronan e isso pode ter me deixado um pouco frustrado com o filme em si. Entretanto, é uma obra extremamente agradável, sensível e a Lady Bird, que dá nome ao filme, é dessas personagens que te cativam nos primeiros minutos. A obra em si trata de amadurecimento em uma fase cheia de conflitos, então é impossível não nos vermos um pouco na pele da personagem da Saiorse (pois já passamos por isso), que tem se mostrado uma das jovens atrizes mais promissoras da atualidade.
"Os Últimos Jedi" consegue estabelecer essa nova trilogia, não superando "O Despertar da Força", que tinha um roteiro mais "redondo" e conciso, mas que não saía da zona de conforto e do fan service (que são coisas que eu não reclamo, inclusive) e dava uma excelente tacada inicial nos novos filmes. Já esse, consegue nos trazer todos esses elementos mágicos já estabelecidos durante todos os filmes, porém possui um pouco mais de identidade própria e várias reviravoltas empolgantes. E claro, há vários "furos" e personagens subaproveitados, como o Snoke e a Captão Phasma, além de ser um pouco mais extenso do que deveria, mas no geral o saldo é muito positivo e nos deixa animados para o capítulo final.
Sem dúvidas, o grande ponto positivo de "Love Actually" é o excelente elenco, composto por atores consagrados e outros que estavam ascendendo na carreira. Entretanto o filme peca na quantidade imensa de subtramas, que mais parece de novela global e, por isso, vários desfechos são insatisfatórios ou mal concluídos (o caso da moça apaixonada pelo personagem feito pelo Rodrigo Santoro). Ao final, é um filme "açucarado", que serve como entretenimento, mas bastante esquecível, apesar de alguns personagens muito bons.
Titanic
4.0 4,6K Assista AgoraSempre quis assistir "Titanic" no cinema, mas na época da primeira exibição eu tinha apenas 7 anos de idade e deixei passar em 2012, mas não poderia perder nos 25 anos do filme e revê-lo mais maduro, depois de já ter assistido tantas vezes, só confirma o quanto ele é atemporal, nada datado e que faz jus a todo o sucesso.
Além disso tudo, "Titanic" foi um grande responsável pelo meu gosto por cinema e tenho memórias incríveis da família indo à locadora pegar o VHS assim que chegou, de todo mundo reunido pra ver o filme, de ter ficado encantado já naquela primeira assistida, assim como permanecer encantado nas revisões, tanto que lembro até a primeira vez que passou na TV aberta, divido em duas partes por dois dias.
E depois de ter visto tantas vezes, o filme ainda consegue me emocionar sempre e acabei percebendo várias passagens que nunca tinha prestado atenção, como o gosto da Rose por Picaso e o quão significativas são as fotos dos porta-retratos ao final.
Já espero rever novamente no cinema quando fizer 30 anos!
Carvão
3.9 89 Assista AgoraDaqueles filmes que dão orgulho do nosso cinema nacional e cheio de nuances. Por sinal, melhor assistir sem nem ter lido sinopse ou assistido ao trailer.
O Homem Que Vendeu Sua Pele
3.5 99 Assista AgoraA premissa do filme é muito boa, mas no final fica a sensação de que ele poderia ter rendido alguns debates melhores, alguns dramas mais bem elaboradas em um plot twist final realmente surpreendente. Dos indicados a Melhor Filme Internacional no Oscar desse ano, é o mais fraco, mas ainda sim, vale muito ser visto e ainda é melhor do que alguns indicados a Melhor Filme.
Noite de Desamor
4.3 31“Noite de Desamor” tem dois elementos que eu gosto muito em filmes quando bem feitos: diálogos reflexivos (do tipo que vão ficar martelando na sua cabeça mesmo depois de o filme acabar) e pouco cenário, como se fosse teatralizado, o que potencializa muito mais as atuações (quando boas), já que o foco é basicamente os atores e os diálogos, sem ação, efeitos especiais ou qualquer elemento de dispersão. Inclusive me lembrou muito de três filmes que eu amo, que são “Quem tem Medo de Virgínia Woolf?”, “Sonata de Outono” e “Interiores”.
Com um texto mediano ou um elenco pouco alinhado ou sem talento, a obra pode se tornar enfadonha e piegas, mas com bons atores e um roteiro caprichado, se torna algo marcante, como temos aqui, com a Sissy Spacek e a Anne Bancroft dando um show em cena sem qualquer alívio ao telespectador, que só consegue respirar ao final do filme, depois de sofrer o impacto de tudo o que foi mostrado.
A Falecida
4.1 106“A Falecida” é de uma delicadeza imensa e já me conquistou logo no início, com a Zulmira consultando a cartomante e andando pelas ruas do Rio. Acho que os questionamentos e neuroses da protagonista, apesar de parecerem estranhos por flertarem com a morte, são reflexões que a gente acaba se fazendo em certo ponto e o roteiro, com base em Nelson Rodrigues, sabe trabalhar isso muito bem para não se tornar caricato, além, claro, da interpretação magistral da Fernanda Montenegro (que tá idêntica à Fernanda Torres atualmente).
Tanto a cena da chuva (que é poesia pura) quanto a cena do monólogo final da Zulmira são alguns dos momentos mais marcantes do cinema nacional.
A Família Addams 2
3.5 382 Assista AgoraTem filmes da época de “Sessão da Tarde” e “Cinema em Casa” que a gente revê e continuam bons, outros ficaram extremamente datados e não funcionam mais e tem alguns que ficam até melhores depois de revistos, quando você entende melhor o contexto e as piadas.
Revi os dois “A Família Addams” e encaixo a revisão no terceiro grupo. Além do fator nostálgico, o humor sarcástico e as críticas sociais funcionam muito melhor agora pra mim, inclusive considero essa sequência melhor que o primeiro filme, pois desenvolve melhor a Wandinha/Wednesday, que é uma personagem incrível e tem os melhores diálogos e a Debbie como vilã memorável, que tem um timing cômico perfeito. Acho difícil um reboot conseguir ser tão interessante quanto esses filmes dos anos 90, ate porque não consigo visualizar outros atores além de Anjelica Huston, Raul Julia, Christopher Lloyd e Christina Ricci fazendo os seus respectivos papéis.
O Cantor de Jazz
3.4 70 Assista AgoraDe fato, “O Cantor de Jazz” não seria um filme tão relembrado hoje em dia se não fosse considerado o primeiro a inserir o som ao cinema e começar a transição do cinema mudo para o falado - que acredito que seja a maior revolução que o cinema teve. A história em si é simples e melodramática, mas tem o seu encanto, principalmente pelas apresentações e números de dança; o uso do Blackface deixa o filme datado e causa antipatia, mas infelizmente acontecia com frequência nessa época, em que o racismo era muito mais forte e essa estratégia ainda não era muito criticada.
Eu imagino que deva ter sido um acontecimento na época e muitos cinemas ainda não tinham suporte técnico necessário pra tecnologia. A partir daí o cinema mudo foi ficando defasado e passou-se a investir muito mais na tecnologia falada e muitos artistas não conseguiram fazer a transição. E apesar de ser anunciado como primeiro filme falado, ele ainda tem vários interlúdios e o som está presente basicamente nas canções e alguns diálogos antes e depois delas. A frase “espere um minuto, espere um minuto, você ainda não ouviu nada” é bem marcante e emblemática e realmente prevê muita mudança no cinema em pouco tempo.
Pacarrete
4.1 105 Assista Agora“Pacarrete” já pode ser considerado uma pérola do nosso cinema nacional e infelizmente teve que estrear ao público em geral através do streaming devido à pandemia; nas telas do cinema ele teria ainda mais força, o que em nenhum momento tira o seu brilho.
A realidade de Russas e da Pacarrete é muito palpável pra mim e acredito que também seja pra quem é do Norte e Nordeste, principalmente dos interiores. Mas a personagem se destaca do cenário da cidade, carregando sonhos, desejos e um modo de vida que destoa dali. Pode parecer uma personagem caricata, mas eu consigo ver muito de realidade ali, inclusive ela me lembra muito a minha avó paterna em vários trejeitos e formas de se expressar. A Marcélia Cartaxo consegue dar vida a essa personagem cativante de uma maneira muito singular, perpassando por vários estados de espírito, até culminar naquela cena final, que é sensacional.
Piedade
3.2 78 Assista AgoraAcho louvável a alternativa de lançar o filme digitalmente, já que o momento não permite exibir nos cinemas e confesso que estava ansioso, mas “Piedade”, pra mim, não passou do “poderia ser”. Poderia ser algo fantástico com esse elenco encabeçado pela Fernanda Montenegro, poderia ser um ato político mais eficiente contra o avanço do mercado imobiliário e poderia ser uma história mais sensível e cativante sobre uma família descobrindo o irmão (que me fazia pensar toda hora em “Amor de Mãe”).
Mas apesar disso tudo, o filme tem bons momentos, algumas boas reflexões e se mantém muito pelo talento do elenco, com exceção do Cauã Reymond, que apesar de se esforçar, fica meio desconexo e caricato demais imitando sotaque nordestino.
Greta
3.5 74 Assista AgoraO mais interessante em “Greta” é a abordagem da homossexualidade na velhice. Infelizmente é um retrato real de solidão e angústia e o filme consegue nos passar essa sensação com o Pedro/Greta. Mas acho que mais do que tratar essa realidade, ele objetiva mostrar uma transformação nesse personagem, de maior aceitação e de busca de alguém, por mais que as circunstâncias não sejam propícias.
É muito bom ver a total entrega do Marco Nanini ao personagem, algo completamente diferente do pai de família e burocrata que a gente se acostumou a ver com o Lineu de “A Grande Família” e acho que poucos atores mais idosos encarariam se aprofundar assim.
Uma pena a obra ter sido pouco difundido. Apesar de ser do ano passado, nunca tinha escutado falar de “Greta” e só fui saber de sua existência esses dias. Mas foi uma grata surpresa.
Caçadores de Obras-Primas
3.1 476 Assista AgoraA premissa do filme é bem interessante, pois aborda um ponto da Segunda Guerra Mundial que eu ainda não tinha visto ser foco em um filme, que é o da preservação e recuperação de obras artísticas, fora o elenco estrelado.
Porém, mesmo com esses dois pontos, o filme parece ser meio perdido entre querer ser sério e cômico demais, ter algumas situações que não parecem plausíveis e não conseguir desenvolver muito bem os personagens e a relação entre eles, mesmo forçando pra que isso aconteça, fazendo com que acabe sendo um filme esquecível.
Divinas Divas
4.3 133 Assista AgoraTem um tempo que queria assistir a “Divinas Divas” é só hoje pude apreciá-lo. Também não sabia que a família da Leandra Leal era proprietária do Teatro Rival e toda essa vivência que ela teve na infância é fundamental pra construção da sensibilidade do documentário, que nos mostra essas figuras maravilhosas e emblemáticas que ainda são marginalizadas e esquecidas.
Gostei muito da construção do documentário de forma geral, desde a comemoração de 50 anos de apresentação das Divas com um novo espetáculo, até a rememoria de vários momentos importantes de suas vidas e cada uma tem seu momento de protagonismo. Aqui, podemos ver o quanto elas foram importantes por quebrarem paradigmas, principalmente se considerarmos que estávamos vivendo em uma Ditadura e os conceitos morais eram completamente diferentes dos atuais (por mais que atualmente haja uma onda de retrocesso), então elas foram fundamentais pra abrir espaço pra outras artistas travestis e trans que temos atualmente e na luta diária contra a homofobia.
Esse documentário é imperdível e necessário!
A Casa Que Jack Construiu
3.5 788 Assista AgoraDe modo geral, gosto do trabalho do Lars Von Trier, mas com algumas ressalvas. “A Casa que Jack construiu” conseguiu prender minha atenção, principalmente no início, achando bem interessante o desenvolvimento de um psicopata serial killer com TOC, o traço cômico e as conversas com Vergê, que parecia ser um psiquiatra tentando entender seus atos após sua prisão.
O filme, de fato, é maior do que isso e é muito mais autobiográfico do que aparenta, com o Lars debatendo o divino e pecado, arte e sobre sua própria obra e a maneira como ela é incompreendida. Porém, da metade pro final, o filme perde o fôlego e eu fiquei entediado com as divagações (como sobre o processo de produção do vinho e a caça) que tem sentido dentro da narrativa, mas que tornam o filme enfadonho e pretensioso demais, tentando colocar vários simbolismos de forma forçada pra parecer mais interessante, mas não parecendo conseguir trabalhar bem o surrealismo do final, ficando aquela impressão de que toda a violência gráfica e o pretenso simbolismo, são instrumentos utilizados mais pra chocar o público e deixar o filme com um certo hype do que pra construir uma história coerente.
Cafarnaum
4.6 673 Assista AgoraTermino aqui minha maratona do Oscar e nao poderia terminar com uma obra melhor, que já considero meu filme preferido dessa premiação. "Cafarnaum" é cruel, nos escancara a desigualdade social, comove, angustia e deixa com um sentimento de raiva e impotência, chegando muitas vezes a parecer um documentário. Sem falar da atuação do pequeno Zain Al Rafeea, que é uma das melhores atuações infantis do cinema. Filmaço!
Mate-me Por Favor
3.0 231 Assista Agora"Mate-me, por favor" era o que eu pensava por estar vendo esse filme, que tenta fazer um suspense (com um resultado bem duvidoso) com o elenco de Malhação.
No Portal da Eternidade
3.8 348 Assista Agora"No Portal da Eternidade" não se preocupa em ser uma cinebiografia convencional, mostrando a evolução do artista, ascensão e declínio. Ao contrário disso, sua preocupação é em retratar as angústias de Van Gogh e em como ele era alguém isolado, incompreendido e realmente transtornado. Os movimentos de câmera e sobreposição de diálogos são importantes nessa função e o Willem Dafoe tem uma de suas melhores atuações: visceral, crua, sufocante, transtornada; é minha atuação preferida para o Oscar de Melhor Ator, mas infelizmente acho improvável levar.
O Processo
4.0 240Documentário extremamente importante no cenário político atual e que serve, por mais que tenhamos acompanhado todo o processo de impeachment, como um apanhado geral dos acontecimentos. Logicamente a posição política da diretora fica bastante clara e a própria edição da obra denota isso, mas a própria escolha do nome é de certa forma impessoal (poderia ser "O Impeachment" ou "O Golpe") e se procura mostrar mais do que a defesa da presidenta nesse processo.
Compreendi a proposta do documentário em apenas mostrar as cenas ocorridas, conversas e debates, sem entrevistas e intervenções narrativas, apenas com pequenos textos explicando cada passo e o que ocorreu ao final, mas só consigo imaginar o quanto esses dois recursos deixariam o filme ainda mais rico, principalmente com depoimentos colhidos mais de um ano depois das pessoas que estavam no meio disso tudo. No mais, é um registro muito relevante, que deveria ser assistido independente de qualquer posicionamento político.
Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississippi
4.1 323 Assista AgoraDa leva de filmes do Oscar 2018, "Mudbound" é um dos mais interessantes e um dos mais injustiçados, com poucas indicações. O retrato do racismo e segregação social na primeira metade do século passado é um tema sempre mostrado, mas que nunca deixa de ser atual (vide a nossa realidade), com algumas cenas extremamente tocantes e angustiantes, mas não se resume só a isso e consegue ser um bom retrato do pós-guerra, que deixa as pessoas devastadas, além de saber desenvolver bem os personagens, onde todos têm momentos de destaque, sendo difícil apontar um protagonista.
Invasão Zumbi
4.0 2,0K Assista AgoraDentro do gênero terror, a temática zumbi é uma das minhas preferidas desde antes da febre de "The Walking Dead", mas a mesma está bastante saturada faz um tempo. "Train to Busan" consegue ser um filme tenso, nos causar apreensão, ser inovador, com o filme quase todo se passando em um trem ou girando ao redor dele e o principal, colocar profundidade nos personagens ao ponto de nos fazer ter empatia pelos mesmos e ser imprevisível, pois nenhum personagem está à salvo de morrer.
Achei bastante interessante a relação do pai com a filha, aquele que está longe de ser um protagonista clichê americano, já que é cheio de defeitos, além da criança super expressiva e do antagonista que nos dá um imenso ódio.
Entra fácil na galeria de filmes de zumbi para rever.
O Poderoso Chefinho
3.4 521 Assista AgoraEu sou facilmente "conquistável" por animações, mas "O Poderoso Chefinho", que parece mais uma revisitação de "O Fantástico Mundo de Bob" (com muito menos criatividade), não conseguiu me convencer, apesar da premissa interessante e da mensagem final cativante. Acaba sendo um filme bobo, que consegue nos arrancar um riso ou outro, mas que é bem esquecível.
Roda Gigante
3.3 309"Roda Gigante" tá na zona de conforto do Woody Allen, então se você conhece a filmografia do diretor, inevitavelmente não vai ver novidades nos dramas existenciais da Ginny, no caso de infidelidade, alcoolismo, gangsters ou o personagem viciado em cinema. Mas apesar de sua zona de conforto e ser um filme mediano na sua carreira, ainda assim consegue ser uma obra interessante, principalmente pela recriação dos anos 50 (a transição de luz, principalmente a iluminação que sempre foca na personagem da Kate, é sensacional) e, claro, a atuação da Kate Winslet, que o Woody tenta trabalhar acho que desde "Melinda & Melinda" e que é o ponto forte do filme; infelizmente é uma atuação que acabou sendo "esquecida" devido aos boicotes ao diretor nas premiações, mas que merece ser destacada.
Lady Bird: A Hora de Voar
3.8 2,1K Assista AgoraEu confesso que criei muitas expectativas com "Lady Bird" e a atuação da Saoirse Ronan e isso pode ter me deixado um pouco frustrado com o filme em si. Entretanto, é uma obra extremamente agradável, sensível e a Lady Bird, que dá nome ao filme, é dessas personagens que te cativam nos primeiros minutos. A obra em si trata de amadurecimento em uma fase cheia de conflitos, então é impossível não nos vermos um pouco na pele da personagem da Saiorse (pois já passamos por isso), que tem se mostrado uma das jovens atrizes mais promissoras da atualidade.
Star Wars, Episódio VIII: Os Últimos Jedi
4.1 1,6K Assista Agora"Os Últimos Jedi" consegue estabelecer essa nova trilogia, não superando "O Despertar da Força", que tinha um roteiro mais "redondo" e conciso, mas que não saía da zona de conforto e do fan service (que são coisas que eu não reclamo, inclusive) e dava uma excelente tacada inicial nos novos filmes. Já esse, consegue nos trazer todos esses elementos mágicos já estabelecidos durante todos os filmes, porém possui um pouco mais de identidade própria e várias reviravoltas empolgantes. E claro, há vários "furos" e personagens subaproveitados, como o Snoke e a Captão Phasma, além de ser um pouco mais extenso do que deveria, mas no geral o saldo é muito positivo e nos deixa animados para o capítulo final.
Simplesmente Amor
3.5 889 Assista AgoraSem dúvidas, o grande ponto positivo de "Love Actually" é o excelente elenco, composto por atores consagrados e outros que estavam ascendendo na carreira. Entretanto o filme peca na quantidade imensa de subtramas, que mais parece de novela global e, por isso, vários desfechos são insatisfatórios ou mal concluídos (o caso da moça apaixonada pelo personagem feito pelo Rodrigo Santoro).
Ao final, é um filme "açucarado", que serve como entretenimento, mas bastante esquecível, apesar de alguns personagens muito bons.