Antologia de literatura erudita (Ésquilo e Maria Velho da Costa) com cantos populares de Trás-os-Montes emoldura poeticamente a paisagem fílmica de forma precisa, conciliando malícia e bucolismo e tornando palatáveis as palavras como nichos de um espírito arcaico que retorna em ciclos (como o autor deixa claro sobre os papeis masculino e feminino principais que dominam a narrativa, paralelamente aos camponeses)
Olha que alforjas Olha que alforjas
Ai Jesus Meu escarabanilho
Ru-ru-ru Papinhas no cu, Fizera-las eu, comera-las tu.
Quando a raposa vai aos pintos Mal para os pais, pior para os filhos.
Obra-prima que mais parece um desdobramento de um concerto de Bach na trilha interpretada por Fernando Germani que embala um cenário bucólico de salgueiros e permeado por cânticos infantis, anedotas e estórias folclóricas, lições empíricas de agronomia vernacular, superstições e imersão nos hábitos camponeses, tudo como um encadeamento suave para amortecer a tragédia de Minek e a família Batisti.
A constituição da autobiografia fílmica é fiel ao processo frustrado de criação de Duna, acusado em documentário homônimo e lançado no mesmo ano que La Danza de la Realidad: excesso de ideias e informações geniais para um curto espaço de tempo, o que uma suposta burocracia técnica e um aprimoramento da linguagem lhe renderia distribuir em mais de um filme ou em uma duração maior do mesmo filme. Por ser autobiográfico, os arroubos de um velho romântico que prefere fielmente dar vazão aos seus conteúdos mentais oníricos e sua fantasia familiar a ponderar sua autoria ou obstáculos para uma fruição e realização prática do filme (o que fica claro no documentário Duna, sim, aconselho assistir a ambos no mesmo dia e se possível ler Quandro Teresa Brigou com Deus, genealogia ficcional e autobiografia fantástica). Ao contrario dos filmes da década de 70 que apresentam um flerte com o teatro do absurdo de Fernando Arrabal e um surrealismo bastante consistente em imagem e narrativa, este soa como uma obra datada do realismo fantástico latino americano recheada de uma atmosfera pieguista de exaltação romântica familiar, como um Amarcord caricato de teatralidade circense (a ponto dessa caricatura transbordar para diversos personagens, ao pai ditador, à mãe -matrona espiritualizada até generalizando homossexuais e travestis como transformistas - deixa isso explícito nos créditos, afastando qualquer dúvida se isto é uma representação para a época ou produto da visão datada e caricata do diretor, que é de fato, uma herança da homofobia bretoniana, quem sabe -, reservando a masculinidade aos comunistas), o excesso de trilha melodramática que acompanha o outro excesso de situações que não deixam o espectador respirar e a atuação pífia do menino de rua engraxate Carlitos-Lucho que ainda proporciona momentos risíveis de patéticos. Enfim, o filme é genial como a personalidade de Jodorowsky, mas falho em inúmeros aspectos, pela sua precipitação de um arroubo que pretendia se consagrar como autocelebração.
Um experimento biográfico-documental-ficcional extremamente arrojado, é de fato. Mas é necessário um distanciamento crítico - sei que essa geração não é afeita a isso, pois se não consegue separar autor de obra, quanto mais isso, e por isso sou do time antiemocional do crítico Hal Foster contrário ao emocional Didi-Huberman - para não confundir o filme de Peter Watkins com a obra de Edvard Munch. O filme realmente tem todos os louros e méritos de reconhecimento merecidos pela ousadia e originalidade da linguagem, mas a versão televisiva não é uma obra-prima - não vi a versão encurtada, para o cinema.
O fato de o diretor mesclar documentário anacrônico com reconstituição ficcional da vida de Munch, que em si já é algo louvável pela audácia, se consolida em termos de uma estética de aproximação subjetiva com o pintor na tentativa de reprodução dos estados psíquicos obsessivos que atormentam Munch como linguagem fílmica e elemento que fundamenta a narrativa. Quanto mais a duração do filme se impõe, mais os transtornos e as memórias traumáticas de Munch invadem as situações biográficas exibidas e o processo de construção das obras, : as imagens da família morrendo em tuberculose ou da primeira amante e eterna musa, Sra. Heiberg. Essa repetição incessante pode comprometer a fruição do filme numa duração tão exaustiva do formato televisivo, podendo ser mais bem sucedida no formato compacto do cinema. Nesse caso, o filme deixa de ser um docu-drama para ser uma série-delírio (TV) e filme-delírio (cinema), longe de eu defender uma linearidade narrativa e uma objetividade documental - até porque a intervenção anacrônica documental no cenário do fim do século XIX na Noruega já dissipa essa pretensão - que se afaste de interferências autorais ou reconstruções subjetivas dos delírios de Munch, mas a repetição do delírio como proposta poética e documental é muito arriscada enquanto procedimento formal e o filme tende a prender o espectador pela relevância do personagem Munch e menos pela questão formal de construção da narrativa.
A obra de Watkins remete a um filme de Rivette, que julgo, esse sim, uma obra-prima, La Belle Noiseuse, pois na mesma extensão, o diretor propõe uma imersão nos métodos de construção de uma pintura inspirada numa musa a ponto de a mise-en-scène se fundir sensorialmente nos atritos do pintor com a tela - o que evoca a tentativa de Watkins em inserir esteticamente os delírios de Munch como processo de criação das obras, em especial a volta incessante ao quadro Criança Doente. O que diferencia La Belle Noiseuse de Munch é justamente no ritmo: enquanto o primeiro executa uma imersão no processo criativo de um pintor na modalidade ficcional e focado apenas num momento temporal, Munch é pretensioso e desenvolve isso durante um longo período biográfico, fundindo várias linguagens (documentário, ficção, imersão psíquica como linguagem) num todo só. O que, imagino, é a proposta do diretor, aproximar a narrativa da confusão mental de Munch como proposta estética e de enredo.
Eu sou profundamente condicionado pelo cinema contemporâneo ou o de arte europeu para desgostar desse tipo de narrativa maniqueísta que humaniza em excesso os prisioneiros e demoniza o capitão Munsey, com diálogos absolutamente previsíveis (principalmente os do doutor contra o capitão) e esse tom de atuação bonachão e empostado da cinematografia hollywoodiana que coloca o estadunidense num jeito caricato e ingênuo (bem ao estilo felicidade não se compra, Frank Capra). Mas reconheço que Burt Lancaster supera todos os outros em seus papéis pastiche e realmente transcende ao maniqueísmo e seu atavismo programado ao cinema-gênero e o filme se sai bem na construção da complexidade e tensão entre os presos e os informantes, oferecendo algo de relevante que destaca esse filme entre os outros ditos clássicos hollywoodianos.
Mais um filme grego sobre exílio, perda de identidade e angústia da inconstância ou dificuldade de superação do trauma, mas com uma trama frouxa, repetitiva, esquisita, pois até para ser esquisito e não dar explicações precisa ter uma unidade interna consistente. Esse filme tem uma unidade interna, embora não a aprofunda, desperdiçando-a de modo inexpressivo e repetitivo como uma breve sugestão ou evocação. Aprenda com papai Nikolaidis. Esse filme é como um exílio do exílio em busca do mel como liga para tamanha inconstância e quando o mel se perde, só resta a paisagem da perda oceânica.
A cremação altaneira de Viriato, a declamação do Sermão da terceira quarta-feira da Quaresma na Batalha de Alcacer-Quibir, a aparição funesta de Dom Sebastião para Alferes Cabrita e a suspensão do conflito por um lamento africano: a glória além do cinema.
“Eurydice BA 2037” faz parte da trilogia “The shape of the coming nightmare*”composta por Nikolaidis, Morning Patrol” (1987) e “THE ZERO YEARS” (2005), mas lembra bastante Singapore Sling, até na estética Neo Noir, na escatologia e na repetição da sequência inicial na final e nos homens investigando mulheres assassinadas.
Que legal esse clipe gótico do my bloody valentine! “ Não acredito que jovens não saibam nada. Acho que sabem de tudo um pouco, mas não podem se defender do que sabem.”
Quero meu Malick e seu lirismo de Cinzas no Paraíso de volta! Neste, é tanta trilha sonora melodramática associada à narração off reflexiva - fora do contexto das cartas trocadas - e cortes de ações rápidas, encerradas em cada sequência como um todo conclusivo em si mesmo que acompanham aforismos e apresentam a ideia geral do filme, que a obra parece uma sucessão de trailers do mesmo filme, encadeados. E essa linguagem trailerística não se concilia com a longa duração do filme que poderia desenvolver mais a continuidade dramática das ações e não entregar o sentido do filme tão facilmente desde o início - a força interior da rejeição de Franz à lealdade ao regime nazista. O filme acaba sendo uma paisagem belíssima para uma ideia previsivelmente apresentada desde o início, intercalada por uma sequência ininterrupta de trailers.
Tudo é de um paladar cremoso: os perfumes dos sorvetes, os óleos essenciais da alma, o paraíso servido numa vulva azul, os desvarios de um velho tarado nadador, o talho na cabritinha ensanguentada e as vitelas arremessadas (Evaristo, tens cá disto?) o banho de leite amargo e patriótico, o nabo que vira salsa, o livro dos pentelhos-pensamentos venenosos e, pasmem, os diálogos.
Confesso que o olhar da vukodlak (mulher-lobisomem-mariposa) no moinho me arrepiou todo e a construção dramática da cena onde essa demônia invade o espaço e manuseia a farinha é horripilante, mas mesmo assim é um filme híbrido com uma leveza bucólica intercalada a uivos de tensão lancinantes.
A personagem de Cathryn Harrison, Susannah, cresceu, saiu de Green Cove, absorveu o mundo interior dos unicórnios da Cathryn (Susanna York) e o transferiu para Black Moon do Louis Malle.
Nunca vou me esquecer do olhar sedutor e malicioso de Roberto. É uma pérola esquecida bem aos moldes do cinema de Khouri, de imersão numa atmosfera burguesa, tem uma trama, intrincada e cheia de erotismo em torno de um assassinato, que remete ao noir. O livro que o casal protagonista lê é Sexta-feira triangular,(Ginger Man, de J. P. Donleavy.) lançado pela editora Civilização Brasileira em 1967 e relançado como Um safado em Dublin, em 2011, pela L&PM.
O Fundo do Ar é Vermelho
4.4 8Um velho me disse: "vote vermelho
sangue, com o tempo vai empalidecer".
Veredas
4.3 2Antologia de literatura erudita (Ésquilo e Maria Velho da Costa) com cantos populares de Trás-os-Montes emoldura poeticamente a paisagem fílmica de forma precisa, conciliando malícia e bucolismo e tornando palatáveis as palavras como nichos de um espírito arcaico que retorna em ciclos (como o autor deixa claro sobre os papeis masculino e feminino principais que dominam a narrativa, paralelamente aos camponeses)
Olha que alforjas
Olha que alforjas
Ai Jesus
Meu escarabanilho
Ru-ru-ru
Papinhas no cu,
Fizera-las eu, comera-las tu.
Quando a raposa vai aos pintos
Mal para os pais, pior para os filhos.
A Árvore dos Tamancos
4.0 33Obra-prima que mais parece um desdobramento de um concerto de Bach na trilha interpretada por Fernando Germani que embala um cenário bucólico de salgueiros e permeado por cânticos infantis, anedotas e estórias folclóricas, lições empíricas de agronomia vernacular, superstições e imersão nos hábitos camponeses, tudo como um encadeamento suave para amortecer a tragédia de Minek e a família Batisti.
A Dança da Realidade
4.2 81A constituição da autobiografia fílmica é fiel ao processo frustrado de criação de Duna, acusado em documentário homônimo e lançado no mesmo ano que La Danza de la Realidad: excesso de ideias e informações geniais para um curto espaço de tempo, o que uma suposta burocracia técnica e um aprimoramento da linguagem lhe renderia distribuir em mais de um filme ou em uma duração maior do mesmo filme. Por ser autobiográfico, os arroubos de um velho romântico que prefere fielmente dar vazão aos seus conteúdos mentais oníricos e sua fantasia familiar a ponderar sua autoria ou obstáculos para uma fruição e realização prática do filme (o que fica claro no documentário Duna, sim, aconselho assistir a ambos no mesmo dia e se possível ler Quandro Teresa Brigou com Deus, genealogia ficcional e autobiografia fantástica). Ao contrario dos filmes da década de 70 que apresentam um flerte com o teatro do absurdo de Fernando Arrabal e um surrealismo bastante consistente em imagem e narrativa, este soa como uma obra datada do realismo fantástico latino americano recheada de uma atmosfera pieguista de exaltação romântica familiar, como um Amarcord caricato de teatralidade circense (a ponto dessa caricatura transbordar para diversos personagens, ao pai ditador, à mãe -matrona espiritualizada até generalizando homossexuais e travestis como transformistas - deixa isso explícito nos créditos, afastando qualquer dúvida se isto é uma representação para a época ou produto da visão datada e caricata do diretor, que é de fato, uma herança da homofobia bretoniana, quem sabe -, reservando a masculinidade aos comunistas), o excesso de trilha melodramática que acompanha o outro excesso de situações que não deixam o espectador respirar e a atuação pífia do menino de rua engraxate Carlitos-Lucho que ainda proporciona momentos risíveis de patéticos. Enfim, o filme é genial como a personalidade de Jodorowsky, mas falho em inúmeros aspectos, pela sua precipitação de um arroubo que pretendia se consagrar como autocelebração.
Edvard Munch
4.4 13Um experimento biográfico-documental-ficcional extremamente arrojado, é de fato. Mas é necessário um distanciamento crítico - sei que essa geração não é afeita a isso, pois se não consegue separar autor de obra, quanto mais isso, e por isso sou do time antiemocional do crítico Hal Foster contrário ao emocional Didi-Huberman - para não confundir o filme de Peter Watkins com a obra de Edvard Munch. O filme realmente tem todos os louros e méritos de reconhecimento merecidos pela ousadia e originalidade da linguagem, mas a versão televisiva não é uma obra-prima - não vi a versão encurtada, para o cinema.
O fato de o diretor mesclar documentário anacrônico com reconstituição ficcional da vida de Munch, que em si já é algo louvável pela audácia, se consolida em termos de uma estética de aproximação subjetiva com o pintor na tentativa de reprodução dos estados psíquicos obsessivos que atormentam Munch como linguagem fílmica e elemento que fundamenta a narrativa. Quanto mais a duração do filme se impõe, mais os transtornos e as memórias traumáticas de Munch invadem as situações biográficas exibidas e o processo de construção das obras, : as imagens da família morrendo em tuberculose ou da primeira amante e eterna musa, Sra. Heiberg. Essa repetição incessante pode comprometer a fruição do filme numa duração tão exaustiva do formato televisivo, podendo ser mais bem sucedida no formato compacto do cinema. Nesse caso, o filme deixa de ser um docu-drama para ser uma série-delírio (TV) e filme-delírio (cinema), longe de eu defender uma linearidade narrativa e uma objetividade documental - até porque a intervenção anacrônica documental no cenário do fim do século XIX na Noruega já dissipa essa pretensão - que se afaste de interferências autorais ou reconstruções subjetivas dos delírios de Munch, mas a repetição do delírio como proposta poética e documental é muito arriscada enquanto procedimento formal e o filme tende a prender o espectador pela relevância do personagem Munch e menos pela questão formal de construção da narrativa.
A obra de Watkins remete a um filme de Rivette, que julgo, esse sim, uma obra-prima, La Belle Noiseuse, pois na mesma extensão, o diretor propõe uma imersão nos métodos de construção de uma pintura inspirada numa musa a ponto de a mise-en-scène se fundir sensorialmente nos atritos do pintor com a tela - o que evoca a tentativa de Watkins em inserir esteticamente os delírios de Munch como processo de criação das obras, em especial a volta incessante ao quadro Criança Doente. O que diferencia La Belle Noiseuse de Munch é justamente no ritmo: enquanto o primeiro executa uma imersão no processo criativo de um pintor na modalidade ficcional e focado apenas num momento temporal, Munch é pretensioso e desenvolve isso durante um longo período biográfico, fundindo várias linguagens (documentário, ficção, imersão psíquica como linguagem) num todo só. O que, imagino, é a proposta do diretor, aproximar a narrativa da confusão mental de Munch como proposta estética e de enredo.
A Nossos Amores
3.7 53Assim como Suzanne, aprecio bastante a sensualidade em Pierre Bonnard e os pelos de Bernard.
Lazzaro Felice
4.1 217 Assista AgoraQuero os vitrais da mansão da Marquesa na minha sala de jantar.
Brutalidade
3.9 15 Assista AgoraEu sou profundamente condicionado pelo cinema contemporâneo ou o de arte europeu para desgostar desse tipo de narrativa maniqueísta que humaniza em excesso os prisioneiros e demoniza o capitão Munsey, com diálogos absolutamente previsíveis (principalmente os do doutor contra o capitão) e esse tom de atuação bonachão e empostado da cinematografia hollywoodiana que coloca o estadunidense num jeito caricato e ingênuo (bem ao estilo felicidade não se compra, Frank Capra). Mas reconheço que Burt Lancaster supera todos os outros em seus papéis pastiche e realmente transcende ao maniqueísmo e seu atavismo programado ao cinema-gênero e o filme se sai bem na construção da complexidade e tensão entre os presos e os informantes, oferecendo algo de relevante que destaca esse filme entre os outros ditos clássicos hollywoodianos.
Nostos: O Retorno
4.1 2Às correntes de um mar sanguíneo, útero da duração, Nostos irrompe nas grutas ou templos de memória.
A Maldição da Bruxa
3.2 172 Assista AgoraO Espelho de Tarkovski, com trilha drone, reencarnado num ensaio sobre o matriarcado da bruxaria pagã.
L
3.4 11Mais um filme grego sobre exílio, perda de identidade e angústia da inconstância ou dificuldade de superação do trauma, mas com uma trama frouxa, repetitiva, esquisita, pois até para ser esquisito e não dar explicações precisa ter uma unidade interna consistente. Esse filme tem uma unidade interna, embora não a aprofunda, desperdiçando-a de modo inexpressivo e repetitivo como uma breve sugestão ou evocação. Aprenda com papai Nikolaidis. Esse filme é como um exílio do exílio em busca do mel como liga para tamanha inconstância e quando o mel se perde, só resta a paisagem da perda oceânica.
O Ataque
3.6 12Pepinos são crocodilos, a luz que irradia do amor é a luz do ocaso e o cravo da índia é a madeleine de Proust.
Non, ou a Vã Glória de Mandar
4.0 8A cremação altaneira de Viriato, a declamação do Sermão da terceira quarta-feira da Quaresma na Batalha de Alcacer-Quibir, a aparição funesta de Dom Sebastião para Alferes Cabrita e a suspensão do conflito por um lamento africano: a glória além do cinema.
Ága
3.7 6Robert Flaherty se emocionaria com essas histórias de renas mágicas.
Euridice BA 2O37
3.6 1“Eurydice BA 2037” faz parte da trilogia “The shape of the coming nightmare*”composta por Nikolaidis, Morning Patrol” (1987) e “THE ZERO YEARS” (2005), mas lembra bastante Singapore Sling, até na estética Neo Noir, na escatologia e na repetição da sequência inicial na final e nos homens investigando mulheres assassinadas.
Bait
3.5 10QUE MONTAGEM DA PORRA !!!!!!!!!!!
O Cogumelo Dos Cárpatos
3.0 1- Nunca levanta sua voz.
- Isso é bem o seu jeito.
-Você sempre se preservou.
- Que agasalho maravilhoso
é o silêncio.
Nadja
3.6 22Que legal esse clipe gótico do my bloody valentine!
“ Não acredito que jovens não saibam nada. Acho que sabem de tudo um pouco, mas não podem se defender do que sabem.”
Uma Vida Oculta
3.9 154Quero meu Malick e seu lirismo de Cinzas no Paraíso de volta! Neste, é tanta trilha sonora melodramática associada à narração off reflexiva - fora do contexto das cartas trocadas - e cortes de ações rápidas, encerradas em cada sequência como um todo conclusivo em si mesmo que acompanham aforismos e apresentam a ideia geral do filme, que a obra parece uma sucessão de trailers do mesmo filme, encadeados. E essa linguagem trailerística não se concilia com a longa duração do filme que poderia desenvolver mais a continuidade dramática das ações e não entregar o sentido do filme tão facilmente desde o início - a força interior da rejeição de Franz à lealdade ao regime nazista. O filme acaba sendo uma paisagem belíssima para uma ideia previsivelmente apresentada desde o início, intercalada por uma sequência ininterrupta de trailers.
A Comédia de Deus
3.9 13Tudo é de um paladar cremoso: os perfumes dos sorvetes, os óleos essenciais da alma, o paraíso servido numa vulva azul, os desvarios de um velho tarado nadador, o talho na cabritinha ensanguentada e as vitelas arremessadas (Evaristo, tens cá disto?) o banho de leite amargo e patriótico, o nabo que vira salsa, o livro dos pentelhos-pensamentos venenosos e, pasmem, os diálogos.
Lírios
3.7 10Um petisco com paladar dramático, canadense, jarmaniano e greenawayniano
Leptirica
3.5 7Confesso que o olhar da vukodlak (mulher-lobisomem-mariposa) no moinho me arrepiou todo e a construção dramática da cena onde essa demônia invade o espaço e manuseia a farinha é horripilante, mas mesmo assim é um filme híbrido com uma leveza bucólica intercalada a uivos de tensão lancinantes.
Imagens
3.8 29A personagem de Cathryn Harrison, Susannah, cresceu, saiu de Green Cove, absorveu o mundo interior dos unicórnios da Cathryn (Susanna York) e o transferiu para Black Moon do Louis Malle.
Antes, o Verão
3.8 6Nunca vou me esquecer do olhar sedutor e malicioso de Roberto. É uma pérola esquecida bem aos moldes do cinema de Khouri, de imersão numa atmosfera burguesa, tem uma trama, intrincada e cheia de erotismo em torno de um assassinato, que remete ao noir. O livro que o casal protagonista lê é Sexta-feira triangular,(Ginger Man, de J. P. Donleavy.) lançado pela editora Civilização Brasileira em 1967 e relançado como Um safado em Dublin, em 2011, pela L&PM.