Sempre digo que o que mais gosto nos filmes é a possibilidade de acompanhar personagens e histórias interessantes. E se é isso o que me atrai, eu já estava atraída por Carol nos cinco minutos iniciais. Trata-se de um filme magnético tanto pelo tema e contexto social quanto pelos personagens. Acho que filmes inspirados em livro tem mais facilidade em captar a atenção do público, eles tem uma vantagem por já partirem de personagens e histórias "amadurecidos", o que proporciona mais material pro seu desenvolvimento e, consequentemente, maior densidade. Mas algumas adaptações, claro, acertam mais que outras. Por exemplo, gostei bastante de Brooklyn, mas sinto que naquele filme foi tudo tão apressado que ficamos mais na superfície dos personagens. E se ficamos na sua superfície, dificilmente nos sentimos ávidos por saber em minúncia tudo o que acontecerá a eles. Enquanto em Brooklyn os personagens são um tanto plásticos e caricatos, em Carol eles são convicentes, tem mais vida, e despertam um interesse genuíno por seu destino. Como não se importar com a Carol de Cate Blanchett se ela é, provavelmente, uma das criaturas mais charmosas e misteriosas sobre a qual você já pôs seus olhos? A trama, igualmente magnética, explora o romance de duas mulheres numa época de muito maior repressão à homossexualidade. O drama aumenta pelo risco que Carol, em processo de divórcio, corre de perder a guarda da filha. Sabendo que na década de 1950 a homossexualidade ainda era crime nos EUA me vi o tempo todo apreensiva de quais poderiam ser as consequências para Carol, Terry ou mesmo Abby. Quanto as atuações, desnecessário dizer que Cate Blanchet está divina. Já Rooney Mara é talentosa, mas eu achei sua Terry bem chata e irritante (o que pode ser uma implicância minha, que tenho certa birra da atriz. Birra esta que nem o visual Audrey Hepburn fez diminuir). O trabalho do diretor também é belíssimo. Me surpreendeu e alegrou o modo sutil, artístico, bonito e autêntico como ele escolheu filmar várias das cenas.
Sempre tem aquele filme sobre o qual, na corrida pelo Oscar, as pessoas dizem que "não é pra tanto". Este ano esse filme foi Brooklyn. Mas como sou partidária dos filmes simples, que contam boas histórias sem precisar fazer muito estardalhaço, eu gostei deste aqui. É bem verdade, no entanto, que o filme poderia ter ido além. Em Brooklyn Eileen (Saoirse Ronan) é uma garota irlandesa que se muda para os Estados Unidos nos anos 1950. A iniciativa é da irmã mais velha, que quer que Eileen tenha mais oportunidades de vida. O que o filme nos promete em seu trailer é que Eileen (que na minha cabeça eu só consigo chamar de Brooklyn) se verá dividida entre dois amores, um nos EUA e outro na Irlanda. O que antecipa um grande dilema, porém, se revela da metade pro final do filme como algo muito morno. Eu fiquei esperando o personagem de Domhnall Gleeson entrar em cena redefinindo todos os conceitos de charme e carisma, como sempre faz, mas não rolou. Faltou profundidade pro seu personagem, tadinho. E não por falta de talento do ator, mas pela escolha que foi feita de como desenvolver a trama. O que é uma pena, já que o roteiro é de Nicky Hornby, a quem eu comecei a amar depois de ler Funny Girl, e de quem eu não queria falar mal. Mas sim, a história, baseada no livro homônimo de Colm Tóibín, parece ter tido um desfecho apressado que diminuiu sua profundidade. Daí você pergunta como, afinal, eu posso ter gostado do filme. Porque, por outro lado, apesar do conflito romântico ter sido subaproveitado, a meu ver, o mais interessante da história é outra coisa. O romance não é a alma do filme, mas sim um pano de fundo, metáfora pra divisão de Eileen entre sua terra natal e sua nova casa. O melhor do filme é acompanhar a transformação da protagonista de menina tímida e deslocada para mulher segura. E isso é tocante. E a jornada de Eileen é contada da forma mais delicada, bonita e relatável possível, graças ao trabalho da direção e à atuação de Saoirse, que é uma ótima atriz, inacreditavelmente madura pros seus 21 anos. Instagram: @todososfilmes
Persuasão é meu terceiro livro favorito de Jane Austen (o primeiro é Orgulho e Preconceito e o segundo Razão e Sensibilidade). Foi um livro que me conquistou muito e uma ótima experiência de leitura (principalmente por suceder Emma e Mansfield Park - que eu gostei, pois gosto de qualquer coisa que tenha vindo de Austen, mas não gostei tanto). Fui ávida assistir a esta adaptação e: me decepcionei. Não dá, gente. Eu não queria ser fútil e ficar apegada à ideais de beleza (pois até mesmo me incomodo com a beleza excessiva e irreal na maioria dos filmes. Gosto de ver gente normal), mas Sally Hawkins, em minha opiniao, não tem nada a ver com Anne Elliot. Anne pode não ser a beldade do livro, mas não é feia e sem graça. Pra própria Elisabeth, que é considerada a irmã mais bonita, colocaram uma atriz ainda mais feia. E Mary realmente é afetada, mas achei que aquela atriz foi exagerada e atuou de um jeito constrangedor. Além da aparência fisica de Anne, me incomodou sua atitude. Sim, Anne é comedida, mas na minha cabeça Anne não parece um bicho do mato. Enxergo-a como uma mulher muito mais forte e assertiva do que Fanny Price (e pra mim Sally estava mais pra Fanny do que pra Anne). Enfim, achei a escalação do elenco muito ruim, embora a escolha dos atores tenha sido mais feliz (adorei Anthony Head, meu eterno de Giles de Buffy, como Sir Elliot, por exemplo). Enquanto via o filme ia sofrendo com o elenco, pois as disparidades entre o que conheci no livro e via na tela me tiravam até mesmo a concentração, mas me sentia recompensada pelo roteiro, que se mostrou autêntico e com vida própria, sem parecer burocrático. Mas mesmo o roteiro começou a falhar, pois achei, como muitas pessoas aqui, extremamente desnecessário que substituíssem a cena mais linda do livro (aquela da carta). Outra fonte de incômodo foi a câmera. Não sei como se chama aquele estilo de filmagem pois não entendo dessas coisas, mas aquela câmera rápida e oscilante ficou totalmente destoante do clima da história.
The Beach Boys: Uma História de Sucesso foi o título nada apropriado que deram ao filme Love & Mercy. Nada apropriado porque não é uma biografia da banda, e sim o retrato de momentos da vida de Brian Wilson. O filme alterna entre os anos 1960, auge dos Beach Boys, e meados dos 1980. Wilson sempre teve uma vida conturbada, incluindo pai agressivo, ataques de pânico, uso de drogas e - foco principal do filme - a associação com o terapeuta Eugene Landy, que o diagnosticou como esquizofrênico e paranoico, controlou seus relacionamentos e até sua alimentação. O filme conquistou minha atenção desde o início e me lembrou a sensação de assistir a Jersey Boys, o filme de Clint Eastwood sobre Frank Valli e os Four Seasons, embora este tenha uma natureza mais voltada pro espetáculo, por conta de suas raízes na Broadway, além de realmente focar na formação da banda. O que mais gostei em Love & Mercy é que, muitas vezes, quando acompanhamos um filme que alterna entre diferentes épocas, acabamos preferindo uma ou outra. Mas aqui tanto a juventude de Wilson, interpretado por Paul Dano, quanto sua maturidade, na pele de John Cusack, são interessantes. Acompanhei ambas as fases com o mesmo interesse. Outro ponto positivo é o equilíbrio encontrado para o tom do filme. Personalidades difíceis, geniais, delicadas e complexas estão sempre sendo retratadas no cinema, o que é sempre um grande tema. Mas as abordagens oscilam entre aquelas que de tanto inventarem se tornam pedantes e chatas (vide filme sobre Jim Morrisson) e as que, por outro lado, fazem o mínimo do que podiam fazer, são razoáveis, mornas e burocráticas. Love & Mercy representa o equilíbrio entre essas duas possibilidades. É divertido, mas sem deixar de aprofundar e de mostrar os aspectos sombrios da vida do protagonista. É inventivo e recorre a recursos e cenas metafóricas, mas sem se tornar pedante. Espero que, um dia, quando fizerem um filme sobre David Bowie, adotem o mesmo tom. Bônus: o elenco inteiro é bom, mas Paul Dano se sobressai. A cena em que ele canta God Only Knows é linda e tocante. Instagram: @todososfilmes
Às vezes eu me pergunto se gosto mais de música, cinema ou literatura. Não que precise escolher, mas eu me pergunto mesmo assim. E sempre que me pergunto, a música, por mais que eu goste tanto, é a primeira a sobrar. A escolha entre cinema e literatura é bem mais difícil, porque o que eu gosto mesmo é que me contem histórias. Ambas as artes se complementam: você lê o livro, mas quer imagens. Você vê o filme, mas sente falta de profundidade. E aí ficamos felizes quando surgem as adaptações. Há aquelas que engrandecem a obra (vide O Bebê de Rosemary) e aquelas que simplesmente cumprem o papel de matar a curiosadade do leitor que anseia por visualizar seus personagens favoritos. É este o caso, infelizmente, de Lugares Escuros, que pra mim não acrescentou muita coisa à obra de Gillian Flynn. Talvez eu esteja sendo excessivamente dura, ofendida porque não fizeram nada melhor com a história da qual eu não conseguia desgrudar nos últimos três dias. Nunca saberei se minhas impressões seriam melhores - ou piores, pois talvez mais confusas - se eu não tivesse lido o livro antes. O filme não é, de modo algum, ruim, mas dava pra ser tão melhor... A grande graça do livro, pra mim, foi acompanhar a trajetória de Libby Day, sobrevivente de um massacre que vitimou sua família. A certeza da identidade do assassino - seu próprio irmão - é abalada quando Libby é procurada por um estranho clube de obcecados por crimes. É nesse processo que a vemos passar de protagonista intragável para alguém que vai dando sentido à vida e pra quem você consegue torcer. Mas mal dá pra apreender essa evolução da personagem no filme, por mais que Charlize Theron seja boa atriz. Aliás, não consegui enxergá-la como Libby, assim como achei que o elenco, apesar de talentoso, não conseguiu levar pra tela toda a tensão, angústia, sordidez, frustração e inadequação dos personagens e da história. Faltou clima. Instagram: @todososfilmes
Para fazer "O Regresso" Leonardo DiCaprio comeu fígado cru, nadou em rios congelados, aprendeu a falar duas línguas nativas e chamou a experiência de filmagem de "a mais difícil de sua carreira". O diretor Iñárritu usou apenas luz natural e filmou no Canadá e Argentina, numa experiência chamada de pesadelo e inferno por funcionários que acabaram desistindo ou sendo demitidos. A produção do filme ainda envolveu um enfrentamento físico entre Iñárritu e o ator Tom Hardy, com este supostamente tentando enforcar o diretor no set. E tudo isso para, no fim das contas, alguém como eu assistir ao filme no cinema e achar uma das coisas mais chatas que já viu na vida. "O Regresso" pode ter bons atores, ser bem feito, esteticamente lindo e contar uma história interessante (a do explorador Hugh Glass, que é deixado à beira da morte por seus companheiros de expedição após ser violentamente atacado por uma ursa). Mas, pra mim, ainda prevalece a duração desnecessária (porque parece que atualmente ninguém mais sabe fazer filmes com duas horas) e a sensação de um filme arrastado e aborrecido. Como méritos, vejo o realismo das cenas de luta e violência, que são impressionantes. Mas só me senti realmente instigada em dois momentos: aquele em que os companheiros de expedição de Glass (DiCaprio) são forçados a tomar uma decisão sobre o seu destino, e o clímax, quando Glass sai em busca de vingança. No mais, diria que sofri pra ver o filme mais ou menos na mesma medida em que o personagem de DiCaprio sofreu em tela. Instagram: @todososfilmes
Adorei! Fui basicamente criada pelos filmes dos anos 1990-2000, mas sei lá por que, esse eu ainda não tinha visto. Gostei muito de como é um filme adolescente e bobo, mas sem piadas que ofendam a inteligência da gente.
Eu não sou o tipo de super fã de Tarantino que coleciona e lembra de cada detalhe dos seus filmes ou procura saber tudo sobre o diretor, mas acho ele tão bom que, enquanto ele estiver fazendo filmes, estarei indo assistir. O risco de decepção é quase nulo e a garantia de diversão e de um filme bem feito são certos. E, pra mim, foi o que aconteceu com "Os Oito Odiados". Li que muita gente criticou o filme. Já eu gostei até mais do que de Django e, francamente, não sei o que as pessoas esperam de um filme além de que ele tenha um bom elenco, uma ótima trilha sonora, seja maravilhosamente dirigido e conte uma boa história. "Os Oito Odiados" mostra o encontro entre um caçador de recompensas (Kurt Russel), sua prisioneira (Jennifer Jason Leigh) e um monte de outras figuras tão peculiares e violentas quanto eles. Durante a trama, não se sabe se os personagens tem segundas intenções ou se estão dizendo a verdade sobre sua identidade. Diferente do que costumo fazer, fui ao cinema desconhecendo tudo isso, não tinha informações sobre a sinopse, e tudo que eu sabia é que se tratava de um faroeste. Adorei essa experiência. Confio tanto em Tarantino que pra mim está tudo bem ver seus filmes às cegas. O que mais chama atenção em "Os Oito Odiados" é a direção brilhante. É como se fossem conciliados três filmes num só, numa condensação muito bem amarrada de diferentes momentos. O filme dura quase três horas, mas se não fosse pelo fato de começar a ficar desconfortável na cadeira do cinema, eu nem terei percebido (aprende, Scorsese). Outro grande atrativo é o elenco. Fiquei encantada pelas atuações de Kurt Russel e Jennifer Jason Leigh, e pensando em como a Academia deixa de indicá-los para indicar Mark Ruffalo e Rachel McAdams (e eu amo esses dois, mas não tem comparação). Bônus: o clima de suspense estilo Agatha Christie que toma conta de certos momentos do filme. Instagram: @todososfilmes
Quando ouvi falar em "Spotlight" pela primeira vez já estava tipo "o que dizer desse Spotlight que eu mal conheço mas já considero pacas?" Além do elenco dos sonhos, o filme logo me lembrou, como não poderia deixar de ser, de "Todos os Homens do Presidente", que é tão classudo, tão bem feito, tão clássico que te deixa com a impressão de que você é uma admiradora de suspenses políticos investigativos envolvendo jornalistas desde pequenininha, ainda que este seja o único do gênero que você assistiu. "Spotlight" realmente se assemelha bastante a "Todos os Homens...", mas me diverti mais vendo este último. Eu, que estava com expectativas bem altas, acabei me decepcionando. O problema, no entanto, não estava no filme, e sim nas minhas expectativas. "Spotlight" é, de fato, um filme muito bom e necessário, mas não é o tipo de filme que "floreia" histórias com fins de entreter. Engraçado lembrar que li uma crítica sobre "Trumbo", que sugeria que o filme romantizou demais a realidade com o objetivo de tornar o protagonista mais heroico. Em "Spotlight" ocorre o oposto: é um filme realista, com gosto de documentário, "seco". E isso é compreensível, pois dado a delicadeza do tema que trata - o trabalho real de um grupo de jornalistas de Boston que revelou, em 2001, uma série de casos de pedofilia cometidos por padres católicos - torna tudo mais respeitoso. Poderiam florear, inserir uns toques de comédia ou romance, exaltar herois, pesar no maniqueísmo, mas nada disso acontece. E isso é um mérito. Os próprios diálogos são mais reais, se parecem mais com o modo como falamos de verdade. As atuações também. Talvez você, como eu, se surpreenda com o fato de Mark Ruffalo e Rachel McAdams serem indicados ao Oscar por performances aparentemente comuns e comedidas. Mas talvez esteja aí a graça da coisa: atuações tão naturais que nem parecem atuações. Outro mérito do filme, a meu ver, é ser cinema com temática séria, adulta, em tempos de salas majoritariamente ocupadas por produções adolescentes. Pode não ter me cativado como eu gostaria, mas espero que abra portas para filmes semelhantes. Instagram: @todososfilmes
Anos atrás, assistindo os extras do DVD de "A Princesa e o Plebeu", fiquei sabendo que o seu verdadeiro roteirista, Dalton Trumbo, não assinou a autoria do filme, pedindo ao amigo Ian McLellan Hunter que o fizesse em seu lugar. Foi McLellan, inclusive, quem levou o Oscar de melhor roteiro que o filme (que revelou Audrey Hepburn) acabou ganhando. A verdade só foi revelada em 2002. O motivo da farsa foi que Trumbo, à época, estava impedido de trabalhar, integrante que era da lista negra do macartismo. Ao lado de colegas escritores e diretores, Trumbo integrou os "Dez de Hollywood", grupo que sofreu perseguição política ao serem rotulados comunistas infiltrados na indústria do cinema. Este é mais um desses episódios históricos e mais um desses personagens que precisavam ser levados ao cinema, e felizmente alguém o fez. Por "Trumbo: Lista Negra", Bryan Cranston, no papel principal, está concorrendo ao Oscar de melhor ator. Ele faz um belo trabalho ao retratar a austeridade e firmeza de caráter de Trumbo. Terminamos o filme admirando-o. Helen Mirren brilha como a fofoqueira e megera Hedda Hopper, e ver John Goodman em ação é sempre uma alegria. Pro meu gosto pessoal, a temática de "Trumbo" (política + cinema + histótia) é um verdadeiro deleite. E, assim como em "O Aviador", é também um deleite assistir aos ícones hollywoodianos ganhando vida no filme - tanto pelas atuações quanto por vídeos de arquivo da época. Alguns deles são John Wayne, Otto Preminger e Kirk Douglas. Um ponto forte do filme é demonstrar a polarização entre aqueles que apoiaram o macartismo (inclusive delatando colegas) e aqueles que se tornaram suas vítimas. E não se trata de ficção. As delações deixaram marcas muitos anos depois. Basta ver o vídeo do Oscar honorário concedido em 1999 ao diretor Elia Kazan, que denunciou colegas nos anos 1950. Enquanto alguns aplaudiam de pé, outros como Nick Nolte e Ed Harris permaneciam sentados e recusando-se a aplaudir, em sinal de protesto. Instagram: @todososfilmes
Vi "O Jogo da Imitação" depois de ter visto "O Aviador" e, coincidentemente, ambos tratam de personagens excêntricos e cheios de manias (incluindo a disposição de suas ervilhas no prato). Tanto Howard Hughes quanto Alan Turing foram pessoas interessantes com vidas interessantes, responsáveis por grandes ações que impactaram a sociedade. Mas retratar suas trajetórias, para além de retratar suas vidas públicas, significa retratar seus conflitos pessoais. E ambos foram homens que tiveram de lidar com grandes angústias. No caso de Hughes, o TOC. No caso de Turing, sua personalidade peculiar, que lhe tornava um alvo fácil para bullies, sua genialidade e o fato de ser homossexual numa época em que, na Inglaterra, isso ainda era crime. Turing foi parte de um grupo ligado à inteligência britânica que decifrou o código Enigma, contribuindo para a derrota da Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Além do mérito de divulgar as contribuições de Turing, o que constitui verdadeira dívida histórica, considerando o que o Estado lhe fez posteriormente, "O Jogo da Imitação" apresenta boa direção, fotografia, ambientação e a atuação espetacular de Benedict Cumberbatch. Sei que ele já é queridinho do público há tempos, e eu estou atrasada, mas é o primeiro trabalho dele que vejo ("Desejo e Reparação" não conta porque não lembro - provavelmente porque odiei) e estou encantada com o talento fora do normal do ator até agora. Instagram: @todososfilmes
Eu comecei o ano revendo "Simplesmente Amor" pela milésima vez. Dessa vez me chamou atenção algo que costumava passar despercebido: notei que as personagens mulheres parecem existir em função dos homens, e quase todas sofrem resignadas por algum motivo. Isso me incomodou, mas ainda assim é um filme especial, cheio de cenas icônicas, com um elenco perfeito e que merece cinco estrelinhas. Instagram: @todososfilmes
Gostar de um filme, para mim, tem muito a ver com ter a sensibilidade tocada pelos seus temas. Antes eu costumava assistir todos os filmes concorrentes ao Oscar. Parei com esse hábito quando percebi que acabava vendo coisas que, em circunstâncias normais, eu nunca veria. Digo isso porque acredito que não gostei de "O Lobo de Wall Street" pelo meu desinteresse por seus temas e personagens. Com "O Aviador", a história é outra. O pano de fundo é a Hollywood clássica e seu protagonista o empresário, aviador, diretor de cinema, inventor e milionário Howard Hughes, um homem interessantíssimo. Tudo bem que para além do seu interesse por cinema, o filme dedica-se muito mais, como o título entrega, à paixão de Hughes pela aviação. Mas ainda que a minha curiosidade por aviões seja bem similiar à minha afinidade com o mercado financeiro, seria impossível para mim, gostando de cinema clássico como gosto, não vibrar com a expectativa de ver os ídolos do passado interpretados por atores do presente. Nesse aspecto, Cate Blanchett realiza o sonho de qualquer admirador da Era de Ouro Hollywoodiana ao basicamente trazer Katharine Hepburn de volta à vida. Leonardo DiCaprio, no papel principal, está muito bem, assim como o restante do elenco. A ressalva fica só em Kate Beckinsale. Difícil entender o que passou pela cabeça de Scorsese ao escolher alguém tão comum para interpretar a atriz mais bonita e estonteante de todos os tempos, Ava Gardner. O que também me incomoda é a duração dos filmes do diretor. Alfred Hitchcock dizia que "a duração de um filme deveria estar relacionada à resistência da bexiga do espectador". E eu acho que o conselho do gênio precisa ser levado mais em conta. Retornando às qualidades, gosto muito da forma como Scorsese desenvolve a trama sem um sentido muito exato de começo, meio e fim. Gosto de filmes assim, que te levam por momentos interessantes da vida de pessoas interessantes, sem um comprometimento em fornecer um clímax final ou grandes explicações sobre os destinos dos personagens. Instagram: @todososfilmes
"Ainda Estamos Aqui" é o tipo de terror que começa lento, bem lento. E eu amo filmes lentos. Mas ao contrário de "A Casa do Diabo", por exemplo, que ao ser lento te faz se apegar cada vez mais aos personagens e querer passar mais tempo com eles, este só te faz ficar entendiado e duvidar se continua com o filme. A partir da metade as coisas melhoram, os personagens e ambientação bem feita dos anos 1970 te conquistam, bem como as referências aos clássicos do gênero, mas não é suficiente, sobretudo porque o roteiro se mostra incorente e cheio de buracos. Instagram: @todososfilmes
Adoro quando os filmes acabam sendo algo que eu não esperava. Fui ver "O que nós fizemos no nosso feriado" esperando uma comédia despretensiosa e leve, o que de fato ele é, mas não esperava que o foco, ao invés de ficar no casal que tenta esconder o divórcio da família, passasse para as crianças e a experiência atípica e surpreendente que elas vivem, o que acabou sendo bem mais interessante. Se é pra encontrar algum problema, talvez a rapidez exagerada com que se resolvem os conflitos na parte final do filme. Instagram: @todososfilmes
"Amizade desfeita" é um terror que traz linguagem e formato inovadores. O filme se passa inteiro numa tela de computador, o que proporciona uma experiência de imersão e tensão interessantes. Mas para mim inovação no formato pouco significa se não existe uma boa história, bons personagens e temas com os quais eu possa me relacionar. Não veria novamente. Instagram: @todososfilmes
O filme é um suspense criminal com uma série de elementos clássicos que nos fazem sentir familiarizados com o que estamos vendo. Um destes temas clássicos é o da relação (de tensão, disputa, admiração) entre mestre e aprendiz que se estabelece entre o professor de Direito Bermudez (Ricardo Darín) e o estudante Gonzalo, quem ele acredita ser um criminoso. Outro elemento reconhecível é o próprio protagonista, que parece uma espécie de Sherlock Holmes saído de um filme de Hitchcock. Você consegue imaginar Cary Grant ou James Stewart no mesmo papel. Instagram: @todososfilmes
Um lugar chamado Notting Hill" é um desses filmes que eu demorei anos pra ver. O motivo provavelmente é Julia Roberts. Não gosto dela e talvez por isso - mas desconfio que não somente por isso - tenha achado sua Anna Scott uma das protagonistas mais difíceis de gostar que já vi (o que é bem atípico se tratando de uma comédia romântica). Decidi ver o filme porque venho me tornando cada vez mais fã do roteirista Richard Curtis, mas achei que pouco se percebe, em Notting Hill, a mesma graça e humor presentes em outros escritos por ele. Aliás, o filme muitas vezes parece se dividir em dois: até a metade é genérico e meio "fake" (especialmente a cena do restaurante), mas daí em diante melhora e passa a ser mais autêntico. A trilha sonora, na mesma linha, tem músicas maravilhosas combinadas com outras bem ruins. Pra piorar, não vejo química entre o casal de protagonistas. Falando nele, Hugh Grant é o que faz, pra mim, o filme valer a pena. Ele, a livraria (pois como não gostar de filmes com livrarias?), a cena da passagem das estações do ano e o final, que é realmente um clímax muito bom. @todososfilmes
Fora certos motivos óbvios, como a beleza de Gemma Arterton, as belas paisagens francesas e o talento de Fabrice Luchini (ator excepcional que esteve presente em dois dos meus filmes favoritos do ano passado), este filme me conquistou pela criatividade. Eu gosto muito quando um roteiro usa da intertextualidade. O diálogo entre obras diferentes e a aproximação entre ficção e realidade costumam render momentos bastante criativos no cinema. Em "Gemma Bovery", o francês Joubert reconhece em sua nova vizinha inglesa, Gemma, traços inquestionáveis de Emma Bovary, do clássico de Flaubert. O modo como ele se inquieta diante das semelhanças entre a vida de ambas e os contratempos que daí decorrem é o que marca o desenvolvimento do filme. Instagram: @todososfilmes
Mais um filme escrito por Richard Curtis, na minha tentativa de conhecer mais dos seus trabalhos, e mais um desses filmes que eu levei anos para ver. Depois de Notting Hill pensei "isso sim é uma protagonista decente de comédia româtica" e fiquei surpresa por saber que muita gente detesta o trabalho de Andie MacDowell como Carrie. Eu achei um bom desempenho, até melhor do que a atuação dela em "Feitiço do Tempo", outro desses filmes que eu demorei de ver. "Quatro Casamentos e um Funeral" é acima da média, divertido e tem a qualidade que eu mais gosto num filme: personagens bem desenvolvidos e interessantes. Instagram: @todososfilmes
É bem improvável que qualquer pessoa saia imune da experiência de assistir "Os Intocáveis", de 2011. Assim, fica difícil não querer ver o segundo trabalho da dupla de realizadores em parceria com o extremamente carismático ator Omar Sy. Em "Samba", o ator aparece ao lado de um elenco quase tão carismático quanto ele. E uma fórmula semelhante à do primeiro filme parece ser usada: leveza para falar de coisas sérias (no caso, imigração e xenofobia). É um filme que tem drama, romance e comédia, que faz emocionar, rir e refletir, dando a quem assiste uma sensação de experiência cinematográfica "completa". É o tipo infalível de filme que você vai ter vontade de indicar às pessoas. @todososfilmes
Carol
3.9 1,5K Assista AgoraSempre digo que o que mais gosto nos filmes é a possibilidade de acompanhar personagens e histórias interessantes. E se é isso o que me atrai, eu já estava atraída por Carol nos cinco minutos iniciais. Trata-se de um filme magnético tanto pelo tema e contexto social quanto pelos personagens. Acho que filmes inspirados em livro tem mais facilidade em captar a atenção do público, eles tem uma vantagem por já partirem de personagens e histórias "amadurecidos", o que proporciona mais material pro seu desenvolvimento e, consequentemente, maior densidade. Mas algumas adaptações, claro, acertam mais que outras. Por exemplo, gostei bastante de Brooklyn, mas sinto que naquele filme foi tudo tão apressado que ficamos mais na superfície dos personagens. E se ficamos na sua superfície, dificilmente nos sentimos ávidos por saber em minúncia tudo o que acontecerá a eles. Enquanto em Brooklyn os personagens são um tanto plásticos e caricatos, em Carol eles são convicentes, tem mais vida, e despertam um interesse genuíno por seu destino. Como não se importar com a Carol de Cate Blanchett se ela é, provavelmente, uma das criaturas mais charmosas e misteriosas sobre a qual você já pôs seus olhos? A trama, igualmente magnética, explora o romance de duas mulheres numa época de muito maior repressão à homossexualidade. O drama aumenta pelo risco que Carol, em processo de divórcio, corre de perder a guarda da filha. Sabendo que na década de 1950 a homossexualidade ainda era crime nos EUA me vi o tempo todo apreensiva de quais poderiam ser as consequências para Carol, Terry ou mesmo Abby. Quanto as atuações, desnecessário dizer que Cate Blanchet está divina. Já Rooney Mara é talentosa, mas eu achei sua Terry bem chata e irritante (o que pode ser uma implicância minha, que tenho certa birra da atriz. Birra esta que nem o visual Audrey Hepburn fez diminuir). O trabalho do diretor também é belíssimo. Me surpreendeu e alegrou o modo sutil, artístico, bonito e autêntico como ele escolheu filmar várias das cenas.
Brooklin
3.8 1,1KSempre tem aquele filme sobre o qual, na corrida pelo Oscar, as pessoas dizem que "não é pra tanto". Este ano esse filme foi Brooklyn. Mas como sou partidária dos filmes simples, que contam boas histórias sem precisar fazer muito estardalhaço, eu gostei deste aqui. É bem verdade, no entanto, que o filme poderia ter ido além. Em Brooklyn Eileen (Saoirse Ronan) é uma garota irlandesa que se muda para os Estados Unidos nos anos 1950. A iniciativa é da irmã mais velha, que quer que Eileen tenha mais oportunidades de vida. O que o filme nos promete em seu trailer é que Eileen (que na minha cabeça eu só consigo chamar de Brooklyn) se verá dividida entre dois amores, um nos EUA e outro na Irlanda. O que antecipa um grande dilema, porém, se revela da metade pro final do filme como algo muito morno. Eu fiquei esperando o personagem de Domhnall Gleeson entrar em cena redefinindo todos os conceitos de charme e carisma, como sempre faz, mas não rolou. Faltou profundidade pro seu personagem, tadinho. E não por falta de talento do ator, mas pela escolha que foi feita de como desenvolver a trama. O que é uma pena, já que o roteiro é de Nicky Hornby, a quem eu comecei a amar depois de ler Funny Girl, e de quem eu não queria falar mal. Mas sim, a história, baseada no livro homônimo de Colm Tóibín, parece ter tido um desfecho apressado que diminuiu sua profundidade. Daí você pergunta como, afinal, eu posso ter gostado do filme. Porque, por outro lado, apesar do conflito romântico ter sido subaproveitado, a meu ver, o mais interessante da história é outra coisa. O romance não é a alma do filme, mas sim um pano de fundo, metáfora pra divisão de Eileen entre sua terra natal e sua nova casa. O melhor do filme é acompanhar a transformação da protagonista de menina tímida e deslocada para mulher segura. E isso é tocante. E a jornada de Eileen é contada da forma mais delicada, bonita e relatável possível, graças ao trabalho da direção e à atuação de Saoirse, que é uma ótima atriz, inacreditavelmente madura pros seus 21 anos.
Instagram: @todososfilmes
Persuasão
3.9 151Persuasão é meu terceiro livro favorito de Jane Austen (o primeiro é Orgulho e Preconceito e o segundo Razão e Sensibilidade). Foi um livro que me conquistou muito e uma ótima experiência de leitura (principalmente por suceder Emma e Mansfield Park - que eu gostei, pois gosto de qualquer coisa que tenha vindo de Austen, mas não gostei tanto). Fui ávida assistir a esta adaptação e: me decepcionei. Não dá, gente. Eu não queria ser fútil e ficar apegada à ideais de beleza (pois até mesmo me incomodo com a beleza excessiva e irreal na maioria dos filmes. Gosto de ver gente normal), mas Sally Hawkins, em minha opiniao, não tem nada a ver com Anne Elliot. Anne pode não ser a beldade do livro, mas não é feia e sem graça. Pra própria Elisabeth, que é considerada a irmã mais bonita, colocaram uma atriz ainda mais feia. E Mary realmente é afetada, mas achei que aquela atriz foi exagerada e atuou de um jeito constrangedor. Além da aparência fisica de Anne, me incomodou sua atitude. Sim, Anne é comedida, mas na minha cabeça Anne não parece um bicho do mato. Enxergo-a como uma mulher muito mais forte e assertiva do que Fanny Price (e pra mim Sally estava mais pra Fanny do que pra Anne). Enfim, achei a escalação do elenco muito ruim, embora a escolha dos atores tenha sido mais feliz (adorei Anthony Head, meu eterno de Giles de Buffy, como Sir Elliot, por exemplo). Enquanto via o filme ia sofrendo com o elenco, pois as disparidades entre o que conheci no livro e via na tela me tiravam até mesmo a concentração, mas me sentia recompensada pelo roteiro, que se mostrou autêntico e com vida própria, sem parecer burocrático. Mas mesmo o roteiro começou a falhar, pois achei, como muitas pessoas aqui, extremamente desnecessário que substituíssem a cena mais linda do livro (aquela da carta). Outra fonte de incômodo foi a câmera. Não sei como se chama aquele estilo de filmagem pois não entendo dessas coisas, mas aquela câmera rápida e oscilante ficou totalmente destoante do clima da história.
The Beach Boys: Uma História de Sucesso
3.9 169 Assista AgoraThe Beach Boys: Uma História de Sucesso foi o título nada apropriado que deram ao filme Love & Mercy. Nada apropriado porque não é uma biografia da banda, e sim o retrato de momentos da vida de Brian Wilson. O filme alterna entre os anos 1960, auge dos Beach Boys, e meados dos 1980. Wilson sempre teve uma vida conturbada, incluindo pai agressivo, ataques de pânico, uso de drogas e - foco principal do filme - a associação com o terapeuta Eugene Landy, que o diagnosticou como esquizofrênico e paranoico, controlou seus relacionamentos e até sua alimentação. O filme conquistou minha atenção desde o início e me lembrou a sensação de assistir a Jersey Boys, o filme de Clint Eastwood sobre Frank Valli e os Four Seasons, embora este tenha uma natureza mais voltada pro espetáculo, por conta de suas raízes na Broadway, além de realmente focar na formação da banda. O que mais gostei em Love & Mercy é que, muitas vezes, quando acompanhamos um filme que alterna entre diferentes épocas, acabamos preferindo uma ou outra. Mas aqui tanto a juventude de Wilson, interpretado por Paul Dano, quanto sua maturidade, na pele de John Cusack, são interessantes. Acompanhei ambas as fases com o mesmo interesse. Outro ponto positivo é o equilíbrio encontrado para o tom do filme. Personalidades difíceis, geniais, delicadas e complexas estão sempre sendo retratadas no cinema, o que é sempre um grande tema. Mas as abordagens oscilam entre aquelas que de tanto inventarem se tornam pedantes e chatas (vide filme sobre Jim Morrisson) e as que, por outro lado, fazem o mínimo do que podiam fazer, são razoáveis, mornas e burocráticas. Love & Mercy representa o equilíbrio entre essas duas possibilidades. É divertido, mas sem deixar de aprofundar e de mostrar os aspectos sombrios da vida do protagonista. É inventivo e recorre a recursos e cenas metafóricas, mas sem se tornar pedante. Espero que, um dia, quando fizerem um filme sobre David Bowie, adotem o mesmo tom. Bônus: o elenco inteiro é bom, mas Paul Dano se sobressai. A cena em que ele canta God Only Knows é linda e tocante.
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Lugares Escuros
3.1 411 Assista AgoraÀs vezes eu me pergunto se gosto mais de música, cinema ou literatura. Não que precise escolher, mas eu me pergunto mesmo assim. E sempre que me pergunto, a música, por mais que eu goste tanto, é a primeira a sobrar. A escolha entre cinema e literatura é bem mais difícil, porque o que eu gosto mesmo é que me contem histórias. Ambas as artes se complementam: você lê o livro, mas quer imagens. Você vê o filme, mas sente falta de profundidade. E aí ficamos felizes quando surgem as adaptações. Há aquelas que engrandecem a obra (vide O Bebê de Rosemary) e aquelas que simplesmente cumprem o papel de matar a curiosadade do leitor que anseia por visualizar seus personagens favoritos. É este o caso, infelizmente, de Lugares Escuros, que pra mim não acrescentou muita coisa à obra de Gillian Flynn. Talvez eu esteja sendo excessivamente dura, ofendida porque não fizeram nada melhor com a história da qual eu não conseguia desgrudar nos últimos três dias. Nunca saberei se minhas impressões seriam melhores - ou piores, pois talvez mais confusas - se eu não tivesse lido o livro antes. O filme não é, de modo algum, ruim, mas dava pra ser tão melhor... A grande graça do livro, pra mim, foi acompanhar a trajetória de Libby Day, sobrevivente de um massacre que vitimou sua família. A certeza da identidade do assassino - seu próprio irmão - é abalada quando Libby é procurada por um estranho clube de obcecados por crimes. É nesse processo que a vemos passar de protagonista intragável para alguém que vai dando sentido à vida e pra quem você consegue torcer. Mas mal dá pra apreender essa evolução da personagem no filme, por mais que Charlize Theron seja boa atriz. Aliás, não consegui enxergá-la como Libby, assim como achei que o elenco, apesar de talentoso, não conseguiu levar pra tela toda a tensão, angústia, sordidez, frustração e inadequação dos personagens e da história. Faltou clima.
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O Regresso
4.0 3,5K Assista AgoraPara fazer "O Regresso" Leonardo DiCaprio comeu fígado cru, nadou em rios congelados, aprendeu a falar duas línguas nativas e chamou a experiência de filmagem de "a mais difícil de sua carreira". O diretor Iñárritu usou apenas luz natural e filmou no Canadá e Argentina, numa experiência chamada de pesadelo e inferno por funcionários que acabaram desistindo ou sendo demitidos. A produção do filme ainda envolveu um enfrentamento físico entre Iñárritu e o ator Tom Hardy, com este supostamente tentando enforcar o diretor no set. E tudo isso para, no fim das contas, alguém como eu assistir ao filme no cinema e achar uma das coisas mais chatas que já viu na vida. "O Regresso" pode ter bons atores, ser bem feito, esteticamente lindo e contar uma história interessante (a do explorador Hugh Glass, que é deixado à beira da morte por seus companheiros de expedição após ser violentamente atacado por uma ursa). Mas, pra mim, ainda prevalece a duração desnecessária (porque parece que atualmente ninguém mais sabe fazer filmes com duas horas) e a sensação de um filme arrastado e aborrecido. Como méritos, vejo o realismo das cenas de luta e violência, que são impressionantes. Mas só me senti realmente instigada em dois momentos: aquele em que os companheiros de expedição de Glass (DiCaprio) são forçados a tomar uma decisão sobre o seu destino, e o clímax, quando Glass sai em busca de vingança. No mais, diria que sofri pra ver o filme mais ou menos na mesma medida em que o personagem de DiCaprio sofreu em tela.
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Mal Posso Esperar
3.2 131 Assista AgoraAdorei! Fui basicamente criada pelos filmes dos anos 1990-2000, mas sei lá por que, esse eu ainda não tinha visto. Gostei muito de como é um filme adolescente e bobo, mas sem piadas que ofendam a inteligência da gente.
O Bebê de Rosemary
3.9 1,9K Assista AgoraPerfeito!
Os Oito Odiados
4.1 2,4K Assista AgoraEu não sou o tipo de super fã de Tarantino que coleciona e lembra de cada detalhe dos seus filmes ou procura saber tudo sobre o diretor, mas acho ele tão bom que, enquanto ele estiver fazendo filmes, estarei indo assistir. O risco de decepção é quase nulo e a garantia de diversão e de um filme bem feito são certos. E, pra mim, foi o que aconteceu com "Os Oito Odiados". Li que muita gente criticou o filme. Já eu gostei até mais do que de Django e, francamente, não sei o que as pessoas esperam de um filme além de que ele tenha um bom elenco, uma ótima trilha sonora, seja maravilhosamente dirigido e conte uma boa história. "Os Oito Odiados" mostra o encontro entre um caçador de recompensas (Kurt Russel), sua prisioneira (Jennifer Jason Leigh) e um monte de outras figuras tão peculiares e violentas quanto eles. Durante a trama, não se sabe se os personagens tem segundas intenções ou se estão dizendo a verdade sobre sua identidade. Diferente do que costumo fazer, fui ao cinema desconhecendo tudo isso, não tinha informações sobre a sinopse, e tudo que eu sabia é que se tratava de um faroeste. Adorei essa experiência. Confio tanto em Tarantino que pra mim está tudo bem ver seus filmes às cegas. O que mais chama atenção em "Os Oito Odiados" é a direção brilhante. É como se fossem conciliados três filmes num só, numa condensação muito bem amarrada de diferentes momentos. O filme dura quase três horas, mas se não fosse pelo fato de começar a ficar desconfortável na cadeira do cinema, eu nem terei percebido (aprende, Scorsese). Outro grande atrativo é o elenco. Fiquei encantada pelas atuações de Kurt Russel e Jennifer Jason Leigh, e pensando em como a Academia deixa de indicá-los para indicar Mark Ruffalo e Rachel McAdams (e eu amo esses dois, mas não tem comparação). Bônus: o clima de suspense estilo Agatha Christie que toma conta de certos momentos do filme.
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Spotlight - Segredos Revelados
4.1 1,7K Assista AgoraQuando ouvi falar em "Spotlight" pela primeira vez já estava tipo "o que dizer desse Spotlight que eu mal conheço mas já considero pacas?" Além do elenco dos sonhos, o filme logo me lembrou, como não poderia deixar de ser, de "Todos os Homens do Presidente", que é tão classudo, tão bem feito, tão clássico que te deixa com a impressão de que você é uma admiradora de suspenses políticos investigativos envolvendo jornalistas desde pequenininha, ainda que este seja o único do gênero que você assistiu. "Spotlight" realmente se assemelha bastante a "Todos os Homens...", mas me diverti mais vendo este último. Eu, que estava com expectativas bem altas, acabei me decepcionando. O problema, no entanto, não estava no filme, e sim nas minhas expectativas. "Spotlight" é, de fato, um filme muito bom e necessário, mas não é o tipo de filme que "floreia" histórias com fins de entreter. Engraçado lembrar que li uma crítica sobre "Trumbo", que sugeria que o filme romantizou demais a realidade com o objetivo de tornar o protagonista mais heroico. Em "Spotlight" ocorre o oposto: é um filme realista, com gosto de documentário, "seco". E isso é compreensível, pois dado a delicadeza do tema que trata - o trabalho real de um grupo de jornalistas de Boston que revelou, em 2001, uma série de casos de pedofilia cometidos por padres católicos - torna tudo mais respeitoso. Poderiam florear, inserir uns toques de comédia ou romance, exaltar herois, pesar no maniqueísmo, mas nada disso acontece. E isso é um mérito. Os próprios diálogos são mais reais, se parecem mais com o modo como falamos de verdade. As atuações também. Talvez você, como eu, se surpreenda com o fato de Mark Ruffalo e Rachel McAdams serem indicados ao Oscar por performances aparentemente comuns e comedidas. Mas talvez esteja aí a graça da coisa: atuações tão naturais que nem parecem atuações. Outro mérito do filme, a meu ver, é ser cinema com temática séria, adulta, em tempos de salas majoritariamente ocupadas por produções adolescentes. Pode não ter me cativado como eu gostaria, mas espero que abra portas para filmes semelhantes.
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Trumbo: Lista Negra
3.9 375 Assista AgoraAnos atrás, assistindo os extras do DVD de "A Princesa e o Plebeu", fiquei sabendo que o seu verdadeiro roteirista, Dalton Trumbo, não assinou a autoria do filme, pedindo ao amigo Ian McLellan Hunter que o fizesse em seu lugar. Foi McLellan, inclusive, quem levou o Oscar de melhor roteiro que o filme (que revelou Audrey Hepburn) acabou ganhando. A verdade só foi revelada em 2002. O motivo da farsa foi que Trumbo, à época, estava impedido de trabalhar, integrante que era da lista negra do macartismo. Ao lado de colegas escritores e diretores, Trumbo integrou os "Dez de Hollywood", grupo que sofreu perseguição política ao serem rotulados comunistas infiltrados na indústria do cinema. Este é mais um desses episódios históricos e mais um desses personagens que precisavam ser levados ao cinema, e felizmente alguém o fez. Por "Trumbo: Lista Negra", Bryan Cranston, no papel principal, está concorrendo ao Oscar de melhor ator. Ele faz um belo trabalho ao retratar a austeridade e firmeza de caráter de Trumbo. Terminamos o filme admirando-o. Helen Mirren brilha como a fofoqueira e megera Hedda Hopper, e ver John Goodman em ação é sempre uma alegria. Pro meu gosto pessoal, a temática de "Trumbo" (política + cinema + histótia) é um verdadeiro deleite. E, assim como em "O Aviador", é também um deleite assistir aos ícones hollywoodianos ganhando vida no filme - tanto pelas atuações quanto por vídeos de arquivo da época. Alguns deles são John Wayne, Otto Preminger e Kirk Douglas. Um ponto forte do filme é demonstrar a polarização entre aqueles que apoiaram o macartismo (inclusive delatando colegas) e aqueles que se tornaram suas vítimas. E não se trata de ficção. As delações deixaram marcas muitos anos depois. Basta ver o vídeo do Oscar honorário concedido em 1999 ao diretor Elia Kazan, que denunciou colegas nos anos 1950. Enquanto alguns aplaudiam de pé, outros como Nick Nolte e Ed Harris permaneciam sentados e recusando-se a aplaudir, em sinal de protesto.
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O Babadook
3.5 2,0KCê vai assistir esperando ficar com medo, mas acaba deprimido.
Assim na Terra Como no Inferno
3.2 1,0K Assista AgoraIndiana Jones meets Abismo do Medo <3
O Jogo da Imitação
4.3 3,0K Assista AgoraVi "O Jogo da Imitação" depois de ter visto "O Aviador" e, coincidentemente, ambos tratam de personagens excêntricos e cheios de manias (incluindo a disposição de suas ervilhas no prato). Tanto Howard Hughes quanto Alan Turing foram pessoas interessantes com vidas interessantes, responsáveis por grandes ações que impactaram a sociedade. Mas retratar suas trajetórias, para além de retratar suas vidas públicas, significa retratar seus conflitos pessoais. E ambos foram homens que tiveram de lidar com grandes angústias. No caso de Hughes, o TOC. No caso de Turing, sua personalidade peculiar, que lhe tornava um alvo fácil para bullies, sua genialidade e o fato de ser homossexual numa época em que, na Inglaterra, isso ainda era crime. Turing foi parte de um grupo ligado à inteligência britânica que decifrou o código Enigma, contribuindo para a derrota da Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Além do mérito de divulgar as contribuições de Turing, o que constitui verdadeira dívida histórica, considerando o que o Estado lhe fez posteriormente, "O Jogo da Imitação" apresenta boa direção, fotografia, ambientação e a atuação espetacular de Benedict Cumberbatch. Sei que ele já é queridinho do público há tempos, e eu estou atrasada, mas é o primeiro trabalho dele que vejo ("Desejo e Reparação" não conta porque não lembro - provavelmente porque odiei) e estou encantada com o talento fora do normal do ator até agora.
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Simplesmente Amor
3.5 889 Assista AgoraEu comecei o ano revendo "Simplesmente Amor" pela milésima vez. Dessa vez me chamou atenção algo que costumava passar despercebido: notei que as personagens mulheres parecem existir em função dos homens, e quase todas sofrem resignadas por algum motivo. Isso me incomodou, mas ainda assim é um filme especial, cheio de cenas icônicas, com um elenco perfeito e que merece cinco estrelinhas.
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O Aviador
3.7 735 Assista AgoraGostar de um filme, para mim, tem muito a ver com ter a sensibilidade tocada pelos seus temas. Antes eu costumava assistir todos os filmes concorrentes ao Oscar. Parei com esse hábito quando percebi que acabava vendo coisas que, em circunstâncias normais, eu nunca veria. Digo isso porque acredito que não gostei de "O Lobo de Wall Street" pelo meu desinteresse por seus temas e personagens. Com "O Aviador", a história é outra. O pano de fundo é a Hollywood clássica e seu protagonista o empresário, aviador, diretor de cinema, inventor e milionário Howard Hughes, um homem interessantíssimo. Tudo bem que para além do seu interesse por cinema, o filme dedica-se muito mais, como o título entrega, à paixão de Hughes pela aviação. Mas ainda que a minha curiosidade por aviões seja bem similiar à minha afinidade com o mercado financeiro, seria impossível para mim, gostando de cinema clássico como gosto, não vibrar com a expectativa de ver os ídolos do passado interpretados por atores do presente. Nesse aspecto, Cate Blanchett realiza o sonho de qualquer admirador da Era de Ouro Hollywoodiana ao basicamente trazer Katharine Hepburn de volta à vida. Leonardo DiCaprio, no papel principal, está muito bem, assim como o restante do elenco. A ressalva fica só em Kate Beckinsale. Difícil entender o que passou pela cabeça de Scorsese ao escolher alguém tão comum para interpretar a atriz mais bonita e estonteante de todos os tempos, Ava Gardner. O que também me incomoda é a duração dos filmes do diretor. Alfred Hitchcock dizia que "a duração de um filme deveria estar relacionada à resistência da bexiga do espectador". E eu acho que o conselho do gênio precisa ser levado mais em conta. Retornando às qualidades, gosto muito da forma como Scorsese desenvolve a trama sem um sentido muito exato de começo, meio e fim. Gosto de filmes assim, que te levam por momentos interessantes da vida de pessoas interessantes, sem um comprometimento em fornecer um clímax final ou grandes explicações sobre os destinos dos personagens.
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Ainda Estamos Aqui
2.5 186"Ainda Estamos Aqui" é o tipo de terror que começa lento, bem lento. E eu amo filmes lentos. Mas ao contrário de "A Casa do Diabo", por exemplo, que ao ser lento te faz se apegar cada vez mais aos personagens e querer passar mais tempo com eles, este só te faz ficar entendiado e duvidar se continua com o filme. A partir da metade as coisas melhoram, os personagens e ambientação bem feita dos anos 1970 te conquistam, bem como as referências aos clássicos do gênero, mas não é suficiente, sobretudo porque o roteiro se mostra incorente e cheio de buracos.
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O Que Nós Fizemos no Nosso Feriado
3.7 270 Assista AgoraAdoro quando os filmes acabam sendo algo que eu não esperava. Fui ver "O que nós fizemos no nosso feriado" esperando uma comédia despretensiosa e leve, o que de fato ele é, mas não esperava que o foco, ao invés de ficar no casal que tenta esconder o divórcio da família, passasse para as crianças e a experiência atípica e surpreendente que elas vivem, o que acabou sendo bem mais interessante. Se é pra encontrar algum problema, talvez a rapidez exagerada com que se resolvem os conflitos na parte final do filme. Instagram: @todososfilmes
Amizade Desfeita
2.8 1,1K Assista Agora"Amizade desfeita" é um terror que traz linguagem e formato inovadores. O filme se passa inteiro numa tela de computador, o que proporciona uma experiência de imersão e tensão interessantes. Mas para mim inovação no formato pouco significa se não existe uma boa história, bons personagens e temas com os quais eu possa me relacionar. Não veria novamente.
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Tese Sobre um Homicídio
3.4 310 Assista AgoraO filme é um suspense criminal com uma série de elementos clássicos que nos fazem sentir familiarizados com o que estamos vendo. Um destes temas clássicos é o da relação (de tensão, disputa, admiração) entre mestre e aprendiz que se estabelece entre o professor de Direito Bermudez (Ricardo Darín) e o estudante Gonzalo, quem ele acredita ser um criminoso. Outro elemento reconhecível é o próprio protagonista, que parece uma espécie de Sherlock Holmes saído de um filme de Hitchcock. Você consegue imaginar Cary Grant ou James Stewart no mesmo papel.
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Um Lugar Chamado Notting Hill
3.6 1,3K Assista AgoraUm lugar chamado Notting Hill" é um desses filmes que eu demorei anos pra ver. O motivo provavelmente é Julia Roberts. Não gosto dela e talvez por isso - mas desconfio que não somente por isso - tenha achado sua Anna Scott uma das protagonistas mais difíceis de gostar que já vi (o que é bem atípico se tratando de uma comédia romântica). Decidi ver o filme porque venho me tornando cada vez mais fã do roteirista Richard Curtis, mas achei que pouco se percebe, em Notting Hill, a mesma graça e humor presentes em outros escritos por ele. Aliás, o filme muitas vezes parece se dividir em dois: até a metade é genérico e meio "fake" (especialmente a cena do restaurante), mas daí em diante melhora e passa a ser mais autêntico. A trilha sonora, na mesma linha, tem músicas maravilhosas combinadas com outras bem ruins. Pra piorar, não vejo química entre o casal de protagonistas. Falando nele, Hugh Grant é o que faz, pra mim, o filme valer a pena. Ele, a livraria (pois como não gostar de filmes com livrarias?), a cena da passagem das estações do ano e o final, que é realmente um clímax muito bom.
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Gemma Bovery: A Vida Imita a Arte
3.5 51 Assista AgoraFora certos motivos óbvios, como a beleza de Gemma Arterton, as belas paisagens francesas e o talento de Fabrice Luchini (ator excepcional que esteve presente em dois dos meus filmes favoritos do ano passado), este filme me conquistou pela criatividade. Eu gosto muito quando um roteiro usa da intertextualidade. O diálogo entre obras diferentes e a aproximação entre ficção e realidade costumam render momentos bastante criativos no cinema. Em "Gemma Bovery", o francês Joubert reconhece em sua nova vizinha inglesa, Gemma, traços inquestionáveis de Emma Bovary, do clássico de Flaubert. O modo como ele se inquieta diante das semelhanças entre a vida de ambas e os contratempos que daí decorrem é o que marca o desenvolvimento do filme.
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Quatro Casamentos e Um Funeral
3.3 255 Assista AgoraMais um filme escrito por Richard Curtis, na minha tentativa de conhecer mais dos seus trabalhos, e mais um desses filmes que eu levei anos para ver. Depois de Notting Hill pensei "isso sim é uma protagonista decente de comédia româtica" e fiquei surpresa por saber que muita gente detesta o trabalho de Andie MacDowell como Carrie. Eu achei um bom desempenho, até melhor do que a atuação dela em "Feitiço do Tempo", outro desses filmes que eu demorei de ver. "Quatro Casamentos e um Funeral" é acima da média, divertido e tem a qualidade que eu mais gosto num filme: personagens bem desenvolvidos e interessantes.
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Samba
3.8 336É bem improvável que qualquer pessoa saia imune da experiência de assistir "Os Intocáveis", de 2011. Assim, fica difícil não querer ver o segundo trabalho da dupla de realizadores em parceria com o extremamente carismático ator Omar Sy. Em "Samba", o ator aparece ao lado de um elenco quase tão carismático quanto ele. E uma fórmula semelhante à do primeiro filme parece ser usada: leveza para falar de coisas sérias (no caso, imigração e xenofobia). É um filme que tem drama, romance e comédia, que faz emocionar, rir e refletir, dando a quem assiste uma sensação de experiência cinematográfica "completa". É o tipo infalível de filme que você vai ter vontade de indicar às pessoas.
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