Meia dúzia de situações escrachadas e engraçadas, meia dúzia de referências divertidas, comediantes competentes em copiar os trejeitos dos personagens...e só! Se você curte a saga Crepúsculo ou assistiu os filmes por algum motivo vai encarar como uma piada meia sem graça, os que não se incluem no conjunto FUJAM!
Há muitos anos troquei HQs por sonetos de Shakespeare e Video-games por filmes de Godard, não querendo de forma alguma desmerecer Hq's ou gamemaníacos (uma questão simplesmente de administração hierárquica do meu tempo). Decidi ver "Scott Pilgrim Contra O Mundo" após ter lido e ouvido burburinhos sobre o filme e no meio da maratona pessoal que é o Festival do Rio foi que descobri as origens do roteiro e do visual do longa de Edgar Wright (que tem na bagagem bons filmes, como "Todo Mundo Quase Morto"). Isso me levou a uma midnight session lotada de nerd-maníacos animadíssimos, alguns fazendo Cosplay. Achei tudo muito interessante, mas não criei expectativa alguma. Adaptações de games e quadrinhos já não são selo de qualidade no cinema há alguns anos (apesar das deliciosas exceções). Quando as luzes da sala de projeção se apagaram e o logo da Universal e seu single surgiram imensos animados em 8Bit na telona fui arremessado de forma intensa e visceral no universo de Scott Pilgrim. Naquele momento, como diz a canção: “(...) eu era herói” e estava novamente diante do meu velho e saudoso Nintendo! O grande movie-game de Wright iria começar, e a genial idéia do logo do estúdio, sob aplausos apaixonados de toda audência, anunciava a sessão mais divertida de todo o festival! A opção ousada de mostrar, apenas flertando com o realismo para depois povoar as cenas com referências claras às suas origens, a história do Nerd conquistador que se apaixona pela “nova garota da cidade”, tendo de enfrentar uma liga formada por sete de seus ex-namorados é feita com uma correção impressionante. As onomatopéias e os cartões que o tempo todo brotam acompanhando o frenético, e incrível, trabalho dos montadores são um prato cheio para a edição de arte, fotografia e mixagem de som também brilharem em suas funções. O roteiro é delicioso e todo elenco, corretamente dirigido, dá show. Michael Cera é puro carisma e mostra desenvoltura nas cenas (divertidíssimas...nota10) de combate, mantendo a competência habitual em viver o anti-herói da nova geração hollywoodiana. Kieran Culkin brilha entre os ótimos coadjuvantes, fazendo o amigo-gay de Pilgrim, e é responsável por muitas das indefectíveis piadas do filme, que em certo ponto (com genial cinismo metalinguístico no reconhecimento da missão cinematográfica muito bem cumprida) zomba de si mesmo, afirmando que “O filme é bom, mas não é melhor que a HQ”! Comentários extensos sobre o material áudio-visual extraído dos games pelo diretor (e algumas outras geniais referências, com destaque para a impagável mini-paródia de uma famosa sitcom) para compor “Scott Pilgrim Contra O Mundo” talvez quebre um pouco o efeito surpreendente da imperdível experiência que é assistir a uma das “obras a serem vistas” em um ano com uma impressionante e elogiável produção cinematográfica. Na briga de cachorros grandes para ser o melhor filme de 2010, Scott Pilgrim abocanha fácil o título de mais divertido! ARS GRATIA ARTIS!
O que faz do filme Piranha 3D um dos bons lançamentos de 2010 é, entre outras qualidades, a sua maior: trabalhar tantos fatores potencialmente perigosos de forma elogiável numa ode aos filmes de terror dos anos 70 e 80, onde o já cansado termo “reimaginação”, usado muitos vezes no lugar de “remake”, talvez não possa ser plenamente aplicado. O risco de patinar na poça do clichê deve ter rondado constantemente os mares da produção, mas a competência da equipe provou que um argumento simples, reciclado e (para piorar) no já massificado formato 3D ainda pode render uma boa obra. Consigo apontar alguns fatores decisivos: 1 – O roteiro é enxuto e funcional, mesmo contendo todos os elementos de filmes do gênero: A explicação canastrona da origem da tragédia, as autoridades querendo interditar a praia, adolescentes com tanquinhos, bundas e peitos à mostra, os heróis redentores locais (natives – S.I.C), o final aberto para uma (provável) sequência. 2 – O elenco também faz jus aos clássicos cultuados pelos muitos fãs do estilo, mesclando atores do calibre de Richard Dreyfuss, Elisabeth Shue e Christopher Lloyd (cheio de trejeitos que lembram o Dr. Emmett de “De Volta Para O Futuro”) com coadjuvantes como Jerry O’Connel , Jessica Szor e Steven R. McQueen (dos seriados Gossip Girl e The Vampire Diaries) 3 – A trilha sonora é incrível, com música eletrônica e hip-hop usados com tão elogiável correção que mesmo os que antipatizam com as vertentes balançarão os pezinhos. 4 – Os efeitos 3D são criativos e fazem deste, que raridade, um filme onde temos a impressão que realmente a dimensão extra faz diferença. Num dos muitos truques impagáveis um globo ocular humano vem lentamente flutuando na direção do espectador até o momento em que uma piranha brota abocanhando-o a dois palmos de nossos narizes. Yesssss! (ver as cenas de sexploitation com os óculos também foi divertidíssimo) 5 – Com uma boa equipe técnica, edição, fotografia, direção de arte e som não comprometem. 6 – Menção honrosa para maquiagem e efeitos especiais, esbanjando competência! O último filme em 3D que havia me divertido tanto fora “O Dia dos Namorados Macabro 2009”. Ótimo sinal para entusiastas de filmes de Terror! Kill her, Mommy! Kill her!
Excelente. Um dos melhores filmes do ano. História, crítica, emoção e poesia na medida certa emoldurados por ótimas interpretações e roteiro e imensa correção em toda parte técnica. Imperdível!
Forte e paralisante como um soco no estômago. Denso e profundo, expõe o "novo rosto" da tragédia humana com a solidão, a indiferença, a incomunicabilidade e a violência do século XXI. Triste como o inexorável destino e Soberbo como as grandes obras do cinema. Destaque para a interpretação da protagonista Monica del Carmem, grande trunfo do filme. Merecidamente reconhecido em Cannes! (Durante o Festival do Rio um bom número de espectadores, na sua imensa maioria mulheres, deixaram a sala, algumas demonstrando completa indignação. Se isso não é o poder do cinema, juro que abandono minha paixão...hehehe)
Simplesmente a melhor piada sobre filmes de Terror feita desde "Zombieland". Sem dúvida, um dos destaques da produção cinematográfica francesa em 2010, O humor negro extrema e deliciosamente debochado do diretor Quentin Dupieux flerta com o escatológico de forma ousada considerando o "modus operandi" do cinema do país. E como é divertido ver o sucesso do resultado terminar por homenagear a sétima arte em si e o "non sense" que sempre a acompanhou a partir da inimaginável história do pneu assassino com a missão de exterminar todo ser vivo que cruzar seu caminho. As cenas impagáveis e as piadas inteligentes (consideradas em extinção em tempos de "Todo Mundo em Pânico" e cia) irão divertir (muito) os espectadores que embarcarem na divertida e original idéia (logicamente muitos dos colegas na audiência simplesmente só fizeram olhar pra tela com cara de "what The Fuck?" os 85 minutos) e os cinéfilos irão se deliciar com as várias referências. Um ótimo filme e garantia de diversão. Foi muitíssimo bem recebido no Festival do Rio e espero que chegue ao circuito, para o deleite dos queridos companheiros amantes dos filmes de terror.
Belo trabalho de Winterbottom! Com clara inspiração no cine-noir, explícito no desenrolar do plano do protagonista visando, a princípio, benefícios financeiros, nos cenários noturnos (em sua maioria), na iluminação indireta em certas cenas, no narrador em terceira pessoa, entre outras, o filme pincela sua diegese com o violento e torpe toque do século XXI e sua violência e sociopatias, levadas ao extremo no caso do personagem Lou Ford que do alto de seu cinismo agride sem piedade as "anti-femmefatales" à revelia de sua doença pervertida. Mas o filme não se resume a isso. Um bom roteiro e uma firme direção auxiliados por um casting caprichado e interpretações dignas, tornando os personagens ainda mais interessantes. Não é um filme inesquecível, mas certamente um dos que merecem serem vistos! (P.S > Não acreditem na alardeada ultra-violência atribuída a essa película. Nada que já não tenhamos visto no cinema sem precisar deixar a sala...Assistam! hehehehehe)
O argumento não tem nada de original no que concerne desde sua concepção (incluindo o: baseado em fatos reais) até todo o desenvolvimento propriamente dito. Porém tem incríveis pontos fortes como trunfo: Bons sustos que consegue pregar nos espectadores, trilha sonora caprichada e principalmente a execução competente do único plano sequência do filme, verdadeiro destaque do filme! A hábil desenvoltura com que a câmera acompanha os pobres personagens o tempo todo oprime e encanta os olhos. No fim das contas é um bom filme!
ótimo! ovacionado de pé no #FestivaldoRio 2010. Está na hora de pintar uma segunda palma de ouro para Ken Loach, superando-se e reinventando-se a cada novo trabalho. O cineasta britânico fez bonito em todos os seus últimos filmes, que têm mostrado maior versatilidade na escolha dos argumentos (por exemplo no original "Looking for Eric Cantona") sem perder a maestria na condução de imagens que marcou a fase onde o foco principal era somente a amargura proletária. O roteiro do parceiro constante Paul Laverty e o casting sempre certeiro de Loach também são destaques. É incrível poder conferir um excelente diretor em magnífica fase. Viva Ken Loach!
Por enquanto mantem-se como o filme mais "cool" do Festival do Rio 2010. O vencedor da primeira palma de ouro gay em Cannes é um divertido e eletrizante trabalho do grande diretor Gregg Araki. Recomendo! #FestivalRio2010
Arrebatador e envolvente. Não concordo que o filme seja chocante e nem apelativo. Todas as cenas fortes são de certa forma inevitáveis em um trabalho que propõe tratar temas tão difíceis com a sinceridade autoral louvável do diretor e roteirista Gregg Araki. Um grande destaque é a reunião de talentosos atores e atrizes da nova geração de Hollywood, todos em atuações corretíssimas. Joseph Gordon-Levitt de "(500)DiascomEla", "A origem" e "G.I.Joe" dá um show como o protagonista. Também estão muito bem o belo Brad Cobert de "Violência Gratuita" e "Aos treze" e Michelle Trachtenberg, a Georgina Sparks de GossipGirl. Temos até uma especialíssima participação de Elizabeth Sue. Um soco no estômago! As veias abertas de uma chaga patológica que resiste às margens da sociedade, que ainda se choca com gritos de alerta como esse de Gregg Araki. Niilista, triste, delicioso, imperdível!
É difícil olhar para Todd Solondz sem concluir que há muito do diretor/roteirista em seus excelentes filmes. "Felicidade" é mais um ótimo trabalho de Solondz onde temos a chance de saborear novamente os deliciosos diálogos e monólogos nos longos planos-sequência de um dos maiores artistas norte-americanos em atividade. O casting afiadíssimo, sempre um grande trunfo dos filmes de Todd, em "Felicidade" é capitaneado por Philip Seymor Hoffman e Dylan Baker, ótimos atores (Todd não costuma trabalhar com estrelas de Hollywood) em interpretações antológicas. A crítica ácida e o humor negro, a desconstrução do american way of life feita de forma autoral inovadora e inteligente. Não há quem não se envolva com as histórias dos pobres personagens de Solondz, para os quais a felicidade do título nunca sorriu. Aqui, o destino impiedoso e inexorável não perdoa nem nunca perdoará ninguém. Apesar de longo, o filme conquista de cara! Super-indico!!! Ps: Doido para conferir o novo trabalho de Todd "A Vida Durante A Guerra", que conta o que aconteceu com os personagens de "Happiness" 10 anos depois!
O indie de Henry Bernadet e Myriam Verreaut tenta trabalhar o nada inédito argumento do dia-a-dia de um grupo de adolescentes suburbanos (no caso do filme na cidade de Quebec e ao longo de um dia) mas acaba por apenas patinar no lugar comum da irresponsabilidade juvenil, sub-explorando interessantíssimos personangens e alternando belas imagens com cenas e até mesmo trechos inteiros sem a menor relevância dramática. No final das contas o filme não diz muito a que veio!
Bom documentário. Prende a atenção do espectador é uma interessante experiência para os que, como eu, não são entusiastas do Boxe e só conheceram o mítico Tyson dos noticiários de Tv. Acho necessário!
"O Caminho do mal é o caminho da perdição. E seu rumo nunca muda." Sensacional obra de Kurosawa e grande momento da cinematografia oriental. A celebração da universabilidade do legado de William Shakespeare brindada com uma brilhante direção e incrível fotografia, cenografia e figurinos. Necessário à bagagem de qualquer cinéfilo! Toshirô Mifune, o grande ator japonês, na antológica composição do protagonista tem aqui um de seus maiores momentos na telona. Isuzu Yamada também está sensacional como sua senhora e faz talvez a maior "Lady Macbeth" da história do cinema. Imperdível!
Para a minha geração, a chance de se sentir parte de uma incrível página da história da música popular nacional. Algo que simplesmente não tem preço! Ótimo documentário que honra a qualidade de nosso cinema-verdade. Viva a memória da MPB!
Humano, demasiado humano. O sapatear de Billy ecoará para sempre no coração dos espectadores! "Mrs. Wilkinson: _ Trouxe suas coisas? Billy Elliot: _ Não sei se são as coisas certas, senhora. Mrs. Wilkinson: _ Se são especiais para você, são as certas sim."
O filme "5x Favela" tinha 2 grandes desafios à sua frente. A um deles sucumbiu de forma triste enquanto dignamente lutou contra contra o segundo. Este era fugir dos clichês massificados da "estética da fome" e mesmo com sucesso apenas parcial, o desenvolvimento da obra por diretores inexperientes e a influência bastante clara de suas origens (pessoais e capacitacitacionais) gera uma linguagem honesta e interessante. Aquele era fugir da constante máxima de que filmes formados por várias histórias sofre com as diferenças de qualidade entre elas. Este impressiona 3x e decepciona 2. A 2ª, 3ª e última historia são boas, mas a primeira e a 4ª são bem fracas. As atuações também estão previsivelmente irregulares mas a fotografia e a trilha sonora é um grande destaque nas 5. No fim das contas diverte, incomoda e até emociona! Estímulo para cinéfilos conhecerem ou revisitarem o filme de 1961. (A propósito, por que "Cinco Vezes Favela" não tem página no filmow?)
Woody Allen é um grande artista e um notável realizador de filmes. "Whatever Works" é seu quadragésimo e certamente o melhor desde "Vicky Cristina Barcelona". Para deleite de seus fãs, o diretor dessa vez decidiu rever e celebrar sua mais comum (e talvez melhor) forma de trabalhar atrás de uma camêra, e para contar a divertidíssima história de Boris, um coroa judeu rabugento e excêntrico e seu relacionamento com Melodie, uma sulista de 16 anos com cômicas limitações intelectuais , Allen não poupa esforços para parecer o mais autoral possível, terminando por injetar um vibrante fôlego no estilo peculiar de filmar que o consagrou, mas também já deu sinais de cansaço ao longo de sua carreira, como no início dos anos 2000. Nova Iorque é novamente o cenário da história, sendo fotografada em seus bares e esquinas com toda a dignidade que retorno do filho pródigo merecia. Estão de volta suas canções, numa trilha sonora autoral nada original, mas bastante funcional, incluindo até uma charmosa versão instrumental da bossa brasileira "Desafinado". Também estão de volta as neuroses e questionamentos existencialistas do diretor, as piadas anti-semitistas que só judeus podem fazer, as homenagens aos ídolos confessos como Bergman, Orson Welles (com uma cena de "A Marca da Maldade") e Fred Astaire, a reverência às obras como "E O Vento Levou" e "My Fair Lady", os longos planos-sequência (marca registrada do diretor), a narrativa em primeira pessoa suportada pelo melhor roteiro de Allen desde "Match Point" e até mesmo a ótima retomada da parceria com Santo Loquasto, seu diretor de arte em mais de 15 filmes, que consegue destacar-se com sua corretíssima discrição. Muito do sucesso do filme também merece ser creditado às atuações de Larry David (autor de Seindfeld e artista do Saturday Night Life por algumas temporadas) que diverte reproduzindo os mesmos trejeitos e até a guagueira típica de Allen e à incrível Evan Rachel Wood em mais um trabalho de destaque. O restante do elenco também está muito bem e a família de Melody é impagável e sempre introduz um novo elemento para dar ao filme mudanças em sua dinâmica tornando-o uma inteligente e engraçadíssima comédia. É um filme onde Allen está mais "Allen" que nunca, e é notável verificar que o modus operandi foi capaz de produzir novamente uma bela obra, onde mesmos os clichês são tratados de forma debochada pelos próprios personagens para, também juntos e misturados, incitarem conclusões sobre o sentido da vida. Bom filme que deve agradar mesmo aos que não gostam em particular do trabalho do diretor.
Sem dúvidas uma história necessária. Porém enquanto obra cinematográfica "Jean Charles" parece nadar todo o oceano atlântico para morrer numa praia de Londres. É triste ver um diretor brasileiro desperdiçar (novamente) um ótimo argumento, mas os equívocos do diretor Henrique Goldman saltam aos olhos de qualquer espectador mais crítico e só não enterram de vez o filme graças ao ritmo imposto, careta mas de certa forma funcional, o que também pode-se dizer da fotografia. Selton Mello está Ok, entretanto longe de seus grandes momentos no cinema. Bem melhores estão Luís Miranda (destaque) e Daniel Oliveira (com uma pequena participação traz ao filme sua gigantesca presença cênica). Na torcida para os anos trazerem uma reimaginação fílmica, a história merece!
Comer Rezar Amar
3.3 2,3K Assista AgoraBelo, sensível e com uma trilha sonora incrível. Se não fosse tão longo seria um excelente filme.
Os Vampiros que se Mordam
2.0 2,0K Assista AgoraMeia dúzia de situações escrachadas e engraçadas, meia dúzia de referências divertidas, comediantes competentes em copiar os trejeitos dos personagens...e só! Se você curte a saga Crepúsculo ou assistiu os filmes por algum motivo vai encarar como uma piada meia sem graça, os que não se incluem no conjunto FUJAM!
Scott Pilgrim Contra o Mundo
3.9 3,2K Assista AgoraPilgrim wins...Flawless Victory
Há muitos anos troquei HQs por sonetos de Shakespeare e Video-games por filmes de Godard, não querendo de forma alguma desmerecer Hq's ou gamemaníacos (uma questão simplesmente de administração hierárquica do meu tempo). Decidi ver "Scott Pilgrim Contra O Mundo" após ter lido e ouvido burburinhos sobre o filme e no meio da maratona pessoal que é o Festival do Rio foi que descobri as origens do roteiro e do visual do longa de Edgar Wright (que tem na bagagem bons filmes, como "Todo Mundo Quase Morto"). Isso me levou a uma midnight session lotada de nerd-maníacos animadíssimos, alguns fazendo Cosplay. Achei tudo muito interessante, mas não criei expectativa alguma. Adaptações de games e quadrinhos já não são selo de qualidade no cinema há alguns anos (apesar das deliciosas exceções).
Quando as luzes da sala de projeção se apagaram e o logo da Universal e seu single surgiram imensos animados em 8Bit na telona fui arremessado de forma intensa e visceral no universo de Scott Pilgrim. Naquele momento, como diz a canção: “(...) eu era herói” e estava novamente diante do meu velho e saudoso Nintendo! O grande movie-game de Wright iria começar, e a genial idéia do logo do estúdio, sob aplausos apaixonados de toda audência, anunciava a sessão mais divertida de todo o festival!
A opção ousada de mostrar, apenas flertando com o realismo para depois povoar as cenas com referências claras às suas origens, a história do Nerd conquistador que se apaixona pela “nova garota da cidade”, tendo de enfrentar uma liga formada por sete de seus ex-namorados é feita com uma correção impressionante. As onomatopéias e os cartões que o tempo todo brotam acompanhando o frenético, e incrível, trabalho dos montadores são um prato cheio para a edição de arte, fotografia e mixagem de som também brilharem em suas funções. O roteiro é delicioso e todo elenco, corretamente dirigido, dá show. Michael Cera é puro carisma e mostra desenvoltura nas cenas (divertidíssimas...nota10) de combate, mantendo a competência habitual em viver o anti-herói da nova geração hollywoodiana. Kieran Culkin brilha entre os ótimos coadjuvantes, fazendo o amigo-gay de Pilgrim, e é responsável por muitas das indefectíveis piadas do filme, que em certo ponto (com genial cinismo metalinguístico no reconhecimento da missão cinematográfica muito bem cumprida) zomba de si mesmo, afirmando que “O filme é bom, mas não é melhor que a HQ”!
Comentários extensos sobre o material áudio-visual extraído dos games pelo diretor (e algumas outras geniais referências, com destaque para a impagável mini-paródia de uma famosa sitcom) para compor “Scott Pilgrim Contra O Mundo” talvez quebre um pouco o efeito surpreendente da imperdível experiência que é assistir a uma das “obras a serem vistas” em um ano com uma impressionante e elogiável produção cinematográfica. Na briga de cachorros grandes para ser o melhor filme de 2010, Scott Pilgrim abocanha fácil o título de mais divertido!
ARS GRATIA ARTIS!
Piranha 3D
2.1 1,3K Assista AgoraO que faz do filme Piranha 3D um dos bons lançamentos de 2010 é, entre outras qualidades, a sua maior: trabalhar tantos fatores potencialmente perigosos de forma elogiável numa ode aos filmes de terror dos anos 70 e 80, onde o já cansado termo “reimaginação”, usado muitos vezes no lugar de “remake”, talvez não possa ser plenamente aplicado. O risco de patinar na poça do clichê deve ter rondado constantemente os mares da produção, mas a competência da equipe provou que um argumento simples, reciclado e (para piorar) no já massificado formato 3D ainda pode render uma boa obra. Consigo apontar alguns fatores decisivos:
1 – O roteiro é enxuto e funcional, mesmo contendo todos os elementos de filmes do gênero: A explicação canastrona da origem da tragédia, as autoridades querendo interditar a praia, adolescentes com tanquinhos, bundas e peitos à mostra, os heróis redentores locais (natives – S.I.C), o final aberto para uma (provável) sequência.
2 – O elenco também faz jus aos clássicos cultuados pelos muitos fãs do estilo, mesclando atores do calibre de Richard Dreyfuss, Elisabeth Shue e Christopher Lloyd (cheio de trejeitos que lembram o Dr. Emmett de “De Volta Para O Futuro”) com coadjuvantes como Jerry O’Connel , Jessica Szor e Steven R. McQueen (dos seriados Gossip Girl e The Vampire Diaries)
3 – A trilha sonora é incrível, com música eletrônica e hip-hop usados com tão elogiável correção que mesmo os que antipatizam com as vertentes balançarão os pezinhos.
4 – Os efeitos 3D são criativos e fazem deste, que raridade, um filme onde temos a impressão que realmente a dimensão extra faz diferença. Num dos muitos truques impagáveis um globo ocular humano vem lentamente flutuando na direção do espectador até o momento em que uma piranha brota abocanhando-o a dois palmos de nossos narizes. Yesssss! (ver as cenas de sexploitation com os óculos também foi divertidíssimo)
5 – Com uma boa equipe técnica, edição, fotografia, direção de arte e som não comprometem.
6 – Menção honrosa para maquiagem e efeitos especiais, esbanjando competência!
O último filme em 3D que havia me divertido tanto fora “O Dia dos Namorados Macabro 2009”. Ótimo sinal para entusiastas de filmes de Terror!
Kill her, Mommy! Kill her!
A Hora do Pesadelo
3.0 1,5K Assista AgoraBullshit! Só dá saudades do Freddy Krueger de verdade!
Homens e Deuses
3.8 124Excelente. Um dos melhores filmes do ano. História, crítica, emoção e poesia na medida certa emoldurados por ótimas interpretações e roteiro e imensa correção em toda parte técnica. Imperdível!
Ano Bissexto
2.9 41Forte e paralisante como um soco no estômago. Denso e profundo, expõe o "novo rosto" da tragédia humana com a solidão, a indiferença, a incomunicabilidade e a violência do século XXI. Triste como o inexorável destino e Soberbo como as grandes obras do cinema. Destaque para a interpretação da protagonista Monica del Carmem, grande trunfo do filme. Merecidamente reconhecido em Cannes!
(Durante o Festival do Rio um bom número de espectadores, na sua imensa maioria mulheres, deixaram a sala, algumas demonstrando completa indignação. Se isso não é o poder do cinema, juro que abandono minha paixão...hehehe)
Rubber
3.2 307Simplesmente a melhor piada sobre filmes de Terror feita desde "Zombieland". Sem dúvida, um dos destaques da produção cinematográfica francesa em 2010, O humor negro extrema e deliciosamente debochado do diretor Quentin Dupieux flerta com o escatológico de forma ousada considerando o "modus operandi" do cinema do país. E como é divertido ver o sucesso do resultado terminar por homenagear a sétima arte em si e o "non sense" que sempre a acompanhou a partir da inimaginável história do pneu assassino com a missão de exterminar todo ser vivo que cruzar seu caminho. As cenas impagáveis e as piadas inteligentes (consideradas em extinção em tempos de "Todo Mundo em Pânico" e cia) irão divertir (muito) os espectadores que embarcarem na divertida e original idéia (logicamente muitos dos colegas na audiência simplesmente só fizeram olhar pra tela com cara de "what The Fuck?" os 85 minutos) e os cinéfilos irão se deliciar com as várias referências. Um ótimo filme e garantia de diversão. Foi muitíssimo bem recebido no Festival do Rio e espero que chegue ao circuito, para o deleite dos queridos companheiros amantes dos filmes de terror.
O Assassino em Mim
3.1 340 Assista AgoraBelo trabalho de Winterbottom! Com clara inspiração no cine-noir, explícito no desenrolar do plano do protagonista visando, a princípio, benefícios financeiros, nos cenários noturnos (em sua maioria), na iluminação indireta em certas cenas, no narrador em terceira pessoa, entre outras, o filme pincela sua diegese com o violento e torpe toque do século XXI e sua violência e sociopatias, levadas ao extremo no caso do personagem Lou Ford que do alto de seu cinismo agride sem piedade as "anti-femmefatales" à revelia de sua doença pervertida. Mas o filme não se resume a isso. Um bom roteiro e uma firme direção auxiliados por um casting caprichado e interpretações dignas, tornando os personagens ainda mais interessantes. Não é um filme inesquecível, mas certamente um dos que merecem serem vistos!
(P.S > Não acreditem na alardeada ultra-violência atribuída a essa película. Nada que já não tenhamos visto no cinema sem precisar deixar a sala...Assistam! hehehehehe)
A Casa
2.6 496O argumento não tem nada de original no que concerne desde sua concepção (incluindo o: baseado em fatos reais) até todo o desenvolvimento propriamente dito. Porém tem incríveis pontos fortes como trunfo: Bons sustos que consegue pregar nos espectadores, trilha sonora caprichada e principalmente a execução competente do único plano sequência do filme, verdadeiro destaque do filme! A hábil desenvoltura com que a câmera acompanha os pobres personagens o tempo todo oprime e encanta os olhos. No fim das contas é um bom filme!
Rota Irlandesa
3.2 23ótimo! ovacionado de pé no #FestivaldoRio 2010. Está na hora de pintar uma segunda palma de ouro para Ken Loach, superando-se e reinventando-se a cada novo trabalho. O cineasta britânico fez bonito em todos os seus últimos filmes, que têm mostrado maior versatilidade na escolha dos argumentos (por exemplo no original "Looking for Eric Cantona") sem perder a maestria na condução de imagens que marcou a fase onde o foco principal era somente a amargura proletária. O roteiro do parceiro constante Paul Laverty e o casting sempre certeiro de Loach também são destaques. É incrível poder conferir um excelente diretor em magnífica fase. Viva Ken Loach!
Kaboom
2.8 386Por enquanto mantem-se como o filme mais "cool" do Festival do Rio 2010. O vencedor da primeira palma de ouro gay em Cannes é um divertido e eletrizante trabalho do grande diretor Gregg Araki. Recomendo! #FestivalRio2010
Matança Necessária
3.5 31O poder das imagens, o poder do cinema! Ótimo! #FestivaldoRio2010
Mistérios da Carne
4.1 975Arrebatador e envolvente. Não concordo que o filme seja chocante e nem apelativo. Todas as cenas fortes são de certa forma inevitáveis em um trabalho que propõe tratar temas tão difíceis com a sinceridade autoral louvável do diretor e roteirista Gregg Araki. Um grande destaque é a reunião de talentosos atores e atrizes da nova geração de Hollywood, todos em atuações corretíssimas. Joseph Gordon-Levitt de "(500)DiascomEla", "A origem" e "G.I.Joe" dá um show como o protagonista. Também estão muito bem o belo Brad Cobert de "Violência Gratuita" e "Aos treze" e Michelle Trachtenberg, a Georgina Sparks de GossipGirl. Temos até uma especialíssima participação de Elizabeth Sue. Um soco no estômago! As veias abertas de uma chaga patológica que resiste às margens da sociedade, que ainda se choca com gritos de alerta como esse de Gregg Araki. Niilista, triste, delicioso, imperdível!
Felicidade
4.1 377É difícil olhar para Todd Solondz sem concluir que há muito do diretor/roteirista em seus excelentes filmes. "Felicidade" é mais um ótimo trabalho de Solondz onde temos a chance de saborear novamente os deliciosos diálogos e monólogos nos longos planos-sequência de um dos maiores artistas norte-americanos em atividade. O casting afiadíssimo, sempre um grande trunfo dos filmes de Todd, em "Felicidade" é capitaneado por Philip Seymor Hoffman e Dylan Baker, ótimos atores (Todd não costuma trabalhar com estrelas de Hollywood) em interpretações antológicas. A crítica ácida e o humor negro, a desconstrução do american way of life feita de forma autoral inovadora e inteligente. Não há quem não se envolva com as histórias dos pobres personagens de Solondz, para os quais a felicidade do título nunca sorriu. Aqui, o destino impiedoso e inexorável não perdoa nem nunca perdoará ninguém. Apesar de longo, o filme conquista de cara! Super-indico!!!
Ps: Doido para conferir o novo trabalho de Todd "A Vida Durante A Guerra", que conta o que aconteceu com os personagens de "Happiness" 10 anos depois!
À Oeste de Plutão
3.0 1O indie de Henry Bernadet e Myriam Verreaut tenta trabalhar o nada inédito argumento do dia-a-dia de um grupo de adolescentes suburbanos (no caso do filme na cidade de Quebec e ao longo de um dia) mas acaba por apenas patinar no lugar comum da irresponsabilidade juvenil, sub-explorando interessantíssimos personangens e alternando belas imagens com cenas e até mesmo trechos inteiros sem a menor relevância dramática. No final das contas o filme não diz muito a que veio!
Rei Lear
4.2 11Belíssima versão do clássico de Shakespeare. Realmente incrível! Estupendas as atuações de Jüri Järvet como o Rei Lear e de Oleg Dal como o bobo.
Tyson
3.7 37Bom documentário. Prende a atenção do espectador é uma interessante experiência para os que, como eu, não são entusiastas do Boxe e só conheceram o mítico Tyson dos noticiários de Tv. Acho necessário!
Trono Manchado de Sangue
4.4 121 Assista Agora"O Caminho do mal é o caminho da perdição. E seu rumo nunca muda."
Sensacional obra de Kurosawa e grande momento da cinematografia oriental. A celebração da universabilidade do legado de William Shakespeare brindada com uma brilhante direção e incrível fotografia, cenografia e figurinos. Necessário à bagagem de qualquer cinéfilo! Toshirô Mifune, o grande ator japonês, na antológica composição do protagonista tem aqui um de seus maiores momentos na telona. Isuzu Yamada também está sensacional como sua senhora e faz talvez a maior "Lady Macbeth" da história do cinema. Imperdível!
A cena final da morte de Taketori Washizu sob uma chuva de flechas é bárbara e magnífica!
Uma Noite em 67
4.2 263Para a minha geração, a chance de se sentir parte de uma incrível página da história da música popular nacional. Algo que simplesmente não tem preço! Ótimo documentário que honra a qualidade de nosso cinema-verdade. Viva a memória da MPB!
Billy Elliot
4.2 967 Assista AgoraHumano, demasiado humano.
O sapatear de Billy ecoará para sempre no coração dos espectadores!
"Mrs. Wilkinson: _ Trouxe suas coisas?
Billy Elliot: _ Não sei se são as coisas certas, senhora.
Mrs. Wilkinson: _ Se são especiais para você, são as certas sim."
5x Favela - Agora por Nós Mesmos
3.6 215O filme "5x Favela" tinha 2 grandes desafios à sua frente. A um deles sucumbiu de forma triste enquanto dignamente lutou contra contra o segundo. Este era fugir dos clichês massificados da "estética da fome" e mesmo com sucesso apenas parcial, o desenvolvimento da obra por diretores inexperientes e a influência bastante clara de suas origens (pessoais e capacitacitacionais) gera uma linguagem honesta e interessante. Aquele era fugir da constante máxima de que filmes formados por várias histórias sofre com as diferenças de qualidade entre elas. Este impressiona 3x e decepciona 2. A 2ª, 3ª e última historia são boas, mas a primeira e a 4ª são bem fracas. As atuações também estão previsivelmente irregulares mas a fotografia e a trilha sonora é um grande destaque nas 5. No fim das contas diverte, incomoda e até emociona! Estímulo para cinéfilos conhecerem ou revisitarem o filme de 1961. (A propósito, por que "Cinco Vezes Favela" não tem página no filmow?)
Tudo Pode Dar Certo
4.0 1,1KWoody Allen é um grande artista e um notável realizador de filmes. "Whatever Works" é seu quadragésimo e certamente o melhor desde "Vicky Cristina Barcelona". Para deleite de seus fãs, o diretor dessa vez decidiu rever e celebrar sua mais comum (e talvez melhor) forma de trabalhar atrás de uma camêra, e para contar a divertidíssima história de Boris, um coroa judeu rabugento e excêntrico e seu relacionamento com Melodie, uma sulista de 16 anos com cômicas limitações intelectuais , Allen não poupa esforços para parecer o mais autoral possível, terminando por injetar um vibrante fôlego no estilo peculiar de filmar que o consagrou, mas também já deu sinais de cansaço ao longo de sua carreira, como no início dos anos 2000. Nova Iorque é novamente o cenário da história, sendo fotografada em seus bares e esquinas com toda a dignidade que retorno do filho pródigo merecia. Estão de volta suas canções, numa trilha sonora autoral nada original, mas bastante funcional, incluindo até uma charmosa versão instrumental da bossa brasileira "Desafinado". Também estão de volta as neuroses e questionamentos existencialistas do diretor, as piadas anti-semitistas que só judeus podem fazer, as homenagens aos ídolos confessos como Bergman, Orson Welles (com uma cena de "A Marca da Maldade") e Fred Astaire, a reverência às obras como "E O Vento Levou" e "My Fair Lady", os longos planos-sequência (marca registrada do diretor), a narrativa em primeira pessoa suportada pelo melhor roteiro de Allen desde "Match Point" e até mesmo a ótima retomada da parceria com Santo Loquasto, seu diretor de arte em mais de 15 filmes, que consegue destacar-se com sua corretíssima discrição. Muito do sucesso do filme também merece ser creditado às atuações de Larry David (autor de Seindfeld e artista do Saturday Night Life por algumas temporadas) que diverte reproduzindo os mesmos trejeitos e até a guagueira típica de Allen e à incrível Evan Rachel Wood em mais um trabalho de destaque. O restante do elenco também está muito bem e a família de Melody é impagável e sempre introduz um novo elemento para dar ao filme mudanças em sua dinâmica tornando-o uma inteligente e engraçadíssima comédia. É um filme onde Allen está mais "Allen" que nunca, e é notável verificar que o modus operandi foi capaz de produzir novamente uma bela obra, onde mesmos os clichês são tratados de forma debochada pelos próprios personagens para, também juntos e misturados, incitarem conclusões sobre o sentido da vida. Bom filme que deve agradar mesmo aos que não gostam em particular do trabalho do diretor.
Jean Charles
3.0 427 Assista AgoraSem dúvidas uma história necessária. Porém enquanto obra cinematográfica "Jean Charles" parece nadar todo o oceano atlântico para morrer numa praia de Londres. É triste ver um diretor brasileiro desperdiçar (novamente) um ótimo argumento, mas os equívocos do diretor Henrique Goldman saltam aos olhos de qualquer espectador mais crítico e só não enterram de vez o filme graças ao ritmo imposto, careta mas de certa forma funcional, o que também pode-se dizer da fotografia. Selton Mello está Ok, entretanto longe de seus grandes momentos no cinema. Bem melhores estão Luís Miranda (destaque) e Daniel Oliveira (com uma pequena participação traz ao filme sua gigantesca presença cênica). Na torcida para os anos trazerem uma reimaginação fílmica, a história merece!