Reed Fish é um radialista em uma cidade muito pequena e pacata, onde aparentemente todos se conhecem. Ele leva uma vida no modo automático, seguindo a profissão do pai (a todo momento é comparado a ele) e vai se casar com uma garota que conhece desde a infância. Nota-se que ele não tem o controle dos seus próprios caminhos, não toma decisões, apenas se deixa levar pelo que é esperado dele.
É aí que aparece uma outra garota de seu passado, que fora embora para uma cidade grande há alguns anos. Ela representa o indivíduo que toma suas próprias decisões, mesmo que desafiem o seu caminho supostamente natural.
Sua chegada faz com que Reed admita para si mesmo que, na verdade, não quer se casar. Depois que é visto beijando a recém-chegada, ele termina a relação com a noiva. Até mesmo aí ele ainda evidencia sua indecisão, pois logo que termina já quer voltar. Mas a ex-noiva está decidida a não ficar com alguém que tem tantas dúvidas quanto aos seus próprios sentimentos.
A parte do meio do filme é onde se desenrola a provação do personagem, em que ele é hostilizado por todos e fica sem nem uma garota nem outra. É provavelmente aí que, isolado, ele vai viver o processo de encontrar a si mesmo.
Em um último ato imaturo, uma noite após ser rejeitado pela garota que, de certo modo, beijou para escapar do casamento, ele transa com a ex-noiva. No dia seguinte, é procurado pela primeira, que também estava confusa e, aparentemente, decidira tentar começar um envolvimento, e acaba novamente ficando sem nenhuma das duas.
Ao ser acusado de não amar ninguém, é forçado a encarar a fraqueza do seu caráter. Grita com uma ouvinte da rádio (com quem ele sempre se esforçava por ser educado) e agride o melhor amigo. É só após essa explosão que percebe que precisa descobrir quem realmente é, o que realmente sente e o que quer fazer da sua vida, se deseja levar uma vida autêntica e madura.
O espectador sabe pelo menos uma coisa: após abandonar a rádio, ele faz um filme, que é um filme dentro do próprio filme que assistimos. É interessante como ele joga com a expectativa do espectador, pois, no início, estamos vendo o filme dentro do filme, sem saber. De repente, há um silêncio total, que dá a impressão de uma falha técnica, mas a falha técnica é do filme que está sendo passado no cinema dentro do filme, assistido pelos habitantes da cidade, que estão sendo representados na tela. O fato de o nome do roteirista ser o nome do protagonista deixa ainda outra pergunta: estaríamos assistindo ao filme autobiográfico do protagonista, que por sua vez é uma representação autobiográfica do roteirista?
Particularmente, preferi não pesquisar sobre a vida do roteirista deste filme sincero e singular, e deixar a dúvida como parte da diversão.
Como Harold com suas fotografias, às vezes é preciso olhar com mais cuidado e mais demora. É o que faz Annie, mergulhando na intimidade de Harold e enxergando detalhes que acabam se sintonizando com os próprios desejos dela.
Existem filmes cujo final já se conhece antes mesmo de começar a ver. Geralmente, dá para saber que filmes são esses, dependendo do estúdio, da produtora, da sinopse ou até do cartaz. Este é um deles. O que importa, se alguém resolve assistir a esses filmes mesmo assim, é como se chega ao final, e não o final em si.
Gostei deste filme não exatamente pela personalidade dos protagonistas (embora tenha gostado deles e das interpretações do ator e da atriz) ou dos detalhes do enredo (nada que saia do padrão), mas pela pureza que ele consegue transmitir, essa pureza que parece difícil de encontrar e até de acreditar que existe, que é ridicularizada e desvalorizada, mas, apesar de tudo, insiste em sobreviver.
E Agora, O Que Eu Faço?
2.6 27É preciso, antes de mais nada, ter em mente que este não é um filme Hollywoodiano, mas uma produção independente.
O ritmo do filme é moderado, os personagens são desglamorizados e o protagonista é provavelmente pouco carismático para o gosto comum.
Reed Fish é um radialista em uma cidade muito pequena e pacata, onde aparentemente todos se conhecem. Ele leva uma vida no modo automático, seguindo a profissão do pai (a todo momento é comparado a ele) e vai se casar com uma garota que conhece desde a infância. Nota-se que ele não tem o controle dos seus próprios caminhos, não toma decisões, apenas se deixa levar pelo que é esperado dele.
É aí que aparece uma outra garota de seu passado, que fora embora para uma cidade grande há alguns anos. Ela representa o indivíduo que toma suas próprias decisões, mesmo que desafiem o seu caminho supostamente natural.
Sua chegada faz com que Reed admita para si mesmo que, na verdade, não quer se casar. Depois que é visto beijando a recém-chegada, ele termina a relação com a noiva. Até mesmo aí ele ainda evidencia sua indecisão, pois logo que termina já quer voltar. Mas a ex-noiva está decidida a não ficar com alguém que tem tantas dúvidas quanto aos seus próprios sentimentos.
A parte do meio do filme é onde se desenrola a provação do personagem, em que ele é hostilizado por todos e fica sem nem uma garota nem outra. É provavelmente aí que, isolado, ele vai viver o processo de encontrar a si mesmo.
Em um último ato imaturo, uma noite após ser rejeitado pela garota que, de certo modo, beijou para escapar do casamento, ele transa com a ex-noiva. No dia seguinte, é procurado pela primeira, que também estava confusa e, aparentemente, decidira tentar começar um envolvimento, e acaba novamente ficando sem nenhuma das duas.
Ao ser acusado de não amar ninguém, é forçado a encarar a fraqueza do seu caráter. Grita com uma ouvinte da rádio (com quem ele sempre se esforçava por ser educado) e agride o melhor amigo. É só após essa explosão que percebe que precisa descobrir quem realmente é, o que realmente sente e o que quer fazer da sua vida, se deseja levar uma vida autêntica e madura.
O espectador sabe pelo menos uma coisa: após abandonar a rádio, ele faz um filme, que é um filme dentro do próprio filme que assistimos. É interessante como ele joga com a expectativa do espectador, pois, no início, estamos vendo o filme dentro do filme, sem saber. De repente, há um silêncio total, que dá a impressão de uma falha técnica, mas a falha técnica é do filme que está sendo passado no cinema dentro do filme, assistido pelos habitantes da cidade, que estão sendo representados na tela. O fato de o nome do roteirista ser o nome do protagonista deixa ainda outra pergunta: estaríamos assistindo ao filme autobiográfico do protagonista, que por sua vez é uma representação autobiográfica do roteirista?
Particularmente, preferi não pesquisar sobre a vida do roteirista deste filme sincero e singular, e deixar a dúvida como parte da diversão.
A Conselheira Amorosa
3.1 112Uma das coisas que gostei neste filme foi a maneira como ele nos lembra que há muita coisa sob a superfície das pessoas.
Como Harold com suas fotografias, às vezes é preciso olhar com mais cuidado e mais demora. É o que faz Annie, mergulhando na intimidade de Harold e enxergando detalhes que acabam se sintonizando com os próprios desejos dela.
Existem filmes cujo final já se conhece antes mesmo de começar a ver. Geralmente, dá para saber que filmes são esses, dependendo do estúdio, da produtora, da sinopse ou até do cartaz. Este é um deles. O que importa, se alguém resolve assistir a esses filmes mesmo assim, é como se chega ao final, e não o final em si.
Gostei deste filme não exatamente pela personalidade dos protagonistas (embora tenha gostado deles e das interpretações do ator e da atriz) ou dos detalhes do enredo (nada que saia do padrão), mas pela pureza que ele consegue transmitir, essa pureza que parece difícil de encontrar e até de acreditar que existe, que é ridicularizada e desvalorizada, mas, apesar de tudo, insiste em sobreviver.