Adaptação livre do romance policial O talentoso Ripley (1955), de Patricia Highsmith, o filme O sol por testemunha (1959), dirigido por René Clément, promove no espectador um deslocamento e uma subversão: o ponto de vista é o de um assassino, e estranhamente não o repudiamos.
Tom Ripley (Alain Delon) faz um acordo com um milionário, que deseja o filho, Philippe Greenleaf (Maurice Ronet), de volta aos EUA. Ripley aceita a missão em troca de uma generosa quantia. Parte, assim, para a Itália, onde Philippe vive com a namorada, Marge (Marie Laforêt).
Philippe é um típico playboy, que não tem muitas preocupações, a não ser a de gastar dinheiro e curtir a vida. Ripley, por sua vez, é um jovem pobre, mas com inúmeras habilidades, como, por exemplo, o talento em imitar a voz e os gestos de uma pessoa, bem como o de falsificar assinaturas. Philippe apenas tolera Ripley enquanto este o serve como um brinquedo, enquanto o diverte. Finda a brincadeira, é preciso colocá-lo em seu devido lugar. O tempo todo Philippe humilha o "amigo", chegando ao ponto de deixá-lo, por várias horas, exilado num bote amarrado ao barco em que estavam, sob um sol escaldante, causando-lhe forte insolação. Ripley, cínico e com a fina ironia que lhe é peculiar, finge não se importar com isso. No entanto, como já invejava Philippe, sua fortuna e sua namorada, vê neste fato a justificativa perfeita para o plano que tinha arquitetado: matar Philippe. E o faz tendo o sol mediterrâneo, às suas costas, como a única testemunha.
Em lugar da escuridão da noite, o sol inclemente, quase branco de tão intenso: uma quebra de regra do que se convencionou chamar de cenário ideal para um filme noir. Ripley assume, então, a identidade de Philippe, toma posse dos seus bens e, pouco a pouco, conquista sua namorada. Tudo perfeito, se não fosse por um detalhe: ter deixado — sem querer, é claro — um vestígio do crime: o corpo de Philippe, emaranhado ao casco do navio, e que será descoberto no desfecho do filme. Na referida sequência, Tom Ripley está na praia e é chamado para atender a um telefonema, sem saber que policiais o esperam. Não é necessário explicar o que vai acontecer depois disso. O espectador já sabe. Por isso, o desenlace é apenas sugerido. Sugerido, pois Ripley, destro e escorregadio, é capaz também de se esgueirar da polícia... Portanto, o final é aberto.
Além de uma envolvente história policial, O sol por testemunha conta com uma belíssima fotografia e excelentes atuações, com destaque para o ator francês Alain Delon. E acontece com o espectador uma estranha transformação ao assistir a este filme: criamos uma forte empatia com o criminoso, não conseguimos sentir raiva de Tom Ripley. Contemplamos seus atos até com certo pesar, sem dúvida, mas sem detestá-lo, condescendentes, talvez devido à sua beleza e ao seu charme, que também são de Alain Delon.
Filme extremamente poético, com fotografia belíssima, interpretações marcantes e uma trilha sonora bem conduzida. Destaque para a canção "Stay Gold" Interpretada por Stevie Wonder e composta por Carmine Coppola.
Para os amantes do cinema que como eu, adoram um filme CULT, uma boa pedida é rever Mel Gibson no inicio de sua carreira ao lado do belo e talentoso ator Mark Lee, em GALLIPOLI, o épico que Peter Weir filmou em homenagem aos famosos Anzacs.
O filme é sobretudo, um manifesto anti-guerra que com sua abordagem lírica mas por vezes brutal tornou-se um dos grandes momentos na carreira do Diretor Australiano.
A Austrália, fez-se reconhecida como uma nação em 1901 e entrou para a História quando se fez aliada da Inglaterra na Primeira Guerra Mundial e teve milhões de seus soldados dizimados na mal planejada batalha contra a Turquia.
Vale à pena ver e rever a exuberante fotografia, a trilha sonora de Jean Michell Jarre e principalmente o Adágio de Albinoni, música tema da abertura e fim do filme.
Os Intelectualoides podem achar original a crítica que o filme tenta fazer à violência gratuita, utilizando recursos metalinguísticos na construção cinematográfica, ou até mesmo podem querer comparar com "Laranja Mecânica". Felizmente esse filme não chega aos pés do clássico de Stanley Kubrick, principalmente pela falta de empatia dos atores com o público. Sinceramente uma verdadeira perda de tempo! NÃO RECOMENDO!!!
O filme é um verdadeiro mergulho na mente de um Serial Killer e a estória é vivenciada pelo ponto de vista do assassino, por esse motivo o filme se torna uma faca de dois gumes, onde alguns irão gostar e outros irão detestar. Roteiro bem elaborado, sem delimitação de tempo e espaço e excelentes planos de câmera, passam ao espectador uma sensação de claustrofobia. Recomendo!!!
O Sol Por Testemunha
4.2 93 Assista AgoraAdaptação livre do romance policial O talentoso Ripley (1955), de Patricia Highsmith, o filme O sol por testemunha (1959), dirigido por René Clément, promove no espectador um deslocamento e uma subversão: o ponto de vista é o de um assassino, e estranhamente não o repudiamos.
Tom Ripley (Alain Delon) faz um acordo com um milionário, que deseja o filho, Philippe Greenleaf (Maurice Ronet), de volta aos EUA. Ripley aceita a missão em troca de uma generosa quantia. Parte, assim, para a Itália, onde Philippe vive com a namorada, Marge (Marie Laforêt).
Philippe é um típico playboy, que não tem muitas preocupações, a não ser a de gastar dinheiro e curtir a vida. Ripley, por sua vez, é um jovem pobre, mas com inúmeras habilidades, como, por exemplo, o talento em imitar a voz e os gestos de uma pessoa, bem como o de falsificar assinaturas. Philippe apenas tolera Ripley enquanto este o serve como um brinquedo, enquanto o diverte. Finda a brincadeira, é preciso colocá-lo em seu devido lugar. O tempo todo Philippe humilha o "amigo", chegando ao ponto de deixá-lo, por várias horas, exilado num bote amarrado ao barco em que estavam, sob um sol escaldante, causando-lhe forte insolação. Ripley, cínico e com a fina ironia que lhe é peculiar, finge não se importar com isso. No entanto, como já invejava Philippe, sua fortuna e sua namorada, vê neste fato a justificativa perfeita para o plano que tinha arquitetado: matar Philippe. E o faz tendo o sol mediterrâneo, às suas costas, como a única testemunha.
Em lugar da escuridão da noite, o sol inclemente, quase branco de tão intenso: uma quebra de regra do que se convencionou chamar de cenário ideal para um filme noir. Ripley assume, então, a identidade de Philippe, toma posse dos seus bens e, pouco a pouco, conquista sua namorada. Tudo perfeito, se não fosse por um detalhe: ter deixado — sem querer, é claro — um vestígio do crime: o corpo de Philippe, emaranhado ao casco do navio, e que será descoberto no desfecho do filme. Na referida sequência, Tom Ripley está na praia e é chamado para atender a um telefonema, sem saber que policiais o esperam. Não é necessário explicar o que vai acontecer depois disso. O espectador já sabe. Por isso, o desenlace é apenas sugerido. Sugerido, pois Ripley, destro e escorregadio, é capaz também de se esgueirar da polícia... Portanto, o final é aberto.
Além de uma envolvente história policial, O sol por testemunha conta com uma belíssima fotografia e excelentes atuações, com destaque para o ator francês Alain Delon. E acontece com o espectador uma estranha transformação ao assistir a este filme: criamos uma forte empatia com o criminoso, não conseguimos sentir raiva de Tom Ripley. Contemplamos seus atos até com certo pesar, sem dúvida, mas sem detestá-lo, condescendentes, talvez devido à sua beleza e ao seu charme, que também são de Alain Delon.
Vidas Sem Rumo
3.8 259Filme extremamente poético, com fotografia belíssima, interpretações marcantes e uma trilha sonora bem conduzida. Destaque para a canção "Stay Gold" Interpretada por Stevie Wonder e composta por Carmine Coppola.
Gallipoli
3.6 54Para os amantes do cinema que como eu, adoram um filme CULT, uma boa pedida é rever Mel Gibson no inicio de sua carreira ao lado do belo e talentoso ator Mark Lee, em GALLIPOLI, o épico que Peter Weir filmou em homenagem aos famosos Anzacs.
O filme é sobretudo, um manifesto anti-guerra que com sua abordagem lírica mas por vezes brutal tornou-se um dos grandes momentos na carreira do Diretor Australiano.
A Austrália, fez-se reconhecida como uma nação em 1901 e entrou para a História quando se fez aliada da Inglaterra na Primeira Guerra Mundial e teve milhões de seus soldados dizimados na mal planejada batalha contra a Turquia.
Vale à pena ver e rever a exuberante fotografia, a trilha sonora de Jean Michell Jarre e principalmente o Adágio de Albinoni, música tema da abertura e fim do filme.
Violência Gratuita
3.4 1,3KOs Intelectualoides podem achar original a crítica que o filme tenta fazer à violência gratuita, utilizando recursos metalinguísticos na construção cinematográfica, ou até mesmo podem querer comparar com "Laranja Mecânica". Felizmente esse filme não chega aos pés do clássico de Stanley Kubrick, principalmente pela falta de empatia dos atores com o público. Sinceramente uma verdadeira perda de tempo! NÃO RECOMENDO!!!
Maníaco
3.0 579 Assista AgoraO filme é um verdadeiro mergulho na mente de um Serial Killer e a estória é vivenciada pelo ponto de vista do assassino, por esse motivo o filme se torna uma faca de dois gumes, onde alguns irão gostar e outros irão detestar. Roteiro bem elaborado, sem delimitação de tempo e espaço e excelentes planos de câmera, passam ao espectador uma sensação de claustrofobia. Recomendo!!!