Muito gostoso de assistir, é outro curta realizado pelo diretor para o Instituto para Desenvolvimento Intelectual de Crianças e Jovens Adultos. Serve para educar ao mesmo tempo em que este acaba divertindo mais, você fica com dó do Mohammad-Reza ao mesmo tempo em que pensa "viu? Bem feito!". A cena em que o dentista explica sobre escovação enquanto o garotinho murmura de dor ao fundo é brilhante, chega a dar uma agonia. No Brasil temos uma cultura de cuidar mais dos dentes que países da Europa, por exemplo, a maioria dos europeus que trabalham comigo aqui tem dentes faltando. Não sei como é a maioria das pessoas no Irã, minha mulher tem essa preocupação, mas não sei se é geral, talvez o Kiarostami tenha ajudado uma geração futura com isto aqui.
A verdade é que achei bem meia boca, tentei gostar, mas não rolou. Truffaut é um dos meus diretores preferidos e Godard é sempre um gigante, mas aqui a união dos dois não funcionou para mim. A verborragia incessante é chata, meio pedante, é um problema que tenho com algumas obras do Godard, ele parece ter momentos que quer se mostrar demais como um intelectual erudito com ideias geniais e que só funcionam na cabeça dele. É quando o diretor deixa essas coisas de lado e pisa na realidade mais acessíveis a nós, meros mortais, que ele funciona. As cenas são lindas, a parte técnica do filme é perfeita. Quando a verborragia cessa e os personagens finalmente vão conversar é meio vergonha alheia, um diálogo bobo. Só vale a pena para quem for fã mesmo. Talvez funcione melhor no mudo.
Há genialidade em praticamente tudo do Bergman, mas em alguns ele extrapola, este curta é das coisas mais lindas que ele fez, com uma mensagem tão grande e importante, de uma maneira tão sutil e delicada, e sempre vou achar que o diretor funciona muito melhor com a fotografia em preto e branco. O título da música de Monteverdi em italiano é "Il Ballo Delle Ingrate", que acaba dando o tom para a tradução do título do curta para o português que difere um pouco do original que foi mantido para o inglês "Baile das Mulheres Condenadas" que talvez faça mais sentido para o que Bergman queria dizer. Maravilhoso!
Apesar do meu desprezo e nojo por Peter Handke, meu amor pelo Wim Wenders é maior e fui assistir este curta metragem que não conhecia. Interessante como a obra do diretor tem uma ligação tão forte com a música. Fiz um deep listening nos álbuns depois de ver o filme. Adoro o álbum Astral Weeks do Van Morrison, dos três é de longe o que mais escutei na vida, mas achei estranho escolherem um músico irlandês para falar de música americana, não considero o Transa do Caetano Veloso um álbum britânico assim como não considero o Heroes do Bowie um álbum alemão, pensando nessa pegada mais folk, o próprio Bob Dylan já tinha lançado o Nashvile Skyline e encaixava melhor já que o assunto era álbuns americanos. Creedence Clearwater Revival era uma banda que ouvia bastante na época da faculdade, rock bem clássico, não me lembro de ter ouvido este álbum em específico, eu tinha uma coletânea e ouvi mais o Cosmo's Factory de 1970. Cristo Redentor, o álbum de estreia do Harvey Mandel era completamente desconhecido para mim, gostei bastante e me remeteu bastante a obra de Ry Cooder, tão amalgamado na própria obra de Wenders. Vale a assistida.
Indicado para Melhor Curta Metragem tanto no Festival de Cannes quanto no Festival de Berlim, onde neste último ganhou Menção Especial. Acho sempre difícil dar uma nota para um curta, porque na maioria dos casos acabam sendo histórias que podiam ser muito mais bem desenvolvidas em um filme, este é o caso deste curta, adorei toda a premissa, mas você acaba não se aprofundando nos personagens que são riquíssimos em várias camadas. O elenco trabalha tão bem que merecia muito mais tempo em tela. Fiquei pensando na grana que dava para ganhar com um processo ou em como as condições sociais evidentes escancaram as divisões de classes quando o sujeito diz "mas ela vai continuar fazendo a limpeza lá". Um curta que tinha muito mais a dizer se tivesse o tempo necessário.
Petzold é um dos meus diretores favoritos da atualidade, então fui assistir este curta do diretor com uma certa expectativa muito alta que não fez jus a obra. São 10 minutos de imagens do sul da Alemanha, mas que não me disseram muito, não me conectaram muito. Vivi um curto período de tempo na Alemanha e amo o país, mas nem esse meu apego emocional me vinculou a obra. Achei meio vazia, talvez tenha sido essa a intenção, talvez um peso niilista, mas isso também não da para ter certeza. Talvez se fossem imagens da região em que morei, no entorno da minuscula e desconhecida Wittstock, eu teria amado.
Uma história curta e simples, não da para ter a mínima ideia de que o diretor se tornaria a lenda que foi. Baseado no conto O Menino Malvado, que é uma história bem curta de Chekov, ainda prefiro ler o original do que assistir a obra de Wajda, que poderia ter sido mais fiel ao texto, onde Kolia (a criança em questão) chega a extorquir até relógio de sua vítima ao longo do tempo e acaba tendo um castigo mais penoso do casal. Mesmo sendo um filme mudo, Wajda poderia ter usado alguns recursos para deixar mais divertido se utilizando do texto de Chekov. Um filme acima da média para seu tempo e recursos, mas que também não chega a ser grande coisa. Wajda é um dos meus diretores preferidos da vida.
É muito lindo de assistir e seu grande defeito é que acaba muito rápido, é praticamente um videoclip musical da música Rosa Rosae interpretada pelo cantor José Antonio Labordeta. As imagens recuperadas por Saura e a maneira que são manipuladas para se transformarem em uma obra de arte em movimento é de encher os olhos de tão lindo que é. Hipnótico e avassalador são as melhores palavras que definem. Poderia ter tido pelo menos o dobro do tempo que eu ia amar continuar assistindo. Carlos Saura foi um dos maiores diretores espanhóis e mostra aqui, mesmo que em míseros cinco minutos, toda a sua força artística ainda relevante no século XXI.
Gostei, um curta metragem bem simples, com uma narrativa meio Amélie Poulain misturada com nojeiras. No momento que ela bebeu o óleo de cozinha eu já passei mal, a partir daí a luta para não vomitar junto com a protagonista se desenrolou de maneira autêntica dentro de mim. Não é o tipo de narrativa que eu goste, porque sou avessos a essas coisas, mas acho que a ideia do diretor funcionou muito bem e merece os méritos por isso. A atriz consegue cativar muito bem, pena que parece não ter feito mais nada depois deste.
Vencedor do Oscar de Melhor Curta de Animação. Que curta maravilhoso! Se interpretarmos pela visão da escravidão animal já é perfeito, afinal de contas tenho estudado conforme consigo sobre ecosocialismo e abolicionismo animal. Porém tem todo o lado político nas entrelinhas, onde a ideia é criticar a abominação que foi o governo de Pinochet na ditadura chilena, esse contraponto acaba colocando muito mais força e camadas dentro da história. Simplesmente impressionante o que o diretor conseguiu fazer com tanta profundidade em apenas 10 minutos. Sem contar a qualidade técnica. Uma verdadeira obra de arte, uma obra prima, merece ser visto e revisto. Me senti despedaçado.
Interessante o curta, e triste ao mesmo tempo. É possível ver as raízes conservadoras religiosas intrincadas na educação, assim como ocorre no Brasil hoje, e mostra muito bem alguns pontos importantes do cenário em que ocorreu a ascensão da República Islâmica naquele país com a Revolução de 79, apenas dois anos depois deste filme e que perdura até hoje. Também é possível comparar como a educação é colocada de escanteio em países de terceiro mundo, com má remuneração e a velha história de "ser professor é uma profissão honrada, não para ganhar dinheiro". Como é bom hoje conseguir ler farsi, a grafia do título original está toda errada no IMDB quanto no Filmow (faltando o "Ra" no final que quase não altera o significado).
É um curta metragem onde tem muita coisa que funciona e muita coisa que não. Achei o personagem meio creepy, o ator está muito bem no papel. A situação da festa de aniversário é muito boa, mesmo não fazendo o menor sentido um cara fantasiado de bichinho ir animar uma festa de um marmanjo (só faz sentido se o amigo dele for o maior filho da puta da história), mas todo o clímax do que poderia acontecer depois não acontece ou não é desenvolvido na história. A própria situação do personagem, quem é que vive em uma casa tipo a dele sozinho vestido de bicho fazendo propaganda na rua? Este tipo de trabalho é bico de quem faz outra coisa, eu já fiz e tive uma namorada que fazia (é triste demais). Acho que faltou um pé no realismo das condições de muita coisa, mas não é ruim de assistir por isso, cumpre o papel de maneira satisfatória, mas poderia ter sido bem melhor. Não entendi nada o título.
Outro curta feito para o Instituto para Desenvolvimento Intelectual de Crianças e Jovens Adultos. Acaba sendo um pouco mais do mesmo que os outros curtas, sem trazer muito nada de novo, como sempre há imagens interessantes, mas foca um pouco mais nos dois irmãos e em técnicas sobre pintura, portanto há menos imagens aleatórias de um Irã pré revolução, que é o que acho que deixa os outros curtas mais interessantes pelo aspecto histórico como um todo. Portando achei este o menos interessante até aqui. Logicamente que há o brilhantismo da técnica narrativa do diretor, que nunca decepciona.
Vencedor de Melhor Curta Metragem na Competição Internacional no Festival de Locarno e de vários outros prêmios, tendo saído com cinco premiações no Festival de Gramado. O curta metragem é muito bom, tem uma visão mais apurada e diria até mais focada na experiência de entregadores de aplicativo em uma época de pandemia. Eu já tive essa experiência de ficar dois meses fazendo entrega de aplicativo com uma bicicleta, é um trabalho extremamente pesado, e o que mais me assustava (apesar de ter gostado bastante de alguns pontos) era o fato de não ter nenhuma garantia de direitos trabalhistas em caso de um acidente. A mistura de todo esse cenário com uma narrativa em parte musical casou muito bem. Achei toda a ideia bem ousada do diretor e vale muito a pena a assistida. Aquele papo de "bater a meta do dia" é muito real.
Lindíssimo curta metragem realizado em dupla na direção pela italiana Alice Rohrwacher e pelo francês JR. Homilia, para quem não sabe, é um rito da missa na igreja católica. Combina bastante para o título, já que a declamação do curta parece uma prece, porém são textos proféticos declamados por Pier Paolo Pasolini e outros escritos por Rachel Carson do livro Primavera Silenciosa. O curta foi, inclusive, filmado no dia 2 de novembro de 2019, data que marcava os 44 anos da morte de Pasolini. Tirando esses detalhes técnicos, o curta é um soco no estômago bem dado de todo o "agro pop" que destruiu a forma que lidamos com nossa conexão com a terra e a comida, marca a importância de se repensar os caminhos que o capitalismo nos empurrou para uma vida de consumo que tudo consome. O único defeito é que acaba.
Mais um curta metragem feito sob encomenda para o Instituto para Desenvolvimento Intelectual de Crianças e Jovens Adultos. É interessante que este dura um pouco mais que os outros, há cenas muito interessantes que servem pelo valor histórico de um Irã que foi apagado depois da Revolução Islâmica. Kiarostami demonstra seu controle maravilhoso sobre as imagens e a narrativa que pretende apresentar por mais simples que seja. Funciona muito bem para o que se propõe, gostoso de assistir.
Indicado ao Oscar de Melhor Curta Metragem. A diretora nunca decepciona, neste curta metragem feito para a Disney ela volta para o universo infantil para contar uma história de como o entorno influencia o pensamento das crianças, talvez aí more o jogo de palavras que é o título já que enxergamos o mundo com nossos olhos (assim como em português "as pupilas" podem se referir aos olhos como as protegidas de alguém), e nos créditos finais a diretora opta por focar as pupilas dos olhos em movimento exatamente para mostrar que o jogo de palavras existe. Poderia ser um longa, sem deixar cansativo, mas Alice Rohrwacher consegue nos contar sua história em um pouco mais de meia hora. As garotinhas são o que rouba a cena e a parte técnica um deleite à parte.
Mais um dos curtas fofos do Kiarostami no começo de carreira, assim como os anteriores ele trata do universo infantil voltado para um lado lúdico e educacional. O garoto principal com as falas interpretado por Kamal Riahi é filho de Nafiseh Riahi, o responsável pelas animações no curta, e o outro garoto sem falas é Ahmad Kiarostami, filho do diretor. Acredito que todos esses curtas focando a infância tiveram uma influência muito grande para o que viria a seguir nas diversas obras do mestre iraniano e consagraria Kiarostami como um dos maiores diretores da história do cinema.
Que curta mais delicioso de assistir, ao mesmo tempo que tem um lado lúdico e infantil, também é cheio de significados e denso. A cenografia e os artifícios usados como efeitos deram um tom magnífico para a experiência do espectador. É quase uma mistura entre Tim Burton fazendo algo com Amélie Poulain com estilos de Suassuna. O desfecho é bem legal e faz com que a gente pense em nossas memórias, no passado e na família. Diretor está de parabéns, quero mais. Viva o nosso cinema nacional.
Chama a atenção por ser o primeiro trabalho da Sofia Coppola, a história em si pode não ser grande coisa, mas é a forma como ela é conduzida que dá o tom mostrando já o talento da diretora. A trilha sonora é perfeita com a banda The Amps (da Ex-Pixies Kim Deal) e um trechinho de Free Kitten para ficar em dois exemplos. O elenco é meio fraquinho, nenhuma atriz vingou. Acho que é um trabalho muito mais estético do que qualquer outra coisa, mas valeu a assistida, o plot twist que ocorre com a garota popular do colégio poderia ter sido melhor desenvolvido mesmo com o curto tempo que tinha. Há cenas esporádicas muito boas que fazem o curta ser acima da média.
Kiarostami era um mestre, quanto a isso só estou falando o óbvio. É impressionante como em cinco minutos ele consegue nos apresentar algo tão poético, fofo e didático ao mesmo tempo. Dá até para dizer que o Wes Anderson bebeu muito da fonte desse curta aqui, lembra muito seu estilo inconfundível. É um curta metragem de cinco minutos, então não dá para esperar demais, uma história ou qualquer tipo de interpretação, mas a ideia e a maneira que é conduzida foram simplesmente geniais. Vale a assistida.
Estava de bobeira procurando algo para assistir no Mubi e me deparei com isto aqui, amo música e resolvi encarar. Achei de uma sensibilidade incrível, você realmente se vê envolvido com os proprietários e funcionários do local, por mais simples que sejam os depoimentos. Há momentos tocantes e emocionantes. Obviamente não conhecia nenhum dos músicos comentados por eles, só provando como vivemos em uma cultura ocidental que só consome coisas enlatadas ocidentais (venho tentando me distanciar disso cada vez mais). Eu escuto bastante coisa diferente, de música iraniana, croata, árabe, alemã, macedônica e afins, mas agora coloquei algumas indianas no catálogo também. Começando pela música marathi e descobrindo coisas novas. Houve algumas tentativas frustradas de reviver a loja depois disso, acho exagero quando tentam culpar a pirataria, pois acho que o declínio teve muito mais haver com o consumo de mídias do formato digital.
Um 'filme' feito para a TV, mas que acaba tendo a duração de um média metragem. Bergman sempre foi um revolucionário quando o assunto era tratar da hipocrisia do machismo que ainda hoje obrigam mulheres a viver, aqui não é diferente. É difícil de assistir, não porque seja ruim, mas porque trás uma angustia ruim, então um pouco da minha nota reflete nisso. Não gostei, mas não era para gostar mesmo. É indigesto de propósito, a cena final (URGH!). Bergman é assim, sem dó nem piedade desce o machado no nosso coração. Muito bem feito, tudo convence tão bem que minha vontade de socar as tias foi genuína.
Curta metragem merecidamente premiadíssimo, selecionado em festivais como Cannes, Berlim e Sundance. Eu acho extremamente difícil contar uma história em 14 minutos e o diretor aqui consegue com um êxito notório. Eu fiquei extremamente nervoso, minhas unhas foram roídas e eu só conseguia pensar nos absurdos que esse governo iraniano faz. Se existe um governo que sempre consegue me surpreender é o do Irã, quando eu acho que não dá para ser pior ele prova que eu estou errado. Seja nas condições que este curta expõe ou seja nas notícias atuais de estudantes sendo envenenadas em escolas. Governo do Irã e da Turquia parecem competir em qual é pior, mas acho que o iraniano ainda ganha. Interpretações magníficas e um Asgari provando toda sua competência como diretor. Amei! Curta super hiper mega blaster necessário!
Dor de Dente
3.0 1Muito gostoso de assistir, é outro curta realizado pelo diretor para o Instituto para Desenvolvimento Intelectual de Crianças e Jovens Adultos. Serve para educar ao mesmo tempo em que este acaba divertindo mais, você fica com dó do Mohammad-Reza ao mesmo tempo em que pensa "viu? Bem feito!". A cena em que o dentista explica sobre escovação enquanto o garotinho murmura de dor ao fundo é brilhante, chega a dar uma agonia. No Brasil temos uma cultura de cuidar mais dos dentes que países da Europa, por exemplo, a maioria dos europeus que trabalham comigo aqui tem dentes faltando. Não sei como é a maioria das pessoas no Irã, minha mulher tem essa preocupação, mas não sei se é geral, talvez o Kiarostami tenha ajudado uma geração futura com isto aqui.
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Uma História da Água
3.5 33A verdade é que achei bem meia boca, tentei gostar, mas não rolou. Truffaut é um dos meus diretores preferidos e Godard é sempre um gigante, mas aqui a união dos dois não funcionou para mim. A verborragia incessante é chata, meio pedante, é um problema que tenho com algumas obras do Godard, ele parece ter momentos que quer se mostrar demais como um intelectual erudito com ideias geniais e que só funcionam na cabeça dele. É quando o diretor deixa essas coisas de lado e pisa na realidade mais acessíveis a nós, meros mortais, que ele funciona. As cenas são lindas, a parte técnica do filme é perfeita. Quando a verborragia cessa e os personagens finalmente vão conversar é meio vergonha alheia, um diálogo bobo. Só vale a pena para quem for fã mesmo. Talvez funcione melhor no mudo.
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Baile das Ingratas
4.2 6Há genialidade em praticamente tudo do Bergman, mas em alguns ele extrapola, este curta é das coisas mais lindas que ele fez, com uma mensagem tão grande e importante, de uma maneira tão sutil e delicada, e sempre vou achar que o diretor funciona muito melhor com a fotografia em preto e branco. O título da música de Monteverdi em italiano é "Il Ballo Delle Ingrate", que acaba dando o tom para a tradução do título do curta para o português que difere um pouco do original que foi mantido para o inglês "Baile das Mulheres Condenadas" que talvez faça mais sentido para o que Bergman queria dizer. Maravilhoso!
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Drei Amerikanische LP's
3.3 1Apesar do meu desprezo e nojo por Peter Handke, meu amor pelo Wim Wenders é maior e fui assistir este curta metragem que não conhecia. Interessante como a obra do diretor tem uma ligação tão forte com a música. Fiz um deep listening nos álbuns depois de ver o filme. Adoro o álbum Astral Weeks do Van Morrison, dos três é de longe o que mais escutei na vida, mas achei estranho escolherem um músico irlandês para falar de música americana, não considero o Transa do Caetano Veloso um álbum britânico assim como não considero o Heroes do Bowie um álbum alemão, pensando nessa pegada mais folk, o próprio Bob Dylan já tinha lançado o Nashvile Skyline e encaixava melhor já que o assunto era álbuns americanos. Creedence Clearwater Revival era uma banda que ouvia bastante na época da faculdade, rock bem clássico, não me lembro de ter ouvido este álbum em específico, eu tinha uma coletânea e ouvi mais o Cosmo's Factory de 1970. Cristo Redentor, o álbum de estreia do Harvey Mandel era completamente desconhecido para mim, gostei bastante e me remeteu bastante a obra de Ry Cooder, tão amalgamado na própria obra de Wenders. Vale a assistida.
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Sideral
3.9 23 Assista AgoraIndicado para Melhor Curta Metragem tanto no Festival de Cannes quanto no Festival de Berlim, onde neste último ganhou Menção Especial. Acho sempre difícil dar uma nota para um curta, porque na maioria dos casos acabam sendo histórias que podiam ser muito mais bem desenvolvidas em um filme, este é o caso deste curta, adorei toda a premissa, mas você acaba não se aprofundando nos personagens que são riquíssimos em várias camadas. O elenco trabalha tão bem que merecia muito mais tempo em tela. Fiquei pensando na grana que dava para ganhar com um processo ou em como as condições sociais evidentes escancaram as divisões de classes quando o sujeito diz "mas ela vai continuar fazendo a limpeza lá". Um curta que tinha muito mais a dizer se tivesse o tempo necessário.
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Suden
2.5 4Petzold é um dos meus diretores favoritos da atualidade, então fui assistir este curta do diretor com uma certa expectativa muito alta que não fez jus a obra. São 10 minutos de imagens do sul da Alemanha, mas que não me disseram muito, não me conectaram muito. Vivi um curto período de tempo na Alemanha e amo o país, mas nem esse meu apego emocional me vinculou a obra. Achei meio vazia, talvez tenha sido essa a intenção, talvez um peso niilista, mas isso também não da para ter certeza. Talvez se fossem imagens da região em que morei, no entorno da minuscula e desconhecida Wittstock, eu teria amado.
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Uma Criança Travessa
2.6 1Uma história curta e simples, não da para ter a mínima ideia de que o diretor se tornaria a lenda que foi. Baseado no conto O Menino Malvado, que é uma história bem curta de Chekov, ainda prefiro ler o original do que assistir a obra de Wajda, que poderia ter sido mais fiel ao texto, onde Kolia (a criança em questão) chega a extorquir até relógio de sua vítima ao longo do tempo e acaba tendo um castigo mais penoso do casal. Mesmo sendo um filme mudo, Wajda poderia ter usado alguns recursos para deixar mais divertido se utilizando do texto de Chekov. Um filme acima da média para seu tempo e recursos, mas que também não chega a ser grande coisa. Wajda é um dos meus diretores preferidos da vida.
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ROSA ROSAE. A SPANISH CIVIL WAR ELEGY
3.6 1É muito lindo de assistir e seu grande defeito é que acaba muito rápido, é praticamente um videoclip musical da música Rosa Rosae interpretada pelo cantor José Antonio Labordeta. As imagens recuperadas por Saura e a maneira que são manipuladas para se transformarem em uma obra de arte em movimento é de encher os olhos de tão lindo que é. Hipnótico e avassalador são as melhores palavras que definem. Poderia ter tido pelo menos o dobro do tempo que eu ia amar continuar assistindo. Carlos Saura foi um dos maiores diretores espanhóis e mostra aqui, mesmo que em míseros cinco minutos, toda a sua força artística ainda relevante no século XXI.
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Porcos Não Olham Para o Céu
3.7 31Gostei, um curta metragem bem simples, com uma narrativa meio Amélie Poulain misturada com nojeiras. No momento que ela bebeu o óleo de cozinha eu já passei mal, a partir daí a luta para não vomitar junto com a protagonista se desenrolou de maneira autêntica dentro de mim. Não é o tipo de narrativa que eu goste, porque sou avessos a essas coisas, mas acho que a ideia do diretor funcionou muito bem e merece os méritos por isso. A atriz consegue cativar muito bem, pena que parece não ter feito mais nada depois deste.
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A História de um Urso
4.2 37Vencedor do Oscar de Melhor Curta de Animação. Que curta maravilhoso! Se interpretarmos pela visão da escravidão animal já é perfeito, afinal de contas tenho estudado conforme consigo sobre ecosocialismo e abolicionismo animal. Porém tem todo o lado político nas entrelinhas, onde a ideia é criticar a abominação que foi o governo de Pinochet na ditadura chilena, esse contraponto acaba colocando muito mais força e camadas dentro da história. Simplesmente impressionante o que o diretor conseguiu fazer com tanta profundidade em apenas 10 minutos. Sem contar a qualidade técnica. Uma verdadeira obra de arte, uma obra prima, merece ser visto e revisto. Me senti despedaçado.
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Tributo aos Professores
3.3 1Interessante o curta, e triste ao mesmo tempo. É possível ver as raízes conservadoras religiosas intrincadas na educação, assim como ocorre no Brasil hoje, e mostra muito bem alguns pontos importantes do cenário em que ocorreu a ascensão da República Islâmica naquele país com a Revolução de 79, apenas dois anos depois deste filme e que perdura até hoje. Também é possível comparar como a educação é colocada de escanteio em países de terceiro mundo, com má remuneração e a velha história de "ser professor é uma profissão honrada, não para ganhar dinheiro". Como é bom hoje conseguir ler farsi, a grafia do título original está toda errada no IMDB quanto no Filmow (faltando o "Ra" no final que quase não altera o significado).
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Nilson, filho do campeão
3.2 1É um curta metragem onde tem muita coisa que funciona e muita coisa que não. Achei o personagem meio creepy, o ator está muito bem no papel. A situação da festa de aniversário é muito boa, mesmo não fazendo o menor sentido um cara fantasiado de bichinho ir animar uma festa de um marmanjo (só faz sentido se o amigo dele for o maior filho da puta da história), mas todo o clímax do que poderia acontecer depois não acontece ou não é desenvolvido na história. A própria situação do personagem, quem é que vive em uma casa tipo a dele sozinho vestido de bicho fazendo propaganda na rua? Este tipo de trabalho é bico de quem faz outra coisa, eu já fiz e tive uma namorada que fazia (é triste demais). Acho que faltou um pé no realismo das condições de muita coisa, mas não é ruim de assistir por isso, cumpre o papel de maneira satisfatória, mas poderia ter sido bem melhor. Não entendi nada o título.
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Como Aproveitar Nosso Tempo de Lazer?
3.5 1Outro curta feito para o Instituto para Desenvolvimento Intelectual de Crianças e Jovens Adultos. Acaba sendo um pouco mais do mesmo que os outros curtas, sem trazer muito nada de novo, como sempre há imagens interessantes, mas foca um pouco mais nos dois irmãos e em técnicas sobre pintura, portanto há menos imagens aleatórias de um Irã pré revolução, que é o que acho que deixa os outros curtas mais interessantes pelo aspecto histórico como um todo. Portando achei este o menos interessante até aqui. Logicamente que há o brilhantismo da técnica narrativa do diretor, que nunca decepciona.
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Fantasma Neon
3.7 5Vencedor de Melhor Curta Metragem na Competição Internacional no Festival de Locarno e de vários outros prêmios, tendo saído com cinco premiações no Festival de Gramado. O curta metragem é muito bom, tem uma visão mais apurada e diria até mais focada na experiência de entregadores de aplicativo em uma época de pandemia. Eu já tive essa experiência de ficar dois meses fazendo entrega de aplicativo com uma bicicleta, é um trabalho extremamente pesado, e o que mais me assustava (apesar de ter gostado bastante de alguns pontos) era o fato de não ter nenhuma garantia de direitos trabalhistas em caso de um acidente. A mistura de todo esse cenário com uma narrativa em parte musical casou muito bem. Achei toda a ideia bem ousada do diretor e vale muito a pena a assistida. Aquele papo de "bater a meta do dia" é muito real.
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Omelia Contadina
4.1 4Lindíssimo curta metragem realizado em dupla na direção pela italiana Alice Rohrwacher e pelo francês JR. Homilia, para quem não sabe, é um rito da missa na igreja católica. Combina bastante para o título, já que a declamação do curta parece uma prece, porém são textos proféticos declamados por Pier Paolo Pasolini e outros escritos por Rachel Carson do livro Primavera Silenciosa. O curta foi, inclusive, filmado no dia 2 de novembro de 2019, data que marcava os 44 anos da morte de Pasolini. Tirando esses detalhes técnicos, o curta é um soco no estômago bem dado de todo o "agro pop" que destruiu a forma que lidamos com nossa conexão com a terra e a comida, marca a importância de se repensar os caminhos que o capitalismo nos empurrou para uma vida de consumo que tudo consome. O único defeito é que acaba.
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As Cores
3.6 1Mais um curta metragem feito sob encomenda para o Instituto para Desenvolvimento Intelectual de Crianças e Jovens Adultos. É interessante que este dura um pouco mais que os outros, há cenas muito interessantes que servem pelo valor histórico de um Irã que foi apagado depois da Revolução Islâmica. Kiarostami demonstra seu controle maravilhoso sobre as imagens e a narrativa que pretende apresentar por mais simples que seja. Funciona muito bem para o que se propõe, gostoso de assistir.
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Le Pupille
3.5 41Indicado ao Oscar de Melhor Curta Metragem. A diretora nunca decepciona, neste curta metragem feito para a Disney ela volta para o universo infantil para contar uma história de como o entorno influencia o pensamento das crianças, talvez aí more o jogo de palavras que é o título já que enxergamos o mundo com nossos olhos (assim como em português "as pupilas" podem se referir aos olhos como as protegidas de alguém), e nos créditos finais a diretora opta por focar as pupilas dos olhos em movimento exatamente para mostrar que o jogo de palavras existe. Poderia ser um longa, sem deixar cansativo, mas Alice Rohrwacher consegue nos contar sua história em um pouco mais de meia hora. As garotinhas são o que rouba a cena e a parte técnica um deleite à parte.
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Então Eu Posso
3.5 1Mais um dos curtas fofos do Kiarostami no começo de carreira, assim como os anteriores ele trata do universo infantil voltado para um lado lúdico e educacional. O garoto principal com as falas interpretado por Kamal Riahi é filho de Nafiseh Riahi, o responsável pelas animações no curta, e o outro garoto sem falas é Ahmad Kiarostami, filho do diretor. Acredito que todos esses curtas focando a infância tiveram uma influência muito grande para o que viria a seguir nas diversas obras do mestre iraniano e consagraria Kiarostami como um dos maiores diretores da história do cinema.
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Como Segurar uma Nuvem no Chão
3.9 1Que curta mais delicioso de assistir, ao mesmo tempo que tem um lado lúdico e infantil, também é cheio de significados e denso. A cenografia e os artifícios usados como efeitos deram um tom magnífico para a experiência do espectador. É quase uma mistura entre Tim Burton fazendo algo com Amélie Poulain com estilos de Suassuna. O desfecho é bem legal e faz com que a gente pense em nossas memórias, no passado e na família. Diretor está de parabéns, quero mais. Viva o nosso cinema nacional.
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Lick The Star
3.2 41 Assista AgoraChama a atenção por ser o primeiro trabalho da Sofia Coppola, a história em si pode não ser grande coisa, mas é a forma como ela é conduzida que dá o tom mostrando já o talento da diretora. A trilha sonora é perfeita com a banda The Amps (da Ex-Pixies Kim Deal) e um trechinho de Free Kitten para ficar em dois exemplos. O elenco é meio fraquinho, nenhuma atriz vingou. Acho que é um trabalho muito mais estético do que qualquer outra coisa, mas valeu a assistida, o plot twist que ocorre com a garota popular do colégio poderia ter sido melhor desenvolvido mesmo com o curto tempo que tinha. Há cenas esporádicas muito boas que fazem o curta ser acima da média.
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Duas Soluções Para Um Problema
3.9 19Kiarostami era um mestre, quanto a isso só estou falando o óbvio. É impressionante como em cinco minutos ele consegue nos apresentar algo tão poético, fofo e didático ao mesmo tempo. Dá até para dizer que o Wes Anderson bebeu muito da fonte desse curta aqui, lembra muito seu estilo inconfundível. É um curta metragem de cinco minutos, então não dá para esperar demais, uma história ou qualquer tipo de interpretação, mas a ideia e a maneira que é conduzida foram simplesmente geniais. Vale a assistida.
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THE LAST MUSIC STORE
4.0 1Estava de bobeira procurando algo para assistir no Mubi e me deparei com isto aqui, amo música e resolvi encarar. Achei de uma sensibilidade incrível, você realmente se vê envolvido com os proprietários e funcionários do local, por mais simples que sejam os depoimentos. Há momentos tocantes e emocionantes. Obviamente não conhecia nenhum dos músicos comentados por eles, só provando como vivemos em uma cultura ocidental que só consome coisas enlatadas ocidentais (venho tentando me distanciar disso cada vez mais). Eu escuto bastante coisa diferente, de música iraniana, croata, árabe, alemã, macedônica e afins, mas agora coloquei algumas indianas no catálogo também. Começando pela música marathi e descobrindo coisas novas. Houve algumas tentativas frustradas de reviver a loja depois disso, acho exagero quando tentam culpar a pirataria, pois acho que o declínio teve muito mais haver com o consumo de mídias do formato digital.
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A Chegada do Sr. Sleeman
3.5 4Um 'filme' feito para a TV, mas que acaba tendo a duração de um média metragem. Bergman sempre foi um revolucionário quando o assunto era tratar da hipocrisia do machismo que ainda hoje obrigam mulheres a viver, aqui não é diferente. É difícil de assistir, não porque seja ruim, mas porque trás uma angustia ruim, então um pouco da minha nota reflete nisso. Não gostei, mas não era para gostar mesmo. É indigesto de propósito, a cena final (URGH!). Bergman é assim, sem dó nem piedade desce o machado no nosso coração. Muito bem feito, tudo convence tão bem que minha vontade de socar as tias foi genuína.
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Mais de Duas Horas
4.0 5Curta metragem merecidamente premiadíssimo, selecionado em festivais como Cannes, Berlim e Sundance. Eu acho extremamente difícil contar uma história em 14 minutos e o diretor aqui consegue com um êxito notório. Eu fiquei extremamente nervoso, minhas unhas foram roídas e eu só conseguia pensar nos absurdos que esse governo iraniano faz. Se existe um governo que sempre consegue me surpreender é o do Irã, quando eu acho que não dá para ser pior ele prova que eu estou errado. Seja nas condições que este curta expõe ou seja nas notícias atuais de estudantes sendo envenenadas em escolas. Governo do Irã e da Turquia parecem competir em qual é pior, mas acho que o iraniano ainda ganha. Interpretações magníficas e um Asgari provando toda sua competência como diretor. Amei! Curta super hiper mega blaster necessário!
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