Indicado ao Globo de Ouro de Melhor Atriz para Toni Collette, que realmente tinha apenas 22 aninhos aqui. Achava que tinha visto este filme inteiro antes, mas devo ter visto pedaços, pois não lembrava do final. Minha irmã gostava deste filme e acho que este fato fez eu gostar mais dele, foi um pouquinho como estar com ela na sala assistindo comigo. O filme é muito bom porque sabe usar de caricaturas exageradas dos personagens para contar uma história bem simples de um jeito único. Ao mesmo tempo que se passa em meados dos anos noventa e pode ser bastante datado por isso o filme também é super atual, Muriel quer ser aceita dentro de um padrão que hoje é super-potencializado por redes sociais na internet, tenta arranjar namorado por catálogos de namoros não muito diferente de um Tinder. Tudo no filme funciona super bem hoje em 2024. Toni Collette brilha, está perfeita no papel e Rachel Griffiths (que não lembrava que estava no filme e adoro) não fica devendo nada. Um filme sobre crescimento e também sobre as pressões patriarcais do universo feminino. Obrigatório.
Indicado a Palma de Ouro e vencedor dos prêmios de Direção de Arte e da Federação Internacional de Críticos de Cinema no Festival de Cannes. É um filme muito bom, mas que perde a força na sua hora final exatamente por cair no clichê de um roteiro tipicamente comercial hollywoodiano, se ele seguisse da maneira que estava até o momento maravilhoso da dança de Jeon Jong-seo eu teria gostado bem mais. E falando em Jeon Jong-seo, é ela que brilha, atuação espetacular. Não quero dar spoiler, então a única coisa que vou falar sobre a hora final do filme é que, apesar de ter ido por um lado que não gostei, ainda assim o diretor mantém o roteiro previsível com uma narrativa unicamente dentro de suas características, dentro do ritmo do filme, isto faz com que funcione bem pelo menos. Prefiro ao outro filme (Poesia) que assisti do diretor.
Única superprodução berginiana, mas que não fez tanto sucesso no mercado estadunidense que era seu alvo principal. Ignorado também pelas premiações. Acho que o filme perde um pouco sua força exatamente por tentar ser grande, por tentar mirar outro público, parece que Bergman perdeu um pouco seu estilo para querer agradas um mercado. Chegou a cogitar dar o papel principal para David Bowie e isso seria simplesmente perfeito. Há a incongruência da polícia que aparece caracterizada com roupas e chapéus da década de 40 quando o filme se passa em 1923. É interessante, mas se arrasta pela metade e vai ganhando nossa atenção mais em seu desfecho. Me deixou meio puto o fato de terem matado o cavalo só para filmar aquela cena em que o cortam para obter carne. Achei um filme meio apático, que cresce na parte final, mas que não deixa de ser um bom filme de modo geral. Confesso que esperava mais.
Pelas reações confesso que achei que ia ser bem pior, o filme até tem seus momentos. Mas é aquilo, né? Mais do mesmo, o pasteurizado cinema americano de super heróis que não trás mais nada de novo. Há escolhas ótimas para o público infantil que funcionam, há escolhas péssimas que não funcionam também para o público infantil. Achei o roteiro meio perdido em determinados momentos, a aparição do Bill Murray, por exemplo, gera um diálogo legal, mas não leva a lugar nenhum. No fim, diverte. Longe de ser o pior filme da Marvel como disseram, Homem de Ferro 3 e até o último Thor, para mim, está abaixo desse. Uma pena a Marvel não ter mais os direitos dos Micronautas, seria o filme perfeito para colocar eles.
Vencedor de um prêmio fora da competição principal no Festival de Berlim. O filme deve ser encarado como um espetáculo de dança, pois é assim que ele funciona melhor. Há cenas maravilhosas, um elenco competente e todo o paralelo do roteiro, baseado em Billy Budd de Herman Melville, funciona muito bem. O que mais me decepcionou no filme foi o mal aproveitamento do personagem Bruno Forrestier (agora comandante), interpretado novamente pelo ator Michel Subor mais de 35 anos depois dele ter vivido o papel pela primeira vez em O Pequeno Soldado dirigido por Jean-Luc Godard. Esperei pelo menos um momento de verborragia do personagem ou um diálogo mais consistente, ou mesmo algum fanservice que justificasse a presença dele no filme. Houve alguns momentos que não consegui me conectar muito à película, mas no geral foi uma experiência gratificante.
Assisti no cinema na época do lançamento e lembro que havia gostado muito, uma época em que o cinema nacional estava retomando alguma relevância depois de anos de falta de investimento. O diretor aqui prova que não precisa de orçamento milionário para se fazer um ótimo filme. Nessa época eu estava namorando pela primeira vez e descobrindo a sexualidade, assim como os garotos no filme, lembro inclusive que este foi um dos primeiros filmes que vimos juntos no cinema. Adorei mais ainda nessa reassistida, me vi de volta no tempo, a história é tão boa e podemos analisar como pensávamos de maneira diferente. Fazia tempo que não assistia algo que me tirava um riso gostoso do rosto, que me trouxesse uma saudades não só da minha vida daquela época, mas também do mundo daquela época. A trilha sonora é maravilhosa, inclusive o poster do The Pogues no quarto do guri eu já tinha aquele CD na época, o elenco funciona tri bem. Que saudade, que saudade, que saudade...
Que filmaço! Fui assistir sem esperar muito e foi uma bela surpresa. Brilhante é pouco para rotular toda a parte inicial com a caça a Herlufs Marte, magistralmente interpretada por Anna Svierkier que estreou no teatro em 1904, mas nunca havia despontado como atriz de sucesso. Imaginem a perda incalculável para as artes cênicas, porque a presença de cena em todos os momentos em que ela aparece é uma força da natureza. No restante o filme consegue colocar o dedo na ferida em todo o bom costume conservador cristão da época, cria um debate sobre muitas coisas que estão em várias camadas da sociedade com diferentes interpretações dependendo dos personagens. Uma verdadeira aula antropológica histórica. A parte técnica é outro deleite, cada tomada é uma obra de arte, merece ser lembrado no panteão dos grandes clássicos.
Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes. O filme funciona, acho que este é um ponto principal, a atriz principal (Leïla Bekhti) tem uma presença tão forte em todo momento que aparece que digo sem dúvida nenhuma que o filme é dela, o que funciona mais é por conta dela. Agora se analisarmos friamente alguns pontos o filme vai ladeira abaixo: Um filme tipicamente que deveria ser dirigido por uma mulher, falta a compreensão do universo feminino ao diretor para o que ele quer passar. Para mim é claramente visível se compararmos este com o Colméia, por exemplo. Além disso, o fato de um europeu-judeu ser o diretor me deixou com o pé atrás com algumas caracterizações estereotipadas do povo árabe. Porque não fazer o filme em um vilarejo judeu ortodoxo? Porque tentar mostrar os homens muçulmanos como retrógrados, machistas e folgados? Trabalho com vários árabes e coisa que não posso dizer de nenhum deles é de que são folgados, são pessoas que jamais deixariam as mulheres passarem por situações como mostradas no filme. Me incomodou demais esta visão euro centrista. Até onde percebo, pois trabalho com muitos romenos também, é de que o filme poderia passar em um vilarejo na própria Romênia, nacionalidade do diretor, pois são mais machistas e rigorosos em muitos pontos que o povo árabe. Já deu essa tentativa do ocidente de tentar difamar outros povos assim.
Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Alice Rohrwacher entrega aqui, talvez, seu melhor filme (preciso rever o As Maravilhas de novo, pois faz muito tempo que vi, e amei demais também). A densidade e camadas que o filme tem são mais do que pude contar. Fala-se sobre o sagrado, sobre o passado, como também se fala do profano e do presente, mas também vislumbramos sobre a esperança que é o futuro também. Os atores estão ótimos, Carol Duarte simplesmente rouba a cena em todo momento que aparece, se já estava encantado depois do A Vida Invisível, agora estou apaixonado. O final é espetacular, diz tanto sobre quem somos, sobre o que sentimos. Difícil me expressar em palavras sobre este filme, é uma experiência que vai te atingir dependendo da sua vivência, das experiências que teve na vida. Arrebatador!
Indicado a Palma de Ouro e vencedor de Melhor Atriz no Festival de Cannes para Merve Dizdar que está muito bem no filme e tem os olhos exatamente iguais da minha companheira. É um filme maravilhoso, com várias camadas sobre a sociedade de um modo geral. Samet é mesquinho, egoísta, mas não é de todo sem coração: representa o produto padronizado da sociedade capitalista que o produziu. Kenan tem um coração mais puro e Nuray tenta se descobrir depois do trauma que passou. É complicado quando se tenta comparar o trabalho do diretor com o Sono de Inverno, que acho que talvez seja o melhor filme deste século, mas se deixarmos de lado as comparações o filme merece uma nota máxima. O final é lindo, faz a gente pensar em várias experiências de nossas próprias vidas, os erros e os acertos também. É o tipo de filme que eu gosto, fotografia linda, o pé na realidade e conceitos que colocam o seu cérebro para pensar em vários níveis diferentes sobre coisas diversas. Ece Bagci, que faz a aluna Sevim, também merece aplausos.
Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza e mais outros 3 prêmios fora da competição principal. Que baita filme, o início do filme contemplativo já me ganhou na hora, o resto vai fluindo muito bem. Não entendo quem diz que nada acontece no filme, discordo completamente, há tanta coisa, tantas camadas de discussões. Vemos uma sociedade pós pandêmica e isto está bem incrustado no filme, fala sobre capitalismo, sobre a importância da vida em comunidade e tantas outras coisas. O final é muito "What Tha Fuck!" e confesso que fazia muito muito tempo que um filme não me tirava da zona de conforto assim. Dos filmes que assisti do diretor, o mais badalado Dirija Meu Carro, achei o mais fraco. Parte técnica do filme é impecável, mas ainda prefiro o Roda do Destino.
Fui assistir isso por indicação da Frances Cobain, que disse ser um dos filmes favoritos dela. Fui já preparado para a trasheira e o filme me divertiu muito mais do que eu esperava. É realmente muito bom porque não se leva a sério nem um minuto ao mesmo tempo que se mantém fingindo que se leva a sério. É tosco, mas é bom. Denise Richards está lindíssima e realmente convence quando chora abraçando o dinossauro. Hahahahahahahha, eu ri quase o filme inteiro, o cientista louco com a assistente sexy é dos clichês que não podiam faltar. Todo o clima dos anos 90 dá o toque final que precisava para esse filme existir, jamais funcionaria tão bem se fosse feito em qualquer outra época.
Ignorado por festivais, achei este filme mais legal do que o badalado "O Filme da Escritora" do mesmo ano feito pelo diretor e que ganhou o Grande Prêmio do Júri em Berlim. Parece que quanto menos badalado, melhor o Sang-soo funciona, pelo menos para mim. Esse filme é uma delícia de assistir: os pulos temporais, as relações se esfacelando, vícios e manias se alterando, ciclos que vão se iniciando e outros terminando. Incrível. Os diálogos extensos e corriqueiros dão o tom certo e funcionam melhor do que em vários dos seus outros filmes. Estava com medo de que a fórmula do diretor estivesse se desgastando, mas para mim, aqui ele prova o contrário. Um diretor que tenho tentado assistir mais filmes e não tenho me arrependido.
Vencedor de um prêmio fora das competições principais no Festival de Veneza. O filme me surpreendeu muito positivamente, achei lindo demais em tudo. Baya Medhaffar é uma baita atriz, tanto cantando quanto interpretando. Filme com uma das melhores trilhas sonoras que já ouvi na vida, pena que a banda fictícia não gravou mais músicas para o soundtrack do filme. Tem pais que realmente não deveriam ter filhos porque não tem a mínima ideia do que estão fazendo, as atitudes da mãe me irritaram demais mesmo a personagem crescendo muito durante o passar da película. Em pensar que a Revolução de Jasmim alterou completamente a vida naquele país no ano seguinte e conseguiu manter depois, com o partido de esquerda, a garantia de estado laico em um país predominantemente muçulmano, que vem garantindo cada vez mais direitos para as mulheres. Tunísia é um exemplo para todo o mundo árabe. Amei!
O filme é tão intenso no que denunciava na época que foi censurado pela França só sendo lançado um par de anos depois. O filme é incrível, o personagem é grotesco em vários sentidos: egoísta, babaca, narcisista, chato (enfim, todas as qualidades básicas de um filiado de um partido de direita). Anna Karina está deslumbrante, cativa do momento que aparece ao último minuto em cena, fácil perder uma aposta em não se apaixonar. O último diálogo no apartamento dela entre os protagonistas é maravilhoso, mostra bem o que ambos defendem e de que lado estão (ele está do lado dele mesmo). O filme é intrincado, mas é genial.
Vencedor do Prêmio do Júri na premiação Um Certo Olhar no Festival de Cannes. Só pela ideia de se fazer um filme nas condições que foram feitas em uma aldeia indígena já vale a experiência de ser assistido. Interessante ver como o elenco, que não são atores e sim indígenas representando papéis, convencem muito bem dentro da narrativa que está sendo contada. Mas o mais impressionante de tudo são as cenas de interação com a natureza, você fica pensando como o diretor conseguiu filmar isso ou aquilo, como é que aquela arara voou criando aquela cena incrível justo naquele momento? O filme é de encher os olhos, acho que poderia ter alguns artifícios para prender mais a narrativa ao telespectador, não achei um filme fácil de ser assistido em alguns momentos, dispersa de alguma maneira em alguns momentos, mas em linhas gerais é uma grande obra do cinema brasileiro.
Vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes. "Festa estranha com gente esquisita, eu não tô legal, não aguento mais birita" como já cantavam o Legião Urbana... e bota gente estranha nisso. Não sou familiarizado com o cinema do Kaurismäki, este é o primeiro que assisto apesar de ter outros 10 na minha coleção. Apesar de estranho e de ter uma história para lá de clichê, o filme agrada, conquista a gente pela excentricidade dos personagens. Os cenários são lindos, tem todo um toque nostálgico misturado com o mundo moderno atual. Irritou um pouco o lance de ficar batendo na tecla sobre a Guerra da Ucrânia (mas é a Europa e a visão eurocentrista prevalece por aqui sempre), mas serviu para mostrar como ela afetou o fornecimento de energia para os países que embarcaram na conversa fiada estadunidense. No geral o filme é uma graça com um toque agridoce.
Adorava este filme quando era um adolescente e confesso que estava com medo de assistir de novo e me decepcionar, mas o filme não decepciona e até que não envelheceu tão mal. Existe várias características clássicas dos anos 90 que funciona pelo saudosismo. Lambert não é um grande ator, praticamente um Keanu Reeves, ganha pelo carisma. Todo o suspense ainda conseguiu me prender e eu achava que o assassino era outro, minha memória me pregou uma peça, então foi quase como ver o filme pela primeira vez de novo. Acho que o desfecho súbito e seco funciona perfeitamente.
Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e indicado ao Oscar de Direção e Melhor Atriz. O filme não funcionou muito bem comigo, achei todo o plot central do filme muito forçado e com cenas que não levaram a lugar nenhum. O que vale do filme é a atuação da Liv Ullmann e detalhes pontuais, Bergman flertando com o terror é incrível e Gunnar Björnstrand é um espetáculo de versatilidade. O desfecho chega a ser meio frustrante. As cenas funcionam melhor isoladas do filme, mexem com sentimentos e percepções, mas no geral não achei que a narrativa como um todo nos presenteie com o Bergman em sua melhor forma.
Indicado a Palma de Ouro e vencedor do prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes. Talvez seja um exagero dizer que seja tão bom quanto os trabalhos épicos do diretor, mas é inegável que Wenders volta aqui a ter uma relevância muito interessante para o cinema. É um filme mais sensorial do que narrativo, mas a cena final é sublime demais e me remeteu As Noites de Cabíria de Fellini. Interessante notar também como há vários pontos em que Wenders revisita sua própria obra, desde a musicalidade (The Kinks, Van Morrison ou Lou Reed), passando por uma espécie de road movie por Tóquio para chegar até a complexidade do personagem que permanece submerso como um iceberg em sua totalidade. Koji Yakusho dá um show de talento e carisma. No começo do filme cheguei até a pensar que o personagem era um anjo que abdicou de sua vida angelical como em Asas do Desejo.
Vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim. O filme é muito bom e só fortaleceu minha convicção contra a prisão perpétua que mantenho desde que assisti O Homem de Alcatraz. Pessoas mudam, evoluem e a frase final deste filme simplesmente me tirou lágrimas. Só achei que o diretor abrir mão de entrar de cabeça na ideia de um documentário empobrece o filme, você fica querendo saber mais sobre os detentos, coisa que poderia ser facilmente proporcionada com pequenas entrevistas ou depoimentos entre cenas da película. O interessante do filme é ver como a arte mudou a vida dos detentos, então nada mais justo que o filme desse mais voz para que eles nos contassem um pouco disso mais diretamente. Gostei bastante, recomendadíssimo! Como é lindo ver Paulo Freire tão vivo na arte, pois acredito que só a educação libertará o ser humano.
Simplesmente brilhante, Kiarostami faz uma obra que explica o Irã ontem e hoje e que serve para questionar se os valores do que se tornou o Irã tantos anos depois ainda representa os mesmos valores da Revolução Islâmica no país. Muito interessante o posicionamento e a linha de pensamento de algumas figuras chaves do país naquele momento e o que representavam. Qual seria a diferença do aluno delator para uma polícia da moralidade de hoje? Kiarostami mostra um olhar tão atento e apurado para o momento histórico do que acontecia que chego até a dizer que nenhum outro diretor conseguiu este feito. É possível notar o laço da revolução com a esquerda ainda em alta, e que depois veio a ser criminalizada. Uma obra de arte obrigatória da carreira deste diretor que foi um dos maiores.
Vencedor do Câmera de Ouro e mais outros três prêmios no Festival de Cannes. Que filmaço! Nível de perfeição que fica até difícil falar, direção excelente e um elenco fantástico que pelo que fui pesquisar não achei nenhuma informação sobre eles, fico pensando se não são pessoas comuns do campo. O garotinho José Felipe Cárdenas dá um show de interpretação e Haimer Leal que interpreta o avô é de uma simpatia ímpar. Uma realidade que é tão similar ao Brasil, impossível não se emocionar. Há tantas cenas brilhantes, de detalhes tão importantes, aquele final deslumbrante. Um filme para favoritar, quem reclama de que ele é lento não merece o que está assistindo, vá ver as bobagens de Hollywood. Estou viciado em ouvir o Dueto Remembranzas.
Que baita filme do Ozu, fazia tanto tempo que não assistia algo do diretor. O filme emociona demais em seu desfecho aumentando em muito a nota dele. Impressionante como o diretor consegue dinamismo em seus filmes sem movimentar a câmera nenhuma vez. Os atores são uma simpatia à parte. Interessante notar que o filme foi feito na época em que o Japão estava lutando durante a 2ª Guerra Mundial, e é possível notar pelo discurso do pai aquilo que era tentado passar para a população como "Deem o seu melhor que tudo vai dar certo" ou "Estamos em dificuldade agora, mas as coisas irão melhorar no futuro", muitos detalhes do filme remetem a guerra em curso nas entrelinhas. O respeito cultural que eles tem pela figura do professor era algo que o mundo ocidental deveria ter copiado há muito tempo.
O Casamento de Muriel
3.8 238Indicado ao Globo de Ouro de Melhor Atriz para Toni Collette, que realmente tinha apenas 22 aninhos aqui. Achava que tinha visto este filme inteiro antes, mas devo ter visto pedaços, pois não lembrava do final. Minha irmã gostava deste filme e acho que este fato fez eu gostar mais dele, foi um pouquinho como estar com ela na sala assistindo comigo. O filme é muito bom porque sabe usar de caricaturas exageradas dos personagens para contar uma história bem simples de um jeito único. Ao mesmo tempo que se passa em meados dos anos noventa e pode ser bastante datado por isso o filme também é super atual, Muriel quer ser aceita dentro de um padrão que hoje é super-potencializado por redes sociais na internet, tenta arranjar namorado por catálogos de namoros não muito diferente de um Tinder. Tudo no filme funciona super bem hoje em 2024. Toni Collette brilha, está perfeita no papel e Rachel Griffiths (que não lembrava que estava no filme e adoro) não fica devendo nada. Um filme sobre crescimento e também sobre as pressões patriarcais do universo feminino. Obrigatório.
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Em Chamas
3.9 379 Assista AgoraIndicado a Palma de Ouro e vencedor dos prêmios de Direção de Arte e da Federação Internacional de Críticos de Cinema no Festival de Cannes. É um filme muito bom, mas que perde a força na sua hora final exatamente por cair no clichê de um roteiro tipicamente comercial hollywoodiano, se ele seguisse da maneira que estava até o momento maravilhoso da dança de Jeon Jong-seo eu teria gostado bem mais. E falando em Jeon Jong-seo, é ela que brilha, atuação espetacular. Não quero dar spoiler, então a única coisa que vou falar sobre a hora final do filme é que, apesar de ter ido por um lado que não gostei, ainda assim o diretor mantém o roteiro previsível com uma narrativa unicamente dentro de suas características, dentro do ritmo do filme, isto faz com que funcione bem pelo menos. Prefiro ao outro filme (Poesia) que assisti do diretor.
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O Ovo da Serpente
4.0 131Única superprodução berginiana, mas que não fez tanto sucesso no mercado estadunidense que era seu alvo principal. Ignorado também pelas premiações. Acho que o filme perde um pouco sua força exatamente por tentar ser grande, por tentar mirar outro público, parece que Bergman perdeu um pouco seu estilo para querer agradas um mercado. Chegou a cogitar dar o papel principal para David Bowie e isso seria simplesmente perfeito. Há a incongruência da polícia que aparece caracterizada com roupas e chapéus da década de 40 quando o filme se passa em 1923. É interessante, mas se arrasta pela metade e vai ganhando nossa atenção mais em seu desfecho. Me deixou meio puto o fato de terem matado o cavalo só para filmar aquela cena em que o cortam para obter carne. Achei um filme meio apático, que cresce na parte final, mas que não deixa de ser um bom filme de modo geral. Confesso que esperava mais.
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Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania
2.8 517 Assista AgoraPelas reações confesso que achei que ia ser bem pior, o filme até tem seus momentos. Mas é aquilo, né? Mais do mesmo, o pasteurizado cinema americano de super heróis que não trás mais nada de novo. Há escolhas ótimas para o público infantil que funcionam, há escolhas péssimas que não funcionam também para o público infantil. Achei o roteiro meio perdido em determinados momentos, a aparição do Bill Murray, por exemplo, gera um diálogo legal, mas não leva a lugar nenhum. No fim, diverte. Longe de ser o pior filme da Marvel como disseram, Homem de Ferro 3 e até o último Thor, para mim, está abaixo desse. Uma pena a Marvel não ter mais os direitos dos Micronautas, seria o filme perfeito para colocar eles.
Bom Trabalho
3.8 76 Assista AgoraVencedor de um prêmio fora da competição principal no Festival de Berlim. O filme deve ser encarado como um espetáculo de dança, pois é assim que ele funciona melhor. Há cenas maravilhosas, um elenco competente e todo o paralelo do roteiro, baseado em Billy Budd de Herman Melville, funciona muito bem. O que mais me decepcionou no filme foi o mal aproveitamento do personagem Bruno Forrestier (agora comandante), interpretado novamente pelo ator Michel Subor mais de 35 anos depois dele ter vivido o papel pela primeira vez em O Pequeno Soldado dirigido por Jean-Luc Godard. Esperei pelo menos um momento de verborragia do personagem ou um diálogo mais consistente, ou mesmo algum fanservice que justificasse a presença dele no filme. Houve alguns momentos que não consegui me conectar muito à película, mas no geral foi uma experiência gratificante.
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Houve uma Vez Dois Verões
3.4 211 Assista AgoraAssisti no cinema na época do lançamento e lembro que havia gostado muito, uma época em que o cinema nacional estava retomando alguma relevância depois de anos de falta de investimento. O diretor aqui prova que não precisa de orçamento milionário para se fazer um ótimo filme. Nessa época eu estava namorando pela primeira vez e descobrindo a sexualidade, assim como os garotos no filme, lembro inclusive que este foi um dos primeiros filmes que vimos juntos no cinema. Adorei mais ainda nessa reassistida, me vi de volta no tempo, a história é tão boa e podemos analisar como pensávamos de maneira diferente. Fazia tempo que não assistia algo que me tirava um riso gostoso do rosto, que me trouxesse uma saudades não só da minha vida daquela época, mas também do mundo daquela época. A trilha sonora é maravilhosa, inclusive o poster do The Pogues no quarto do guri eu já tinha aquele CD na época, o elenco funciona tri bem. Que saudade, que saudade, que saudade...
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Dias de Ira
4.3 38 Assista AgoraQue filmaço! Fui assistir sem esperar muito e foi uma bela surpresa. Brilhante é pouco para rotular toda a parte inicial com a caça a Herlufs Marte, magistralmente interpretada por Anna Svierkier que estreou no teatro em 1904, mas nunca havia despontado como atriz de sucesso. Imaginem a perda incalculável para as artes cênicas, porque a presença de cena em todos os momentos em que ela aparece é uma força da natureza. No restante o filme consegue colocar o dedo na ferida em todo o bom costume conservador cristão da época, cria um debate sobre muitas coisas que estão em várias camadas da sociedade com diferentes interpretações dependendo dos personagens. Uma verdadeira aula antropológica histórica. A parte técnica é outro deleite, cada tomada é uma obra de arte, merece ser lembrado no panteão dos grandes clássicos.
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A Fonte das Mulheres
4.2 128Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes. O filme funciona, acho que este é um ponto principal, a atriz principal (Leïla Bekhti) tem uma presença tão forte em todo momento que aparece que digo sem dúvida nenhuma que o filme é dela, o que funciona mais é por conta dela. Agora se analisarmos friamente alguns pontos o filme vai ladeira abaixo: Um filme tipicamente que deveria ser dirigido por uma mulher, falta a compreensão do universo feminino ao diretor para o que ele quer passar. Para mim é claramente visível se compararmos este com o Colméia, por exemplo. Além disso, o fato de um europeu-judeu ser o diretor me deixou com o pé atrás com algumas caracterizações estereotipadas do povo árabe. Porque não fazer o filme em um vilarejo judeu ortodoxo? Porque tentar mostrar os homens muçulmanos como retrógrados, machistas e folgados? Trabalho com vários árabes e coisa que não posso dizer de nenhum deles é de que são folgados, são pessoas que jamais deixariam as mulheres passarem por situações como mostradas no filme. Me incomodou demais esta visão euro centrista. Até onde percebo, pois trabalho com muitos romenos também, é de que o filme poderia passar em um vilarejo na própria Romênia, nacionalidade do diretor, pois são mais machistas e rigorosos em muitos pontos que o povo árabe. Já deu essa tentativa do ocidente de tentar difamar outros povos assim.
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La Chimera
3.8 17Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Alice Rohrwacher entrega aqui, talvez, seu melhor filme (preciso rever o As Maravilhas de novo, pois faz muito tempo que vi, e amei demais também). A densidade e camadas que o filme tem são mais do que pude contar. Fala-se sobre o sagrado, sobre o passado, como também se fala do profano e do presente, mas também vislumbramos sobre a esperança que é o futuro também. Os atores estão ótimos, Carol Duarte simplesmente rouba a cena em todo momento que aparece, se já estava encantado depois do A Vida Invisível, agora estou apaixonado. O final é espetacular, diz tanto sobre quem somos, sobre o que sentimos. Difícil me expressar em palavras sobre este filme, é uma experiência que vai te atingir dependendo da sua vivência, das experiências que teve na vida. Arrebatador!
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Ervas Secas
4.0 12Indicado a Palma de Ouro e vencedor de Melhor Atriz no Festival de Cannes para Merve Dizdar que está muito bem no filme e tem os olhos exatamente iguais da minha companheira. É um filme maravilhoso, com várias camadas sobre a sociedade de um modo geral. Samet é mesquinho, egoísta, mas não é de todo sem coração: representa o produto padronizado da sociedade capitalista que o produziu. Kenan tem um coração mais puro e Nuray tenta se descobrir depois do trauma que passou. É complicado quando se tenta comparar o trabalho do diretor com o Sono de Inverno, que acho que talvez seja o melhor filme deste século, mas se deixarmos de lado as comparações o filme merece uma nota máxima. O final é lindo, faz a gente pensar em várias experiências de nossas próprias vidas, os erros e os acertos também. É o tipo de filme que eu gosto, fotografia linda, o pé na realidade e conceitos que colocam o seu cérebro para pensar em vários níveis diferentes sobre coisas diversas. Ece Bagci, que faz a aluna Sevim, também merece aplausos.
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O Mal Não Existe
3.7 12Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza e mais outros 3 prêmios fora da competição principal. Que baita filme, o início do filme contemplativo já me ganhou na hora, o resto vai fluindo muito bem. Não entendo quem diz que nada acontece no filme, discordo completamente, há tanta coisa, tantas camadas de discussões. Vemos uma sociedade pós pandêmica e isto está bem incrustado no filme, fala sobre capitalismo, sobre a importância da vida em comunidade e tantas outras coisas. O final é muito "What Tha Fuck!" e confesso que fazia muito muito tempo que um filme não me tirava da zona de conforto assim. Dos filmes que assisti do diretor, o mais badalado Dirija Meu Carro, achei o mais fraco. Parte técnica do filme é impecável, mas ainda prefiro o Roda do Destino.
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Tammy and the T-Rex
2.6 13 Assista AgoraFui assistir isso por indicação da Frances Cobain, que disse ser um dos filmes favoritos dela. Fui já preparado para a trasheira e o filme me divertiu muito mais do que eu esperava. É realmente muito bom porque não se leva a sério nem um minuto ao mesmo tempo que se mantém fingindo que se leva a sério. É tosco, mas é bom. Denise Richards está lindíssima e realmente convence quando chora abraçando o dinossauro. Hahahahahahahha, eu ri quase o filme inteiro, o cientista louco com a assistente sexy é dos clichês que não podiam faltar. Todo o clima dos anos 90 dá o toque final que precisava para esse filme existir, jamais funcionaria tão bem se fosse feito em qualquer outra época.
Walk Up
3.5 7Ignorado por festivais, achei este filme mais legal do que o badalado "O Filme da Escritora" do mesmo ano feito pelo diretor e que ganhou o Grande Prêmio do Júri em Berlim. Parece que quanto menos badalado, melhor o Sang-soo funciona, pelo menos para mim. Esse filme é uma delícia de assistir: os pulos temporais, as relações se esfacelando, vícios e manias se alterando, ciclos que vão se iniciando e outros terminando. Incrível. Os diálogos extensos e corriqueiros dão o tom certo e funcionam melhor do que em vários dos seus outros filmes. Estava com medo de que a fórmula do diretor estivesse se desgastando, mas para mim, aqui ele prova o contrário. Um diretor que tenho tentado assistir mais filmes e não tenho me arrependido.
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Assim que Abro meus Olhos
3.7 16Vencedor de um prêmio fora das competições principais no Festival de Veneza. O filme me surpreendeu muito positivamente, achei lindo demais em tudo. Baya Medhaffar é uma baita atriz, tanto cantando quanto interpretando. Filme com uma das melhores trilhas sonoras que já ouvi na vida, pena que a banda fictícia não gravou mais músicas para o soundtrack do filme. Tem pais que realmente não deveriam ter filhos porque não tem a mínima ideia do que estão fazendo, as atitudes da mãe me irritaram demais mesmo a personagem crescendo muito durante o passar da película. Em pensar que a Revolução de Jasmim alterou completamente a vida naquele país no ano seguinte e conseguiu manter depois, com o partido de esquerda, a garantia de estado laico em um país predominantemente muçulmano, que vem garantindo cada vez mais direitos para as mulheres. Tunísia é um exemplo para todo o mundo árabe. Amei!
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O Pequeno Soldado
3.8 57O filme é tão intenso no que denunciava na época que foi censurado pela França só sendo lançado um par de anos depois. O filme é incrível, o personagem é grotesco em vários sentidos: egoísta, babaca, narcisista, chato (enfim, todas as qualidades básicas de um filiado de um partido de direita). Anna Karina está deslumbrante, cativa do momento que aparece ao último minuto em cena, fácil perder uma aposta em não se apaixonar. O último diálogo no apartamento dela entre os protagonistas é maravilhoso, mostra bem o que ambos defendem e de que lado estão (ele está do lado dele mesmo). O filme é intrincado, mas é genial.
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Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos
4.1 26Vencedor do Prêmio do Júri na premiação Um Certo Olhar no Festival de Cannes. Só pela ideia de se fazer um filme nas condições que foram feitas em uma aldeia indígena já vale a experiência de ser assistido. Interessante ver como o elenco, que não são atores e sim indígenas representando papéis, convencem muito bem dentro da narrativa que está sendo contada. Mas o mais impressionante de tudo são as cenas de interação com a natureza, você fica pensando como o diretor conseguiu filmar isso ou aquilo, como é que aquela arara voou criando aquela cena incrível justo naquele momento? O filme é de encher os olhos, acho que poderia ter alguns artifícios para prender mais a narrativa ao telespectador, não achei um filme fácil de ser assistido em alguns momentos, dispersa de alguma maneira em alguns momentos, mas em linhas gerais é uma grande obra do cinema brasileiro.
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Folhas de Outono
3.8 100Vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes. "Festa estranha com gente esquisita, eu não tô legal, não aguento mais birita" como já cantavam o Legião Urbana... e bota gente estranha nisso. Não sou familiarizado com o cinema do Kaurismäki, este é o primeiro que assisto apesar de ter outros 10 na minha coleção. Apesar de estranho e de ter uma história para lá de clichê, o filme agrada, conquista a gente pela excentricidade dos personagens. Os cenários são lindos, tem todo um toque nostálgico misturado com o mundo moderno atual. Irritou um pouco o lance de ficar batendo na tecla sobre a Guerra da Ucrânia (mas é a Europa e a visão eurocentrista prevalece por aqui sempre), mas serviu para mostrar como ela afetou o fornecimento de energia para os países que embarcaram na conversa fiada estadunidense. No geral o filme é uma graça com um toque agridoce.
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Face a Face com o Inimigo
3.3 53Adorava este filme quando era um adolescente e confesso que estava com medo de assistir de novo e me decepcionar, mas o filme não decepciona e até que não envelheceu tão mal. Existe várias características clássicas dos anos 90 que funciona pelo saudosismo. Lambert não é um grande ator, praticamente um Keanu Reeves, ganha pelo carisma. Todo o suspense ainda conseguiu me prender e eu achava que o assassino era outro, minha memória me pregou uma peça, então foi quase como ver o filme pela primeira vez de novo. Acho que o desfecho súbito e seco funciona perfeitamente.
Face a Face
4.2 131Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e indicado ao Oscar de Direção e Melhor Atriz. O filme não funcionou muito bem comigo, achei todo o plot central do filme muito forçado e com cenas que não levaram a lugar nenhum. O que vale do filme é a atuação da Liv Ullmann e detalhes pontuais, Bergman flertando com o terror é incrível e Gunnar Björnstrand é um espetáculo de versatilidade. O desfecho chega a ser meio frustrante. As cenas funcionam melhor isoladas do filme, mexem com sentimentos e percepções, mas no geral não achei que a narrativa como um todo nos presenteie com o Bergman em sua melhor forma.
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Dias Perfeitos
4.2 286 Assista AgoraIndicado a Palma de Ouro e vencedor do prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes. Talvez seja um exagero dizer que seja tão bom quanto os trabalhos épicos do diretor, mas é inegável que Wenders volta aqui a ter uma relevância muito interessante para o cinema. É um filme mais sensorial do que narrativo, mas a cena final é sublime demais e me remeteu As Noites de Cabíria de Fellini. Interessante notar também como há vários pontos em que Wenders revisita sua própria obra, desde a musicalidade (The Kinks, Van Morrison ou Lou Reed), passando por uma espécie de road movie por Tóquio para chegar até a complexidade do personagem que permanece submerso como um iceberg em sua totalidade. Koji Yakusho dá um show de talento e carisma. No começo do filme cheguei até a pensar que o personagem era um anjo que abdicou de sua vida angelical como em Asas do Desejo.
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César Deve Morrer
4.0 82 Assista AgoraVencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim. O filme é muito bom e só fortaleceu minha convicção contra a prisão perpétua que mantenho desde que assisti O Homem de Alcatraz. Pessoas mudam, evoluem e a frase final deste filme simplesmente me tirou lágrimas. Só achei que o diretor abrir mão de entrar de cabeça na ideia de um documentário empobrece o filme, você fica querendo saber mais sobre os detentos, coisa que poderia ser facilmente proporcionada com pequenas entrevistas ou depoimentos entre cenas da película. O interessante do filme é ver como a arte mudou a vida dos detentos, então nada mais justo que o filme desse mais voz para que eles nos contassem um pouco disso mais diretamente. Gostei bastante, recomendadíssimo! Como é lindo ver Paulo Freire tão vivo na arte, pois acredito que só a educação libertará o ser humano.
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Caso 1, Caso 2
3.9 1Simplesmente brilhante, Kiarostami faz uma obra que explica o Irã ontem e hoje e que serve para questionar se os valores do que se tornou o Irã tantos anos depois ainda representa os mesmos valores da Revolução Islâmica no país. Muito interessante o posicionamento e a linha de pensamento de algumas figuras chaves do país naquele momento e o que representavam. Qual seria a diferença do aluno delator para uma polícia da moralidade de hoje? Kiarostami mostra um olhar tão atento e apurado para o momento histórico do que acontecia que chego até a dizer que nenhum outro diretor conseguiu este feito. É possível notar o laço da revolução com a esquerda ainda em alta, e que depois veio a ser criminalizada. Uma obra de arte obrigatória da carreira deste diretor que foi um dos maiores.
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A Terra e a Sombra
3.8 52 Assista AgoraVencedor do Câmera de Ouro e mais outros três prêmios no Festival de Cannes. Que filmaço! Nível de perfeição que fica até difícil falar, direção excelente e um elenco fantástico que pelo que fui pesquisar não achei nenhuma informação sobre eles, fico pensando se não são pessoas comuns do campo. O garotinho José Felipe Cárdenas dá um show de interpretação e Haimer Leal que interpreta o avô é de uma simpatia ímpar. Uma realidade que é tão similar ao Brasil, impossível não se emocionar. Há tantas cenas brilhantes, de detalhes tão importantes, aquele final deslumbrante. Um filme para favoritar, quem reclama de que ele é lento não merece o que está assistindo, vá ver as bobagens de Hollywood. Estou viciado em ouvir o Dueto Remembranzas.
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Era Uma Vez Um Pai
4.2 17 Assista AgoraQue baita filme do Ozu, fazia tanto tempo que não assistia algo do diretor. O filme emociona demais em seu desfecho aumentando em muito a nota dele. Impressionante como o diretor consegue dinamismo em seus filmes sem movimentar a câmera nenhuma vez. Os atores são uma simpatia à parte. Interessante notar que o filme foi feito na época em que o Japão estava lutando durante a 2ª Guerra Mundial, e é possível notar pelo discurso do pai aquilo que era tentado passar para a população como "Deem o seu melhor que tudo vai dar certo" ou "Estamos em dificuldade agora, mas as coisas irão melhorar no futuro", muitos detalhes do filme remetem a guerra em curso nas entrelinhas. O respeito cultural que eles tem pela figura do professor era algo que o mundo ocidental deveria ter copiado há muito tempo.
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