Nas manchetes de sites que falavam sobre Inside Out, dizia-se, muitas vezes: “Pixar vence a crise”. Que crise? Carros 2 pode ter sido fraco, mas Valente, apesar de diferente de tudo que o estúdio havia feito até então, é um belo filme, assim como Universidade Monstros, que a despeito de ser um prequel, algo tão usado por estúdios para fazer dinheiro fácil em suas franquias, é um filme leve, divertido e com a alma da Pixar. Eu diria que essa crise foi uma rotulação criada pela insaciável mídia, sempre em busca de frases de efeito para sensacionalizar. Rotular, aliás, é um tema debatido de forma não expositiva em Divertidamente. Por que a alegria/euforia é vendida como sendo obrigatória para todos? Seria este o único estado em que uma pessoa conseguiria viver?
Claro que é preferível viver “feliz” do que “triste”. Porém, o filme, corretamente descrito como o mais ousado e maduro da Pixar em anos, se não do estúdio como um todo, foca sua narrativa na complexidade de emoções que uma pessoa possui, e como todas elas(tristeza, felicidade, raiva...) são necessárias para o desenvolvimento da personalidade e caráter de um ser consciente. A personagem Riley é retratada na época mais áurea de sua vida, uma idade de inocência e ingenuidade, predominada pela alegria, devido a incapacidade e inexperiencia para reconhecer e encarar os problemas da vida. A menina é, quase todo o tempo, alguém alegre e extrovertida, com uma relação carinhosa com os pais, amigos e enfim, o mundo ao seu redor. Em contraponto a isso, inteligentemente, é mostrado como a emoção “chefe” de sua mãe é uma tímida tristeza, enquanto do pai é a raiva. E como podemos ver em todo decorrer da obra, nenhum dos dois está todo o tempo neste estado, é a mutualidade dos sentimentos que os compõem, assim como a todos nós.
E a partir daí, a Pixar mostra o toque de gênio que tanto acostumamos a ver em seus filmes, e baseado numa premissa instigante, constrói uma narrativa muitas vezes metafórica, que apesar de divertida para o público infantil, transmite mensagens muito mais complexas para a platéia, conteúdos inacessíveis para as inocentes crianças, assim como sua protagonista.
Ao se deparar com uma mudança radical em sua vida, a menina perde o chão, toda aquela euforia e fugor que sempre transmitia, é trocada por uma melancolia ímpar, ao paço que suas “emoções base” vão desmoronando. Porém, ao contrário do que se propaga mundialmente, a tristeza pode nos fortalecer, sendo necessária para nosso amadurecimento, e também gerar sentimentos bons, como a nostalgia, e até a saudade, que posteiormente, proporciona a alegria de encontrar o que tanto esperamos.
A forma como a película nos leva por este “road movie” psicológico sobre o crescimento mental de uma pessoa, é um deleite, um primor. A antropomorfização das personalidades é hilária, não sei sobre a dublagem original, mas a nacional foi deveras eficiente em retratar as caras e bocas que viamos em tela. A trilha sonora de Michael Giacchino, um parceiro fiel do estúdio, é linda, principalmente nas cenas melancólicas, emocionando sem soar apelativo.
Já o desing de produção merecia ser indicado a prêmios(pena esse preconceito da indústria para indicar animações para categorias mais técnicas, como a primorosa fotografia de Wall-E), e usando as palavras do crítico Thiago Siqueira, a urbanização da mente da criança é um das sacadas mais criativas que já vi, assim como a retratação dos sonhos e pesadelos.
Ao final da sessão, eu, com meus 19 anos, saí com aquele sorriso meio bobo, com uma mescla de sentimenos proporcionados a mim nos últimos 94 minutos, mais uma vez maravilhado com o que um simples estúdio me proporcionou, não apenas um belo filme de animação, mas uma bela metáfora sobre nossa vida.
Não foi uma temporada ruim de GOT, como muitos mimizeiros estão dizendo, mas tampouco foi a melhor, ela foi simplesmente irregular. Foram praticamente 2 temporadas distintas dentro de uma.
Os 7 primeiros episódios foram inconstantes e muitas vezes até verborrágicos, recheados de ótimos momentos, e outros totalmente inúteis, núcleos desinteressantes, subtramas vazias, não avançavam a história ou o desenvolvimento dos personagens. Concordo que é quase uma temporada de recomeço, mas isso não justifica tamanha monotonia do roteiro, os próprios diálogos afiados, ponto forte da série, estavam mais escassos.
E então vieram os 3 últimos e GOT deu uma guinada impressionante, não apenas nos lembrou as outras temporadas, como elevou o nível. O 8 nos mostrou as melhores cenas de ação que já vi na TV(e eu olho Vikings e já tentei Spartacus), investindo também no suspense de uma forma muito mais eficiente que a batalha da muralha, da season 4. O 9 sofreu um pouco pela qualidade de seu antecessor, mas avaliando isoladamente, foi outro grande episódio, principalmente devido a atuação de Iain Glen, ou, Sir Jorah Mormont, suas cenas com Daenerys evidenciaram a falta que o personagem faz.
Mas nada nos preparou para o que viria no season finale, as surpresas eram initerruptas. Normalmente, ocorre uma cena grandiosa e chocante para o famoso clifhanger, mas foram no mínimo 4 grandes acontecimentos. Sobre isso, acho muita ignorância alguém dizer que GOT vive de suas cenas chocantes. E a trilha sonora? E a fotografia? Design de produção, figurinos? E as atuações? O tão criticado Kit Harington deu um show na season 5, claro que o roteiro ajuda, mas sem a competência do ator, jamais seriam geradas tantas cenas eficientes. Jon Snow foi o cara da temporada. Todos sabemos da qualidade de Lena Headey, mas sua interpretação nesta season finale foi fenomenal, e como os golden globes indicam e premiam a atuação devido a um episódio, acho que ela surge como uma das francas favoridas. Falar de Peter Dinklage, Emilia Clarke, Conleth Hill e tantos outros seria redundante.
Enfim, não acho que 3 episódios quase perfeitos abonam os erros do irregular restante, mas evidencia todas as qualidades que está magnífica série tem, apenas espero que o ano 6 não cometa o mesmo erro.
Algo que ficou notório neste ano 5, foi a limitação da HBO. É sabido do esmero técnico do canal, mas se tratanto de um programa para TV, é evidente que o orçamento não é o mesmo de uma produção cinematográfica. A cena do vôo de Daenerys teve um CGI de 2ª bem óbvio, é possível ver como muitas batalhas são evitadas, ou quando mostradas, o são de um modo muito fechado, focando apenas em pequenos quadros. Questiono o que será feito daqui pra frente, em vista de que os acontecimentos grandiosos, as batalhas e dragões devem apenas aparecer com mais frequência. A HBO certamente não tem cacife para produzir tantos episódios como o 8.
Sobre a morte de Jon Snow, tenho a mesma teoria da geral, e sendo familiarizado com os livros, acho que é o mais provável. Uma série de fatores contribui para isso, Melissandre no final, o prólogo de Dance With Dragons que revela o fato de Snow ser um Warg, suas últimas palavras como “Ghost”, e para quem apenas vê a série, lembre-se do personagem Beric Dondarrion. Eu apostaria na volta de Jon, e talvez nem Stannis esteja morto, afinal, por que esconder sua decapitação? Logo um show que é tão aclamado por ser tão cruel nas mortes.
Eu cresci vendo Jurassic Park, toda a trilogia, é verdade, mas o clássico original foi o único presente em toda minha vida até aqui, um de meus filmes/livros favoritos, além de ser um dos responsáveis por minha paixão a 7ª arte. Dito isso, não pude conter minha ansiedade a apreensão. Eu não queria apenas um filme melhor que o 2º e 3º, eu queria um filme realmente bom(não mais que o insuperável 1º), queria me divertir, porém, com conteúdo. 2 horas após a projeção, digo que é, sim, divertido e deveras emocionante pra fãs do original, mas também digo que, infelizmente, ele sofre com essa megalomania que tem estado tão presente em blockbusters Hollywoodianos ultimamente.
O início é lindo e empolgante, impossível não se emocionar com a trilha sonora de John Williams enquanto vemos o parque se abrindo, o sonho de John Hammond realizado. O desenvolvimento da trama é rápido, logo somos apresentados a todos os personagens relevantes, além da vilã que vai mover o longa, indominus Rex. As referências não param por aí, aparecem como dinossauros holográficos, prédios do original, personagens, carros, camisas e até em certos enquadramentos, tudo de forma orgânica, sem prejudicar a fluidez de Jurassic World.
Apesar de todos quererem ver dinossauros, personagens humanos bem desenvolvidos seriam algo necessário para segurar os 124 minutos de projeção, e felizmente, Chris Pratt e Bryce Dallas Howard se saem eficientes, mais por sua carisma e competência do que devido as virtudes do roteiro.. Pratt se confirma como um dos mais promissores atores da atualidade, equilibrando muito bem cenas cômicas com outras de intensidade dramática surpreendente, já Bryce consegue ir nos conquistado conforme os minutos passam, devido a uma redenção bem Spielbergiana(o diretor, aliás, tem vários “dedos” no projeto). Porém, o mesmo não pode ser dito do restante do elenco, são apenas caricaturas, como o vilão militar de Vincent D’Onofrio e as crianças em perigo(lembra algo do original?!) com uma traminha muito clichê, tornando muito difícil alguma identificação com os mesmos.
E os dinossauros? A duvidosa ideia de criar um vilão híbrido é acertada, muito pelo design intimidante e original, porém não artificial da indominus Rex, já as outras criaturas são meros coadjuvantes(não sei vocês, mas eu queria ter me maravilhado mais ao ver seres pré-históricos), com exceção, talvez, dos raptores, de longe os mais interessantes da história. O CGI está competente, mas óbvio, e o efeito prático do original continua magnânimo(mais de 20 anos depois, e vale lembrar a notória diferença do Apatossauro, único animatrônico de World...), nada vai superar os raptores e o T-Rex criados pelo gênio Stan Winston, que eram simples, entretanto, mais sinistros e orgânicos.
O maior problema da obra, porém, reside no roteiro, que muitas vezes se perde em sua megalomania, subestimando o público, flertando com o clichê e empurrando mais e mais cenas de ação na tela, como se fosse tudo que desejássemos. Um erro estranho, levando em consideração que o original investe muito mais na tensão e mistério para cativar e envolver a platéia.
No geral, Jurassic World é isso, um filme de ação, mas ver os dinossauros e o parque aberto, além da trilha de Williams, fazem valer o ingresso, principalmente pra quem, como eu, assistiu o de 93 tantas vezes. É uma boa película, mas enquanto a memória da fita de Spielberg estiver presente em nossas vidas, qualquer história de dinossauros contada no cinema, virá com pressão e expectativa enorme, e será preciso muito esmero para atendê-las.
Obs: No finalzinho, como ficou f*da o T-Rex, à lá rei, rugindo do alto do edifício, afinal, não importa quantos dinossauros se criem, a maior ameaça continua sendo ele.
Tentando pensar em algum motivo para as notas tão baixa desse filme, cheguei a teoria de que as pessoas foram vê-lo de forma errada, esperando uma comédia boba, ou talvez apenas não o tenham assistido no momento certo de sua vida.
Como não me encaixo em nenhuma das situações acima, não posso ter precisão em meu comentário, mas creio que para um espectador comum, o filme realmente seja bom, nada além disso. A direção da estreante Friend é certinha, fotografia normal, o roteiro pode soar clichê e manjado, a trilha tem seu brilho, mas nada muito colossal. Talvez, o único ponto artístico de destaque da película esteja nas atuações do elenco, com destaque para o subestimado Seann William Scott, que há tempos tem mostrado um dom dramático antes desconhecido, torço para que receba mais chances no gênero.
Continuando a linha de pensamento...
Não sei os problemas que você, leitor, enfrenta, assim como você não sabe os meus, não sei o que tem passado por sua cabeça, mas tenho certeza de que alguém que esteja lendo este comentário, em algum momento, já tenha chegado a um ponto de ruptura, um limite, uma hora em que não dava mais para aguentar, em que o simples ato de acordar tornou-se insuportável. E é com esse público que o filme conversa, e se assim como eu, você o assistiu nessas condições, deve ter sentido uma ligação, uma empatia muito mais forte com os 95 minutos de projeção.
Eu sei que o final é óbvio, é um filme de superação, mas não deixa de ser tocante, lindo e extremamente sensível a forma como o personagem de Seann vai mudando sua opinião, e através da própria fragilidade, conhecendo as dos outros. E como dito antes, não conhecemos os problemas um do outro, claro que em algum momento, estaremos na pior, e é a forma como enfrentamos este momento que difere quem realmente somos.
Não tenho familiaridade com a trilogia original de “Mad Max”, portanto, não sabia o que esperar desse “reboot”, assisti o 1º da franquia, porém, pouco lembro dele, apenas que achei decepcionante, devido ao seus status cult. Minha falta de expectativa se deve também ao fato de ter seguido meu protocolo de evirar trailers, para poder “degustar” do filme em seu máximo. Infelizmente, mesmo sem expectativas pré-concebidas, não consegui apreciar essa nova empreitada de Miller no universo pós-apocaliptico onde vive seu personagem título.
O 1º aspecto que me incomodou foi o que mais parece ter agradado a muitos, sua insanidade deliberada. Não sou um desses que defente apenas a integridade cultural de filmes cults, sendo um grande apreciador de blockbusters, mas o tom propositalmente afetado de tudo que aparece na tela, os personagens e seu figurino, o roteiro, os carros e o design de produção como um todo, se completam nesse aspecto, acaba fatigando, por mais promissor e divertido que tenha parecido no início.
E aí chegamos ao roteiro, mas ele existe? Quer dizer, existe uma linha tênue entre um roteiro ruim e um roteiro pouco complexo, porém, a vagueza da trama de “Mad Max”, sua repetição e situações resolvidas no famoso “Deus Ex-Machina” acabam, na minha opinião, o colocando na 1ª categoria. São 2 horas de corrida, e por maior que seja o talento de Miller em filmar ação, se torna cansativo e automático, as cenas perdem o “WOW” de surpresa e empolgação, e assim como Avengers 2, cai no erro de tentar, a cada frame, criar algo mais grandioso e absurdo, o que prejudica muito a proposta principal do filme, que é obviamente a ação.
O roteiro falha também em relação aos personagens, por que o filme se chama Mad Max? Parece muito mais um spin off estrelado pela personagem de Charlize Theron, que assim como todas as mulheres em tela, roubam a cena. Sim, estamos diante de uma obra que passa tanto no teste de “Mako Mori” quanto no de “Bechdel.” Não tenho nenhum problema com isso, mas sinto que assim como o Karate Kid estrelado por Jackie Chan, no qual se luta Kung Fu, o nome foi apenas escolhido para trazer mais bilheteria, pegando carona em um personagem já conhecido, não correndo o risco de cometer um fracasso ao apresentar uma nova personalidade. Tom Hardy é um excelente ator, dos melhores da atualidade, mas o cara não tem quase nada a fazer em tela, poderia facilmente não estar ali, infelizmente, o fabuloso ator não teve muito com o que trabalhar.
Quanto aos vilões, o único que recebe um certo destaque é o personagem de Nicholas Hoult, porém, o desenvolvimento é nulo, sendo que suas motivações e atitudes mudam de uma forma extrema repentinamente, tornando impossível a identificação(eu pessoalmente torci para que ele morresse várias vezes). Quanto aos outros, apesar da criatividade visual, são todos irrelevantes, sendo difícil lembrar seus nomes, sendo apenas caricaturas, servindo de desculpa para colocar mais cenas de ação megalomaníacas no filme.
Em relação a parte técnica, a fotografia, que inicialmente parecia uma novidade em relação aos filmes do gênero, logo se tornou um motivo para dor de cabeças, sempre o mesmo tom avermelhado, assim como as sucessivas explosões e sua trilha sonora agressiva.
Enfim, talvez eu não tenha o “espírito” Mad Max, já que 90% de vocês parece ter adorado o tempo que passaram no cinema. Mas avaliando artisticamente, acho difícil gostar de algo com os defeitos que apontei acima, uma decepção, uma pena.
É difícil definir um gênero para "Far From Men", talvez um drama western, e mais difícil ainda é discernir todas as questões levantadas pelo longa, mas uma coisa é certa: é uma obra-prima, minuciosamente orquestrada por David Oelhoffen e sua equipe, com atuações brilhantes do multi-talentoso e poliglota Viggo Mortensen e do desconhecido Reda Kateb.
Usando como base o início das revoluções pela independência da Argélia, em 1954, o longa mostra a Jornada dos personagens de Viggo(Daru) e Kateb(Mohamed) rumo ao julgamento do 2º, que a despeito da relutância de Daru, se mostra decidido a aceitar seu destino, pelo bem de sua família.
Porém, por mais importante que seja a época retratada pelo filme, serve apenas como pano de fundo para outras questões. David discute sobre dilemas morais o tempo todo, brincando com a integridade dos personagens. Kateb é quem está indo a julgamento, praticamente sentenciado a morte, porém, seu personagem é sempre mostrado como alguém calmo, parecendo até covarde, como acusado por Viggo. Este, em contraste a Mohamed e sua própria profissão de educador, se mostra muito mais irritadiço e propenso a violência. E mais irônico que isso é como a morte é retratada; o personagem de Kateb deve ser sentenciado a morte por ter causado outra morte, e durante a jornada, outras acabam por vir, tanto na rebelião, quanto por Daru, que em um momento marcante de Mortensen, se mostra indignado com o que causou, e por que não com essa inata propensão humana a agressividade e desconfiança.
Apesar de todas suas diferenças, os dois acabam criando uma séria afeição pelo outro, seja ajudando-se, ou pela relutância que Daru mostra em deixar o outro, apesar de reiterar o desejo de o abandonar várias vezes, parecendo tentar convencer a si mesmo muito mais do que o amigo. A amizade entre duas pessoas de diferentes culturas, retratada numa época de guerra por independência, serve como uma metáfora que é tão clichê quanto real e necessária, de que a existência; o ato de ser humano, deveria se sobrepor a conflitos por poder e território.
As locações desérticas da Argélia também não são apenas paisagem, sendo muito utilizadas para mostrar o isolamento, solidão e fragilidade dos personagens, e aí entra outro aspecto importantíssimo da obra, a maravilhosa trilha sonora de Nick Cave, contribuindo em cada nota para os sentimentos do longa, que se usa muito do silêncio, fotografia e olhares para conversar com o público.
Acho que poucas pessoas verão esse filme, pouquíssimas gostarão e menos ainda irão ler esse meu texto sobre, o que me deixa muito triste, mas para quem o fez, espero que tenha apreciado tanto quanto eu esses 100 minutos em frente a tela.
Sendo bem direto: Age of Ultron é um filme muito mais complexo e denso do que seu predecessor, porém, menos divertido e com mais furos no roteiro. É sim um bom filme, entretanto, com algum excesso por parte de Joss Whedon, um desejo por tornar cada cena de ação mais e mais épica, cometendo o erro de competir contra si mesmo, e talvez isso tenha tornado o filme alvo de tantas críticas medianas em relação ao Avengers original. Infelizmente, nessa busca incessante pela catarse de mostrar os heróis em ação, acaba-se preterindo o desenvolvimento de seus personagens, deixando de lado o fato que gostamos dos heróis, não apenas da ação que eles provocam.
Vejam por exemplo a festa, não foi ótimo ver todos interagindo, brincando, tendo conversas cotidianas entre si?! Eu poderia assistir aquilo por um bom tempo, mas logo tudo foi interrompido para mais ação, e não estou dizendo que queria um filme indie cheio de diálogos, o tempo é curto demais para isso, mas seria benéfico para todos se houvessem mais cenas naturais como esse, aproveitando a química existente entre o elenco.
Também não critico as cenas de ação em sua construção, todas muito belas e empolgantes, mas poderiam ser tirados alguns minutos para um melhor desenvolvimento dos novos personagens. O Visão de Paul Bettany é espetacular, mas acho que o público que ainda não possui familiaridade com o mesmo vai ficar confudo e intrigado sobre ele, espero mais respostas em breve. O maior problema do filme, aliás, reside sobre a má construção de personagens, algo decepcionante vindo de Joss Whedon, que costuma prezar muito pelo desenvolvimento e construção das figuras que usa em seus filmes/seriados(Quem viu Buffy e Firefly sabe disso), sendo o maior exemplo disso o Pietro e Aaron Johnson, pois o filho de Magneto não possui carisma algum, seu poder é muito mal explorado(se comparado ao mesmo Pietro no X-men do ano passado, é risível), tornando impossível alguma identificação com ele, e logo,
impossível sentir alguma comoção com seu destino, eu, aliás, fiquei com mais pena do Ultron.
A despeito de todos esses defeitos, o filme é sim, estimulante, e possui suas qualidades, como a feiticeira Escarlate, que ao contrário de seu irmão, foi mais convincente, muito pela interpretação da talentosa Elizabeth Olsen, assim como o vilão Ultron, sempre temível com o vozeirão de James Spader. Agora resta esperar pela fase 3, já é muito perceptível o clima de transição para o vindouro Guerra Civil, onde poderemos ver o melhor arco da Marvel nas telas, e com o Homem-Aranha. Avante, Vingadores!
Antes de resenhar sobre esse filme, gostaria de dizer que sou grande fã da Disney, sempre corro atrás de seus filmes, procuro assisti-los no cinema, principalmente as animações. E digo isso sobre os vários gêneros do estúdio, sendo um drama, uma fantasia ou filme de princesa como este, vou ao cinema sem preconceitos, mas as vezes acho que o estúdio falha, e considero essa readaptação em live action de Cinderela um exemplo desses raros erros da Disney.
Gosto muito da animação original, a simplicidade, nostalgia e magia que ele inspira, e acho que tentar captar essas mesmas emoções foi o maior problema dessa versão dirigida por Kenneth Branagh. Não sou um chato que não sabe separar diferentes adaptações de uma mesma trama, tanto que acho que uma releitura da história seria o melhor a se fazer(como em Malévola), mas o filme pareceu querer seguir toda animação minuciosamente, não acrescentando nada novo, o que é um tanto frustrante.
Claro que não queria uma mudança radical, mas algo novo seria mais interessante e instigante para o longa, e algumas coisas realmente não servem mais para o cinema em pleno 2015. Acho bizarro esses filmes de donzela em perigo ou buscando o príncipe encantado, não sei o que vocês mulheres pensam isso, mas é antiquado, do passado, da época em que a animação foi feita, não numa época em que as mulheres estão cada vez mais fortes na sociedade.
Outro aspecto que deveria ter ficado em forma de animação, é a personalidade demasiadamente boa da Cinderela, pois ver uma pessoa sorrindo o tempo todo, tentando ser "gentil", é bizarro; surreal; artificial. Acho que faltou dar uma personalidade mais forte para a personagem, como ela merecia. Admiro muito a carisma e sutilidade que Lily James concedeu a princesa, mas um roteiro mais corajoso contribuiria muito.
Cate Blanchett brilha como madrasta, os ratinhos são fofos, como se esperaria, as irmãs irritantes, tudo certo. Mas e a fada? A participação de Helena é muito divertida, porém, demasiadamente curta, inexplorada e mal explicada, parecendo mais um devaneio de Ella. O príncipe de Richard Madden segue a cartilha da animação, é a caricatura de um príncipe Disney: belo, porém vazio. Jamais torna-se concebível o motivo de Ella se apaixonar por ela, apenas pela beleza? 2015...
De positivo, destaco a atuação de Lily(que conhecia de Downton Abbey e fico muito feliz ao vê-la ganhando mais destaque na indústria,espero que escolha bem seus papéis futuos), da sempre exuberante Cate, e de longe, o maior destaque sendo o figurino e design de produção, sendo o 2º um forte candidato as indicações dos mais variados prêmios.
Enfim, saio do cinema extremamente frustrado, espero que nas futuras releituras de suas princesas e contos clássicos, a Disney seja mais corajosa na hora do roteiro, não fazendo uma cópia frame por frame, mas algo novo para sua mitologia.
Assim como seu predecessor, Insurgente se sai melhor no áudio-visual do que na literatura, e por um motivo curioso, a falta de tempo de se tornar prolixo. Acho o conceito dos livros de Veronica Roth muito interessante, mas com condução e desenvolvimento frustrantes e ingênuos.
Então, como é bom ver o filme indo direto ao ponto, sem mostrar Tris e 4 brigando cada cinco páginas pelo mesmo motivo, ou Tris lamentando a morte de Will toda hora, sendo algumas poucas cenas muito eficientes para mostrar o remorso que ela sente, muito pela competência da fantástica Shailene Woodley na cena do soro da verdade. Esse aspectos, somados a um elenco monstro(Octavia Spencer, Kate Winslet, Naomi Watts, Daniel Dae Kim, Shailene, Miles Teller..), cenas de ação muito bem dirigidas, parecendo críveis e perigosas, fazendo com que os personagens realmente pareçam correr algum risco, não algo vazio feito apenas para empolgar o público transformers, tornam o filme muito mais divertido e interessante que sua versão homônima da literatura.
Infelizmente, Convergente seguirá a nova moda de dividir capítulos finais em duas partes, o que pode comprometer o"benefício" da falta de tempo dos longas, e torná-lo tão infantil quanto o livro. Mas independente do que houver, os dois primeiros filmes provaram que nem sempre o livro é superior a sua versão áudio-visual.
Eu vejo a Bíblia como um livro ficcional, isso me permite ver filmes como este e "Noah" como obras apenas adaptadas, sem nenhuma real relevância histórica, e também não compartilho preconceitos de muitos ateus a denegrir um filme apenas por ser baseado num conto bíblico. Eu o assisto e avalio como assisto e avalio Senhor dos Anéis, Harry Potter e outros desse tipo, como um filme de fantasia/ficção baseado em uma história, considerando apenas seus aspectos cinematográficos. E me considero privilegiado por ser livre de tais preconceitos, pois isso me permite uma melhor apreciação da obra, no caso de Exodus, com um resultado competente e divertido.
Exodus é isso, um filme competente e divertido, mas se avaliado criteriosamente, deixa muito a desejar, principalmente no quesito roteiro. O elenco, como dito antes, é estelar, mas vergonhosamente subaproveitado, já que o desenvolvimento de praticamente todos os personagens, com exceção a Moisés e Ramsés, é medíocre. Quais as funções de Aaron Paul e Sigourney Weaver no longa a não ser mostrar seus rostos conhecidos? Os personagens possuem pouquíssimas falas, e quando as tem, ou são redundantes, ou ridículas. Assim como Ben Kingsley, que quando aparece, até parece um personagem que será importante, mas após completar sua tarefa, simplesmente some. O único ator coadjuvante razoavelmente aproveitado é John Turturro, que em sua breve e carismática aparição como Seti, é eficiente para mostrar o despreparo e ineficiência de Ramsés como seu substituto, quando comparados.
Deixando de lado os rostos famosos, todos os outros personagens também são simplesmente inúteis, tornando impossível para com o público se importar com seu destino, como a esposa de Moisés, um relacionamento sem pé nem cabeça, com desenvolvimento nulo, eles simplesmente se casam após se conhecerem.
Joel Edgerton tem muito tempo em tela, mas o roteiro se limita a mostrá-lo como um filho mimado, sem profundidade alguma, limitando-o apenas como um vilão clichê a quem se deve odiar. Com Moisés não seria muito diferente caso o ator não fosse um gênio como Bale, que consegue fazer milagres como o personagem, se sobressaindo no meio de um roteiro fraco, que nas mãos de outro ator, transformaria o hebreu em um hediondo arrogante.
Apesar do talento de Bale, é difícil esconder a decepção ao ver como todos os relacionamentos do personagem são mal desenvolvidos (como seus encontros com Deus, que assim como em "Noah", é mostrado como um genocida cruel e insensível). O que torna difícil saber por que ele aceitou a tarefa a qual foi submetido.
No meio de tantos problemas, se sobressai o lado técnico do filme, que por sinal, é simplesmente perfeito, com cenas de encher os olhos, como as que mostram as pragas do Egito e o Mar vermelho, e é isso que torna o filme algo recomendável. A tecnologia não é a essência da arte, mas seria negligente ignorar seus meios para se contar histórias.
No fim, Exodus é um filme que diverte, mas esquecível, uma trama desperdiçada. Se procura um acabamento mais eficiente para a história de Moisés, sua melhor escolha ainda é a animação "O Príncipe do Egito", da Dreamworks.
Esse filme é a síntese dos Wachowski pós Matrix: filme tecnicamente muito bem feito, mas com bons atores desperdiçados, um roteiro vergonhosamente raso e forçadas constrangedoras na trama.
Ao começar pelo elenco: não sei o que pensar de Mila Kunis, sua performance em Cisne negro é fenomenal, mas após este, foi só furada pós furada, o que me leva a pensar que talvez tenha sido mais mérito de Aronofsky. Sean Bean é um bom ator, mas subestimado, e talvez por sua culpa, graças aos filmes que este mesmo estrela, já que parece ter direcionado toda sua carreira para filmes de ação, acertando raramente. Channing Tatum já foi muito criticado, e concordo, seus primeiros filmes foram tudo que um ator sem talento que tem apenas a beleza como arma usa para crescer em Hollywood, porém, subiu em meu conceito em Anjos da Lei, onde mostrou um excelente timing cômico, e ano passado, em Foxcatcher, o cara mostrou todo o talento que tem. Penso só ter aceitado participar deste filme para ter mais visibilidade, já que assinou contrato anos atrás, sem saber como estaria sua carreira na época de lançamento, pois o papel de herói vazio é o que ele mais deve evitar de agora em diante. Então chegamos a Eddie Redmayne, o cara está para ganhar o Oscar, e nesse filme seu personagem é vergonhoso, o cara até tenta com suas entonações na voz, que é quase sempre calma e fria, mas o personagem é caricato é extremamente mal desenvolvido, como todos. Creio que tenha acertado participar do filme pelo mesmo motivo de Channing, visibilidade.
E o roteiro, o que dizer do roteiro? Que coisa vergonhosa! Personagens aparecem e desaparacem subitamente, mostrando as caras apenas quando conveniente. Muitos simplesmente somem, e após o término do filme, jamais sabemos o seu destino. TODOS são pobremente desenvolvidos, parecem robôs, ninguém questionada nada, apenas aceitam o que está acontecendo, e isso realmente é inadmissível em um filme que planeja ser levado a sério.
E a maior catástrofe: Como alguém em 2015 tem coragem de fazer um filme com uma protagonista feminina tão fraca? Júpiter passa o filme todo sendo salva de todas as maneiras possíveis pelo herói caricato de Channing, ela passa o tempo todo em apuros, o que nos leva a questionar sua inteligência. Outra coisa que incomoda é o romance extremamente clichê, não há química nenhuma entre os dois, o roteiro não cria nenhuma situação em que eles pareçam unidos, nada que explique a paixão.
Enfim, estou extremamente decepcionado, creio que os Wachowski deveriam parar de roteirizar seus filmes, pois os argumentos são criativos e interessantes, mas a construção é vexatória. Acho que ainda não se pode dizer que são o novo Shyamalan, mas que estão a caminho disso, estão.
Animação impecável, tão realística e 'crua' que chega a doer. Talvez seja tendência do ser humano, ou apenas um devaneio meu, mas acho natural pensar que no final tudo dará certo, as coisas se resolverão. Mas deixando ilusões de lado, é sabido que a vida pode ser fria e cruel, nos atormentando com os mais angustiantes pesares.
Acho que o longa não fala simplesmente sobre amor, mas sim sobre tudo que vamos perdendo na vida, baseado na própria fala do personagem principal: "No ato de viver, vão se acumulando tristezas aqui e ali." Todos nós vamos acumulando expectativas, desejos, anseios, como queiram chamar, conforme a vida passa, mas junto com estás, acumulam-se decepções e tristezas, que muitas vezes nos fazem pensar que rumo nossa vida poderia seguir se algo tivesse acontecido de forma diferente, algumas vezes sugando a vida e sobrepondo-se a realidade, como mostrado no filme.
E quando escrevo diferente, me refiro a qualquer simples detalhe que por vezes poderia mudar de modo incomensurável nossa vida. Imagina o que aconteceria se os dois dessem um jeito de se encontar e ficar juntos?Imagina se ela esperasse o trem? São muitos "Ses" que definem nossa vida, e infelizmente, as vezes não é possível superá-los.
Apesar disso, dessas incertezas que podem ser muito perturbadores, o filme também mostra como nunca esquecê-las para seguir em frente podem, definitivamente, destruir sua vida. Takaki perdeu toda uma vida até ali, inúmeras outras oportunidades de tentar ser feliz, por se manter preso ao passado, ao contrário de Akari, que ao invés de olhar para trás, seguiu em frente.
Triste, porém verdadeiro, comentar sobre a trilha sonora e os designs em si seria redundante. Belíssimo filme.
Sempre fui fã do Keanu Reeves, não por possuir um talento gigantesco, mas pelo carisma, porém, acho que ele deveria investir nesse estilo "lobo solitário", pois se encaixa muito bem no papel com seu jeito melancólico, misterioso, frio e retraído, acho que pode se sobressair no gênero e calar os críticos.
De mais, John Wick é um filmaço que entrega tudo, se não mais do que promete, sendo curto e grosso, não devendo em nada para clássicos do gênero, incluindo aqui os clássicos orientais, como "Eu vi o Diabo", "O Caçador " e a cultuado trilogia da vingança. Tudo funciona aqui, a trilha sonora noturna, que para mim define o mundo dos personagens retratados(não há mocinhos na escuridão), a trilha sonora eletrônica(lembrando muito o recente drive), as atuações e o roteiro, que muitos criticam, mas que junto com uma excelente direção, mostram uma fluidez invejável, jamais cansando, além de divertir absurdamente.
Essa é uma das poucas vezes que gostaria de ver uma continuação para um filme desse estilo, mas uma continuação do mesmo tom, um filme sincero sobre porradaria, afinal, é para isso que estamos aqui.
Creio que todo fã de cinema ou literatura, principalmente os aficionados por fantasia, tenha um universo favorito, um em que se sinta em casa, que lamenta toda vez que se despede, e que sorri ao reencontrá-lo. Esse lugar é relativo, para alguns é Hogwarts, para outros Alagaesia, Westeros, Acampamento half-blood e vários outros. Mas para mim, este lugar é a Terra-Média.
E como um cara absurdamente apaixonado e viciado por este universo criado por Tolkien, só tenho a agradecer a Peter Jackson, por ter sido meu intermediário, através da trilogia Senhor Anéis, e minha vida nunca mais foi a mesma após aqueles três filmes, e hoje, mais de uma década depois, após conferir o capítulo final desta prazerosa saga, só posso dizer o quanto eu devo a Peter.
Muitos reclamam da divisão de um curto livro em 3 filmes, de sua duração, de personagens que não estão na obra original, mas eu agradeço, agradeço por ver estes personagens, este universo, sua geografia, magistralmente passados para a tela por este gordinho, que assim como eu, e talvez você, é amante da cultura criada por Tolkien.
O filme, assim como a trilogia, tem seus erros, partes forçadas, partes desnecessárias, mas não é suficiente ver em tela um dragão esplêndido como Smaug? As magníficas Lothlórien e Valfenda? De que outras maneiras poderíamos ver isso? O encerramento é magnânimo, não vejo como um fã de Tolkien, nem que apenas de LOTR, possa desgostar, pois as referências são sutis e emocionantes, sendo explícitas ou não(menções a Aragorn, Gimli, e para os mais vidrados, até a tentativa de furto de colheres), a trilha sonora de Howard Shore é excelente, passando urgência e emoção em pitadas certas, assim como as atuações minuciosas de um elenco muito talentoso, mesmo de personagens que não deveria estar lá, como a Tauriel de Evangeline Lilly.
Enfim, eu sinto pena de quem deixa de apreciar algo tão rico transposto para a tela de maneira tão honesta e leal, pois é privar-se de um prazer enorme, o prazer da realização de sonhos, da gratidão e da satisfação. Passaram-se mais de 10 anos desde que estava aos pratos vendo o adeus de Frodo e Bilbo, mas as sensações foram as mesmas, e isso se deve alguém, então...
...Muito obrigado, Peter Jackson, por ser nosso intermediário para com Tolkien.
Muitos reclamando aqui que o filme é chato como o livro, arrastado e vazio pela divisão do mesmo em duas partes. Do que vocês estão falando?
O livro não é chato ou arrastado, talvez estejam muito acostumados com essas franquias que disfarçam falta de conteúdo com cenas de ação, o que Jogos Vorazes não faz. O livro é uma excelente analogia a governos opressores e toda essa história que todos estão cansados de ouvir, e os dois livros anteriores tiveram toda sua trama sendo construída para chegar ao ponto que vemos em Mockingjay, o ponto de ruptura, a revolta, quando a sociedade abre mão do conformismo para lutar pelos próprios direitos.
E a saga fez essa analogia perfeitamente bem para o público alvo, muito melhor que qualquer franquia semelhante atual, muito mais madura, bem produzida e principalmente, com um grande elenco para nos conduzir por ela.
Quanto a divisão, talvez fosse até desnecessária, mas não prejudicial, pois ela permite uma exploração melhor dos acontecimentos e principalmente dos personagens, privilegiando os atores e o espectador que sabe apreciar algo bem feito.
Enfim, apenas lamento por estas pessoas que não entenderam o verdadeiro significado dessa trilogia inteligentíssima criada por Suzanne Collins, competentemente levada as telas, e se querem ver cenas de romance e ação vazias, camuflando uma história mal contada, março está logo ali.
Christopher Nolan é dono de uma filmografia invejável (e memorável), com obras inesquecíveis como Amnésia, Cavaleiro das Trevas, O Grande Truque e A Origem. Todos os filmes são racionais, cerebrais, com conceitos complexos; característica do diretor. Afinal, esse é o principal fator que difere Nolan de outros grandes diretores: ele pouco fala sobre assuntos como amor e família em suas obras, negligenciando o “coração”, ao contrário de Spielberg, por exemplo.
Spielberg, inclusive, deveria ser o diretor deste Interstellar, mas acabou não assumindo o longa. Nolan, então, usando toda sua influência, agarrou o projeto para si. O curioso é que, apesar de não estar envolvido no projeto, o filme tem muito de Spielberg, principalmente o primeiro ato, quando vemos cenas, e até a fotografia, que lembram E.T. e Contatos Imediatos de Terceiro Grau. Mas o que realmente lembra o diretor destes e tantos outros filmes é, quem diria, o amor, a família. Nolan envereda pela primeira vez em conceitos tão trabalhados pelo companheiro de profissão, e o resultado final dessa nova empreitada é memorável e, ao mesmo tempo, frustrante.
Logo no primeiro ato, aliás, vemos algo incomum em filmes de Nolan, pois o principal foco é a relação do personagem de McConaughey e de sua filha, sem falar na cena de caça ao drone. Podem parecer apenas coincidências, mas são apenas o início de um tema pertinente em todo o filme.
Ainda no primeiro ato, somos introduzidos à família de McConaughey e a situação atual da Terra. E aqui Nolan merece aplausos, pois não inventou nada exagerado, ele mostra que a Terra se encontra em tamanha decadência e degradação devido à superpopulação e à forma como ela esbanjava os recursos naturais, algo sutil, mas que nos faz pensar e temer pelo nosso próprio futuro. Estes problemas levam o personagem a uma viagem interstelar, através de um buraco-de-minhoca, para procurar algum outro planeta habitável para essa população. Nesse momento, Nolan mais uma vez enfatiza a relação familiar mostrando o impacto que a filha teve com a partida do pai.
A partir daí, Nolan parece levar a ciência ainda mais a sério, explicando cada conceito para não deixar nada vazio, e o filme decola, pois o segundo ato é grandioso e intenso. Os atores, assim como a direção de Nolan e a excelente trilha de Hans Zimmer, são magníficos ao mostrar o peso de cada escolha, as consequências de cada erro e tudo que está em jogo, mesclando perfeitamente tudo que fazia até ali o filme ser uma experiência fantástica.
Porém, no terceiro ato, Nolan assume de vez o lado “coração” de sua obra, e, ao mostrar certa imaturidade no conceito, acaba diminuindo muito o crédito do longa que vinha caminhando bem até o momento. Usado constantemente no filme, o termo amor era justificado para gerar questionamentos morais e impactantes cenas dramáticas. No entanto, neste terceiro ato, o “amor” surge como uma solução preguiçosa para o que vinha sendo construído até ali, prejudicando o longa.
Ao fim, a sensação é de que Interstellar é uma experiência marcante e decepcionante ao mesmo tempo e, infelizmente, a respeito das comparações, Interstellar não consegue ser tão intenso quanto Gravidade nem tão contemplativo quanto 2001.
Creio que todos que estão lendo isso, foram em alguma época de sua vida, fãs assíduos de CDZ. Creio também que assim como eu, após assistir esse filme, vocês sentiram sentimentos como decepção e principalmente, uma grande frustração.
Quando anunciaram esse filme, tenho certeza que a animação e euforia de ver os bons e velhos cavaleiros de bronze foi maior do que qualquer desconfiança. Euforia que diminuiu após anunciarem que seria uma trama nova, praticamente uma releitura. Mas é claro, o lado fã venceu, e com o trailer e imagens, a animação subiu novamente.
E agora, chegada a hora, parece que nos decepcionamos, pois o que se vê em tela é um desrespeito ao anime clássico, tanto em personagens, quanto a trama. Eu sou a favor de releituras, quando essas, apesar de mudar as histórias, mantém a "áurea, alma" da coisa, o que neste filme, falhou miseravelmente.
O roteiro é apressado demais, encaixar toda a temporada do santuário em 90 minutos foi uma atitude um tanto irresponsável, os personagens acabaram muito mal explorados e seu desenvolvimento só não foi pior pois já os conhecíamos. Todos os cavaleiros de bronze, com exceção ao Seya, são coadjuvantes praticamente inúteis a trama, tendo cenas de luta curtíssimas e anticlímax, o destaque ao cavaleiro de pégaso é ainda maior que no anime, e se Seya já não é meu favorito, essa sua nova personalidade é ainda mais desprezível, um humor forçado e sinceramente, chato, não criei empatia alguma.
Se as coisas estavam feias com os cavaleiros de Bronze, praticamente afundaram com os de ouro; Miro virou mulher, Afrodite apareceu por 2 segundos, todos são subaproveitados, e pra piorar, temos um Máscara da Morte descaracterizado em uma das cenas mais constrangedoras que já vi, acho até que estava escrito "Moulin Rouge" na entrada da casa de câncer.
Porém, neste emaranhado de erros, temos alguns pontos positivos: A animação CGI me surpreendeu, muito bem feita, seria bom acompanhar mais desses personagens em uma boa trama, com destaque para o design dos poderes e da Saori. A trilha sonora(só eu gostei?) também ficou muito bem encaixada, as músicas épicas acrescentam alguma emoção nas batalhas, por mais pífias que estas sejam.
Mas é claro, o grande trunfo do filme, é a dublagem, na apresentação dos personagens, logo no comecinho, conforme vamos ouvindo essas tão conhecidas vozes, é impossível não soltar um pequeno sorriso como de alguém que está para reencontrar velhos amigos, após um tempo longo demais. Uma pena que tenha sido um encontro tão amargo.
Vejo muita gente criticando Moffat e dizendo que está foi uma temporada muito aquém e decepcionante em relação às outras, e eu tenho de discordar. Acho redundante comentar os avanços técnicos da série, mas gostaria de comentar outros pontos:
A mudança estrutural da temporada é nítida, fica clara a diferença ideológica entre Moffat e RTD, e como um geral, achei essa uma temporada mais regular. Apesar das 4 temporadas (principalmente as do Tennant) anteriores serem ótimas e possuírem episódios espetaculares, possuíam muitos sofríveis (Aliens of London, WWIII, Love and Monsters...). Já nessa, eu gostei de quase todos os episódios, fique decepcionado com o duplo dos Weeping Angels, afinal, depois de Blink, nada inferior seria aceito. E é claro, possui pelo menos 2 episódios que estão entre os melhores da série, sendo um antológico (Amy's Choise e Vincent and the Doctor).
Sobre o novo Doctor, é injusto comparar qualquer doctor com Tennant(Acho que jamais acharão um ator tão perfeito para o papel, sem querer soar como hipérbole, mas David foi o auge da personificação física do Doctor, tendo Imponência, poder, humor, sensibilidade, carisma e emotividade completamente juntos e compatíveis). Mas Matt se sai muito bem como Doctor, sem deixar a idade atrapalhar, apesar da cara mais alegre, ele consegue emitir poder e intimidar vilões, e sem causar antipatia ou arrogância, achei uma excelente escolha.
Já a nova companion: pelo que já li, me acho meio "hipster" no quesito, pois não nutro muita simpatia por Rose e Donna, e gosto de Martha, nada demais, mas realmente nunca fui com a cara de Donna e principalmente de Rose, entretanto, a Amy Pond de Karen Gillan fez eu realmente me apaixonar, e não apenas pela aparência exuberante. A personagem é vivaz, alegre e divertida, sem ser irritante como Rose ou mandona como Donna, além de tudo, ela mostra utilidade ao Doctor.
Enfim, achei essa uma temporada excecional deste seriado incrível, e espero que as 2 próximas temporadas Matt/Moffat sejam tão incríveis quanto.
Não é uma obra-prima, mas oferece uma análise crítica muito interessante e inteligente sobre o já ultrapassado tema da "beleza interior", criticando o endeusamento do corpo carnal acima de tudo, fazendo com que personalidade, o que realmente importa, fique em 2º plano. Afinal, todos os homens seduzidos pela personagem da Scarlett ignoravam uma mulher daquelas se jogando pra eles de modo tão espontâneo, como se fosse algo normal, além do fato de morar numa casa visivelmente abandonada.
Com esse comportamento, o filme ironiza o irracionalismo das pessoas ao ignorar fatos tão óbvios para obter uma satisfação pessoal, nesse caso, com uma mulher tão fabulosa como a "Isserley".
Mais inteligente ainda foi mostrar uma mulher linda como ela insegura e duvidando de sua beleza após conhecer o homem com neurofibromatose, que apesar da aparência grotesca, era sensível e gentil. A partir daí ela começa a indagar sobre si mesma, e atribuir a feiura não a aparência carnal, mas pelo simples fato de não sentir sensações comuns, como o comer e o sexo.
De saldo final, sob a Pele é um bom filme que vale ser visto pela inteligente forma de tratar a beleza, o clima sombrio e a espetacular trilha sonora, que remete aos clássicos Jaws e Psycho.
Preconceito. Deficiência. Adolescência. Bullying. Homossexualidade. Relações familiares. Violência. Guerra. Arrogância. Crueldade e abuso de animais. Sacrifício. Morte. E principalmente, amizade.
Não é difícil ler as palavras acima e remeter a vários filmes, todos eles já foram abordados pela indústria cinematográfica, tanto que, filmes sobre esses temas tornaram-se redundantes e clichês. Mas usando justamente esses assuntos de uma abordagem diferente, que Como Treinar seu Dragão tornou-se um fenômeno, e agora, com sua continuidade, explora-os com mais complexidade e coragem.
E aí está a grande genialidade de "Como Treinar seu Dragão 2", em sua coragem. Ao contrário da maioria das animações, os realizadores deste não tiveram receio de incluir tantos temas polêmicos no decorrer de sua história. Temas que juntos, transformam este um longa deveras maduro e contemplativo, servindo aos dois públicos. Pois ao mesmo tempo em que crianças e adultos se empolgarão com as magníficas cenas de ação e vôos espetaculares de dragões criativamente imaginados, se divertirão com as caras fantásticas de Banguela( existe algum personagem de animação mais "fofo"?), se emocionarão com a trilha, podem também aprender sobre temas frágeis de uma maneira saudável e divertida.
Seria ótimo se após a sessão, os mais velhos tentassem explicar para os mais novos sobre todos os tabus que o filme expõe, pois que não existe forma melhor de educar, do que divertindo.
De saldo final, Como Treinar seu Dragão 2 é uma animação brilhante, onde trilha sonora, roteiro, coragem, drama, comédia, emoção e criatividade se combinam de uma maneira ímpar.
Divertida Mente
4.3 3,2K Assista AgoraNas manchetes de sites que falavam sobre Inside Out, dizia-se, muitas vezes: “Pixar vence a crise”. Que crise? Carros 2 pode ter sido fraco, mas Valente, apesar de diferente de tudo que o estúdio havia feito até então, é um belo filme, assim como Universidade Monstros, que a despeito de ser um prequel, algo tão usado por estúdios para fazer dinheiro fácil em suas franquias, é um filme leve, divertido e com a alma da Pixar. Eu diria que essa crise foi uma rotulação criada pela insaciável mídia, sempre em busca de frases de efeito para sensacionalizar. Rotular, aliás, é um tema debatido de forma não expositiva em Divertidamente. Por que a alegria/euforia é vendida como sendo obrigatória para todos? Seria este o único estado em que uma pessoa conseguiria viver?
Claro que é preferível viver “feliz” do que “triste”. Porém, o filme, corretamente descrito como o mais ousado e maduro da Pixar em anos, se não do estúdio como um todo, foca sua narrativa na complexidade de emoções que uma pessoa possui, e como todas elas(tristeza, felicidade, raiva...) são necessárias para o desenvolvimento da personalidade e caráter de um ser consciente. A personagem Riley é retratada na época mais áurea de sua vida, uma idade de inocência e ingenuidade, predominada pela alegria, devido a incapacidade e inexperiencia para reconhecer e encarar os problemas da vida. A menina é, quase todo o tempo, alguém alegre e extrovertida, com uma relação carinhosa com os pais, amigos e enfim, o mundo ao seu redor. Em contraponto a isso, inteligentemente, é mostrado como a emoção “chefe” de sua mãe é uma tímida tristeza, enquanto do pai é a raiva. E como podemos ver em todo decorrer da obra, nenhum dos dois está todo o tempo neste estado, é a mutualidade dos sentimentos que os compõem, assim como a todos nós.
E a partir daí, a Pixar mostra o toque de gênio que tanto acostumamos a ver em seus filmes, e baseado numa premissa instigante, constrói uma narrativa muitas vezes metafórica, que apesar de divertida para o público infantil, transmite mensagens muito mais complexas para a platéia, conteúdos inacessíveis para as inocentes crianças, assim como sua protagonista.
Ao se deparar com uma mudança radical em sua vida, a menina perde o chão, toda aquela euforia e fugor que sempre transmitia, é trocada por uma melancolia ímpar, ao paço que suas “emoções base” vão desmoronando. Porém, ao contrário do que se propaga mundialmente, a tristeza pode nos fortalecer, sendo necessária para nosso amadurecimento, e também gerar sentimentos bons, como a nostalgia, e até a saudade, que posteiormente, proporciona a alegria de encontrar o que tanto esperamos.
A forma como a película nos leva por este “road movie” psicológico sobre o crescimento mental de uma pessoa, é um deleite, um primor. A antropomorfização das personalidades é hilária, não sei sobre a dublagem original, mas a nacional foi deveras eficiente em retratar as caras e bocas que viamos em tela. A trilha sonora de Michael Giacchino, um parceiro fiel do estúdio, é linda, principalmente nas cenas melancólicas, emocionando sem soar apelativo.
Já o desing de produção merecia ser indicado a prêmios(pena esse preconceito da indústria para indicar animações para categorias mais técnicas, como a primorosa fotografia de Wall-E), e usando as palavras do crítico Thiago Siqueira, a urbanização da mente da criança é um das sacadas mais criativas que já vi, assim como a retratação dos sonhos e pesadelos.
Ao final da sessão, eu, com meus 19 anos, saí com aquele sorriso meio bobo, com uma mescla de sentimenos proporcionados a mim nos últimos 94 minutos, mais uma vez maravilhado com o que um simples estúdio me proporcionou, não apenas um belo filme de animação, mas uma bela metáfora sobre nossa vida.
Game of Thrones (5ª Temporada)
4.4 1,4KNão foi uma temporada ruim de GOT, como muitos mimizeiros estão dizendo, mas tampouco foi a melhor, ela foi simplesmente irregular. Foram praticamente 2 temporadas distintas dentro de uma.
Os 7 primeiros episódios foram inconstantes e muitas vezes até verborrágicos, recheados de ótimos momentos, e outros totalmente inúteis, núcleos desinteressantes, subtramas vazias, não avançavam a história ou o desenvolvimento dos personagens. Concordo que é quase uma temporada de recomeço, mas isso não justifica tamanha monotonia do roteiro, os próprios diálogos afiados, ponto forte da série, estavam mais escassos.
E então vieram os 3 últimos e GOT deu uma guinada impressionante, não apenas nos lembrou as outras temporadas, como elevou o nível. O 8 nos mostrou as melhores cenas de ação que já vi na TV(e eu olho Vikings e já tentei Spartacus), investindo também no suspense de uma forma muito mais eficiente que a batalha da muralha, da season 4. O 9 sofreu um pouco pela qualidade de seu antecessor, mas avaliando isoladamente, foi outro grande episódio, principalmente devido a atuação de Iain Glen, ou, Sir Jorah Mormont, suas cenas com Daenerys evidenciaram a falta que o personagem faz.
Mas nada nos preparou para o que viria no season finale, as surpresas eram initerruptas. Normalmente, ocorre uma cena grandiosa e chocante para o famoso clifhanger, mas foram no mínimo 4 grandes acontecimentos. Sobre isso, acho muita ignorância alguém dizer que GOT vive de suas cenas chocantes. E a trilha sonora? E a fotografia? Design de produção, figurinos? E as atuações? O tão criticado Kit Harington deu um show na season 5, claro que o roteiro ajuda, mas sem a competência do ator, jamais seriam geradas tantas cenas eficientes. Jon Snow foi o cara da temporada. Todos sabemos da qualidade de Lena Headey, mas sua interpretação nesta season finale foi fenomenal, e como os golden globes indicam e premiam a atuação devido a um episódio, acho que ela surge como uma das francas favoridas. Falar de Peter Dinklage, Emilia Clarke, Conleth Hill e tantos outros seria redundante.
Enfim, não acho que 3 episódios quase perfeitos abonam os erros do irregular restante, mas evidencia todas as qualidades que está magnífica série tem, apenas espero que o ano 6 não cometa o mesmo erro.
Algo que ficou notório neste ano 5, foi a limitação da HBO. É sabido do esmero técnico do canal, mas se tratanto de um programa para TV, é evidente que o orçamento não é o mesmo de uma produção cinematográfica. A cena do vôo de Daenerys teve um CGI de 2ª bem óbvio, é possível ver como muitas batalhas são evitadas, ou quando mostradas, o são de um modo muito fechado, focando apenas em pequenos quadros. Questiono o que será feito daqui pra frente, em vista de que os acontecimentos grandiosos, as batalhas e dragões devem apenas aparecer com mais frequência. A HBO certamente não tem cacife para produzir tantos episódios como o 8.
Sobre a morte de Jon Snow, tenho a mesma teoria da geral, e sendo familiarizado com os livros, acho que é o mais provável. Uma série de fatores contribui para isso, Melissandre no final, o prólogo de Dance With Dragons que revela o fato de Snow ser um Warg, suas últimas palavras como “Ghost”, e para quem apenas vê a série, lembre-se do personagem Beric Dondarrion. Eu apostaria na volta de Jon, e talvez nem Stannis esteja morto, afinal, por que esconder sua decapitação? Logo um show que é tão aclamado por ser tão cruel nas mortes.
Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros
3.6 3,0K Assista AgoraEu cresci vendo Jurassic Park, toda a trilogia, é verdade, mas o clássico original foi o único presente em toda minha vida até aqui, um de meus filmes/livros favoritos, além de ser um dos responsáveis por minha paixão a 7ª arte. Dito isso, não pude conter minha ansiedade a apreensão. Eu não queria apenas um filme melhor que o 2º e 3º, eu queria um filme realmente bom(não mais que o insuperável 1º), queria me divertir, porém, com conteúdo. 2 horas após a projeção, digo que é, sim, divertido e deveras emocionante pra fãs do original, mas também digo que, infelizmente, ele sofre com essa megalomania que tem estado tão presente em blockbusters Hollywoodianos ultimamente.
O início é lindo e empolgante, impossível não se emocionar com a trilha sonora de John Williams enquanto vemos o parque se abrindo, o sonho de John Hammond realizado. O desenvolvimento da trama é rápido, logo somos apresentados a todos os personagens relevantes, além da vilã que vai mover o longa, indominus Rex. As referências não param por aí, aparecem como dinossauros holográficos, prédios do original, personagens, carros, camisas e até em certos enquadramentos, tudo de forma orgânica, sem prejudicar a fluidez de Jurassic World.
Apesar de todos quererem ver dinossauros, personagens humanos bem desenvolvidos seriam algo necessário para segurar os 124 minutos de projeção, e felizmente, Chris Pratt e Bryce Dallas Howard se saem eficientes, mais por sua carisma e competência do que devido as virtudes do roteiro.. Pratt se confirma como um dos mais promissores atores da atualidade, equilibrando muito bem cenas cômicas com outras de intensidade dramática surpreendente, já Bryce consegue ir nos conquistado conforme os minutos passam, devido a uma redenção bem Spielbergiana(o diretor, aliás, tem vários “dedos” no projeto). Porém, o mesmo não pode ser dito do restante do elenco, são apenas caricaturas, como o vilão militar de Vincent D’Onofrio e as crianças em perigo(lembra algo do original?!) com uma traminha muito clichê, tornando muito difícil alguma identificação com os mesmos.
E os dinossauros? A duvidosa ideia de criar um vilão híbrido é acertada, muito pelo design intimidante e original, porém não artificial da indominus Rex, já as outras criaturas são meros coadjuvantes(não sei vocês, mas eu queria ter me maravilhado mais ao ver seres pré-históricos), com exceção, talvez, dos raptores, de longe os mais interessantes da história. O CGI está competente, mas óbvio, e o efeito prático do original continua magnânimo(mais de 20 anos depois, e vale lembrar a notória diferença do Apatossauro, único animatrônico de World...), nada vai superar os raptores e o T-Rex criados pelo gênio Stan Winston, que eram simples, entretanto, mais sinistros e orgânicos.
O maior problema da obra, porém, reside no roteiro, que muitas vezes se perde em sua megalomania, subestimando o público, flertando com o clichê e empurrando mais e mais cenas de ação na tela, como se fosse tudo que desejássemos. Um erro estranho, levando em consideração que o original investe muito mais na tensão e mistério para cativar e envolver a platéia.
No geral, Jurassic World é isso, um filme de ação, mas ver os dinossauros e o parque aberto, além da trilha de Williams, fazem valer o ingresso, principalmente pra quem, como eu, assistiu o de 93 tantas vezes. É uma boa película, mas enquanto a memória da fita de Spielberg estiver presente em nossas vidas, qualquer história de dinossauros contada no cinema, virá com pressão e expectativa enorme, e será preciso muito esmero para atendê-las.
Obs: No finalzinho, como ficou f*da o T-Rex, à lá rei, rugindo do alto do edifício, afinal, não importa quantos dinossauros se criem, a maior ameaça continua sendo ele.
Just Before I Go
3.4 74Tentando pensar em algum motivo para as notas tão baixa desse filme, cheguei a teoria de que as pessoas foram vê-lo de forma errada, esperando uma comédia boba, ou talvez apenas não o tenham assistido no momento certo de sua vida.
Como não me encaixo em nenhuma das situações acima, não posso ter precisão em meu comentário, mas creio que para um espectador comum, o filme realmente seja bom, nada além disso. A direção da estreante Friend é certinha, fotografia normal, o roteiro pode soar clichê e manjado, a trilha tem seu brilho, mas nada muito colossal. Talvez, o único ponto artístico de destaque da película esteja nas atuações do elenco, com destaque para o subestimado Seann William Scott, que há tempos tem mostrado um dom dramático antes desconhecido, torço para que receba mais chances no gênero.
Continuando a linha de pensamento...
Não sei os problemas que você, leitor, enfrenta, assim como você não sabe os meus, não sei o que tem passado por sua cabeça, mas tenho certeza de que alguém que esteja lendo este comentário, em algum momento, já tenha chegado a um ponto de ruptura, um limite, uma hora em que não dava mais para aguentar, em que o simples ato de acordar tornou-se insuportável. E é com esse público que o filme conversa, e se assim como eu, você o assistiu nessas condições, deve ter sentido uma ligação, uma empatia muito mais forte com os 95 minutos de projeção.
Eu sei que o final é óbvio, é um filme de superação, mas não deixa de ser tocante, lindo e extremamente sensível a forma como o personagem de Seann vai mudando sua opinião, e através da própria fragilidade, conhecendo as dos outros. E como dito antes, não conhecemos os problemas um do outro, claro que em algum momento, estaremos na pior, e é a forma como enfrentamos este momento que difere quem realmente somos.
Mad Max: Estrada da Fúria
4.2 4,7K Assista AgoraNão tenho familiaridade com a trilogia original de “Mad Max”, portanto, não sabia o que esperar desse “reboot”, assisti o 1º da franquia, porém, pouco lembro dele, apenas que achei decepcionante, devido ao seus status cult. Minha falta de expectativa se deve também ao fato de ter seguido meu protocolo de evirar trailers, para poder “degustar” do filme em seu máximo. Infelizmente, mesmo sem expectativas pré-concebidas, não consegui apreciar essa nova empreitada de Miller no universo pós-apocaliptico onde vive seu personagem título.
O 1º aspecto que me incomodou foi o que mais parece ter agradado a muitos, sua
insanidade deliberada. Não sou um desses que defente apenas a integridade cultural de filmes cults, sendo um grande apreciador de blockbusters, mas o tom propositalmente afetado de tudo que aparece na tela, os personagens e seu figurino, o roteiro, os carros e o design de produção como um todo, se completam nesse aspecto, acaba fatigando, por mais promissor e divertido que tenha parecido no início.
E aí chegamos ao roteiro, mas ele existe? Quer dizer, existe uma linha tênue entre um roteiro ruim e um roteiro pouco complexo, porém, a vagueza da trama de “Mad Max”, sua repetição e situações resolvidas no famoso “Deus Ex-Machina” acabam, na minha opinião, o colocando na 1ª categoria. São 2 horas de corrida, e por maior que seja o talento de Miller em filmar ação, se torna cansativo e automático, as cenas perdem o “WOW” de surpresa e empolgação, e assim como Avengers 2, cai no erro de tentar, a cada frame, criar algo mais grandioso e absurdo, o que prejudica muito a proposta principal do filme, que é obviamente a ação.
O roteiro falha também em relação aos personagens, por que o filme se chama Mad Max? Parece muito mais um spin off estrelado pela personagem de Charlize Theron, que assim como todas as mulheres em tela, roubam a cena. Sim, estamos diante de uma obra que passa tanto no teste de “Mako Mori” quanto no de “Bechdel.” Não tenho nenhum problema com isso, mas sinto que assim como o Karate Kid estrelado por Jackie Chan, no qual se luta Kung Fu, o nome foi apenas escolhido para trazer mais bilheteria, pegando carona em um personagem já conhecido, não correndo o risco de cometer um fracasso ao apresentar uma nova personalidade. Tom Hardy é um excelente ator, dos melhores da atualidade, mas o cara não tem quase nada a fazer em tela, poderia facilmente não estar ali, infelizmente, o fabuloso ator não teve muito com o que trabalhar.
Quanto aos vilões, o único que recebe um certo destaque é o personagem de Nicholas Hoult, porém, o desenvolvimento é nulo, sendo que suas motivações e atitudes mudam de uma forma extrema repentinamente, tornando impossível a identificação(eu pessoalmente torci para que ele morresse várias vezes). Quanto aos outros, apesar da criatividade visual, são todos irrelevantes, sendo difícil lembrar seus nomes, sendo apenas caricaturas, servindo de desculpa para colocar mais cenas de ação megalomaníacas no filme.
Em relação a parte técnica, a fotografia, que inicialmente parecia uma novidade em relação aos filmes do gênero, logo se tornou um motivo para dor de cabeças, sempre o mesmo tom avermelhado, assim como as sucessivas explosões e sua trilha sonora agressiva.
Enfim, talvez eu não tenha o “espírito” Mad Max, já que 90% de vocês parece ter adorado o tempo que passaram no cinema. Mas avaliando artisticamente, acho difícil gostar de algo com os defeitos que apontei acima, uma decepção, uma pena.
Longe dos Homens
3.8 30 Assista AgoraÉ difícil definir um gênero para "Far From Men", talvez um drama western, e mais difícil ainda é discernir todas as questões levantadas pelo longa, mas uma coisa é certa: é uma obra-prima, minuciosamente orquestrada por David Oelhoffen e sua equipe, com atuações brilhantes do multi-talentoso e poliglota Viggo Mortensen e do desconhecido Reda Kateb.
Usando como base o início das revoluções pela independência da Argélia, em 1954, o longa mostra a Jornada dos personagens de Viggo(Daru) e Kateb(Mohamed) rumo ao julgamento do 2º, que a despeito da relutância de Daru, se mostra decidido a aceitar seu destino, pelo bem de sua família.
Porém, por mais importante que seja a época retratada pelo filme, serve apenas como pano de fundo para outras questões. David discute sobre dilemas morais o tempo todo, brincando com a integridade dos personagens. Kateb é quem está indo a julgamento, praticamente sentenciado a morte, porém, seu personagem é sempre mostrado como alguém calmo, parecendo até covarde, como acusado por Viggo. Este, em contraste a Mohamed e sua própria profissão de educador, se mostra muito mais irritadiço e propenso a violência. E mais irônico que isso é como a morte é retratada; o personagem de Kateb deve ser sentenciado a morte por ter causado outra morte, e durante a jornada, outras acabam por vir, tanto na rebelião, quanto por Daru, que em um momento marcante de Mortensen, se mostra indignado com o que causou, e por que não com essa inata propensão humana a agressividade e desconfiança.
Apesar de todas suas diferenças, os dois acabam criando uma séria afeição pelo outro, seja ajudando-se, ou pela relutância que Daru mostra em deixar o outro, apesar de reiterar o desejo de o abandonar várias vezes, parecendo tentar convencer a si mesmo muito mais do que o amigo. A amizade entre duas pessoas de diferentes culturas, retratada numa época de guerra por independência, serve como uma metáfora que é tão clichê quanto real e necessária, de que a existência; o ato de ser humano, deveria se sobrepor a conflitos por poder e território.
As locações desérticas da Argélia também não são apenas paisagem, sendo muito utilizadas para mostrar o isolamento, solidão e fragilidade dos personagens, e aí entra outro aspecto importantíssimo da obra, a maravilhosa trilha sonora de Nick Cave, contribuindo em cada nota para os sentimentos do longa, que se usa muito do silêncio, fotografia e olhares para conversar com o público.
Acho que poucas pessoas verão esse filme, pouquíssimas gostarão e menos ainda irão ler esse meu texto sobre, o que me deixa muito triste, mas para quem o fez, espero que tenha apreciado tanto quanto eu esses 100 minutos em frente a tela.
Vingadores: Era de Ultron
3.7 3,0K Assista AgoraSendo bem direto: Age of Ultron é um filme muito mais complexo e denso do que seu predecessor, porém, menos divertido e com mais furos no roteiro. É sim um bom filme, entretanto, com algum excesso por parte de Joss Whedon, um desejo por tornar cada cena de ação mais e mais épica, cometendo o erro de competir contra si mesmo, e talvez isso tenha tornado o filme alvo de tantas críticas medianas em relação ao Avengers original. Infelizmente, nessa busca incessante pela catarse de mostrar os heróis em ação, acaba-se preterindo o desenvolvimento de seus personagens, deixando de lado o fato que gostamos dos heróis, não apenas da ação que eles provocam.
Vejam por exemplo a festa, não foi ótimo ver todos interagindo, brincando, tendo conversas cotidianas entre si?! Eu poderia assistir aquilo por um bom tempo, mas logo tudo foi interrompido para mais ação, e não estou dizendo que queria um filme indie cheio de diálogos, o tempo é curto demais para isso, mas seria benéfico para todos se houvessem mais cenas naturais como esse, aproveitando a química existente entre o elenco.
Também não critico as cenas de ação em sua construção, todas muito belas e empolgantes, mas poderiam ser tirados alguns minutos para um melhor desenvolvimento dos novos personagens. O Visão de Paul Bettany é espetacular, mas acho que o público que ainda não possui familiaridade com o mesmo vai ficar confudo e intrigado sobre ele, espero mais respostas em breve. O maior problema do filme, aliás, reside sobre a má construção de personagens, algo decepcionante vindo de Joss Whedon, que costuma prezar muito pelo desenvolvimento e construção das figuras que usa em seus filmes/seriados(Quem viu Buffy e Firefly sabe disso), sendo o maior exemplo disso o Pietro e Aaron Johnson, pois o filho de Magneto não possui carisma algum, seu poder é muito mal explorado(se comparado ao mesmo Pietro no X-men do ano passado, é risível), tornando impossível alguma identificação com ele, e logo,
impossível sentir alguma comoção com seu destino, eu, aliás, fiquei com mais pena do Ultron.
A despeito de todos esses defeitos, o filme é sim, estimulante, e possui suas qualidades, como a feiticeira Escarlate, que ao contrário de seu irmão, foi mais convincente, muito pela interpretação da talentosa Elizabeth Olsen, assim como o vilão Ultron, sempre temível com o vozeirão de James Spader. Agora resta esperar pela fase 3, já é muito perceptível o clima de transição para o vindouro Guerra Civil, onde poderemos ver o melhor arco da Marvel nas telas, e com o Homem-Aranha. Avante, Vingadores!
Cinderela
3.4 1,4K Assista AgoraAntes de resenhar sobre esse filme, gostaria de dizer que sou grande fã da Disney, sempre corro atrás de seus filmes, procuro assisti-los no cinema, principalmente as animações. E digo isso sobre os vários gêneros do estúdio, sendo um drama, uma fantasia ou filme de princesa como este, vou ao cinema sem preconceitos, mas as vezes acho que o estúdio falha, e considero essa readaptação em live action de Cinderela um exemplo desses raros erros da Disney.
Gosto muito da animação original, a simplicidade, nostalgia e magia que ele inspira, e acho que tentar captar essas mesmas emoções foi o maior problema dessa versão dirigida por Kenneth Branagh. Não sou um chato que não sabe separar diferentes adaptações de uma mesma trama, tanto que acho que uma releitura da história seria o melhor a se fazer(como em Malévola), mas o filme pareceu querer seguir toda animação minuciosamente, não acrescentando nada novo, o que é um tanto frustrante.
Claro que não queria uma mudança radical, mas algo novo seria mais interessante e instigante para o longa, e algumas coisas realmente não servem mais para o cinema em pleno 2015. Acho bizarro esses filmes de donzela em perigo ou buscando o príncipe encantado, não sei o que vocês mulheres pensam isso, mas é antiquado, do passado, da época em que a animação foi feita, não numa época em que as mulheres estão cada vez mais fortes na sociedade.
Outro aspecto que deveria ter ficado em forma de animação, é a personalidade demasiadamente boa da Cinderela, pois ver uma pessoa sorrindo o tempo todo, tentando ser "gentil", é bizarro; surreal; artificial. Acho que faltou dar uma personalidade mais forte para a personagem, como ela merecia. Admiro muito a carisma e sutilidade que Lily James concedeu a princesa, mas um roteiro mais corajoso contribuiria muito.
Cate Blanchett brilha como madrasta, os ratinhos são fofos, como se esperaria, as irmãs irritantes, tudo certo. Mas e a fada? A participação de Helena é muito divertida, porém, demasiadamente curta, inexplorada e mal explicada, parecendo mais um devaneio de Ella. O príncipe de Richard Madden segue a cartilha da animação, é a caricatura de um príncipe Disney: belo, porém vazio. Jamais torna-se concebível o motivo de Ella se apaixonar por ela, apenas pela beleza? 2015...
De positivo, destaco a atuação de Lily(que conhecia de Downton Abbey e fico muito feliz ao vê-la ganhando mais destaque na indústria,espero que escolha bem seus papéis futuos), da sempre exuberante Cate, e de longe, o maior destaque sendo o figurino e design de produção, sendo o 2º um forte candidato as indicações dos mais variados prêmios.
Enfim, saio do cinema extremamente frustrado, espero que nas futuras releituras de suas princesas e contos clássicos, a Disney seja mais corajosa na hora do roteiro, não fazendo uma cópia frame por frame, mas algo novo para sua mitologia.
A Série Divergente: Insurgente
3.3 1,1K Assista AgoraAssim como seu predecessor, Insurgente se sai melhor no áudio-visual do que na literatura, e por um motivo curioso, a falta de tempo de se tornar prolixo. Acho o conceito dos livros de Veronica Roth muito interessante, mas com condução e desenvolvimento frustrantes e ingênuos.
Então, como é bom ver o filme indo direto ao ponto, sem mostrar Tris e 4 brigando cada cinco páginas pelo mesmo motivo, ou Tris lamentando a morte de Will toda hora, sendo algumas poucas cenas muito eficientes para mostrar o remorso que ela sente, muito pela competência da fantástica Shailene Woodley na cena do soro da verdade.
Esse aspectos, somados a um elenco monstro(Octavia Spencer, Kate Winslet, Naomi Watts, Daniel Dae Kim, Shailene, Miles Teller..), cenas de ação muito bem dirigidas, parecendo críveis e perigosas, fazendo com que os personagens realmente pareçam correr algum risco, não algo vazio feito apenas para empolgar o público transformers, tornam o filme muito mais divertido e interessante que sua versão homônima da literatura.
Infelizmente, Convergente seguirá a nova moda de dividir capítulos finais em duas partes, o que pode comprometer o"benefício" da falta de tempo dos longas, e torná-lo tão infantil quanto o livro. Mas independente do que houver, os dois primeiros filmes provaram que nem sempre o livro é superior a sua versão áudio-visual.
Êxodo: Deuses e Reis
3.1 1,2K Assista AgoraEu vejo a Bíblia como um livro ficcional, isso me permite ver filmes como este e "Noah" como obras apenas adaptadas, sem nenhuma real relevância histórica, e também não compartilho preconceitos de muitos ateus a denegrir um filme apenas por ser baseado num conto bíblico. Eu o assisto e avalio como assisto e avalio Senhor dos Anéis, Harry Potter e outros desse tipo, como um filme de fantasia/ficção baseado em uma história, considerando apenas seus aspectos cinematográficos. E me considero privilegiado por ser livre de tais preconceitos, pois isso me permite uma melhor apreciação da obra, no caso de Exodus, com um resultado competente e divertido.
Exodus é isso, um filme competente e divertido, mas se avaliado criteriosamente, deixa muito a desejar, principalmente no quesito roteiro. O elenco, como dito antes, é estelar, mas vergonhosamente subaproveitado, já que o desenvolvimento de praticamente todos os personagens, com exceção a Moisés e Ramsés, é medíocre. Quais as funções de Aaron Paul e Sigourney Weaver no longa a não ser mostrar seus rostos conhecidos? Os personagens possuem pouquíssimas falas, e quando as tem, ou são redundantes, ou ridículas. Assim como Ben Kingsley, que quando aparece, até parece um personagem que será importante, mas após completar sua tarefa, simplesmente some. O único ator coadjuvante razoavelmente aproveitado é John Turturro, que em sua breve e carismática aparição como Seti, é eficiente para mostrar o despreparo e ineficiência de Ramsés como seu substituto, quando comparados.
Deixando de lado os rostos famosos, todos os outros personagens também são simplesmente inúteis, tornando impossível para com o público se importar com seu destino, como a esposa de Moisés, um relacionamento sem pé nem cabeça, com desenvolvimento nulo, eles simplesmente se casam após se conhecerem.
Joel Edgerton tem muito tempo em tela, mas o roteiro se limita a mostrá-lo como um filho mimado, sem profundidade alguma, limitando-o apenas como um vilão clichê a quem se deve odiar. Com Moisés não seria muito diferente caso o ator não fosse um gênio como Bale, que consegue fazer milagres como o personagem, se sobressaindo no meio de um roteiro fraco, que nas mãos de outro ator, transformaria o hebreu em um hediondo arrogante.
Apesar do talento de Bale, é difícil esconder a decepção ao ver como todos os relacionamentos do personagem são mal desenvolvidos (como seus encontros com Deus, que assim como em "Noah", é mostrado como um genocida cruel e insensível). O que torna difícil saber por que ele aceitou a tarefa a qual foi submetido.
No meio de tantos problemas, se sobressai o lado técnico do filme, que por sinal, é simplesmente perfeito, com cenas de encher os olhos, como as que mostram as pragas do Egito e o Mar vermelho, e é isso que torna o filme algo recomendável. A tecnologia não é a essência da arte, mas seria negligente ignorar seus meios para se contar histórias.
No fim, Exodus é um filme que diverte, mas esquecível, uma trama desperdiçada. Se procura um acabamento mais eficiente para a história de Moisés, sua melhor escolha ainda é a animação "O Príncipe do Egito", da Dreamworks.
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
3.8 3,4K Assista AgoraFinalmente o Oscar de melhor filme foi para o melhor filme.
O Destino de Júpiter
2.5 1,3K Assista AgoraEsse filme é a síntese dos Wachowski pós Matrix: filme tecnicamente muito bem feito, mas com bons atores desperdiçados, um roteiro vergonhosamente raso e forçadas constrangedoras na trama.
Ao começar pelo elenco: não sei o que pensar de Mila Kunis, sua performance em Cisne negro é fenomenal, mas após este, foi só furada pós furada, o que me leva a pensar que talvez tenha sido mais mérito de Aronofsky. Sean Bean é um bom ator, mas subestimado, e talvez por sua culpa, graças aos filmes que este mesmo estrela, já que parece ter direcionado toda sua carreira para filmes de ação, acertando raramente. Channing Tatum já foi muito criticado, e concordo, seus primeiros filmes foram tudo que um ator sem talento que tem apenas a beleza como arma usa para crescer em Hollywood, porém, subiu em meu conceito em Anjos da Lei, onde mostrou um excelente timing cômico, e ano passado, em Foxcatcher, o cara mostrou todo o talento que tem. Penso só ter aceitado participar deste filme para ter mais visibilidade, já que assinou contrato anos atrás, sem saber como estaria sua carreira na época de lançamento, pois o papel de herói vazio é o que ele mais deve evitar de agora em diante. Então chegamos a Eddie Redmayne, o cara está para ganhar o Oscar, e nesse filme seu personagem é vergonhoso, o cara até tenta com suas entonações na voz, que é quase sempre calma e fria, mas o personagem é caricato é extremamente mal desenvolvido, como todos. Creio que tenha acertado participar do filme pelo mesmo motivo de Channing, visibilidade.
E o roteiro, o que dizer do roteiro? Que coisa vergonhosa! Personagens aparecem e desaparacem subitamente, mostrando as caras apenas quando conveniente. Muitos simplesmente somem, e após o término do filme, jamais sabemos o seu destino. TODOS são pobremente desenvolvidos, parecem robôs, ninguém questionada nada, apenas aceitam o que está acontecendo, e isso realmente é inadmissível em um filme que planeja ser levado a sério.
E a maior catástrofe: Como alguém em 2015 tem coragem de fazer um filme com uma protagonista feminina tão fraca? Júpiter passa o filme todo sendo salva de todas as maneiras possíveis pelo herói caricato de Channing, ela passa o tempo todo em apuros, o que nos leva a questionar sua inteligência. Outra coisa que incomoda é o romance extremamente clichê, não há química nenhuma entre os dois, o roteiro não cria nenhuma situação em que eles pareçam unidos, nada que explique a paixão.
Enfim, estou extremamente decepcionado, creio que os Wachowski deveriam parar de roteirizar seus filmes, pois os argumentos são criativos e interessantes, mas a construção é vexatória. Acho que ainda não se pode dizer que são o novo Shyamalan, mas que estão a caminho disso, estão.
5 Centímetros por Segundo
3.9 383Animação impecável, tão realística e 'crua' que chega a doer. Talvez seja tendência do ser humano, ou apenas um devaneio meu, mas acho natural pensar que no final tudo dará certo, as coisas se resolverão. Mas deixando ilusões de lado, é sabido que a vida pode ser fria e cruel, nos atormentando com os mais angustiantes pesares.
Acho que o longa não fala simplesmente sobre amor, mas sim sobre tudo que vamos perdendo na vida, baseado na própria fala do personagem principal: "No ato de viver, vão se acumulando tristezas aqui e ali." Todos nós vamos acumulando expectativas, desejos, anseios, como queiram chamar, conforme a vida passa, mas junto com estás, acumulam-se decepções e tristezas, que muitas vezes nos fazem pensar que rumo nossa vida poderia seguir se algo tivesse acontecido de forma diferente, algumas vezes sugando a vida e sobrepondo-se a realidade, como mostrado no filme.
E quando escrevo diferente, me refiro a qualquer simples detalhe que por vezes poderia mudar de modo incomensurável nossa vida. Imagina o que aconteceria se os dois dessem um jeito de se encontar e ficar juntos?Imagina se ela esperasse o trem? São muitos "Ses" que definem nossa vida, e infelizmente, as vezes não é possível superá-los.
Apesar disso, dessas incertezas que podem ser muito perturbadores, o filme também mostra como nunca esquecê-las para seguir em frente podem, definitivamente, destruir sua vida. Takaki perdeu toda uma vida até ali, inúmeras outras oportunidades de tentar ser feliz, por se manter preso ao passado, ao contrário de Akari, que ao invés de olhar para trás, seguiu em frente.
Triste, porém verdadeiro, comentar sobre a trilha sonora e os designs em si seria redundante. Belíssimo filme.
O Predestinado
4.0 1,6K Assista AgoraAmor próprio é tudo!
John Wick: De Volta ao Jogo
3.8 1,8K Assista AgoraSempre fui fã do Keanu Reeves, não por possuir um talento gigantesco, mas pelo carisma, porém, acho que ele deveria investir nesse estilo "lobo solitário", pois se encaixa muito bem no papel com seu jeito melancólico, misterioso, frio e retraído, acho que pode se sobressair no gênero e calar os críticos.
De mais, John Wick é um filmaço que entrega tudo, se não mais do que promete, sendo curto e grosso, não devendo em nada para clássicos do gênero, incluindo aqui os clássicos orientais, como "Eu vi o Diabo", "O Caçador " e a cultuado trilogia da vingança. Tudo funciona aqui, a trilha sonora noturna, que para mim define o mundo dos personagens retratados(não há mocinhos na escuridão), a trilha sonora eletrônica(lembrando muito o recente drive), as atuações e o roteiro, que muitos criticam, mas que junto com uma excelente direção, mostram uma fluidez invejável, jamais cansando, além de divertir absurdamente.
Essa é uma das poucas vezes que gostaria de ver uma continuação para um filme desse estilo, mas uma continuação do mesmo tom, um filme sincero sobre porradaria, afinal, é para isso que estamos aqui.
O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos
3.9 2,0K Assista AgoraCreio que todo fã de cinema ou literatura, principalmente os aficionados por fantasia, tenha um universo favorito, um em que se sinta em casa, que lamenta toda vez que se despede, e que sorri ao reencontrá-lo. Esse lugar é relativo, para alguns é Hogwarts, para outros Alagaesia, Westeros, Acampamento half-blood e vários outros. Mas para mim, este lugar é a Terra-Média.
E como um cara absurdamente apaixonado e viciado por este universo criado por Tolkien, só tenho a agradecer a Peter Jackson, por ter sido meu intermediário, através da trilogia Senhor Anéis, e minha vida nunca mais foi a mesma após aqueles três filmes, e hoje, mais de uma década depois, após conferir o capítulo final desta prazerosa saga, só posso dizer o quanto eu devo a Peter.
Muitos reclamam da divisão de um curto livro em 3 filmes, de sua duração, de personagens que não estão na obra original, mas eu agradeço, agradeço por ver estes personagens, este universo, sua geografia, magistralmente passados para a tela por este gordinho, que assim como eu, e talvez você, é amante da cultura criada por Tolkien.
O filme, assim como a trilogia, tem seus erros, partes forçadas, partes desnecessárias, mas não é suficiente ver em tela um dragão esplêndido como Smaug? As magníficas Lothlórien e Valfenda? De que outras maneiras poderíamos ver isso? O encerramento é magnânimo, não vejo como um fã de Tolkien, nem que apenas de LOTR, possa desgostar, pois as referências são sutis e emocionantes, sendo explícitas ou não(menções a Aragorn, Gimli, e para os mais vidrados, até a tentativa de furto de colheres), a trilha sonora de Howard Shore é excelente, passando urgência e emoção em pitadas certas, assim como as atuações minuciosas de um elenco muito talentoso, mesmo de personagens que não deveria estar lá, como a Tauriel de Evangeline Lilly.
Enfim, eu sinto pena de quem deixa de apreciar algo tão rico transposto para a tela de maneira tão honesta e leal, pois é privar-se de um prazer enorme, o prazer da realização de sonhos, da gratidão e da satisfação. Passaram-se mais de 10 anos desde que estava aos pratos vendo o adeus de Frodo e Bilbo, mas as sensações foram as mesmas, e isso se deve alguém, então...
...Muito obrigado, Peter Jackson, por ser nosso intermediário para com Tolkien.
"...I bid you all a very fond farewell"
Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1
3.8 2,4K Assista AgoraMuitos reclamando aqui que o filme é chato como o livro, arrastado e vazio pela divisão do mesmo em duas partes. Do que vocês estão falando?
O livro não é chato ou arrastado, talvez estejam muito acostumados com essas franquias que disfarçam falta de conteúdo com cenas de ação, o que Jogos Vorazes não faz. O livro é uma excelente analogia a governos opressores e toda essa história que todos estão cansados de ouvir, e os dois livros anteriores tiveram toda sua trama sendo construída para chegar ao ponto que vemos em Mockingjay, o ponto de ruptura, a revolta, quando a sociedade abre mão do conformismo para lutar pelos próprios direitos.
E a saga fez essa analogia perfeitamente bem para o público alvo, muito melhor que qualquer franquia semelhante atual, muito mais madura, bem produzida e principalmente, com um grande elenco para nos conduzir por ela.
Quanto a divisão, talvez fosse até desnecessária, mas não prejudicial, pois ela permite uma exploração melhor dos acontecimentos e principalmente dos personagens, privilegiando os atores e o espectador que sabe apreciar algo bem feito.
Enfim, apenas lamento por estas pessoas que não entenderam o verdadeiro significado dessa trilogia inteligentíssima criada por Suzanne Collins, competentemente levada as telas, e se querem ver cenas de romance e ação vazias, camuflando uma história mal contada, março está logo ali.
Interestelar
4.3 5,7K Assista AgoraChristopher Nolan é dono de uma filmografia invejável (e memorável), com obras inesquecíveis como Amnésia, Cavaleiro das Trevas, O Grande Truque e A Origem. Todos os filmes são racionais, cerebrais, com conceitos complexos; característica do diretor. Afinal, esse é o principal fator que difere Nolan de outros grandes diretores: ele pouco fala sobre assuntos como amor e família em suas obras, negligenciando o “coração”, ao contrário de Spielberg, por exemplo.
Spielberg, inclusive, deveria ser o diretor deste Interstellar, mas acabou não assumindo o longa. Nolan, então, usando toda sua influência, agarrou o projeto para si. O curioso é que, apesar de não estar envolvido no projeto, o filme tem muito de Spielberg, principalmente o primeiro ato, quando vemos cenas, e até a fotografia, que lembram E.T. e Contatos Imediatos de Terceiro Grau. Mas o que realmente lembra o diretor destes e tantos outros filmes é, quem diria, o amor, a família. Nolan envereda pela primeira vez em conceitos tão trabalhados pelo companheiro de profissão, e o resultado final dessa nova empreitada é memorável e, ao mesmo tempo, frustrante.
Logo no primeiro ato, aliás, vemos algo incomum em filmes de Nolan, pois o principal foco é a relação do personagem de McConaughey e de sua filha, sem falar na cena de caça ao drone. Podem parecer apenas coincidências, mas são apenas o início de um tema pertinente em todo o filme.
Ainda no primeiro ato, somos introduzidos à família de McConaughey e a situação atual da Terra. E aqui Nolan merece aplausos, pois não inventou nada exagerado, ele mostra que a Terra se encontra em tamanha decadência e degradação devido à superpopulação e à forma como ela esbanjava os recursos naturais, algo sutil, mas que nos faz pensar e temer pelo nosso próprio futuro. Estes problemas levam o personagem a uma viagem interstelar, através de um buraco-de-minhoca, para procurar algum outro planeta habitável para essa população. Nesse momento, Nolan mais uma vez enfatiza a relação familiar mostrando o impacto que a filha teve com a partida do pai.
A partir daí, Nolan parece levar a ciência ainda mais a sério, explicando cada conceito para não deixar nada vazio, e o filme decola, pois o segundo ato é grandioso e intenso. Os atores, assim como a direção de Nolan e a excelente trilha de Hans Zimmer, são magníficos ao mostrar o peso de cada escolha, as consequências de cada erro e tudo que está em jogo, mesclando perfeitamente tudo que fazia até ali o filme ser uma experiência fantástica.
Porém, no terceiro ato, Nolan assume de vez o lado “coração” de sua obra, e, ao mostrar certa imaturidade no conceito, acaba diminuindo muito o crédito do longa que vinha caminhando bem até o momento. Usado constantemente no filme, o termo amor era justificado para gerar questionamentos morais e impactantes cenas dramáticas. No entanto, neste terceiro ato, o “amor” surge como uma solução preguiçosa para o que vinha sendo construído até ali, prejudicando o longa.
Ao fim, a sensação é de que Interstellar é uma experiência marcante e decepcionante ao mesmo tempo e, infelizmente, a respeito das comparações, Interstellar não consegue ser tão intenso quanto Gravidade nem tão contemplativo quanto 2001.
Downton Abbey (3ª Temporada)
4.5 313 Assista AgoraScreenplay by: G.R.R Martin.
Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário
2.5 810 Assista AgoraCreio que todos que estão lendo isso, foram em alguma época de sua vida, fãs assíduos de CDZ. Creio também que assim como eu, após assistir esse filme, vocês sentiram sentimentos como decepção e principalmente, uma grande frustração.
Quando anunciaram esse filme, tenho certeza que a animação e euforia de ver os bons e velhos cavaleiros de bronze foi maior do que qualquer desconfiança. Euforia que diminuiu após anunciarem que seria uma trama nova, praticamente uma releitura. Mas é claro, o lado fã venceu, e com o trailer e imagens, a animação subiu novamente.
E agora, chegada a hora, parece que nos decepcionamos, pois o que se vê em tela é um desrespeito ao anime clássico, tanto em personagens, quanto a trama. Eu sou a favor de releituras, quando essas, apesar de mudar as histórias, mantém a "áurea, alma" da coisa, o que neste filme, falhou miseravelmente.
O roteiro é apressado demais, encaixar toda a temporada do santuário em 90 minutos foi uma atitude um tanto irresponsável, os personagens acabaram muito mal explorados e seu desenvolvimento só não foi pior pois já os conhecíamos. Todos os cavaleiros de bronze, com exceção ao Seya, são coadjuvantes praticamente inúteis a trama, tendo cenas de luta curtíssimas e anticlímax, o destaque ao cavaleiro de pégaso é ainda maior que no anime, e se Seya já não é meu favorito, essa sua nova personalidade é ainda mais desprezível, um humor forçado e sinceramente, chato, não criei empatia alguma.
Se as coisas estavam feias com os cavaleiros de Bronze, praticamente afundaram com os de ouro; Miro virou mulher, Afrodite apareceu por 2 segundos, todos são subaproveitados, e pra piorar, temos um Máscara da Morte descaracterizado em uma das cenas mais constrangedoras que já vi, acho até que estava escrito "Moulin Rouge" na entrada da casa de câncer.
Porém, neste emaranhado de erros, temos alguns pontos positivos: A animação CGI me surpreendeu, muito bem feita, seria bom acompanhar mais desses personagens em uma boa trama, com destaque para o design dos poderes e da Saori. A trilha sonora(só eu gostei?) também ficou muito bem encaixada, as músicas épicas acrescentam alguma emoção nas batalhas, por mais pífias que estas sejam.
Mas é claro, o grande trunfo do filme, é a dublagem, na apresentação dos personagens, logo no comecinho, conforme vamos ouvindo essas tão conhecidas vozes, é impossível não soltar um pequeno sorriso como de alguém que está para reencontrar velhos amigos, após um tempo longo demais. Uma pena que tenha sido um encontro tão amargo.
Doctor Who (7ª Temporada)
4.5 307Indescritível a sensação de desolação e tristeza, porém também gratidão, que senti após ver esse especial.
Obrigado por tudo, Matt Smih...
... we'll always remember the doctor you were.
Doctor Who (5ª Temporada)
4.6 185Vejo muita gente criticando Moffat e dizendo que está foi uma temporada muito aquém e decepcionante em relação às outras, e eu tenho de discordar. Acho redundante comentar os avanços técnicos da série, mas gostaria de comentar outros pontos:
A mudança estrutural da temporada é nítida, fica clara a diferença ideológica entre Moffat e RTD, e como um geral, achei essa uma temporada mais regular. Apesar das 4 temporadas (principalmente as do Tennant) anteriores serem ótimas e possuírem episódios espetaculares, possuíam muitos sofríveis (Aliens of London, WWIII, Love and Monsters...). Já nessa, eu gostei de quase todos os episódios, fique decepcionado com o duplo dos Weeping Angels, afinal, depois de Blink, nada inferior seria aceito. E é claro, possui pelo menos 2 episódios que estão entre os melhores da série, sendo um antológico (Amy's Choise e Vincent and the Doctor).
Sobre o novo Doctor, é injusto comparar qualquer doctor com Tennant(Acho que jamais acharão um ator tão perfeito para o papel, sem querer soar como hipérbole, mas David foi o auge da personificação física do Doctor, tendo Imponência, poder, humor, sensibilidade, carisma e emotividade completamente juntos e compatíveis). Mas Matt se sai muito bem como Doctor, sem deixar a idade atrapalhar, apesar da cara mais alegre, ele consegue emitir poder e intimidar vilões, e sem causar antipatia ou arrogância, achei uma excelente escolha.
Já a nova companion: pelo que já li, me acho meio "hipster" no quesito, pois não nutro muita simpatia por Rose e Donna, e gosto de Martha, nada demais, mas realmente nunca fui com a cara de Donna e principalmente de Rose, entretanto, a Amy Pond de Karen Gillan fez eu realmente me apaixonar, e não apenas pela aparência exuberante. A personagem é vivaz, alegre e divertida, sem ser irritante como Rose ou mandona como Donna, além de tudo, ela mostra utilidade ao Doctor.
Enfim, achei essa uma temporada excecional deste seriado incrível, e espero que as 2 próximas temporadas Matt/Moffat sejam tão incríveis quanto.
Sob a Pele
3.2 1,4K Assista AgoraNão é uma obra-prima, mas oferece uma análise crítica muito interessante e inteligente sobre o já ultrapassado tema da "beleza interior", criticando o endeusamento do corpo carnal acima de tudo, fazendo com que personalidade, o que realmente importa, fique em 2º plano. Afinal, todos os homens seduzidos pela personagem da Scarlett ignoravam uma mulher daquelas se jogando pra eles de modo tão espontâneo, como se fosse algo normal, além do fato de morar numa casa visivelmente abandonada.
Com esse comportamento, o filme ironiza o irracionalismo das pessoas ao ignorar fatos tão óbvios para obter uma satisfação pessoal, nesse caso, com uma mulher tão fabulosa como a "Isserley".
Mais inteligente ainda foi mostrar uma mulher linda como ela insegura e duvidando de sua beleza após conhecer o homem com neurofibromatose, que apesar da aparência grotesca, era sensível e gentil. A partir daí ela começa a indagar sobre si mesma, e atribuir a feiura não a aparência carnal, mas pelo simples fato de não sentir sensações comuns, como o comer e o sexo.
De saldo final, sob a Pele é um bom filme que vale ser visto pela inteligente forma de tratar a beleza, o clima sombrio e a espetacular trilha sonora, que remete aos clássicos Jaws e Psycho.
Como Treinar o seu Dragão 2
4.1 1,4K Assista AgoraPreconceito. Deficiência. Adolescência. Bullying. Homossexualidade. Relações familiares. Violência. Guerra. Arrogância. Crueldade e abuso de animais. Sacrifício. Morte. E principalmente, amizade.
Não é difícil ler as palavras acima e remeter a vários filmes, todos eles já foram abordados pela indústria cinematográfica, tanto que, filmes sobre esses temas tornaram-se redundantes e clichês. Mas usando justamente esses assuntos de uma abordagem diferente, que Como Treinar seu Dragão tornou-se um fenômeno, e agora, com sua continuidade, explora-os com mais complexidade e coragem.
E aí está a grande genialidade de "Como Treinar seu Dragão 2", em sua coragem. Ao contrário da maioria das animações, os realizadores deste não tiveram receio de incluir tantos temas polêmicos no decorrer de sua história. Temas que juntos, transformam este um longa deveras maduro e contemplativo, servindo aos dois públicos. Pois ao mesmo tempo em que crianças e adultos se empolgarão com as magníficas cenas de ação e vôos espetaculares de dragões criativamente imaginados, se divertirão com as caras fantásticas de Banguela( existe algum personagem de animação mais "fofo"?), se emocionarão com a trilha, podem também aprender sobre temas frágeis de uma maneira saudável e divertida.
Seria ótimo se após a sessão, os mais velhos tentassem explicar para os mais novos sobre todos os tabus que o filme expõe, pois que não existe forma melhor de educar, do que divertindo.
De saldo final, Como Treinar seu Dragão 2 é uma animação brilhante, onde trilha sonora, roteiro, coragem, drama, comédia, emoção e criatividade se combinam de uma maneira ímpar.