Brah Salmo

a realidade tridimensional é a mesma, mas as formas mudam, os mecanismos automaticos pra aprisionar mudam, é preciso ser como liquido pra escapar pelas brechas das formas! e de repente BOOM! o Jarmusch desce do olímpo sagrado e nos dá essa carga de energia no núcleo da consciência. é importante se comunicar subjetivamente, é importante construir a sua própria subjetividade, é preciso colocar no seu imaginário aquilo que vc quer que esteja no seu imaginario e deixar o lixo do lado de fora, isso não é só um filme, é uma revelação do que se vê quando se está na imanência, vc é colocoado a frente do seu tempo porque as pessoas estão vivendo duentiamente no passado, presente e futuro de formas separadas. muita coragem do Jarmusch, um dos únicos criadores que ainda usam do cinema pra revelar coisas que não podem ser reveladas pela linguagem da razão.
um filme pra se assistir todos os dias depois de acordar, pela tarde, pela manhã e verificar e estar certo de que se está realmente acordado!

(ahh e quando eu ouço/vejo algum imbecíl psico-burro dizer/escrever que tem "frases soltas" e o filme é "ruim" -uma experiencia é só uma experiencia, valores vc encontra no supermercado ou no preço do dvd- eu fico contente pelo Jarmusch conseguir excluir esses preguiçosos que só querem receber e não participar, nem vivenciar, eles mesmos se excluem da experiencia do filme. se sua mente não sabe fazer agenciamentos não culpe o Jarmusch, procure uma CAIXA DE FÓSFOROS, acenda uma lamparina e ilumine esses cantos escuros e empoeirados da sua imaginação)

muito bom!
como todo mito diz respeito a alguém em alguma parte, como um arquétipo, essa criação (e que se danem as questões tecnicas) afeta os nervos daqueles que vivenciaram em algum nível, em alguma parte, como aquilo que fez com que eles fizessem(Chris e Jim). ela age sobre o espírito, como um balaço de poesia no inconsciente. mas é um veneno de tempo tão doce, ralentando os tempos de quem vê, que pode ser desagradável aos que não estão dispostos a adentrar em outros tempos. mas quando se rompe esse medo, essa tensão dos nervos encontram-se tesouros de tempos a serem explorados.

Ah o que falar dessa criação. desse ato poético jarmuschiano. nem sei por onde começar, mas se pode começar de qualquer lugar aqui. pois essa jornada nao tem raízes cartesianas alguma. é pelo contrario, um jorro rizomatico e bem escolhido. pode dialogar com um academico, com um pedreiro, com um colhedor de algodão, com um artista criador. só não dialoga com cerebros de minhoca (e me perdoem as minhocas), bactérias nocivas poéticas, que estão no mundo a falar mal de criadores, pois como NÃO CRIAM sentem o doloroso aguilhão da inveja. mas bem, uma dedicação imaginária generosa e linda de se ver. uma contribuição não para o cinema e sim para os rumos do pensamento, novas consciencias jogadas no espaço, novos niveis de intensidade aos nossos organismos viciados na ausencia de consciencia e no excesso de ações. é um oculos necessario pra enxergar os próprios limites condicionadores. ou melhor, novos olhos. o jim literalmente dá presentes.axo que o que se pode falar de uma criação dessas é o que ele fez comigo, o que ela provocou nos meus sentidos, por que ele provocou, o que potencializou, sem criterios de bem ou de mal. se arriscar a não racionalizar a criação, essa é a bravura de quem assiste. dizer o que é ruim e o que não deveria ter sido feito é muito facil e inúti. agora quem será que se arrisca a se colocar na posição de criador e entrar na dança da criação? só tenho saudações a dar a essa jaziga reluzente em forma de pelicula cinematográfica. Antonin Artaud estaria orgulhoso de ver algo assim. no meio do palheiro de filmes de formas iguais e reproduzidas do famoso cinema americano eis que surge um ser individualista orginal como o Jarmusch e consequentemente seu cinema original.
o que não é apenas individual na obra, são os arquetipos que ligam o insconciente de cada espectador através das imagens poéticas. como chamam de western, ele é sim, mas um western metafisico como uma pintura de Dalí ou uma obra do Jodorowsky.