Me lembrou muito A Hora do Lobo, do Bergman. Em nada parece um filme desta decada, o que é uma grande evidência de domínio técnico do diretor. Willem Dafoe está genial, e Robert Pattinson, surpreendente.
Belíssimo, quase perfeito, mas achei um pouco maçante as vezes.
Poderia afinar melhor umas questões de ritmo mas a estranheza insólita que a atmosfera geral causa é memorável.
Ari Aster é uma grande promessa desta geração. Ele tem uma estética absolutamente autoral, e consegue pegar modelos clássicos (como este que não é nada mais que uma reinvenção de The Wicker Man) e lhes dar uma nova razão de ser, entremeando tudo com dramas pessoais muito convincentes. Renovou minha esperança no futuro do terror.
Tem algumas cenas de grande inspiração da imaginação sempre fervilhante do Fellini, mas no conjunto achei profundamente maçante, o único filme dele de que não gostei.
Senti uma forte influência lynchiana na primeira metade, com uma grande autoralidade própria, no entanto.
Uma trama de terror típica com uma roupagem absolutamente original. Tem momentos bastante sinistros sem nunca apelar para os jumpscares. Me deu esperança no futuro do terror. Ansioso para ver mais filmes do diretor. E a atuação da Toni Collette é um show à parte. Me surpreendeu totalmente.
Entendo que é um filme menos bem lapidado que os demais Almodóvar mas eu gostei. Achei hilário, com grandes atuações e personagens fascinantes.
Agora, sobre a cena de estupro, defendo-a com unhas e dentes. Chega a ser hilário acusarem Almodóvar de misoginia. Em seu universo, as personagens lidam com todo tipo de realidade dura de forma pitoresca, o que não é de jeito nenhuma uma banalização dos fatos correspondentes na vida real, mas a perspectiva de personagens marginalizados a quem o absurdo é tão cotidiano que já não desconcerta. O fanatismo político neocareta impede que se entenda isso, que vejam que Almodóvar foi um grande inimigo do status quo quando isso exigia muito mais coragem que militar e ditar regra atrás de teclas de computador.
Passei a primeira metade rindo e a segunda de joelhos com o rosto encharcado. Uma condução de ritmo impecável, um desfile de metáforas e analogias viscerais, uma verdadeira aula do que é fazer de uma critica social uma obra humana, sutil, impactante, com uma linguagem elaborada, artisticamente relevante, sem literalismo ou visões planas e estéreis.
Roteiro excentricamente errático, trilha sonora perfeita e tomadas irretocáveis em cada frame de pura inspiração: um filme de beleza única, pelo contraste da aridez da realidade retratada com a extrema sofisticação estética de Ozualdo Candeias. Fico realmente impressionado com o quanto de perfeccionismo há no seu cinema sem perder sua natureza de total improviso, o que me lembra muito o Godard dos anos 60. Mais uma joia do cinema marginal, que, inexplicavelmente, continua desvalorizado e esquecido ante seus pares do Cinema Novo, a quem não deve absolutamente nada em qualidade (quando não os supera).
O roteiro é de uma genialidade indiscutível, um documento inestimável e um retrato profundo da alma brasileira, suas contradições endêmicas e seus personagens típicos, que não tinha como resultar em um filme ruim, mas acho que o Anselmo Duarte não o soube filmar com todo o brilhantismo e potencial que merecia, uma infinidade de cenas cheias de possibilidade não aproveitadas.
É sem dúvida um filme brilhante, com uma cinematografia ímpar, inesquecível, mas depois do deslumbramento inicial, pode se tornar um pouco enfadonho para quem não está tão familiarizado com a história russa (e europeia em geral), já que o foco do filme é estritamente esse.
Certamente, o Ozu mais amargo. Chega a doer. A fotografia bem peculiar na filmografia do Ozu, bastante cinzenta, com pouco contraste, ambienta com perfeição a trama desoladora de três gerações de mulheres diversamente frustradas na noite de Tóquio. Emocionam particularmente a mim, como descendente de japonês que conhece de perto a dura vida da mulher japonesa (sobretudo das gerações mais antigas), algumas cenas que talvez pareçam estranhas ou irreais ao ocidental, mas que expressam um jeito muito propriamente japonês de se relacionar, que conheço na prática.
Demora um pouco pra engrenar e há alguns momentos em que o ritmo se perde, mas os pontos altos estão entre os de maior brilhantismo do Ozu. E Setsuko Hara, ah... sempre um facho de luz, triste mas radiante, em meio ao vazio.
De forma muito sutil são retratados vários temas: infância, adolescência, velhice, e a relação destes com a pobreza e o prazer da vida. Me emocionou muito, o contraste da dureza retratada sob o bucolismo das paisagens rurais indianas e a música de Ravi Shankar. E que personagem fascinante a Durga!
É inacreditável que depois de um filme tão brilhante quanto Prometheus (em visual, ritmo e densidade filosófica) Ridley Scott tenha conseguido criar um filme tão medíocre (naqueles três aspectos) a partir de um roteiro com tanto potencial (aquela cena em que o David chegou no planeta poderia ter sido uma cena épica, e foi reduzida a NADA!). Estou até agora sem entender isso.
No mais, fiquei muito satisfeito com a explicação da origem do Alien e o desenvolvimento do personagem do David, além da atuação do Fassbender, digna de todos os elogios.
É tanta coisa que não consigo nem dizer: as emoções que o filme me suscita são tantas que abafam minha capacidade de expressá-las... Desesperador e extasiante, simplesmente maravilhoso.
E, pelo visto, o Zulawski tem o mesmo dom do Von Trier: extrair as interpretações mais intensas e brilhantes de qualquer atriz que seja. Uma pena que Iwona não tenha continuado a carreira de atriz e uma vergonha que esta pérola do cinema seja tão negligenciada e esquecida.
É notável o esforço do Dario Argento de produzir as imagens mais impactantes e estilizadas possíveis em cada cena. Não há nunca um momento de desleixo ou falta de inspiração. Seus filmes transbordam paixão juvenil e amor pelo cinema como imagem pura. As tramas tendem a ser bobas (embora tenham seus pulos do gato), mas quem com olhos e ouvidos abertos se importa, diante de uma cinematografia tão impecável e trilhas sonoras de uma psicodelia tão envolvente? É o encontro da mais alta arte com o terror mais kitsch, e é maravilhoso. Fiquei particularmente surpreso com o final, que mudou totalmente a dimensão que eu tivera da trama (supostamente, mais um slasher batido). A natureza do assassino fez toda a diferença como comentário sobre as expectativas em torno do gênero...
O Farol
3.8 1,6K Assista AgoraMe lembrou muito A Hora do Lobo, do Bergman. Em nada parece um filme desta decada, o que é uma grande evidência de domínio técnico do diretor. Willem Dafoe está genial, e Robert Pattinson, surpreendente.
Belíssimo, quase perfeito, mas achei um pouco maçante as vezes.
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
3.6 2,8K Assista AgoraPoderia afinar melhor umas questões de ritmo mas a estranheza insólita que a atmosfera geral causa é memorável.
Ari Aster é uma grande promessa desta geração. Ele tem uma estética absolutamente autoral, e consegue pegar modelos clássicos (como este que não é nada mais que uma reinvenção de The Wicker Man) e lhes dar uma nova razão de ser, entremeando tudo com dramas pessoais muito convincentes. Renovou minha esperança no futuro do terror.
Roma de Fellini
4.1 65 Assista AgoraTem algumas cenas de grande inspiração da imaginação sempre fervilhante do Fellini, mas no conjunto achei profundamente maçante, o único filme dele de que não gostei.
Hereditário
3.8 3,0K Assista AgoraSenti uma forte influência lynchiana na primeira metade, com uma grande autoralidade própria, no entanto.
Uma trama de terror típica com uma roupagem absolutamente original. Tem momentos bastante sinistros sem nunca apelar para os jumpscares. Me deu esperança no futuro do terror. Ansioso para ver mais filmes do diretor. E a atuação da Toni Collette é um show à parte. Me surpreendeu totalmente.
Kika
3.5 359 Assista AgoraEntendo que é um filme menos bem lapidado que os demais Almodóvar mas eu gostei. Achei hilário, com grandes atuações e personagens fascinantes.
Agora, sobre a cena de estupro, defendo-a com unhas e dentes. Chega a ser hilário acusarem Almodóvar de misoginia. Em seu universo, as personagens lidam com todo tipo de realidade dura de forma pitoresca, o que não é de jeito nenhuma uma banalização dos fatos correspondentes na vida real, mas a perspectiva de personagens marginalizados a quem o absurdo é tão cotidiano que já não desconcerta. O fanatismo político neocareta impede que se entenda isso, que vejam que Almodóvar foi um grande inimigo do status quo quando isso exigia muito mais coragem que militar e ditar regra atrás de teclas de computador.
Viver
4.4 166 Assista AgoraTava detestando até a metade. Quando ele muda de perspectiva tudo passa a fazer sentido na narrativa. Terminei com o rosto coberto de lágrimas.
O Bar Luva Dourada
3.6 340Asqueroso...
Coringa
4.4 4,1K Assista AgoraPerfeito do início ao fim.
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraPassei a primeira metade rindo e a segunda de joelhos com o rosto encharcado. Uma condução de ritmo impecável, um desfile de metáforas e analogias viscerais, uma verdadeira aula do que é fazer de uma critica social uma obra humana, sutil, impactante, com uma linguagem elaborada, artisticamente relevante, sem literalismo ou visões planas e estéreis.
A Margem
4.0 28Roteiro excentricamente errático, trilha sonora perfeita e tomadas irretocáveis em cada frame de pura inspiração: um filme de beleza única, pelo contraste da aridez da realidade retratada com a extrema sofisticação estética de Ozualdo Candeias. Fico realmente impressionado com o quanto de perfeccionismo há no seu cinema sem perder sua natureza de total improviso, o que me lembra muito o Godard dos anos 60. Mais uma joia do cinema marginal, que, inexplicavelmente, continua desvalorizado e esquecido ante seus pares do Cinema Novo, a quem não deve absolutamente nada em qualidade (quando não os supera).
O Pagador de Promessas
4.3 364 Assista AgoraO roteiro é de uma genialidade indiscutível, um documento inestimável e um retrato profundo da alma brasileira, suas contradições endêmicas e seus personagens típicos, que não tinha como resultar em um filme ruim, mas acho que o Anselmo Duarte não o soube filmar com todo o brilhantismo e potencial que merecia, uma infinidade de cenas cheias de possibilidade não aproveitadas.
Terra
3.9 29 Assista AgoraTranscendente até em suas limitações ideológicas. Nunca imaginei que veria um filme comunista de tamanha grandiosidade espiritual.
Fausto
4.3 129Depois de um filme de narrativa e cinematografia impecáveis como Der letzte Mann esperava muito mais. Bem decepcionante em vários níveis.
A General
4.4 175 Assista AgoraNão acredito que Buster Keaton inventou a Corrida Maluca.
Lírio Partido
4.0 97 Assista AgoraSó lágrimas pra esse filme...
Arca Russa
4.0 183É sem dúvida um filme brilhante, com uma cinematografia ímpar, inesquecível, mas depois do deslumbramento inicial, pode se tornar um pouco enfadonho para quem não está tão familiarizado com a história russa (e europeia em geral), já que o foco do filme é estritamente esse.
A Hora do Lobo
4.2 308Belíssima incursão de Bergman no terror.
Crepúsculo em Tóquio
4.3 12Certamente, o Ozu mais amargo. Chega a doer. A fotografia bem peculiar na filmografia do Ozu, bastante cinzenta, com pouco contraste, ambienta com perfeição a trama desoladora de três gerações de mulheres diversamente frustradas na noite de Tóquio. Emocionam particularmente a mim, como descendente de japonês que conhece de perto a dura vida da mulher japonesa (sobretudo das gerações mais antigas), algumas cenas que talvez pareçam estranhas ou irreais ao ocidental, mas que expressam um jeito muito propriamente japonês de se relacionar, que conheço na prática.
Demora um pouco pra engrenar e há alguns momentos em que o ritmo se perde, mas os pontos altos estão entre os de maior brilhantismo do Ozu. E Setsuko Hara, ah... sempre um facho de luz, triste mas radiante, em meio ao vazio.
A Canção da Estrada
4.4 71 Assista AgoraDe forma muito sutil são retratados vários temas: infância, adolescência, velhice, e a relação destes com a pobreza e o prazer da vida. Me emocionou muito, o contraste da dureza retratada sob o bucolismo das paisagens rurais indianas e a música de Ravi Shankar. E que personagem fascinante a Durga!
Alien: Covenant
3.0 1,2K Assista AgoraÉ inacreditável que depois de um filme tão brilhante quanto Prometheus (em visual, ritmo e densidade filosófica) Ridley Scott tenha conseguido criar um filme tão medíocre (naqueles três aspectos) a partir de um roteiro com tanto potencial (aquela cena em que o David chegou no planeta poderia ter sido uma cena épica, e foi reduzida a NADA!). Estou até agora sem entender isso.
No mais, fiquei muito satisfeito com a explicação da origem do Alien e o desenvolvimento do personagem do David, além da atuação do Fassbender, digna de todos os elogios.
E.T.: O Extraterrestre
3.9 1,4K Assista AgoraSpielberg tem um jeito só dele de me fazer chorar.
Szamanka
3.8 23É tanta coisa que não consigo nem dizer: as emoções que o filme me suscita são tantas que abafam minha capacidade de expressá-las... Desesperador e extasiante, simplesmente maravilhoso.
E, pelo visto, o Zulawski tem o mesmo dom do Von Trier: extrair as interpretações mais intensas e brilhantes de qualquer atriz que seja. Uma pena que Iwona não tenha continuado a carreira de atriz e uma vergonha que esta pérola do cinema seja tão negligenciada e esquecida.
Rastros de Ódio
4.1 266 Assista AgoraO início e o fim são de uma beleza espantosa. No entanto, achei o miolo do filme meio desencontrado.
Prelúdio Para Matar
4.0 257 Assista AgoraÉ notável o esforço do Dario Argento de produzir as imagens mais impactantes e estilizadas possíveis em cada cena. Não há nunca um momento de desleixo ou falta de inspiração. Seus filmes transbordam paixão juvenil e amor pelo cinema como imagem pura. As tramas tendem a ser bobas (embora tenham seus pulos do gato), mas quem com olhos e ouvidos abertos se importa, diante de uma cinematografia tão impecável e trilhas sonoras de uma psicodelia tão envolvente? É o encontro da mais alta arte com o terror mais kitsch, e é maravilhoso.
Fiquei particularmente surpreso com o final, que mudou totalmente a dimensão que eu tivera da trama (supostamente, mais um slasher batido). A natureza do assassino fez toda a diferença como comentário sobre as expectativas em torno do gênero...