O Ron Perlman DE NOVO? Quantos filmes esse cara fez? Não é possível, bagaceira de ação sim, bagaceira de ação nem esse cara aparece. Mas, enfim, é um filme de ação acertadinho, com tudo no lugar. Mas falta aquele algo a mais, o filme simplesmente faz tudo correto, mas de forma básica. Parece que o roteiro foi gerado por uma I.A. de tão genérico. Não só o roteiro, aliás, a ação, as locações, o vilão (meio difícil engolir um médico com a cara do Ron Perlman e pinta de vilão cafona genérico, mas, enfim), tudo é bem básico, mas bem feito. É um filme, digamos, neutro em se gênero de ação, e que só valeria ser visto por fãs ávidos desse gênero. Nota: 6.7.
James Gunn é o único diretor da Marvel que sabe dar carga dramática nos seus filmes. Joss Whedon esconde as fragilidades do filme com o humor, Taika Waititi é só humor. Os irmãos Russo pegaram filmes já grandiosos para dirigirem (tirando Capitão América 2). E, os outros diretores que apareceram estavam apenas cumprindo as ordens dos produtores para entregarem os filmes episódicos ou de origem. Assim, James Gunn consegue entregar uma trilogia própria para seus personagens, mas que ainda está inserida no contexto da história do UCM, sem, entretanto, abandonar seu estilo próprio e sucumbir aos enlatados episódicos que, querendo ou não, foram necessários para a contrução do UCM. Assim, James Gunn, mais uma vez, entrega um dos melhores filmes do UCM. Ainda com a proposta de lançar um filme com a vibe oitentista em um contexto atual, de filmes sóbrios e realistas. E, confesso, não consigo dizer qual dos 3 é o melhor da trilogia. O primeiro foi eficiente em estabelecer os Guardiões, que não eram conhecidos do grande público, além de trazer as melhores músicas dos 3 e um humor que funciona muito bem. Além disso, trazia aquele universo irreverente e colorido, típico dos anos 1980, em contraponto com a sobriedade que domina Hollywood atualmente. A segunda parte trazia o mesmo humor eficiente, mas cenas de ação melhores e uma boa trama. Agora, essa terceira parte é a mais problemática das 3, mas, mesmo assim, tenho a sensação de que ela é melhor, exatamente porque o filme sempre consegue sobrepor esses problemas e entregar um bom material. Inicialmente, cabe ressaltar que James Gunn parece um dos poucos da Marvel preocupado em entregar um filme com identidade própria. Um dos, talvez o maior, na verdade, absurdo do UCM, e que bizarramente é pouquíssimo comentado, é que as produções tem uma trilha sonora porca. Apenas os Guardiões e os Vingadores possuem uma música tema, mas, como é o UCM, todo mundo é conivente com essa preguiça de criar temas. E, Guardiões da Galáxia 3 talvez tenha a melhor trilha sonora orquestrada do UCM (a cena da fuga do Rocket tem uma trilha fantástica, por exemplo). Aliás, a trilha sonora em relação às músicas mesmo continua boa, como todos esperavam, mas continuo preferindo as do Volume 1 e Volume 2. Mas, temos aqui Come And Get Your Love de novo, e sempre vou adorar quando referenciam a minha cena preferida do UCM, que é a cena inicial do primeiro Guardiões, uma daquelas cenas que quebra a expectativa de forma a extrapolar não só o filme, mas o contexto em que ele foi feito. E, quais são os quase problemas do filme? Bom, temos a falta de protagonismo de Quill. O conflito dele nesse filme se resume a Gamora, e a ela apenas, e nisso ele acaba dividindo a cena de igual para igual com os outros Guardiões, algo que não acontecia, principalmente na segunda parte, em que ele era o foco. Assim, Rocket é o foco do filme, ao mesmo tempo em que ele quase só aparece em flashbacks, gerando uma estrutura narrativa bizarra em que o protagonista (que é o Rocket) é desenvolvido sem estar presente. E, aqui que temos um dos vários exemplos em que Guardiões 3 erra e acerta. Em relação à Gamora, por exemplo, tudo é feito como de praxe, mas a decisão de não reavivar ainda o romance dela com Quill é muito mais interessante, do que focar nele e na sua tentativa de reconquista-la. Relegar o Quill a um co-protagonismo acabou por salvar sua trama com Gamora. Da mesma forma, por mais que Rocket seja um protagonista “ausente” no presente da narrativa, os flashbacks contando de sua vida enriquecem o filme, trazendo um tom extremamente triste, pois o sofrimento dos pobres bichinhos de teste é muito bem construído (acho que nada na Marvel tinha uma atmosfera tão triste como aquelas gaiolas, em contraponto com animais fofos, mas deformados e doloridos, e que, mesmo assim, encontravam alegria na companhia um do outro).
E, mais uma vez, são flashbacks, então, a todo tempo, temos a certeza de que eles irão morrer, mas, se isso poderia ser, a princípio, um problema, acaba por nos deixar mais ansiosos e deprimidos ao observar a alegria dos personagens, alegria que já sabemos que será destruída. E, a reação de Rocket com a morte de uma delas talvez seja o momento dramaticamente mais forte e triste de todo o UCM
. E, é nisso que James Gunn se destaca entre os demais, como já citei. Joss Whedon e Taika Waititi podem ser bem eficientes na construção do humor, os irmãos Russo sabem muito bem fazer ação, mas é apenas James Gunn que consegue trazer tudo isso aliado à um contexto dramático, apenas ele busca fazer (ou apenas ele SABE fazer) filmes do UCM com carga dramática, ao invés de esconder a fragilidade narrativa com piadas e ação, James Gunn usa seu talento para explorar essas fragilidades e transforma-las em cinema, em sentimento, em um tom épico. Podemos até dizer que Guerra Infinita e Ultimato tinham esse tom e essa dramaticidade, mas isso é mais pela escala cinematográfica (vários heróis em tela, conclusão dessa fase do UCM, etc), do que por talento na direção. Claro, Guardiões 3 possui, ainda assim, alguns problemas que as outras partes não possuíam. Entretanto, a carga dramática nesse filme me faz considerar se ele não é realmente superior aos outros 2. Bom, o principal problema aqui, para mim, é que James Gunn queria entregar um filme mais pesado e triste. Entretanto, isso vai de encontro à natureza do UCM e dos próprios Guardiões e da proposta oitentista, destruindo a expectativa do público. Se, por um lado, as cenas que envolvem Rocket são tensas e cruas, não só as de flashback, como as atuais com o personagem na beira da morte, por outro lado os Guardiões parecem não se importar tanto assim com tal urgência, fazendo piadinhas o tempo todo ao invés de focar. E, sabendo dessa fragilidade, James Gunn recorre a um recurso fácil, mas frágil e expositivo, fazendo com que, depois de piadinhas, os personagens bombardeiem a urgência da situação (“temos tantas horas, depois disso Rocket morre”, etc), num recurso para que se possa fazer as piadas sem abater, assim, a carga dramática da situação. Até funciona, mas é um recurso pouco elegante. Outro grande problema foi que precisavam abarcar muita coisa em um filme só. Não só narrativamente, mas emocionalmente. Assim, algumas situações críticas acabam não tendo o respiro e reflexão necessários. Os tiros que Drax toma parecem a princípio gravíssimos, mas, na próxima cena, é como se nada tivesse acontecido e quase não é comentado. O ataque de Adão no início parece servir só para lesionar o Rocket, quase não sendo comentado, com o Adão pulando aqui e ali, sem ser um personagem discutido a fundo pelos outros personagens.
Além disso, a morte da mãe dele parecia que ia servir a algum propósito, mas é logo esquecida. A Contra-Terra é destruída, mas praticamente não tem comentários sobre
. Aliás, é tanta coisa no roteiro, que a própria Contra-Terra, que é um conceito bem legal, praticamente não é explorada em seu potencial. Outro ponto, esse filme entrega boas cenas de ação, inclusive a do corredor, que talvez seja a melhor do UCM. Os filmes da Marvel, praticamente todos, possuem cenas de ação porcas (e, por algum motivo, isso é ignorado pela crítica), pouquíssimas cenas de ação do UCM não consistem de pancadaria generalizada entre heróis e vilões (ou, mais comumente, entre heróis e heróis) repleta de um milhão de cortes a cada soco, mas aqui temos uma cena de luta realmente orquestrada. Entretanto, infelizmente, faltou na cena final uma luta mais elaborada com o vilão principal do filme, mesmo que a cena de batalha final seja boa como um todo. Aliás, considero esse um dos melhores vilões do UCM, talvez top 3. Mais uma vez, os filmes da Marvel, na maioria das vezes, possuem dificuldades em criar emoções pelo dramático, sempre apelando para humor. Isso enfraquece os vilões, com poucas exceções (como Thanos e Loki). Assim, é James Gunn que consegue criar um vilão do qual o único sentimento que nos gera é ódio, algo bem clássico dos vilões oitentistas, que, na maioria das vezes, não possuíam essa exigência de tridimensionalidade dos filmes atuais. O vilão do primeiro filme, Ronan, por exemplo, se encaixava nessa descrição, mas acaba sendo esquecível, não só por ser genérico, mas pela ausência de criar essa repulsa e ódio por ele, diferente de como acontece em Guardiões 3. Mais um exemplo que James Gunn entrega filmes com identidade própria, com elementos que geralmente são fracos nu UCM (boa ação, boa trilha, bons vilões). Aliás, cabe citar, esse tom mais dramático e triste já na musica inical. Afinal, estamos na conclusão de uma trilogia, ela deve ser mais pesada (Taika estragou tudo em Ragnarok e ninguém vai me convencer do contrário). Mas, mesmo assim, o diretor peca em alguns momentos em que falta sutileza e temos uma canastrice do cinema oitentista exagerada. Isso era condizente com as duas primeiras partes, mas nessa parte 3 ele quase perde a mão em alguns momentos (
espírito do Yondu, por exemplo, ou a cena do além no estilo de Harry Potter 7 parte 2, bem desnecessárias
). Outro ponto a comentar, é: "em que momento os Guardiões deixaram de ser heróis de moral dúbia?". O primeiro filme não terminava com eles falando em fazer "um pouco dos dois" (heroismo e bandidagem)? Perdi ou esqueci de alguma coisa? Em que momento eles se tornaram tão morais? Bom, no final, o filme, na minha opinião, está no top 5 do UCM com certeza. E, tenho que admitir, por mais que os boatos de que aqui se encerraria a jornada dos Guardiões, eu não estava preparado ainda para me despedir deles (especialmente da Mantis), e ainda não sentia que era aqui que essa despedida deveria acontecer. Assim,
Até disfarça bem suas limitações orçamentárias no inicio, mas a medida que o filme vai passando ele começa a se perder. Nas primeiras cenas a fotografia escura, o clima amador, a direção, etc, indicam que vamos ter um filme climático e sério, mas que depois do primeiro ato começa a perder um pouco de qualidade, com muitos closes e uma história que toma alguns rumos sem sentido, incluindo a reviravolta, que não gostei muito, e a sequência final, que não é tão boa assim. Em resumo, começa bem e vai decaindo. Nota: 6.5.
Começa bem, a cena inicial dá a impressão de que vamos assistir um filme bem dirigido e que consegue construir situações inventivas e dinâmicas no meio dos filmes de terror com perseguições. Entretanto, o que se segue no segundo e terceiro atos são várias situações que já vimos em outros filmes. A produção perde ritmo ao nos deixar de entregar qualquer coisa que chame a atenção ou que tire esse filme do mar de outras produções de baixo orçamento semelhantes, fazendo desse um exemplar inferior ao segundo filme apesar de, mesmo assim, ter seu charme como produção de baixo orçamento. Aliás, assisti o segundo filme sem saber da existência desse primeiro. Dando uma lida no meu comentário do segundo filme, vejo que ele possuia o mesmo problema, começa bem, mas depois fica repetitivo. A diferença que faz a parte 2 ser ligeiramente melhor é que ela até possui boas atenções no contexto de um filme de baixo orçamento. Nota: 6.7.
Não é ruim, sabe aproveitar bem as situações porpostas pela trama, fazendo algumas paródias até relevantes em relação ao ganho e à perda de dinheiro. O humor dessas situações consegue ser eficiente também (não é um filme hilário, mas é minimamente engraçado), inclusive os atores, que dão para o gasto. Claro, durante grande parte da produção temos um apinhado de clichês, mas isso não é nenhuma surpresa. No final, soa muito como um filme do Adam Sandler, já posso até imaginar o remake de Hollywood colocando o ator no papel principal. Nota: 6.7.
Reclamo bastante dos lançamentos superestimados do terror em 2022, o que torna o fato desse filme não ter tido tanta fama quanto Noites Brutais, Pânico 5, Sorria e afins é algo um tanto quanto injusto. E ter a mesma nota que Sorria, então, nem se fala. Enfim, é um filme que possui mais acertos do que erros. A situação já explorada outras vezes do confinamento poderia ser um problema, por soar repetitiva, mas o filme contorna isso com a condução e com reviravoltas, daquelas que você só vai saber se foram realmente boas revendo o filme, embora talvez tenham pecado um pouco na quantidade de plot twists, o último deles foi meio desnecessário. No final, ainda reserva um tempo para ter uma dose de violência. Assim, mesmo não possuindo nada de muito novo, merece uma assistida, pois filmes de estranhos em confinamento quase sempre geram boas produções, é uma fórmula eficiente de se trabalhar. Nota: 7.6.
Um filme bem tenso. Tem uma atmosfera normal até que lá pelas meia hora de filme somos subtamente jogados em uma situação crítica. Do nada a garota acaba se encontrando numa casa repleta de bandidos, e a forma como o filme é feito deixa qualquer um em um estado de enorme aflição pela fragilidade da garota em relação aos vilões do local, arrisco dizer que seja uma das cenas mais aflitivas dos primórdios do cinema. O que se segue dali também é muito bom, tomando a trama rumos polêmicos e que envolvem decisões/situações críticas, sem abandonar uma boa contração da tensão e de conflitos morais. Um dos exemplares do box de DVDs pre-code lançado pela Obras Primas aqui no Brasil, em que todos os quatro filmes foram muito bons. Nota: 8.9.
Durante a Tormenta é um filme surpreendentemente bom. De início, é difícil imaginar quais rumos a trama poderia tomar, revelando algumas surpresas que geram uma boa primeira metade. Entretanto, a segunda metade se embrenha em gerar revelação atrás de revelação de forma exagerada, pecando por uma ampliação não necessária dos aspectos de ficção de viagem no tempo da trama. não chegando a ficar realmente confuso, mas poderia ter essa segunda metade um pouco mais "limpa". Segue também aquela moda de refernciar os anos 1980, que foi popularizada com Stranger Things. Nota: 8.4.
Um filme que já estava fadado ao fracasso, considerando a extinção do atual Universo DC. Está no mesmo nível de quase todas as produções da Marvel, mas a diferença é que a qualidade mediana dos filmes da Marvel eram justificadas por fazerem parte de algo maior, por serem meros capítulos de um universo expandido. Como Shazam 2 não está inserido nesse contexto, acaba por ser um filme até bom, mas esquecível. Os efeitos estão bons, a ação é bem feita, a trama possui atrativos e consegue se manter, o humor é bom (um pouco exagerado em alguns momentos). Esta um pouco abaixo do primeiro, na minha opinião. O maior problema está no fato de que quase não vemos os a maioria dos personagens em sua forma pré-adolescente, fazendo a trama girar quase que em torna dos alter egos deles, o que acaba por tirar grande parte do desenvolvimento de personagem, focando demais na trama de herói e bem pouco na trama humana. No final, temos um filme decente, mas que não tem sentido fora de um universo expandido. Nota: 7.2.
Começa interessante, mas aos poucos vai declinando na falta de trama. Funcionaria muito bem como média metragem, ou se adicionassem mais substrato,como explorar alguns personagens ou investigações. No final, a falta de despertar esse interesse acaba prejudicando a conclusão do mistério,além da ausência de um clímax mais encorpado. Visto como o filme holandês para o desafio de assistir um filme de cada país da Copa do Mundo. Filme 27 de 32. Nota: 6.9.
A primeira vez que assisti Tempos Modernos foi na escola. O professor iria passar apenas a primeira metade do filme mas, a pedidos dos alunos, foi exibido o filme completo. E, as risadas dos meus colegas acompanharam toda a produção. Não existe muito o que comentar que já não tenha sido dito em relação ao humor físico e gags de Tempos Modernos (a que envolve a "cola" da música é hilária). Vindo depois de alguns anos em que o diretor ficou "sumido", devido a popularização do cinema falado, Tempos Modernos vem quase como um revival do cinema mudo depois que o cinema falado deixou de ser moda e tinha sido demonstrado que tinha vindo para ficar. Assim, me lembro que fiquei confuso com algumas falas e sons no filme, sem entender por qual motivo um filme mudo teria falas. Ainda não sabia que Tempos Modernos é um filme mudo já feito na era do cinema falado, quando ainda não havia consolidada a ideia de que humor físico poderia, sim, ser feito em conjunto com um filme falado. Aliás, Tempos Modernos não é um filme mudo, mas um filme sonoro, mas que, como filme de Chaplin, não poderia abandonar o estilo de suas produções anteriores. É um filme que, por mais que tenha a proposta de demonstrar os problemas contemporâneos à produção (está no título, oras), não deixa de ter uma mensagem atemporal, além de alguns problemas que insistem em nos martelar como sociedades. O desemprego, as greves, os trabalhos insalubres, a busca por uma mecanização e inumanização do trabalhador (a invenção que cortaria o tempo de almoço, que é descartada não por ser abusiva, e sim por não ser prática), a força policial implacável contra os menos abastados, etc. E, depois de tantas desventuras, temos um dos takes finais mais famosos e belos da história do cinema, numa mensagem de esperança e otimisto, enquanto os personagens são acompanhados por uma música composta por Chaplin chamada "Smile". Nota: 9.5.
Se o Batman de 1989 tinha uma proposta de apresentar um Batman mais sombrio,influenciado pelos quadrinhos da época, que estavam ficando mais adultos, o filme Batman Begins possui uma proposta um pouco diferente. O Batman de 1989, querendo ou não, é uma cria dos anos 1980, e, por mais sombrio que seja, não deixa de ser um filme fantasioso e estilizado. Já Batman Begins vem ser o pilar de uma tendência que permanece até hoje, do hiper-realismo e o máximo de verossimilhança possível nas produções cinematográficas. Entretanto, essa proposta realista não deveria vir carente de alguma estilização. Do contrário, acaba que temos um filme como esse, meio "seco", "sem gosto". A fotografia não apresenta nada, é quase ambiente. A ação é grande parte da vezes "dura". Possui uma trama que consegue sustentar, a visão um pouco diferenciada acaba justificando um novo filme de origem do Batman (o Begins é ressaltado no título pois não muito tempo antes tínhamos tido uma quadrilogia que tinha feito bastante suscesso, apesar de alguns filmes fracos), apesar de algumas ressalvas e críticas sobre a fidelidade ao personagem, como o treinamento ninja, ou o fato do Batman ser tão equipado que perde sua agilidade (talvez tenham exagerado no realismo). Senti falta também da direção do Nolan aqui. Ele entra apenas com a proposta realista, mas parece ter se contido nas outras questões, como cenas de ação paralela interessantes, situações que também envolvem ação, mas sem abandonar questões mais cerebrais e todos aqueles diferenciais típicos do diretor. Sobre as atuações, são corretas, embora não excepcionais. Outro problema desse realismo exagerado está no Espantalho, que acaba sendo um vilão bem esquecível, embora cumpra seu papel. No final, é um bom início de trilogia, e que ajudou a consolidar o realismo exagerado que dominou (e domina) as produções hollywoodianas atuais, mas que possui pecados, principalmente a "ausência" de Christopher Nolan. Nota: 8.4.
Na minha opinião está praticamente no mesmo nível do primeiro. E, possui basicamente os mesmos problemas. O maior deles é novamente pegar a trama de Pânico e inseri-la no contexto das Lendas Urbanas. Se o primeiro filme pegava a metalinguagem com personagens fãs de terror, esse segunda extrapola essa metalinguagem da mesma forma que Pânico fez em suas partes 2 e 3, focando na produção de um filme. Só que aqui temos uma mistura de Pânico 2 e 3, no contexto da universidade (o 2) e da produção de filmes (o Pânico 3, que se passa em Hollywood). Isso acaba até rendendo bons momentos, embora, mais uma vez, pegue coisas demais de Pânico. E, assim como o primeiro, até consegue contruir razoavelmente bem a questão principal nos new slashers, que é quem será o assassino. E, mais uma vez, assim como a parte 1, revi como se estivesse vendo pela primeira vez, pois não lembrava de absolutamente nada. No final, acaba sendo uma boa pedida para quem realmente gosta dos new slashers, apesar de, como exemplar do sub-gênero, seja apenas mais do mesmo. Resta saber, agora que a trilogia Pânico já foi toda copiada nessa franquia, qual será o filme copiado na terceira parte? Eu já assisti, mas, assim como as partes 1 e 2, não me recordo de nada. Nota: 7.1.
Sem Novidade no Front é um filme bem diferente do que eu esperava. Geralmente, quando uma nova tecnologia entra no cinema, ela é explorada a ponto de se sobrepor a outros elementos cinematográficos/narrativos. Os filmes lançados entre 1928 e 1931, por exemplo, exploravam a nova invenção dos filmes falados. Assim, a maioria desses filmes era verborrágico ao extremo, pouco explorando outros elementos cinematográficos, alguns até se assemelhando a peças gravadas (como Juno e o Pavão, Drácula de 1931, Lights Of New York, etc). Assim, esperava que Sem Novidade no Front fosse seguri esse padrão, mas, ao contrário, ele não se deixa subjugar pela "moda" do cinema falado, e soa muito mais como um filme do final dos anos 1930 (em estilo, claro) do que como um filme do início daquela década. Acho que isso se deve ao fato de ser baseado em um livro, mas também na questão de inserir cenas de ação para explorar a novidade do som no cinema não apenas na fala, como grande parte dos filmes fazia, mas também na sonoplastia, criando batalhas muito bem coreografadas e imersivas. Tudo isso empacotado em uma mensagem anti-guerra bem construída e pertinente a qualquer época em que seja assistido. Nota: 8.4.
Me lembro quando esse filme saiu, com produção do Bloody Disgusting. Lembro de acompanhar as notícias e a proposta de unir VHS com violência em um found footage, tendando resgatar um estilo que já vinha perdendo força. O boom havia se iniciado em 2009, com a popularização de Atividade Paranormal, mas, como a proposta original dos found footages era serem mais sugestivos para passarem a impressão de serem realmente gravações reais, logo perderam força quando ficou claro que o surgimento de várias dessas produções demonstrava que não eram reais. Assim, em 2012 temos o abandono dessa ideia de se vender como filmes que realmente aconteceram,o que abriu caminho para found footages mais ousados, como Poder Sem Limites, VHS, Deborah Logan, Assim Na Terra Como No Inferno, etc. E VHS, até onde eu sei, foi a primeira antologia nesse estilo, trazendo também uma dose de gore que não era comum nessas produções. E, temos que a ideia de antologia, em princípio, seria benéfica para o estilo, afinal, não precisaríamos daqueles 30 primeiros minutos em que pouca coisa acontece, além do que, gravações caseiras numa situação de terror realmente não iriam ter durações tão longas, fazendo sentido produções found footage curtas. Entretanto, faltam duas coisas para o filme: premissas interessantes nas histórias e maior uso do estilo VHS nas gravações, com chuviscos, qualidade de imagem inferior a atual,ou até mesmo algo como uma fita embolada em que não conseguimos ver o que se passa em algum momento. Bom, agora coloco uma pequena opinião de cada curta (vou usar os nomes dados pelo usuário Fábio SS aqui no Filmow). 1° Curta: A Estranha: Me lembro de não ter gostado tanto assim desse curta quando assisti da primeira vez. Achei (e ainda acho) ele "meio nada", sem nenhum grande atrativo, quase sem roteiro. Claro, se trata de um found footage, cujo ponto principal é a imersão e a técnica, e menos a história, mas poderiam ter tentado colocar um pouco mais de substrato. De toda forma, acaba sendo o melhor dos curtas, pelo gore e pelos bons efeitos. Nota 7. 2° Curta: Pedido de Carona: Os filmes do Ti West costumam ser muito vazios também. Uma construção lenta para a cena final é algo legal, mas o problema é que ele sempre esquece de colocar algo realmente interessante no final que faça jus a toda a construção vagarosa de suas obras. No final, sempre fica a sensação de "era só isso?", e nesse curta não foi diferente. Considero esse o piorzinho (sem contar o curta de conexão) Nota 7. 3°Curta: Na Floresta: Esse poderia ter sido o melhor, toda a premissa e a localidade poderiam ter gerado algo memorável, mas a execução dos eventos foi meio tosca. Considero o segundo pior. Nota 7. 4° Curta: WebLove: Esse é o segundo melhor e chega bem perto do primeiro. Tem até bastante roteiro, é assustador, mas o final desando levemente, apesar da reviravolta. Também tem como problema fugir da proposta VHS, por se tratar de uma Webcam, embora tenha sido uma das primeiras produçoes de gravação de tela (ou invés de found footage) a ser feito. Nota: 7. 5° Curta: Noite de Festa: Esse fica como o terceiro melhor, apesar de não possuir grandes atrativos no início, tem um bom final e também cumpre a proposta de ser uma gravação VHS. Outro problema, talvez, seja ser o último de um longo filme, aparencendo num momento que já estamos um pouco cansados e saturados, ficando mais difícil de aprecia-lo. Nota 7. O Ramo Principal: Bom, é o curta de ligação, então, no geral, não devemos ser muito exigentes com ele. O problema é que é gasto muito tempo nesse curta de ligação que, por ser apenas de ligação, não tem muito o que mostrar e, exatamente por isso, deveria ter sido mais reduzido, servindo apenas para cumprir seu papel de ligar as histórias, acabando por ser o piorzinho entre todos. Nota: 7.
No final, é uma produção que cumpre seu papel de found footage, com cenas frenéticas e boa imersão, fazendo bom uso da técnica de found footage, sendo uma boa pedida para quem gosta do gênero. Comete dois grande pecados, um sendo o de não explorar muito o estilo de gravação VHS, e o outro é o que eu falei do fato de serem curtas. Se tem um problema nos found footages são seus primeiros atos, que no geral são um imenso vazio. A proposta de curta poderia nos fazer passar mais rápido por esse primeiro ato moroso, entretanto, todos os curtas aqui tem essa estrutura found footage, de um imenso nada, deixando toda a execução para o final, algo que poderia ser evitado justamente por se tratarem de curtas, mas, mesmo assim, ficaram engessados na mesma fórmula dos found footage de longa-metragem. Nota: 7.4.
Da primeira vez que assisti Top Gun, na ocasião do trigésimo aniversário do filme, achei bem decepcionante. Digamos que a expectativa, por se tratar de um filme dos anos 1980, era de que teríamos aquele roteiro típico da época, que exigirá muita suspensão da crença, além de muita ação, aventura, etc. Bom, revendo agora, vejo que a proposta de uma produção mais realista, mais contida e focada no treinamento militar, é mais interessante do que um filme de ação brucutu oitentista, fazendo deste não um filme de ação, mas um raro drama de ação, embora, claro, se trate de uma produção oitentista e vez ou outra temos que nos suspender da realidade (
a forma rápida como o protagonista salta da conclusão do treinamento para a batalha, e da batalha inicial já salta para o sucesso, e do sucesso salta para a escola de novo, ficando amigo do antagonista, ao mesmo tempo que a gata do filme volta para que os dois terminem juntos, etc
). Quando assisti da primeira vez, eu falava três coisas: Tom Cruise não é nada de demais (galã feio e atuação canastrona),a morte de um personagem não foi boa e a melhor coisa do filme é Take My Breath Away. Revendo agora em 2023, mudo um pouco. A melhor coisa do filme não é Take My Breath Away, e sim a trilha sonora (com o ótimo hino de Top Gun, e várias músicas bem oitentistas), fazendo ser o LP do filme mais interesante que o próprio filme. Bom, o primeiro ato é interessante, mas algo que sempre me incomodou foi
a morte do Goose, A partir dali, o filme que vinha se construindo de maneira até sólida, não apelando para a ação e sendo mais puxado para o drama, acaba desandando, abandonando a construção interessante que vinha tendo e se tornando um filme típico oitentista, com soluções fáceis, suspensão da crença, conveniências, desenvolvimento de personagem canhestro e por aí vai. Como ja´comentei, as coisas vão acontecendo muito rápido e de forma conveniente,mas não só isso, o filme vinha desenvolvendo Maverick como um inconsequente, quando temos a morte de Goose e isso é abandonado, mudando o desenvolvimento do protagonista para o receio de voar de novo, quebrando uma construção narrativa, que fica sem resolução, para enfiar outra. Teria sido narrativamente mais interessante se, por uma atitude inconsequente de Maverick, Goose tivesse se acidentado gravemente ou algo do tipo, e por isso o protagonista ficaria com receio de voar, ou perderia suas habilidades por sua insegurança, tendo, assim, um desenvolvimento mais coeso
. Mas, de toda forma, é um filme com uma boa trilha sonora, que evita apelar para a ação descerebrada, pendendo mais para o drama (uma decisão ousada nos anos 1980) e que é muito bem filmado, valendo, assim, uma assistida para quem gosta de cinema (e de música, top 5 melhores trilhas sonoras na minha opinião), apesar dos problemas que citei acima. Nota: 8.2.
Venderam como se fosse uma daquelas produções toscas de zumbi, mas, curiosamente, é um filme de terror que, mesmo tendo baixo orçamento, tenta (enfase no tenta) ser mais profunda e bem produzida, em nenhum momento se aproximando do trash sugerido pelo lançamento nacional (creio que internacionalmente também). De cara já me assustei pela longa-duração, incomum em filmes de menor orçamento. Então, somo surpreendidos com um filme que tenta desenvolver e aplicar uma boa história, e que até funciona na sua premissa durante o primeiro e sgundo atos, entretanto, o exagero em tentar se mostrar um filme com boa trama fez os realizadores se perderem na conclusão, enfiando história demais a ponto de ficar confuso e gerar diversos buracos. Poderiam ter jogado mais simples no último ato, sem apelar para estripolias narrativas, o que acabou por fazer o filme, que estava até razoável,desandar. Nota: 6.7. P.S.: No meu DVD o filme se chama simplesmente "O Lago Dos Mortos", tive que buscar pelo título original. Não sei qual o lançamento nacional que recebeu o título que está aqui no Filmow.
O Oscar sempre me decepciona. No geral, sempre reclamo da falta de diversidade de gêneros nos filmes da academia. Nos últimos 10 anos (talvez nos últimos 20), apenas um filme de terror concorreu,mesmo que estejamos vivendo uma das melhores épocas do terror, sendo que muito desses filmes eram bem melhores que as toneladas de dramas e cinebiografias meia-boca que concorreram e que linguém lembra hoje em dia que existiram. E, para comprovar que o Oscar é mesmo péssimo na minha visão, não concordei com essa única produção de terror que concorreu, no caso, Corra, que para mim não merecia ter sido indicado. Além disso, nesses últimos anos, até tem havido mais tentativas de incluir filmes de outros gêneros, como Pantera Negra (não merecia), Missão Madrinha de Casamento (argh), Mad Max (um dos grandes acertos na minha visão), Top Gun, e este Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo. E, confesso, quando fiquei sabendo que Tudo Em Todo Lugar estava concorrendo, agradeci e torci pelo filme, mesmo não tendo assistido, apenas pelo fato de que a academia estava incluindo um filme que não eram aqueles dramas de sempre. Acontece que Tudo Em Todo Lugar é outro "Corra". Quando a academia finalmente sai da mesmice e resolve colocar um filme de um gênero cinematográfico que não é de drama, ela sempre escolhe um filme desse gênero que estava longe de merecer, enquanto haviam vários outros quemereciam. Assim, quando assisti esse filme logo antes da cerimônica foi decepcionante, e pior ainda foi que a produção conseguiu levar o prêmio de melhor filme. A base desse filme é Matrix. Dá para definir Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo como um Matrix do Multiverso com humor. Temos o(a) escolhido(a), a cena na repartição em que a trama começa a ser revelada, o vilão que salta entre as conexões (virtuais em Matrix, multiversais aqui), etc. A primeira metade é Matrix puro, o que não deixa de ser irônico, afinal a academia esnobou completamente Matrix (ganhou os técnicos, que eram mais que merecidos), que é facilmente um dos melhores filmes dos anos 1990 e uma das bases do cinema do século XXI, como Tudo Em Todo Lugar, ao usar Matrix de base, comprova. Bom, esse copia e cola de Matrix está apenas no esqueleto narrativo e no primeiro ato, o que,em si, não é um grande problema, mas somado com o maior pecado do filme (que explicarei adiante), acaba por fazer com que soe uma produção decepcionante. Mas, já que estou falando do roteiro, vou explanar que ele é bem positivo quando expande e se descola de Matrix no segundo e terceiro ato, com discussões filosóficas (abordadas superficialmente se comparadas com Matrix, mas ok), além de conseguir amarrar vários conceitos e multiversos de forma a não ficar muito confuso, e enveredando por caminhos por vezes até surpreendentes. Claro, quando temos filmes assim, a base do conflito dos protagonistas acaba sempre sendo a questão familiar, por ser algo de mais fácil identificação e explanação, evitando misturar dois temas complexos: o desenvolvimento dos personagens e a construção do mundo de ficção (que, por si, já é complexo por se tratar de tentar explicar e explorar o multiverso um filme só). Então, qual é o problema? Bom, o filme, ao contrário de Matrix e de outras ficções científicas de ação (como Inception), não é nada sólido. O filme mistura um humor escrachado (totalmente fora de lugar) com um ritmo frenético, que várias vezes abandona a narrativa para explorar ideias conceituais, quase sempre envolvidas de humor, e que não cabem no filme, cortando a narrativa de um modo que destroi a solidez necessária para um filme nota dez e digno de prêmios. Em resumo, o grande vilão desse filme é o humor descabido e fora de lugar, que não chega a ser tão engraçado e que escalpela a chance do filme ser tão excelente contra suas contrapartes. Não que eu seja contra o humor escrachado, mas o uso dele nesse filme prejudicou e muito a narrativa. Vejam os filmes da Marvel, por exemplo. O humor exagerado salvava aqueles filmes, escondendo o quanto os roteiros eram fracos e cheios de furos. No UCM, o humor foi utlizado de tal modo que beneficiou a produção. Podemos citar também Scott Pilgrim, como no comentário abaixo, que é um filme de romance e aventura que possui piadas de 30 em 30 segundos e mesmo assim não abandona a solidez narrativa. Ou, podemos citar outro filme dos mesmos diretores, Um Cadáver Para Sobreviver, que é melhor que Tudo Em Todo Lugar, e usa do mesmo humor escatológico de forma bem melhor, e que beneficia a narrativa e a proposta do filme. Já em Tudo Em Todo Lugar, o humor exagerado e sempre presente não deveria ser incluido na proposta do filme, pois prejudicou o andamento narrativo, ajudando a desconstruir e esfarelar um roteiro que já tinha essa tendência, pela propria natureza da proposta, de explorar o multiverso. Dito isso, também tenho ressalvas quanto as cenas de ação, que poderiam ser melhores. Matrix, Tarantino, Mad Max, por exemplo, possuem várias cenas de ação memoráveis, enquanto Tudo Em Todo Lugar acaba por não possuir grandes cenas de ação que saim do comum. Deveriam ter focado nisso, e não no humor, o que acaba por me obrigar a redefinir o gênero desse filme. Não se trata de uma produção de ação e ficção científica, e sim de um filme de comédia de ficção-científica. Talvez, em algum lugar do multiverso, os diretores tenham percebido isso a tempo e corrigido e apagado o humor fora de lugar e entregado boa ação, gerando um novo clássico que eu daria nota dez. E, se for esse o caso, eu tenho certeza que nesse outro universo o filme, por ter ficado melhor, não ganhou nenhum Oscar. Maldita academia, até no multiverso não sabe dar prêmios. Nota: 7.8.
Não consigo gostar de filmes franceses. Acho que esse vai ser o início de todo comentário que eu faço em um filme francês. E, nesse caso, assisti um filme da França para meu desafio de assistir um filme para cada país da Copa, e escolhi este por estar na lista de filmes para assistir a um bom tempo. E, grande parte das minhas reclamações do filmes desse país se encontram aqui. A principal delas é a vontade de se mostrar como filmes superiores por serem verossímeis, realistas, tratarem de temas caros ao cotidiano com crítica ou sensibilidade e blá blá blá. Mas, não consigo, esses filmes se exibem demais, são pomposos demais, como se fossem mais inteligentes apenas por não serem blockbusters. Não consigo sentir realismo nos filmes franceses, pois são sempre cheios de personagens quase caricatos (não é tanto o caso aqui) ou povoados apenas por pessoas que se formaram com nota máxima na faculdade de letras, sempre com referências finas e falas elaboradas e inteligentes. E isso sempre me quebra, pois não é nada realista e, ora, esse suposto realismo não era o objetivo do cinema francês? Enfim, grande parte das minhas reclamações para com o cinema da França se encontram aqui (faltou citar a monotonia, mas isso já era de se esperar). Para falar a verdade, eu estava até gostando, mas o filme desandou para mim no momento em que se mostrou se tratar de um filme de romance. Estava apreciando a premissa, e gostaria muito mais da ideia de as duas desenvolverem algo menos óbvio do qu atração, mas o filme enveredou por esse caminho esperado, infelizmente. Mas, além da premissa e início interessante, possui bons diálogos (apesar da minha ressalva já explicada quanto a isso, que é algo sempre exagerado no cinema francês), é um filme extremamente bonito visualmente, com uma fotografia, além da boa direção e dos excelentes aspectos técnicos no geral (design de produção, por exemplo, é simples, sem aquelas patasquadas exageradas de Hollywood quando quer recriar uma época para um filme), sendo, aliás, totalmente esnobado pelo Oscar, pois merecia indicações em vários aspectos técnicos, além de direção e fotografia, sendo não ter dado um prêmio, seuqer uma indicação, nesse quesito um dos maiores pecados (dos vários) do Oscar, que ignorou uma das melhores fotografias dos últimos anos. Filme 26 de 32. Nota: 7.9.
Ótimo filme, que aborda temas atuais (para a época) em uma trama de terror. Acontece que, como grande parte das críticas socias de um comportamento padrão em seu tempo, tal crítica pode ser transportada para a realidade atual do espectador, demonstrando que muitas vezes, o problema é a sociedade, e não o que se está critiacando em específico, mas me deixe explicar melhor. O contexto do filme é abordar a forma como a televisão estava sendo endeusada, dominante no contexto dos anos 1980, se tornando o meio de comunicação mais popular e uma presença obrigatória em qualquer residência (ou sala de espera, quarto de hotel e afins). Não só isso, como os limites do que envolviam tão aparelho estavam num caminho de não mais existirem, tamanha sua importância. Colocar a possibilidade de que algo como Videodrome pudesse ser exibido demonstra isso. Além dessa falta de limite, em que qualquer coisa poderia passar na TV, em busca de audiência, lucros,e por causa da banalização da programação, temos também a crítica da manipulação do pensamento, a ideia de que utilizar apenas a televisão como meio de lazer/informação gera um público dócil e pronto para obedecer o que os criadores de programas determinarem, como gados. Claro, a crítica é à televisão mas, mesmo assim, não deia de ser pertinente a outras épocas, como a era do rádio, o início da internet nos anos 2000 ou os dias atuais. Banalização de comportamentos crueis e imorais, público "ovelha" disposto a acreditar e obedecer a tudo que mandam se coisas que acontecem no nosso contexto atual de smartphones. Claro, existem várias oturas críticas que se poderia fazer a nossa sociedade atual que extrapolam as que existiam nos anos 1980, na era da TV (opinar sem ter conhecimento de um assunto, cancelamento virtual, etc), mas o fato de críticas à tecnologia dos anos 1980 funcionarem e serem pertinentes no tempo atual demonstra que o problema não é a tecnologia em si, mas a sociedade que sempre vai fazer, primordialmente, mau uso dela. Dito isso,o filme é ótimo além de seus subtextos e críticas. As maquiagens grotescas típicas dos filmes de terror dos anos 1980, misturando surrealismo com tecnologia, a trama conspiratória, o clima de paranóia, a ideia das alucinações,a sensação de não saber o que é real e não é e o tom pessimista, de que uma pessoa só não consegue combater toda a indústria vilanesca são os pontos que ressalto em relação ao filme, além de contar também com um tema que sempre é bom em filmes de terror, que é a ideia de filmes "snuff". Nota: 9.2.
Cheio de incoerências no roteiro, e na própria estrutura. A dosagem de humor e terror não ficou legal, pois o filme tenta construir uma tensão que não condiz com o humor que brota do nada e pouco contribui para melhorar o filme. Ao contrário, atrapalha. Outro ponto está que o filme possui história demais e terror de menos. Sim, não acredito que estou reclamando disso, mas é verdade. É gasto um tempo imenso em plot e construção de personagens, mas isso só funciona quando o roteiro é bom, mas o que temos aqui é um tempo grande gasto em um roteiro clichê, repleto de falhas, sendo que seríamos mais beneficiados se esse tempo fosse usado para a construção da tensão. E, algumas das falhas estão em algumas situações que já cansaram. Sério, eu previ o acidente de carro no início em 2 segundos. Até o momento que ele ia acontecer ficou óbvio pelo ângulo. Não fiz uma contagem, mas devem existir, com toda certeza e sem exageros, masi de uma centena de filmes com início semelhante. E existem também várias outras falhas, como o quanto a boneca é tecnologicamente avançada. Não tem sentido nenhum essa robótica toda aplicada em um brinquedo, menos ainda colocar ela como um Wolverine, com um esqueleto a base do metal mais duro da Terra. E, sinceramente, era muito fácil não errar na programação da boneca e evitar que ela machucasse as pessoas, e a forma que isso se deu foi meio estúpida, ainda mais se considerarmos a inteligência dos programadores. Mas, ainda assim é um filme que consegue entreter, e, apesar dessas falhas, o conceito envolta da boneca assassina da modernidade ainda é suficiente para sustentar o filme. A parte técnica, a fotografia e as atuações são boas também. Nota: 6.7.
A verdade é que se não é o talento do Spielberg, esse filme seria bem sem graça. Mas, como o grande diretor que é, consegue extrair dessa trama grandes quadros, cenas memoráveis e emoção nos trechos que poderiam até ser banais. Meu principal problema com esse filme está mesmo relacionado com a estrutura. A primeira uma hora poderia ser enxutada em 20 minutos, pois essa trama de traição está longe de ser interessante, enquanto o trecho que envolve o colegial é bem mais interessante (a melhor parte do filme é a menina com fetiche na religião). Também interessante é observar a forma como o protagonista enxerga o cinema e busca trazer a linguagem cinematoográfica para a vida, e como consegue transpor isso e captar pela câmera. Mas, apesar de ser sim, um bom filme, está longe de ser um grande filme, digno do Oscar. E, por qual motivo então concorreu a prêmios? Simples, é aquela velha fórmula que faz o filme concorrer a prêmios, mesmo que seja um filme mediano ou bom. Diretor de nome e queridinho da academia, metalinguagem (um filme que fala sobre produção de filmes sempre a os membros do Oscar quase morrerem de tesão) e, por fim, a estranha paixão que os críticos tem por cinebiografias, por mais clichê que sejam sempre concorrem. Mas, não é só nesse aspecto que me incomodou as indicações do filme no Oscar. Concorrer. Judd Hirsch para melhor ator coadjuvante filme bizarro, só pode ter sido políticagem. Além do tempo de tela minúsculo (não deve ter dado nem 5% do tempo de tela do vencedor, Ke Huy Quan), a atuação dele foi caricata, sem graça, nem um pouco memorável (e pensar que Alan Rickman foi esnobado em Harry Potter 7 parte 2, muitas pessoas falaram que foi pelo pouco tempo de tela). Além disso, a única cena que ele aparece é completamente desnecessária, quase episódica, não sendo mais citada ou em quase nada interferindo na jornada do protagonista, pois os ensinamentos dele, sobre a arte nos fazer párias familiares, não se aplica ao filme, pois não foi a arte a responsável pelo destroçamento familiar. Também achei absurdo Michelle Williams concorrer a melhor atriz coadjuvante, com aquela atuação exagerada e que quase faz a mãe do protagonista soar antipática. Paul Dano, que merecia um bilhão de vezes mais ter concorrido a ator coadjuvante, nem sequer foi lembrado. Até mesmo o próprio Oscar não entende de atuação, preferindo atuações dramáticas, em papéis mais exagerados ou dramáticos e chorosos, como se só esses fossem mais complexos (o motivo de "Coringas" sempre concorrerem a melhor ator). Paul Dano entrega uma das melhores atuações do ano (talvez da década) facilmente, mas como é um personagem mais intimista, que não fica esgoelando e chorando o tempo todo, foi completamente ignorado. O pai do protagonista é talvez o personagem mais interessante do filme, mas ninguém irá reparar nisso. Por fim, bem legal ver a evolução tecnológica e a aparição de um grande diretor sendo interpretado por outro grande diretor. É um filme bem legal para quem gosta de história do cinema, mas o substrato para essa trama, para mim, não foi dos mais interessantes. Nota: 8.1.
É como se alguém pegasse a ideia do mad max e colocasse numa produção europeia metida a filme de arte, uma mistura que muito dificilmente daria certo. Soma-se a isso o fato de ser protagonizado por Sandy e Júnior, o que acaba atraindo um público acostumado com um pastelão adolescente, que lê capricho, e tem-se a receita do desastre. E lembro-me até bem do lançamento dessa produção na época, de todo o marketing envolvendo uma produção cinematográfica protagonizada pela dupla, e de como o público reclamou do filme. A produção é até acertada como um todo, na questão dos cenários, figurino, além da direção não ser ruim, trazendo também uma mensagem ecológica (falta de água era realmente um assunto bem frequente na época). Os principais problemas do filmes são dois, e estão relacionados com o roteiro. Um é que a falta de água não parece ser algo tão alarmante assim. Todos estão bem limpos, com uma cútis invejável, e não reclamando tanto assim de sede, ou de fome, afinal, estão num deserto onde nada floresce. Até tem um racionamento de água, mas ela não parece estar em uma ausência tão gravosa assim. O outro ponto falho é que nada acontece. Ou, pelo menos, nada narrativamente relevante. Temos apenas uma visã de como é o dia-a-dia em uma sociedade com pouca água e só. Claro, se fosse um filme de arte metido europeu, não acontecer nada não seria um problema, visto que haveria alguma sensibilidade por trás, ou algum ensinamento, ou o simples fato de já assistirmos com o olhar de que vai ser um filme de arte e portanto não precisamos esperar que coisas relevantes realmente aconteçam, pois vamos acompanhar a vida como ela é e isso é suficiente (Amour, de 2012, por exemplo). E, se fosse o mesmo filme, mas se passando em uma fazendona isolada no nordeste nos anos 30, em que acompanharíamos o dia-a-dia de uma família nordestina em que nada de relevante acontecesse na trama, esse "nada acontecer" não seria um problema, pois é um filme que retrata um contexto social, realista, e blá, blá, blá. O que nos remete ao inicio do meu comentário e ao problema que apontei sobre a produção. Sendo um filme distópico protagonizado por uam dupla popular, e não uma produção artística de Cannes, focar em pequenas situações irrelevantes para retratar um mundo sem água não funciona, pois esperamos que haa trama, um mínimo de ação ou aventura que seja. Ah, o personagem Závos é super pretencioso e não apresenta nada, talvez seja um retrato do que é mesmo esse filme. Mas, querendo ou não, acho que o filme tinha um esforço válido, só que a roupagem dada para ele não era condizente com a trama que se queria apresentar. Não é um filme divertido, é um filme-lição querendo conscientizar sobre o uso da água. E, aí, no final, é lembrado que temos que ter algum clímax, ele acontece e o filme acaba. Bom, considerando toda a expectativa frustrada e a campanha nacional na Copa do Mundo de 2022, talvez esse tenha realmente sido uma boa escolha para ser o filme brasileiro para o meu desafio de assistir um filme para cada país da Copa. Filme 25 de 32. Nota: 6.7.
Escolhido como o filme espanhol em meu desafio de assistir um filme para cada país da Copa por ter sido uma recomendação de um professor de cálculo nos idos anos de 2014. E o filme é um daqueles filmes de armadilha, semelhante aos vários torture porn (como jogos mortais) que foram lançados na primeira década dos anos 2000, embora aqui a violência e o terror não existam, puxando muito mais para o lados do thriller e dos enigmas. E a maioria dos enigmas é até interessante e tante-se dar uma explicação razoável para eles sem se tornar expositivo por demais. Mas, talvez, o filme tenha exagerado na "mirabolância" da armadilhas, enfiando reviravoltas no seu trecho final e perdendo um pouco o foco. Não sei se tal resulta em alguma falha de roteiro grave, sendo o tipo de coisa que seria necessária uma reassistida para ter certeza, mas, no geral, acredito que tenha sido coeso em seu roteiro, apesar do já citado exagero. Jogar simples, por vezes, também funciona. Filme 24 de 32. Nota: 8.3.
O Vingador Implacável
2.5 1O Ron Perlman DE NOVO? Quantos filmes esse cara fez? Não é possível, bagaceira de ação sim, bagaceira de ação nem esse cara aparece. Mas, enfim, é um filme de ação acertadinho, com tudo no lugar. Mas falta aquele algo a mais, o filme simplesmente faz tudo correto, mas de forma básica. Parece que o roteiro foi gerado por uma I.A. de tão genérico. Não só o roteiro, aliás, a ação, as locações, o vilão (meio difícil engolir um médico com a cara do Ron Perlman e pinta de vilão cafona genérico, mas, enfim), tudo é bem básico, mas bem feito. É um filme, digamos, neutro em se gênero de ação, e que só valeria ser visto por fãs ávidos desse gênero.
Nota: 6.7.
Guardiões da Galáxia: Vol. 3
4.2 803 Assista AgoraJames Gunn é o único diretor da Marvel que sabe dar carga dramática nos seus filmes. Joss Whedon esconde as fragilidades do filme com o humor, Taika Waititi é só humor. Os irmãos Russo pegaram filmes já grandiosos para dirigirem (tirando Capitão América 2). E, os outros diretores que apareceram estavam apenas cumprindo as ordens dos produtores para entregarem os filmes episódicos ou de origem. Assim, James Gunn consegue entregar uma trilogia própria para seus personagens, mas que ainda está inserida no contexto da história do UCM, sem, entretanto, abandonar seu estilo próprio e sucumbir aos enlatados episódicos que, querendo ou não, foram necessários para a contrução do UCM.
Assim, James Gunn, mais uma vez, entrega um dos melhores filmes do UCM. Ainda com a proposta de lançar um filme com a vibe oitentista em um contexto atual, de filmes sóbrios e realistas. E, confesso, não consigo dizer qual dos 3 é o melhor da trilogia. O primeiro foi eficiente em estabelecer os Guardiões, que não eram conhecidos do grande público, além de trazer as melhores músicas dos 3 e um humor que funciona muito bem. Além disso, trazia aquele universo irreverente e colorido, típico dos anos 1980, em contraponto com a sobriedade que domina Hollywood atualmente. A segunda parte trazia o mesmo humor eficiente, mas cenas de ação melhores e uma boa trama. Agora, essa terceira parte é a mais problemática das 3, mas, mesmo assim, tenho a sensação de que ela é melhor, exatamente porque o filme sempre consegue sobrepor esses problemas e entregar um bom material.
Inicialmente, cabe ressaltar que James Gunn parece um dos poucos da Marvel preocupado em entregar um filme com identidade própria. Um dos, talvez o maior, na verdade, absurdo do UCM, e que bizarramente é pouquíssimo comentado, é que as produções tem uma trilha sonora porca. Apenas os Guardiões e os Vingadores possuem uma música tema, mas, como é o UCM, todo mundo é conivente com essa preguiça de criar temas. E, Guardiões da Galáxia 3 talvez tenha a melhor trilha sonora orquestrada do UCM (a cena da fuga do Rocket tem uma trilha fantástica, por exemplo). Aliás, a trilha sonora em relação às músicas mesmo continua boa, como todos esperavam, mas continuo preferindo as do Volume 1 e Volume 2. Mas, temos aqui Come And Get Your Love de novo, e sempre vou adorar quando referenciam a minha cena preferida do UCM, que é a cena inicial do primeiro Guardiões, uma daquelas cenas que quebra a expectativa de forma a extrapolar não só o filme, mas o contexto em que ele foi feito.
E, quais são os quase problemas do filme? Bom, temos a falta de protagonismo de Quill. O conflito dele nesse filme se resume a Gamora, e a ela apenas, e nisso ele acaba dividindo a cena de igual para igual com os outros Guardiões, algo que não acontecia, principalmente na segunda parte, em que ele era o foco. Assim, Rocket é o foco do filme, ao mesmo tempo em que ele quase só aparece em flashbacks, gerando uma estrutura narrativa bizarra em que o protagonista (que é o Rocket) é desenvolvido sem estar presente. E, aqui que temos um dos vários exemplos em que Guardiões 3 erra e acerta. Em relação à Gamora, por exemplo, tudo é feito como de praxe, mas a decisão de não reavivar ainda o romance dela com Quill é muito mais interessante, do que focar nele e na sua tentativa de reconquista-la. Relegar o Quill a um co-protagonismo acabou por salvar sua trama com Gamora. Da mesma forma, por mais que Rocket seja um protagonista “ausente” no presente da narrativa, os flashbacks contando de sua vida enriquecem o filme, trazendo um tom extremamente triste, pois o sofrimento dos pobres bichinhos de teste é muito bem construído (acho que nada na Marvel tinha uma atmosfera tão triste como aquelas gaiolas, em contraponto com animais fofos, mas deformados e doloridos, e que, mesmo assim, encontravam alegria na companhia um do outro).
E, mais uma vez, são flashbacks, então, a todo tempo, temos a certeza de que eles irão morrer, mas, se isso poderia ser, a princípio, um problema, acaba por nos deixar mais ansiosos e deprimidos ao observar a alegria dos personagens, alegria que já sabemos que será destruída. E, a reação de Rocket com a morte de uma delas talvez seja o momento dramaticamente mais forte e triste de todo o UCM
E, é nisso que James Gunn se destaca entre os demais, como já citei. Joss Whedon e Taika Waititi podem ser bem eficientes na construção do humor, os irmãos Russo sabem muito bem fazer ação, mas é apenas James Gunn que consegue trazer tudo isso aliado à um contexto dramático, apenas ele busca fazer (ou apenas ele SABE fazer) filmes do UCM com carga dramática, ao invés de esconder a fragilidade narrativa com piadas e ação, James Gunn usa seu talento para explorar essas fragilidades e transforma-las em cinema, em sentimento, em um tom épico. Podemos até dizer que Guerra Infinita e Ultimato tinham esse tom e essa dramaticidade, mas isso é mais pela escala cinematográfica (vários heróis em tela, conclusão dessa fase do UCM, etc), do que por talento na direção.
Claro, Guardiões 3 possui, ainda assim, alguns problemas que as outras partes não possuíam. Entretanto, a carga dramática nesse filme me faz considerar se ele não é realmente superior aos outros 2. Bom, o principal problema aqui, para mim, é que James Gunn queria entregar um filme mais pesado e triste. Entretanto, isso vai de encontro à natureza do UCM e dos próprios Guardiões e da proposta oitentista, destruindo a expectativa do público. Se, por um lado, as cenas que envolvem Rocket são tensas e cruas, não só as de flashback, como as atuais com o personagem na beira da morte, por outro lado os Guardiões parecem não se importar tanto assim com tal urgência, fazendo piadinhas o tempo todo ao invés de focar. E, sabendo dessa fragilidade, James Gunn recorre a um recurso fácil, mas frágil e expositivo, fazendo com que, depois de piadinhas, os personagens bombardeiem a urgência da situação (“temos tantas horas, depois disso Rocket morre”, etc), num recurso para que se possa fazer as piadas sem abater, assim, a carga dramática da situação. Até funciona, mas é um recurso pouco elegante.
Outro grande problema foi que precisavam abarcar muita coisa em um filme só. Não só narrativamente, mas emocionalmente. Assim, algumas situações críticas acabam não tendo o respiro e reflexão necessários. Os tiros que Drax toma parecem a princípio gravíssimos, mas, na próxima cena, é como se nada tivesse acontecido e quase não é comentado. O ataque de Adão no início parece servir só para lesionar o Rocket, quase não sendo comentado, com o Adão pulando aqui e ali, sem ser um personagem discutido a fundo pelos outros personagens.
Além disso, a morte da mãe dele parecia que ia servir a algum propósito, mas é logo esquecida. A Contra-Terra é destruída, mas praticamente não tem comentários sobre
Outro ponto, esse filme entrega boas cenas de ação, inclusive a do corredor, que talvez seja a melhor do UCM. Os filmes da Marvel, praticamente todos, possuem cenas de ação porcas (e, por algum motivo, isso é ignorado pela crítica), pouquíssimas cenas de ação do UCM não consistem de pancadaria generalizada entre heróis e vilões (ou, mais comumente, entre heróis e heróis) repleta de um milhão de cortes a cada soco, mas aqui temos uma cena de luta realmente orquestrada. Entretanto, infelizmente, faltou na cena final uma luta mais elaborada com o vilão principal do filme, mesmo que a cena de batalha final seja boa como um todo. Aliás, considero esse um dos melhores vilões do UCM, talvez top 3. Mais uma vez, os filmes da Marvel, na maioria das vezes, possuem dificuldades em criar emoções pelo dramático, sempre apelando para humor. Isso enfraquece os vilões, com poucas exceções (como Thanos e Loki). Assim, é James Gunn que consegue criar um vilão do qual o único sentimento que nos gera é ódio, algo bem clássico dos vilões oitentistas, que, na maioria das vezes, não possuíam essa exigência de tridimensionalidade dos filmes atuais. O vilão do primeiro filme, Ronan, por exemplo, se encaixava nessa descrição, mas acaba sendo esquecível, não só por ser genérico, mas pela ausência de criar essa repulsa e ódio por ele, diferente de como acontece em Guardiões 3. Mais um exemplo que James Gunn entrega filmes com identidade própria, com elementos que geralmente são fracos nu UCM (boa ação, boa trilha, bons vilões).
Aliás, cabe citar, esse tom mais dramático e triste já na musica inical. Afinal, estamos na conclusão de uma trilogia, ela deve ser mais pesada (Taika estragou tudo em Ragnarok e ninguém vai me convencer do contrário). Mas, mesmo assim, o diretor peca em alguns momentos em que falta sutileza e temos uma canastrice do cinema oitentista exagerada. Isso era condizente com as duas primeiras partes, mas nessa parte 3 ele quase perde a mão em alguns momentos (
espírito do Yondu, por exemplo, ou a cena do além no estilo de Harry Potter 7 parte 2, bem desnecessárias
Bom, no final, o filme, na minha opinião, está no top 5 do UCM com certeza. E, tenho que admitir, por mais que os boatos de que aqui se encerraria a jornada dos Guardiões, eu não estava preparado ainda para me despedir deles (especialmente da Mantis), e ainda não sentia que era aqui que essa despedida deveria acontecer. Assim,
uma conclusão em que eles permanecem vivos é boa, deixando espaço para futuras aparições
Nota: 9.3.
Bethany: A Amiga Imaginária
2.1 17 Assista AgoraAté disfarça bem suas limitações orçamentárias no inicio, mas a medida que o filme vai passando ele começa a se perder. Nas primeiras cenas a fotografia escura, o clima amador, a direção, etc, indicam que vamos ter um filme climático e sério, mas que depois do primeiro ato começa a perder um pouco de qualidade, com muitos closes e uma história que toma alguns rumos sem sentido, incluindo a reviravolta, que não gostei muito, e a sequência final, que não é tão boa assim. Em resumo, começa bem e vai decaindo.
Nota: 6.5.
Bunnyman
1.8 19Começa bem, a cena inicial dá a impressão de que vamos assistir um filme bem dirigido e que consegue construir situações inventivas e dinâmicas no meio dos filmes de terror com perseguições. Entretanto, o que se segue no segundo e terceiro atos são várias situações que já vimos em outros filmes. A produção perde ritmo ao nos deixar de entregar qualquer coisa que chame a atenção ou que tire esse filme do mar de outras produções de baixo orçamento semelhantes, fazendo desse um exemplar inferior ao segundo filme apesar de, mesmo assim, ter seu charme como produção de baixo orçamento.
Aliás, assisti o segundo filme sem saber da existência desse primeiro. Dando uma lida no meu comentário do segundo filme, vejo que ele possuia o mesmo problema, começa bem, mas depois fica repetitivo. A diferença que faz a parte 2 ser ligeiramente melhor é que ela até possui boas atenções no contexto de um filme de baixo orçamento.
Nota: 6.7.
Pobre Família Rica, Quando a Sorte Acaba
2.7 7 Assista AgoraNão é ruim, sabe aproveitar bem as situações porpostas pela trama, fazendo algumas paródias até relevantes em relação ao ganho e à perda de dinheiro. O humor dessas situações consegue ser eficiente também (não é um filme hilário, mas é minimamente engraçado), inclusive os atores, que dão para o gasto. Claro, durante grande parte da produção temos um apinhado de clichês, mas isso não é nenhuma surpresa. No final, soa muito como um filme do Adam Sandler, já posso até imaginar o remake de Hollywood colocando o ator no papel principal.
Nota: 6.7.
Sem Saída
3.2 234 Assista AgoraReclamo bastante dos lançamentos superestimados do terror em 2022, o que torna o fato desse filme não ter tido tanta fama quanto Noites Brutais, Pânico 5, Sorria e afins é algo um tanto quanto injusto. E ter a mesma nota que Sorria, então, nem se fala.
Enfim, é um filme que possui mais acertos do que erros. A situação já explorada outras vezes do confinamento poderia ser um problema, por soar repetitiva, mas o filme contorna isso com a condução e com reviravoltas, daquelas que você só vai saber se foram realmente boas revendo o filme, embora talvez tenham pecado um pouco na quantidade de plot twists, o último deles foi meio desnecessário. No final, ainda reserva um tempo para ter uma dose de violência. Assim, mesmo não possuindo nada de muito novo, merece uma assistida, pois filmes de estranhos em confinamento quase sempre geram boas produções, é uma fórmula eficiente de se trabalhar.
Nota: 7.6.
Levada à Força
3.8 6Um filme bem tenso. Tem uma atmosfera normal até que lá pelas meia hora de filme somos subtamente jogados em uma situação crítica. Do nada a garota acaba se encontrando numa casa repleta de bandidos, e a forma como o filme é feito deixa qualquer um em um estado de enorme aflição pela fragilidade da garota em relação aos vilões do local, arrisco dizer que seja uma das cenas mais aflitivas dos primórdios do cinema. O que se segue dali também é muito bom, tomando a trama rumos polêmicos e que envolvem decisões/situações críticas, sem abandonar uma boa contração da tensão e de conflitos morais. Um dos exemplares do box de DVDs pre-code lançado pela Obras Primas aqui no Brasil, em que todos os quatro filmes foram muito bons.
Nota: 8.9.
Durante a Tormenta
4.0 901 Assista AgoraDurante a Tormenta é um filme surpreendentemente bom. De início, é difícil imaginar quais rumos a trama poderia tomar, revelando algumas surpresas que geram uma boa primeira metade. Entretanto, a segunda metade se embrenha em gerar revelação atrás de revelação de forma exagerada, pecando por uma ampliação não necessária dos aspectos de ficção de viagem no tempo da trama. não chegando a ficar realmente confuso, mas poderia ter essa segunda metade um pouco mais "limpa". Segue também aquela moda de refernciar os anos 1980, que foi popularizada com Stranger Things.
Nota: 8.4.
Shazam! Fúria dos Deuses
2.8 354 Assista AgoraUm filme que já estava fadado ao fracasso, considerando a extinção do atual Universo DC. Está no mesmo nível de quase todas as produções da Marvel, mas a diferença é que a qualidade mediana dos filmes da Marvel eram justificadas por fazerem parte de algo maior, por serem meros capítulos de um universo expandido. Como Shazam 2 não está inserido nesse contexto, acaba por ser um filme até bom, mas esquecível.
Os efeitos estão bons, a ação é bem feita, a trama possui atrativos e consegue se manter, o humor é bom (um pouco exagerado em alguns momentos). Esta um pouco abaixo do primeiro, na minha opinião. O maior problema está no fato de que quase não vemos os a maioria dos personagens em sua forma pré-adolescente, fazendo a trama girar quase que em torna dos alter egos deles, o que acaba por tirar grande parte do desenvolvimento de personagem, focando demais na trama de herói e bem pouco na trama humana. No final, temos um filme decente, mas que não tem sentido fora de um universo expandido.
Nota: 7.2.
Death in the Shadows
3.2 1Começa interessante, mas aos poucos vai declinando na falta de trama. Funcionaria muito bem como média metragem, ou se adicionassem mais substrato,como explorar alguns personagens ou investigações. No final, a falta de despertar esse interesse acaba prejudicando a conclusão do mistério,além da ausência de um clímax mais encorpado. Visto como o filme holandês para o desafio de assistir um filme de cada país da Copa do Mundo.
Filme 27 de 32.
Nota: 6.9.
Tempos Modernos
4.4 1,1K Assista AgoraA primeira vez que assisti Tempos Modernos foi na escola. O professor iria passar apenas a primeira metade do filme mas, a pedidos dos alunos, foi exibido o filme completo. E, as risadas dos meus colegas acompanharam toda a produção.
Não existe muito o que comentar que já não tenha sido dito em relação ao humor físico e gags de Tempos Modernos (a que envolve a "cola" da música é hilária). Vindo depois de alguns anos em que o diretor ficou "sumido", devido a popularização do cinema falado, Tempos Modernos vem quase como um revival do cinema mudo depois que o cinema falado deixou de ser moda e tinha sido demonstrado que tinha vindo para ficar. Assim, me lembro que fiquei confuso com algumas falas e sons no filme, sem entender por qual motivo um filme mudo teria falas. Ainda não sabia que Tempos Modernos é um filme mudo já feito na era do cinema falado, quando ainda não havia consolidada a ideia de que humor físico poderia, sim, ser feito em conjunto com um filme falado. Aliás, Tempos Modernos não é um filme mudo, mas um filme sonoro, mas que, como filme de Chaplin, não poderia abandonar o estilo de suas produções anteriores.
É um filme que, por mais que tenha a proposta de demonstrar os problemas contemporâneos à produção (está no título, oras), não deixa de ter uma mensagem atemporal, além de alguns problemas que insistem em nos martelar como sociedades. O desemprego, as greves, os trabalhos insalubres, a busca por uma mecanização e inumanização do trabalhador (a invenção que cortaria o tempo de almoço, que é descartada não por ser abusiva, e sim por não ser prática), a força policial implacável contra os menos abastados, etc.
E, depois de tantas desventuras, temos um dos takes finais mais famosos e belos da história do cinema, numa mensagem de esperança e otimisto, enquanto os personagens são acompanhados por uma música composta por Chaplin chamada "Smile".
Nota: 9.5.
Batman Begins
4.0 1,4K Assista AgoraSe o Batman de 1989 tinha uma proposta de apresentar um Batman mais sombrio,influenciado pelos quadrinhos da época, que estavam ficando mais adultos, o filme Batman Begins possui uma proposta um pouco diferente. O Batman de 1989, querendo ou não, é uma cria dos anos 1980, e, por mais sombrio que seja, não deixa de ser um filme fantasioso e estilizado. Já Batman Begins vem ser o pilar de uma tendência que permanece até hoje, do hiper-realismo e o máximo de verossimilhança possível nas produções cinematográficas.
Entretanto, essa proposta realista não deveria vir carente de alguma estilização. Do contrário, acaba que temos um filme como esse, meio "seco", "sem gosto". A fotografia não apresenta nada, é quase ambiente. A ação é grande parte da vezes "dura". Possui uma trama que consegue sustentar, a visão um pouco diferenciada acaba justificando um novo filme de origem do Batman (o Begins é ressaltado no título pois não muito tempo antes tínhamos tido uma quadrilogia que tinha feito bastante suscesso, apesar de alguns filmes fracos), apesar de algumas ressalvas e críticas sobre a fidelidade ao personagem, como o treinamento ninja, ou o fato do Batman ser tão equipado que perde sua agilidade (talvez tenham exagerado no realismo). Senti falta também da direção do Nolan aqui. Ele entra apenas com a proposta realista, mas parece ter se contido nas outras questões, como cenas de ação paralela interessantes, situações que também envolvem ação, mas sem abandonar questões mais cerebrais e todos aqueles diferenciais típicos do diretor. Sobre as atuações, são corretas, embora não excepcionais. Outro problema desse realismo exagerado está no Espantalho, que acaba sendo um vilão bem esquecível, embora cumpra seu papel. No final, é um bom início de trilogia, e que ajudou a consolidar o realismo exagerado que dominou (e domina) as produções hollywoodianas atuais, mas que possui pecados, principalmente a "ausência" de Christopher Nolan.
Nota: 8.4.
Lenda Urbana 2
2.4 328 Assista AgoraNa minha opinião está praticamente no mesmo nível do primeiro. E, possui basicamente os mesmos problemas. O maior deles é novamente pegar a trama de Pânico e inseri-la no contexto das Lendas Urbanas. Se o primeiro filme pegava a metalinguagem com personagens fãs de terror, esse segunda extrapola essa metalinguagem da mesma forma que Pânico fez em suas partes 2 e 3, focando na produção de um filme. Só que aqui temos uma mistura de Pânico 2 e 3, no contexto da universidade (o 2) e da produção de filmes (o Pânico 3, que se passa em Hollywood). Isso acaba até rendendo bons momentos, embora, mais uma vez, pegue coisas demais de Pânico. E, assim como o primeiro, até consegue contruir razoavelmente bem a questão principal nos new slashers, que é quem será o assassino. E, mais uma vez, assim como a parte 1, revi como se estivesse vendo pela primeira vez, pois não lembrava de absolutamente nada. No final, acaba sendo uma boa pedida para quem realmente gosta dos new slashers, apesar de, como exemplar do sub-gênero, seja apenas mais do mesmo.
Resta saber, agora que a trilogia Pânico já foi toda copiada nessa franquia, qual será o filme copiado na terceira parte? Eu já assisti, mas, assim como as partes 1 e 2, não me recordo de nada.
Nota: 7.1.
Sem Novidade no Front
4.3 140 Assista AgoraSem Novidade no Front é um filme bem diferente do que eu esperava. Geralmente, quando uma nova tecnologia entra no cinema, ela é explorada a ponto de se sobrepor a outros elementos cinematográficos/narrativos. Os filmes lançados entre 1928 e 1931, por exemplo, exploravam a nova invenção dos filmes falados. Assim, a maioria desses filmes era verborrágico ao extremo, pouco explorando outros elementos cinematográficos, alguns até se assemelhando a peças gravadas (como Juno e o Pavão, Drácula de 1931, Lights Of New York, etc).
Assim, esperava que Sem Novidade no Front fosse seguri esse padrão, mas, ao contrário, ele não se deixa subjugar pela "moda" do cinema falado, e soa muito mais como um filme do final dos anos 1930 (em estilo, claro) do que como um filme do início daquela década. Acho que isso se deve ao fato de ser baseado em um livro, mas também na questão de inserir cenas de ação para explorar a novidade do som no cinema não apenas na fala, como grande parte dos filmes fazia, mas também na sonoplastia, criando batalhas muito bem coreografadas e imersivas. Tudo isso empacotado em uma mensagem anti-guerra bem construída e pertinente a qualquer época em que seja assistido.
Nota: 8.4.
V/H/S
3.0 747 Assista AgoraMe lembro quando esse filme saiu, com produção do Bloody Disgusting. Lembro de acompanhar as notícias e a proposta de unir VHS com violência em um found footage, tendando resgatar um estilo que já vinha perdendo força. O boom havia se iniciado em 2009, com a popularização de Atividade Paranormal, mas, como a proposta original dos found footages era serem mais sugestivos para passarem a impressão de serem realmente gravações reais, logo perderam força quando ficou claro que o surgimento de várias dessas produções demonstrava que não eram reais. Assim, em 2012 temos o abandono dessa ideia de se vender como filmes que realmente aconteceram,o que abriu caminho para found footages mais ousados, como Poder Sem Limites, VHS, Deborah Logan, Assim Na Terra Como No Inferno, etc.
E VHS, até onde eu sei, foi a primeira antologia nesse estilo, trazendo também uma dose de gore que não era comum nessas produções. E, temos que a ideia de antologia, em princípio, seria benéfica para o estilo, afinal, não precisaríamos daqueles 30 primeiros minutos em que pouca coisa acontece, além do que, gravações caseiras numa situação de terror realmente não iriam ter durações tão longas, fazendo sentido produções found footage curtas. Entretanto, faltam duas coisas para o filme: premissas interessantes nas histórias e maior uso do estilo VHS nas gravações, com chuviscos, qualidade de imagem inferior a atual,ou até mesmo algo como uma fita embolada em que não conseguimos ver o que se passa em algum momento. Bom, agora coloco uma pequena opinião de cada curta (vou usar os nomes dados pelo usuário Fábio SS aqui no Filmow).
1° Curta: A Estranha:
Me lembro de não ter gostado tanto assim desse curta quando assisti da primeira vez. Achei (e ainda acho) ele "meio nada", sem nenhum grande atrativo, quase sem roteiro. Claro, se trata de um found footage, cujo ponto principal é a imersão e a técnica, e menos a história, mas poderiam ter tentado colocar um pouco mais de substrato. De toda forma, acaba sendo o melhor dos curtas, pelo gore e pelos bons efeitos. Nota 7.
2° Curta: Pedido de Carona:
Os filmes do Ti West costumam ser muito vazios também. Uma construção lenta para a cena final é algo legal, mas o problema é que ele sempre esquece de colocar algo realmente interessante no final que faça jus a toda a construção vagarosa de suas obras. No final, sempre fica a sensação de "era só isso?", e nesse curta não foi diferente. Considero esse o piorzinho (sem contar o curta de conexão) Nota 7.
3°Curta: Na Floresta:
Esse poderia ter sido o melhor, toda a premissa e a localidade poderiam ter gerado algo memorável, mas a execução dos eventos foi meio tosca. Considero o segundo pior. Nota 7.
4° Curta: WebLove:
Esse é o segundo melhor e chega bem perto do primeiro. Tem até bastante roteiro, é assustador, mas o final desando levemente, apesar da reviravolta. Também tem como problema fugir da proposta VHS, por se tratar de uma Webcam, embora tenha sido uma das primeiras produçoes de gravação de tela (ou invés de found footage) a ser feito. Nota: 7.
5° Curta: Noite de Festa:
Esse fica como o terceiro melhor, apesar de não possuir grandes atrativos no início, tem um bom final e também cumpre a proposta de ser uma gravação VHS. Outro problema, talvez, seja ser o último de um longo filme, aparencendo num momento que já estamos um pouco cansados e saturados, ficando mais difícil de aprecia-lo. Nota 7.
O Ramo Principal:
Bom, é o curta de ligação, então, no geral, não devemos ser muito exigentes com ele. O problema é que é gasto muito tempo nesse curta de ligação que, por ser apenas de ligação, não tem muito o que mostrar e, exatamente por isso, deveria ter sido mais reduzido, servindo apenas para cumprir seu papel de ligar as histórias, acabando por ser o piorzinho entre todos. Nota: 7.
No final, é uma produção que cumpre seu papel de found footage, com cenas frenéticas e boa imersão, fazendo bom uso da técnica de found footage, sendo uma boa pedida para quem gosta do gênero. Comete dois grande pecados, um sendo o de não explorar muito o estilo de gravação VHS, e o outro é o que eu falei do fato de serem curtas. Se tem um problema nos found footages são seus primeiros atos, que no geral são um imenso vazio. A proposta de curta poderia nos fazer passar mais rápido por esse primeiro ato moroso, entretanto, todos os curtas aqui tem essa estrutura found footage, de um imenso nada, deixando toda a execução para o final, algo que poderia ser evitado justamente por se tratarem de curtas, mas, mesmo assim, ficaram engessados na mesma fórmula dos found footage de longa-metragem.
Nota: 7.4.
Top Gun: Ases Indomáveis
3.5 922 Assista AgoraDa primeira vez que assisti Top Gun, na ocasião do trigésimo aniversário do filme, achei bem decepcionante. Digamos que a expectativa, por se tratar de um filme dos anos 1980, era de que teríamos aquele roteiro típico da época, que exigirá muita suspensão da crença, além de muita ação, aventura, etc. Bom, revendo agora, vejo que a proposta de uma produção mais realista, mais contida e focada no treinamento militar, é mais interessante do que um filme de ação brucutu oitentista, fazendo deste não um filme de ação, mas um raro drama de ação, embora, claro, se trate de uma produção oitentista e vez ou outra temos que nos suspender da realidade (
a forma rápida como o protagonista salta da conclusão do treinamento para a batalha, e da batalha inicial já salta para o sucesso, e do sucesso salta para a escola de novo, ficando amigo do antagonista, ao mesmo tempo que a gata do filme volta para que os dois terminem juntos, etc
Quando assisti da primeira vez, eu falava três coisas: Tom Cruise não é nada de demais (galã feio e atuação canastrona),a morte de um personagem não foi boa e a melhor coisa do filme é Take My Breath Away. Revendo agora em 2023, mudo um pouco. A melhor coisa do filme não é Take My Breath Away, e sim a trilha sonora (com o ótimo hino de Top Gun, e várias músicas bem oitentistas), fazendo ser o LP do filme mais interesante que o próprio filme.
Bom, o primeiro ato é interessante, mas algo que sempre me incomodou foi
a morte do Goose, A partir dali, o filme que vinha se construindo de maneira até sólida, não apelando para a ação e sendo mais puxado para o drama, acaba desandando, abandonando a construção interessante que vinha tendo e se tornando um filme típico oitentista, com soluções fáceis, suspensão da crença, conveniências, desenvolvimento de personagem canhestro e por aí vai. Como ja´comentei, as coisas vão acontecendo muito rápido e de forma conveniente,mas não só isso, o filme vinha desenvolvendo Maverick como um inconsequente, quando temos a morte de Goose e isso é abandonado, mudando o desenvolvimento do protagonista para o receio de voar de novo, quebrando uma construção narrativa, que fica sem resolução, para enfiar outra. Teria sido narrativamente mais interessante se, por uma atitude inconsequente de Maverick, Goose tivesse se acidentado gravemente ou algo do tipo, e por isso o protagonista ficaria com receio de voar, ou perderia suas habilidades por sua insegurança, tendo, assim, um desenvolvimento mais coeso
Nota: 8.2.
O Retorno dos Mortos
1.5 37Venderam como se fosse uma daquelas produções toscas de zumbi, mas, curiosamente, é um filme de terror que, mesmo tendo baixo orçamento, tenta (enfase no tenta) ser mais profunda e bem produzida, em nenhum momento se aproximando do trash sugerido pelo lançamento nacional (creio que internacionalmente também). De cara já me assustei pela longa-duração, incomum em filmes de menor orçamento. Então, somo surpreendidos com um filme que tenta desenvolver e aplicar uma boa história, e que até funciona na sua premissa durante o primeiro e sgundo atos, entretanto, o exagero em tentar se mostrar um filme com boa trama fez os realizadores se perderem na conclusão, enfiando história demais a ponto de ficar confuso e gerar diversos buracos. Poderiam ter jogado mais simples no último ato, sem apelar para estripolias narrativas, o que acabou por fazer o filme, que estava até razoável,desandar.
Nota: 6.7.
P.S.: No meu DVD o filme se chama simplesmente "O Lago Dos Mortos", tive que buscar pelo título original. Não sei qual o lançamento nacional que recebeu o título que está aqui no Filmow.
Tudo em Todo O Lugar ao Mesmo Tempo
4.0 2,1K Assista AgoraO Oscar sempre me decepciona. No geral, sempre reclamo da falta de diversidade de gêneros nos filmes da academia. Nos últimos 10 anos (talvez nos últimos 20), apenas um filme de terror concorreu,mesmo que estejamos vivendo uma das melhores épocas do terror, sendo que muito desses filmes eram bem melhores que as toneladas de dramas e cinebiografias meia-boca que concorreram e que linguém lembra hoje em dia que existiram. E, para comprovar que o Oscar é mesmo péssimo na minha visão, não concordei com essa única produção de terror que concorreu, no caso, Corra, que para mim não merecia ter sido indicado. Além disso, nesses últimos anos, até tem havido mais tentativas de incluir filmes de outros gêneros, como Pantera Negra (não merecia), Missão Madrinha de Casamento (argh), Mad Max (um dos grandes acertos na minha visão), Top Gun, e este Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo.
E, confesso, quando fiquei sabendo que Tudo Em Todo Lugar estava concorrendo, agradeci e torci pelo filme, mesmo não tendo assistido, apenas pelo fato de que a academia estava incluindo um filme que não eram aqueles dramas de sempre. Acontece que Tudo Em Todo Lugar é outro "Corra". Quando a academia finalmente sai da mesmice e resolve colocar um filme de um gênero cinematográfico que não é de drama, ela sempre escolhe um filme desse gênero que estava longe de merecer, enquanto haviam vários outros quemereciam. Assim, quando assisti esse filme logo antes da cerimônica foi decepcionante, e pior ainda foi que a produção conseguiu levar o prêmio de melhor filme.
A base desse filme é Matrix. Dá para definir Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo como um Matrix do Multiverso com humor. Temos o(a) escolhido(a), a cena na repartição em que a trama começa a ser revelada, o vilão que salta entre as conexões (virtuais em Matrix, multiversais aqui), etc. A primeira metade é Matrix puro, o que não deixa de ser irônico, afinal a academia esnobou completamente Matrix (ganhou os técnicos, que eram mais que merecidos), que é facilmente um dos melhores filmes dos anos 1990 e uma das bases do cinema do século XXI, como Tudo Em Todo Lugar, ao usar Matrix de base, comprova.
Bom, esse copia e cola de Matrix está apenas no esqueleto narrativo e no primeiro ato, o que,em si, não é um grande problema, mas somado com o maior pecado do filme (que explicarei adiante), acaba por fazer com que soe uma produção decepcionante. Mas, já que estou falando do roteiro, vou explanar que ele é bem positivo quando expande e se descola de Matrix no segundo e terceiro ato, com discussões filosóficas (abordadas superficialmente se comparadas com Matrix, mas ok), além de conseguir amarrar vários conceitos e multiversos de forma a não ficar muito confuso, e enveredando por caminhos por vezes até surpreendentes. Claro, quando temos filmes assim, a base do conflito dos protagonistas acaba sempre sendo a questão familiar, por ser algo de mais fácil identificação e explanação, evitando misturar dois temas complexos: o desenvolvimento dos personagens e a construção do mundo de ficção (que, por si, já é complexo por se tratar de tentar explicar e explorar o multiverso um filme só).
Então, qual é o problema? Bom, o filme, ao contrário de Matrix e de outras ficções científicas de ação (como Inception), não é nada sólido. O filme mistura um humor escrachado (totalmente fora de lugar) com um ritmo frenético, que várias vezes abandona a narrativa para explorar ideias conceituais, quase sempre envolvidas de humor, e que não cabem no filme, cortando a narrativa de um modo que destroi a solidez necessária para um filme nota dez e digno de prêmios. Em resumo, o grande vilão desse filme é o humor descabido e fora de lugar, que não chega a ser tão engraçado e que escalpela a chance do filme ser tão excelente contra suas contrapartes. Não que eu seja contra o humor escrachado, mas o uso dele nesse filme prejudicou e muito a narrativa. Vejam os filmes da Marvel, por exemplo. O humor exagerado salvava aqueles filmes, escondendo o quanto os roteiros eram fracos e cheios de furos. No UCM, o humor foi utlizado de tal modo que beneficiou a produção. Podemos citar também Scott Pilgrim, como no comentário abaixo, que é um filme de romance e aventura que possui piadas de 30 em 30 segundos e mesmo assim não abandona a solidez narrativa. Ou, podemos citar outro filme dos mesmos diretores, Um Cadáver Para Sobreviver, que é melhor que Tudo Em Todo Lugar, e usa do mesmo humor escatológico de forma bem melhor, e que beneficia a narrativa e a proposta do filme. Já em Tudo Em Todo Lugar, o humor exagerado e sempre presente não deveria ser incluido na proposta do filme, pois prejudicou o andamento narrativo, ajudando a desconstruir e esfarelar um roteiro que já tinha essa tendência, pela propria natureza da proposta, de explorar o multiverso.
Dito isso, também tenho ressalvas quanto as cenas de ação, que poderiam ser melhores. Matrix, Tarantino, Mad Max, por exemplo, possuem várias cenas de ação memoráveis, enquanto Tudo Em Todo Lugar acaba por não possuir grandes cenas de ação que saim do comum. Deveriam ter focado nisso, e não no humor, o que acaba por me obrigar a redefinir o gênero desse filme. Não se trata de uma produção de ação e ficção científica, e sim de um filme de comédia de ficção-científica. Talvez, em algum lugar do multiverso, os diretores tenham percebido isso a tempo e corrigido e apagado o humor fora de lugar e entregado boa ação, gerando um novo clássico que eu daria nota dez. E, se for esse o caso, eu tenho certeza que nesse outro universo o filme, por ter ficado melhor, não ganhou nenhum Oscar. Maldita academia, até no multiverso não sabe dar prêmios.
Nota: 7.8.
Retrato de uma Jovem em Chamas
4.4 899 Assista AgoraNão consigo gostar de filmes franceses. Acho que esse vai ser o início de todo comentário que eu faço em um filme francês. E, nesse caso, assisti um filme da França para meu desafio de assistir um filme para cada país da Copa, e escolhi este por estar na lista de filmes para assistir a um bom tempo. E, grande parte das minhas reclamações do filmes desse país se encontram aqui.
A principal delas é a vontade de se mostrar como filmes superiores por serem verossímeis, realistas, tratarem de temas caros ao cotidiano com crítica ou sensibilidade e blá blá blá. Mas, não consigo, esses filmes se exibem demais, são pomposos demais, como se fossem mais inteligentes apenas por não serem blockbusters. Não consigo sentir realismo nos filmes franceses, pois são sempre cheios de personagens quase caricatos (não é tanto o caso aqui) ou povoados apenas por pessoas que se formaram com nota máxima na faculdade de letras, sempre com referências finas e falas elaboradas e inteligentes. E isso sempre me quebra, pois não é nada realista e, ora, esse suposto realismo não era o objetivo do cinema francês?
Enfim, grande parte das minhas reclamações para com o cinema da França se encontram aqui (faltou citar a monotonia, mas isso já era de se esperar). Para falar a verdade, eu estava até gostando, mas o filme desandou para mim no momento em que se mostrou se tratar de um filme de romance. Estava apreciando a premissa, e gostaria muito mais da ideia de as duas desenvolverem algo menos óbvio do qu atração, mas o filme enveredou por esse caminho esperado, infelizmente. Mas, além da premissa e início interessante, possui bons diálogos (apesar da minha ressalva já explicada quanto a isso, que é algo sempre exagerado no cinema francês), é um filme extremamente bonito visualmente, com uma fotografia, além da boa direção e dos excelentes aspectos técnicos no geral (design de produção, por exemplo, é simples, sem aquelas patasquadas exageradas de Hollywood quando quer recriar uma época para um filme), sendo, aliás, totalmente esnobado pelo Oscar, pois merecia indicações em vários aspectos técnicos, além de direção e fotografia, sendo não ter dado um prêmio, seuqer uma indicação, nesse quesito um dos maiores pecados (dos vários) do Oscar, que ignorou uma das melhores fotografias dos últimos anos.
Filme 26 de 32.
Nota: 7.9.
Videodrome: A Síndrome do Vídeo
3.7 546 Assista AgoraÓtimo filme, que aborda temas atuais (para a época) em uma trama de terror. Acontece que, como grande parte das críticas socias de um comportamento padrão em seu tempo, tal crítica pode ser transportada para a realidade atual do espectador, demonstrando que muitas vezes, o problema é a sociedade, e não o que se está critiacando em específico, mas me deixe explicar melhor.
O contexto do filme é abordar a forma como a televisão estava sendo endeusada, dominante no contexto dos anos 1980, se tornando o meio de comunicação mais popular e uma presença obrigatória em qualquer residência (ou sala de espera, quarto de hotel e afins). Não só isso, como os limites do que envolviam tão aparelho estavam num caminho de não mais existirem, tamanha sua importância. Colocar a possibilidade de que algo como Videodrome pudesse ser exibido demonstra isso. Além dessa falta de limite, em que qualquer coisa poderia passar na TV, em busca de audiência, lucros,e por causa da banalização da programação, temos também a crítica da manipulação do pensamento, a ideia de que utilizar apenas a televisão como meio de lazer/informação gera um público dócil e pronto para obedecer o que os criadores de programas determinarem, como gados.
Claro, a crítica é à televisão mas, mesmo assim, não deia de ser pertinente a outras épocas, como a era do rádio, o início da internet nos anos 2000 ou os dias atuais. Banalização de comportamentos crueis e imorais, público "ovelha" disposto a acreditar e obedecer a tudo que mandam se coisas que acontecem no nosso contexto atual de smartphones. Claro, existem várias oturas críticas que se poderia fazer a nossa sociedade atual que extrapolam as que existiam nos anos 1980, na era da TV (opinar sem ter conhecimento de um assunto, cancelamento virtual, etc), mas o fato de críticas à tecnologia dos anos 1980 funcionarem e serem pertinentes no tempo atual demonstra que o problema não é a tecnologia em si, mas a sociedade que sempre vai fazer, primordialmente, mau uso dela.
Dito isso,o filme é ótimo além de seus subtextos e críticas. As maquiagens grotescas típicas dos filmes de terror dos anos 1980, misturando surrealismo com tecnologia, a trama conspiratória, o clima de paranóia, a ideia das alucinações,a sensação de não saber o que é real e não é e o tom pessimista, de que uma pessoa só não consegue combater toda a indústria vilanesca são os pontos que ressalto em relação ao filme, além de contar também com um tema que sempre é bom em filmes de terror, que é a ideia de filmes "snuff".
Nota: 9.2.
M3gan
3.0 799 Assista AgoraCheio de incoerências no roteiro, e na própria estrutura. A dosagem de humor e terror não ficou legal, pois o filme tenta construir uma tensão que não condiz com o humor que brota do nada e pouco contribui para melhorar o filme. Ao contrário, atrapalha. Outro ponto está que o filme possui história demais e terror de menos. Sim, não acredito que estou reclamando disso, mas é verdade. É gasto um tempo imenso em plot e construção de personagens, mas isso só funciona quando o roteiro é bom, mas o que temos aqui é um tempo grande gasto em um roteiro clichê, repleto de falhas, sendo que seríamos mais beneficiados se esse tempo fosse usado para a construção da tensão.
E, algumas das falhas estão em algumas situações que já cansaram. Sério, eu previ o acidente de carro no início em 2 segundos. Até o momento que ele ia acontecer ficou óbvio pelo ângulo. Não fiz uma contagem, mas devem existir, com toda certeza e sem exageros, masi de uma centena de filmes com início semelhante. E existem também várias outras falhas, como o quanto a boneca é tecnologicamente avançada. Não tem sentido nenhum essa robótica toda aplicada em um brinquedo, menos ainda colocar ela como um Wolverine, com um esqueleto a base do metal mais duro da Terra. E, sinceramente, era muito fácil não errar na programação da boneca e evitar que ela machucasse as pessoas, e a forma que isso se deu foi meio estúpida, ainda mais se considerarmos a inteligência dos programadores. Mas, ainda assim é um filme que consegue entreter, e, apesar dessas falhas, o conceito envolta da boneca assassina da modernidade ainda é suficiente para sustentar o filme. A parte técnica, a fotografia e as atuações são boas também.
Nota: 6.7.
Os Fabelmans
4.0 389A verdade é que se não é o talento do Spielberg, esse filme seria bem sem graça. Mas, como o grande diretor que é, consegue extrair dessa trama grandes quadros, cenas memoráveis e emoção nos trechos que poderiam até ser banais. Meu principal problema com esse filme está mesmo relacionado com a estrutura. A primeira uma hora poderia ser enxutada em 20 minutos, pois essa trama de traição está longe de ser interessante, enquanto o trecho que envolve o colegial é bem mais interessante (a melhor parte do filme é a menina com fetiche na religião). Também interessante é observar a forma como o protagonista enxerga o cinema e busca trazer a linguagem cinematoográfica para a vida, e como consegue transpor isso e captar pela câmera. Mas, apesar de ser sim, um bom filme, está longe de ser um grande filme, digno do Oscar.
E, por qual motivo então concorreu a prêmios? Simples, é aquela velha fórmula que faz o filme concorrer a prêmios, mesmo que seja um filme mediano ou bom. Diretor de nome e queridinho da academia, metalinguagem (um filme que fala sobre produção de filmes sempre a os membros do Oscar quase morrerem de tesão) e, por fim, a estranha paixão que os críticos tem por cinebiografias, por mais clichê que sejam sempre concorrem.
Mas, não é só nesse aspecto que me incomodou as indicações do filme no Oscar. Concorrer. Judd Hirsch para melhor ator coadjuvante filme bizarro, só pode ter sido políticagem. Além do tempo de tela minúsculo (não deve ter dado nem 5% do tempo de tela do vencedor, Ke Huy Quan), a atuação dele foi caricata, sem graça, nem um pouco memorável (e pensar que Alan Rickman foi esnobado em Harry Potter 7 parte 2, muitas pessoas falaram que foi pelo pouco tempo de tela). Além disso, a única cena que ele aparece é completamente desnecessária, quase episódica, não sendo mais citada ou em quase nada interferindo na jornada do protagonista, pois os ensinamentos dele, sobre a arte nos fazer párias familiares, não se aplica ao filme, pois não foi a arte a responsável pelo destroçamento familiar.
Também achei absurdo Michelle Williams concorrer a melhor atriz coadjuvante, com aquela atuação exagerada e que quase faz a mãe do protagonista soar antipática. Paul Dano, que merecia um bilhão de vezes mais ter concorrido a ator coadjuvante, nem sequer foi lembrado. Até mesmo o próprio Oscar não entende de atuação, preferindo atuações dramáticas, em papéis mais exagerados ou dramáticos e chorosos, como se só esses fossem mais complexos (o motivo de "Coringas" sempre concorrerem a melhor ator). Paul Dano entrega uma das melhores atuações do ano (talvez da década) facilmente, mas como é um personagem mais intimista, que não fica esgoelando e chorando o tempo todo, foi completamente ignorado. O pai do protagonista é talvez o personagem mais interessante do filme, mas ninguém irá reparar nisso.
Por fim, bem legal ver a evolução tecnológica e a aparição de um grande diretor sendo interpretado por outro grande diretor. É um filme bem legal para quem gosta de história do cinema, mas o substrato para essa trama, para mim, não foi dos mais interessantes.
Nota: 8.1.
Acquaria
1.9 344 Assista AgoraÉ como se alguém pegasse a ideia do mad max e colocasse numa produção europeia metida a filme de arte, uma mistura que muito dificilmente daria certo. Soma-se a isso o fato de ser protagonizado por Sandy e Júnior, o que acaba atraindo um público acostumado com um pastelão adolescente, que lê capricho, e tem-se a receita do desastre. E lembro-me até bem do lançamento dessa produção na época, de todo o marketing envolvendo uma produção cinematográfica protagonizada pela dupla, e de como o público reclamou do filme.
A produção é até acertada como um todo, na questão dos cenários, figurino, além da direção não ser ruim, trazendo também uma mensagem ecológica (falta de água era realmente um assunto bem frequente na época). Os principais problemas do filmes são dois, e estão relacionados com o roteiro. Um é que a falta de água não parece ser algo tão alarmante assim. Todos estão bem limpos, com uma cútis invejável, e não reclamando tanto assim de sede, ou de fome, afinal, estão num deserto onde nada floresce. Até tem um racionamento de água, mas ela não parece estar em uma ausência tão gravosa assim.
O outro ponto falho é que nada acontece. Ou, pelo menos, nada narrativamente relevante. Temos apenas uma visã de como é o dia-a-dia em uma sociedade com pouca água e só. Claro, se fosse um filme de arte metido europeu, não acontecer nada não seria um problema, visto que haveria alguma sensibilidade por trás, ou algum ensinamento, ou o simples fato de já assistirmos com o olhar de que vai ser um filme de arte e portanto não precisamos esperar que coisas relevantes realmente aconteçam, pois vamos acompanhar a vida como ela é e isso é suficiente (Amour, de 2012, por exemplo). E, se fosse o mesmo filme, mas se passando em uma fazendona isolada no nordeste nos anos 30, em que acompanharíamos o dia-a-dia de uma família nordestina em que nada de relevante acontecesse na trama, esse "nada acontecer" não seria um problema, pois é um filme que retrata um contexto social, realista, e blá, blá, blá. O que nos remete ao inicio do meu comentário e ao problema que apontei sobre a produção. Sendo um filme distópico protagonizado por uam dupla popular, e não uma produção artística de Cannes, focar em pequenas situações irrelevantes para retratar um mundo sem água não funciona, pois esperamos que haa trama, um mínimo de ação ou aventura que seja. Ah, o personagem Závos é super pretencioso e não apresenta nada, talvez seja um retrato do que é mesmo esse filme. Mas, querendo ou não, acho que o filme tinha um esforço válido, só que a roupagem dada para ele não era condizente com a trama que se queria apresentar. Não é um filme divertido, é um filme-lição querendo conscientizar sobre o uso da água.
E, aí, no final, é lembrado que temos que ter algum clímax, ele acontece e o filme acaba. Bom, considerando toda a expectativa frustrada e a campanha nacional na Copa do Mundo de 2022, talvez esse tenha realmente sido uma boa escolha para ser o filme brasileiro para o meu desafio de assistir um filme para cada país da Copa.
Filme 25 de 32.
Nota: 6.7.
A Sala de Fermat
3.5 80Escolhido como o filme espanhol em meu desafio de assistir um filme para cada país da Copa por ter sido uma recomendação de um professor de cálculo nos idos anos de 2014. E o filme é um daqueles filmes de armadilha, semelhante aos vários torture porn (como jogos mortais) que foram lançados na primeira década dos anos 2000, embora aqui a violência e o terror não existam, puxando muito mais para o lados do thriller e dos enigmas. E a maioria dos enigmas é até interessante e tante-se dar uma explicação razoável para eles sem se tornar expositivo por demais. Mas, talvez, o filme tenha exagerado na "mirabolância" da armadilhas, enfiando reviravoltas no seu trecho final e perdendo um pouco o foco. Não sei se tal resulta em alguma falha de roteiro grave, sendo o tipo de coisa que seria necessária uma reassistida para ter certeza, mas, no geral, acredito que tenha sido coeso em seu roteiro, apesar do já citado exagero. Jogar simples, por vezes, também funciona.
Filme 24 de 32.
Nota: 8.3.