Quando é tirado o direito de exercer a profissão que ama, a de dirigir filmes, Jafar Panahi encontra-se diante da imposição do governo iraniano de não dirigir e não escrever roteiros por 20 anos. Eis que então, sua criatividade aguçada encontra uma (pequena) saída para driblar toda essa situação e tentar realizar o mais próximo de um filme, debaixo do nariz de seu maior inimigo, Mahmoud Ahmadinejad.
Lucrecia Martel consegue fazer um filme muito incomodo e para alcançar seu tom exato, usa bem a fotografia, direção de arte, escolha de locações, direção de atores e etc, controle total sobre todas os recursos pra realizar La Ciénaga. O ritmo é desacelerado, desesperançoso, algumas pessoas se incomodam com isso, mas não tem jeito melhor de fazer um filme destes se não assim. O tempo todo, vemos coisas quebrando, ambientes úmidos, bagunçados, pessoas se machucando. Ouvimos sons de cães latindo, ruídos, é isso que ela quis, incômodo e sofrimento puro, pois segundo a DIRETORA, o povo argentino se acostumou a viver no sofrimento. Concordando ou não, acho que Lucrecia Martel ilustrou bem essa idéia. Com certeza, o filme argentino mais bad vibe que já vi.
A maior declaração de amor que o cinema já recebeu. Acho que todo cinéfilo enxerga o cinema como Tornatore: algo pra aliviar as crueldades da existência.
Cameron Crowe ainda com aquela pegada do cinema americano dos anos 80, mostra aqueles típicos adolescentes do cinema de John Huges dando início à vida adulta, o que de certa forma representa o fechamento de um ciclo, numa época em que vemos John Cusack, Tom Cruise, Emilio Estevez, Charlie Sheen, Matthew Broderick dentre tantos outros, ingressando em filmes adultos, porém, aqui em “Say Anything...”, esse clima é bem mais evidente. A trilha como sempre muito boa, graças ao conhecimento imenso de seu diretor e o que é legal, os filmes de Crowe são metade rock n roll, sempre vemos em meio a relacionamentos, alguém compondo, tocando com alguma banda, fazendo referências à cultura pop e ao mundo do Rock. Pode não ser seu melhor, mas aqui vemos muitas coisas que aperfeiçoou em seu filmes posteriores.
Aquele traveling de abertura já mostra do que Robert Altman é capaz como diretor, ao ver algo como aquilo, fica fácil entender a admiração de um Paul Thomas Anderson pelo mestre. Se em 1950, “Crepúsculo dos Deuses” já mostrava o descaso de Hollywood com as preocupações artísticas e a falta de reconhecimento dos escritores/roteiristas, em 1992, Altman ainda batia nessa tecla ao adaptar o romance de Michael Tolkin e até hoje, em 2011, isso tudo continua atual. Uma das críticas mais eficazes a infantilização do público por conta dos grandes estúdios, pois é exatamente isso que Hollywood quer: fazer muito dinheiro com soluções fáceis, finais felizes, roteiros clichês e grandes estrelas, arte mesmo, que fique no passado com Orson Welles, Frank Capra e afins.
Se pararmos pra pensar, o desdém de Hollywood também é passado ao público, já que até mesmo aqui no Filmow, vemos páginas de diretores, atores e atrizes, mas não vemos páginas de roteiristas, a não ser que estes também sejam diretores e tenham popularidade, como Tarantino, Kauffman e etc.
Se “Interiores” é o Allen com maior influencia de Bergman no estudo de personagens e clima, “Boris Grushenko” é o que mais homenageia e referencia o mestre Suéco.
É como ouvir as demos de uma banda que você gosta muito: sente que a gravação é limitada, que a masterização é precária, mas gosta por reconhecer algumas coisas que ouviu em suas gravações posteriores, em seus melhores discos.
Demorei muito pra ve-lo, mas acho que vi no momento certo. Apesar de sentir um pouco a falta de movimentos de câmera, de sentir certa limitação técnica, nota-se que o filme tem sim algum cuidado com isso, mas o principal aqui é o roteiro. A narrativa se desenvolve muito bem, extremamente orgânica e os diálogos são o maior atrativo. Achei muito legal o fato de não explicar as motivações de o personagem central tomar tal decisão, temos nossas particularidades e independente da explicação que Abbas encontrasse para justificar, existirão sempre os prós e contras, acho que sua intenção é não fazer o espectador julga-lo e sim, tentar compreender sua situação, pois é o que o seminarista representa no filme.
Independente da situação em que nossa vida se encontre, por mais que ela não tenha sentido algum, que as coisas não funcionem do jeito que gostaríamos, sempre existirão pequenas coisas que valem a pena e é isso que o diretor tenta mostra em “Gosto de Cereja”, ta aí o por que do título ser perfeito. Não sou uma pessoa otimista, mas as vezes isso funciona até mesmo comigo.
Faltou lembrar de algumas bandas que os integrantes tocaram, mas ao menos falaram um pouco do Germs, Sunny Day Real State, Scream, No Use For a Name, como Dave Ghrol tem ótimas referências musicais, sempre ficou de olho nesse pessoal e se não fosse por isso, Foo Fighters nem teria existido, já que aproveitou o fim do Sunny Day pra amadurecer sua idéia. Sinceramente não tinha muita idéia de que eles começaram realmente bem pequenos quanto a popularidade, tocando em casas menores e tudo. Imaginava uma banda que desde o início (devido a popularidade de Ghrol no Nirvana) já tivesse meio caminho andado, me enganei um pouco.
Você termina de ver “Zelig” com uma sensação imensa de cansaço, não que isso seja ruim, no sentido de chato, arrastado, cansaço no sentido de que o filme passa por vários momentos, por ser um bombardeio de informações em apenas uma hora e pouco de projeção. Woody Allen usa muito bem os acontecimentos históricos do início do século XX, associando seu personagem central a praticamente tudo de relevante daquela época. Lembra um pouco a estrutura de “Cidadão Kane” e essa idéia de pseudo documentário, foi reusada não muito bem pelo diretor em 1999, em “Poucas e Boas”. Mais uma parceria com Gordon Willis, mostrando uma fotografia em P&B envelhecida, criando aquela estética de arquivo, um dos melhores trabalho em filme de Allen.
Adaptação da peça do próprio diretor, rendeu prêmio do júri no Festival de Cannes daquele ano, mostrando o até então pouco conhecido Ingmar Bergman para o mundo. Uma comédia bem orquestrada, com direção de arte a altura dos outros trabalhos do diretor, personagens carismáticos, porém, pode não parecer grande coisa para os apreciadores de seu pessimismo, de suas reflexões, questionamentos, estudos de personagens complexos dentre outras características que o tornaram o diretor cultuado que foi. Este “Sorrisos de Uma Noite de Amor” é bom, mas é a partir de 1957, com “O Sétimo Selo” e “Morangos Silvestres” que começa sua melhor fase.
Após a saída de Jason Robards do elenco, toda dificuldade em termos de produção, todos os contratempos, ninguém acreditava que seria possível concluir “Fitzcarraldo”. Klaus Kinski é o ator perfeito pra interpretar esse tipo de personagem, também era uma pessoa difícil de lidar (outro grande trabalho pro diretor), reza a lenda que alguns índios se ofereceram até mesmo pra matá-lo. Aquela cena/façanha do navio dispensa comentários, se aquilo não garantisse o merecido premio de direção em Cannes, mais nada merece. Grande metáfora de projeto civilizatório sobre a natureza, só mesmo um diretor como Herzog pra realizar uma coisa dessas, não é a toa que o mesmo afirmou após concluir o filme: “Eu deveria estar num hospício.”
A câmera de Billy Wilder rasteja e aos poucos nos mostra uma das melhores cenas iniciais da história do cinema. Retrato impiedoso de Hollywood, onde as cifras muitas vezes são tratadas com mais importância que as ambições artísticas. Fico imaginado o incomodo que este filme deve ter causado em algumas pessoas da indústria na época em que foi lançado, já que muitos ali devem ter enxergado a si mesmos no roteiro. Norma Desmond assiste a decadência da atriz que lhe deu vida (Gloria Swanson em uma das melhores performances femininas já vistas no cinema), em seu cinema particular, projetado pelo próprio diretor do fracasso, Erich von Strohein, grande sacada de Billy Wilder. Willian Holder, que tinha estigma de bom moço, renasce em um papel tão cínico quanto o roteiro, fez bem pra carreira dele.
Apaixonado por John Ford e acusado injustamente em seu país de ser muito ocidentalizado, Akira Kurosawa mostrou para o mundo “Os Sete Samurais”, que serviu de lição de casa pra muito Sergio Leone, Steven Spielberg, George Lucas e Tarantino da vida. Seu perfeccionismo não poderia resultar em algo menor do que isso, além da direção de arte minuciosa, do ótimo trabalho com figurinos e atores, utilizava no mínimo três câmeras para filmar uma cena e fazia story boards enormes em forma de quadros.
O diretor faz um estudo muito bom de cada um dos sete samurais, do contraste de temperamentos, valores e consegue segurar a peteca muito bem ao longo das três horas e meia de duração. Pra quem não conhece muita coisa sobre samurais (meu caso), é uma ótima maneira de se adentrar. A segunda parte, especialmente a última meia hora é demais, as batalhas são conduzidas com uma maestria absurda e o final também não deixa nada a desejar.
David Lynch dirigindo filme da Disney, aparentemente grande bomba. Não sei por que demorei tanto pra ver “The Straight Story”, gosto muito quando o protagonista é alguém de idade elevada, pois sempre ensina alguma coisa, sempre tem algo a dizer, alguns exemplos recentes ótimos são “Gran Torino” e “No Country For Old Men.” Ótimas atuações de Sissy Spacek e principalmente de Richard Farnsworth, impossível não simpatizar com o velhinho. Grande experiência de um grande diretor que se afasta de seu estilo e realiza um road movie simples, leve e bem filmado. Estava precisando ver um filme assim.
Contágio
3.2 1,8K Assista Agora"Um homem morre, o outro lucra fazendo seu caixão."
Isto Não É um Filme
3.9 54Quando é tirado o direito de exercer a profissão que ama, a de dirigir filmes, Jafar Panahi encontra-se diante da imposição do governo iraniano de não dirigir e não escrever roteiros por 20 anos. Eis que então, sua criatividade aguçada encontra uma (pequena) saída para driblar toda essa situação e tentar realizar o mais próximo de um filme, debaixo do nariz de seu maior inimigo, Mahmoud Ahmadinejad.
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O Pântano
3.8 94 Assista AgoraLucrecia Martel consegue fazer um filme muito incomodo e para alcançar seu tom exato, usa bem a fotografia, direção de arte, escolha de locações, direção de atores e etc, controle total sobre todas os recursos pra realizar La Ciénaga. O ritmo é desacelerado, desesperançoso, algumas pessoas se incomodam com isso, mas não tem jeito melhor de fazer um filme destes se não assim. O tempo todo, vemos coisas quebrando, ambientes úmidos, bagunçados, pessoas se machucando. Ouvimos sons de cães latindo, ruídos, é isso que ela quis, incômodo e sofrimento puro, pois segundo a DIRETORA, o povo argentino se acostumou a viver no sofrimento. Concordando ou não, acho que Lucrecia Martel ilustrou bem essa idéia. Com certeza, o filme argentino mais bad vibe que já vi.
Django Livre
4.4 5,8K Assista AgoraKurt Russell entrou pro elenco também. CHUPA SOCIEDADE!
Cinema Paradiso
4.5 1,4K Assista AgoraA maior declaração de amor que o cinema já recebeu. Acho que todo cinéfilo enxerga o cinema como Tornatore: algo pra aliviar as crueldades da existência.
Sete Dias com Marilyn
3.7 1,7K Assista AgoraMichelle Willians de Marilyn Monroe NÃO COLOU! QUE MEDO!
Digam o Que Quiserem
3.7 352Cameron Crowe ainda com aquela pegada do cinema americano dos anos 80, mostra aqueles típicos adolescentes do cinema de John Huges dando início à vida adulta, o que de certa forma representa o fechamento de um ciclo, numa época em que vemos John Cusack, Tom Cruise, Emilio Estevez, Charlie Sheen, Matthew Broderick dentre tantos outros, ingressando em filmes adultos, porém, aqui em “Say Anything...”, esse clima é bem mais evidente. A trilha como sempre muito boa, graças ao conhecimento imenso de seu diretor e o que é legal, os filmes de Crowe são metade rock n roll, sempre vemos em meio a relacionamentos, alguém compondo, tocando com alguma banda, fazendo referências à cultura pop e ao mundo do Rock. Pode não ser seu melhor, mas aqui vemos muitas coisas que aperfeiçoou em seu filmes posteriores.
O Jogador
4.0 85 Assista AgoraAquele traveling de abertura já mostra do que Robert Altman é capaz como diretor, ao ver algo como aquilo, fica fácil entender a admiração de um Paul Thomas Anderson pelo mestre. Se em 1950, “Crepúsculo dos Deuses” já mostrava o descaso de Hollywood com as preocupações artísticas e a falta de reconhecimento dos escritores/roteiristas, em 1992, Altman ainda batia nessa tecla ao adaptar o romance de Michael Tolkin e até hoje, em 2011, isso tudo continua atual. Uma das críticas mais eficazes a infantilização do público por conta dos grandes estúdios, pois é exatamente isso que Hollywood quer: fazer muito dinheiro com soluções fáceis, finais felizes, roteiros clichês e grandes estrelas, arte mesmo, que fique no passado com Orson Welles, Frank Capra e afins.
Se pararmos pra pensar, o desdém de Hollywood também é passado ao público, já que até mesmo aqui no Filmow, vemos páginas de diretores, atores e atrizes, mas não vemos páginas de roteiristas, a não ser que estes também sejam diretores e tenham popularidade, como Tarantino, Kauffman e etc.
Phil Spector
3.1 32 Assista AgoraQualquer produção da HBO é sempre bem vinda, ainda mais com essa premissa e por falar nisso, ainda não vi "You Don't Know Jack."
A Última Noite de Boris Grushenko
4.0 218 Assista AgoraSe “Interiores” é o Allen com maior influencia de Bergman no estudo de personagens e clima, “Boris Grushenko” é o que mais homenageia e referencia o mestre Suéco.
Serpico
4.1 276 Assista AgoraAo lado de Jimmy "Popeye" Doyle (Operação França), Serpico é o policial mais icônico do cinema nos 70.
Além da Linha Vermelha
3.9 382 Assista Agora"There's not some other world out there where everything's gonna be OK. There's just this one, just this rock."
"We're living ia a world that's blowing itself to hell as fast as everybody can arreget it."
Gosto de Sangue
3.9 158É como ouvir as demos de uma banda que você gosta muito: sente que a gravação é limitada, que a masterização é precária, mas gosta por reconhecer algumas coisas que ouviu em suas gravações posteriores, em seus melhores discos.
Gosto de Cereja
4.0 225 Assista AgoraDemorei muito pra ve-lo, mas acho que vi no momento certo. Apesar de sentir um pouco a falta de movimentos de câmera, de sentir certa limitação técnica, nota-se que o filme tem sim algum cuidado com isso, mas o principal aqui é o roteiro. A narrativa se desenvolve muito bem, extremamente orgânica e os diálogos são o maior atrativo. Achei muito legal o fato de não explicar as motivações de o personagem central tomar tal decisão, temos nossas particularidades e independente da explicação que Abbas encontrasse para justificar, existirão sempre os prós e contras, acho que sua intenção é não fazer o espectador julga-lo e sim, tentar compreender sua situação, pois é o que o seminarista representa no filme.
Independente da situação em que nossa vida se encontre, por mais que ela não tenha sentido algum, que as coisas não funcionem do jeito que gostaríamos, sempre existirão pequenas coisas que valem a pena e é isso que o diretor tenta mostra em “Gosto de Cereja”, ta aí o por que do título ser perfeito. Não sou uma pessoa otimista, mas as vezes isso funciona até mesmo comigo.
Short Cuts: Cenas da Vida
4.0 97Sem "Short Cuts", sem "Magnolia".
Foo Fighters: Back and Forth
4.6 215 Assista AgoraFaltou lembrar de algumas bandas que os integrantes tocaram, mas ao menos falaram um pouco do Germs, Sunny Day Real State, Scream, No Use For a Name, como Dave Ghrol tem ótimas referências musicais, sempre ficou de olho nesse pessoal e se não fosse por isso, Foo Fighters nem teria existido, já que aproveitou o fim do Sunny Day pra amadurecer sua idéia. Sinceramente não tinha muita idéia de que eles começaram realmente bem pequenos quanto a popularidade, tocando em casas menores e tudo. Imaginava uma banda que desde o início (devido a popularidade de Ghrol no Nirvana) já tivesse meio caminho andado, me enganei um pouco.
Zelig
4.2 355Você termina de ver “Zelig” com uma sensação imensa de cansaço, não que isso seja ruim, no sentido de chato, arrastado, cansaço no sentido de que o filme passa por vários momentos, por ser um bombardeio de informações em apenas uma hora e pouco de projeção. Woody Allen usa muito bem os acontecimentos históricos do início do século XX, associando seu personagem central a praticamente tudo de relevante daquela época. Lembra um pouco a estrutura de “Cidadão Kane” e essa idéia de pseudo documentário, foi reusada não muito bem pelo diretor em 1999, em “Poucas e Boas”. Mais uma parceria com Gordon Willis, mostrando uma fotografia em P&B envelhecida, criando aquela estética de arquivo, um dos melhores trabalho em filme de Allen.
Memórias
4.0 168 Assista Agora"For a guy who did a lot of funny movies you're a little depressed."
Sorrisos de uma Noite de Amor
4.0 58Adaptação da peça do próprio diretor, rendeu prêmio do júri no Festival de Cannes daquele ano, mostrando o até então pouco conhecido Ingmar Bergman para o mundo. Uma comédia bem orquestrada, com direção de arte a altura dos outros trabalhos do diretor, personagens carismáticos, porém, pode não parecer grande coisa para os apreciadores de seu pessimismo, de suas reflexões, questionamentos, estudos de personagens complexos dentre outras características que o tornaram o diretor cultuado que foi. Este “Sorrisos de Uma Noite de Amor” é bom, mas é a partir de 1957, com “O Sétimo Selo” e “Morangos Silvestres” que começa sua melhor fase.
Sob o Domínio do Medo
2.8 420 Assista AgoraNo original tinhamos Dustin Hoffman, no remake James Marsden? Sem contar nesse diretor péssimo. Sei não viu.
Fitzcarraldo
4.2 148 Assista AgoraApós a saída de Jason Robards do elenco, toda dificuldade em termos de produção, todos os contratempos, ninguém acreditava que seria possível concluir “Fitzcarraldo”. Klaus Kinski é o ator perfeito pra interpretar esse tipo de personagem, também era uma pessoa difícil de lidar (outro grande trabalho pro diretor), reza a lenda que alguns índios se ofereceram até mesmo pra matá-lo. Aquela cena/façanha do navio dispensa comentários, se aquilo não garantisse o merecido premio de direção em Cannes, mais nada merece. Grande metáfora de projeto civilizatório sobre a natureza, só mesmo um diretor como Herzog pra realizar uma coisa dessas, não é a toa que o mesmo afirmou após concluir o filme: “Eu deveria estar num hospício.”
Crepúsculo dos Deuses
4.5 794 Assista AgoraA câmera de Billy Wilder rasteja e aos poucos nos mostra uma das melhores cenas iniciais da história do cinema. Retrato impiedoso de Hollywood, onde as cifras muitas vezes são tratadas com mais importância que as ambições artísticas. Fico imaginado o incomodo que este filme deve ter causado em algumas pessoas da indústria na época em que foi lançado, já que muitos ali devem ter enxergado a si mesmos no roteiro. Norma Desmond assiste a decadência da atriz que lhe deu vida (Gloria Swanson em uma das melhores performances femininas já vistas no cinema), em seu cinema particular, projetado pelo próprio diretor do fracasso, Erich von Strohein, grande sacada de Billy Wilder. Willian Holder, que tinha estigma de bom moço, renasce em um papel tão cínico quanto o roteiro, fez bem pra carreira dele.
Os Sete Samurais
4.5 404Apaixonado por John Ford e acusado injustamente em seu país de ser muito ocidentalizado, Akira Kurosawa mostrou para o mundo “Os Sete Samurais”, que serviu de lição de casa pra muito Sergio Leone, Steven Spielberg, George Lucas e Tarantino da vida. Seu perfeccionismo não poderia resultar em algo menor do que isso, além da direção de arte minuciosa, do ótimo trabalho com figurinos e atores, utilizava no mínimo três câmeras para filmar uma cena e fazia story boards enormes em forma de quadros.
O diretor faz um estudo muito bom de cada um dos sete samurais, do contraste de temperamentos, valores e consegue segurar a peteca muito bem ao longo das três horas e meia de duração. Pra quem não conhece muita coisa sobre samurais (meu caso), é uma ótima maneira de se adentrar. A segunda parte, especialmente a última meia hora é demais, as batalhas são conduzidas com uma maestria absurda e o final também não deixa nada a desejar.
Uma História Real
4.2 298David Lynch dirigindo filme da Disney, aparentemente grande bomba. Não sei por que demorei tanto pra ver “The Straight Story”, gosto muito quando o protagonista é alguém de idade elevada, pois sempre ensina alguma coisa, sempre tem algo a dizer, alguns exemplos recentes ótimos são “Gran Torino” e “No Country For Old Men.” Ótimas atuações de Sissy Spacek e principalmente de Richard Farnsworth, impossível não simpatizar com o velhinho. Grande experiência de um grande diretor que se afasta de seu estilo e realiza um road movie simples, leve e bem filmado. Estava precisando ver um filme assim.