"Pobres Criaturas (2023)" é uma jornada cinematográfica única e fascinante, guiada pela visão distorcida e genial de Yorgos Lanthimos. Neste filme, somos apresentados a Bella Baxter, uma jovem mulher trazida de volta à vida por um cientista excêntrico, que foge com um advogado em uma aventura alucinante por continentes. Livre dos preconceitos de sua época, Bella se firma em seu propósito de lutar por igualdade e libertação.
Lanthimos mergulha de cabeça na sátira e distorce a realidade de forma brilhante, transformando o cinismo em uma experiência visualmente deslumbrante e hilária. Desde as lentes distorcidas até os detalhes steampunk da caracterização, tudo contribui para criar um universo absurdo e envolvente. A narrativa, embora contenha momentos didáticos, nunca se prende apenas a eles, mantendo-se criativa e inconsequente em suas resoluções.
Emma Stone brilha como Bella, entregando uma performance extraordinária que acompanha a evolução da personagem de forma magistral. Seu arco de desenvolvimento, do infantil ao intelectualmente maduro, é uma verdadeira obra de arte. Mark Ruffalo também se destaca como o advogado sedutor e cômico, proporcionando momentos de riso e reflexão.
Visualmente deslumbrante, o filme nos transporta para uma versão distorcida da Europa vitoriana, repleta de estranheza e maravilha. A direção de arte, a fotografia e a trilha sonora complementam perfeitamente a narrativa, criando uma experiência cinematográfica envolvente e inesquecível.
Apesar de alguns momentos de ritmo mais lento, "Pobres Criaturas" é uma obra-prima que desafia convenções e nos convida a refletir sobre temas como igualdade, liberdade e feminilidade. Com sua abordagem ousada e sua execução impecável, este é um filme que certamente ficará marcado na história do cinema.
"Aquaman 2: O Reino Perdido" navega em águas turbulentas. Dirigido por James Wan, o filme brilha com um CGI deslumbrante e uma direção de arte impecável. No entanto, seu roteiro clichê e um final fraco deixam a desejar.
O excesso de piadas pode alienar parte do público, enquanto a relação entre Aquaman e Orm se destaca como ponto alto. Apesar das cenas de ação incríveis e alguns momentos divertidos, a falta de profundidade narrativa e o vazio geral do enredo o colocam como um dos piores filmes de heróis de 2023.
Embora o carisma de Patrick Wilson e o espetacular design visual compensem em parte, "Aquaman 2" deixa a sensação de que poderia ter sido mais do que apenas divertido, mas uma verdadeira imersão no universo aquático do herói.
"American Fiction" é uma obra cinematográfica que mergulha fundo nas complexidades da indústria literária e da representação negra nos Estados Unidos. Dirigido por Cord Jefferson, o filme apresenta uma narrativa inteligente e perspicaz, embalada por performances excepcionais.
No centro da trama está Thelonious "Monk" Ellison, interpretado brilhantemente por Jeffrey Wright, um autor negro que luta para encontrar reconhecimento em um mundo literário dominado por estereótipos. Ao adotar o pseudônimo Stagg R. Leigh, Monk escreve um romance repleto dos clichês que ele tanto despreza, como um ato de rebelião contra as expectativas do mercado editorial.
Wright oferece uma atuação emocionante e complexa, transmitindo as angústias e contradições de Monk de forma genuína. Ao seu lado, Sterling K. Brown brilha como o irmão impulsivo e carismático de Monk, Clifford Ellison, em uma performance cativante.
O filme aborda temas profundos, desde a exploração da identidade negra na literatura até as complexidades das relações familiares. No entanto, em seu esforço para abordar tantos assuntos, "American Fiction" por vezes se perde em seu próprio enredo, especialmente em seu ato final.
Apesar disso, o filme permanece como uma reflexão poderosa sobre a interseção entre arte e vida negra, desafiando as noções convencionais de representação e reconhecimento na indústria cultural. Jefferson oferece uma crítica afiada às expectativas da sociedade branca em relação às narrativas negras, enquanto celebra a riqueza e diversidade das experiências negras nos Estados Unidos.
No geral, "American Fiction" é uma obra relevante e provocativa, que certamente deixará uma marca duradoura no espectador.
"Zona de Interesse", dirigido por Jonathan Glazer, mergulha na vida cotidiana de Rudolf Höss e sua esposa, que vivem próximos ao campo de concentração de Auschwitz. Sob a aparente normalidade de uma família alemã, esconde-se a brutalidade de sua realidade. O filme adota uma abordagem única, optando por longos planos estáticos que provocam um incômodo proposital, aproximando o espectador da indiferença que permeia a vida dos personagens. Através de uma meticulosa seleção de cenas, Glazer nos convida a testemunhar a monotonia da vida ao lado de um dos maiores horrores da história, enquanto a brutalidade do genocídio é apenas um murmúrio ao fundo.
[spoiler][/spoiler] O destaque é a última cena, que mostra faxineiras trabalhando em Auschwitz, destacando como o mal pode se tornar parte do cotidiano. A ausência de um enredo central pode dificultar o envolvimento inicial do espectador, mas a imersão sensorial é a espinha dorsal da experiência, especialmente devido à edição e mixagem de som.
"Zona de Interesse" não é apenas mais um filme sobre o Holocausto. É uma reflexão profunda sobre a banalidade do mal e a capacidade da humanidade de se tornar indiferente diante do horror. Embora não seja um filme para todos os gostos, sua abordagem única e provocativa deixa uma marca indelével naqueles que se aventuram a testemunhar sua mensagem perturbadora. Indicado a várias categorias importantes em premiações cinematográficas, o filme desafia as convenções do gênero e oferece uma visão inquietante da história.
O filme "BlackBerry" oferece uma imersão fascinante na história da ascensão meteórica e desaparecimento catastrófico do primeiro smartphone do mundo. Com um roteiro excelente e execução impecável, o filme cativa desde o início.
Explorando a trajetória da empresa canadense e seus principais protagonistas, como Doug, Mike e o ambicioso Jim Balsillie, o enredo destaca os altos e baixos do mundo da tecnologia. Embora alguns personagens secundários possam parecer estereotipados, o foco nos aspectos empresariais e nas complexidades do mercado compensa essa questão.
Ao mergulhar na competição acirrada com a Apple e a revolução trazida pelo iPhone em 2007, o filme destaca a necessidade constante de inovação e adaptação no mercado tecnológico. A câmera tremida pode distrair em alguns momentos, mas a narrativa envolvente e a trilha sonora cativante mantêm o espectador engajado.
Em suma, "BlackBerry" é uma surpresa agradável, oferecendo mais do que apenas uma história biográfica. É um olhar perspicaz sobre os desafios enfrentados pelas empresas de tecnologia e as lições aprendidas com o passado. Uma recomendação certa para os amantes de filmes sobre empreendedorismo e inovação.
"Mil e Um" (2023), dirigido por A.V. Rockwell, é uma poderosa exploração da maternidade e identidade em meio a uma Nova York em transformação.
O sequestro pelo personagem de Teyana Taylor desencadeia uma jornada visceral, destacando a rede de apoio real frente às instituições. Vencedor do prêmio do júri no Festival de Sundance, o filme, embora realista e sem concessões, oferece momentos belos e comoventes.
As atuações, especialmente a de Teyana Taylor, brilham, mas algumas cenas podem parecer excessivas. Com uma direção cuidadosa, o filme culmina em revelações impactantes, proporcionando uma experiência cinematográfica memorável.
"Nosso Sonho" é uma emocionante estreia no Globoplay e Amazon Prime, via Telecine, destacando-se como um dos filmes mais encantadores de 2023.
A narrativa sobre Claudinho e Buchecha, ícones do funk e elemento crucial da cultura brasileira, revela o brilhante potencial do cinema nacional. A atuação de Lucas Penteado e Juan Paiva é notável, reforçando a química já vista em Malhação.
A amizade entre Claudinho e Buchecha é o ponto alto, transmitindo uma conexão genuína. O filme aborda a ascensão meteórica da dupla, cujo sucesso parece predestinado, e explora as complexidades individuais de Buchecha e Claudinho.
Mesmo com o desfecho trágico, "Nosso Sonho" é mais do que uma história musical; é um tributo à amizade que impactou o Brasil e o mundo, valendo a pena cada momento assistido.
A premissa é interessante, mas o roteiro deixar bastante a desejar e os personagens vão se perdendo a cada capítulo. Se ficassem mais na busca pelo tesouro do que relações pessoais, talvez valeria a pena acompanhar as temporadas seguintes.
"Flora e Filho" é mais uma joia na coroa do diretor irlandês John Carney, conhecido por seu toque mágico em filmes musicais. Neste novo lançamento na Apple TV+, Carney nos presenteia com uma dramédia musical encantadora que capta a essência da Irlanda cotidiana.
A trama se desenrola em torno de Flora, uma mãe solteira interpretada brilhantemente por Eve Hewson, que tenta se reconectar com seu filho rebelde, Max, através da música. A química entre os protagonistas é palpável, e a condução enérgica e empática de Carney evita clichês, entregando uma história envolvente sem forçar a barra.
O filme destaca a música não apenas como um pano de fundo, mas como um alicerce para enfrentar os desafios da vida. As canções, habilmente trabalhadas por músicos profissionais e pelos próprios protagonistas, são mais do que simples acompanhamentos, tornando-se parte integrante da narrativa.
Eve Hewson brilha ao dar vida à personagem de Flora, transmitindo emoções com autenticidade. Enquanto alguns podem criticar a fórmula "similar" de Carney em seus filmes, é inegável que ele mais uma vez acerta ao abordar temas familiares de uma maneira acessível e cativante.
Visualmente, o filme é bem dimensionado, destacando a simplicidade do apartamento dos protagonistas. As locações, incluindo a instituição penal, são apresentadas de forma envolvente, contribuindo para a experiência visual.
Em relação às performances, Eve Hewson entrega uma atuação direta e emocionalmente carregada, enquanto Orén Kinlan interpreta Max com uma mistura de fechamento e carisma. Joseph Gordon-Levitt, embora seco em algumas cenas, complementa o elenco com sua presença.
"Flora e Filho" pode não ser uma obra-prima, mas é um filme que aquece o coração e proporciona uma experiência agradável. Com uma duração de apenas 97 minutos, é uma opção leve e tocante para quem procura um respiro cinematográfico. John Carney continua a trilhar sua fórmula de sucesso, oferecendo uma narrativa envolvente que destaca o poder transformador da música.
Em suma, "Flora e Filho" pode não trazer grandes inovações ao estilo de Carney, mas cumpre seu propósito de entreter e, ao mesmo tempo, transmitir mensagens sobre família, mudança e conexões inesperadas. Vale a pena dedicar um tempo a este filme, especialmente se você aprecia o toque singular do diretor no universo musical.
Gran Turismo: De Jogador a Corredor 2023, dirigido por Neill Blomkamp, é uma história de realização de desejos definitiva de um adolescente jogador de Gran Turismo, cujas habilidades no jogo o levaram a competições da Nissan, tornando-se um piloto de carros de corrida profissional de verdade.
Embora não alcance todo o seu potencial, Gran Turismo ainda é um filme divertido que vale a pena assistir. É uma história esportiva de superação direta e previsível, que não arrisca muito, especialmente quando consideramos a enxurrada de filmes de corrida profissional chegando a Hollywood. No entanto, apesar da falta de riscos, o filme tem qualidades redentoras. Um desses pontos é David Harbour, um dos atores mais simpáticos de Hollywood no momento. Orlando Bloom, que não aparece em muitos filmes na última década, também entrega uma atuação de qualidade. Combine isso com visuais sólidos e algumas sequências de corrida bem executadas, e você ainda tem uma experiência que vale a pena no cinema.
O maior problema de Gran Turismo é a falta de interesse visual e narrativo nas cenas de corrida, um pecado em um filme que diz amar as corridas acima de tudo. Quando o filme se concentra nas corridas, ele brilha. As sequências nas pistas são bem coreografadas e têm ritmo, mas quando se aprofunda no drama, ele perde o rumo, e o tom constante de autopromoção afasta o espectador.
A trama tinha potencial, mas parece mais adequada para um filme dos anos 2000. Neill Blomkamp deveria se concentrar em desenvolver District 10. No entanto, o filme se destaca entre as adaptações de jogos para filmes e segue a ideia do jogo Gran Turismo de maneira admirável, embora falhe ao simplificar a questão das licenças de condução.
Gran Turismo é uma história inspiradora baseada em fatos reais sobre um jogador que se tornou um piloto de corrida de verdade, e as cenas de corrida são empolgantes. David Harbour se destaca na atuação, enquanto o protagonista deixa a desejar em carisma. É um filme que vale a pena para os fãs do jogo e oferece momentos emocionantes, mas algumas partes do enredo poderiam ter sido desenvolvidas de maneira mais profunda.
Em resumo, Gran Turismo é um filme que mistura elementos de esporte e superação, com algumas falhas, mas ainda assim consegue cativar o público, principalmente os fãs do jogo. É uma jornada emocionante do jogador ao piloto, com boas atuações e cenas de corrida bem feitas, embora pudesse ter explorado melhor seu potencial.
Rama, uma romancista, busca inspiração no julgamento de Laurence Coly para uma adaptação moderna do mito de Medeia, mas o filme de Alice Diop vai além, explorando a invisibilidade do racismo de imigrantes e as complexidades cósmicas da maternidade.
Diop opta por uma câmera estática, focando na atuação e no texto. A primeira metade, embora lenta, estabelece as bases para uma segunda parte arrebatadora. A obra-prima surpreende, com interpretações magníficas e referências literárias sensíveis.
Vencedor do Grande Prêmio do Júri em Veneza, "Saint Omer" desafia expectativas. A tomada inicial no tribunal, embora extensa, revela-se crucial, proporcionando crescimento contínuo. O filme mergulha nas nuances do julgamento, envolvendo o espectador de maneira visceral.
A direção honrosa de Alice Diop destaca personagens enigmáticas. O filme, único em sua abordagem, entra para um seleto rol que retrata a ambiguidade de personagens de forma perfeita.
No entanto, opiniões divergem. Algumas críticas apontam escolhas direcionadas da diretora e uma protagonista mal desenvolvida. Ainda assim, a atuação da acusada brilha, destacando-se como excelente.
O filme de Diop vai além do crime em julgamento, tocando feridas femininas antigas. Questões devastadoras sobre maternidade, insegurança e medo transmitem uma narrativa complexa e poderosa.
Em sua incursão na ficção, Alice Diop entrega um drama judicial intenso, baseado em um caso real. "Saint Omer" não apenas explora o crime, mas também as camadas emocionais da narrativa, oferecendo uma experiência extraordinária.
Diop permite que as perguntas surjam sem fornecer respostas definitivas. Ao retratar a experiência de Rama e Laurence, o filme ressoa com ansiedades e influências subterrâneas. A diretora, ao confrontar suas próprias verdades difíceis, cria um filme catártico e reflexivo.
"Saint Omer" transcende as convenções dos documentários de crime, oferecendo uma reflexão profunda sobre a vida contemporânea na França, a experiência de imigrantes e as sombras que carregamos ao nos movermos para novos territórios. Alice Diop nos ensina a ouvir o que o silêncio tenta dizer.
**Ninguém Vai Te Salvar (2023): Uma Jornada de Culpa e Redenção**
Dirigido por Brian Duffield, "Ninguém Vai Te Salvar" mergulha na psique de uma mulher reclusa, interpretada de forma impressionante por Kaitlyn Dever, que enfrenta um invasor alienígena em sua casa. O filme se destaca ao abordar temas de culpa, ressentimento e autoperdão, explorando a complexidade do ciclo vida-morte-vida.
A narrativa inicial é habilmente construída com sombras e falsas reações, revelando um desconforto mascarado por sorrisos ensaiados. A protagonista, apesar de sua reclusão, transmite uma gama de emoções contraditórias, desde alegrias genuínas até momentos de tensão.
A fusão da realidade com elementos fantásticos cria uma trama imersiva, onde a protagonista se confronta não apenas com a ameaça alienígena, mas também com suas próprias angústias e traumas. O clímax catártico mergulha nas profundezas da culpa e ressentimento, levando a uma reflexão sobre o perdão, julgamento e redenção.
A falta de diálogos é compensada pela atuação convincente de Kaitlyn Dever, cujas expressões faciais tornam-se cruciais para transmitir as complexidades emocionais do filme. Os aliens, apesar de inicialmente ameaçadores, revelam uma humanidade surpreendente, contrastando com a amargura da pequena cidade.
No entanto, o filme divide opiniões com seu desfecho inusitado. Alguns elogiam a originalidade, enquanto outros acham o final confuso e aberto. A trama, que começa como um thriller alienígena, evolui para uma reflexão sobre a natureza humana, tornando-se, para alguns, uma obra-prima e, para outros, um filme que se perde em suas próprias complexidades.
Destaque para a cena impactante em que a protagonista enfrenta seu próprio "passado" ao esfaquear o clone, simbolizando a necessidade de confrontar e superar os traumas para evitar a autodestruição. Os ETs, inicialmente vistos como ameaças, revelam-se mais "humanos" do que os próprios humanos, gerando empatia surpreendente.
A fotografia e caracterização dos ETs são elogiáveis, proporcionando um bom entretenimento. No entanto, algumas críticas apontam para soluções fáceis em situações estúpidas no roteiro.
Em resumo, "Ninguém Vai Te Salvar" é um filme sensacional e original, com uma direção impecável de Brian Duffield. A ausência de diálogos é compensada pela intensidade das performances, especialmente de Kaitlyn Dever. Apesar de algumas críticas pontuais, o filme se destaca como uma obra única no gênero, mergulhando nas profundezas da psique humana enquanto enfrenta ameaças extraterrestres.
O filme "Nada é Por Acaso" dirigido por Márcio Trigo é uma obra que me emocionou e cativou desde o início. Mesmo sem ter lido o livro, pude compreender claramente a mensagem espiritualista que o filme transmite. A trama é bem construída, e apesar de algumas críticas quanto à credibilidade da protagonista ser virgem e formada em direito, acredito que o filme conseguiu romper com estereótipos e mostrar a liberdade de escolha de cada indivíduo.
A produção, embora tenha enfrentado desafios devido ao baixo orçamento, apresenta uma história envolvente e uma reviravolta surpreendente. Contudo, é preciso mencionar que algumas atuações deixaram a desejar, ficando abaixo do padrão esperado para um longa-metragem. A ambientação contemporânea, embora tenha gerado algumas críticas, trouxe uma abordagem moderna e acessível para o público atual.
A temática espírita é tratada de forma sensível, apesar de algumas questões controversas, como a venda do corpo e a falta de condenação explícita por parte da doutrina espírita. Houve uma certa naturalidade ao abordar esses temas, o que pode causar desconforto para alguns espectadores.
Apesar de algumas falhas na adaptação e na consistência da trama, "Nada é Por Acaso" se destaca como um filme que busca transmitir uma mensagem profunda sobre os propósitos das pessoas em nossas vidas e as escolhas que fazemos ao longo do caminho. A intercalação entre passado, presente e "futuro", juntamente com os flashbacks de encarnações anteriores, pode gerar uma certa confusão inicial, mas a narrativa se encaixa de forma satisfatória.
Este é um passo importante para o cinema brasileiro ao abordar temáticas espiritualistas, e espero que mais produções desse tipo continuem a ser realizadas, explorando histórias que emocionem e toquem profundamente os espectadores. Para quem se interessa pelo espiritismo, recomendo tanto o filme quanto a leitura do livro para uma compreensão mais ampla e enriquecedora da história. "Nada é Por Acaso" é, sem dúvida, uma obra que nos faz refletir sobre a importância das relações e o propósito por trás de cada encontro em nossas vidas.
"Honor Society" (2022) é uma agradável surpresa no mundo das comédias adolescentes. Dirigido por Oran Zegman e estrelado por Angourie Rice e Gaten Matarazzo, o filme segue a história de Honor, uma ambiciosa estudante do ensino médio cujo único objetivo é ingressar na Harvard.
O filme captura a essência das comédias adolescentes dos anos 2000, e Angourie Rice brilha no papel principal, roubando todas as cenas com seu carisma incrível. A trama se desenrola de forma envolvente, explorando as artimanhas de Honor para superar seus concorrentes. Os personagens secundários também são bem desenvolvidos, com exceção do personagem de Gaten Matarazzo, que não se destaca tanto.
Um dos pontos altos do filme é o plot twist envolvendo o personagem de Matarazzo, revelando sua manipulação e mostrando que estereótipos nem sempre são verdadeiros. Isso acrescenta complexidade ao romance, tornando-o mais realista e imprevisível.
A narrativa quebra a quarta parede em alguns momentos, o que inicialmente causou alguma angústia, mas logo me surpreendeu pela construção da personagem principal e o desenvolvimento da trama. O filme aborda questões típicas da juventude, mas de forma inovadora, escapando dos clichês habituais das comédias adolescentes.
A mensagem final do filme é poderosa, mostrando que, na vida real, nem sempre temos o típico final feliz, mas podemos superar as adversidades e encontrar nosso próprio caminho. "Honor Society" é uma ótima opção para quem busca uma comédia adolescente leve, envolvente e com personagens cativantes. Angourie Rice brilha como uma estrela em ascensão, e o filme traz um sopro de ar fresco ao gênero. Recomendo fortemente!
"Amor à Primeira Vista" é uma jóia cinematográfica que nos brinda com a doce simplicidade do amor e do destino. O filme nos leva em uma viagem encantadora entre Hadley e Oliver, interpretados brilhantemente por Haley Lu Richardson e Ben Hardy, que se encontram em um voo de Nova York para Londres. A partir desse momento, somos conduzidos por uma narrativa que é ao mesmo tempo comovente e divertida.
A trama, baseada no livro "A Probabilidade Estatística do Amor", de Jennifer E. Smith, nos lembra que o amor muitas vezes encontra seu caminho nos lugares e momentos mais inesperados. Hadley, uma jovem desajeitada e carismática, perde seu voo para Londres, onde seu pai está prestes a se casar. É aí que ela encontra Oliver, um jovem aficionado por estatísticas e números, em uma jornada que mistura coincidências e escolhas.
O filme, sob a direção habilidosa de Vanessa Caswill, explora temas como destino, acasos e o poder do amor de forma tocante. A química entre os personagens é palpável, e a história nos envolve de maneira autêntica, fazendo-nos torcer por esse casal improvável.
Embora possa parecer um clichê, "Amor à Primeira Vista" se destaca ao oferecer uma história cativante, rica em emoção e sinceridade. As atuações naturais de Haley Lu Richardson e Ben Hardy elevam a narrativa, tornando-a uma experiência que vale a pena. A trilha sonora complementa perfeitamente a atmosfera romântica do filme.
Não há grandes pretensões neste filme, mas ele brilha ao explorar os clichês do romance juvenil de uma forma encantadora e envolvente. É uma escolha perfeita para uma sessão descontraída, onde se pode simplesmente se deixar levar pela doce magia do amor à primeira vista.
"Amor à Primeira Vista" é um lembrete afetuoso de que, mesmo nos momentos mais incertos, o amor pode surgir e transformar nossas vidas de maneiras surpreendentes. Um filme que aquece o coração e nos lembra da beleza do acaso e da magia que está presente nos encontros inesperados. Vale a pena assistir e se deixar envolver por essa história adorável.
"Gravidade" é um espetáculo cinematográfico alucinante que nos leva para o espaço e nos deixa sem fôlego desde o início. Dirigido por Alfonso Cuarón, o filme nos apresenta a Dra. Ryan Stone, uma engenheira médica brilhante em sua primeira missão no ônibus espacial, com o veterano astronauta Matt Kowalsky comandando sua última viagem antes da aposentadoria. No entanto, o que parecia uma caminhada espacial rotineira se transforma em um desastre quando a nave é destruída, deixando Stone e Kowalsky completamente sozinhos no vazio do espaço.
O filme é uma experiência avassaladora, especialmente quando assistido em 3D. A imersão é total, graças à cinematografia de Cuarón, que nos mantém próximos aos personagens, capturando a tensão e a claustrofobia do espaço. As cenas são coreografadas de maneira magistral, mantendo o espectador grudado na cadeira e ansioso para saber o que acontecerá a seguir.
A trama é enxuta e direta, mantendo o foco na luta pela sobrevivência dos personagens. Sandra Bullock entrega uma atuação excepcional como Dra. Ryan Stone, transmitindo a vulnerabilidade e a determinação de sua personagem de forma convincente. A trilha sonora, embora tensa, contribui para a experiência imersiva.
Os efeitos visuais são deslumbrantes, proporcionando uma representação impressionante do espaço e criando um espetáculo visualmente deslumbrante. É um filme que faz você questionar sua existência e valorizar as coisas mais simples da vida, como o ar que respiramos e as pessoas ao nosso redor.
Em última análise, "Gravidade" é uma obra-prima que nos lembra do terror e da beleza do espaço, oferecendo uma experiência cinematográfica que fica gravada na memória muito tempo depois de terminar. Um marco para o cinema, um pequeno passo para um filme, mas um salto gigantesco para a sétima arte. Alfonso Cuarón mais uma vez mostra sua genialidade e nos presenteia com uma obra de arte que merece ser vista na tela grande.
Dirigido pelo mestre da mente, Christopher Nolan, "A Origem" nos mergulha em um mundo de possibilidades fascinantes. Dom Cobb (Leonardo DiCaprio) lidera um grupo de habilidosos ladrões especializados na arte da extração de segredos valiosos durante os sonhos. Nesse universo de espionagem corporativa, o impossível é a nova meta: implantar uma ideia ao invés de roubá-la.
O filme é genial ao explorar os labirintos dos sonhos, uma sequência dentro da outra. No entanto, perde força na construção dos personagens, falhando em criar empatia com eles. Ainda que tenha suas complexidades, o filme é positivo no saldo final. Nolan apresenta uma premissa envolvente, mas em alguns momentos, a narrativa se torna didática, prejudicando o ritmo. No entanto, para quem aprecia desafios mentais, a jornada vale a pena, apesar da dor de cabeça que pode acompanhar.
A história se desenrola em meio a reviravoltas, ação espetacular e uma reflexão profunda sobre a natureza da realidade e a psicologia humana. DiCaprio entrega uma atuação surpreendente, transmitindo a angústia de um homem em busca de redenção e reconciliação.
No entanto, o filme deixa espaço para interpretações, especialmente em seu intrigante final. A mistura de ação, drama e suspense, aliada a uma narrativa complexa, faz de "A Origem" uma obra-prima do cinema moderno.
Apesar de alguns desafios narrativos, o filme é um espetáculo visual e uma reflexão instigante sobre a mente humana e os limites da percepção. Christopher Nolan nos presenteia com uma experiência cinematográfica inesquecível, desafiando nossas concepções da realidade. "A Origem" é um mergulho profundo no labirinto da mente e uma obra que merece ser revisitada e debatida.
Dirigido por Katherine Chediak Putnam, "Perdida" (2023) é uma adaptação do livro homônimo de Carina Rissi, que transporta a protagonista Sofia, interpretada por Giovanna Grigio, para o século XIX após um acontecimento misterioso com seu celular. Nessa nova realidade, ela conhece Ian Clarke, vivido por Bruno Montaleone, e é acolhida pela família Clarke enquanto tenta encontrar um meio de retornar para sua época.
O filme, embora tenha suas falhas, consegue contar uma boa história e é visualmente impressionante. A fotografia e os figurinos são impecáveis, transportando o espectador para a atmosfera do século XIX. A trilha sonora, especialmente a interpretação de "Can't Help Falling in Love" pelo Pentatonix, é emocionante.
Destacam-se as atuações de Giovanna Grigio, Bruno Montaleone e outros membros do elenco, proporcionando uma química interessante entre os personagens. No entanto, alguns desejaram mais cenas explorando a relação entre Sofia e Ian, assim como elementos importantes da trama, como a criação do shampoo e outras situações do livro, que não foram devidamente abordados.
Apesar disso, o filme é uma tentativa louvável de trazer o universo de Jane Austen para a tela grande. Entretanto, críticas apontam que o roteiro é raso, os diálogos ensaiados e os atores não conseguiram convencer plenamente. A narrativa também foi considerada maçante por alguns espectadores, e o final recebeu críticas contraditórias, com opiniões variadas sobre sua adequação.
"Perdida" é uma adaptação aguardada pelos fãs do livro, embora tenha recebido críticas por não abordar certos aspectos históricos, como a escravidão, e por sua conclusão considerada piegas e fora de sintonia com a personalidade da protagonista.
Em suma, "Perdida" é um filme que tem seus méritos, mas também suas falhas, mostrando potencial para explorar temas interessantes, mas se perdendo no desenvolvimento da trama e na execução de sua mensagem. Apesar disso, é uma tentativa de trazer uma história no estilo de Jane Austen para os cinemas, oferecendo uma experiência visualmente atraente e um elenco dedicado. No entanto, fica evidente que o filme poderia ter alcançado um impacto mais profundo e uma conexão emocional mais forte com o público se tivesse aprimorado seu roteiro e abordado questões históricas de forma mais crítica e sensível.
"Quo Vadis, Aida?" dirigido por Jasmila Zbanic é um olhar penetrante sobre o genocídio ocorrido em Srebrenica, Bósnia, em julho de 1995. A interpretação impressionante de Jasna Đuričić é o ponto alto do filme, trazendo à vida a angústia e desespero de Aida, uma tradutora da ONU, diante da terrível situação que sua família enfrenta.
O filme apresenta a perspectiva íntima de Aida, uma mãe desesperada tentando proteger sua família durante a invasão da cidade pelos sérvios. A narrativa, embora centrada em um evento específico, evoca reflexões sobre o fracasso das políticas internacionais e da ONU em agir de forma decisiva para proteger vidas inocentes.
A direção de Zbanic é magistral, mantendo um ritmo envolvente e tenso sem recorrer a cenas gráficas. No entanto, a falta de contexto histórico mais amplo pode ser vista como uma ressalva, deixando o espectador com desejo de mais informações sobre o contexto da guerra na Bósnia.
"Quo Vadis, Aida?" não é apenas um filme sobre uma tragédia específica, mas uma chamada para manter viva a memória desses eventos e aprender com o passado. O filme toca em questões universais de impotência, desespero e a necessidade de enfrentar as consequências das guerras e suas vítimas.
Em suma, "Quo Vadis, Aida?" é um filme impactante e necessário que nos lembra da importância de manter viva a história através da arte, para que possamos aprender com os erros do passado e evitar repetições desastrosas no futuro. Um filme que merece ser visto e refletido, mesmo que seja uma experiência emocionalmente difícil de enfrentar.
"Best Sellers", a estreia de Lina Roessler na direção, reúne Michael Caine e Aubrey Plaza em uma comédia dramática que explora o mundo literário de maneira leve.
O filme é uma grata surpresa, perfeito para uma noite tranquila. A atuação de Aubrey Plaza é fabulosa, e a química entre ela e Michael Caine é o ponto alto dessa jornada cinematográfica.
A história começa com a jovem editora, interpretada por Plaza, tentando salvar sua editora com a ajuda de Harris Shaw, um escritor recluso vivido por Caine. A trama se desenrola de forma divertida, mesclando acidez e emoção.
No entanto, algumas inconsistências na trama prejudicam a credibilidade do enredo. A falta de lógica em relação ao sucesso do livro e à estratégia de marketing adotada é notável. A forma como a viralidade é abordada no contexto da trama também deixa a desejar, parecendo forçada e pouco realista.
Apesar disso, a dinâmica entre os protagonistas e alguns momentos emocionantes no filme conquistam o público. A evolução dos personagens ao longo da história, saindo de uma relação conflituosa para uma parceria de respeito, é cativante.
"Best Sellers" entrega o que promete: uma narrativa que mescla humor e emoção, impulsionada pelas atuações marcantes de Plaza e Caine. Vale a pena conferir e apreciar a química entre os personagens, mesmo diante de algumas inconsistências no enredo.
"Uma Boa Pessoa," dirigido por Zach Braff, é um drama envolvente que mergulha profundamente no tema da recuperação de vícios e traumas. Florence Pugh, em uma atuação poderosa, interpreta Allison, cuja vida desmorona após um acidente fatal e a perda de seu noivo. O filme explora as consequências emocionais desse evento, bem como a dependência química que se segue.
O tom do filme é sólido, embora por vezes pareça um pouco acima da média, tornando-se mais pesado do que necessário. No entanto, o roteiro entrega um poderoso retrato de uma pessoa lutando contra seus demônios internos. Florence Pugh brilha como protagonista, mesmo que o filme por vezes pareça indeciso entre focar nela ou em Morgan Freeman, cuja atuação é impactante.
As cenas são habilmente interpretadas, especialmente os monólogos de Freeman e o olhar viciado de Pugh, que são arrepiantes. A química entre os atores é palpável e cativante. A história aborda temas complexos, como culpa, responsabilidade e o impacto do trauma, bem como a luta contra a dependência química.
Embora o filme não seja inovador em sua abordagem dos temas de vício e recuperação, ele ainda é envolvente. O roteiro possui diálogos envolventes que contribuem para o desenvolvimento dos personagens. A história, embora previsível em alguns momentos, mantém o interesse do espectador.
"Uma Boa Pessoa" é um filme que destaca as atuações de Florence Pugh e Morgan Freeman, que entregam performances excepcionais. Embora possa não se destacar como uma obra-prima, é um drama que vale a pena ser visto, principalmente pela autenticidade de suas interpretações e pela maneira como aborda questões de vício e recuperação de forma sensível e realista. Zach Braff mostra sua habilidade em contar histórias que tocam o coração, mesmo que o final pareça um pouco conveniente. Em última análise, é um filme que deixa uma impressão duradoura e emocionante.
"O Conde" (2023), dirigido por Pablo Larraín, é uma sátira provocante que mergulha no mundo sombrio do ditador Augusto Pinochet, retratando-o como um vampiro idoso que busca pôr fim à sua existência de 250 anos. O filme cria uma atmosfera gélida em preto e branco, reforçando a melancolia vampiresca da trama.
A narrativa, embora original em sua ideia central, carece de sofisticação na execução. A exposição excessiva e a narração em off em momentos desnecessários prejudicam a fluidez do filme. No entanto, a fotografia é um destaque, transportando-nos para um mundo de monstros clássicos.
A crítica social presente em "O Conde" é notável, com sarcasmo dirigido a militares, empresários e igreja, lembrando eventos históricos como o 11 de setembro de 1973. O filme também tece críticas ao imperialismo norte-americano, governos liberais e ditaduras de esquerda.
Apesar de alguns altos e baixos na narrativa, o filme consegue prender a atenção, especialmente devido à sua atmosfera única e às reviravoltas surpreendentes. No entanto, a repetição da trilha sonora pode torná-lo cansativo em alguns momentos.
"O Conde" é uma obra ambiciosa que, apesar de suas imperfeições, oferece uma visão distorcida e intrigante de um ditador transformado em vampiro. Com sua mistura de elementos fantásticos e crítica social, o filme se destaca como uma produção singular de Pablo Larraín, lembrando-nos de sua maestria no cinema autoral.
"Dois Dias, Uma Noite", dirigido pelos talentosos Jean-Pierre e Luc Dardenne, mergulha fundo na vida de Sandra, interpretada brilhantemente por Marion Cotillard. O enredo desenrola-se em torno de um dilema angustiante: Sandra tem apenas um fim de semana para convencer seus colegas de trabalho a renunciar ao tão esperado bônus salarial, uma necessidade desesperada para manter seu emprego.
O filme é uma poderosa crítica ao capitalismo, revelando como o sistema muitas vezes joga os trabalhadores uns contra os outros, forçando-os a fazer escolhas impossíveis. A narrativa se desenrola de forma lenta, mas intensa, refletindo a agonia da protagonista a cada porta batida em busca de apoio.
Marion Cotillard oferece uma atuação excepcional, destacando-se na pele de Sandra. Sua jornada é repleta de momentos emocionais que nos fazem sentir sua angústia e desespero. O filme nos faz refletir sobre ética, moralidade e solidariedade em um mundo que muitas vezes parece indiferente às lutas individuais.
"Dois Dias, Uma Noite" é uma obra-prima que nos leva a questionar o sistema em que vivemos e a valorizar o apoio mútuo entre colegas de trabalho. É um filme que nos lembra que, mesmo nas situações mais difíceis, a luta vale a pena, e a solidariedade pode ser a luz no fim do túnel. Um filme essencial que merece ser visto e discutido, pois toca em questões sociais e humanas profundas de maneira intensa e comovente.
Dirigido por Emma Seligman, "Bottoms" é uma comédia adolescente que mergulha em uma jornada caótica e hilária de duas garotas queer e impopulares, PJ (Rachel Sennott) e Josie (Ayo Edebiri), que decidem criar um clube da luta para conquistar seus crushes antes da formatura.
O filme começa com a pergunta que define a trama: "Você quer ser a única virgem da turma em Sarah Lawrence?" Essa indagação de PJ dá início a uma comédia frenética que não poupa esforços para garantir que suas protagonistas alcancem seu objetivo de perder a virgindade. O elenco, com destaque para Rachel Sennott e Nicholas Galitzine, entrega performances sólidas que mantêm o ritmo acelerado do filme.
No entanto, uma ressalva importante é a falta de carisma em alguns dos personagens secundários, o que pode afastar o público em alguns momentos. A trama gira em torno da criação de um clube de autodefesa, que serve como cenário para cenas de ação exageradas e divertidas.
A direção de Emma Seligman mostra sua versatilidade, após o sucesso de "Shiva Baby" (2021). Aqui, ela mergulha no mundo das comédias adolescentes, trazendo uma abordagem queer refrescante ao gênero. A atmosfera do colégio, com sua hierarquia estranha e personagens excêntricos, adiciona um toque de absurdo à história.
"Bottoms" oferece momentos engraçados e situações absurdas, embora não alcance todo o seu potencial. O filme se destaca ao desafiar os estereótipos tradicionais dos filmes de ensino médio, permitindo que suas protagonistas sejam autênticas e imperfeitas. A inclusão de temas mais sérios, como traumas e violência, em meio à comédia também acrescenta profundidade à narrativa.
No geral, "Bottoms" é uma comédia adolescente divertida e caótica que, embora tenha seus altos e baixos, confirma o talento de Emma Seligman e Rachel Sennott como forças promissoras na comédia americana contemporânea.
Pobres Criaturas
4.1 1,2K Assista Agora"Pobres Criaturas (2023)" é uma jornada cinematográfica única e fascinante, guiada pela visão distorcida e genial de Yorgos Lanthimos. Neste filme, somos apresentados a Bella Baxter, uma jovem mulher trazida de volta à vida por um cientista excêntrico, que foge com um advogado em uma aventura alucinante por continentes. Livre dos preconceitos de sua época, Bella se firma em seu propósito de lutar por igualdade e libertação.
Lanthimos mergulha de cabeça na sátira e distorce a realidade de forma brilhante, transformando o cinismo em uma experiência visualmente deslumbrante e hilária. Desde as lentes distorcidas até os detalhes steampunk da caracterização, tudo contribui para criar um universo absurdo e envolvente. A narrativa, embora contenha momentos didáticos, nunca se prende apenas a eles, mantendo-se criativa e inconsequente em suas resoluções.
Emma Stone brilha como Bella, entregando uma performance extraordinária que acompanha a evolução da personagem de forma magistral. Seu arco de desenvolvimento, do infantil ao intelectualmente maduro, é uma verdadeira obra de arte. Mark Ruffalo também se destaca como o advogado sedutor e cômico, proporcionando momentos de riso e reflexão.
Visualmente deslumbrante, o filme nos transporta para uma versão distorcida da Europa vitoriana, repleta de estranheza e maravilha. A direção de arte, a fotografia e a trilha sonora complementam perfeitamente a narrativa, criando uma experiência cinematográfica envolvente e inesquecível.
Apesar de alguns momentos de ritmo mais lento, "Pobres Criaturas" é uma obra-prima que desafia convenções e nos convida a refletir sobre temas como igualdade, liberdade e feminilidade. Com sua abordagem ousada e sua execução impecável, este é um filme que certamente ficará marcado na história do cinema.
Aquaman 2: O Reino Perdido
2.9 299 Assista Agora"Aquaman 2: O Reino Perdido" navega em águas turbulentas. Dirigido por James Wan, o filme brilha com um CGI deslumbrante e uma direção de arte impecável. No entanto, seu roteiro clichê e um final fraco deixam a desejar.
O excesso de piadas pode alienar parte do público, enquanto a relação entre Aquaman e Orm se destaca como ponto alto. Apesar das cenas de ação incríveis e alguns momentos divertidos, a falta de profundidade narrativa e o vazio geral do enredo o colocam como um dos piores filmes de heróis de 2023.
Embora o carisma de Patrick Wilson e o espetacular design visual compensem em parte, "Aquaman 2" deixa a sensação de que poderia ter sido mais do que apenas divertido, mas uma verdadeira imersão no universo aquático do herói.
Ficção Americana
3.8 380 Assista Agora"American Fiction" é uma obra cinematográfica que mergulha fundo nas complexidades da indústria literária e da representação negra nos Estados Unidos. Dirigido por Cord Jefferson, o filme apresenta uma narrativa inteligente e perspicaz, embalada por performances excepcionais.
No centro da trama está Thelonious "Monk" Ellison, interpretado brilhantemente por Jeffrey Wright, um autor negro que luta para encontrar reconhecimento em um mundo literário dominado por estereótipos. Ao adotar o pseudônimo Stagg R. Leigh, Monk escreve um romance repleto dos clichês que ele tanto despreza, como um ato de rebelião contra as expectativas do mercado editorial.
Wright oferece uma atuação emocionante e complexa, transmitindo as angústias e contradições de Monk de forma genuína. Ao seu lado, Sterling K. Brown brilha como o irmão impulsivo e carismático de Monk, Clifford Ellison, em uma performance cativante.
O filme aborda temas profundos, desde a exploração da identidade negra na literatura até as complexidades das relações familiares. No entanto, em seu esforço para abordar tantos assuntos, "American Fiction" por vezes se perde em seu próprio enredo, especialmente em seu ato final.
Apesar disso, o filme permanece como uma reflexão poderosa sobre a interseção entre arte e vida negra, desafiando as noções convencionais de representação e reconhecimento na indústria cultural. Jefferson oferece uma crítica afiada às expectativas da sociedade branca em relação às narrativas negras, enquanto celebra a riqueza e diversidade das experiências negras nos Estados Unidos.
No geral, "American Fiction" é uma obra relevante e provocativa, que certamente deixará uma marca duradoura no espectador.
Zona de Interesse
3.6 601 Assista Agora"Zona de Interesse", dirigido por Jonathan Glazer, mergulha na vida cotidiana de Rudolf Höss e sua esposa, que vivem próximos ao campo de concentração de Auschwitz. Sob a aparente normalidade de uma família alemã, esconde-se a brutalidade de sua realidade.
O filme adota uma abordagem única, optando por longos planos estáticos que provocam um incômodo proposital, aproximando o espectador da indiferença que permeia a vida dos personagens. Através de uma meticulosa seleção de cenas, Glazer nos convida a testemunhar a monotonia da vida ao lado de um dos maiores horrores da história, enquanto a brutalidade do genocídio é apenas um murmúrio ao fundo.
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O destaque é a última cena, que mostra faxineiras trabalhando em Auschwitz, destacando como o mal pode se tornar parte do cotidiano. A ausência de um enredo central pode dificultar o envolvimento inicial do espectador, mas a imersão sensorial é a espinha dorsal da experiência, especialmente devido à edição e mixagem de som.
"Zona de Interesse" não é apenas mais um filme sobre o Holocausto. É uma reflexão profunda sobre a banalidade do mal e a capacidade da humanidade de se tornar indiferente diante do horror. Embora não seja um filme para todos os gostos, sua abordagem única e provocativa deixa uma marca indelével naqueles que se aventuram a testemunhar sua mensagem perturbadora. Indicado a várias categorias importantes em premiações cinematográficas, o filme desafia as convenções do gênero e oferece uma visão inquietante da história.
BlackBerry
3.5 58 Assista AgoraO filme "BlackBerry" oferece uma imersão fascinante na história da ascensão meteórica e desaparecimento catastrófico do primeiro smartphone do mundo. Com um roteiro excelente e execução impecável, o filme cativa desde o início.
Explorando a trajetória da empresa canadense e seus principais protagonistas, como Doug, Mike e o ambicioso Jim Balsillie, o enredo destaca os altos e baixos do mundo da tecnologia. Embora alguns personagens secundários possam parecer estereotipados, o foco nos aspectos empresariais e nas complexidades do mercado compensa essa questão.
Ao mergulhar na competição acirrada com a Apple e a revolução trazida pelo iPhone em 2007, o filme destaca a necessidade constante de inovação e adaptação no mercado tecnológico. A câmera tremida pode distrair em alguns momentos, mas a narrativa envolvente e a trilha sonora cativante mantêm o espectador engajado.
Em suma, "BlackBerry" é uma surpresa agradável, oferecendo mais do que apenas uma história biográfica. É um olhar perspicaz sobre os desafios enfrentados pelas empresas de tecnologia e as lições aprendidas com o passado. Uma recomendação certa para os amantes de filmes sobre empreendedorismo e inovação.
Mil e Um
3.7 16 Assista Agora"Mil e Um" (2023), dirigido por A.V. Rockwell, é uma poderosa exploração da maternidade e identidade em meio a uma Nova York em transformação.
O sequestro pelo personagem de Teyana Taylor desencadeia uma jornada visceral, destacando a rede de apoio real frente às instituições. Vencedor do prêmio do júri no Festival de Sundance, o filme, embora realista e sem concessões, oferece momentos belos e comoventes.
As atuações, especialmente a de Teyana Taylor, brilham, mas algumas cenas podem parecer excessivas. Com uma direção cuidadosa, o filme culmina em revelações impactantes, proporcionando uma experiência cinematográfica memorável.
Nosso Sonho
3.8 181"Nosso Sonho" é uma emocionante estreia no Globoplay e Amazon Prime, via Telecine, destacando-se como um dos filmes mais encantadores de 2023.
A narrativa sobre Claudinho e Buchecha, ícones do funk e elemento crucial da cultura brasileira, revela o brilhante potencial do cinema nacional. A atuação de Lucas Penteado e Juan Paiva é notável, reforçando a química já vista em Malhação.
A amizade entre Claudinho e Buchecha é o ponto alto, transmitindo uma conexão genuína. O filme aborda a ascensão meteórica da dupla, cujo sucesso parece predestinado, e explora as complexidades individuais de Buchecha e Claudinho.
Mesmo com o desfecho trágico, "Nosso Sonho" é mais do que uma história musical; é um tributo à amizade que impactou o Brasil e o mundo, valendo a pena cada momento assistido.
Assistido em 9/1/2024 ⭐⭐⭐⭐
Outer Banks (3ª Temporada)
3.3 35A premissa é interessante, mas o roteiro deixar bastante a desejar e os personagens vão se perdendo a cada capítulo. Se ficassem mais na busca pelo tesouro do que relações pessoais, talvez valeria a pena acompanhar as temporadas seguintes.
Flora e Filho - Música em Família
3.5 18"Flora e Filho" é mais uma joia na coroa do diretor irlandês John Carney, conhecido por seu toque mágico em filmes musicais. Neste novo lançamento na Apple TV+, Carney nos presenteia com uma dramédia musical encantadora que capta a essência da Irlanda cotidiana.
A trama se desenrola em torno de Flora, uma mãe solteira interpretada brilhantemente por Eve Hewson, que tenta se reconectar com seu filho rebelde, Max, através da música. A química entre os protagonistas é palpável, e a condução enérgica e empática de Carney evita clichês, entregando uma história envolvente sem forçar a barra.
O filme destaca a música não apenas como um pano de fundo, mas como um alicerce para enfrentar os desafios da vida. As canções, habilmente trabalhadas por músicos profissionais e pelos próprios protagonistas, são mais do que simples acompanhamentos, tornando-se parte integrante da narrativa.
Eve Hewson brilha ao dar vida à personagem de Flora, transmitindo emoções com autenticidade. Enquanto alguns podem criticar a fórmula "similar" de Carney em seus filmes, é inegável que ele mais uma vez acerta ao abordar temas familiares de uma maneira acessível e cativante.
Visualmente, o filme é bem dimensionado, destacando a simplicidade do apartamento dos protagonistas. As locações, incluindo a instituição penal, são apresentadas de forma envolvente, contribuindo para a experiência visual.
Em relação às performances, Eve Hewson entrega uma atuação direta e emocionalmente carregada, enquanto Orén Kinlan interpreta Max com uma mistura de fechamento e carisma. Joseph Gordon-Levitt, embora seco em algumas cenas, complementa o elenco com sua presença.
"Flora e Filho" pode não ser uma obra-prima, mas é um filme que aquece o coração e proporciona uma experiência agradável. Com uma duração de apenas 97 minutos, é uma opção leve e tocante para quem procura um respiro cinematográfico. John Carney continua a trilhar sua fórmula de sucesso, oferecendo uma narrativa envolvente que destaca o poder transformador da música.
Em suma, "Flora e Filho" pode não trazer grandes inovações ao estilo de Carney, mas cumpre seu propósito de entreter e, ao mesmo tempo, transmitir mensagens sobre família, mudança e conexões inesperadas. Vale a pena dedicar um tempo a este filme, especialmente se você aprecia o toque singular do diretor no universo musical.
Gran Turismo: De Jogador a Corredor
3.6 176 Assista AgoraGran Turismo: De Jogador a Corredor 2023, dirigido por Neill Blomkamp, é uma história de realização de desejos definitiva de um adolescente jogador de Gran Turismo, cujas habilidades no jogo o levaram a competições da Nissan, tornando-se um piloto de carros de corrida profissional de verdade.
Embora não alcance todo o seu potencial, Gran Turismo ainda é um filme divertido que vale a pena assistir. É uma história esportiva de superação direta e previsível, que não arrisca muito, especialmente quando consideramos a enxurrada de filmes de corrida profissional chegando a Hollywood. No entanto, apesar da falta de riscos, o filme tem qualidades redentoras. Um desses pontos é David Harbour, um dos atores mais simpáticos de Hollywood no momento. Orlando Bloom, que não aparece em muitos filmes na última década, também entrega uma atuação de qualidade. Combine isso com visuais sólidos e algumas sequências de corrida bem executadas, e você ainda tem uma experiência que vale a pena no cinema.
O maior problema de Gran Turismo é a falta de interesse visual e narrativo nas cenas de corrida, um pecado em um filme que diz amar as corridas acima de tudo. Quando o filme se concentra nas corridas, ele brilha. As sequências nas pistas são bem coreografadas e têm ritmo, mas quando se aprofunda no drama, ele perde o rumo, e o tom constante de autopromoção afasta o espectador.
A trama tinha potencial, mas parece mais adequada para um filme dos anos 2000. Neill Blomkamp deveria se concentrar em desenvolver District 10. No entanto, o filme se destaca entre as adaptações de jogos para filmes e segue a ideia do jogo Gran Turismo de maneira admirável, embora falhe ao simplificar a questão das licenças de condução.
Gran Turismo é uma história inspiradora baseada em fatos reais sobre um jogador que se tornou um piloto de corrida de verdade, e as cenas de corrida são empolgantes. David Harbour se destaca na atuação, enquanto o protagonista deixa a desejar em carisma. É um filme que vale a pena para os fãs do jogo e oferece momentos emocionantes, mas algumas partes do enredo poderiam ter sido desenvolvidas de maneira mais profunda.
Em resumo, Gran Turismo é um filme que mistura elementos de esporte e superação, com algumas falhas, mas ainda assim consegue cativar o público, principalmente os fãs do jogo. É uma jornada emocionante do jogador ao piloto, com boas atuações e cenas de corrida bem feitas, embora pudesse ter explorado melhor seu potencial.
Saint Omer
3.7 15 Assista AgoraRama, uma romancista, busca inspiração no julgamento de Laurence Coly para uma adaptação moderna do mito de Medeia, mas o filme de Alice Diop vai além, explorando a invisibilidade do racismo de imigrantes e as complexidades cósmicas da maternidade.
Diop opta por uma câmera estática, focando na atuação e no texto. A primeira metade, embora lenta, estabelece as bases para uma segunda parte arrebatadora. A obra-prima surpreende, com interpretações magníficas e referências literárias sensíveis.
Vencedor do Grande Prêmio do Júri em Veneza, "Saint Omer" desafia expectativas. A tomada inicial no tribunal, embora extensa, revela-se crucial, proporcionando crescimento contínuo. O filme mergulha nas nuances do julgamento, envolvendo o espectador de maneira visceral.
A direção honrosa de Alice Diop destaca personagens enigmáticas. O filme, único em sua abordagem, entra para um seleto rol que retrata a ambiguidade de personagens de forma perfeita.
No entanto, opiniões divergem. Algumas críticas apontam escolhas direcionadas da diretora e uma protagonista mal desenvolvida. Ainda assim, a atuação da acusada brilha, destacando-se como excelente.
O filme de Diop vai além do crime em julgamento, tocando feridas femininas antigas. Questões devastadoras sobre maternidade, insegurança e medo transmitem uma narrativa complexa e poderosa.
Em sua incursão na ficção, Alice Diop entrega um drama judicial intenso, baseado em um caso real. "Saint Omer" não apenas explora o crime, mas também as camadas emocionais da narrativa, oferecendo uma experiência extraordinária.
Diop permite que as perguntas surjam sem fornecer respostas definitivas. Ao retratar a experiência de Rama e Laurence, o filme ressoa com ansiedades e influências subterrâneas. A diretora, ao confrontar suas próprias verdades difíceis, cria um filme catártico e reflexivo.
"Saint Omer" transcende as convenções dos documentários de crime, oferecendo uma reflexão profunda sobre a vida contemporânea na França, a experiência de imigrantes e as sombras que carregamos ao nos movermos para novos territórios. Alice Diop nos ensina a ouvir o que o silêncio tenta dizer.
Ninguém Vai Te Salvar
3.2 564 Assista Agora[spoiler][/spoiler]
**Ninguém Vai Te Salvar (2023): Uma Jornada de Culpa e Redenção**
Dirigido por Brian Duffield, "Ninguém Vai Te Salvar" mergulha na psique de uma mulher reclusa, interpretada de forma impressionante por Kaitlyn Dever, que enfrenta um invasor alienígena em sua casa. O filme se destaca ao abordar temas de culpa, ressentimento e autoperdão, explorando a complexidade do ciclo vida-morte-vida.
A narrativa inicial é habilmente construída com sombras e falsas reações, revelando um desconforto mascarado por sorrisos ensaiados. A protagonista, apesar de sua reclusão, transmite uma gama de emoções contraditórias, desde alegrias genuínas até momentos de tensão.
A fusão da realidade com elementos fantásticos cria uma trama imersiva, onde a protagonista se confronta não apenas com a ameaça alienígena, mas também com suas próprias angústias e traumas. O clímax catártico mergulha nas profundezas da culpa e ressentimento, levando a uma reflexão sobre o perdão, julgamento e redenção.
A falta de diálogos é compensada pela atuação convincente de Kaitlyn Dever, cujas expressões faciais tornam-se cruciais para transmitir as complexidades emocionais do filme. Os aliens, apesar de inicialmente ameaçadores, revelam uma humanidade surpreendente, contrastando com a amargura da pequena cidade.
No entanto, o filme divide opiniões com seu desfecho inusitado. Alguns elogiam a originalidade, enquanto outros acham o final confuso e aberto. A trama, que começa como um thriller alienígena, evolui para uma reflexão sobre a natureza humana, tornando-se, para alguns, uma obra-prima e, para outros, um filme que se perde em suas próprias complexidades.
Destaque para a cena impactante em que a protagonista enfrenta seu próprio "passado" ao esfaquear o clone, simbolizando a necessidade de confrontar e superar os traumas para evitar a autodestruição. Os ETs, inicialmente vistos como ameaças, revelam-se mais "humanos" do que os próprios humanos, gerando empatia surpreendente.
A fotografia e caracterização dos ETs são elogiáveis, proporcionando um bom entretenimento. No entanto, algumas críticas apontam para soluções fáceis em situações estúpidas no roteiro.
Em resumo, "Ninguém Vai Te Salvar" é um filme sensacional e original, com uma direção impecável de Brian Duffield. A ausência de diálogos é compensada pela intensidade das performances, especialmente de Kaitlyn Dever. Apesar de algumas críticas pontuais, o filme se destaca como uma obra única no gênero, mergulhando nas profundezas da psique humana enquanto enfrenta ameaças extraterrestres.
Nada é Por Acaso
3.0 26 Assista AgoraO filme "Nada é Por Acaso" dirigido por Márcio Trigo é uma obra que me emocionou e cativou desde o início. Mesmo sem ter lido o livro, pude compreender claramente a mensagem espiritualista que o filme transmite. A trama é bem construída, e apesar de algumas críticas quanto à credibilidade da protagonista ser virgem e formada em direito, acredito que o filme conseguiu romper com estereótipos e mostrar a liberdade de escolha de cada indivíduo.
A produção, embora tenha enfrentado desafios devido ao baixo orçamento, apresenta uma história envolvente e uma reviravolta surpreendente. Contudo, é preciso mencionar que algumas atuações deixaram a desejar, ficando abaixo do padrão esperado para um longa-metragem. A ambientação contemporânea, embora tenha gerado algumas críticas, trouxe uma abordagem moderna e acessível para o público atual.
A temática espírita é tratada de forma sensível, apesar de algumas questões controversas, como a venda do corpo e a falta de condenação explícita por parte da doutrina espírita. Houve uma certa naturalidade ao abordar esses temas, o que pode causar desconforto para alguns espectadores.
Apesar de algumas falhas na adaptação e na consistência da trama, "Nada é Por Acaso" se destaca como um filme que busca transmitir uma mensagem profunda sobre os propósitos das pessoas em nossas vidas e as escolhas que fazemos ao longo do caminho. A intercalação entre passado, presente e "futuro", juntamente com os flashbacks de encarnações anteriores, pode gerar uma certa confusão inicial, mas a narrativa se encaixa de forma satisfatória.
Este é um passo importante para o cinema brasileiro ao abordar temáticas espiritualistas, e espero que mais produções desse tipo continuem a ser realizadas, explorando histórias que emocionem e toquem profundamente os espectadores. Para quem se interessa pelo espiritismo, recomendo tanto o filme quanto a leitura do livro para uma compreensão mais ampla e enriquecedora da história. "Nada é Por Acaso" é, sem dúvida, uma obra que nos faz refletir sobre a importância das relações e o propósito por trás de cada encontro em nossas vidas.
Honor Society
3.5 43 Assista Agora[spoiler][/spoiler]
"Honor Society" (2022) é uma agradável surpresa no mundo das comédias adolescentes. Dirigido por Oran Zegman e estrelado por Angourie Rice e Gaten Matarazzo, o filme segue a história de Honor, uma ambiciosa estudante do ensino médio cujo único objetivo é ingressar na Harvard.
O filme captura a essência das comédias adolescentes dos anos 2000, e Angourie Rice brilha no papel principal, roubando todas as cenas com seu carisma incrível. A trama se desenrola de forma envolvente, explorando as artimanhas de Honor para superar seus concorrentes. Os personagens secundários também são bem desenvolvidos, com exceção do personagem de Gaten Matarazzo, que não se destaca tanto.
Um dos pontos altos do filme é o plot twist envolvendo o personagem de Matarazzo, revelando sua manipulação e mostrando que estereótipos nem sempre são verdadeiros. Isso acrescenta complexidade ao romance, tornando-o mais realista e imprevisível.
A narrativa quebra a quarta parede em alguns momentos, o que inicialmente causou alguma angústia, mas logo me surpreendeu pela construção da personagem principal e o desenvolvimento da trama. O filme aborda questões típicas da juventude, mas de forma inovadora, escapando dos clichês habituais das comédias adolescentes.
A mensagem final do filme é poderosa, mostrando que, na vida real, nem sempre temos o típico final feliz, mas podemos superar as adversidades e encontrar nosso próprio caminho. "Honor Society" é uma ótima opção para quem busca uma comédia adolescente leve, envolvente e com personagens cativantes. Angourie Rice brilha como uma estrela em ascensão, e o filme traz um sopro de ar fresco ao gênero. Recomendo fortemente!
Amor à Primeira Vista
3.5 127 Assista Agora"Amor à Primeira Vista" é uma jóia cinematográfica que nos brinda com a doce simplicidade do amor e do destino. O filme nos leva em uma viagem encantadora entre Hadley e Oliver, interpretados brilhantemente por Haley Lu Richardson e Ben Hardy, que se encontram em um voo de Nova York para Londres. A partir desse momento, somos conduzidos por uma narrativa que é ao mesmo tempo comovente e divertida.
A trama, baseada no livro "A Probabilidade Estatística do Amor", de Jennifer E. Smith, nos lembra que o amor muitas vezes encontra seu caminho nos lugares e momentos mais inesperados. Hadley, uma jovem desajeitada e carismática, perde seu voo para Londres, onde seu pai está prestes a se casar. É aí que ela encontra Oliver, um jovem aficionado por estatísticas e números, em uma jornada que mistura coincidências e escolhas.
O filme, sob a direção habilidosa de Vanessa Caswill, explora temas como destino, acasos e o poder do amor de forma tocante. A química entre os personagens é palpável, e a história nos envolve de maneira autêntica, fazendo-nos torcer por esse casal improvável.
Embora possa parecer um clichê, "Amor à Primeira Vista" se destaca ao oferecer uma história cativante, rica em emoção e sinceridade. As atuações naturais de Haley Lu Richardson e Ben Hardy elevam a narrativa, tornando-a uma experiência que vale a pena. A trilha sonora complementa perfeitamente a atmosfera romântica do filme.
Não há grandes pretensões neste filme, mas ele brilha ao explorar os clichês do romance juvenil de uma forma encantadora e envolvente. É uma escolha perfeita para uma sessão descontraída, onde se pode simplesmente se deixar levar pela doce magia do amor à primeira vista.
"Amor à Primeira Vista" é um lembrete afetuoso de que, mesmo nos momentos mais incertos, o amor pode surgir e transformar nossas vidas de maneiras surpreendentes. Um filme que aquece o coração e nos lembra da beleza do acaso e da magia que está presente nos encontros inesperados. Vale a pena assistir e se deixar envolver por essa história adorável.
Gravidade
3.9 5,1K Assista Agora"Gravidade" é um espetáculo cinematográfico alucinante que nos leva para o espaço e nos deixa sem fôlego desde o início. Dirigido por Alfonso Cuarón, o filme nos apresenta a Dra. Ryan Stone, uma engenheira médica brilhante em sua primeira missão no ônibus espacial, com o veterano astronauta Matt Kowalsky comandando sua última viagem antes da aposentadoria. No entanto, o que parecia uma caminhada espacial rotineira se transforma em um desastre quando a nave é destruída, deixando Stone e Kowalsky completamente sozinhos no vazio do espaço.
O filme é uma experiência avassaladora, especialmente quando assistido em 3D. A imersão é total, graças à cinematografia de Cuarón, que nos mantém próximos aos personagens, capturando a tensão e a claustrofobia do espaço. As cenas são coreografadas de maneira magistral, mantendo o espectador grudado na cadeira e ansioso para saber o que acontecerá a seguir.
A trama é enxuta e direta, mantendo o foco na luta pela sobrevivência dos personagens. Sandra Bullock entrega uma atuação excepcional como Dra. Ryan Stone, transmitindo a vulnerabilidade e a determinação de sua personagem de forma convincente. A trilha sonora, embora tensa, contribui para a experiência imersiva.
Os efeitos visuais são deslumbrantes, proporcionando uma representação impressionante do espaço e criando um espetáculo visualmente deslumbrante. É um filme que faz você questionar sua existência e valorizar as coisas mais simples da vida, como o ar que respiramos e as pessoas ao nosso redor.
Em última análise, "Gravidade" é uma obra-prima que nos lembra do terror e da beleza do espaço, oferecendo uma experiência cinematográfica que fica gravada na memória muito tempo depois de terminar. Um marco para o cinema, um pequeno passo para um filme, mas um salto gigantesco para a sétima arte. Alfonso Cuarón mais uma vez mostra sua genialidade e nos presenteia com uma obra de arte que merece ser vista na tela grande.
A Origem
4.4 5,9K Assista AgoraDirigido pelo mestre da mente, Christopher Nolan, "A Origem" nos mergulha em um mundo de possibilidades fascinantes. Dom Cobb (Leonardo DiCaprio) lidera um grupo de habilidosos ladrões especializados na arte da extração de segredos valiosos durante os sonhos. Nesse universo de espionagem corporativa, o impossível é a nova meta: implantar uma ideia ao invés de roubá-la.
O filme é genial ao explorar os labirintos dos sonhos, uma sequência dentro da outra. No entanto, perde força na construção dos personagens, falhando em criar empatia com eles. Ainda que tenha suas complexidades, o filme é positivo no saldo final. Nolan apresenta uma premissa envolvente, mas em alguns momentos, a narrativa se torna didática, prejudicando o ritmo. No entanto, para quem aprecia desafios mentais, a jornada vale a pena, apesar da dor de cabeça que pode acompanhar.
A história se desenrola em meio a reviravoltas, ação espetacular e uma reflexão profunda sobre a natureza da realidade e a psicologia humana. DiCaprio entrega uma atuação surpreendente, transmitindo a angústia de um homem em busca de redenção e reconciliação.
No entanto, o filme deixa espaço para interpretações, especialmente em seu intrigante final. A mistura de ação, drama e suspense, aliada a uma narrativa complexa, faz de "A Origem" uma obra-prima do cinema moderno.
Apesar de alguns desafios narrativos, o filme é um espetáculo visual e uma reflexão instigante sobre a mente humana e os limites da percepção. Christopher Nolan nos presenteia com uma experiência cinematográfica inesquecível, desafiando nossas concepções da realidade. "A Origem" é um mergulho profundo no labirinto da mente e uma obra que merece ser revisitada e debatida.
Perdida
3.1 69Dirigido por Katherine Chediak Putnam, "Perdida" (2023) é uma adaptação do livro homônimo de Carina Rissi, que transporta a protagonista Sofia, interpretada por Giovanna Grigio, para o século XIX após um acontecimento misterioso com seu celular. Nessa nova realidade, ela conhece Ian Clarke, vivido por Bruno Montaleone, e é acolhida pela família Clarke enquanto tenta encontrar um meio de retornar para sua época.
O filme, embora tenha suas falhas, consegue contar uma boa história e é visualmente impressionante. A fotografia e os figurinos são impecáveis, transportando o espectador para a atmosfera do século XIX. A trilha sonora, especialmente a interpretação de "Can't Help Falling in Love" pelo Pentatonix, é emocionante.
Destacam-se as atuações de Giovanna Grigio, Bruno Montaleone e outros membros do elenco, proporcionando uma química interessante entre os personagens. No entanto, alguns desejaram mais cenas explorando a relação entre Sofia e Ian, assim como elementos importantes da trama, como a criação do shampoo e outras situações do livro, que não foram devidamente abordados.
Apesar disso, o filme é uma tentativa louvável de trazer o universo de Jane Austen para a tela grande. Entretanto, críticas apontam que o roteiro é raso, os diálogos ensaiados e os atores não conseguiram convencer plenamente. A narrativa também foi considerada maçante por alguns espectadores, e o final recebeu críticas contraditórias, com opiniões variadas sobre sua adequação.
"Perdida" é uma adaptação aguardada pelos fãs do livro, embora tenha recebido críticas por não abordar certos aspectos históricos, como a escravidão, e por sua conclusão considerada piegas e fora de sintonia com a personalidade da protagonista.
Em suma, "Perdida" é um filme que tem seus méritos, mas também suas falhas, mostrando potencial para explorar temas interessantes, mas se perdendo no desenvolvimento da trama e na execução de sua mensagem. Apesar disso, é uma tentativa de trazer uma história no estilo de Jane Austen para os cinemas, oferecendo uma experiência visualmente atraente e um elenco dedicado. No entanto, fica evidente que o filme poderia ter alcançado um impacto mais profundo e uma conexão emocional mais forte com o público se tivesse aprimorado seu roteiro e abordado questões históricas de forma mais crítica e sensível.
Quo Vadis, Aida?
4.2 177 Assista Agora"Quo Vadis, Aida?" dirigido por Jasmila Zbanic é um olhar penetrante sobre o genocídio ocorrido em Srebrenica, Bósnia, em julho de 1995. A interpretação impressionante de Jasna Đuričić é o ponto alto do filme, trazendo à vida a angústia e desespero de Aida, uma tradutora da ONU, diante da terrível situação que sua família enfrenta.
O filme apresenta a perspectiva íntima de Aida, uma mãe desesperada tentando proteger sua família durante a invasão da cidade pelos sérvios. A narrativa, embora centrada em um evento específico, evoca reflexões sobre o fracasso das políticas internacionais e da ONU em agir de forma decisiva para proteger vidas inocentes.
A direção de Zbanic é magistral, mantendo um ritmo envolvente e tenso sem recorrer a cenas gráficas. No entanto, a falta de contexto histórico mais amplo pode ser vista como uma ressalva, deixando o espectador com desejo de mais informações sobre o contexto da guerra na Bósnia.
"Quo Vadis, Aida?" não é apenas um filme sobre uma tragédia específica, mas uma chamada para manter viva a memória desses eventos e aprender com o passado. O filme toca em questões universais de impotência, desespero e a necessidade de enfrentar as consequências das guerras e suas vítimas.
Em suma, "Quo Vadis, Aida?" é um filme impactante e necessário que nos lembra da importância de manter viva a história através da arte, para que possamos aprender com os erros do passado e evitar repetições desastrosas no futuro. Um filme que merece ser visto e refletido, mesmo que seja uma experiência emocionalmente difícil de enfrentar.
Best Sellers
3.1 17 Assista Agora"Best Sellers", a estreia de Lina Roessler na direção, reúne Michael Caine e Aubrey Plaza em uma comédia dramática que explora o mundo literário de maneira leve.
O filme é uma grata surpresa, perfeito para uma noite tranquila. A atuação de Aubrey Plaza é fabulosa, e a química entre ela e Michael Caine é o ponto alto dessa jornada cinematográfica.
A história começa com a jovem editora, interpretada por Plaza, tentando salvar sua editora com a ajuda de Harris Shaw, um escritor recluso vivido por Caine. A trama se desenrola de forma divertida, mesclando acidez e emoção.
No entanto, algumas inconsistências na trama prejudicam a credibilidade do enredo. A falta de lógica em relação ao sucesso do livro e à estratégia de marketing adotada é notável. A forma como a viralidade é abordada no contexto da trama também deixa a desejar, parecendo forçada e pouco realista.
Apesar disso, a dinâmica entre os protagonistas e alguns momentos emocionantes no filme conquistam o público. A evolução dos personagens ao longo da história, saindo de uma relação conflituosa para uma parceria de respeito, é cativante.
"Best Sellers" entrega o que promete: uma narrativa que mescla humor e emoção, impulsionada pelas atuações marcantes de Plaza e Caine. Vale a pena conferir e apreciar a química entre os personagens, mesmo diante de algumas inconsistências no enredo.
Uma Boa Pessoa
3.6 45"Uma Boa Pessoa," dirigido por Zach Braff, é um drama envolvente que mergulha profundamente no tema da recuperação de vícios e traumas. Florence Pugh, em uma atuação poderosa, interpreta Allison, cuja vida desmorona após um acidente fatal e a perda de seu noivo. O filme explora as consequências emocionais desse evento, bem como a dependência química que se segue.
O tom do filme é sólido, embora por vezes pareça um pouco acima da média, tornando-se mais pesado do que necessário. No entanto, o roteiro entrega um poderoso retrato de uma pessoa lutando contra seus demônios internos. Florence Pugh brilha como protagonista, mesmo que o filme por vezes pareça indeciso entre focar nela ou em Morgan Freeman, cuja atuação é impactante.
As cenas são habilmente interpretadas, especialmente os monólogos de Freeman e o olhar viciado de Pugh, que são arrepiantes. A química entre os atores é palpável e cativante. A história aborda temas complexos, como culpa, responsabilidade e o impacto do trauma, bem como a luta contra a dependência química.
Embora o filme não seja inovador em sua abordagem dos temas de vício e recuperação, ele ainda é envolvente. O roteiro possui diálogos envolventes que contribuem para o desenvolvimento dos personagens. A história, embora previsível em alguns momentos, mantém o interesse do espectador.
"Uma Boa Pessoa" é um filme que destaca as atuações de Florence Pugh e Morgan Freeman, que entregam performances excepcionais. Embora possa não se destacar como uma obra-prima, é um drama que vale a pena ser visto, principalmente pela autenticidade de suas interpretações e pela maneira como aborda questões de vício e recuperação de forma sensível e realista. Zach Braff mostra sua habilidade em contar histórias que tocam o coração, mesmo que o final pareça um pouco conveniente. Em última análise, é um filme que deixa uma impressão duradoura e emocionante.
O Conde
3.2 96 Assista Agora"O Conde" (2023), dirigido por Pablo Larraín, é uma sátira provocante que mergulha no mundo sombrio do ditador Augusto Pinochet, retratando-o como um vampiro idoso que busca pôr fim à sua existência de 250 anos. O filme cria uma atmosfera gélida em preto e branco, reforçando a melancolia vampiresca da trama.
A narrativa, embora original em sua ideia central, carece de sofisticação na execução. A exposição excessiva e a narração em off em momentos desnecessários prejudicam a fluidez do filme. No entanto, a fotografia é um destaque, transportando-nos para um mundo de monstros clássicos.
A crítica social presente em "O Conde" é notável, com sarcasmo dirigido a militares, empresários e igreja, lembrando eventos históricos como o 11 de setembro de 1973. O filme também tece críticas ao imperialismo norte-americano, governos liberais e ditaduras de esquerda.
Apesar de alguns altos e baixos na narrativa, o filme consegue prender a atenção, especialmente devido à sua atmosfera única e às reviravoltas surpreendentes. No entanto, a repetição da trilha sonora pode torná-lo cansativo em alguns momentos.
"O Conde" é uma obra ambiciosa que, apesar de suas imperfeições, oferece uma visão distorcida e intrigante de um ditador transformado em vampiro. Com sua mistura de elementos fantásticos e crítica social, o filme se destaca como uma produção singular de Pablo Larraín, lembrando-nos de sua maestria no cinema autoral.
Dois Dias, Uma Noite
3.9 542"Dois Dias, Uma Noite", dirigido pelos talentosos Jean-Pierre e Luc Dardenne, mergulha fundo na vida de Sandra, interpretada brilhantemente por Marion Cotillard. O enredo desenrola-se em torno de um dilema angustiante: Sandra tem apenas um fim de semana para convencer seus colegas de trabalho a renunciar ao tão esperado bônus salarial, uma necessidade desesperada para manter seu emprego.
O filme é uma poderosa crítica ao capitalismo, revelando como o sistema muitas vezes joga os trabalhadores uns contra os outros, forçando-os a fazer escolhas impossíveis. A narrativa se desenrola de forma lenta, mas intensa, refletindo a agonia da protagonista a cada porta batida em busca de apoio.
Marion Cotillard oferece uma atuação excepcional, destacando-se na pele de Sandra. Sua jornada é repleta de momentos emocionais que nos fazem sentir sua angústia e desespero. O filme nos faz refletir sobre ética, moralidade e solidariedade em um mundo que muitas vezes parece indiferente às lutas individuais.
"Dois Dias, Uma Noite" é uma obra-prima que nos leva a questionar o sistema em que vivemos e a valorizar o apoio mútuo entre colegas de trabalho. É um filme que nos lembra que, mesmo nas situações mais difíceis, a luta vale a pena, e a solidariedade pode ser a luz no fim do túnel. Um filme essencial que merece ser visto e discutido, pois toca em questões sociais e humanas profundas de maneira intensa e comovente.
Clube da Luta Para Meninas
3.4 232 Assista AgoraDirigido por Emma Seligman, "Bottoms" é uma comédia adolescente que mergulha em uma jornada caótica e hilária de duas garotas queer e impopulares, PJ (Rachel Sennott) e Josie (Ayo Edebiri), que decidem criar um clube da luta para conquistar seus crushes antes da formatura.
O filme começa com a pergunta que define a trama: "Você quer ser a única virgem da turma em Sarah Lawrence?" Essa indagação de PJ dá início a uma comédia frenética que não poupa esforços para garantir que suas protagonistas alcancem seu objetivo de perder a virgindade. O elenco, com destaque para Rachel Sennott e Nicholas Galitzine, entrega performances sólidas que mantêm o ritmo acelerado do filme.
No entanto, uma ressalva importante é a falta de carisma em alguns dos personagens secundários, o que pode afastar o público em alguns momentos. A trama gira em torno da criação de um clube de autodefesa, que serve como cenário para cenas de ação exageradas e divertidas.
A direção de Emma Seligman mostra sua versatilidade, após o sucesso de "Shiva Baby" (2021). Aqui, ela mergulha no mundo das comédias adolescentes, trazendo uma abordagem queer refrescante ao gênero. A atmosfera do colégio, com sua hierarquia estranha e personagens excêntricos, adiciona um toque de absurdo à história.
"Bottoms" oferece momentos engraçados e situações absurdas, embora não alcance todo o seu potencial. O filme se destaca ao desafiar os estereótipos tradicionais dos filmes de ensino médio, permitindo que suas protagonistas sejam autênticas e imperfeitas. A inclusão de temas mais sérios, como traumas e violência, em meio à comédia também acrescenta profundidade à narrativa.
No geral, "Bottoms" é uma comédia adolescente divertida e caótica que, embora tenha seus altos e baixos, confirma o talento de Emma Seligman e Rachel Sennott como forças promissoras na comédia americana contemporânea.