A trilha sonora é massa demais. A movimentação da câmera, os enquadramentos, a luz, tudo é muito bonito e sofisticado. Mas ao contrário do que muitos esperam a partir desses elementos, a história flui muito bem e nos mantém interessados o tempo todo.
Em alguns momentos, como no discurso de Mark no mirante, achei que podia cair num tom pretensamente filosófico muito cafona e ruim, mas no fim é o pobre personagem falando sozinho e nem Anna nem mais ninguém liga (e no fim é até triste que ninguém ligue, pois permanece um predomínio da "realidade dura" como a única possível). Achei bem interessante o constante desencontro de desejos entre o "casal". Esperava que pudesse deslanchar numa comédia romântica pedante ao estilo do que Woody Allen fez aos montes nos últimos 20 anos, mas a permanência desse desencontro, a decadência de Mark (o homem "poderoso", vencedor de números e péssimo domador de palavras), bem como a decisão de Anna (que até então se mantinha como a mulher misteriosa, aquela que só poderia esconder o infinito por trás de expressões enigmáticas e silêncio) ao final, depois da grande cena dos 3.000 dólares, colocam tudo "no chão" de maneira bastante amarga e, ao fim, com Anna observando o quadro e o texto final, o filme parece concluir que para os vivos, resta buscar consolo na beleza das obras de arte, da mesma forma que nós vemos beleza no aspecto formal do filme, uma vez que a história é absolutamente banal e triste. Mas isso até é uma reflexão bem pedantinha e dispensável. No meu entender, o grande tema é a incomunicabilidade (mesmo entre Anna e Felicity, a menina rica de nome sugestivo, entre Felicity e o pai, entre as amigas e a cantora), entre discursos e desejos, e o esfacelamento de ideais como a mulher-obra-redentora que Mark esperava de Anna, o que Anna esperava da cidade e da carreira de atriz, ou os esboços de convicções políticas de Felicity diante do discurso implacável do pai.
Assisti no mubi só porque era do dia e tinha acabado de assinar, não esperava nada mas foi bem melhor do que imaginei!
O filme é interessante. A ambientação, a ideia e as cenas sob a água realmente são bem curiosas e fazem com que valha a pena assistir. Em especial a movimentação da criatura me dava um estranhamento legal, às vezes me lembrava os monstros do Scooby Doo! Também lembra um pouco tokusatsus.
Mas é uma coisa mais interessante pra quem gosta de filmes B e de história do cinema, pois os vai e vens da "trama" ficam cansativos depois de um certo tempo, não tem nenhum personagem interessante, os diálogos são sem profundidade e nem graça, a ambientação poderia ter sido muito mais bem explorada e mesmo as cenas na água acabam cansando depois de um tempo. Se for falar de monstros clássicos, Gojira é infinitamente mais divertido, bem feito e profundo.
A Forma da Água é maravilhoso. Guillermo del Toro pegou o que parece central aqui e fez uma coisa linda.
Esse filme é a minha maior decepção dos últimos tempos. Depois de ver Errementari fiquei um pouco menos preconceituoso com filmes estrangeiros da netflix. A capa, o nome e a sinopse misteriosa geraram uma expectativa de que, no mínimo, esse filme seria bizarrão.
Quando vi os primeiros segundos as expecrativas só subiram. E daí pra frente foi só pra trás. Não é uma boa ideia mal executada. É uma ideia estúpida que, se bem executada serviria de justificativa pra um filme divertido e/ou bizarro. Mas só não é nada. Premissa ridícula (daria certo se virasse um trash bom). Personagens totalmente desinteressantes (difícil dizer o mais desinteressante). Roteiro péssimo e mais furado que uma peneira. Movimentação de câmera ruim, desconfortável e previsível, clímax pra lá de infantil, nossa... só é péssimo mesmo.
Entre o noir e o início do giallo, esse filme tem um rodízio de elementos que se tornariam (ou começavam a se tornar) clichês do gênero. Todos muito bem arrumados e fazendo um filme que prende nosso interesse, surpreende e com certeza merecia ser mais conhecido! Coisa boa.
Meu sentimento em relação ao filme oscilou desconfortavelmente ao longo de cada episódio (isso por si só já é uma coisa boa).
Em alguns momentos achei pretensioso demais com todas as referências e citações. Em outros achei bastante interessante. O cenário e a atsmofera funcionam muito bem. Passa uma certa melancolia sem o menor traço de nostalgia. Uma ameaça constante sem que nem por um momento fiquemos vidrados como em um thriller.
Os diálogos são sempre como se pegássemos uma conversa pelo meio e muitas vezes como se a largássemos antes do fim. Pensando no todo, parece fazer sentido até as referências extenuantes e o marasmo que sentimos durante a maior parte do filme. Talvez uma segunda assistida seja mais interessante, mas pode ser difícil terminar a primeira.
Esse filme foi uma surpresa tão boa! Fui ver sem esperar nada, mas nos primeiros segundos já senti que seria bom. Do começo ao fim é muito bem conduzido, não para de surpreender, entreter e divertir. Realmente não é aquele filme de terror pra levar sustos e ficar com medo de apagar a luz pra dormir, e deve desagradar aqueles que vão atrás de narrativas "realistas" e só consideram dignas as obras que não "desabotoam a seriedade da cara" (pra falar como um grande escritor do século XIX).
Esse maravilhoso conto folclórico (no estilo daqueles colhidos pelos irmãos Grimm e não de suas adaptações amenizadas) vale demais a pena e se falar mais pode estragar.
Um dos poucos filmes que me parece justificável começar um elogio com "pra época...".
A interação entre as personagens é divertida e, como todo bom filme de terror, entretem para além dos sustos (que aliás são poucos) e assassinatos. Estes últimos, aliás, deixam muito a desejar em todos os sentidos em relação a praticamente todos os outros filmes do gênero. Falta muito estilo nessas cenas.
Mas a história é realmente divertidinha de acompanhar, a ambientação dá vontade de que tivesse sido até mais explorada, como numa série, há muitas personagens interessantes e inclusive uma que começa insuportável acaba fazendo sentido na história e em certa tradição das histórias de horror.
O final é previsível e hoje desconfortavelmente batido. Imagino que pudesse não ser na época e talvez tenha sido impactante. Com uma direção mais interessante especificamente nas cenas de assassinato, poderia ser beem legal! Mas assim ficou só legalziinho.
Parece legal de ver comendo pizza com amigos se eu tivesse na época do lançamento a idade que tinha quando via Lenda Urbana, Verão Passado, etc.
O professor de equitação é repugnante e a garota muito bonita.
Tem várias coisas bem legais e em alguns momentos é muito divertido. A trama poderia ser ótima, mas em alguns momentos fica cansativa e desinteressante, além de às vezes soar forçada (o que não é necessariamente um defeito mas) de um jeito que não é divertido.
O Terceiro Olho (1966) é parecido, mas no geral mais bem acabado e, ao meu ver, mais digno da citação freudiana compo epígrafe.
Ao meu ver, tentou ser e fazer umonte de coisa e falhou miseravelmente em tudo. Parece apenas pretensioso e fraco. Tenta deixar ambiguidades mas não instiga, tenta deixar o roteiro "difícil" mas é apenas confuso, tenta ser carregado de efeitos e significados mas nem chega a perturbar. As mesmas ideias mais bem executadas seriam um filmaço, algo mais próximo de Possessão ou algo assim, uma pena. Só o nome, como o colega disse abaixo, é legal, adoraria ter gostado só por causa dele!
Uma tentativa ousada, com boas cenas, mas a sensação geral é de um remake que não quer ser só um remake e terminou pretencioso, com uma tentativa chata de "justificar" um filme de terror tentando atribuir significantes políticos pra lá de batidos e entrou pro bando dos filmes pretensamente artísticos, pretensamente abertos, confortáveis na categoria de "viva uma experiência" mais do que uma boa história. Isso tudo é válido e já produziu grandes filmes, mas como tendência já tá ficando chato e o frisson em cima de um grande filme como o original de Argento acabou me deixando bem decepcionado. Apesar de tudo, tem cenas memoráveis, é bom de assistir e acima da média geral dos filmes de terror.
Faz de tudo pra ser grandioso. Mas faz demais. Não sei se porque pelo livro já sabia de tudo, mas não me prendeu nem um pouco. Tem personagens legais (com ótimo elenco), fotografia linda e a história tinha tudo pra dar um baita filme. Mas não chega lá, peca muito na ausência de suspense, nada nunca é sombrio, os personagens são abordados aos trancos e barrancos e apesar de se tratar de um assassinato tem uma aura "colorida" que soa muito melhor em algo como Grande Hotel Budapeste. E mesmo o que há de complexo termina como uma grande lição de moral, ainda que faça de tudo pra soar o contrário. Partilho da opinião de boa parte dos comentários abaixo.
Adoro o trabalho do diretor. Chaser é ótimo e The Wailing, na minha opinião, um dos melhores filmes de todos os tempos, perfeito. Esse aqui pra mim começou muito bem, mas do meio pro fim fica ao mesmo tempo apressado e longo demais. Ainda assim uma boa pedida pra quem quer ação e violência no melhor estilo coreano (com todos os possíveis defeitos ainda tá kms à frente do aclamado i saw the devil).
Só gostei cada vez mais da série, vi o filme por último e queria mesmo uma terceira temporada ou mais filmes. Há quem diga que centrou menos na reflexão e mais na ação. Não concordo. Geralmente não gosto muito de cenas de ação mas as do filme em especial estão muito bem feitas e empolgantes,
além disso, ao tratar da "expansão" do sybil, o filme aborda ainda o aspecto colonialista de seu sistema de manutenção da "paz", e o fato de se deixar enganar propositalmente por um regime totalitário extremamente violento sob o pretexto de no fim estabelecer "mais felicidade para mais pessoas" deu um passo a frente na complexidade do sistema e de akane, que mais uma vez "aceitou" criticamente um sistema do qual desconfia o tempo todo. Ela é uma excelente personagem, assim como Kougami. E até a reflexão incluida de maneira meio forçada sobre a violência do "colonizado" como modo de manter a dignidade me pareceu interessante, ainda que esses mercenários realmente não tenham tido o desenvolvimento que poderiam se seguissem por essa linha. Serviram mais pra proporcionar cenas de ação como vilõezões batidos.
Baita série! Quero mais! E se alguém puder, gostaria de recomendação de outros animes que mantenham esse nível de ação e profundidade.
Os dois primeiros são visualmente LINDOS. Mas o que têm de lindos têm de fracos. O que chega mais próximo de algo ao menos divertido é o 2o e, ainda assim, não passa daquela qualidade encontrada em tantos videoclipes, bonitos e que parecem ter TANTO A DIZER, mas a verdade é que são muito fracos nesse ponto (a única mensagem que tentam passar é o fato de que têm protagonistas mulheres e isso a gente fica sabendo logo de cara, afinal parece o maior apelo do filme ao público que, em geral, sai decepcionado. Não falo de uma "mensagem" definitiva que os filmes devam passar, isso em geral é entediante, falo da capacidade de instigar o espectador a desenvolver uma leitura própria. Todos eles parecem implorar tanto por isso, com toda uma simbologia barata mas, ao menos pra mim, falharam muito). Quase gostava do birthday, se não fosse aquela falinha pedante no final que demonstra apenas a repetição de uma visão ignorante e desrespeitosa sobre todxs que em algum momento da vida se envolveram com "terapia" (trabalhando ou não).
Os dois últimos são só ruins mesmo. Há um esboço de boa ideia sobre a relação mãe-filho que, no entanto, desagua tristemente em jargões batidos.
De filme de terror dirigido por mulher (não costumo fazer essas classificações mas já que parece tão importante pras pessoas envolvidas nesse filme), fico eternamente com o A Girl Walks Home Alone At Night. Esse sim.
no início, a vida do casal de irmãos (mais alguém achou que eram namorados ou algo assim no começo?) era fria e desinteressante. o day in day out adulto, poderíamos dizer. o protagonista, porém, está sempre lendo e acalentava sonhos de se tornat um detetive. a volta da namorada e os acintecimentoa que ela desencadeia ativam de novo nessas vidas o imaginário infantil/adolescente que dá alguma emoção nessas vidas frias. é quando devem ficar sentados de tocaia pelo "caubói" que os irmãos finalmente têm uma conversa mais íntima e finalmente riem juntos ao ouvirem as fitas que gravaram no colegial. a "grande trama" policialesca, forçada com todos os clichês do gênero, afinal, era mero pretexto para essa volta ao imaginário (e seus desdobramentos são absolutamente ignorados com o fim do filme). o garoto compra um cachimbo, a garota se fantasia na cena decisiva, ou seja, a fantasia é reativada e um momento de quase tensão é o que de mais divertido ocorre no filme e, provavelmente, nas suas vidas.
Pensando em tudo isso, que imaginei ao longo do filme mas achei que se evidencia acima de tudo no final, é uma proposta interessante. Mas a experiência não passa muito de mais um filme indie talvez bem organizado e conduzido até demais. Mas não teria isso, também, a ver com a proposta que esbocei acima?
esse filme é com certeza uma das coisas mais tocantes que já vi na vida, emana todo o poder que - com ou sem a veia documental - apenas uma excelente narrativa (e ele é uma aula disso!) pode exercer.
Acho que é mesmo tecnicamente perfeito. O outro filme de Strickland que tinha visto, Berberian Sound Studio, tinha me intrigado bastante, mas achei ainda assim um filme bem pretensioso e que no fim não entregava tanto quanto prometia. De toda forma, recomendo para aqueles que gostaram de The Duke of Burgundy. Esse sim, achei um grande filme, tecnicamente perfeito, como muitos disseram e achei particularmente interessante o comentário que o caracteriza como "historicamente vazio". Esse é um fato que me chamou bastante atenção mesmo:
Se pensarmos bem, tudo é se passa em um ambiente aparentemente aristocrático, casas enormes e afastadas, ao mesmo tempo que ambas parecem frequentar uma pequena sociedade científica (com bastante cara de século XIX, bem como as coleções de insetos, etc) constituída apenas por mulheres. Há sim, portanto, um certo estranhamento histórico no filme, e esse "vazio" parece de alguma forma ideal para o isolamento de um tema como a fantasia de Evelyn.
Novamente pagando um leve tributo aos giallos italianos (mais explícito em Berberian Sound Studio), esse novo filme de Strickland fornece belas imagens, trilha sonora linda, um excelente desenvolvimento da trama e das personagens (a repetição, particularmente os bilhetes cumprem funções muito específicas e funcionam muito bem ao lidar com o tema do fetiche) e, na minha opinião, é o filme que até aqui lidou de forma mais humana e profunda (bonita em todos os sentidos) com o imaginário masochista, quase catalogando-o, sem deixar de, no fundo, estar tratando de uma relação bastante profunda (eu chamaria até mesmo de uma história de amor) entre o casal portagonista.
a última cena, quando Cynthia tenta repetir mais uma vez a cena-fetiche de Evelyn, não consegue, mas é acolhida pela amada, é pra mim uma das cenas mais emocionantes que já assisti, e o que faz com que o filme seja mais complexo que uma história de sofrimento, perversão e abuso (o que costuma acontecer mesmo em grandes filmes que trataram do tema).
ao longo do filme, sentia estar diante de algo estiloso, autoral no melhor sentido, que podia a qualquer momento (e em alguns julguei velo mesmo recair) em cliches baratos e batidos acerca da possível crítica a ser empreendida. com o filme terminado, aquilo que pareciam resvalos me parecem qualidades e o filme me parece muito mais inteligente e sem dúvidas propõe uma multiplicidade de camadas críticas dificilmente resolvíveis (assim como na sociedade em que situa a história) a partir dos binarismos mais fáceis aos quais facilmente adere o artista pensador ou militante que leva a ferro e fogo a diferença entre mudar e interpretar mundo. ainda assim, acho que não chega a ser grande. é inteligente, mas falta um pouco de encanto. ou a falta de encanto faça sentido na coisa toda. é divertido, pelo menos. e muito bonito.
meus conhecimentos na área eram escassos e limitados ao vago imaginário dos filmes do tarantino e a uma exibição de um filme do brucili no cinemark ano passado (que me seduziu pacas!), minha infância foi mais no vandame nesmo e companhia. agora me deparo com esse filme quase inexplicável. uma série de saborosos elementos narrativos está lá:
personagens baseados em estilos baseados em animais e máscaras estilosas: já tá muito bom! além disso o cômico crítico na representação dos pequenos e cada vez maiores mandos e desmandos na pequena cidade ganha cada vez mais contornos policialescos e toda a trama em torno de confusões e alianças secretas entre codinomes honrosos e nomes cotidianos emprestam a esse suposto filme de luta uma aura detetivesca das mais divertidas e. ao caminhar pro desfecho a boa e velha violência de todo filme 70 de gênero, aquela sanguinolencia requintada mas meio atenuada pelo laranja viscoso desse sangue nada realista (o que lembra por vezes os mais escrachados giallos!). é diversão garantida pra quem gosta de uma podreira mas sem deixar de garantir uma boa base pra reflexão acerca não apenas do funcionamento do poder numa pequena sociedade que é sem dúvidas criticadas mas também pela decisão do mestre de encerrar a própria "máquina de guerra" posta em funcionamento por seu próprio clã e que, ao fim e ao cabo, não estava tão distante do funcionalismo público aparentemente sonolento que é posto em movimento com a chegada do "ze ninguém" (6 discipulo) que, ao lado do último bom discipulo cumpe as ordens do menstre. mas o aparente final feliz não deixa de expressar uma melancolica renúncia ao "trabalho completo", o governo continua o governo e parece natural que venham a brotar novas maquinas de guerra em seu interior
. além disso, as cenas de luta são divertidíssimas e os cenários na última cena, deslumbrantes! é sem ponta de ironia que, satisfeito o gosto de trasheiro, afirmo: FILMAÇO! vou ver mais do gênero com certeza!
All the Vermeers in New York
3.3 3A trilha sonora é massa demais. A movimentação da câmera, os enquadramentos, a luz, tudo é muito bonito e sofisticado. Mas ao contrário do que muitos esperam a partir desses elementos, a história flui muito bem e nos mantém interessados o tempo todo.
Em alguns momentos, como no discurso de Mark no mirante, achei que podia cair num tom pretensamente filosófico muito cafona e ruim, mas no fim é o pobre personagem falando sozinho e nem Anna nem mais ninguém liga (e no fim é até triste que ninguém ligue, pois permanece um predomínio da "realidade dura" como a única possível). Achei bem interessante o constante desencontro de desejos entre o "casal". Esperava que pudesse deslanchar numa comédia romântica pedante ao estilo do que Woody Allen fez aos montes nos últimos 20 anos, mas a permanência desse desencontro, a decadência de Mark (o homem "poderoso", vencedor de números e péssimo domador de palavras), bem como a decisão de Anna (que até então se mantinha como a mulher misteriosa, aquela que só poderia esconder o infinito por trás de expressões enigmáticas e silêncio) ao final, depois da grande cena dos 3.000 dólares, colocam tudo "no chão" de maneira bastante amarga e, ao fim, com Anna observando o quadro e o texto final, o filme parece concluir que para os vivos, resta buscar consolo na beleza das obras de arte, da mesma forma que nós vemos beleza no aspecto formal do filme, uma vez que a história é absolutamente banal e triste. Mas isso até é uma reflexão bem pedantinha e dispensável. No meu entender, o grande tema é a incomunicabilidade (mesmo entre Anna e Felicity, a menina rica de nome sugestivo, entre Felicity e o pai, entre as amigas e a cantora), entre discursos e desejos, e o esfacelamento de ideais como a mulher-obra-redentora que Mark esperava de Anna, o que Anna esperava da cidade e da carreira de atriz, ou os esboços de convicções políticas de Felicity diante do discurso implacável do pai.
Assisti no mubi só porque era do dia e tinha acabado de assinar, não esperava nada mas foi bem melhor do que imaginei!
O Monstro da Lagoa Negra
3.6 130O filme é interessante. A ambientação, a ideia e as cenas sob a água realmente são bem curiosas e fazem com que valha a pena assistir. Em especial a movimentação da criatura me dava um estranhamento legal, às vezes me lembrava os monstros do Scooby Doo! Também lembra um pouco tokusatsus.
Mas é uma coisa mais interessante pra quem gosta de filmes B e de história do cinema, pois os vai e vens da "trama" ficam cansativos depois de um certo tempo, não tem nenhum personagem interessante, os diálogos são sem profundidade e nem graça, a ambientação poderia ter sido muito mais bem explorada e mesmo as cenas na água acabam cansando depois de um tempo. Se for falar de monstros clássicos, Gojira é infinitamente mais divertido, bem feito e profundo.
A Forma da Água é maravilhoso. Guillermo del Toro pegou o que parece central aqui e fez uma coisa linda.
Cadáver
2.5 254 Assista AgoraEsse filme é a minha maior decepção dos últimos tempos. Depois de ver Errementari fiquei um pouco menos preconceituoso com filmes estrangeiros da netflix. A capa, o nome e a sinopse misteriosa geraram uma expectativa de que, no mínimo, esse filme seria bizarrão.
Quando vi os primeiros segundos as expecrativas só subiram. E daí pra frente foi só pra trás. Não é uma boa ideia mal executada. É uma ideia estúpida que, se bem executada serviria de justificativa pra um filme divertido e/ou bizarro. Mas só não é nada. Premissa ridícula (daria certo se virasse um trash bom). Personagens totalmente desinteressantes (difícil dizer o mais desinteressante). Roteiro péssimo e mais furado que uma peneira.
Movimentação de câmera ruim, desconfortável e previsível, clímax pra lá de infantil, nossa... só é péssimo mesmo.
Night of violence
3.8 1Entre o noir e o início do giallo, esse filme tem um rodízio de elementos que se tornariam (ou começavam a se tornar) clichês do gênero. Todos muito bem arrumados e fazendo um filme que prende nosso interesse, surpreende e com certeza merecia ser mais conhecido! Coisa boa.
Sob Nuvens Elétricas
3.4 5Meu sentimento em relação ao filme oscilou desconfortavelmente ao longo de cada episódio (isso por si só já é uma coisa boa).
Em alguns momentos achei pretensioso demais com todas as referências e citações. Em outros achei bastante interessante. O cenário e a atsmofera funcionam muito bem. Passa uma certa melancolia sem o menor traço de nostalgia. Uma ameaça constante sem que nem por um momento fiquemos vidrados como em um thriller.
Os diálogos são sempre como se pegássemos uma conversa pelo meio e muitas vezes como se a largássemos antes do fim. Pensando no todo, parece fazer sentido até as referências extenuantes e o marasmo que sentimos durante a maior parte do filme. Talvez uma segunda assistida seja mais interessante, mas pode ser difícil terminar a primeira.
Errementari: O Ferreiro e o Diabo
3.2 175 Assista AgoraEsse filme foi uma surpresa tão boa! Fui ver sem esperar nada, mas nos primeiros segundos já senti que seria bom. Do começo ao fim é muito bem conduzido, não para de surpreender, entreter e divertir. Realmente não é aquele filme de terror pra levar sustos e ficar com medo de apagar a luz pra dormir, e deve desagradar aqueles que vão atrás de narrativas "realistas" e só consideram dignas as obras que não "desabotoam a seriedade da cara" (pra falar como um grande escritor do século XIX).
Esse maravilhoso conto folclórico (no estilo daqueles colhidos pelos irmãos Grimm e não de suas adaptações amenizadas) vale demais a pena e se falar mais pode estragar.
Jovens, Malvados e Selvagens
3.6 3Um dos poucos filmes que me parece justificável começar um elogio com "pra época...".
A interação entre as personagens é divertida e, como todo bom filme de terror, entretem para além dos sustos (que aliás são poucos) e assassinatos. Estes últimos, aliás, deixam muito a desejar em todos os sentidos em relação a praticamente todos os outros filmes do gênero. Falta muito estilo nessas cenas.
Mas a história é realmente divertidinha de acompanhar, a ambientação dá vontade de que tivesse sido até mais explorada, como numa série, há muitas personagens interessantes e inclusive uma que começa insuportável acaba fazendo sentido na história e em certa tradição das histórias de horror.
O final é previsível e hoje desconfortavelmente batido. Imagino que pudesse não ser na época e talvez tenha sido impactante. Com uma direção mais interessante especificamente nas cenas de assassinato, poderia ser beem legal! Mas assim ficou só legalziinho.
Parece legal de ver comendo pizza com amigos se eu tivesse na época do lançamento a idade que tinha quando via Lenda Urbana, Verão Passado, etc.
O professor de equitação é repugnante e a garota muito bonita.
A Garota Que Sabia Demais
3.8 36Esse filme é perfeito em quase todos os aspectos. Uma aula sobre cinema de mistério.
Os Carrascos de Londres
3.1 2Muito legal! Tem cenas ótimas e personagens divertidos e instigantes. Vale a pena.
Libido
3.1 6Tem várias coisas bem legais e em alguns momentos é muito divertido. A trama poderia ser ótima, mas em alguns momentos fica cansativa e desinteressante, além de às vezes soar forçada (o que não é necessariamente um defeito mas) de um jeito que não é divertido.
O Terceiro Olho (1966) é parecido, mas no geral mais bem acabado e, ao meu ver, mais digno da citação freudiana compo epígrafe.
Um Lugar Tranquilo no Campo
3.6 11Começa interessante. Tem momentos quase interessantes, mas só é bem pedante e ruim mesmo. A imagem "do artista gênio" é insuportável.
A Morte Fez um Ovo
2.7 8Ao meu ver, tentou ser e fazer umonte de coisa e falhou miseravelmente em tudo. Parece apenas pretensioso e fraco. Tenta deixar ambiguidades mas não instiga, tenta deixar o roteiro "difícil" mas é apenas confuso, tenta ser carregado de efeitos e significados mas nem chega a perturbar. As mesmas ideias mais bem executadas seriam um filmaço, algo mais próximo de Possessão ou algo assim, uma pena. Só o nome, como o colega disse abaixo, é legal, adoraria ter gostado só por causa dele!
Eli
2.5 588 Assista AgoraÉ um dos piores filmes que já vi na vida. E não daquele jeito legal. É só ruim de doer mesmo.
A Caverna
2.4 301 Assista AgoraA premissa é maravilhosa, o filme chato pra caramba, personagens chatos, conflitos chatos, monstros chatos.
Suspíria: A Dança do Medo
3.7 1,2K Assista AgoraUma tentativa ousada, com boas cenas, mas a sensação geral é de um remake que não quer ser só um remake e terminou pretencioso, com uma tentativa chata de "justificar" um filme de terror tentando atribuir significantes políticos pra lá de batidos e entrou pro bando dos filmes pretensamente artísticos, pretensamente abertos, confortáveis na categoria de "viva uma experiência" mais do que uma boa história. Isso tudo é válido e já produziu grandes filmes, mas como tendência já tá ficando chato e o frisson em cima de um grande filme como o original de Argento acabou me deixando bem decepcionado. Apesar de tudo, tem cenas memoráveis, é bom de assistir e acima da média geral dos filmes de terror.
Assassinato no Expresso do Oriente
3.4 938 Assista AgoraFaz de tudo pra ser grandioso. Mas faz demais. Não sei se porque pelo livro já sabia de tudo, mas não me prendeu nem um pouco. Tem personagens legais (com ótimo elenco), fotografia linda e a história tinha tudo pra dar um baita filme. Mas não chega lá, peca muito na ausência de suspense, nada nunca é sombrio, os personagens são abordados aos trancos e barrancos e apesar de se tratar de um assassinato tem uma aura "colorida" que soa muito melhor em algo como Grande Hotel Budapeste. E mesmo o que há de complexo termina como uma grande lição de moral, ainda que faça de tudo pra soar o contrário. Partilho da opinião de boa parte dos comentários abaixo.
Mar Sangrento
3.8 43Adoro o trabalho do diretor. Chaser é ótimo e The Wailing, na minha opinião, um dos melhores filmes de todos os tempos, perfeito. Esse aqui pra mim começou muito bem, mas do meio pro fim fica ao mesmo tempo apressado e longo demais. Ainda assim uma boa pedida pra quem quer ação e violência no melhor estilo coreano (com todos os possíveis defeitos ainda tá kms à frente do aclamado i saw the devil).
Psycho-Pass Movie
3.6 15Só gostei cada vez mais da série, vi o filme por último e queria mesmo uma terceira temporada ou mais filmes. Há quem diga que centrou menos na reflexão e mais na ação. Não concordo. Geralmente não gosto muito de cenas de ação mas as do filme em especial estão muito bem feitas e empolgantes,
além disso, ao tratar da "expansão" do sybil, o filme aborda ainda o aspecto colonialista de seu sistema de manutenção da "paz", e o fato de se deixar enganar propositalmente por um regime totalitário extremamente violento sob o pretexto de no fim estabelecer "mais felicidade para mais pessoas" deu um passo a frente na complexidade do sistema e de akane, que mais uma vez "aceitou" criticamente um sistema do qual desconfia o tempo todo. Ela é uma excelente personagem, assim como Kougami. E até a reflexão incluida de maneira meio forçada sobre a violência do "colonizado" como modo de manter a dignidade me pareceu interessante, ainda que esses mercenários realmente não tenham tido o desenvolvimento que poderiam se seguissem por essa linha. Serviram mais pra proporcionar cenas de ação como vilõezões batidos.
Baita série! Quero mais! E se alguém puder, gostaria de recomendação de outros animes que mantenham esse nível de ação e profundidade.
XX
2.7 241Os dois primeiros são visualmente LINDOS. Mas o que têm de lindos têm de fracos. O que chega mais próximo de algo ao menos divertido é o 2o e, ainda assim, não passa daquela qualidade encontrada em tantos videoclipes, bonitos e que parecem ter TANTO A DIZER, mas a verdade é que são muito fracos nesse ponto (a única mensagem que tentam passar é o fato de que têm protagonistas mulheres e isso a gente fica sabendo logo de cara, afinal parece o maior apelo do filme ao público que, em geral, sai decepcionado. Não falo de uma "mensagem" definitiva que os filmes devam passar, isso em geral é entediante, falo da capacidade de instigar o espectador a desenvolver uma leitura própria. Todos eles parecem implorar tanto por isso, com toda uma simbologia barata mas, ao menos pra mim, falharam muito). Quase gostava do birthday, se não fosse aquela falinha pedante no final que demonstra apenas a repetição de uma visão ignorante e desrespeitosa sobre todxs que em algum momento da vida se envolveram com "terapia" (trabalhando ou não).
Os dois últimos são só ruins mesmo. Há um esboço de boa ideia sobre a relação mãe-filho que, no entanto, desagua tristemente em jargões batidos.
De filme de terror dirigido por mulher (não costumo fazer essas classificações mas já que parece tão importante pras pessoas envolvidas nesse filme), fico eternamente com o A Girl Walks Home Alone At Night. Esse sim.
Clima Frio
3.0 14Um filme bem conduzido, bem filmado, divertidinho. No fim, ao menos pra mim, ficou claro do que estava falando o tempo todo.
no início, a vida do casal de irmãos (mais alguém achou que eram namorados ou algo assim no começo?) era fria e desinteressante. o day in day out adulto, poderíamos dizer. o protagonista, porém, está sempre lendo e acalentava sonhos de se tornat um detetive. a volta da namorada e os acintecimentoa que ela desencadeia ativam de novo nessas vidas o imaginário infantil/adolescente que dá alguma emoção nessas vidas frias. é quando devem ficar sentados de tocaia pelo "caubói" que os irmãos finalmente têm uma conversa mais íntima e finalmente riem juntos ao ouvirem as fitas que gravaram no colegial. a "grande trama" policialesca, forçada com todos os clichês do gênero, afinal, era mero pretexto para essa volta ao imaginário (e seus desdobramentos são absolutamente ignorados com o fim do filme). o garoto compra um cachimbo, a garota se fantasia na cena decisiva, ou seja, a fantasia é reativada e um momento de quase tensão é o que de mais divertido ocorre no filme e, provavelmente, nas suas vidas.
Pensando em tudo isso, que imaginei ao longo do filme mas achei que se evidencia acima de tudo no final, é uma proposta interessante. Mas a experiência não passa muito de mais um filme indie talvez bem organizado e conduzido até demais. Mas não teria isso, também, a ver com a proposta que esbocei acima?
The Great White Silence
3.8 5esse filme é com certeza uma das coisas mais tocantes que já vi na vida, emana todo o poder que - com ou sem a veia documental - apenas uma excelente narrativa (e ele é uma aula disso!) pode exercer.
O Duque de Burgundy
3.3 80Acho que é mesmo tecnicamente perfeito. O outro filme de Strickland que tinha visto, Berberian Sound Studio, tinha me intrigado bastante, mas achei ainda assim um filme bem pretensioso e que no fim não entregava tanto quanto prometia. De toda forma, recomendo para aqueles que gostaram de The Duke of Burgundy. Esse sim, achei um grande filme, tecnicamente perfeito, como muitos disseram e achei particularmente interessante o comentário que o caracteriza como "historicamente vazio". Esse é um fato que me chamou bastante atenção mesmo:
Se pensarmos bem, tudo é se passa em um ambiente aparentemente aristocrático, casas enormes e afastadas, ao mesmo tempo que ambas parecem frequentar uma pequena sociedade científica (com bastante cara de século XIX, bem como as coleções de insetos, etc) constituída apenas por mulheres. Há sim, portanto, um certo estranhamento histórico no filme, e esse "vazio" parece de alguma forma ideal para o isolamento de um tema como a fantasia de Evelyn.
Novamente pagando um leve tributo aos giallos italianos (mais explícito em Berberian Sound Studio), esse novo filme de Strickland fornece belas imagens, trilha sonora linda, um excelente desenvolvimento da trama e das personagens (a repetição, particularmente os bilhetes cumprem funções muito específicas e funcionam muito bem ao lidar com o tema do fetiche) e, na minha opinião, é o filme que até aqui lidou de forma mais humana e profunda (bonita em todos os sentidos) com o imaginário masochista, quase catalogando-o, sem deixar de, no fundo, estar tratando de uma relação bastante profunda (eu chamaria até mesmo de uma história de amor) entre o casal portagonista.
a última cena, quando Cynthia tenta repetir mais uma vez a cena-fetiche de Evelyn, não consegue, mas é acolhida pela amada, é pra mim uma das cenas mais emocionantes que já assisti, e o que faz com que o filme seja mais complexo que uma história de sofrimento, perversão e abuso (o que costuma acontecer mesmo em grandes filmes que trataram do tema).
A Doce Sede de Sangue
3.0 6ao longo do filme, sentia estar diante de algo estiloso, autoral no melhor sentido, que podia a qualquer momento (e em alguns julguei velo mesmo recair) em cliches baratos e batidos acerca da possível crítica a ser empreendida. com o filme terminado, aquilo que pareciam resvalos me parecem qualidades e o filme me parece muito mais inteligente e sem dúvidas propõe uma multiplicidade de camadas críticas dificilmente resolvíveis (assim como na sociedade em que situa a história) a partir dos binarismos mais fáceis aos quais facilmente adere o artista pensador ou militante que leva a ferro e fogo a diferença entre mudar e interpretar mundo. ainda assim, acho que não chega a ser grande. é inteligente, mas falta um pouco de encanto. ou a falta de encanto faça sentido na coisa toda. é divertido, pelo menos. e muito bonito.
Os Cinco Venenos de Shaolin
3.5 36 Assista Agorameus conhecimentos na área eram escassos e limitados ao vago imaginário dos filmes do tarantino e a uma exibição de um filme do brucili no cinemark ano passado (que me seduziu pacas!), minha infância foi mais no vandame nesmo e companhia. agora me deparo com esse filme quase inexplicável. uma série de saborosos elementos narrativos está lá:
personagens baseados em estilos baseados em animais e máscaras estilosas: já tá muito bom! além disso o cômico crítico na representação dos pequenos e cada vez maiores mandos e desmandos na pequena cidade ganha cada vez mais contornos policialescos e toda a trama em torno de confusões e alianças secretas entre codinomes honrosos e nomes cotidianos emprestam a esse suposto filme de luta uma aura detetivesca das mais divertidas e. ao caminhar pro desfecho a boa e velha violência de todo filme 70 de gênero, aquela sanguinolencia requintada mas meio atenuada pelo laranja viscoso desse sangue nada realista (o que lembra por vezes os mais escrachados giallos!). é diversão garantida pra quem gosta de uma podreira mas sem deixar de garantir uma boa base pra reflexão acerca não apenas do funcionamento do poder numa pequena sociedade que é sem dúvidas criticadas mas também pela decisão do mestre de encerrar a própria "máquina de guerra" posta em funcionamento por seu próprio clã e que, ao fim e ao cabo, não estava tão distante do funcionalismo público aparentemente sonolento que é posto em movimento com a chegada do "ze ninguém" (6 discipulo) que, ao lado do último bom discipulo cumpe as ordens do menstre. mas o aparente final feliz não deixa de expressar uma melancolica renúncia ao "trabalho completo", o governo continua o governo e parece natural que venham a brotar novas maquinas de guerra em seu interior