"Hacks" é o tipo de série aparentemente simples — e até mesmo previsível — que ganha o espectador aos poucos, silenciosamente e sem grandes alardes. Gosto muito disso. Ao final, eu estava completamente apegado e emocionado com as duas protagonistas. Foi uma grata surpresa.
Também é lindo testemunhar a fase brilhante que a Jean Smart está vivendo. Aos 69 anos, fez "Watchmen", "Mare of Easttown" e agora "Hacks", com interpretações completamente diferentes em cada uma das séries, mas "Hacks" é mesmo um caso à parte. Papel certo para a atriz certa.
E ainda tem Hannah Einbinder, que merece todos os elogios ao encontrar o tom exato para uma personagem que poderia facilmente cair em estereótipos ou truques fáceis. É humana, espontânea e atua com Jean Smart de igual para igual. A química entre as duas é fantástica.
Tendo convivido durante muitos anos com a minha bisavó que sofria do mal de Alzheimer, eu esperava que "Meu Pai" me tocasse fundo. E tocou. Não imaginava, no entanto, que seria tão grande como cinema mesmo. Que filme espetacular! Que labirinto sofisticado de emoções e de empatia!
Anthony Hopkins está MONSTRUOSO em cena, e a sua cena final é uma das coisas mais avassaladoras que vi nos últimos anos. E Olivia Colman segue sendo a atriz maravilhosa que é, funcionando como um excelente complemento para o trabalho de Hopkins.
Quanto aos prêmios, entendo perfeitamente o saudoso carinho por Chadwick Boseman em "A Voz Suprema do Blues", mas será um crime ver essa interpretação do Anthony Hopkins passando em branco. É, de longe, o vencedor moral intocável da categoria. E olha que amo Riz Ahmed em "O Som do Silêncio" também.
Por fim, fiquei feliz ao ver que a Academia reconheceu a montagem e o design de produção desse filme. Por outro lado, é indesculpável Florian Zeller não estar nas listas de melhor direção. Seu trabalho aqui, em muitos níveis de adaptação, ficará para a posteridade.
Sete episódios e "The Good Fight", devido à pandemia, encerra a sua quarta temporada antes do esperado. Narrativamente, a série foi visivelmente abalada por esse imprevisto: é um novo ciclo inacabado, quase avulso e que ainda precisava de muito mais chão para dizer ao que veio.
Fica evidente, por exemplo, o quanto Diane Lockhart foi uma completa coadjuvante nos últimos episódios, o fato de Lucca Quinn já não ter mais assunto na série (não à toa, a atriz anunciou sua saída do projeto) e o tanto de participações especiais irrelevantes (Louis Canning e David Lee, que eram afiadíssimos em "The Good Wife", tiveram pouquíssimo material para trabalhar).
Acho um tanto injusto julgar porque claramente tinha mais história pela frente, mas, ao mesmo tempo, essa foi uma temporada que cometeu um erro estratégico muito frustrante: o de abandonar o viés político para voltar a ser uma trama mais episódica e com o caso a ser resolvido da vez.
O grande público não gostou da temporada anterior e os Kings reagiram à pressão. Pena. O que eu mais estava gostando em "The Good Fight" era o fato da série criar uma personalidade forte, muito própria e fora dos padrões. Espero que retomem o viés político que, ao meu ver, é tão importante nos dias de hoje, especialmente em um seriado como esse.
Ainda assim, eu continuo me emocionando com o tino contemporâneo, certeiro e inteligente de várias referências. Afinal, como não querer abraçar uma série que faz um personagem dar um puxão de orelha no outro por ele ainda não ter visto "Parasita"? ❤
A melhor série original Netflix que o grande público não vê segue madura, surpreendente e muito firme nessa terceira temporada. E o melhor de tudo: dando a Laura Linney o melhor material que ela recebeu desde os tempos de "The Big C".
No entanto, a atenção excessiva que "Ozark" deu a um novo personagem é uma prova de que a série talvez já tenha esticado demais a corda e que a Netflix já pode tranquilamente começar a planejar um ponto de encerramento para não forçar a barra daqui para frente.
Sabe-se lá até quando "Ozark" vai durar, mas, por ora, é gratificante ver uma série que, mesmo com episódios tão extensos e com tantas reviravoltas, segue envolvente e amplamente preocupada em esmiuçar seus personagens, todos muito bem explorados, especialmente pelo maravilhoso elenco feminino.
E vale sempre lembrar: qualquer comparação entre "Ozark" e "Breaking Bad" simplesmente não procede. Só há em comum um vislumbre de temática. O recorte, o tom e a proposta são outros.
Repleta de estilo e suspense, mas surpreendentemente oca do ponto de vista dramático. Sem a parte técnica e toda a hipnotizante personalidade de Sam Esmail na direção, sobra muito pouco. Além disso, a resolução não está à altura de todo o mistério armado ao longo da temporada, o que sempre é um problema para programas que se sustentam através de incógnitas e suspense. "Homecoming" pode até ser viciante e um ótimo exemplar daquele tipo de série para ser vista de uma tacada só (facilita os episódios serem poucos e compactos), mas acho improvável que fique por muito tempo com o espectador após o desfecho. Tratando-se da Amazon, que tem um vasto portfólio de séries com substância, realmente poderia ser mais consistente.
Indiscutivelmente inferior à primeira temporada. A história como um todo andou em círculos, a maioria dos conflitos se arrastou desnecessariamente por vários episódios e, no final das contas, a série chegou bem perto de se tornar um mero sofrimento estilizado. A pauta é urgente e as discussões idem, mas "The Handmaid's Tale" perdeu a mão após não ter mais um material para adaptar como base. Sem falar que jogaram todas as reviravoltas e catarses imagináveis no último episódio só para finalmente dar uma chacoalhada e garantir o interesse do público pela terceira temporada. Não tenho nem vontade de continuar assistindo! Merecido o tombo no Emmy desse ano.
Não deixa de ser um tanto frustrante o fato da trama não ter um sentimento de perigo ou ameaça real, principalmente se tratando de um filme sobre roubo. Tudo é caminho fácil e contornável para as personagens, o que joga para o elenco toda a responsabilidade de trazer graça e carisma ao resultado. E obviamente a missão é cumprida: se não fosse o irresistível e talentoso grupo de intérpretes reunidas aqui (todas trabalhadas em lindíssimos looks com vestidos e joias caríssimas), faltaria algo de mais entusiasmante para se falar sobre "Oito Mulheres e Um Segredo".
Uma alegoria super impactante sobre o perigo do amor e a sobre falência da folclórica masculinidade. Um terror slasher dirigido por uma mulher que subverte a influência do papel feminino no gênero. Tudo isso banhado a muito sangue. Que lindo ver um elenco de primeira embarcar em um projeto tão forte como esse!
Nunca tentou nem quis ser político, embasado ou algo na linha de "Jogos Vorazes". Ainda que um tanto genérico, "Maze Runner" tem como maior mérito justamente essa falta de pretensão, iluminando a vontade de fazer entretenimento por entretenimento. Se não há muita reflexão ou sofisticação, pelo menos a franquia compensa com boas doses de cenas de ação, todas muito bacanas e que, ainda bem, fogem do famigerado CGI que tanto sabota os filmes do gênero. Esse último capítulo volta e meia tem soluções super fáceis para resolver os problemas dos personagens em momentos cruciais, mas faz jus a todo o tino de entretenimento dos filmes anteriores. "A Cura Mortal" encerra bem uma saga que sempre foi fiel ao que se propôs, sendo exatamente aquilo que ela sempre quis ser: um filme-pipoca.
Uma temporada que claramente se atrapalhou com o número consideravelmente menor de episódios (foram apenas 8). O elenco continuou de primeira, mas, como um todo, a temporada pareceu apressada e incompleta. Ainda assim, o cancelamento se deve à maturidade dos temas discutidos, muitos deles incômodos demais para a TV aberta.
"The Affair" sempre foi uma série sobre as imperfeições de seres humanos que traem, erram, mentem e conduzem suas vidas pelo impulso (na maioria das vezes o sexual). Aos poucos, também se tornou um estudo interessantíssimo de personagem: mesmo que você não goste de Noah Solloway, é preciso concordar que "The Affair" sempre trabalhou muito bem a total (e negativa) influência dele na vida das pessoas. Só que a situação destrambelhou de vez nessa terceira temporada, que já não conta mais com o criador Hagai Levi porque, justamente, ele abandonou o barco após discordar dos rumos que a Showtime estava querendo dar ao programa. Esperto ele de ter fugido desse engodo que é o terceiro ano, onde o propósito das múltiplas narrativas se perde com um roteiro incrivelmente repetitivo e com a falta de criatividade dos roteiristas. O pior, no entanto, é o fato de "The Affair" não confiar no potencial dramático de seus personagens para insistir em suspenses tolos e ineficientes, como a situação com o policial vivido por Brendan Fraser, que é uma das coisas mais desinteressantes, apáticas e mal conduzidas já criadas pelo programa.
"O ápice de Garrett Clayton é a cena final, que, apesar de tentar emular o momento derradeiro de 'Boogie Nights - Prazer Sem Limites' em que finalmente é revelado o grande atributo físico de sua estrela pornô, também faz desse o melhor registro de 'King Cobra': nele, compreendemos quem é a estrela Brent Corrigan, os bastidores de uma produção pornográfica e toda a personalidade de um personagem nunca devidamente explorado. São, enfim, as contextualizações e justificativas que faltam ao restante da história e que fariam de 'King Cobra' uma experiência mais instigante e menos frustrante".
"Em 2016, The Leftovers se despede da TV, mas tendo a oportunidade de planejar seu desfecho com uma nova temporada de 10 episódios. Por mais que o segundo ano pudesse perfeitamente encerrar a trama sem qualquer prejuízo (a cena final é de uma simbologia linda e definitiva), é empolgante ver que temos mais pela frente – e com o devido planejamento. Ainda assim, não será fácil se despedir de um programa como esse. A TV sempre merece curtir ideias inovadoras e bem conduzidas pelo máximo de tempo – e qualidade – que puder".
"Entre os críveis conflitos familiares e sociais que trazem à tona preconceitos ainda pulsantes no mundo mesmo depois de cinco décadas, sempre existe, como na própria vida, a esperança de um final feliz, mas também a mensagem de que o primeiro passo para que ele possa se tornar uma realidade está nas nossas próprias mãos ou, quem sabe, em um simples sorriso".
"Excepcional ao reunir sua equipe para repensar escolhas, descartar o que deu errado, maximizar potenciais e apostar em discussões mais delicadas e refinadas. American Crime foi passada a limpo – e as correções foram nada menos do que perfeitas".
Mesmo gostando bastante da primeira temporada (que é sim subestimada), ela não se equipara em nada com este segundo ano. Impressionante como a série alcançou um alto nível de maturidade e o manteve em absolutamente todos os episódios da temporada até aqui. Vem semana, passa semana, e não canso de me impressionar com "The Leftovers". Este sexto episódio, particularmente, me deixou sem fôlego em uma "mera" cena de diálogo: aquela envolvendo a história de um pássaro contada pela maravilhosa Regina King. É texto dos bons, e direção das mais consistentes. Se prêmios dissessem alguma coisa e existisse justiça neles, "The Leftovers" varreria a award season em todas as categorias possíveis. Que série!
Deixe de lado as "polêmicas" envolvendo as explícitas cenas de sexo e procure ver em "Love", que estreia hoje no Brasil, os méritos dessa conturbada história de um amor perdido.
Para todo cinéfilo de verdade, sempre está guardado na memória aquele momento em que a paixão pelo cinema foi descoberta. O meu não foi com um "2001" ou com um "O Poderoso Chefão" da vida. Foi, na realidade, com esse pequeno e singelo filme que me devasta toda vez que revejo - exatamente como ontem à noite, pela milésima vez. "As Confissões de Schmidt" diz muito sobre mim, seja como pessoa ou como cinéfilo.
Poucos gostam dele como eu, mas a minha imensa paixão vem simplesmente disso: é o filme que fez eu me apaixonar por cinema. Não preciso justificar mais nada. E essa cena final até hoje me toca de uma maneira como nenhuma outra consegue. Obrigado, Alexander Payne! Obrigado, Jack Nicholson! Para mim, é sempre extraordinário e tocante embarcar mais uma vez na jornada de Warren Schmidt. <3
Durante as filmagens de "Últimas Conversas", Eduardo Coutinho revelou que talvez esse fosse um filme em que ele não acreditava. Nunca saberemos se o documentário que agora está em cartaz nos cinemas brasileiras era o que diretor gostaria de ver, mas não há dúvidas de que é a versão de que nós espectadores precisávamos ver.
Não sou tão fã do filme anterior, que se levava sério demais, mas neste segundo capítulo parece que finalmente perceberam que a história deve ser toda entregue aos atores. De quebra, ainda tem uma linda mensagem: a de que a morte não precisa ser vista como uma assombração, mas sim como um importante lembrete de que o agora deve ser vivido com o maior carinho possível.
A roteirista de "O Garoto da Casa ao Lado" simplesmente nunca deve ter visto um filme sequer na vida. Não é possível alguém escrever tantas bobagens, situações e diálogos previsíveis. Não tem como defender.
É o filme que vai ficar conhecido por finalmente ter dado o Oscar para Julianne Moore, mas verdade seja dita que, de todas as indicações que ela já teve ao prêmio, essa é a menos desafiadora. Para uma intérpete que teve papeis tão incríveis ao longo da carreira como uma atriz pornô lutando pela guarda do filho na justiça ("Boogie Nights"), uma dona de casa grávida, casada e mãe de um pequeno garoto que resolve escolher um dia da sua vida para se matar nos anos 1950 ("As Horas") e uma mulher que descobre estar casada com um homem gay nesta mesma época ("Longe do Paraíso"), "Para Sempre Alice" resulta como um dos trabalhos menos desafiadores de Julianne Moore.
No mesmo ano em que ganhou prêmio em Cannes por um papel muito mais complexo e aberto a criações ("Mapa Para as Estrelas"), Moore será lembrada, justamente, pela mesma lógica que premiou Kate Winslet anos atrás com "O Leitor": papel óbvio e que será lembrado apenas por trazer a consagração tardia de uma atriz que há anos já merecia ter todos os prêmios do mundo. "Para Sempre Alice" tem seus momentos e Moore obviamente dá conta do recado, mas fica claro que este é um filme que não sobreviveria sem ela - e, caso fosse lançado em qualquer época distante das premiações, seria completamente esquecido ou lançado em home video. Em termos de Oscar, sou #TeamRosamundPike disparado até agora. Sorry, Julianne.
Hacks (1ª Temporada)
4.2 91"Hacks" é o tipo de série aparentemente simples — e até mesmo previsível — que ganha o espectador aos poucos, silenciosamente e sem grandes alardes. Gosto muito disso. Ao final, eu estava completamente apegado e emocionado com as duas protagonistas. Foi uma grata surpresa.
Também é lindo testemunhar a fase brilhante que a Jean Smart está vivendo. Aos 69 anos, fez "Watchmen", "Mare of Easttown" e agora "Hacks", com interpretações completamente diferentes em cada uma das séries, mas "Hacks" é mesmo um caso à parte. Papel certo para a atriz certa.
E ainda tem Hannah Einbinder, que merece todos os elogios ao encontrar o tom exato para uma personagem que poderia facilmente cair em estereótipos ou truques fáceis. É humana, espontânea e atua com Jean Smart de igual para igual. A química entre as duas é fantástica.
Querendo a segunda temporada para já!
Meu Pai
4.4 1,2K Assista AgoraTendo convivido durante muitos anos com a minha bisavó que sofria do mal de Alzheimer, eu esperava que "Meu Pai" me tocasse fundo. E tocou. Não imaginava, no entanto, que seria tão grande como cinema mesmo. Que filme espetacular! Que labirinto sofisticado de emoções e de empatia!
Anthony Hopkins está MONSTRUOSO em cena, e a sua cena final é uma das coisas mais avassaladoras que vi nos últimos anos. E Olivia Colman segue sendo a atriz maravilhosa que é, funcionando como um excelente complemento para o trabalho de Hopkins.
Quanto aos prêmios, entendo perfeitamente o saudoso carinho por Chadwick Boseman em "A Voz Suprema do Blues", mas será um crime ver essa interpretação do Anthony Hopkins passando em branco. É, de longe, o vencedor moral intocável da categoria. E olha que amo Riz Ahmed em "O Som do Silêncio" também.
Por fim, fiquei feliz ao ver que a Academia reconheceu a montagem e o design de produção desse filme. Por outro lado, é indesculpável Florian Zeller não estar nas listas de melhor direção. Seu trabalho aqui, em muitos níveis de adaptação, ficará para a posteridade.
The Good Fight (4ª Temporada)
4.2 8Sete episódios e "The Good Fight", devido à pandemia, encerra a sua quarta temporada antes do esperado. Narrativamente, a série foi visivelmente abalada por esse imprevisto: é um novo ciclo inacabado, quase avulso e que ainda precisava de muito mais chão para dizer ao que veio.
Fica evidente, por exemplo, o quanto Diane Lockhart foi uma completa coadjuvante nos últimos episódios, o fato de Lucca Quinn já não ter mais assunto na série (não à toa, a atriz anunciou sua saída do projeto) e o tanto de participações especiais irrelevantes (Louis Canning e David Lee, que eram afiadíssimos em "The Good Wife", tiveram pouquíssimo material para trabalhar).
Acho um tanto injusto julgar porque claramente tinha mais história pela frente, mas, ao mesmo tempo, essa foi uma temporada que cometeu um erro estratégico muito frustrante: o de abandonar o viés político para voltar a ser uma trama mais episódica e com o caso a ser resolvido da vez.
O grande público não gostou da temporada anterior e os Kings reagiram à pressão. Pena. O que eu mais estava gostando em "The Good Fight" era o fato da série criar uma personalidade forte, muito própria e fora dos padrões. Espero que retomem o viés político que, ao meu ver, é tão importante nos dias de hoje, especialmente em um seriado como esse.
Ainda assim, eu continuo me emocionando com o tino contemporâneo, certeiro e inteligente de várias referências. Afinal, como não querer abraçar uma série que faz um personagem dar um puxão de orelha no outro por ele ainda não ter visto "Parasita"? ❤
Ozark (3ª Temporada)
4.4 316A melhor série original Netflix que o grande público não vê segue madura, surpreendente e muito firme nessa terceira temporada. E o melhor de tudo: dando a Laura Linney o melhor material que ela recebeu desde os tempos de "The Big C".
No entanto, a atenção excessiva que "Ozark" deu a um novo personagem é uma prova de que a série talvez já tenha esticado demais a corda e que a Netflix já pode tranquilamente começar a planejar um ponto de encerramento para não forçar a barra daqui para frente.
Sabe-se lá até quando "Ozark" vai durar, mas, por ora, é gratificante ver uma série que, mesmo com episódios tão extensos e com tantas reviravoltas, segue envolvente e amplamente preocupada em esmiuçar seus personagens, todos muito bem explorados, especialmente pelo maravilhoso elenco feminino.
E vale sempre lembrar: qualquer comparação entre "Ozark" e "Breaking Bad" simplesmente não procede. Só há em comum um vislumbre de temática. O recorte, o tom e a proposta são outros.
Homecoming: De Volta À Pátria (1ª Temporada)
3.9 108 Assista AgoraRepleta de estilo e suspense, mas surpreendentemente oca do ponto de vista dramático. Sem a parte técnica e toda a hipnotizante personalidade de Sam Esmail na direção, sobra muito pouco. Além disso, a resolução não está à altura de todo o mistério armado ao longo da temporada, o que sempre é um problema para programas que se sustentam através de incógnitas e suspense. "Homecoming" pode até ser viciante e um ótimo exemplar daquele tipo de série para ser vista de uma tacada só (facilita os episódios serem poucos e compactos), mas acho improvável que fique por muito tempo com o espectador após o desfecho. Tratando-se da Amazon, que tem um vasto portfólio de séries com substância, realmente poderia ser mais consistente.
O Conto da Aia (2ª Temporada)
4.5 1,2K Assista AgoraIndiscutivelmente inferior à primeira temporada. A história como um todo andou em círculos, a maioria dos conflitos se arrastou desnecessariamente por vários episódios e, no final das contas, a série chegou bem perto de se tornar um mero sofrimento estilizado. A pauta é urgente e as discussões idem, mas "The Handmaid's Tale" perdeu a mão após não ter mais um material para adaptar como base. Sem falar que jogaram todas as reviravoltas e catarses imagináveis no último episódio só para finalmente dar uma chacoalhada e garantir o interesse do público pela terceira temporada. Não tenho nem vontade de continuar assistindo! Merecido o tombo no Emmy desse ano.
Oito Mulheres e um Segredo
3.6 1,1K Assista AgoraNão deixa de ser um tanto frustrante o fato da trama não ter um sentimento de perigo ou ameaça real, principalmente se tratando de um filme sobre roubo. Tudo é caminho fácil e contornável para as personagens, o que joga para o elenco toda a responsabilidade de trazer graça e carisma ao resultado. E obviamente a missão é cumprida: se não fosse o irresistível e talentoso grupo de intérpretes reunidas aqui (todas trabalhadas em lindíssimos looks com vestidos e joias caríssimas), faltaria algo de mais entusiasmante para se falar sobre "Oito Mulheres e Um Segredo".
O Animal Cordial
3.4 618 Assista AgoraUma alegoria super impactante sobre o perigo do amor e a sobre falência da folclórica masculinidade. Um terror slasher dirigido por uma mulher que subverte a influência do papel feminino no gênero. Tudo isso banhado a muito sangue. Que lindo ver um elenco de primeira embarcar em um projeto tão forte como esse!
Maze Runner: A Cura Mortal
3.3 565 Assista AgoraNunca tentou nem quis ser político, embasado ou algo na linha de "Jogos Vorazes". Ainda que um tanto genérico, "Maze Runner" tem como maior mérito justamente essa falta de pretensão, iluminando a vontade de fazer entretenimento por entretenimento. Se não há muita reflexão ou sofisticação, pelo menos a franquia compensa com boas doses de cenas de ação, todas muito bacanas e que, ainda bem, fogem do famigerado CGI que tanto sabota os filmes do gênero. Esse último capítulo volta e meia tem soluções super fáceis para resolver os problemas dos personagens em momentos cruciais, mas faz jus a todo o tino de entretenimento dos filmes anteriores. "A Cura Mortal" encerra bem uma saga que sempre foi fiel ao que se propôs, sendo exatamente aquilo que ela sempre quis ser: um filme-pipoca.
American Crime (3ª Temporada)
3.7 12Uma temporada que claramente se atrapalhou com o número consideravelmente menor de episódios (foram apenas 8). O elenco continuou de primeira, mas, como um todo, a temporada pareceu apressada e incompleta. Ainda assim, o cancelamento se deve à maturidade dos temas discutidos, muitos deles incômodos demais para a TV aberta.
The Affair: Infidelidade (3ª Temporada)
3.6 53 Assista Agora"The Affair" sempre foi uma série sobre as imperfeições de seres humanos que traem, erram, mentem e conduzem suas vidas pelo impulso (na maioria das vezes o sexual). Aos poucos, também se tornou um estudo interessantíssimo de personagem: mesmo que você não goste de Noah Solloway, é preciso concordar que "The Affair" sempre trabalhou muito bem a total (e negativa) influência dele na vida das pessoas. Só que a situação destrambelhou de vez nessa terceira temporada, que já não conta mais com o criador Hagai Levi porque, justamente, ele abandonou o barco após discordar dos rumos que a Showtime estava querendo dar ao programa. Esperto ele de ter fugido desse engodo que é o terceiro ano, onde o propósito das múltiplas narrativas se perde com um roteiro incrivelmente repetitivo e com a falta de criatividade dos roteiristas. O pior, no entanto, é o fato de "The Affair" não confiar no potencial dramático de seus personagens para insistir em suspenses tolos e ineficientes, como a situação com o policial vivido por Brendan Fraser, que é uma das coisas mais desinteressantes, apáticas e mal conduzidas já criadas pelo programa.
King Cobra
2.6 254"O ápice de Garrett Clayton é a cena final, que, apesar de tentar emular o momento derradeiro de 'Boogie Nights - Prazer Sem Limites' em que finalmente é revelado o grande atributo físico de sua estrela pornô, também faz desse o melhor registro de 'King Cobra': nele, compreendemos quem é a estrela Brent Corrigan, os bastidores de uma produção pornográfica e toda a personalidade de um personagem nunca devidamente explorado. São, enfim, as contextualizações e justificativas que faltam ao restante da história e que fariam de 'King Cobra' uma experiência mais instigante e menos frustrante".
> bit.ly/2fb46Eu
The Leftovers (2ª Temporada)
4.5 422 Assista Agora"Em 2016, The Leftovers se despede da TV, mas tendo a oportunidade de planejar seu desfecho com uma nova temporada de 10 episódios. Por mais que o segundo ano pudesse perfeitamente encerrar a trama sem qualquer prejuízo (a cena final é de uma simbologia linda e definitiva), é empolgante ver que temos mais pela frente – e com o devido planejamento. Ainda assim, não será fácil se despedir de um programa como esse. A TV sempre merece curtir ideias inovadoras e bem conduzidas pelo máximo de tempo – e qualidade – que puder".
> bit.ly/1lIsVbt
Carol
3.9 1,5K Assista Agora"Entre os críveis conflitos familiares e sociais que trazem à tona preconceitos ainda pulsantes no mundo mesmo depois de cinco décadas, sempre existe, como na própria vida, a esperança de um final feliz, mas também a mensagem de que o primeiro passo para que ele possa se tornar uma realidade está nas nossas próprias mãos ou, quem sabe, em um simples sorriso".
> bit.ly/1PfHsly
American Crime (2ª Temporada)
4.2 53"Excepcional ao reunir sua equipe para repensar escolhas, descartar o que deu errado, maximizar potenciais e apostar em discussões mais delicadas e refinadas. American Crime foi passada a limpo – e as correções foram nada menos do que perfeitas".
> bit.ly/1TMyGkg
Getting On (3ª Temporada)
4.2 2 Assista Agora"Não existe justiça nesse mundo, mas existe a compaixão. E isso é o que podemos dar uns aos outros"
Sério, que saudades eu já tenho de "Getting On"!
The Leftovers (2ª Temporada)
4.5 422 Assista AgoraMesmo gostando bastante da primeira temporada (que é sim subestimada), ela não se equipara em nada com este segundo ano. Impressionante como a série alcançou um alto nível de maturidade e o manteve em absolutamente todos os episódios da temporada até aqui. Vem semana, passa semana, e não canso de me impressionar com "The Leftovers". Este sexto episódio, particularmente, me deixou sem fôlego em uma "mera" cena de diálogo: aquela envolvendo a história de um pássaro contada pela maravilhosa Regina King. É texto dos bons, e direção das mais consistentes. Se prêmios dissessem alguma coisa e existisse justiça neles, "The Leftovers" varreria a award season em todas as categorias possíveis. Que série!
Love
3.5 883Deixe de lado as "polêmicas" envolvendo as explícitas cenas de sexo e procure ver em "Love", que estreia hoje no Brasil, os méritos dessa conturbada história de um amor perdido.
www.cinemaeargumento.wordpress.com/2015/09/10/love/
Ricki and the Flash: De Volta Para Casa
3.2 295 Assista AgoraUm filme que inicialmente pode até ser um mero feel good drama, mas que é sim, lá no fundo, mais esperto do que aparenta.
www.cinemaeargumento.wordpress.com/2015/08/27/ricki-and-the-flash-de-volta-pra-casa/
As Confissões de Schmidt
3.7 191 Assista AgoraPara todo cinéfilo de verdade, sempre está guardado na memória aquele momento em que a paixão pelo cinema foi descoberta. O meu não foi com um "2001" ou com um "O Poderoso Chefão" da vida. Foi, na realidade, com esse pequeno e singelo filme que me devasta toda vez que revejo - exatamente como ontem à noite, pela milésima vez. "As Confissões de Schmidt" diz muito sobre mim, seja como pessoa ou como cinéfilo.
Poucos gostam dele como eu, mas a minha imensa paixão vem simplesmente disso: é o filme que fez eu me apaixonar por cinema. Não preciso justificar mais nada. E essa cena final até hoje me toca de uma maneira como nenhuma outra consegue. Obrigado, Alexander Payne! Obrigado, Jack Nicholson! Para mim, é sempre extraordinário e tocante embarcar mais uma vez na jornada de Warren Schmidt. <3
Últimas Conversas
4.2 108Durante as filmagens de "Últimas Conversas", Eduardo Coutinho revelou que talvez esse fosse um filme em que ele não acreditava. Nunca saberemos se o documentário que agora está em cartaz nos cinemas brasileiras era o que diretor gostaria de ver, mas não há dúvidas de que é a versão de que nós espectadores precisávamos ver.
> https://cinemaeargumento.wordpress.com/2015/05/20/ultimas-conversas/
O Exótico Hotel Marigold 2
3.5 117 Assista AgoraNão sou tão fã do filme anterior, que se levava sério demais, mas neste segundo capítulo parece que finalmente perceberam que a história deve ser toda entregue aos atores. De quebra, ainda tem uma linda mensagem: a de que a morte não precisa ser vista como uma assombração, mas sim como um importante lembrete de que o agora deve ser vivido com o maior carinho possível.
https://cinemaeargumento.wordpress.com/2015/05/18/o-exotico-hotel-marigold-2/
O Garoto da Casa ao Lado
2.5 612 Assista AgoraA roteirista de "O Garoto da Casa ao Lado" simplesmente nunca deve ter visto um filme sequer na vida. Não é possível alguém escrever tantas bobagens, situações e diálogos previsíveis. Não tem como defender.
Para Sempre Alice
4.1 2,3K Assista AgoraÉ o filme que vai ficar conhecido por finalmente ter dado o Oscar para Julianne Moore, mas verdade seja dita que, de todas as indicações que ela já teve ao prêmio, essa é a menos desafiadora. Para uma intérpete que teve papeis tão incríveis ao longo da carreira como uma atriz pornô lutando pela guarda do filho na justiça ("Boogie Nights"), uma dona de casa grávida, casada e mãe de um pequeno garoto que resolve escolher um dia da sua vida para se matar nos anos 1950 ("As Horas") e uma mulher que descobre estar casada com um homem gay nesta mesma época ("Longe do Paraíso"), "Para Sempre Alice" resulta como um dos trabalhos menos desafiadores de Julianne Moore.
No mesmo ano em que ganhou prêmio em Cannes por um papel muito mais complexo e aberto a criações ("Mapa Para as Estrelas"), Moore será lembrada, justamente, pela mesma lógica que premiou Kate Winslet anos atrás com "O Leitor": papel óbvio e que será lembrado apenas por trazer a consagração tardia de uma atriz que há anos já merecia ter todos os prêmios do mundo. "Para Sempre Alice" tem seus momentos e Moore obviamente dá conta do recado, mas fica claro que este é um filme que não sobreviveria sem ela - e, caso fosse lançado em qualquer época distante das premiações, seria completamente esquecido ou lançado em home video. Em termos de Oscar, sou #TeamRosamundPike disparado até agora. Sorry, Julianne.