Os humilhados serão exaltados. Em meio a uma síndrome crônica de falta de identidade e criatividade nos filme do gênero, essa mediana e divertida cápsula do tempo de 2003 pode ser resgatada com dolorosa saudade. Estilosa, esbanjando paixão pelo personagem e sua mitologia, e com "calor", essa adaptação imperfeita suscita emoção e um senso de satisfação nas suas 2h de projeção, que cobrem anos da vida de seus personagens, que os blockbusters contemporâneos de 2h40, que cobrem dias, não conseguem. E, afinal, por que ninguém mais trabalha bem com trilha sonora licenciada contemporânea no cinema? O que o James Gunn faz é ótimo, mas é meio retrô-irônico e todos os seus copiadores fracassam retumbantemente. O que esse filme faz com Evanescence et. al. é simples e eficaz pra caramba.
Seu único erro imperdoável é fazer de Matt Murdock um vigilante assassino em lugar de um super herói mais urbanizado e, que seja, violento, se formos seguir a interpretação de Frank Miller, mas não um carrasco de vítimas criminosas aleatórias.
Feito com amor por fãs das hq's, X-Men '97 corre contra o tempo para incluir adaptações extremamente resumidas de arcos favoritos dos envolvidos, sacrificando com isso parte do que fez esses arcos e seus personagens amados em primeiro lugar: a quietude e o tempo para acompanhar seus pensamentos e conversas. Espero que uma bem vinda segunda temporada faça uma correção de curso e adapte menos arcos e inclua menos vilões para que os sentimentos dos personagens e seu processo de decisão tenham mais protagonismo que tramas desnecessariamente intrincadas (e veja que estamos falando de X-Men) e conflitos físicos em excesso.
As Aventuras de Ciclope e a Fênix, um dos meus aecos favoritos, será adaptado na próxima temporada, e eu espero que eles enfatizem os elementos certos, com o qual eles já fizeram um bom trabalho nessa temporada, como a relação do Scott e Nathan
Muito subestimada aqui na plataforma. A premissa de "adolescente descolado dos anos 90 será o legado de um personagem icônico clássico" têm absolutamente tudo contra ela, e essa série não só faz ela funcionar perfeitamente, criando um protagonista que tornou-se icônico em Terry McGuiness, como o faz sendo sequência da até hoje melhor adaptação/interpretação do Batman. Um feito inigualável.
Primo feio do excelente (ainda que subversivo) Drácula de Bram Stoker. Distorce e adiciona temas ao brilhante romance original que só empobrecem e tornam a história mais convoluta (um desses torna Victor Frankenstein quase o Batman). Excesso de teatralidade, confundindo um clássico do romantismo em que a emoção e as paixões dos personagens guiam suas ações por um "emotivismo" de novela. Várias adições à história e excessos no design de produção tornam a adaptação inchada e desnecessária, especialmente quanto à criação da Criatura, que inventa a moda onde Mary Shelley é sutil e revela uma péssima pesquisa em história da ciência. O que afunda o filme, é o seu pecado original, e o torna irredimível são todas as decisões da adaptação quanto à Criatura, que aqui é um lutador de MMA em fim de carreira, e não uma aberração e uma violação da Natureza, que é excluído pela humanidade devido a uma série de mal-entendidos, desarmando completamente o conflito central da segunda personagem mais importante da narrativa. Outra decisão incompreensível de adaptação é o destaque completamente equivocado dado à personagem Elizabeth (talvez querendo copiar o que foi feito com Mina Harker, uma personagem completamente diferente de uma obra completamente diferente) é a cereja do bolo desse fascinante desastre.
Série de Mistery Box em 2023 é complicado, a única coisa que realmente prende o expectador é o mistério atrás do mistério, e quando termina, óbvio, mais mistério. Não sei se volto para a segunda, medo de cair em golpe de novo, como em outros casos.
Lost pelo menos focava em personagens direito, com os flashbacks e não exposições intermináveis das motivações e estados emocionais dos personagens. Aqui tudo é diálogo expositivo, seja de lore, mistério ou personagens, e conveniências absurdas (pessoa sai da sala para tomar um café na hora que outra acorda para ter um diálogo com a outra pessoa na sala e fazer revelações sobre a primeira). Mesmo o lore do Silo não é visto, é falado (o "feriado", por exemplo). Metade da série some com metade dos núcleos, para eles voltarem no final e o expectador ter a mesma conexão com eles que tinha no começo, ou acreditar na conexão deles com os protagonistas. Série de Mistery Box é perigosamente perto de golpe a essa altura.
Bom filme, especialmente no começo, mas os cortes e adaptaçôes da trama original do livro vão tornando a versão do filme da trama progressivamente menos sólida.
História de viagem no tempo perfeitamente auto consistente, inspirada no conto All You Zombies, do Robert Heinlein, que batizou o paradoxo da auto causação de "bootstrap" com a sua história anterior By His Bootstraps. O filme remete mais a uma peça de teatro na maior parte de sua duração, por reter muito da estrutura narrativa literária. Sei que deveria censurar isso por serem linguagens diferentes, mas eu adorei.
Melhor prequel de uma franquia que eu já vi, apesar de carregar vícios desse tipo de história, como o excesso de conexões e easter eggs. Não atrapalha a completeza da história, fechada em si mesma, com um arco de vilão muito bem construído. Grandes destaques de atuação são Tom Blyth como Snow e Viola Davis como Dra. Gaul, mas todo o elenco de principais a secundários compõem um universo coerente. Como fã dos filmes e livros, achei muita bem vinda uma perspectiva nesse universo mais adulta (não que não fosse madura a perspectiva da Katniss, mas era jovem). Destaque também para a violência, mais fiel do que nunca a dos livros.
Bônus na nota pelo fator nostalgia do besteirol anos 2000 que o filme procura emular, embora lembre mais uma comédia romântica de humor negro. Ainda carrega vícios do cinema pós anos 2010, como a duração excessiva, que se reflete em uma montagem pouco dinâmica, o que costuma ser a morte de uma comédia - não é o caso, felizmente. Foi assistindo ao filme que eu senti de verdade o que dizem da homogeneização de Hollywood nos últimos 10-15 anos, uma falta de diversidade nos gêneros de filmes produzidos. Ficava me perguntando "pô, quando foi a última vez que eu vi um filme assim?". Jennifer Lawrence mandou muito produzindo o filme com o cacife dela, tomara que estimule uma retomada do besteirol e da comédia romântica de gente errada.
Após a sua temporada mais irregular, oscilando entre o auge de seu brilhantismo - na representação fiel do TPB usando a linguagem televisiva e múltiplos gêneros - e um vale de convencionalismos de sitcom, - finais felizes, filhinhos e casamentos - CXG entrega a melhor temporada final que poderia oferecer. Em termos narrativos, a promessa de uma série satírica das convenções das rom coms através do exame de transtornos mentais é cumprida com louvor, especialmente nos episódios finais. Em termos formais, a experimentação e exploração da linguagem da televisão e dos musicais é levada ao paroxismo quando é explicitamente fundida com a conclusão narrativa. Erros e percalços ao longo do caminho das 4 temporadas, como excessiva flanderização e mudanças de elenco são revistados e corrigidos de maneira a representar da melhor maneira a visão das showrunners desses personagens e desse mundo - muito provavelmente boa parte dos episódios finais estava esboçada desde o início. CXG deve - eu espero - ser elevado ao longo do tempo às alturas de um clássico, e prova que televisão de qualidade - e a exploração madura de temas tabu e necessários - não é propriedade exclusiva do drama de tom solene. Outros gêneros, como a comédia, merecem o reconhecimento pelo trabalho de altíssimo nível, que várias supera aquele encontrado naquele gênero superestimado, especialmente na televisão.
O grande destaque dessa temporada, além do belo finale, e da conclusão da história dos personagens do elenco principal, é a representação das idas e vindas em um tratamento de transtorno mental, e a maneira mais saudável de lidar com estas em um relacionamento, sem que um parceiro se auto-sacrifique. Por isso, trazer o personagem do Greg de volta em uma versão já desenvolvida foi um acerto fundamental da segunda metade da temporada.
A temporada de virada, onde as showrunners mostram as suas cartas ao público: a série que, até então, se colocava mais explicitamente apenas como paródia de comédias românticas e musicais, revela-se ser sobre saúde mental. A sua primeira metade lida com os eventos desastrosos do season finale anterior rompendo com tropos de rom com e sugerindo mais do que nunca o diagnóstico da protagonista de Transtorno de Personalidade Borderline ao apresentar sua desesperadora desestabilização, simbolizando-a pela troca da linguagem da rom com pela do thriller sexual (a paródia definitiva de 50 tons de cinza e Atração Fatal acontece aqui) e depois pela do slasher, chegando ao ápice com uma tentativa de suicídio, o diagnóstico explícito de TPB e a promessa de recomeço e redenção. A segunda metade da temporada, menos brilhante, encontra dificuldade em equilibrar o humor negro com o pastelão que as primeiras duas tão bem fizeram, em parte porque os episódios anteriores explicitaram os temas que ficavam no subtexto nessas temporadas. Tramas mais "fofinhas" e tradicionais de sitcom, como um casamento e um nascimento, também soam meio perdidas e fora de tom com o resto da temporada. Ainda assim, a série merece a "passada de pano" pela representação impressionante do TPB, por sustentar empatia com uma protagonista nos piores momentos que o transtorno pode promover e pela promessa de lidar com as consequências dos seus atos de maneira humanizada. Ponto imperdoável: personagem da Valência completamente desperdiçada, de tão flanderizada.
A equipe de CXG enfrenta percalços nessa temporada com a saída de um membro essencial do elenco e um número reduzido de episódios. Assim, é assombroso o quão positivo fica o saldo, quase tão brilhante quanto a primeira. Um personagem essencial tem uma resolução relâmpago do seu arco, mas bem executada, sendo responsável por um dos melhores momentos da temporada. Acaba funcionando inadvertidamente como um bom presságio do quão mais explícita torna-se a abordagem de CXG dos seus temas ao longo dessa temporada. Depois desse baque, alguns episódios são usados pra reestabelecer o status quo, inclusive através da inserção - com direito a humor auto-referente - de um novo personagem, e a partir daí a série retoma a história que se propôs a contar desde o primeiro episódio da primeira temporada com maestria.
Único ponto negativo mais injustificado dessa temporada é a flanderização do Josh. Sim, é uma sitcom, flanderização acontece, mas me pareceu uma solução muito simples pra explicitar a incompatibilidade que sempre existiu entre ele e a Rebecca, e acho que um efeito inadvertido disso foi virar o público contra um personagem tão interessante quanto os demais.
Uma das mais hilárias e sensíveis representações de (inúmeros) transtornos mentais na mídia. Quem enfrenta algum ou é familiar/amigo/companheiro de alguém que enfrenta vai se identificar. Há o equilíbrio certo - e quase impossível - entre a leveza de saber rir da nossa frágil humanidade e a exposição crua e honesta de alguns dos mais abjetos comportamentos a que podemos ser levados por nossas questões pessoais. Todos os personagens, aparentemente cartunescos, tem toneladas de bagagem, que longe de serem explicitamente apontadas, são sugeridas por comportamentos, olhares, falas, etc. E por mais perto do fundo do poço que cheguem esses personagens, a série nunca se rende ao moralismo simplório de simplesmente julgá-los - ele procura desenvolver no expectador uma empatia genuína, que enxerga a dor humana por trás de cada engodo, comportamento auto-destrutivo e auto-engano. E sim, as músicas de Rachel Bloom são hilárias desde F**k Me, Ray Bradbury, do distante ano de 2010.
Uma surpreendente e ótima entrada audiovisual no gênero de Horror Cósmico, criado pelo H.P. Lovecraft, onde os elementos da narrativa servem à construção de uma atmosfera opressiva, sugerindo forças além da compreensão humana. Acho que a série se perde um pouco no final por tentar encaixar todos os elementos de uma forma muito "redondinha" e ceder um pouco aos manuais de roteiro, mas isso não tira seu mérito. Netflix desceu o machado nela, é claro, porque ela é incapaz de deixar umas obras de nicho bem produzidas no catálogo, e isso ainda será sua ruína
Assim queira Kaleego Para quem quiser conhecer mais o gênero, as histórias de Lovecraft "A música de Erich Zann", "Os sonhos na casa da bruxa" e "a cor que veio do espaço" remetem à série de uma maneira bem bacana. Acho que podem ter sido referências.
A visão de Sam Hamm, roteirista do primeiro roteiro de Batman de '89 e da história original para esta sequência (quase que completamente descartada no corte final) do Batman e seu universo simplesmente não me desce. São elementos demais descartados (como o criminoso Joe Chill ou o Asilo Arkham) e outros adicionados (Batman matar intencional ou casualmente) que esvaziam a particularidade do personagem ao ponto de ele se reduzir aos personagens pulp mais simples que o inspiraram, como O Sombra. Esse filme se destaca, portanto, pela desistência total de Tim Burton em contar uma história do personagem Batman e apenas apresentar uma sequência quase que desconexa de cenas onde sua invencionice visual e o elenco de figuras excêntricas (como a gangue do Triângulo Vermelho) são as estrelas e a história e o desenvolvimento de personagens é totalmente escanteado. Os designs do Pingum de Danny DeVito e da Mulher Gato de Michelle Pheiffer são icônicos, como o traje do personagem título (apesar do famoso "pescoço duro"), além da direção de arte dos interiores (o prédio de Schreck) e exteriores (a Mansão Wayne). E assim, acaba despedindo-se (a contra gosto) Tim Burton da franquia, abrindo espaço para a interpretação subsequente desse universo, ao todo mais fiel à história e mitologia específica do Batman, porém muito mais controversa - até hoje, pelos seus excessos - por Joel Shumacher.
1.5 é pelos segmentos de sátira clara do Verhoeven (polvilhados pelo filme, especialmente pelos segmentos internet/televisivos e nos últimos segundos do filme). O resto do filme é uma ação de sci fi ok, e uma adaptação sem ironia do livro do Heinlein por parte do roteirista, com a adição de triângulos românticos dispensáveis e muito mais ação que a obra original. Não fossem os elementos iconoclastas garantidos pela participação de Verhoeven, seria um blockbuster passável.
O mais fraco da trilogia clássica + Reencontro. A falta das personagens femininas e do Oz é palpável e a tentativa de cobrir essa falta, e da ausência de conflito crível para o casamento de Jim e Michelle, fazem os roteiristas apelar a um "arco de redenção" para o icônico Stifler sem "verdade" dramática alguma. A necessária conclusão agridoce que um personagem desses precisa ao ser abordado na fase adulta é muito melhor conduzida no Reencontro. Além disso, as famosas situações absurdas em que os personagens se encontram, sempre bem construídas e hilariantes no passado, acabam soando artificiais aqui, desconectadas do roteiro, estando presentes só porque "é o que se espera da franquia". Os dez anos que separam essa conclusão de trilogia cansada para o revival ajudam este último a ter muito mais significado e atmosfera conclusiva para esses personagens marcantes da história do genuíno besteirol americano.
Tecnicamente bem feito e com premissa interessante, falha na execução. Muito redundante e com excesso de "lore" para um filme cujo gimmick é a claustrofobia e o cronômetro.
Excelente adaptação do romance de Mitch Cullins sobre amor, dor e nossas estratégias para viver em meio a ela, fazendo uso respeitoso e preciso da personagem imortal de Conan Doyle, com interpretações arrebatadoras de Ian McKellen e Laura Linney - até os 20 minutos finais.
A alteração do final, e a inclusão de uma solução definitiva à dor que acomete todas as personagens - a religião, tanto para Ann quanto para as vítimas de Hiroshima (ritual que o Holmes do filme emula na decepcionante cena final) - vai completamente contra o espírito ambivalente e agridoce do final do romance, em que admite-se a universalidade da dor e a variedade de estratégias para lidarmos com ela, e não um único caminho. Especificamente a alteração na trama, para aliviar o filme de uma classificação indicativa maior, diminui demais o peso da sua tese. Indefensável, em resumo
. Excluindo-se a decepção mencionada acima, o filme preserva a sensibilidade e beleza do romance original, o que o inclui como um dos melhores a tratar do personagem nessa mídia.
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Ficção Americana
3.8 383 Assista AgoraInfelizmente, um americano não consegue nem rir de si mesmo sem soar americano em demasia
Demolidor: O Homem sem Medo
2.7 1,0K Assista AgoraOs humilhados serão exaltados.
Em meio a uma síndrome crônica de falta de identidade e criatividade nos filme do gênero, essa mediana e divertida cápsula do tempo de 2003 pode ser resgatada com dolorosa saudade.
Estilosa, esbanjando paixão pelo personagem e sua mitologia, e com "calor", essa adaptação imperfeita suscita emoção e um senso de satisfação nas suas 2h de projeção, que cobrem anos da vida de seus personagens, que os blockbusters contemporâneos de 2h40, que cobrem dias, não conseguem.
E, afinal, por que ninguém mais trabalha bem com trilha sonora licenciada contemporânea no cinema? O que o James Gunn faz é ótimo, mas é meio retrô-irônico e todos os seus copiadores fracassam retumbantemente.
O que esse filme faz com Evanescence et. al. é simples e eficaz pra caramba.
Seu único erro imperdoável é fazer de Matt Murdock um vigilante assassino em lugar de um super herói mais urbanizado e, que seja, violento, se formos seguir a interpretação de Frank Miller, mas não um carrasco de vítimas criminosas aleatórias.
X-Men '97 (1ª Temporada)
4.5 217Feito com amor por fãs das hq's, X-Men '97 corre contra o tempo para incluir adaptações extremamente resumidas de arcos favoritos dos envolvidos, sacrificando com isso parte do que fez esses arcos e seus personagens amados em primeiro lugar: a quietude e o tempo para acompanhar seus pensamentos e conversas.
Espero que uma bem vinda segunda temporada faça uma correção de curso e adapte menos arcos e inclua menos vilões para que os sentimentos dos personagens e seu processo de decisão tenham mais protagonismo que tramas desnecessariamente intrincadas (e veja que estamos falando de X-Men) e conflitos físicos em excesso.
As Aventuras de Ciclope e a Fênix, um dos meus aecos favoritos, será adaptado na próxima temporada, e eu espero que eles enfatizem os elementos certos, com o qual eles já fizeram um bom trabalho nessa temporada, como a relação do Scott e Nathan
Batman do Futuro (1ª Temporada)
3.7 17Muito subestimada aqui na plataforma. A premissa de "adolescente descolado dos anos 90 será o legado de um personagem icônico clássico" têm absolutamente tudo contra ela, e essa série não só faz ela funcionar perfeitamente, criando um protagonista que tornou-se icônico em Terry McGuiness, como o faz sendo sequência da até hoje melhor adaptação/interpretação do Batman. Um feito inigualável.
Frankenstein de Mary Shelley
3.7 257 Assista AgoraPrimo feio do excelente (ainda que subversivo) Drácula de Bram Stoker.
Distorce e adiciona temas ao brilhante romance original que só empobrecem e tornam a história mais convoluta (um desses torna Victor Frankenstein quase o Batman).
Excesso de teatralidade, confundindo um clássico do romantismo em que a emoção e as paixões dos personagens guiam suas ações por um "emotivismo" de novela.
Várias adições à história e excessos no design de produção tornam a adaptação inchada e desnecessária, especialmente quanto à criação da Criatura, que inventa a moda onde Mary Shelley é sutil e revela uma péssima pesquisa em história da ciência.
O que afunda o filme, é o seu pecado original, e o torna irredimível são todas as decisões da adaptação quanto à Criatura, que aqui é um lutador de MMA em fim de carreira, e não uma aberração e uma violação da Natureza, que é excluído pela humanidade devido a uma série de mal-entendidos, desarmando completamente o conflito central da segunda personagem mais importante da narrativa.
Outra decisão incompreensível de adaptação é o destaque completamente equivocado dado à personagem Elizabeth (talvez querendo copiar o que foi feito com Mina Harker, uma personagem completamente diferente de uma obra completamente diferente) é a cereja do bolo desse fascinante desastre.
Animais Noturnos
4.0 2,2K Assista AgoraMeu filme favorito de vingança
Vingança dentro da vingança
Silo (1ª Temporada)
4.0 144Série de Mistery Box em 2023 é complicado, a única coisa que realmente prende o expectador é o mistério atrás do mistério, e quando termina, óbvio, mais mistério.
Não sei se volto para a segunda, medo de cair em golpe de novo, como em outros casos.
Lost pelo menos focava em personagens direito, com os flashbacks e não exposições intermináveis das motivações e estados emocionais dos personagens.
Aqui tudo é diálogo expositivo, seja de lore, mistério ou personagens, e conveniências absurdas (pessoa sai da sala para tomar um café na hora que outra acorda para ter um diálogo com a outra pessoa na sala e fazer revelações sobre a primeira).
Mesmo o lore do Silo não é visto, é falado (o "feriado", por exemplo). Metade da série some com metade dos núcleos, para eles voltarem no final e o expectador ter a mesma conexão com eles que tinha no começo, ou acreditar na conexão deles com os protagonistas.
Série de Mistery Box é perigosamente perto de golpe a essa altura.
Relíquia Macabra
4.0 182 Assista AgoraBom filme, especialmente no começo, mas os cortes e adaptaçôes da trama original do livro vão tornando a versão do filme da trama progressivamente menos sólida.
O Predestinado
4.0 1,6K Assista AgoraHistória de viagem no tempo perfeitamente auto consistente, inspirada no conto All You Zombies, do Robert Heinlein, que batizou o paradoxo da auto causação de "bootstrap" com a sua história anterior By His Bootstraps.
O filme remete mais a uma peça de teatro na maior parte de sua duração, por reter muito da estrutura narrativa literária. Sei que deveria censurar isso por serem linguagens diferentes, mas eu adorei.
Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes
3.6 371 Assista AgoraMelhor prequel de uma franquia que eu já vi, apesar de carregar vícios desse tipo de história, como o excesso de conexões e easter eggs. Não atrapalha a completeza da história, fechada em si mesma, com um arco de vilão muito bem construído. Grandes destaques de atuação são Tom Blyth como Snow e Viola Davis como Dra. Gaul, mas todo o elenco de principais a secundários compõem um universo coerente. Como fã dos filmes e livros, achei muita bem vinda uma perspectiva nesse universo mais adulta (não que não fosse madura a perspectiva da Katniss, mas era jovem).
Destaque também para a violência, mais fiel do que nunca a dos livros.
Que Horas Eu Te Pego?
3.3 497Bônus na nota pelo fator nostalgia do besteirol anos 2000 que o filme procura emular, embora lembre mais uma comédia romântica de humor negro.
Ainda carrega vícios do cinema pós anos 2010, como a duração excessiva, que se reflete em uma montagem pouco dinâmica, o que costuma ser a morte de uma comédia - não é o caso, felizmente.
Foi assistindo ao filme que eu senti de verdade o que dizem da homogeneização de Hollywood nos últimos 10-15 anos, uma falta de diversidade nos gêneros de filmes produzidos. Ficava me perguntando "pô, quando foi a última vez que eu vi um filme assim?". Jennifer Lawrence mandou muito produzindo o filme com o cacife dela, tomara que estimule uma retomada do besteirol e da comédia romântica de gente errada.
Morte Morte Morte
3.1 643 Assista AgoraCurioso caso de filme subversivo que faz o clichê a ser subvertido tão bem que decepciona na hora em que subverte.
Crazy Ex-Girlfriend (4ª Temporada)
4.2 56Após a sua temporada mais irregular, oscilando entre o auge de seu brilhantismo - na representação fiel do TPB usando a linguagem televisiva e múltiplos gêneros - e um vale de convencionalismos de sitcom, - finais felizes, filhinhos e casamentos - CXG entrega a melhor temporada final que poderia oferecer.
Em termos narrativos, a promessa de uma série satírica das convenções das rom coms através do exame de transtornos mentais é cumprida com louvor, especialmente nos episódios finais.
Em termos formais, a experimentação e exploração da linguagem da televisão e dos musicais é levada ao paroxismo quando é explicitamente fundida com a conclusão narrativa.
Erros e percalços ao longo do caminho das 4 temporadas, como excessiva flanderização e mudanças de elenco são revistados e corrigidos de maneira a representar da melhor maneira a visão das showrunners desses personagens e desse mundo - muito provavelmente boa parte dos episódios finais estava esboçada desde o início.
CXG deve - eu espero - ser elevado ao longo do tempo às alturas de um clássico, e prova que televisão de qualidade - e a exploração madura de temas tabu e necessários - não é propriedade exclusiva do drama de tom solene.
Outros gêneros, como a comédia, merecem o reconhecimento pelo trabalho de altíssimo nível, que várias supera aquele encontrado naquele gênero superestimado, especialmente na televisão.
O grande destaque dessa temporada, além do belo finale, e da conclusão da história dos personagens do elenco principal, é a representação das idas e vindas em um tratamento de transtorno mental, e a maneira mais saudável de lidar com estas em um relacionamento, sem que um parceiro se auto-sacrifique. Por isso, trazer o personagem do Greg de volta em uma versão já desenvolvida foi um acerto fundamental da segunda metade da temporada.
Crazy Ex-Girlfriend (3ª Temporada)
4.2 48A temporada de virada, onde as showrunners mostram as suas cartas ao público: a série que, até então, se colocava mais explicitamente apenas como paródia de comédias românticas e musicais, revela-se ser sobre saúde mental.
A sua primeira metade lida com os eventos desastrosos do season finale anterior rompendo com tropos de rom com e sugerindo mais do que nunca o diagnóstico da protagonista de Transtorno de Personalidade Borderline ao apresentar sua desesperadora desestabilização, simbolizando-a pela troca da linguagem da rom com pela do thriller sexual (a paródia definitiva de 50 tons de cinza e Atração Fatal acontece aqui) e depois pela do slasher, chegando ao ápice com uma tentativa de suicídio, o diagnóstico explícito de TPB e a promessa de recomeço e redenção.
A segunda metade da temporada, menos brilhante, encontra dificuldade em equilibrar o humor negro com o pastelão que as primeiras duas tão bem fizeram, em parte porque os episódios anteriores explicitaram os temas que ficavam no subtexto nessas temporadas.
Tramas mais "fofinhas" e tradicionais de sitcom, como um casamento e um nascimento, também soam meio perdidas e fora de tom com o resto da temporada.
Ainda assim, a série merece a "passada de pano" pela representação impressionante do TPB, por sustentar empatia com uma protagonista nos piores momentos que o transtorno pode promover e pela promessa de lidar com as consequências dos seus atos de maneira humanizada. Ponto imperdoável: personagem da Valência completamente desperdiçada, de tão flanderizada.
Crazy Ex-Girlfriend (2ª Temporada)
4.2 53A equipe de CXG enfrenta percalços nessa temporada com a saída de um membro essencial do elenco e um número reduzido de episódios.
Assim, é assombroso o quão positivo fica o saldo, quase tão brilhante quanto a primeira.
Um personagem essencial tem uma resolução relâmpago do seu arco, mas bem executada, sendo responsável por um dos melhores momentos da temporada. Acaba funcionando inadvertidamente como um bom presságio do quão mais explícita torna-se a abordagem de CXG dos seus temas ao longo dessa temporada.
Depois desse baque, alguns episódios são usados pra reestabelecer o status quo, inclusive através da inserção - com direito a humor auto-referente - de um novo personagem, e a partir daí a série retoma a história que se propôs a contar desde o primeiro episódio da primeira temporada com maestria.
Único ponto negativo mais injustificado dessa temporada é a flanderização do Josh. Sim, é uma sitcom, flanderização acontece, mas me pareceu uma solução muito simples pra explicitar a incompatibilidade que sempre existiu entre ele e a Rebecca, e acho que um efeito inadvertido disso foi virar o público contra um personagem tão interessante quanto os demais.
Crazy Ex-Girlfriend (1ª Temporada)
4.1 98Uma das mais hilárias e sensíveis representações de (inúmeros) transtornos mentais na mídia. Quem enfrenta algum ou é familiar/amigo/companheiro de alguém que enfrenta vai se identificar. Há o equilíbrio certo - e quase impossível - entre a leveza de saber rir da nossa frágil humanidade e a exposição crua e honesta de alguns dos mais abjetos comportamentos a que podemos ser levados por nossas questões pessoais.
Todos os personagens, aparentemente cartunescos, tem toneladas de bagagem, que longe de serem explicitamente apontadas, são sugeridas por comportamentos, olhares, falas, etc. E por mais perto do fundo do poço que cheguem esses personagens, a série nunca se rende ao moralismo simplório de simplesmente julgá-los - ele procura desenvolver no expectador uma empatia genuína, que enxerga a dor humana por trás de cada engodo, comportamento auto-destrutivo e auto-engano.
E sim, as músicas de Rachel Bloom são hilárias desde F**k Me, Ray Bradbury, do distante ano de 2010.
Arquivo 81 (1ª Temporada)
3.6 219Uma surpreendente e ótima entrada audiovisual no gênero de Horror Cósmico, criado pelo H.P. Lovecraft, onde os elementos da narrativa servem à construção de uma atmosfera opressiva, sugerindo forças além da compreensão humana.
Acho que a série se perde um pouco no final por tentar encaixar todos os elementos de uma forma muito "redondinha" e ceder um pouco aos manuais de roteiro, mas isso não tira seu mérito.
Netflix desceu o machado nela, é claro, porque ela é incapaz de deixar umas obras de nicho bem produzidas no catálogo, e isso ainda será sua ruína
Assim queira Kaleego
Para quem quiser conhecer mais o gênero, as histórias de Lovecraft "A música de Erich Zann", "Os sonhos na casa da bruxa" e "a cor que veio do espaço" remetem à série de uma maneira bem bacana.
Acho que podem ter sido referências.
Batman: O Retorno
3.4 852 Assista AgoraA visão de Sam Hamm, roteirista do primeiro roteiro de Batman de '89 e da história original para esta sequência (quase que completamente descartada no corte final) do Batman e seu universo simplesmente não me desce. São elementos demais descartados (como o criminoso Joe Chill ou o Asilo Arkham) e outros adicionados (Batman matar intencional ou casualmente) que esvaziam a particularidade do personagem ao ponto de ele se reduzir aos personagens pulp mais simples que o inspiraram, como O Sombra.
Esse filme se destaca, portanto, pela desistência total de Tim Burton em contar uma história do personagem Batman e apenas apresentar uma sequência quase que desconexa de cenas onde sua invencionice visual e o elenco de figuras excêntricas (como a gangue do Triângulo Vermelho) são as estrelas e a história e o desenvolvimento de personagens é totalmente escanteado.
Os designs do Pingum de Danny DeVito e da Mulher Gato de Michelle Pheiffer são icônicos, como o traje do personagem título (apesar do famoso "pescoço duro"), além da direção de arte dos interiores (o prédio de Schreck) e exteriores (a Mansão Wayne).
E assim, acaba despedindo-se (a contra gosto) Tim Burton da franquia, abrindo espaço para a interpretação subsequente desse universo, ao todo mais fiel à história e mitologia específica do Batman, porém muito mais controversa - até hoje, pelos seus excessos - por Joel Shumacher.
Tropas Estelares
3.5 467 Assista Agora1.5 é pelos segmentos de sátira clara do Verhoeven (polvilhados pelo filme, especialmente pelos segmentos internet/televisivos e nos últimos segundos do filme). O resto do filme é uma ação de sci fi ok, e uma adaptação sem ironia do livro do Heinlein por parte do roteirista, com a adição de triângulos românticos dispensáveis e muito mais ação que a obra original. Não fossem os elementos iconoclastas garantidos pela participação de Verhoeven, seria um blockbuster passável.
American Pie: O Casamento
3.2 536 Assista AgoraO mais fraco da trilogia clássica + Reencontro. A falta das personagens femininas e do Oz é palpável e a tentativa de cobrir essa falta, e da ausência de conflito crível para o casamento de Jim e Michelle, fazem os roteiristas apelar a um "arco de redenção" para o icônico Stifler sem "verdade" dramática alguma.
A necessária conclusão agridoce que um personagem desses precisa ao ser abordado na fase adulta é muito melhor conduzida no Reencontro.
Além disso, as famosas situações absurdas em que os personagens se encontram, sempre bem construídas e hilariantes no passado, acabam soando artificiais aqui, desconectadas do roteiro, estando presentes só porque "é o que se espera da franquia".
Os dez anos que separam essa conclusão de trilogia cansada para o revival ajudam este último a ter muito mais significado e atmosfera conclusiva para esses personagens marcantes da história do genuíno besteirol americano.
Oxigênio
3.4 499 Assista AgoraTecnicamente bem feito e com premissa interessante, falha na execução. Muito redundante e com excesso de "lore" para um filme cujo gimmick é a claustrofobia e o cronômetro.
O Casamento do Meu Melhor Amigo
3.4 903 Assista AgoraO Watchmen (HQ) das comédias românticas.
Sr. Sherlock Holmes
3.8 329 Assista AgoraExcelente adaptação do romance de Mitch Cullins sobre amor, dor e nossas estratégias para viver em meio a ela, fazendo uso respeitoso e preciso da personagem imortal de Conan Doyle, com interpretações arrebatadoras de Ian McKellen e Laura Linney - até os 20 minutos finais.
A alteração do final, e a inclusão de uma solução definitiva à dor que acomete todas as personagens - a religião, tanto para Ann quanto para as vítimas de Hiroshima (ritual que o Holmes do filme emula na decepcionante cena final) - vai completamente contra o espírito ambivalente e agridoce do final do romance, em que admite-se a universalidade da dor e a variedade de estratégias para lidarmos com ela, e não um único caminho. Especificamente a alteração na trama, para aliviar o filme de uma classificação indicativa maior, diminui demais o peso da sua tese. Indefensável, em resumo
Excluindo-se a decepção mencionada acima, o filme preserva a sensibilidade e beleza do romance original, o que o inclui como um dos melhores a tratar do personagem nessa mídia.