Primo feio do excelente (ainda que subversivo) Drácula de Bram Stoker. Distorce e adiciona temas ao brilhante romance original que só empobrecem e tornam a história mais convoluta (um desses torna Victor Frankenstein quase o Batman). Excesso de teatralidade, confundindo um clássico do romantismo em que a emoção e as paixões dos personagens guiam suas ações por um "emotivismo" de novela. Várias adições à história e excessos no design de produção tornam a adaptação inchada e desnecessária, especialmente quanto à criação da Criatura, que inventa a moda onde Mary Shelley é sutil e revela uma péssima pesquisa em história da ciência. O que afunda o filme, é o seu pecado original, e o torna irredimível são todas as decisões da adaptação quanto à Criatura, que aqui é um lutador de MMA em fim de carreira, e não uma aberração e uma violação da Natureza, que é excluído pela humanidade devido a uma série de mal-entendidos, desarmando completamente o conflito central da segunda personagem mais importante da narrativa. Outra decisão incompreensível de adaptação é o destaque completamente equivocado dado à personagem Elizabeth (talvez querendo copiar o que foi feito com Mina Harker, uma personagem completamente diferente de uma obra completamente diferente) é a cereja do bolo desse fascinante desastre.
Bom filme, especialmente no começo, mas os cortes e adaptaçôes da trama original do livro vão tornando a versão do filme da trama progressivamente menos sólida.
História de viagem no tempo perfeitamente auto consistente, inspirada no conto All You Zombies, do Robert Heinlein, que batizou o paradoxo da auto causação de "bootstrap" com a sua história anterior By His Bootstraps. O filme remete mais a uma peça de teatro na maior parte de sua duração, por reter muito da estrutura narrativa literária. Sei que deveria censurar isso por serem linguagens diferentes, mas eu adorei.
Melhor prequel de uma franquia que eu já vi, apesar de carregar vícios desse tipo de história, como o excesso de conexões e easter eggs. Não atrapalha a completeza da história, fechada em si mesma, com um arco de vilão muito bem construído. Grandes destaques de atuação são Tom Blyth como Snow e Viola Davis como Dra. Gaul, mas todo o elenco de principais a secundários compõem um universo coerente. Como fã dos filmes e livros, achei muita bem vinda uma perspectiva nesse universo mais adulta (não que não fosse madura a perspectiva da Katniss, mas era jovem). Destaque também para a violência, mais fiel do que nunca a dos livros.
Bônus na nota pelo fator nostalgia do besteirol anos 2000 que o filme procura emular, embora lembre mais uma comédia romântica de humor negro. Ainda carrega vícios do cinema pós anos 2010, como a duração excessiva, que se reflete em uma montagem pouco dinâmica, o que costuma ser a morte de uma comédia - não é o caso, felizmente. Foi assistindo ao filme que eu senti de verdade o que dizem da homogeneização de Hollywood nos últimos 10-15 anos, uma falta de diversidade nos gêneros de filmes produzidos. Ficava me perguntando "pô, quando foi a última vez que eu vi um filme assim?". Jennifer Lawrence mandou muito produzindo o filme com o cacife dela, tomara que estimule uma retomada do besteirol e da comédia romântica de gente errada.
A visão de Sam Hamm, roteirista do primeiro roteiro de Batman de '89 e da história original para esta sequência (quase que completamente descartada no corte final) do Batman e seu universo simplesmente não me desce. São elementos demais descartados (como o criminoso Joe Chill ou o Asilo Arkham) e outros adicionados (Batman matar intencional ou casualmente) que esvaziam a particularidade do personagem ao ponto de ele se reduzir aos personagens pulp mais simples que o inspiraram, como O Sombra. Esse filme se destaca, portanto, pela desistência total de Tim Burton em contar uma história do personagem Batman e apenas apresentar uma sequência quase que desconexa de cenas onde sua invencionice visual e o elenco de figuras excêntricas (como a gangue do Triângulo Vermelho) são as estrelas e a história e o desenvolvimento de personagens é totalmente escanteado. Os designs do Pingum de Danny DeVito e da Mulher Gato de Michelle Pheiffer são icônicos, como o traje do personagem título (apesar do famoso "pescoço duro"), além da direção de arte dos interiores (o prédio de Schreck) e exteriores (a Mansão Wayne). E assim, acaba despedindo-se (a contra gosto) Tim Burton da franquia, abrindo espaço para a interpretação subsequente desse universo, ao todo mais fiel à história e mitologia específica do Batman, porém muito mais controversa - até hoje, pelos seus excessos - por Joel Shumacher.
1.5 é pelos segmentos de sátira clara do Verhoeven (polvilhados pelo filme, especialmente pelos segmentos internet/televisivos e nos últimos segundos do filme). O resto do filme é uma ação de sci fi ok, e uma adaptação sem ironia do livro do Heinlein por parte do roteirista, com a adição de triângulos românticos dispensáveis e muito mais ação que a obra original. Não fossem os elementos iconoclastas garantidos pela participação de Verhoeven, seria um blockbuster passável.
O mais fraco da trilogia clássica + Reencontro. A falta das personagens femininas e do Oz é palpável e a tentativa de cobrir essa falta, e da ausência de conflito crível para o casamento de Jim e Michelle, fazem os roteiristas apelar a um "arco de redenção" para o icônico Stifler sem "verdade" dramática alguma. A necessária conclusão agridoce que um personagem desses precisa ao ser abordado na fase adulta é muito melhor conduzida no Reencontro. Além disso, as famosas situações absurdas em que os personagens se encontram, sempre bem construídas e hilariantes no passado, acabam soando artificiais aqui, desconectadas do roteiro, estando presentes só porque "é o que se espera da franquia". Os dez anos que separam essa conclusão de trilogia cansada para o revival ajudam este último a ter muito mais significado e atmosfera conclusiva para esses personagens marcantes da história do genuíno besteirol americano.
Tecnicamente bem feito e com premissa interessante, falha na execução. Muito redundante e com excesso de "lore" para um filme cujo gimmick é a claustrofobia e o cronômetro.
Excelente adaptação do romance de Mitch Cullins sobre amor, dor e nossas estratégias para viver em meio a ela, fazendo uso respeitoso e preciso da personagem imortal de Conan Doyle, com interpretações arrebatadoras de Ian McKellen e Laura Linney - até os 20 minutos finais.
A alteração do final, e a inclusão de uma solução definitiva à dor que acomete todas as personagens - a religião, tanto para Ann quanto para as vítimas de Hiroshima (ritual que o Holmes do filme emula na decepcionante cena final) - vai completamente contra o espírito ambivalente e agridoce do final do romance, em que admite-se a universalidade da dor e a variedade de estratégias para lidarmos com ela, e não um único caminho. Especificamente a alteração na trama, para aliviar o filme de uma classificação indicativa maior, diminui demais o peso da sua tese. Indefensável, em resumo
. Excluindo-se a decepção mencionada acima, o filme preserva a sensibilidade e beleza do romance original, o que o inclui como um dos melhores a tratar do personagem nessa mídia.
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Frankenstein de Mary Shelley
3.7 257 Assista AgoraPrimo feio do excelente (ainda que subversivo) Drácula de Bram Stoker.
Distorce e adiciona temas ao brilhante romance original que só empobrecem e tornam a história mais convoluta (um desses torna Victor Frankenstein quase o Batman).
Excesso de teatralidade, confundindo um clássico do romantismo em que a emoção e as paixões dos personagens guiam suas ações por um "emotivismo" de novela.
Várias adições à história e excessos no design de produção tornam a adaptação inchada e desnecessária, especialmente quanto à criação da Criatura, que inventa a moda onde Mary Shelley é sutil e revela uma péssima pesquisa em história da ciência.
O que afunda o filme, é o seu pecado original, e o torna irredimível são todas as decisões da adaptação quanto à Criatura, que aqui é um lutador de MMA em fim de carreira, e não uma aberração e uma violação da Natureza, que é excluído pela humanidade devido a uma série de mal-entendidos, desarmando completamente o conflito central da segunda personagem mais importante da narrativa.
Outra decisão incompreensível de adaptação é o destaque completamente equivocado dado à personagem Elizabeth (talvez querendo copiar o que foi feito com Mina Harker, uma personagem completamente diferente de uma obra completamente diferente) é a cereja do bolo desse fascinante desastre.
Animais Noturnos
4.0 2,2K Assista AgoraMeu filme favorito de vingança
Vingança dentro da vingança
Relíquia Macabra
4.0 182 Assista AgoraBom filme, especialmente no começo, mas os cortes e adaptaçôes da trama original do livro vão tornando a versão do filme da trama progressivamente menos sólida.
O Predestinado
4.0 1,6K Assista AgoraHistória de viagem no tempo perfeitamente auto consistente, inspirada no conto All You Zombies, do Robert Heinlein, que batizou o paradoxo da auto causação de "bootstrap" com a sua história anterior By His Bootstraps.
O filme remete mais a uma peça de teatro na maior parte de sua duração, por reter muito da estrutura narrativa literária. Sei que deveria censurar isso por serem linguagens diferentes, mas eu adorei.
Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes
3.7 343 Assista AgoraMelhor prequel de uma franquia que eu já vi, apesar de carregar vícios desse tipo de história, como o excesso de conexões e easter eggs. Não atrapalha a completeza da história, fechada em si mesma, com um arco de vilão muito bem construído. Grandes destaques de atuação são Tom Blyth como Snow e Viola Davis como Dra. Gaul, mas todo o elenco de principais a secundários compõem um universo coerente. Como fã dos filmes e livros, achei muita bem vinda uma perspectiva nesse universo mais adulta (não que não fosse madura a perspectiva da Katniss, mas era jovem).
Destaque também para a violência, mais fiel do que nunca a dos livros.
Que Horas Eu Te Pego?
3.3 493Bônus na nota pelo fator nostalgia do besteirol anos 2000 que o filme procura emular, embora lembre mais uma comédia romântica de humor negro.
Ainda carrega vícios do cinema pós anos 2010, como a duração excessiva, que se reflete em uma montagem pouco dinâmica, o que costuma ser a morte de uma comédia - não é o caso, felizmente.
Foi assistindo ao filme que eu senti de verdade o que dizem da homogeneização de Hollywood nos últimos 10-15 anos, uma falta de diversidade nos gêneros de filmes produzidos. Ficava me perguntando "pô, quando foi a última vez que eu vi um filme assim?". Jennifer Lawrence mandou muito produzindo o filme com o cacife dela, tomara que estimule uma retomada do besteirol e da comédia romântica de gente errada.
Morte Morte Morte
3.1 638 Assista AgoraCurioso caso de filme subversivo que faz o clichê a ser subvertido tão bem que decepciona na hora em que subverte.
Batman: O Retorno
3.4 851 Assista AgoraA visão de Sam Hamm, roteirista do primeiro roteiro de Batman de '89 e da história original para esta sequência (quase que completamente descartada no corte final) do Batman e seu universo simplesmente não me desce. São elementos demais descartados (como o criminoso Joe Chill ou o Asilo Arkham) e outros adicionados (Batman matar intencional ou casualmente) que esvaziam a particularidade do personagem ao ponto de ele se reduzir aos personagens pulp mais simples que o inspiraram, como O Sombra.
Esse filme se destaca, portanto, pela desistência total de Tim Burton em contar uma história do personagem Batman e apenas apresentar uma sequência quase que desconexa de cenas onde sua invencionice visual e o elenco de figuras excêntricas (como a gangue do Triângulo Vermelho) são as estrelas e a história e o desenvolvimento de personagens é totalmente escanteado.
Os designs do Pingum de Danny DeVito e da Mulher Gato de Michelle Pheiffer são icônicos, como o traje do personagem título (apesar do famoso "pescoço duro"), além da direção de arte dos interiores (o prédio de Schreck) e exteriores (a Mansão Wayne).
E assim, acaba despedindo-se (a contra gosto) Tim Burton da franquia, abrindo espaço para a interpretação subsequente desse universo, ao todo mais fiel à história e mitologia específica do Batman, porém muito mais controversa - até hoje, pelos seus excessos - por Joel Shumacher.
Tropas Estelares
3.5 466 Assista Agora1.5 é pelos segmentos de sátira clara do Verhoeven (polvilhados pelo filme, especialmente pelos segmentos internet/televisivos e nos últimos segundos do filme). O resto do filme é uma ação de sci fi ok, e uma adaptação sem ironia do livro do Heinlein por parte do roteirista, com a adição de triângulos românticos dispensáveis e muito mais ação que a obra original. Não fossem os elementos iconoclastas garantidos pela participação de Verhoeven, seria um blockbuster passável.
American Pie: O Casamento
3.2 537 Assista AgoraO mais fraco da trilogia clássica + Reencontro. A falta das personagens femininas e do Oz é palpável e a tentativa de cobrir essa falta, e da ausência de conflito crível para o casamento de Jim e Michelle, fazem os roteiristas apelar a um "arco de redenção" para o icônico Stifler sem "verdade" dramática alguma.
A necessária conclusão agridoce que um personagem desses precisa ao ser abordado na fase adulta é muito melhor conduzida no Reencontro.
Além disso, as famosas situações absurdas em que os personagens se encontram, sempre bem construídas e hilariantes no passado, acabam soando artificiais aqui, desconectadas do roteiro, estando presentes só porque "é o que se espera da franquia".
Os dez anos que separam essa conclusão de trilogia cansada para o revival ajudam este último a ter muito mais significado e atmosfera conclusiva para esses personagens marcantes da história do genuíno besteirol americano.
Oxigênio
3.4 498 Assista AgoraTecnicamente bem feito e com premissa interessante, falha na execução. Muito redundante e com excesso de "lore" para um filme cujo gimmick é a claustrofobia e o cronômetro.
O Casamento do Meu Melhor Amigo
3.4 900 Assista AgoraO Watchmen (HQ) das comédias românticas.
Sr. Sherlock Holmes
3.8 329 Assista AgoraExcelente adaptação do romance de Mitch Cullins sobre amor, dor e nossas estratégias para viver em meio a ela, fazendo uso respeitoso e preciso da personagem imortal de Conan Doyle, com interpretações arrebatadoras de Ian McKellen e Laura Linney - até os 20 minutos finais.
A alteração do final, e a inclusão de uma solução definitiva à dor que acomete todas as personagens - a religião, tanto para Ann quanto para as vítimas de Hiroshima (ritual que o Holmes do filme emula na decepcionante cena final) - vai completamente contra o espírito ambivalente e agridoce do final do romance, em que admite-se a universalidade da dor e a variedade de estratégias para lidarmos com ela, e não um único caminho. Especificamente a alteração na trama, para aliviar o filme de uma classificação indicativa maior, diminui demais o peso da sua tese. Indefensável, em resumo
Excluindo-se a decepção mencionada acima, o filme preserva a sensibilidade e beleza do romance original, o que o inclui como um dos melhores a tratar do personagem nessa mídia.